MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas. Unifal-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714 – Alfenas/MG – CEP 37130-000. Fone: (35) 3299-1000. Fax: (35) 3299-1063 Dinâmica Não-Linear e Caos: O circuito de Chua Luis Renato Valerio Orientador: Prof. Dr. Hugo Bonette de Carvalho. Alfenas/MG 2014 LUIS RENATO VALERIO Dinâmica Não-Linear e Caos: O circuito de Chua Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado como parte dos requisitos para a conclusão do curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal de Alfenas. Orientador: Hugo Bonette de Carvalho. Alfenas/MG 2014 “A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.” (Arthur Schopenhauer) i _______________________________________________________________________ AGRADECIMENTOS Agradeço a todos os professores que tive na graduação. Cada um colaborou com uma parte fundamental na minha formação e no desenvolvimento deste Trabalho de Conclusão de Curso. Sempre levarei comigo os seus ensinamentos. Tenho todo o respeito e carinho por cada um assim como tenho por meus melhores amigos. Faço um agradecimento especial ao meu orientador, que foi meu professor em inúmeras disciplinas e, além de tudo, meu amigo durante a graduação. Ele sempre acreditou na conclusão deste trabalho e orientou com seriedade minhas atividades. Enfim, sempre serei grato a todos! ii _______________________________________________________________________ RESUMO O sistema caótico de Chua consiste em um circuito elétrico composto por uma rede de elementos lineares passivos conectados a um componente não linear ativo conhecido como diodo de Chua. Apesar de sua aparente simplicidade, este sistema não linear apresenta um vasto conjunto de possibilidades para o seu comportamento dinâmico, abrangendo pontos de equilíbrio, bifurcações, oscilações periódicas e atratores estranhos. A partir de um re-escalonamento das variáveis do sistema de Chua, é possível obter uma forma simplificada de suas equações com um número reduzido de parâmetros sem que a dinâmica do sistema seja alterada. A proposta deste trabalho consiste no estudo teórico do comportamento dinâmico do sistema caótico de Chua considerando o sistema simplificado. iii _______________________________________________________________________ ABSTRACT The Chua’s chaotic system consist in an electrical circuit composed by a network of passive linear elements connected to a nonlinear active component known as Chua’s diode. Despite its apparent simplicity, this nonlinear system presents an extensive set of possibilities for your dynamic behavior, including equilibrium points, bifurcations, periodic oscillation and strange attractors. From a re-scaling of Chua’s system variables, it is possible to obtain a simplified form of its equations and with a reduced number of parameters without changes in the dynamic's system. The proposal of this work consists in the theoretical study of the dynamic behavior of the Chua’s chaotic system considering the simplified system. iv _______________________________________________________________________ LISTA DE FIGURAS Figura 1: Oscilações do sistema de Lorenz para dois valores muito próximos do valor inicial: x(0) = 5 (linha vermelha contínua) e x(0) = 5.005 (linha azul tracejada). Parâmetros: a = 10, b = 8/3, r = 28, y(0) = 5, e z(0) = 5. ....................................................................................................................................... 5 Figura 2: O atrator de Lorenz. Solução caótica do sistema de Lorenz, projetada no plano xz. Os parâmetros são os mesmos da Fig. 1, com x(0) = 5. .................................................................................... 6 Figura 3: Circuito de Chua. RN corresponde ao diodo de Chua. ................................................................... 7 Figura 4: Curva IV características do diodo do circuito de Chua................................................................ 7 Figura 5: Circuito de Chua. Com as definições dos sentidos das correntes e respectivas quedas de voltagens. ................................................................................................................................................... 12 Figura 6: Imagem da lista de comandos utilizados para realização dos cálculos realizados. ..................... 15 Figura 7: Oscilações da variável x do circuito de Chua para condições iniciais próximas: x(0) = 0,7000 (linha vermelha) e x(0) = 0.7001 (linha azul tracejada). Parâmetros: = 14,8, = 28, y(0) = 0, e z(0) = 0. .................................................................................................................................................................... 16 Figura 8: A, C, E, G e I: Oscilações da variável x do circuito de Chua em função de : para diferentes , = 28, x(0) = 0,7, y(0) = 0 e z(0) = 0. B, D, F, H e J: Espaços de fase xy correspondentes. ....................... 17 Figura 9: Diagrama de Bifurcações para o sistema do circuito de Chua. Periodicidade em x(t) para = 28, x(0) = 0,7, y(0) = 0 e z(0) = 0...................................................................................................................... 19 Figura 10: Seções de Poincaré através da intersecção dos diagramas de fase xy com o plano z = 0 para (A) = 12 em condição de periodicidade dois e (b) = 14,6 em condição caótica. Aqui = 28, x(0) = 0,7, y(0) = 0 e z(0) = 0...................................................................................................................... 20 Figura 11: Transformadas de Fourier obtidas para as oscilações da variável dinâmica x pra (A) = 12 na condição de periodicidade dois e (b) = 14,6 em condição caótica. Aqui = 28, x(0) = 0,7, y(0) = 0 e z(0) = 0. ...................................................................................................................................................... 21 v _______________________________________________________________________ SUMÁRIO 1 2 3 4 5 6 INTRODUÇÃO........................................................................................................................................ 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................................... 3 2.1 A Teoria do Caos ......................................................................................................................... 3 2.2 A Origem [7] ................................................................................................................................ 4 2.3 O Sistema Caótico de Chua ......................................................................................................... 7 OBJETIVOS ............................................................................................................................................ 9 JUSTIFICATIVA..................................................................................................................................... 10 METODOLOGIA: .................................................................................................................................. 11 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................................................... 12 6.1 Equacionamento do Circuito de Chua ...................................................................................... 12 6.2 7 8 Investigação Teórica do Caos .................................................................................................... 14 6.2.1 Forma de Ondas no Domínio do Tempo, Espaço de Fases ................................................... 15 6.2.2 Diagramas de Bifurcação ...................................................................................................... 18 6.2.3 Seção de Poincaré................................................................................................................. 19 6.2.4 Espectros de frequência ....................................................................................................... 20 CONCLUSÕES ...................................................................................................................................... 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................... 23 vi _______________________________________________________________________ 1 INTRODUÇÃO Ao longo do desenvolvimento da ciência, o estudo de sistemas dinâmicos sempre foi uma área que muito atraiu o interesse da humanidade. Desde quando Isaac Newton introduziu a idéia de modelar matematicamente sistemas naturais, através do desenvolvimento das equações diferenciais, de modo que seja possível fazer previsões sobre o comportamento dos mesmos, o tema tem sido continuamente desenvolvido. Embora numerosos sistemas naturais e artificiais sejam completamente descritos por leis determinísticas e equações diferenciais não lineares sem componentes estocásticos, muitos apresentam um comportamento dinâmico caótico, caracterizado pela imprevisibilidade e extrema sensibilidade às condições iniciais e aos parâmetros do sistema. Este fato tornou-se uma das maiores descobertas da humanidade, e o interesse por sistemas com tal comportamento, caótico, cresceu de modo vertiginoso, principalmente pelo desenvolvimento de métodos numéricos que passaram a ser implementáveis em computadores com capacidades de processamento cada vez mais elevadas. O comportamento caótico foi constatado primeiramente pelo matemático francês do século XIX Henri Poincaré, em seu estudo clássico do chamado problema de três corpos [1]. Nesse problema, Poincaré estudava o comportamento dinâmico de três corpos sujeitos a ação de força gravitacional em um plano, segundo a lei universal de Newton do inverso da distância ao quadrado. Esse comportamento estranho foi novamente observado por Edward Lorenz, na década de 1960 ao estudar problemas de convecção atmosférica em um modelo simplificado. Nesse modelo, aparentemente soluções que partiam das mesmas condições iniciais, ao serem simuladas, levavam a resultados divergentes, o que seria uma contradição ao fato do sistema ser, a princípio, determinístico. No entanto, acabou-se por verificar que se tratava de um problema associado à imprecisão na determinação das condições iniciais. Desse fato, o que decorria era que dado duas condições iniciais suficientemente próximas, os resultados obtidos em função do tempo para as variáveis dinâmicas eram divergentes, caracterizando o fenômeno hoje conhecido como sensibilidade a condições iniciais. 1 De maneira geral, sistemas caóticos são constantemente observados na natureza, em problemas que envolvem desde dinâmica populacional, a situações de arritmia cardíaca e modelos de turbulência. Matemáticos, físicos, engenheiros e mais recentemente, especialistas em ciências sociais e da informação, têm estudado extensivamente estes sistemas, uma vez que os mesmos apresentam várias propriedades interessantes, tais como controlabilidade e auto-sincronização, que possuem um grande impacto em aplicações comerciais e industriais em áreas como Engenharia, Controle de Processos, Comunicação, Processamento de Informações, Eletrônica, Robótica, Computação, Química, Medicina e Biologia, Epidemiologia, Gerenciamento e Finanças, etc [2, 3 e 4]. Entretanto, a maior parte destes estudos tem caráter predominantemente teórico, uma vez que a implementação experimental de um sistema caótico pode apresentar várias dificuldades, tais como limitações de espaço, exatidão, custo e disponibilidade de componentes específicos [5]. A proposta deste trabalho final de curso consiste no desenvolvimento de um estudo teórico do sistema caótico de Chua. Através da identificação de atratores periódicos e caóticos gerados com a variação de parâmetros, o comportamento dinâmico do sistema canônico de Chua será analisado com destaque para o estudo de pontos de equilíbrio e bifurcações. 2 _______________________________________________________________________ 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 A Teoria do Caos O objetivo da ciência clássica é encontrar leis deterministas e imutáveis que governam a realidade. Com o uso destas leis, é possível prever a evolução futura de qualquer sistema real, bastando extrapolar as funções matemáticas representativas das mesmas a partir de valores iniciais dados. Temos, então, os sistemas dinâmicos determinísticos, que possuem como característica principal essa previsibilidade de comportamento. Para se obter um resultado desejado, seria suficiente manipular adequadamente o ponto de partida e, depois, aguardar que o mecanismo determinístico da realidade conduzisse o sistema, automaticamente, para o estado almejado. Dentro deste raciocínio clássico, supõe-se que pequenas diferenças na disposição dos componentes do sistema no início de sua trajetória teriam impacto negligenciável sobre o resultado final, podendo ser descartadas como simples ruído na operação do mesmo. O mesmo tratamento é dado ao impacto de fatores externos que provoquem pequenos desvios ao longo de sua trajetória temporal. Estas considerações justificaram todo o esforço passado em aproximar o comportamento da realidade por relações lineares. Estas, por um lado, facilitam o tratamento matemático e, por outro lado, se comportam de maneira inteiramente previsível, aliando, assim, a acessibilidade de cálculo ao ideal do classicismo determinístico. Entretanto, muitos sistemas dinâmicos são regidos por leis não-lineares. Com efeito, não-linearidades podem tornar a evolução temporal destes sistemas nada trivial. Em tais casos, uma pequena perturbação nas condições iniciais pode resultar numa grande diferença em tempos posteriores. Trajetórias inicialmente muito próximas divergem exponencialmente. Esta é a denominada "sensibilidade às condições iniciais" ou, mais popularmente, "efeito borboleta'', que caracteriza o comportamento caótico de alguns sistemas não-lineares tornando-os imprevisíveis. Historiando a evolução da teoria do caos, Ruelle, um de seus fundadores, diz que "O que hoje chamamos de Caos é a evolução temporal com dependência às sensíveis 3 condições iniciais" [6]. Portanto, o objeto da modelagem na teoria do caos são os sistemas dinâmicos não-lineares, sensíveis às condições iniciais. A teoria do caos começou a ganhar grande notoriedade a partir da década de 80, quando começaram a surgir inúmeros estudos a respeito. Este desenvolvimento recente iniciou-se com os estudos pioneiros de Edward Lorenz, mas a existência de sistemas dinâmicos, intrinsecamente determinísticos, com comportamento caótico, isto é, em que a transição do sistema de um estado para outro só pode ser descrita em termos probabilísticos, tal como acontece com processos verdadeiramente randômicos, já havia sido assinalada por Henri Poincaré, no início deste século. Poincaré, entretanto, deixou o assunto de lado, considerando-o apenas uma curiosidade matemática. O que motivou o grande interesse por tais sistemas, a partir dos anos 80, foi a descoberta de que, ao invés de se constituir numa raridade matemática, a maioria dos sistemas dinâmicos apresenta a propriedade acima descrita e, mais ainda, que este tipo de comportamento é comum à maioria dos fenômenos naturais e sociais e não apenas uma propriedade de leis matemáticas abstratas. Além disto, mesmo modelos matemáticos, representativos de sistemas físicos ou sócio-econômicos, muito simples podem apresentar, sob determinadas circunstâncias, comportamentos totalmente aleatórios, mostrando-se hipersensíveis a variações nas condições iniciais. Tais descobertas estão determinando o estabelecimento de um novo paradigma para todas as ciências, naturais ou sociais, constituindo-se numa verdadeira revolução no pensamento científico. 2.2 A Origem [7] A constatação da existência de sistemas determinísticos que apresentam um comportamento dinâmico irregular foi realizada pela primeira vez pelo matemático francês do século XIX Henri Poincaré, em seu estudo clássico do chamado problema de três corpos. Nesse problema, Poincaré estudava o comportamento dinâmico de três corpos sujeitos a ação de força gravitacional em um plano, segundo a lei universal de Newton do inverso da distância ao quadrado. Entretanto, a teoria do caos, assim batizada, começou formalmente no ano de 1955, quando um cientista do departamento de meteorologia do Boston Tech, 4 atualmente conhecido como M.I.T. (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), chamado Edward Norton Lorenz, herdou a direção de um projeto de pesquisa cujo estudo se concentrava na previsão estatística do tempo. Em 1961, ele trabalhava num computador de baixa capacidade de processamento nas salas do MIT. Combinou no precário Royal McBee 12 diferentes equações relativas à meteorologia – velocidade do vento, pressão barométrica etc. Atualmente, o sistema de Lorenz é normalmente expresso como um sistema de três equações diferenciais não lineares acopladas: x a( y x) (1) y rx y xz (2) z xy bz (3) Lorenz fez seus cálculos e foi tomar um café enquanto o computador imprimia os resultados. Com isso ele julgou ter obtido uma previsão do tempo suficientemente confiável. Revendo os números, descobriu que o computador havia reduzido (por limitação de memória) o número 0,506127 para 0,506. Era aparentemente uma variação sem nenhuma importância. Mas Lorenz tomou a decisão que mudaria sua vida (e as nossas). Insistiu em refazer os cálculos com todos os seis dígitos da fração. E o computador devolveu uma previsão de tempo completamente diferente da original, figura 1. Figura 1: Oscilações do sistema de Lorenz para dois valores muito próximos do valor inicial: x(0) = 5 (linha vermelha contínua) e x(0) = 5.005 (linha azul tracejada). Parâmetros: a = 10, b = 8/3, r = 28, y(0) = 5, e z(0) = 5. 5 Dois anos depois do incidente, Edward Lorenz desenvolveu a tese básica de que “situações iniciais ligeiramente diferentes podem se desenvolver em situações consideravelmente diferentes”. E passaria, com o tempo, a ser conhecido mundialmente como o “criador da teoria do caos” – que estuda justamente os sistemas complexos em que pequenas perturbações podem trazer resultados aparentemente caóticos. Ninguém prestou atenção em 1963 na tese de Edward Lorenz. Ela “hibernou” por nove longos anos até que ele resolveu reapresentá-la no 139o Encontro da Associação Americana para o Progresso da Ciência. O título de sua apresentação: “Predicabilidade: o bater de asas de uma borboleta no Brasil provoca um tornado no Texas?”. A teoria de Lorenz se tornou um clássico acadêmico, inspirou um filme e virou uma citação pop. Em 1983, o matemático da meteorologia ganhou da Real Academia Sueca de Ciências um prêmio Crafoord – que homenageia campos de pesquisa não incluídos pelo Prêmio Nobel. Ganhou também o Kyoto de 1991 por “trazer uma das mais dramáticas mudanças na visão da humanidade sobre a natureza desde Isaac Newton”. Figura 2: O atrator de Lorenz. Solução caótica do sistema de Lorenz, projetada no plano xz. Os parâmetros são os mesmos da Fig. 1, com x(0) = 5. A figura 2 ilustra o famoso “Atrator de Lorenz”, solução das equações (1), (2) e (3). Atrator é uma região (subconjunto) do espaço de fase de sistemas dissipativos para a qual tendem as trajetórias que partem de determinada região. É como um campo de força que exerce certa atração numa determinada região do espaço. Os atratores representam o processo de auto-organização dos sistemas. Num sistema 6 linear, obtemos tipicamente trajetórias que convergem para um ponto fixo estável ou para um ciclo limite correspondendo a uma variação periódica. Lorenz descobriu que, para certos valores dos parâmetros “a”, “r” e “b”, as trajetórias deste sistema nunca acabam num ponto fixo nem num ciclo limite estável e, contudo, nunca divergem para o infinito. Algo muito fora do que anteriormente se considerava usual. 2.3 O Sistema Caótico de Chua Em 1983, um sistema caótico foi proposto por Leon O. Chua baseado em um circuito eletrônico simples e robusto [8]. Esse circuito, mostrado na figura 3, é composto por uma rede de elementos lineares passivos conectados a um componente não-linear ativo com uma não linearidade simples, conhecido como diodo de Chua (RN)[9]. Figura 3: Circuito de Chua. RN corresponde ao diodo de Chua. A figura 4 mostra uma variação da curva característica do diodo de Chua. A curva apresenta três regiões lineares: duas externas e com o mesmo coeficiente angular m1 e uma central, que passa pela origem, com inclinação mais acentuada m0. É possível notar que as inclinações têm dimensão de admitância (). Logo 1/m1, tem dimensão de resistência (), porém com sinal negativo. Devido esta característica, o circuito, ao invés de dissipar, fornece energia ao sistema [10]. Figura 4: Curva IV características do diodo do circuito de Chua. 7 O sistema de equações diferenciais que descrevem o funcionamento do circuito proposto por Chua é obtido através da análise de suas tensões e correntes. Para o melhor entendimento do circuito é necessário estudá-lo em duas partes. Numa das partes, considera-se o indutor L e o capacitor C2 e na outra temos a resistência negativa RN (diodo de Chua) e o capacitor C1. Considerando a primeira parte (C2 + L) isolada do restante do circuito e o capacitor C2 carregado, as cargas elétricas armazenadas em C2 circulam pelo indutor L. Essa corrente gera uma diferença de potencial entre os terminais do indutor que passa a se opor a esta corrente inicial até anulá-la. Assim a corrente inverte seu sentido passando a carregar novamente o capacitor C2. Esse processo torna-se, então, periódico gerando um sinal oscilatório. Na segunda parte do circuito, considerada também isolada do restante, supondo C1 com pequena carga, de modo que a voltagem sobre ele, V1, seja levemente positiva, o que acarreta na resistência negativa (diodo de Chua) uma tensão positiva, implicando uma resposta com uma corrente iRN negativa. Assim, essa corrente alimentará o capacitor C1 que aumentará sua tensão. Recomeçando o ciclo, uma tensão maior em C1 acarreta uma corrente iRN negativa também maior do que a primeira. Caso não haja um elemento que dissipe essa energia, que naturalmente se acumula, o sistema tende à saturação. O papel do resistor R é de justamente proporcionar um acoplamento entre as duas partes descritas do circuito. Assim a oscilação do primeiro circuito será dissipada pelo resistor e alimentada pelo segundo. O comportamento caótico ocorre justamente porque o funcionamento periódico não mais depende somente do capacitor C2 e do indutor L, mas sim de um equilíbrio entre os dois circuitos e o resistor R [10]. Sendo este equilíbrio instável temos o caos proposto por Chua. 8 _______________________________________________________________________ 3 OBJETIVOS Neste trabalho de conclusão de curso (TCC) apresentamos os resultados do estudo de um sistema caótico, o circuito de Chua. Especificamente, o intuito é explicitar as características principais do sistema associadas a seu comportamento caótico. Utilizando de uma perspectiva didática, ilustraremos as diferentes técnicas de caracterização e identificação da dinâmica do sistema. Realizaremos um mapeamento teórico da relação entre os parâmetros do circuito e sua dinâmica temporal. Acreditamos que os resultados deste mapeamento poderão auxiliar futuros trabalhos a respeito de sistemas dinâmicos em geral,tendo em mente que neste trabalho realizou-se análise experimental de técnicas de controle e sincronização desses sistemas. 9 _______________________________________________________________________ 4 JUSTIFICATIVA Conforme explicitado anteriormente, o estudo da dinâmica de sistemas não- lineares com comportamento caótico é de grande relevância, tanto do ponto de vista teórico quanto experimental, dado a enorme variedade de áreas em que estes sistemas aparecem. Em termos gerais durante o desenvolvimento deste trabalho, procurou-se explicitar as principais características para se identificar um sistema caótico e suas condições. 10 _______________________________________________________________________ 5 METODOLOGIA: Realizamos uma pesquisa bibliográfica a respeito de sistemas caóticos e suas propriedades. O sistema caótico de Chua foi o alvo principal destes estudos. A partir do circuito de Chua, formado basicamente por um resistor, um indutor, dois capacitores e uma resistência negativa, obteremos as equações que descrevem seu comportamento no tempo. Para obter tais equações para o sistema proposto por Chua é preciso considerar o comportamento dos componentes eletrônicos e da curva característica do diodo de Chua. Tendo em mãos estas equações, realizamos simulações computacionais utilizando o software MAXIMA, neste ambiente estudaremos as propriedades dinâmicas desse sistema caótico em questão. 11 _______________________________________________________________________ 6 DESENVOLVIMENTO 6.1 Equacionamento do Circuito de Chua Primeiramente efetuou-se o equacionamento do circuito de Chua. Partimos das equações e definições básicas. A corrente elétrica é definida como a carga que atravessa uma determinada seção reta de um circuito por unidade de tempo. Assim i dQ dt (4) Já a diferença de potencial nos terminais de um indutor é diretamente proporcional a taxa de variação da corrente sobre este. Sendo que a constante de proporcionalidade é denominada de indutância (L). O que nos leva a VL L diL dt (5) E por fim, a corrente em um capacitor é dada por iC d CVC dV C C dt dt (6) A partir destas definições equacionamos o circuito de Chua com as orientações das correntes e as respectivas voltagens convencionadas de acordo com a figura 5. Figura 5: Circuito de Chua. Com as definições dos sentidos das correntes e respectivas quedas de voltagens. As duas primeiras equações do circuito são obtidas através da lei de conservação de carga aplicada nos nós. Assim no nó A temos 0 iC2 iR iL C2 dV2 iR iL dt (7) 12 Por sua vez no nó B obtemos 0 iC1 iRN iR C1 dV1 iRN iR dt (8) A terceira equação do sistema é obtida somando-se as quedas de voltagens na malha onde se encontra o indutor L e o capacitor C2. L C2 L diL V2 0 dt (9) Explicitando as derivadas nas equações (7), (8) e (9) reescrevemos nosso conjunto de equações como dVC2 dt dVC1 dt V1 V2 iL C2 R (10) C2 V1 V2 iRN C1R C1 (11) diL V2 dt L (12) Onde iRN (VC1 ) é função das características elétricas do diodo de Chua. Embora este componente possa ser representado por uma função escalar de uma variável, de uma maneira geral é mais fácil dividir esta função em três partes representadas por três segmentos lineares, como ilustrado na figura 4. Deste modo iRN (VC1 ) fica dado por iRN m0V1 1 m1 m 0 V1 BP V1 BP 2 (13) Este conjunto de equações diferenciais pode ainda ser simplificado a partir da escolha conveniente de variáveis paramétricas, que permitem a redução do número de parâmetros envolvidos no problema sem mudar a dinâmica do sistema [11]. Definindo as variáveis tais como x V1 V Ri t , y 2 , z L, BP BP BP RC2 (14) As equações (10), (11), (12) e (13) podem ser reescritas como dx x y i Rn (x) d (15) 13 dy x yz d (16) dz y d (17) 1 a1 a0 x 1 x 1 2 (18) iRN x a0 x Onde C2 R2C2 , , a0 Rm0 , a1 Rm1 C1 L (19) As equações (15), (16), (17) e (18) corresponde ao sistema final de equações, a partir do qual realizaremos o estudo da dinâmica do circuito de Chua. 6.2 Investigação Teórica do Caos Para a solução do sistema empregamos o software livre MÁXIMA (versão 5.23.2). O MAXIMA é um sistema de manipulação de expressões simbólicas e numéricas, incluindo diferenciação, integração, séries de Taylor, transformadas de Laplace, equações diferenciais ordinárias, sistemas de equações lineares, polinômios, listas, vetores, matrizes e tensores. MAXIMA provê resultados numéricos de alta precisão através do uso de frações exatas, inteiros de precisão arbitrária e números de ponto flutuante de precisão flutuante. O MAXIMA realiza gráficos de funções e dados em duas e três dimensões. A figura 6 apresenta a lista de comandos básicos utilizados para realização dos cálculos que apresentaremos. Realizamos um mapeamento exaustivo das características dinâmicas do sistema descrito pelas equações (15), (16), (17) e (18) e decidimos, a título de ilustração, apresentar os resultados obtidos para os valores dos parâmetros tais como = 28, a0 = 0,714, a1 = 1,143. Com o propósito de estudar sistemas caóticos, é freqüente que, modelos analíticos precisos desses sistemas não tenham extrema importância, desde que a obtenção exata de suas trajetórias também esteja em segundo plano [12]. O mais importante é conseguir um modelo simples que incorpore características específicas como atratores estranhos e bifurcações. Dentre as diferentes formas de se caracterizar os sistemas caóticos, optamos por realizar as análises através dos seguintes aspectos: 14 1. 2. 3. 4. 5. Formas de ondas no domínio do tempo; Espaço de fase; Diagramas de bifurcação; Seções de Poincaré e Espectros de frequência. Figura 6: Imagem da lista de comandos utilizados para realização dos cálculos realizados. 6.2.1 Forma de Ondas no Domínio do Tempo, Espaço de Fases No domínio do tempo a dinâmica das variáveis de um sistema caótico é caracterizada por um comportamento aparentemente aleatório. Do ponto de vista técnico a visualização de forma de ondas no domínio do tempo com osciloscópios é trivial. Entretanto, para sistemas caóticos essas ondas parecem não seguir um padrão, e o sinal visualizado se assemelha a um simples “ruído”. Deste fato, observamos em sistemas caóticos uma sensibilidade muito grande às condições iniciais, de forma que, pequenas diferenças associadas a estas condições conduzem a grandes divergências, como foi apresentado para o caso das equações de Lorenz (figura 1). A figura 7 apresenta, de maneira ilustrativa, o comportamento dinâmico da variável x em duas condições iniciais ligeiramente diferentes. Observamos para as duas condições o comportamento oscilatório caótico descrito anteriormente. Observamos ainda que inicialmente o comportamento para as duas condições iniciais é muito similar, porém, 15 à medida que o tempo passa a variável x passa a descrever dinâmicas crescentemente divergentes, evidenciando a sensibilidade às condições iniciais. Figura 7: Oscilações da variável x do circuito de Chua para condições iniciais próximas: x(0) = 0,7000 (linha vermelha contínua) e x(0) = 0.7001 (linha azul tracejada). Parâmetros: = 14,8, = 28, y(0) = 0, e z(0) = 0. De maneira complementar, a visualização do espaço de fases é uma importante ferramenta, pois nela o comportamento caótico fica evidente. O espaço de fases é definido como um sistema de coordenadas associado às variáveis independentes que descrevem a dinâmica de um sistema, sendo a representação da dinâmica de uma função no espaço de fases chamada atrator. Um sistema estacionário é representado por um ponto fixo no espaço de fases; enquanto um sistema periódico apresenta uma órbita fechada (ciclo limite). Um sistema caótico é caracterizado por um atrator estranho, cujas órbitas nunca repetem o mesmo caminho, embora estejam confinadas (atraídas) a uma região limitada do espaço de fases. As trajetórias em um atrator estranho dependem sensivelmente das condições iniciais e, com efeito, os pontos arbitrariamente próximos estarão exponencialmente separados depois de certo tempo. Na figura 8 apresentamos a dinâmica da variável x em função do tempo (coluna da esquerda) e o diagrama do espaço de fases associado às variáveis x e y (coluna da direita) para = 28 e diferentes . Para = 9,4 (Fig. 8-A e 8-B) observamos tanto na evolução temporal quanto diagrama de fases que o sistema converge para um regime estacionário. Aumentando-se o valor do parâmetro para 12 o sistema começa a oscilar entre dois 16 Figura 8: A, C, E, G e I: Oscilações da variável x do circuito de Chua em função de : para diferentes , = 28, x(0) = 0,7, y(0) = 0 e z(0) = 0. B, D, F, H e J: Espaços de fase xy correspondentes. 17 valores distintos (Fig. 8-C e 8-D), diz-se que o sistema tem uma periodicidade “dois”. Já para = 13,4 a dinâmica do sistema evolui para uma oscilação caracterizada por quatro valores máximos, o que se denomina de periodicidade “quatro” (Fig. 8-E e 8-F). Para = 13,6 a dinâmica do sistema novamente evolui, agora para uma condição de periodicidade “oito” (Fig. 8-G e 8-H). Já para = 14,6 entramos em uma dinâmica caótica em que observamos uma oscilação livre do parâmetro x do sistema em função do tempo, enquanto que o diagrama de fases apresenta um formato típico de um “atrator” (Fig. 8-I e 8-J). O sistema oscila livremente, os parâmetros variam caoticamente, porém dentro de um limite máximo definido pelas bordas do atrator. Se aumentarmos o valor do parâmetro ainda mais, o sistema passa novamente para uma condição de oscilação periódica. E, sequentemente, com um pequeno acréscimo no valor de , e a seguir volta novamente ao estado caótico. Este comportamento cíclico se repete indefinidamente em intervalos cada vez menores, evidenciando o caráter fractal da dinâmica caótica. Como veremos a seguir, este comportamento associado às mudanças de periodicidade é representado esquematicamente em um diagrama comumente denominado de “diagrama de bifurcações”. 6.2.2 Diagramas de Bifurcação Uma descrição global do sistema envolve o conhecimento de todos os comportamentos possíveis para os vários valores de um determinado parâmetro, essa descrição resume-se recorrendo a um diagrama de bifurcação. Um diagrama de bifurcação é a representação gráfica do comportamento qualitativo das oscilações de uma variável em função de um determinado parâmetro. Em um diagrama de bifurcação o eixo horizontal corresponde aos valores de parâmetro em questão () e o eixo vertical aos valores de variável dinâmica (x). Para cada valor de , escolhe-se ao acaso uma condição inicial e gera-se a dinâmica temporal correspondente da variável x. Analisamos o comportamento a partir do ponto do qual observamos que o sistema tenha atingido uma condição de estabilidade. Chama-se a isto eliminar o transiente. Em seguida começamos a marcar no gráfico, para esse valor de , os valores de x assumidos ao longo de um número grande de períodos. A figura 9 apresenta os resultados obtidos para a variável dinâmica x em função do parâmetro . Observamos 18 aqui que para abaixo de aproximadamente 10 a variável x converge para um valor estacionário, para entre 10 e 13 a variável x oscila com periodicidade dois, entre 13 e 13,5 a variável passa a um regime de oscilação com período quatro e já para entre aproximadamente 13,5 e 13,7 apresenta periodicidade oito. Figura 9: Diagrama de Bifurcações para o sistema do circuito de Chua. Periodicidade em x(t) para = 28, x(0) = 0,7, y(0) = 0 e z(0) = 0. 6.2.3 Seção de Poincaré A seção de Poincaré é uma maneira de reduzir o estudo de um fluxo num espaço de fases com n dimensões a uma aplicação num espaço de fases com n1 dimensões. Assim em uma seção de Poincaré elimina-se uma dimensão do sistema permitindo que se transforme um sistema contínuo no tempo em um mapeamento discreto. Uma maneira de se definir a seção de Poincaré é observar uma dada órbita apenas em pontos discretos, “estroboscopicamente” tomados em uma superfície. Conforme esses pontos estiverem distribuídos na seção de Poincaré é possível identificar que comportamento o sistema apresenta. Para um sistema com comportamento estacionário verifica-se apenas um ponto na seção de Poincaré. Em um sistema periódico nota-se um número finito de pontos nesta seção de acordo com a periodicidade da dinâmica do sistema. Já em sistemas caóticos obtém-se um número grande de pontos, espalhados de uma maneira irregular no plano. Na figura 10 apresentamos a intersecção do diagrama de fases xy com o plano z = 0 para = 12 (Fig. 10-A) e = 14,6 (Fig. 10-B). Como foi apresentado anteriormente, para = 12 o sistema oscila com periodicidade dois, já com = 14,6 o sistema encontra-se em uma condição caótica. Percebe-se que para = 12 a o diagrama de fase corta o plano z = 0 19 em apenas dois pontos, ou seja, em seus valores máximos e mínimos para x e y. Já na condição caótica, = 14,6, a curva corta o plano em pontos distintos sem repetição alguma. Segue na figura 10 as Seções de Poincaré obtidas: Figura 10: Seções de Poincaré através da intersecção dos diagramas de fase xy com o plano z = 0 para (A) = 12 em condição de periodicidade dois e (b) = 14,6 em condição caótica. Aqui = 28, x(0) = 0,7, y(0) = 0 e z(0) = 0. 6.2.4 Espectros de frequência Os espectros de frequência também são utilizados para distinguir sinais caóticos de sinais periódicos. Aqui utilizamos o algoritmo chamado FFT (Fast Fourier Transform) para obter o espectro em frequências que compõem o sinal adquirido, a partir do qual ficam evidentes as diferenças entre um sinal periódico de um sinal caótico. A figura 11 mostra as transformadas de Fourier obtidas para as oscilações da variável dinâmica x(t) para = 12 (Fig. 7-C) e = 14,6 (Fig. 7-I). Para a condição de periodicidade dois ( = 12) nota-se, claramente, que existem uma frequência principal de oscilação em aproximadamente 0,68 Hz (Fig. 11-A), já para a condição caótica ( = 14,6) observamos que não existem frequências bem definidas para a oscilação da variável x (Fig. 11-B); estas abrangem muitos valores do espectro o que caracteriza o comportamento caótico. 20 Figura 11: Transformadas de Fourier obtidas para as oscilações da variável dinâmica x pra (A) = 12 na condição de periodicidade dois e (b) = 14,6 em condição caótica. Aqui = 28, x(0) = 0,7, y(0) = 0 e z(0) = 0. 21 _______________________________________________________________________ 7 CONCLUSÕES Neste trabalho de conclusão de curso apresentamos e modelamos matematicamente o circuito de Chua. Demonstramos que dado as condições apropriadas o sistema apresenta um comportamento dinâmico caótico. Avaliamos este comportamento sob diferentes perspectivas. Todos os métodos propostos para o mapeamento e a caracterização do caos foram aplicados ao circuito de Chua. Em geral, estes métodos obtiveram excelentes resultados para o trabalho proposto, caracterizando a dinâmica caótica integralmente. Como perspectiva futura deste trabalho pretendemos implementar fisicamente o circuito de Chua através da técnica de analogia eletrônica e estudar as diferentes características do sistema sob a óptica do trabalho teórico aqui desenvolvido. Pela analogia eletrônica, o sistema caótico de Chua será convertido em um circuito eletrônico análogo visando o desenvolvimento de atividades práticas, no sentido de realizar um mapeamento experimental de seu comportamento dinâmico. Este pode contribuir para que novos projetos com características não-lineares possam ser realizados nos laboratórios, demonstrando a eficiência da analogia eletrônica aliada aos métodos de caracterização utilizados. 22 _______________________________________________________________________ 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] F. Diacu, The Mathematical Intelligencer 18, 66 (1996). [2] W. Ditto e T. Munakata; Communications of the ACM 38, 96 (1995). [3] S. K. Yang; C. L. Chen e H. T. Yau; Chaos, Solitons and Fractals 13, 767 (2002). [4] K. M. Cuomo, A. V.Oppenheim, S. H. Strogatz; IEEE Trans. Circuits and Sys. II Analog and Digital Signal Processing 40, 623(1993). [5] R. Rocha, L. S. Martins-Filho e R. F. Machado, Revista Brasileira de Ensino de Física 27, 211 (2005). [6] D. Ruelle, Chance and Chaos. Princeton, Princeton University Press, pag. 67 (1991). [7] J. Gleick, Caos, a criação de uma nova ciência. Tradução de Waltensir Dutra, Rio de Janeiro, Campus (1990) [8] T. Matsumoto, IEEE Transactions on Circuits and Systems 31, 1055 (1984). [9] L. O. Chua , The Genesis of Chua's Circuit, AEU 46, 250 (1992) [10] R. O. Medrano-T., Caos Homoclínico no Espaço dos Parâmetros. 2004. Tese (Doutorado em Ciências) - Instituto de Física, Universidade de São Paulo, 2004. [11] R. Rocha; L. S. Martins-Filho; R. F. Machado; International Journal of Electrical Engineering Education 43, 334 (2006). [12] C. K. Tse, Experimental Techniques for Investigating Chaos in Electronics. Em: G. Chen; T. Ueta; Chaos in Circuits and Systems. New York: World Scientific, 2002. Cap. 18, pag. 367. ******* 23