Câncer bucal atinge mais de dez mil novos pacientes por ano no

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Câncer bucal atinge mais de dez mil novos
pacientes por ano no Brasil
Ministério da Saúde e entidades odontológicas realizam campanha de prevenção
à doença ainda no início de 2006
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de boca é o oitavo
de maior incidência no Brasil. A cada ano surgem mais de dez mil novos casos. A
prevenção e o diagnóstico precoce são as melhores armas para reduzir o número
de vítimas. Atento a isso, o Ministério da Saúde, em parceria com entidades
odontológicas, promove no começo do próximo ano uma campanha de prevenção
à doença. O governo também autorizou o funcionamento do Centro de
Especialidades Odontológicas (CEO) do tipo III, que conta com mais estrutura e
recursos.
O aspecto mais alarmante desses dados demonstra que cerca de 40% dos
registros de câncer bucal acabam em morte. Isso acontece porque 70% dos
diagnósticos são feitos quando a lesão atingiu um estágio avançado. Para tentar
reverter o quadro, haverá uma campanha nacional de prevenção. As ações –
propagandas na televisão e afixação de cartazes em postos de saúde, hospitais e
escolas – começam nos primeiros meses de 2006. “A medida pretende
complementar as mensagens dos maços de cigarro que, há dois anos, advertem
para os males do fumo, como o risco de desenvolver câncer de boca”, afirma o
coordenador nacional de Saúde Bucal do ministério, Gilberto Pucca.
O câncer bucal se caracteriza por lesões, normalmente indolores, na
mucosa e na parte externa dos lábios, na língua e em toda a região interna da
boca. Pode-se suspeitar da existência desse câncer quando essas feridas
persistem por mais de 20 dias. Ulcerações superficiais e indolores com menos de
dois centímetros de diâmetro – que podem sangrar ou não – e manchas
esbranquiçadas ou avermelhadas nos lábios ou na mucosa bucal são outros
sintomas da doença. Em nível avançado, o câncer de boca pode levar a
dificuldades de fala, de mastigação e da deglutição, ao emagrecimento acentuado,
dor e à presença de linfadenomegalia cervical (íngua no pescoço).
O uso cotidiano e regular do álcool e do cigarro, má higiene bucal, uso de
próteses dentárias mal-ajustadas, deficiências imunológicas e exposição ao sol
sem proteção constituem os principais fatores que levam ao câncer de boca.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, geralmente desenvolve
câncer bucal o indivíduo do sexo masculino, trabalhador, acima dos 30 anos,
fumante, consumidor de bebidas alcoólicas e de classe social menos favorecida.
Além do uso do álcool e do fumo, esse fenômeno estaria associado às más
condições de vida das pessoas que, segundo Gilberto Pucca, alteram o sistema
imunológico e tornam os pacientes mais debilitados.
Diagnóstico precoce – O auto-exame da boca funciona como uma ferramenta
eficaz no diagnóstico precoce da doença. Deve ser feito em um local bem
iluminado, diante do espelho. Com o auto-exame é possível observar evidências,
como mudança na cor da pele e mucosas, endurecimentos, caroços, feridas,
inchaços, áreas dormentes e dentes quebrados ou amolecidos. “É importante que
o paciente esteja atento a esses sinais e busque o diagnóstico o mais rápido
possível”, aconselha Pucca. Segundo ele, procurar o dentista numa fase inicial da
doença aumenta bastante as chances de sobrevida.
Para acelerar o diagnóstico, todas as equipes de saúde bucal do Programa
Saúde da Família (PSF) recebem treinamento para identificar precocemente as
lesões de câncer bucal. A partir do momento em que o paciente conhece o
diagnóstico, é encaminhado para tratamento, que varia de acordo com a lesão.
Uma lesão pequena pode ser tratada nos próprios Centros de Especialidades
Odontológicas (CEOs). São unidades especializadas em saúde bucal do Sistema
Único de Saúde (SUS), implementadas pelo programa Brasil Sorridente, do
governo federal.
Uma das especialidades dos Centros é o diagnóstico oral e a estomatologia
– área da odontologia que também cuida do câncer de boca. Casos mais
avançados recebem tratamento nas unidades de alta complexidade do SUS.
Quando o câncer bucal é diagnosticado, a cirurgia, a radioterapia e a
quimioterapia – isolada ou associada aos outros tratamentos – são os métodos
usados. A cirurgia e a radioterapia são mais indicadas quando as lesões estão na
fase inicial. Se o câncer bucal é descoberto nesse período, o paciente tem 80% de
chances de cura.
Emprega-se a quimioterapia nos casos avançados. O objetivo é reduzir o
tumor para permitir o tratamento posterior pela radioterapia ou cirurgia. Fazer o
auto-exame; evitar o fumo e o álcool; manter a higiene bucal (escovar os dentes
após as refeições e usar fio dental); ir ao dentista pelo menos uma vez por ano e
manter uma dieta saudável, rica em frutas e vegetais em geral, são boas dicas
para prevenir o câncer bucal. Outra recomendação importante é evitar a exposição
ao sol sem proteção (filtro solar ou chapéu de aba longa).
Brasil sorridente
O Ministério da Saúde realizou em 2003 o Projeto SB Brasil –
Levantamento das Condições de Saúde. O estudo constatou, por exemplo, que
cerca de 45% dos adolescentes na faixa etária dos 18 anos já não possuem todos
os dentes na boca e mais de 28% dos adultos brasileiros tiveram todos os dentes
extraídos ou os que restam estão comprometidos.
Com base nos resultados da pesquisa, o Ministério da Saúde lançou em
março de 2004, o Programa Brasil Sorridente, que tem como finalidade ampliar o
acesso ao tratamento odontológico, disseminar os princípios básicos de higiene e
cuidados com a boca e promover ações educativas e preventivas em saúde bucal.
Dentre as metas do Brasil Sorridente estão a ampliação do número das
Equipes de Saúde Bucal (ESB) no Programa Saúde da Família (PSF), a adição de
flúor à rede de abastecimento de água e a implantação de 400 Centros de
Especialidades Odontológicas (CEO) e laboratórios de prótese dentária.
O primeiro CEO foi credenciado em outubro de 2004 em Londrina (PR).
Essas unidades oferecem serviços de prótese, estomatologia, periodontia
(tratamento de gengiva), endodontia (tratamento de canal), cirurgia de média
complexidade e atendimento a pacientes portadores de necessidades especiais.
Os CEOs recebem, prioritariamente, pacientes que necessitam de
atendimento especializado e foram encaminhados a estes centros pelas equipes
de saúde bucal do PSF e pelas Unidades Básicas de Saúde.
O CEO tipo I conta com três consultórios odontológicos completos e ganha
R$ 40 mil do governo federal para a compra de equipamentos e R$ 6,6 mil para
manutenção. O CEO II tem de 4 a 6 cadeiras e recebe R$ 8,8 mil por mês do
Ministério da Saúde e mais 50 mil para a compra de equipamentos.
O governo acaba de aprovar o funcionamento do CEO III. Essa modalidade
constará de sete cadeiras ou mais e receberá R$ 15,6 mil mensais para
manutenção e R$ 80 mil para a compra de equipamentos ou para a construção.
Outra medida idealizada pelo Brasil Sorridente diz respeito à fluoretação da
água. A adição de flúor à água é um método barato e eficaz no combate às cáries,
com menos de R$ 1 habitante/ano pode-se reduzir em até 50% o risco de cáries
em crianças. Até o mês de novembro de 2005 foram implantados 198 novos
sistemas de fluoretação da água de abastecimento público, que abrangem 106
Municípios em 6 Estados
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