Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 A RESSIGNIFICAÇÃO DO CONCEITO DE BIODIVERSIDADE EM UM MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS Sara Pospichil Silveira (Universidade Comunitária da Região de Chapecó- Unochapecó) Geovana Mulinari Stuani (Universidade Comunitária da Região de ChapecóUnochapecó) Ana Cristina Confortin (Universidade Comunitária da Região de ChapecóUnochapecó) RESUMO Os espaços não formais como os museus complementam a aprendizagem de conceitos trabalhados nas escolas. O ensino do conceito de biodiversidade é complexo e pode ser aprofundado nestes espaços. A pesquisa investigou a possibilidade de ressignificação do conceito de biodiversidade de estudantes da 7ª série do ensino fundamental de uma escola municipal, Chapecó (SC). A atividade aconteceu no Museu de Ciências Naturais da Unochapecó, de junho a setembro de 2013. Utilizou-se a aplicação de questionários na forma de pré-teste e pós-teste, e analisaram-se os dados qualitativamente buscando a ressignificação conceitual, procedimental e atitudinal do conceito de biodiversidade. Os resultados mostraram grandes avanços nas concepções alternativas dos estudantes. Palavras-chave: espaço não formais, museus de ciências, aprendizagem conceitual, procedimental e atitudinal Introdução Os museus de ciência podem ser considerados espaços de ensino não formal e de divulgação científica para diferentes públicos (HOOPER-GREENHILL, 1994; VANPRAET; POUCET, 1992), sendo também um ambiente interativo que promove momentos de prazer e contemplação aos seus visitantes. Estudos em museologia têm demonstrado o papel importante dos museus na aprendizagem de conceitos, conteúdos, valores e concepções (MARANDINO, 2009), bem como seu desafio no processo de alfabetização científica de seus visitantes por meio das aprendizagens e experiências por eles vividas neste ambiente (KRASILCHIK; MARANDINO 2007; HEIN, 2009; BIZERRA, 2009). Desta forma, torna-se fundamental conhecer como ocorre o processo de aprendizagem dos estudantes nesses locais (SASSERON, 2008), principalmente no que diz respeito aos conteúdos conceituais (MARANDINO, et al., 2009). Recentes pesquisas em educação têm mostrado uma preocupação com a análise das concepções alternativas dos estudantes, pois a aprendizagem escolar é extremamente influenciada pelo conhecimento prévio do estudante que nem sempre coincidi com o conhecimento científico (SIMPSON; ARNOLD, 1982). Os estudantes já 6812 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 possuem explicações sobre as coisas do mundo e os fenômenos naturais antes de vivenciarem o ambiente escolar, e especificamente as aulas de ciências. Estas explicações, conhecidas como concepções alternativas, são construídas através da interpretação das informações recebidas de diferentes fontes, tanto escolares como culturais e sensoriais, sobre um determinado fenômeno (DRIVER et al., 2001). Para se trabalhar a ressignificação destas concepções dos estudantes, Zabala (2010) propõe uma estratégia de aprendizagem dos conteúdos escolares em três níveis: conceitual, procedimental e atitudinal. Os conteúdos conceituais englobam tanto conceitos como princípios; os procedimentais são ações coordenadas direcionadas para realizar um objetivo como, por exemplo, observar e desenhar, enquanto que os atitudinais englobam tanto valores, quanto normas e atitudes (ZABALA, 2010). Sendo que, neste trabalho abordaremos somente os conteúdos conceituais. Com o agravamento dos problemas ambientais, a discussão sobre o tema conservação da biodiversidade tem provocado, de forma geral, uma postura reflexiva na sociedade moderna, uma vez que “cada habitante do planeta Terra está relacionado com a biodiversidade e, de alguma forma, dela participa e depende” (SEVEGNANINI; SCHROEDER, 2013). Deste modo, por depender da biodiversidade, o ser humano têm se preocupado em estudá-la e manter uma relação positiva com ela. Neste sentido, pode-se notar a importância em se conhecer os conceitos sobre a biodiversidade e suas modificações ao longo da história, para melhorar a compreensão que as pessoas têm do meio em que vivem. Os estudantes precisam refletir sobre a complexidade da relação do homem com a biodiversidade e a importância do estudo deste conceito (OLIVEIRA, 2010). Desta forma, os espaços não formais podem complementar o ensino dos conceitos produzidos nas escolas, auxiliando na promoção da divulgação e popularização da ciência, além de sensibilizar a sociedade quanto à questão da perda da biodiversidade mundial. O conceito de biodiversidade, segundo Sevegnanini e Schoroedes (2013) foi utilizado pela primeira vez por Wilson, em 1988, na obra intitulada Biodiversity , o qual a define em três níveis de organização: [...] toda variação em todos os níveis de organização, desde os genes dentro de uma simples população local ou espécie, até as espécies que compõem parte de uma comunidade local e, finalmente as próprias comunidades que compõem a parte viva dos ecossistemas multifatoriais do mundo (WILSON, 1997, p.1). 6813 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Estes três níveis de organização da biodiversidade, apesar de estarem classificados em diferentes grupos para facilitar o seu estudo, possuem uma relação de dependência não havendo dissociação destes (CASACA, 2012). Neste contexto, autores como Diniz e Tomazello (2005, p. 03-04) distinguem estes níveis de forma bem clara e objetiva ao afirmar que: A diversidade genética, analisada dentro de cada espécie, refere-se à totalidade de genes diferentes, medindo tanto as diferenças entre indivíduos de um determinado universo, quanto as diferenças entre populações naturais que podem estar separadas entre si, pela perda e fragmentação dos habitat naturais. A diversidade de espécies trata-se da totalidade de espécies diferentes, presentes num determinado ambiente. Abrange a diversidade da vida em todos os seus níveis, desde as bactérias e protistas até os reinos das plantas, dos fungos e dos animais. A diversidade de comunidades/ecossistemas tem sido a mais difícil de caracterizar, pois podemos entender como sendo um ecossistema, desde uma poça de água até uma imensa floresta. Deve-se considerar não apenas a variação entre as comunidades biológicas nas quais as espécies vivem e os ecossistemas onde estas comunidades se encontram, como também as interações entre esses níveis. (DINIZ; TOMAZELLO, 2005, p. 03-04) Deste modo, ressaltamos que o papel do educador em ciências é auxiliar o estudante a ressignificar suas concepções alternativas para que possa ter uma compreensão dos fenômenos naturais mais aproximada do conhecimento científico, seja no conceito de biodiversidade como em qualquer outro conceito trabalhado em ciências. Considerando este contexto, o estudo buscou de forma geral, investigar a possibilidade de ressignificação do conceito de biodiversidade dos estudantes a partir de uma atividade desenvolvida no Museu de Ciências Naturais da Unochapecó. Metodologia A presente pesquisa é participante com caráter qualitativo, visto que se preocupa com “a necessidade de observar os sujeitos, não em situações isoladas, artificiais, senão na perspectiva de um contexto social, colocando ênfase na ideia dos significados latentes do comportamento do homem” (TRIVIÑOS, 1992, p. 122). Sendo necessária tanto uma análise inicial dos conhecimentos prévios dos estudantes, como também uma final, após o desenvolvimento da atividade proposta. A pesquisa foi realizada com 19 estudantes de uma turma da 7ª série do Ensino Fundamental de uma Escola de Educação Básica situada no município de Chapecó (SC). Os estudantes participantes foram convidados e devidamente esclarecidos da proposta da pesquisa. Estes possuíam idade entre 12 e 14 anos e por serem considerados por lei menores de idade, foi necessária a autorização dos pais para a participação no estudo mediante a assinatura de um Termo de Consentimento Livre Esclarecido. 6814 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 A coleta das informações foi realizada por meio de quatro encontros. No primeiro foi apresentada a proposta à escola participante; no segundo houve uma conversa com o professor de Ciências e estudantes da turma, a apresentação da pesquisa aos estudantes, a entrega dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido para serem assinados pelos pais ou responsáveis; no terceiro recolheram-se os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e aplicou-se o questionário pré-teste com questões abertas e fechadas; no quarto aconteceu a participação dos estudantes em uma atividade de intervenção pedagógica no Museu de Ciências Naturais da Unochapecó e posterior aplicação do questionário pós-teste com questões abertas e fechadas. De modo geral, o pré-teste e o pós-teste continham questões relacionadas ao conceito de biodiversidade, sua importância, exemplos e a relação dos animais e plantas exóticas com a biodiversidade e as atitudes relacionadas a conservação da biodiversidade. A visita dos estudantes ao Museu desenvolveu-se na forma de uma oficina, com duração aproximada de 60 minutos e dividida em três principais momentos. A atividade iniciou-se com a problematização do conteúdo em que cada estudante recebeu uma folha em branco para escrever o nome das plantas e animais da região do oeste de SC que conhecia. Após esta atividade foi discutido o número de espécies que os estudantes conheciam com o intuito de fazer com que estes comparassem as espécies conhecidas antes e após a visita. No segundo momento, foi realizada uma apresentação audiovisual que trouxe os principais conceitos e relações do tema Biodiversidade, destacando a ameaça da introdução de espécies exóticas e invasoras para a manutenção desta diversidade biológica, além de enfatizar a importância da sua conservação na região em que vivemos. Em seguida os estudantes foram encaminhados à Sala das Coleções de Animais Taxidermizados, onde se apresentou as diversas fitofisionomias do bioma Mata Atlântica bem como a fauna que as compõem. Nesta sala foi retomado o conceito de espécies nativas e exóticas e explicado a procedência e técnica de empalhamento desses animais. Por fim, os estudantes conheceram a Sala das Coleções Biológicas, composta por coleções de animais mortos (conservados em álcool ou a seco) e os terrários contendo animais vivos, tanto nativos quanto exóticos. A visita a esta sala teve por objetivo mostrar a riqueza de espécies existentes não só em nossa região, mas em todo o território brasileiro e até mesmo de outros países. No terceiro momento aplicou-se o pós-teste com os estudantes, com o intuito de verificar se houve alteração na sua 6815 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 aprendizagem com a intervenção pedagógica da visita ao Museu, analisando-se tanto o pré-teste quanto o pós-teste. Resultados e Discussão Com base em uma análise comparativa do pré-teste com o pós-teste, categorizou-se as respostas dos estudantes nos três níveis de aprendizagem proposto por Zabala (2010), que são: conceitual, procedimental e atitudinal. Na categoria conceitual, percebem-se os avanços dos estudantes na compreensão do conceito de biodiversidade através da comparação dos questionários pré e pós-testes. Deste modo, por meio do diálogo entre os autores Diniz e Tomazello (2005) que discutem os níveis da biodiversidade e a dimensão conceitual presente em Zabala (2010) foi possível perceber a ressignificação do conceito de biodiversidade (Quadro 01). Quadro 01: Aprendizados conceituais dos estudantes sobre biodiversidade Estudante Pré-teste Pós-teste E1 É qualidade de vida. É o nosso bem Vida para diversas direções. Para não haver estar. desequilíbrio ecológico. É a diversidade genética, ecossistema, animais e plantas. E2 Biodiversidade para mim é várias É a diversidade genética, ecossistemas, espécies de animais. Bio=vida, diferentes espécies. diversidade=variedade. Para a cadeia alimentar. E3 Biodiversidade. Sugestão de vida. É a diversidade genética, ecossistemas e diferentes espécies. E8 É um projeto que utiliza ou reutiliza Diferentes tipos de animais e plantas. produtos orgânicos. É importante para o Genética, ecossistema e diferentes tipos de meio ambiente. animais e plantas. E11 Biodiversidade é os diferentes tipos de É os diferentes tipos de animais e de plantas. vida. E geram equilíbrio ambiental. Genética, ecossistema, diferentes tipos de animais e de plantas. Eles ajudam o meio ambiente. E17 Diversas vidas, para o equilíbrio do Diversidade genética, ecossistemas e ecossistema. diferentes tipos de animais e plantas. E18 Ecossistema e espécie. E19 Diversidade genética, ecossistemas e diferentes tipos de animais e plantas. Percebe-se que estes estudantes avançaram no conceito de biodiversidade do nível específico para níveis mais amplos como o de ecossistema e genético, sendo que havia estudantes que não compreendiam nenhum dos níveis (E1, E3 e E8) e que ao final da atividade avançaram seu entendimento para os três níveis da biodiversidade. Entretanto, os estudantes E15 e E16 não avançaram nenhum nível, restringindo sua resposta apenas ao primeiro nível que é a diversidade de espécies, o que é possível ver na fala do E15: “Biodiversidade é variedade de vida” para “Bio: vida e diversidade: diversas”. Ainda nesta questão, constatou-se que tanto E18 quanto E19, os quais não 6816 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 haviam respondido o conceito de biodiversidade no pré-teste, conseguiram avançar sua compreensão para dois e três níveis de biodiversidade, respectivamente. Na categoria procedimental, pode-se perceber que, de modo geral, após o pósteste os estudantes conseguiram relacionar o impacto das espécies exóticas na biodiversidade nativa por meio da ressignificação de procedimentos que estes podem adotar para evitá-lo. Foi possível observar que dos 78,95% (15 entrevistados) do préteste que não relacionaram as espécies exóticas à biodiversidade, após o pós-teste 57,89% (11 entrevistados) conseguiram relacioná-los. No entanto, uma parcela significativa de 42,11% (8 entrevistados) não conseguiu ressignificar esta questão, o que pode ser observado em alguns exemplos no Quadro 02. Quadro 02: Aprendizados procedimentais dos estudantes sobre biodiversidade. Estudante Pré-teste Pós-teste E1 Acho que sim, porque eles nos Sim, pois os animais exóticos podem acabar ajudam a cuidar da natureza. matando os nativos e desequilibrando o ecossistema. E2 Sim, pois mesmo eles fazem parte da Sim, pois aí eles vão brigar pelo alimento, e diversidade de animais. vai causar o desequilíbrio do ambiente. E4 Sim, vem do mato. Sim, pois fazem parte da biodiversidade. E5 E6 E7 Sim. Porque bio é vida. Sim, porque um precisa do outro para sobreviver. Sim porque eles tem vidas. E8 E10 E11 E12 E15 E16 E17 Sim, porque como na nossa vida devemos cuidar, como as plantas e os animais devemos cuidar também. Claro, pois bio é vida, e os animais e plantas exóticas também tem vida e ajuda a natureza trazendo outros animais e plantas para região. Se não fosse ele não acontecia tudo isso. Sim porque animais e plantas tem vida. Sim, pois animais e plantas tem variedade de vida. Sim, pois iria haver um desequilíbrio na cadeia alimentar. Sim, porque são diversas vidas. Um desequilíbrio do ambiente e acaba destruindo o animal e planta nativa. Não, porque ela pode trazer consequências. Não, porque ele só ajuda a destruí-la, porque os exóticos pegam o lugar das nativas. Causam desequilíbrio e acaba destruindo os animais nativos e também destruindo plantas. Sim, pois disputam lugar com outros animais e plantas e podem acabar com as coisas nativas da região. Acabam destruindo os animais nativos Sim porque tem muitas vidas. Sim porque tem muitas vidas. Sim, porque os exóticos disputam comida e espaço. De acordo com estes dados, pode-se perceber que apenas o E17 havia feito relação tanto no pré quanto no pós-teste, sendo que no pós-teste o estudante pode especificar uma das causas do desequilíbrio na cadeia alimentar, que é a introdução de espécies exóticas em locais com biodiversidade nativa. O E8 apesar de dizer que não havia relação entre espécies exóticas e a biodiversidade conseguiu descrever esta relação corretamente. 6817 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Com relação à categoria atitudinal, podem-se perceber as superações dos estudantes referentes à questão das suas ações de preservação da biodiversidade. Notase também que os participantes desta pesquisa apresentaram inicialmente uma percepção mais descritiva de suas atitudes conservacionistas, e que ao final desta demonstraram uma percepção mais analítica, explicando melhor sua ação, como se observa no Quadro 03. Quadro 03: Aprendizados atitudinais dos estudantes referentes a questão 06 do pós-teste. Estudante Pré-teste Pós-teste E4 Reciclar o lixo. Reciclo o lixo para não poluir, não matar, não trazer animais e plantas de outros locais. E8 Cuidado a natureza. Não trazer nada exótico. E9 Não fazendo atos maldosos. Não trazendo animais para cá. E10 Cuidar, incentivar, ajudar, etc. Não trazendo animais exóticos para que não destrua os animais e plantas nativas e preservar a natureza. E15 Preservando a natureza. Preservando o meio ambiente, cuidando dos animais. E19 Não trazer animais e plantas invasoras. É possível perceber que após a visita ao Museu houve uma ressignificação quanto ao avanço do nível de explicação para a questão, sendo que os entrevistados descreveram exemplos de atitudes mais relacionadas com a preservação da biodiversidade, demonstrando relações que estão mais diretamente ligadas a esta conservação. Este avanço na percepção dos estudantes é bem evidente na fala do E10, que de uma ação ampla de cuidar, incentivar e ajudar na preservação da biodiversidade especificou sua atitude para não trazer animais exóticos que poderiam prejudicar aqueles que são da região (nativos). Neste sentido, foi possível perceber que os estudantes apresentavam limitações nos conhecimentos sobre a temática biodiversidade e com o desenvolvimento da atividade de intervenção pedagógica realizada puderam ressignificar em parte: o conceito da diversidade biológica; sua relação com as espécies nativas e exóticas; e as ações conservacionistas que estes poderiam realizar. Considerações finais Em síntese, os estudantes entrevistados nesta pesquisa demonstraram, em sua maioria, superações nos três níveis de aprendizagem (conceitual, procedimental e atitudinal), ressignificando o conceito, os procedimentos e atitudes relacionados à 6818 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 biodiversidade. De modo geral, apesar de alguns estudantes não terem ressignificado todas estas dimensões abordadas, pode-se observar que obtiveram aprendizados que levariam para seu dia a dia, sendo que dentre estes novos saberes, ressalta-se a diferenciação de espécies nativas e exóticas com potencial invasor e sua relação com a biodiversidade regional como também o entendimento da relação destes com a conservação da biodiversidade. Porém, percebe-se que alguns estudantes ainda apresentam dificuldades, o que aponta para tempos diferenciados de aprendizagem e a necessidade de uma continuidade na abordagem desta temática. Neste sentido, pode-se perceber que o Museu de Ciências Naturais da Unochapecó se constitui em um espaço de educação não formal com grande potencial educativo bem como de ressignificação das concepções alternativas dos estudantes. Por este espaço possibilitar a superação das dificuldades apresentadas pelos estudantes, ele pode constituir-se enquanto espaço complementar na elaboração dos conhecimentos científicos trabalhados pela escola. Desta forma, observa-se que por meio de propostas de atividades de Educação Ambiental, tanto por parte das escolas quanto das universidades e centros de ensino de ciências, será possível obter avanços no nível de explicação dos estudantes a respeito dos conceitos científicos estudados nas escolas. Neste contexto, reforça-se a necessidade das escolas procurarem espaços educativos alternativos que divulguem a produção científica de forma a contribuir com o processo de ensino-aprendizagem bem como no avanço do acesso a alfabetização científica a parcelas cada vez maiores da população. Salientamos que além dos estudantes poder-se-ia investigar como os professores de Ciências tem trabalhado esta temática na educação básica, bem como as pesquisas desenvolvidas pela Universidade nesta área poderia poderiam contribuir para a melhoria do Ensino de Ciências desenvolvido nas escolas. Referências BIZERRA, A. A atividade de aprendizagem em museus de ciências. 2009. 274 fls. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. CASACA, B. M. Concepções dos estudantes finalistas do Ensino Médio sobre o tema biodiversidade. 2012, 48f. Monografia (Licenciado em Ciências Biológicas)Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ). 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