AMEI escolar História 8º ano – Resumo nº 3 - O Renascimento e a Formação da Mentalidade Moderna Nos séculos XV e XVI, surgiu em Itália um movimento cultural chamado Renascimento e que se caracterizou pela inspiração na cultura grecoromana e que pretendia valorizar o Homem e as suas capacidades. Sem deixar de acreditar em Deus e deixar de ser cristão, o Homem, orgulhoso de si próprio, confiava nas suas possibilidades para melhorar o seu destino na Terra - Antropocentrismo. Este novo Homem oponha-se ao Homem medieval que vivia muito dependente de Deus - Teocentrismo. Houve um conjunto de diversos factores que favoreceram o surgimento do Renascimento na Itália: a existência de vestígios e monumentos da Antiguidade greco-romana; a existência de escolas e universidades de grande prestígio que se dedicavam ao estudo de autores da Antiguidade greco-romana; Florença, Génova, Veneza e Roma eram cidades muito ricas e rivalizarem entre para serem mais belas e monumentais que as outras. Os grandes senhores protegiam a cultura, apoiando os escritores e artistas, tornando-se assim mecenas. - O Humanismo São chamados de Humanistas todos os que durante os séculos XV e XVI, estudavam línguas, textos e autores clássicos, criticaram a sociedade do Conteúdos: 1- O Renascimento e a Formação da Mentalidade Moderna 2- O Humanismo 3- Alargamento da Compreensão da Natureza 4- A Arte Renascentista 5- A Arte Renascentista em Portugal 6- O Tempo das Reformas Religiosas 7- A Reacção Católica Vocabulário: Antropocentrismo (anthropos = Homem + centro) o Homem no centro do Universo Teocentrismo (theos = Deus + centro) Deus no centro do Universo seu tempo e demonstraram um especial interesse pela valorização do Homem. Os Humanistas eram fundamentalmente professores universitários e clérigos, formavam como que uma comunidade das artes e das letras, viajavam muito, visitavam-se, correspondiam-se e trocavam obras entre si. Na literatura distinguiram-se humanistas como: Humanistas Erasmo de Roterdão Países de Origem Países Baixos Nicolau Maquiavel Península Itálica Thomas More Inglaterra Luís de Camões Portugal Miguel de Cervantes Espanha William Shakespeare Inglaterra Principais obras “Elogia da Loucura” (critica a sociedade do seu tempo) “O Príncipe” (defesa do reforço do poder do rei) “Utopia” (defesa da tolerância religiosa) “Os Lusíadas” (relato da história de Portugal) “D. Quixote” (caricatura dos valores da nobreza) “Romeu e Julieta” (autor de inúmeras peças de teatro) - Alargamento da Compreensão da Natureza O Homem do Renascimento, curioso, crítico e também racionalista revelou grande interesse pela Natureza. Analisou plantas e animais, especialmente os vindos dos novos mundos descobertos por Portugueses e Espanhóis, observou os astros e estudou anatomia humana. Ao valorizar a observação e a experiência para o conhecimento da realidade, o Homem do Renascimento promoveu o desenvolvimento de vários domínios do saber: Domínios do Saber Astronomia Medicina Autores Obras/Novos Conhecimentos Copérnico Vesálio Matemática Pedro Nunes Geografia Botânica Duarte Pacheco Garcia da Orta Teoria do Heliocentrismo Estudos sobre a circulação do sangue “Tratado da Esfera” Invenção do nónio “Esmeraldo de Situ Orbis” “Colóquios dos Simples e Drogas das Cousas Medicinais da Índia” A imprensa, cuja descoberta em meados do século XV se atribui a Gutemberg, permitiu a multiplicação do número de exemplares de cada livro e a consequente diminuição do seu custo. Assim, ficou facilitada a divulgação das obras e das ideias renascentistas. - A Arte Renascentista A Arquitectura A arte renascentista, especialmente a arquitectura, inspirou-se nas obras greco-romanas - Classicismo. As características da arquitectura renascentista são as seguintes: o equilíbrio e a simetria das formas e dos volumes; os elementos da arquitectura clássica: colunas, frontões triangulares, arcos de volta perfeita, abóbadas de berço e cúpulas; a decoração baseada em elementos da natureza e mitológicos; a impressão de horizontalidade definido pelos frisos e balaustradas. Destacam-se como monumentos a Basílica de S. Pedro (Bramante, Miguel Ângelo, Della Porta) e Vocabulário: Classicismo influência das obras greco-romanas como arquitectos Brunelleschi, Alberti, Bramante, Miguel Ângelo e Andrea Palladio. A Pintura Os principais temas da pintura eram a Natureza, o corpo humano nu, cenas do Cristianismo, mitologia antiga e o retrato. Os pintores renascentistas representavam o que pintavam tal como era observado com naturalidade - Naturalismo. Das inovações da pintura renascentista destacam-se: a pintura a óleo que permitiu maior brilho e durabilidade das cores; a técnica da perspectiva que transmitia a ideia de profundidade; a técnica do sfumato que permitia a gradação da cor e a transição suave da sombra da luz; a distribuição geométrica dos diversos elementos. Na pintura salientaram-se os italianos Fra Angélico, Masaccio, Botticelli, Rafael, Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, o flamengo Van Eyck e o alemão Albert Dürer. Exemplos de quadros “A Primavera” “Gioconda” ou “Mona Lisa” Frescos do tecto da Capela Sistina “A Virgem da Pradaria” Pintores Botticelli Leonardo da Vinci Miguel Ângelo Rafael A Escultura Na escultura voltou-se a representação do nu, de tradição greco-romana, com grande perfeição anatómica e realismo. Celebrizaram-se, entre outros, Donatello, Verrocchio, Ghiberti e Miguel Ângelo. Exemplos de Escultura “Pietá” “David” Escultores Miguel Ângelo Donatello - A Arte Renascentista em Portugal No Renascimento, predominou em Portugal o estilo manuelino, nome que se ficou a dever ao nome do rei D. Manuel que reinava em Portugal. O estilo manuelino caracteriza-se por se manter uma estrutura gótica dos monumentos (abóbada sobre o cruzamento de ogivas, arcos quebrados, arcobotantes e o predomínio da ideia de verticalidade) mas também por ter uma inovação fundamental no âmbito da decoração inspirada nos Descobrimentos: motivos naturalistas: plantas e animais; motivos religiosos: cruz de Cristo; motivos dos Descobrimentos: cordas, redes, esfera armilar, … - O Tempo das Reformas Religiosas O comportamento de muitos membros do clero prejudicou a Igreja: muitos Papas preocupavam-se mais com o luxo, o poder e os bens terrenos do que com a sua missão terrena; alguns Papas envolveram-se em conflitos com reis e imperadores por razões políticas; alguns membros do alto clero eram donos de terras e casas, tinham mulher e filhos e não pagavam impostos; muitos elementos do clero regular não respeitavam o jejum, o silêncio durante as refeições e os cânticos religiosos. O espírito crítico dos Homens do Renascimento levou-os a não aceitar a situação de imoralidade em que viviam alguns elementos do clero e a exigir o regresso ao Cristianismo primitivo. O Luteranismo Em 1514, o Papa Leão X, para concluir a construção da Basílica de S. Pedro, mandou pregar pela Europa a concessão de indulgências, ou seja, o perdão dos pecados mediante o pagamento de determinada quantia. O monge alemão Martinho Lutero, que criticava esta prática religiosa, afixou na porta da catedral de Wittemberg (Alemanha), as suas “Noventa e Cinco Teses Contra as Indulgências”, defendendo que só Deus pode perdoar os pecados do Homem. Depois de ter sido acusado de heresia, Lutero foi excomungado. Não foi condenado à fogueira porque lhe valeu a protecção de príncipes alemães. Excluído da Igreja Católica Lutero dedicou-se a definir e desenvolver a sua doutrina - o Luteranismo - que se estendeu a partir da Alemanha para outros países do Norte da Europa: a salvação e o perdão obtêm-se pela fé e não pelas obras; a única fonte de fé é a Bíblia, que Lutero entretanto traduzira pala alemão, e cada um a deve ler e interpretar livremente; só a Deus se deve prestar culto; a celebração do culto - leitura da Bíblia e cânticos - deve ser feita nas línguas nacionais; existem apenas dois sacramentos - baptismo e comunhão; são negadas a autoridade do Papa e a obrigatoriedade do celibato eclesiástico. Atribui-se a designação de Protestantes às novas igrejas cristãs, não católicas, que se desligaram da obediência ao Papa de Roma. O Calvinismo O humanista francês Calvino difundiu a sua doutrina - o Calvinismo - a partir da cidade de Genebra, na Suíça, onde defendia a teoria da predestinação, segundo a qual o destino de cada pessoa é marcado por Deus e é impossível altera-lo. O Calvinismo deu origem à Igreja denominada por Reformada ou Presbiteriana, e estendeu-se rapidamente pela França, Holanda, Alemanha, Polónia e Hungria. O Anglicanismo O rei inglês Henrique VIII, movido mais por razões pessoais do que religiosas, desligou-se da Igreja católica, tornando-se o chefe da Igreja inglesa através do acto de supremacia. O Anglicanismo constitui um compromisso entre o Catolicismo (cerimónias religiosas e hierarquia eclesiástica) e o Calvinismo (predestinação). Na Europa Ocidental, os cristãos ficaram divididos em dois blocos religiosos: o Católico, a sul, e o Protestante, a norte. - A Reacção Católica Perante o avanço do Protestantismo, a Igreja Católica procurou por um lado, renovar-se internamente e, por outro, combater os Protestantes e expandir a fé católica - Contra-Reforma. Entre 1545 e 1563, reuniram-se os cardeais e os bispos no chamado Concílio de Trento para: reafirmar os princípios fundamentais da Igreja Católica: - a salvação pela fé e pelas boas obras; - o culto dos santos e da Virgem Maria; - os sete sacramentos; - a Bíblia e a tradição como fontes de fé; - a autoridade do Papa. tomar medidas para moralizar e disciplinar o clero - reforma interna: - criação de seminários; - proibição da acumulação de cargos; - manutenção do celibato dos sacerdotes; - obrigação de os sacerdotes e os bispos residirem nas suas paróquias ou dioceses. A Igreja Católica contou com a Companhia de Jesus, a Inquisição e o Index para combater as heresias, nomeadamente a Igreja Protestante. A Companhia de Jesus, ordem religiosa criada por Santo Inácio de Loyola e aprovada pelo Papa, tinho como principal objectivo a conversão, à fé católica, dos hereges e dos pagãos. Desempenhou também um papel importante no ensino, ministrado em colégios e universidades, e na missionação. Os Jesuítas criaram em Portugal estabelecimentos de ensino e dirigiram a Universidade de Évora. Nos territórios descobertos pelos Portugueses e Espanhóis divulgaram a fé católica, ensinaram os povos locais a ler e a trabalhar, construíram hospitais e colégios. No Brasil, construíram aldeamentos onde defendiam os Índios da escravatura imposta pelos colonos. A Inquisição, tribunal da Igreja criado para combater as heresias, tornou-se uma força poderosa que vigiava, perseguia e condenava todos os suspeitos de praticarem outras religiões, para além da Católica. Na Península Ibérica, a Inquisição perseguiu principalmente os cristãos-novos (antigos judeus convertidos ao Cristianismo que continuavam a praticar os costumes da religião judaica). O Index era uma lista, organizada em índice, das obras cuja leitura era proibida, sob pena de excomunhão, por serem consideradas contrárias aos ensinamentos da Igreja Católica.