Perfil epidemiológico da tuberculose entre casos notificados no

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Perfil epidemiológico da tuberculose entre
casos notificados no Estado de Goiás
A tuberculose é uma doença infecciosa crônica causada pela bactéria
Mycobacterium tuberculosis que acompanha a espécie humana desde os
primórdios da História. Hoje, ela se apresenta como um dos problemas que
mais têm preocupado as autoridades sanitárias de todo o mundo, devido à sua
crescente incidência em diferentes grupos populacionais. A distribuição da
doença é mundial, com tendência decrescente da morbidade e mortalidade
nos países desenvolvidos.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço da
população mundial está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis que, a cada
ano, faz adoecer 8 milhões de pessoas e matar 2,9 milhões. Dos 8 milhões de
casos anuais, 95% ocorrem em países em desenvolvimento. A infecção pelo
HIV, o vírus da imunodeficiência humana, constitui o maior fator de risco para
adoecer por tuberculose em indivíduos previamente infectados pelo bacilo. Por
outro lado, a tuberculose é uma das primeiras complicações entre os infectados
pelo HIV, surgindo antes de outras infecções freqüentes, em razão da maior
virulência do bacilo.3
“O Brasil juntamente com outros 21 países, alberga 80% dos casos mundiais
da doença”. (Ministério da Saúde, 2005). Estima-se que cerca de “85 mil casos
novos são registrados por ano e que um terço da população esteja infectada
sobre o risco de desenvolver a doença” (Ministério da Saúde, 2005).
A situação epidemiológica do agravo no Estado de Goiás é discorrida a seguir,
após avaliação descritiva, analisando dados disponíveis no Sistema de
Informações de Agravos de Notificações (SINAN), foram selecionados casos
confirmados registrados no Sinannet-TB, no período de 2005 a 2010* (dados
preliminares). As variáveis epidemiológicas selecionadas para a avaliação
foram: forma, sexo, co-infecção HIV/TB, tipo de entrada e situação de
encerramento
Resultados e Discussão:
São conhecidas várias formas da Tuberculose. A forma pulmonar (quando
afeta os pulmões), extrapulmonar (quando afeta outros órgãos além dos
pulmões) e pulmonar + extrapulmonar, são registradas, sendo a forma
pulmonar notificada em maior escala (82,8% dos casos notificados em 2009),
conforme demonstrado no gráfico 1.
800
700
600
PULMONAR
500
EXTRAPULMONAR
400
300
PULMONAR +
EXTRAPULMONAR
200
100
0
2005
2006
2007
2008
2009
2010
PULMONAR
667
647
634
611
662
477
EXTRAPULMONAR
115
93
101
111
111
73
PULMONAR +
EXTRAPULMONAR
24
26
22
33
26
12
Gráfico 1 - Formas de tuberculose notificadas no Estado de Goiás, 2005 a 2010*.
Fonte: SINAN
Este resultado vem de encontro com o que afirma o Ministério da Saúde (2005)
“das formas de tuberculose, a forma pulmonar é a mais prevalente”. Isso se
justifica pelo fato de na maioria dos casos o bacilo penetrar através do ar
inspirado, alcançando os pulmões, sendo aeróbico encontra nesses órgãos
grande quantidade de oxigênio o que facilita seu desenvolvimento.
Relativo à incidência dos casos de Tuberculose, entre os anos de 2005 a 2009
apresenta pouca oscilação na série histórica, como representada no gráfico 2.
Incidência de Tuberculose Pulmona Bacilífera e de Todas as
Formas.Goiás, 2000 a 2009
20
15
Incid. TB Pulm Bacilífera
10
Incid. TB Todas as Formas
5
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
11,3
11
Incid. TB Todas as 18,7
Formas
18
Incid. TB Pulm
Bacilífera
11
11,4 8,8
18,8 18,8 15,5
9,2
9,3
8,7
7,4
7,9
15
15
12,6 12,5 13,9
Gráfico 2 –Incidência dos casos de tuberculose pulmonar.Goiás,2005 a 2010* .
Fonte: SINAN
Os números absolutos de casos notificados no período de 2005 a 2010* (dados
preliminares), estão representados no gráfico 3.
900
800
700
600
500
TB Pulm Bacilífera
400
TB Todas as Formas
300
200
100
0
2005
2006
2007
2008
2009
2010*
TB Pulm
Bacilífera
517
536
506
435
467
349
TB Todas as
Formas
837
857
856
732
822
562
Gráfico 3 – Número de casos de Tuberculose Pulmonar Bacilífera e de Todas as
Formas.Goiás,2005 a 2010*
*Dados preliminares
Fonte: SINAN
Observando o gráfico 4, em relação a ocorrência por sexo, os resultados
demonstram predomínio da doença entre pacientes do sexo masculino.
600
500
400
Masculino
300
Feminino
200
100
0
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Gráfico 4 – Distribuição dos casos de tuberculose Todas as Formas, por sexo. Goiás, 2005 a
2010*.
*Dados preliminares
Fonte: SINAN
A ocorrência tuberculose sempre foi descrita como mais incidente no sexo
masculino, podendo estar associada ao comportamento mais ativo dentro da
sociedade, bem como a não adesão ao tratamento. O número de casos
registrados de sexo feminino no período avaliado, vem mantendo com pouca
oscilação.
Relacionado à coinfecção TB/HIV, observa-se que houve uma melhora na
realização do teste anti HIV nos últimos anos, conforme representado no
gráfico 5.
900
800
700
600
Positivo
500
Negativo
Em andamento
400
Não realizado
300
Total
200
100
0
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Gráfico 5 – Representação da distribuição dos casos de tuberculose pulmonar em pacientes
com co-infecção TB/HIV no Estado de Goiás, 2005-2010*.
*Dados preliminares
Fonte: SINAN
Nos anos de 2009 e 2010, observa-se que houve um relativo aumento do
número de testes “em andamento” em relação aos anos anteriores, o que
dificulta uma avaliação sobre a real situação HIV/TB nos pacientes notificados
durante estes anos. Os portadores do HIV possuem o sistema de defesa do
organismo mais frágil facilitando a entrada do bacilo da TB. Desta forma a
infecção é mais freqüente que nas pessoas sem problemas no sistema
imunológico.
Percentual de HIV positivo entre os casos novos de
Tuberculose diagnosticados.Goiás, 2007 a 2009
18
17
17
16
16
%HIV+
15
15
14
14
13
2.007
2.008
2.009
Gráfico 6 – Percebtual de HIV positivo entre os casos novos de tuberculose diagnosticados.
Goiás, 2005-2009.
Fonte: SINAN
O percentual de HIV positivo entre os casos novos de tuberculose notificados e
que realizaram o teste anti HIV, observa-se no período de 2007 a 2009, que
houve uma relativa diminuição dos casos positivos para HIV.
De acordo com o gráfico 7, dos casos notificados no estado, o registro dos
casos, são na maioria de “casos novos”. Os casos de retratamentos (recidiva e
readmissão após abandono) vem se mantendo relativamente constantes no
período avaliado.
900
800
700
600
Caso Novo
500
Recidiva
400
Readmissão após-abandono
Transferência
300
200
100
0
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Gráfico 7 – Distribuição dos casos de tuberculose por tipo de entrada. Goiás, 2005-2010*.
*Dados preliminares
Fonte: SINAN
Avaliando o resultado do tratamento em relação a situação de encerramento,
representado no gráfico 8, o percentual de cura tem melhorado nos últimos
anos, porém ainda abaixo do preconizado pelo Ministério da Saúde (85%)
consequentemente o abandono de tratamento tem diminuído, mas ainda está
acima do aceitável pelo Ministério da Saúde (< 5%)
90
80
70
60
2.005
50
2.006
2.007
40
2.008
30
2.009
20
10
0
%Ign
%Cura
%Aband
%Óbito por %Ób outras
TB
causas
%Transf
Gráfico 8 – Situação de encerramento do tratamento dos casos de Tuberculose Todas as
Formas. Goiás, 2005-2009.
* Fonte: SINAN
A organização mundial de saúde recomenda que “o tratamento de curta
duração contra tuberculose seja supervisionado até o final” (Ministério da
Saúde, 2005), visando desta forma a diminuição do abandono.
4- Considerações Finais
Relacionado a associação HIV/TB, faz-se necessária uma melhor efetividade
na realização dos testes para diagnóstico do HIV, visto que os pacientes
portadores do vírus necessitam de um acompanhamento especial e que esta
associação constitui nos dias atuais um grande problema no controle da
doença (Diniz, 2010). A pronta solicitação do teste anti-HIV e a agilidade do
seu resultado em pacientes com tuberculose é fundamental para o correto
manuseio do tratamento da coinfecção TB/HIV, pois esta constitui, nos dias
atuais, um sério problema de saúde pública, podendo levar ao aumento da
morbidade e mortalidade pela tuberculose, conforme Ministério da Saúde,
2005.Torna-se imprescindível a integração entre os Programas de Controle da
Tuberculose e Programa de DST/AIDS, fundamental para o sucesso
terapêutico do paciente.
Um dos pilares do funcionamento da vigilância epidemiológica, em qualquer de
seus níveis, está relacionada ao Sistema de Informação, através do qual se
avalia o impacto determinada pelas medidas de controle. Portanto, a
informação é instrumento essencial para a tomada de decisões.
A confiabilidade do sistema é base essencial da vigilância e do controle dos
agravos, tanto no aspecto epidemiológico, como operacional desde que
assegure a qualidade da informação. É necessária uma vigilância mais efetiva
do sistema de informação, com o encerramento dos casos em tempo oportuno,
devendo estar, em consonância com os demais sistemas de registro do
Programa de Controle da Tuberculose.As Secretarias Municipais devem ter
fluxo definido para o envio às Unidades de Saúde, dos boletins de
acompanhamento do SINAN, para a devida atualização do sistema de
informação.
Campanhas de sensibilização da população constituem uma importante
ferramenta no combate a doença, uma vez que a informação mostra-se como
um fator de proteção e os fatores de abandono estão intimamente ligados aos
hábitos do paciente e à maneira como ele se apodera das informações sobre
sua doença (DINIZ, 2010).
A tuberculose como uma doença prevenível e curável, o seu controle depende
tanto da melhoria das condições socioeconômicas e como dos sistemas
relacionados aos serviços de saúde.
5- Referências Bibliográficas
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia Vigilância
Epidemiológica. 6ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.
Diniz, Ana Paula de Matos. Perfil dos pacientes com tuberculose Pulmonar no
município de Betim-MG no período de 2004 A 2009.
Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde: Tuberculose Guia de
Vigilância Epidemiológica. Brasília: Ministério da Saúde. 2002
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de
Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil,2010.
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