o objeto de estudo da teologia

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO
AUXILIUM – UNISALESIANO DE LINS
PROFESSORA: LILIANE VALBOM
ENFERMAGEM - 2015 – 1º SEMESTRE
O QUE É RELIGIÃO – DEUS – CONHECIMENTO RELIGIOSO,
ENFIM ... PARA QUE SERVE.
POR QUE EXISTEM TANTAS RELIGIOES NO MUNDO?
As religiões tem aumentado porque as pessoas não seguem
integralmente o que a Bíblia orienta. Muitos querem que a palavra de
Deus entre em conformidade com suas vidas e não que suas vidas
sejam mudadas pelas Escrituras.
O QUE É CULTURA TEOLOGICA
Teologia (do grego θεóς, transl. theos = "divindade" + λóγος, logos =
"palavra", por extensão,
"estudo, análise, consideração,
questionamento sobre alguma coisa ou algo"), no sentido literal, é o
estudo sobre a divindade.
Segundo Hegel, teologia é o estudo das manifestações sociais de
grupos em relação às divindades. Como toda área do conhecimento,
possui então objetos de estudo definidos. Como não é possível estudar
Deus diretamente, como sugere o termo literalmente observado, a
definição de Hegel que, somente se pode estudar aquilo que se pode
observar se torna pertinente e atual, conforme as representações
sociais nas mais variadas culturas.
Na tradição cristã (de matriz agostiniana), a teologia é organizada
segundo os dados da revelação e da experiência humana. Esses dados
são
organizados
no
que
se
conhece
como teologia
sistemática ou teologia dogmática.
Tudo aquilo que vimos, tudo aquilo que tocamos, tudo aquilo que
sentimos com nossos cinco sentidos naturais são na verdade partes de
dentro de nós, afinal, são percepções internas de um mundo externo.
(Essa alias, é a chave para compreender que a realidade é moldável
pela nossa cabeça e vontade e portanto, esse mundo também se
transforma para que atinjamos tudo aquilo que verdadeiramente nos
cabe dentro desse grande Sistema - o princípio da oração, da magia e
de
toda
a
expressão
espiritual-religiosa)
O mundo externo é Deus, o Divino que está do lado de fora de nós e é
interpretado e compreendido através das mais diversas tradições
culturais, pois tem vida própria, ou melhor, vidas próprias e sem
ciência. A consciência disso é o que possibilita a experiência mística e
a troca entre conhecimentos entre as nossas percepções e a Verdade
exterior.
Segundo Wladimir Flávio Luiz Braga, Doutor em Ciências Jurídicas e
Sociais nosso conhecimento é bastante limitado. A tarefa de conhecer
pode ser resumida na relação entre o sujeito cognoscente (que busca o
conhecimento) e o objeto conhecido (que se dá a conhecer).
O conhecimento é, assim, produto da conjunção - atividade do sujeito
com a manifestação de um objeto que de alguma forma se lhe mostra
atraente/interessante.
O conhecimento humano se divide em quatro níveis ou formas,
permitindo quatro espécies de consideração sobre uma mesma
realidade:
CONHECIMENTO ASSISTEMÁTICO: empírico (vulgar)
CONHECIMENTO SISTEMÁTICO: científico
teológico
filosófico
CONHECIMENTO
TEOLOGICO
Representa aquelas verdades a que os homens chegaram não com o
auxílio puro e simples da inteligência, mas mediante a aceitação dos
dados da revelação divina, da fé.
A partir daí, o conteúdo da revelação, comprovado pelos sinais que a
acompanham, reveste-se de autenticidade, segundo os variados
critérios das religiões existentes.
Não se trata de opor razão e fé. O problema consiste em saber se a
racionalidade inerente à fé — que certamente não é uma experiência
cega — constitui ou não um "saber" irredutível aos outros, mas nem
por isso em oposição a eles.
Teologia e ciência: o objeto de estudo da teologia
Toda ciência possui objeto de estudo: o pesquisador se coloca acima
do objeto de investigação.
- especulativa - a ciência de Deus é a causa das coisas, como
antes foi demonstrado1. Ora, a ciência especulativa não é a
causa das coisas sabidas. Logo, a ciência de Deus não é
especulativa.
- natural - são ciências que descrevem, ordenam e comparam
os fenômenos naturais, isto é, os objetos da Natureza e os
processos que nela têm lugar
- social - é um ramo da ciência, distinto das humanidades, que
estuda os aspectos sociais do mundo humano, ou seja, a vida
social de indivíduos
Na teologia cristã, ocorre o inverso: o/a teólogo/a não pode colocar-se
acima do objeto, e sim, sob o objeto do seu conhecimento. Em outras
palavras, na teologia cristã, o ser humano só pode conhecer Deus na
medida em que este ativamente se faz conhecido por meio da
revelação. "E, mesmo depois de Deus ter-se revelado objetivamente,
não é a razão humana que descobre Deus, mas é Deus que se descerra
aos
olhos
da
fé".
Para a concepção cristã clássica, a teologia é o estudo de Deus e sua
relação com o ser humano através da sua Palavra revelada por meio de
Jesus Cristo.
Sobre o objeto de estudo da teologia, o teólogo Clodovis Boff faz a
seguinte
observação:
"O objeto material da teologia é, em primeiro lugar, Deus e depois
tudo o mais. Além de investigar as "verdades" acerca de Deus, a
teologia também procura estudar outros assuntos.
É comum se pensar que a teologia ocupa-se apenas com elementos
ligados ao "mundo espiritual". De fato a teologia trabalha a partir da
realidade do mundo da fé, mas ela não ignora as necessidades do
mundo visível.
1 - A teologia é o produto de uma reflexão permanente a partir de uma
situação concreta estabelecendo um ponto entre a informação bíblica e
a realidade social. A teologia analisa e propõe alternativas de
mudanças com o objetivo de resolver as situações de injustiça que
ocorrem no meio social. É dessa forma que a teologia serve tanto a
esfera eclesial quanto à esfera social. Nas palavras do teólogo
argentino Alberto Roldan: "Somente uma teologia que dialoga com a
cultura é capaz de tornar-se relevante para o mundo e para a
sociedade".
A teologia reconhece que existem outras maneiras e meios para falar
acerca da realidade de Deus de modo adequado. "Deus é Espírito" (Jo
4:24). Ele É, e não há como experimentá-lo ou prová-lo através das
ferramentas que a ciência moderna empírica propõe. Deus se mistura
na história humana! 1 - Aqui não se pretendem provar ou negar a sua
existência, apenas constatar que, para muitas pessoas, há um
personagem, uma força, uma energia, um mistério que parece fazer
caminho na história humana.
A teologia está aberta às demais ciências, e as utilizam para elaborar
seu discurso. Para realizar a sua tarefa, a teologia lança mão de vários
recursos do saber humano.
A teologia não vive em conflito com a ciência como foi propagado no
correr da história.
A teologia utiliza o conhecimento científico, pois ela também precisa
da ciência para organizar os seus discursos. A teologia, mesmo
estando no seu grau de excelência por tratar do absoluto que é Deus,
sempre desce à terra dos "mortais" para se servir dos outros saberes.
A relação de aprendizado da teologia para com a filosofia, por
exemplo, demonstra claramente o quanto a teologia é aberta a outros
saberes. Essa relação da teologia com a filosofia existe há cerca de
dezoito séculos, desde quando os primeiros cristãos viram na filosofia
uma ferramenta importante para elaborar o pensamento do que hoje se
conhece como teologia cristã. O mesmo ocorreu mais tarde com a
sociologia e as demais ciências humanas, como a Antropologia, a
História ou mesmo a Psicologia.
Como
define
muito
bem
o
teólogo
Clodovis
Boff:
"A relação da teologia com as ciências não é do tipo ditatorial, mas
democrático. Ou seja, a teologia serve-se dos recursos das ciências,
respeitando sempre sua autonomia específica, mas também
reservando-se o direito, que lhe dá a transcendência da fé sobre toda
forma de razão, de criticar as pretensões pseudofilosóficas ou
pseudoteológicas da chamada ?razão moderna" (BOFF, 1998, p. 67).
Portanto, a teologia é uma ciência. Sendo ciência, seu "objeto"
primeiro é Deus e depois o ser humano e sua relação com o sagrado.
O relacionamento da teologia com outros saberes é profícuo. Contudo,
mesmo assim, a teologia procura manter-se independente. Talvez o
diferencial da teologia para com as demais ciências é que a ciência
teológica procura ir além da experiência e da razão.
FENOMENOLOGIA DA RELIGIAO
O termo “fenômeno” vem do grego fainomenon, que significa
literalmente “aquilo que aparece”, “que se mostra”. Logo,
fenomenologia é, literalmente, “o estudo do que aparece”.
A fenomenologia - FENÔMENO: Aquilo que se mostra, que aparece
a nós. Aparece a nós primeiramente pelos sentidos.
LOGIA: Capacidade de Refletir, um discurso esclarecedor. É uma
tentativa de compreender a essência da experiência humana, seja ela
psicológica, social, cultural ou religiosa, a partir da análise das suas
manifestações, que chamamos de fenômenos. É uma tentativa de
compreensão não do ponto de vista do observador, mas do ponto de
vista da própria pessoa que teve a experiência.
A religiosidade de um povo se manifesta não apenas em rituais
complexos e mitos dos tempos primordiais, mas também na
experiência cotidiana em todas as áreas da vida.
É uma tentativa de compreensão não do ponto de vista do observador,
mas do ponto de vista da própria pessoa que teve a experiência.
A forma de entrar ou sair de uma casa, um simples gesto no momento
da caça ou pesca, a dieta alimentar, a direção do olhar ao se aproximar
de determinado objeto, o pronunciar discreto de determinadas palavras
ao entrar na água e coisas semelhantes podem expressar muito da
religiosidade local.
Chamamos essas manifestações de fenômenos e a fenomenologia da
religião se ocupa em estudá-los na tentativa de compreender as ideias
que estão por trás dos mesmos e o que significam para aqueles que os
praticam. Como missionários, antes de apresentar o evangelho para
determinado povo, a primeira providência a ser tomada é buscar uma
compreensão satisfatória do mesmo.
4 - Compreender um povo equivale compreender a sua cultura e essa
envolve complexos sistemas que regulamentam o comportamento do
grupo social.
Dentro do bojo cultural, encontramos o sistema de parentesco, o
sistema político, a cultura material, cognitiva e muitas outras áreas nas
quais podemos concentrar análise.
No processo de análise, lançamos mão de ciências específicas que nos
fornecem métodos de pesquisa adequados. A ciência que mais tem
contribuído no trabalho missionário para compreensão dos povos
alvos de evangelização é a antropologia cultural, que se ocupa de
todas as áreas acima mencionadas.
Entretanto, dois sistemas culturais são sobremodo amplos e
complexos, sendo necessário abordá-los de forma mais específica.
Trata-se da língua e da religião. De acordo com o etnólogo alemão
Lothar Käser, a religião é um fenômeno universal, presente em todas
as culturas.
O ateísmo é uma manifestação mais de cunho individual ou no
máximo uma opção sociopolítica. Do ponto de vista cultural, todo
grupo social apresenta manifestações religiosas.
Na prática, porém, todos esses sistemas culturais são inseparáveis,
totalmente interligados, emaranhados, mas os distinguimos para fins
de análise.
A bem da verdade, essa divisão da cultura em sistemas é uma
elaboração nossa, na ótica do observador. Prova disso é que quase
nenhuma língua sem escrita possui uma palavra para o conceito
“religião”, no mesmo sentido que usamos. Isso se dá porque a religião
permeia todas as áreas da cultura e, portanto, uma análise segura da
mesma só pode acontecer numa abordagem multidisciplinar.
De qualquer forma, para análise da cultura como um todo, utilizamos
a antropologia cultural ou, mais especificamente, a etnologia. Para
análise da língua, a linguística antropológica, e para análise da
religião, devemos lançar mão da fenomenologia da religião. Ou seja, a
fenomenologia é para o estudo da religião, o que a linguistica é para o
estudo da língua.
Ou seja, é o estudo das causas religiosas através da observação das
suas manifestações. Entretanto, a questão da causalidade é um pouco
controversa. Assim, preferimos trabalhar com o conceito de ideias.
Por trás das manifestações religiosas existem ideias que determinam o
real significado da experiência para aquele que a experimenta.
A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA
A experiência é a forma básica de aquisição de conhecimento. Nada
chega ao nosso intelecto sem causar uma experiência pessoal, quer
seja empírica ou existencial. A experiência existencial pode ser física,
social, moral, metafísica ou religiosa. Assim sendo, a religiosidade
está intimamente relacionada com a experiência, no caso, com o
sagrado.
Se referindo a um contexto cristão, Piazza afirma, como já havia dito
Mensching, que “a essência da experiência religiosa é o ‘encontro’ do
homem com Deus”. Generalizando esse raciocínio, podemos então
dizer que a experiência religiosa consiste no “encontro” do homem
com o sagrado. Tácito Leite Filho chama esse mesmo fato de
“relações do homem com a divindade”, as quais, para ele, constituem
a base de todas as religiões. Vale lembrar, que o cristão pode contar
com a Bíblia para conhecer a Deus, mas a maioria dos religiosos só
pode contar com a própria experiência para conhecer o divino.
Apesar de não se tratar de uma obra especificamente fenomenológica,
o livro “O Sagrado”, de Rudolf Otto, analisa a experiência religiosa
afirmando que a mesma tem por agente o “sagrado”, que se manifesta
como um “mistério tremendo e fascinante”. “Mistério” porque é algo
maravilhoso, que transcende a compreensão do homem, totalmente
outro; “tremendo” porque é uma potência estranha, que se impõe de
forma absoluta; e “fascinante” porque desperta curiosidade, causa
fascínio. Ou seja, a experiência religiosa se dá quando o homem entra
em contato com o sagrado e isso lhe causa um “sentimento de estado
de criatura”, enchendo o seu ser de perguntas, terror e admiração.
A experiência religiosa é ao mesmo tempo individual e comunitária.
Individual porque o homem religioso a experimenta na sua
particularidade. Comunitária porque esse mesmo homem não a
contem e por isso, comunica com outros sobre a mesma. Nesse
processo, a experiência religiosa se manifesta através de linguagens
próprias, que se apresentam em forma de fenômenos. São esses
fenômenos que constituem o objeto da fenomenologia da religião.
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