IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Fisioterapia: a importância na estratégia saúde da família Ana Renata Braga Ricardo de Abreu Discente do Curso de Especialização em Saúde da Família da Unaerp - Campus Guarujá [email protected] Maria Fernanda de Mello Apa Discente do Curso de Especialização em Saúde da Família da Unaerp - Campus Guarujá [email protected] Luciane Ferreira do Val Docente do Curso de Graduação em Enfermagem e de Especialização em Saúde da Família da Unaerp - Campus Guarujá. [email protected] Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee Resumo: A Saúde Pública no Brasil passou por uma série de mudanças do modelo assistencial em saúde. A Estratégia Saúde da Família (ESF), visa contribuir com estas mudanças e a partir de 03 de ago. de 2005, foi reconhecida a participação do fisioterapeuta junto a esta equipe. O objetivo deste estudo bibliográfico foi descrever a atuação do fisioterapeuta na ESF, dentro dos princípios de promoção e prevenção da saúde. Este profissional pode contribuir de diversas maneiras para o atendimento da comunidade, integrando a equipe em todos os Programas sugeridos pelo Ministério da Saúde na atenção à criança, ao adolescente, à mulher, ao adulto e ao idoso, e ainda, criando outras estratégias de atendimento em outras patologias. Palavras-chave: Fisioterapia, Estratégia Saúde da Família, Atenção primária à saúde. Apresentação: oral. Seção 4 - Curso de Especialização em Saúde da Família da Unaerp - Campus Guarujá 1. Introdução Na década de 90, o Ministério da Saúde (MS), reconheceu a crise no modelo assistencial e, este reconhecimento fez surgir, em 1994, uma nova estratégia para a consolidação dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS): o Programa Saúde da Família (PSF), configurando-se como a porta de entrada do sistema de 2 saúde, sendo modificado para Estratégia Saúde da Família a partir de agosto de 2006, conforme a portaria 750.1,2, 3,4 A reorganização do sistema de saúde gerou a estratégia de Atenção Primária à Saúde ressaltando-se a importância da ação comunitária bem como, a reorientação dos serviços de saúde. A atenção primária representa um esforço para que o sistema de saúde se consolide, tornando-se mais eficiente, fortalecendo os vínculos entre os serviços de saúde e a população e contribuindo para a universalização do acesso e a garantia da integralidade e eqüidade da assistência, por isto tem como prioridade às populações com risco aumentado tanto do ponto de vista biológico como socioeconômico. 3,5-9. A ESF propicia o enfrentamento e a resolução dos problemas de saúde identificados na comunidade cadastrada e desenvolve seu trabalho com uma equipe multiprofissional. A experiência em equipe possibilita a interdisciplinaridade dando aos profissionais a oportunidade de conviver de maneira mais próxima com a diversidade de conhecimentos e práticas, havendo um espaço para a troca de saberes. A equipe mínima é composta por um médico (a), um (a) enfermeiro (a), um (a) auxiliar de enfermagem e de quatro a seis agentes comunitários de saúde, com responsabilidade sobre um território onde vivem ou trabalham as pessoas de uma área adscrita. Cada equipe é responsável, no máximo por 4500 pessoas ou 1000 famílias e sua implantação gera alterações em todos os níveis do sistema. 10-13 Com a finalidade de ampliar a integralidade e a resolutividade da atenção à saúde, garantindo à população acesso aos serviços em todos os níveis de complexidade do sistema, o Ministério da Saúde, pela portaria 1269 de 03/08/05, publicou no Diário Oficial da União a criação em municípios brasileiros de quatro núcleos de integração à saúde da família. Na Reabilitação, presente no IV grupo é obrigatória a presença de um fisioterapeuta. 13 A Fisioterapia é uma profissão relativamente nova, seu acesso ainda é limitado à pequena parte da população e o conhecimento do que seja sua atuação é restrito, principalmente a pessoas que já necessitaram alguma vez do tratamento fisioterapêutico para si mesmo ou algum familiar. Porém, o papel do fisioterapeuta é fundamental, com uma abordagem integral, passando a ter uma atuação na promoção da saúde, prevenção de doenças, trabalhando a qualidade de vida, além da reabilitação. 2,9,12 De 1994 até os dias atuais, observa-se que a ESF caminha a passos largos, tanto em termos de expansão, adesão da comunidade, produção científica, surgimento novas estratégias para antigos problemas da comunidade e mudanças nas práticas dos profissionais atuantes. 13 Desta maneira, iniciou-se no Brasil, em diferentes regiões, a inserção do fisioterapeuta no campo de atenção primária ou mesmo dentro da ESF, passado a contribuir para uma melhoria nas ações de atenção à saúde nos diferentes níveis de complexidade, procurando otimizar, principalmente, o acesso e a integralidade definidos pelo SUS às demandas básicas atendidas pelas unidades de saúde. 9,13 O atendimento fisioterapêutico na ESF beneficiará pessoas acamadas ou com grande dificuldade de se locomover e indivíduos com dificuldades econômicas, sendo estes agravantes no que diz respeito ao acesso ao tratamento fisioterapêutico, uma vez que esse atendimento pressupõe repetidas idas ao serviço. 9,12-15 A aproximação com a realidade social das classes populares, a convivência com o cotidiano desses sujeitos, nos permite uma compreensão sobre o processo saúde-doença e o ser humano com quem se estabelece à relação terapêutica. 3 Costumeiramente, entre os profissionais de saúde, o ser humano doente é transformado em doença, tendo sua dimensão humana negada e sendo visto como um quadro clínico. O atendimento na comunidade resgata a condição humana do ser que costumamos denominar paciente, porém a falta de recursos materiais é uma grande dificuldade para a realização deste atendimento, em função das condições bastante precárias, o que determina a necessidade de adaptar o programa de tratamento às necessidades do local onde está sendo realizado. 12-15 Desta forma é fundamental o estímulo à criatividade, uma reaproximação com a pessoa em tratamento e a revalorização da cinesioterapia. A cinesioterapia é um recurso terapêutico e físico da profissão e que tem sua ação desenvolvida por meio do movimento 12 Esta técnica possibilita a atuação deste profissional em um dos agravos de saúde mais freqüentes na reabilitação: a dor. Esta pode levar a incapacidades permanentes, ausências no trabalho, diminuição na produtividade, restrição na execução das atividades da vida diária, além de uma diminuição na qualidade de vida, apresentando depressão, ansiedade, alterações do sono e irritabilidade. Junto a estes fatores, citamos também o gasto com internações, medicamentos, exames, cirurgias e licenças que acarretam gastos imensos no setor público. 13,16 Segundo pesquisa realizada pelo médico João Augusto Figueiró, do Centro Médico de Dor da Universidade de São Paulo (USP), 80% dos brasileiros sentem ou irão sentir dor na coluna lombar, tornando-se crônica em 40% dos casos, porém este quadro poderia se modificar, em boa parte, com abordagens preventivas e de intervenção precoce. 16 Em outra pesquisa realizada no município de Sobral, no Ceará, pacientes submetidos à fisioterapia apresentaram melhora nos níveis de dor, significando que a fisioterapia interviu de maneira positiva. A melhora dos movimentos foi o percentual mais citado, onde 38% dos usuários referiram melhora, seguido de 26% com redução na intensidade da dor. 12 Outro ponto relevante na atuação da fisioterapia na comunidade é a orientação aos familiares cuidadores, beneficiando-os na prevenção de doenças e promoção da saúde, bem como auxiliando ao tratamento fisioterapêutico do paciente. É necessário não perder a idéia do conjunto das relações e trabalhar com a família, para que esta possa identificar a importância de seu papel no tratamento e poder colaborar com a terapia. 13,15 O trabalho centrado no ambiente familiar e comunitário requer mudanças de atitudes dos profissionais, onde os mesmos não devem impor suas decisões, mas buscar soluções conjuntamente com a família. 13 Este estudo tem por finalidade apresentar de que maneira o fisioterapeuta pode intervir no atendimento comunitário junto a ESF, abrangendo as diversas faixas etárias da vida humana, onde cada qual tem sua função e estratégia de trabalho. 2. Objetivo Descrever a atuação do fisioterapeuta na Estratégia Saúde da Família. 3. Metodologia Trata-se de um estudo bibliográfico, que é definido como um tipo de investigação de revisão sistemática, abrangente e crítica de publicações 4 importantes sobre um assunto específico, permitindo a divulgação de conhecimento atualizado sobre o tema. Foram realizadas buscas em livros, revistas, artigos e publicações sobre o tema, em sites da Internet e verificação das referências de estudos relevantes. O período de busca foi de novembro de 2005 a dezembro de 2006. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A ESF visa atingir um número maior de indivíduos de uma população, assim sendo o fisioterapeuta precisará mudar a sua conduta em relação aos atendimentos, reavaliando o tratamento individual e explorando o de grupo. Deverá conhecer e verificar as capacidades de seu paciente em relação às atividades funcionais, e a partir daí organizar a formação de grupos, selecionando-os por patologia e estabelecendo o número de integrantes. 9,17,18 Este modelo de atendimento para a realização da cinesioterapia leva o usuário a aprender e assumir parte da responsabilidade do seu próprio exercício. Ele aprende a trabalhar com os outros, adquirindo confiança e é estimulado a fazer esforços para progredir, pois observa que os demais do grupo estão evoluindo. 9,17,18,19 A socialização leva o paciente a esquecer suas dificuldades e ao mesmo tempo aprender através das trocas de experiências. O fisioterapeuta não deve focalizar somente os problemas físicos, tendo como meta abordar assuntos relacionados à saúde, família, atividades de vida diária (AVDs), adaptações em casa, enfim, melhorar a qualidade de vida, trazendo ao paciente maior compreensão sobre a patologia e aprendizado dos métodos de prevenção, difundindo-os para os demais membros da família e da comunidade . 9,17,18 Outro atendimento prestado por este profissional na ESF é o domiciliar, que por necessitar de maior tempo para ser realizado, precisa da participação dos cuidadores e agentes comunitários, assegurando a continuidade e a maior intensidade do tratamento. As duas formas de tratamento prestadas pelo fisioterapeuta podem ser usadas em qualquer fase da vida do paciente.9 Em relação à atenção à Saúde da Criança, o fisioterapeuta auxiliará a equipe nos aspectos referentes ao desenvolvimento motor e ao aleitamento materno. O reconhecimento e a valorização dos eventos relacionados à saúde infantil e as decisões relativas à prevenção e ao tratamento, refletem as diferentes maneiras de compreender e atuar sobre os problemas de saúde. 11 O fisioterapeuta prestará atenção às crianças que estão vinculadas às creches, bem como aos pais da Comunidade formando grupos de orientação sobre a importância da estimulação precoce para aquisição do desenvolvimento motor normal, onde serão vivenciadas as dificuldades em manipular o bebê, sendo as mudanças posturais realizadas corretamente uma maneira de transmitir informações sensoriais que beneficiarão a criança, assim como a importância do brincar e a escolha dos brinquedos mais adequados, até mesmo aproveitando sucatas. 13,15,20,21 O método Shantala, onde se trabalha o toque no bebê através da massagem, também pode ser utilizado dentro da estimulação. Os atendimentos favorecerão o vínculo entre os profissionais e as mães e entre elas e seus filhos. Em relação ao Programa de Aleitamento Materno, o fisioterapeuta também é responsável em transmitir para a mãe a necessidade deste e os benefícios ao bebê, explicando a prevenção de problemas posturais, desvios de coluna relacionados às disfunções da articulação têmporo-mandibular, a prevenção de 5 doenças respiratórias e intervindo também nas patologias neurológicas. Cabe também ao fisioterapeuta, conscientizar as mães sobre a vacinação de rotina. Dentro dos eventos-sentinela esta a prevenção das infecções respiratórias agudas, como as pneumonias, as meningites, procurando-se reduzir as hospitalizações por estas patologias. 10,21 Crianças com lesões neurológicas também serão beneficiadas, pois normalmente o afastamento dos bairros e as dificuldades de locomoção e de transporte, fazem com que o tratamento seja prejudicado. A família ou cuidador receberá as orientações em seu próprio lar ou em locais cedidos pela Comunidade, facilitando as adaptações a serem realizadas. 13,15 Quanto à atenção à Saúde do Adolescente, o fisioterapeuta montará grupos de atendimentos de postura e de atividade física. Poderá desempenhar em parceria com as Escolas, um Programa de Prevenção de Posturas, realizando através de aulas educativas semanais procedimentos fisioterapêuticos apropriados. 9,15 Desta maneira, busca-se aumentar a auto-estima dos adolescentes, mostrando-lhes que o auxílio entre eles se faz necessário, assim poderão ajudar nas Escolas com as crianças, transmitindo-lhes o que aprenderam sobre postura. 15 Já em relação à atividade física o Programa Agita São Paulo, lançado em dezembro de 1996 e reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pode ser utilizado como referência, com os objetivos de incrementar o conhecimento da população sobre os benefícios da atividade física e aumentar o seu envolvimento. O Programa recomenda pelo menos 30 minutos de atividade física moderada por dia.23 Uma pesquisa realizada no Estado de São Paulo com 800 pessoas de 7 a 18 anos de idade, aponta que esses escolares gastam em média 4 horas por dia assistindo TV, sendo que as de baixo nível sócio-econômico passam mais horas em frente à TV, 4,2 horas por dia, do que as de alto nível sócio-econômico, que gastam 3,5 horas por dia. Os que assistiam maior tempo de TV apresentaram pior potência aeróbica, força muscular, velocidade e maior quantidade de gordura corporal. 23 Dados mais recentes verificaram que a atividade física na fase escolar contribui para aumentar a freqüência às aulas, melhorar o desempenho acadêmico, aumentar a responsabilidade, diminuir os distúrbios de comportamento, diminuir a delinqüência e o uso de drogas e álcool, assim como melhorar o relacionamento com os pais. 23 O uso de drogas, o avanço de HIV/AIDS e o crescimento da incidência indesejada da gravidez e da violência vêm despontando para o setor saúde como os problemas mais importantes na adolescência. 11 É necessário conscientizar os jovens desta necessidade e também, que encontrem na atividade física um modo saudável para garantir uma qualidade de vida. Os jovens serão parceiros do Programa Agita, podendo realizar na Comunidade com as diferentes faixas etárias, por exemplo, caminhadas, grupos de danças e atividades esportivas, adquirindo a responsabilidade, pois serão os coordenadores e os multiplicadores do Programa. 23,24 Em relação à atenção à Saúde da Mulher, que é um ser com diversas particularidades que necessita de uma assistência especial, a fisioterapia também tem seu papel na prevenção, promoção e tratamento. Este profissional pode integrar a equipe de saúde atuando nos Programas estabelecidos pelo MS e também em atendimentos diferenciados. 11 6 No acompanhamento pré-natal informará as gestantes sobre a atividade física neste período, agrupando-as por trimestre gestacional, para amenizar quadros de dor, ajudar no trabalho de parto, sendo imprescindível para garantir bem estar físico e mental. O exercício físico na gravidez pode aumentar o consumo energético da mãe (controlando peso), melhorar sua auto-estima, o humor, reduzir certos desconfortos da gravidez e necessidades de medicamentos, permitindo à mulher um retorno mais rápido ao seu estado normal após o parto. 9,15 A preparação física fortalece e torna o útero mais elástico, favorecendo ao parto normal, trazendo vantagens no tempo de expulsão do seu filho, levando a mulher a ter menos dores. Além disso, as mulheres mostram-se mais equilibradas emocionalmente durante este momento. 15 A formação de grupos de gestantes para a realização de técnicas de relaxamento, alongamento, exercícios respiratórios, orientações posturais e caminhada torna possível a troca de experiências e aproxima as pacientes dos profissionais da equipe, aumentando o vínculo, garantindo maior resposta no auto cuidado. 9,15 Outro grupo que pode se beneficiar com o atendimento fisioterapêutico é o das mulheres que apresentam alterações posturais e dores crônicas. Estas receberão orientações para a realização das atividades domésticas e de trabalho. 13 O crescente aumento da inserção da mulher no mercado de trabalho, trazendo para ela a dupla jornada e alterações nos hábitos alimentares, também afetou a sua saúde, tendo como conseqüência a maior incidência de dores crônicas, alterações posturais e a diminuição da atividade física pela falta de tempo, destinando momentos insuficientes para se olhar e se cuidar. 16 A prática moderada de atividade física em grupo e a dança trarão para as mulheres com alguma patologia, melhora na auto-imagem, melhora na autoestima, sensação de bem estar, diminuição da sensação de isolamento social, diminuição da ansiedade e do stress e diminuição do risco de depressão. 24 O grupo também favorecerá que assuntos como violência contra a mulher, doenças relacionadas a este gênero, problemas da área de abrangência da equipe e planejamento familiar sejam abordados de maneira menos invasiva. Além disto, o conhecimento e a intimidade com o corpo, a possibilidade de tocá-lo, a autopercepção e a possibilidade de já ter contato com a equipe de saúde, são elementos importantíssimos para diagnosticar precocemente diversas doenças. 24 Nas patologias prevalentes na mulher como, o câncer de mama e a incontinência urinária, que trazem grande prejuízo emocional e na qualidade de vida, o tratamento fisioterapêutico pode minimizar estas alterações do corpo por meio de atividades físicas regulares. 11 Tanto na atenção a saúde da mulher quanto a do adulto, o fisioterapeuta atuará nos atendimentos à Diabetes e Hipertensão. O MS relata que o crescimento na população feminina da morbidade e mortalidade, provocadas pelas doenças cardiovasculares, mostrando a necessidade de desenvolver ações preventivas e de promoção em saúde, para reduzir a prevalência e as complicações decorrentes destas doenças. 9,11,19 A fisioterapia, então, pode ser utilizada para proporcionar orientação e execução de grupos para a realização de exercícios e caminhada, trazendo informações importantes sobre atividade física e a relação com as doenças mencionadas, conhecimento do corpo e autocuidado. 17,23 7 Como a obesidade é um dos fatores normalmente presentes nos indivíduos que apresentam diabetes e hipertensão, a participação do fisioterapeuta se torna fundamental para a execução e orientação de atividades aeróbicas e de postura.25 O estabelecimento de um programa de saúde educativo adaptado à realidade da população alvo, com práticas comunitárias, favorece a adesão dos usuários ao tratamento, complementando a terapia medicamentosa quando necessária. O fisioterapeuta e os demais profissionais têm a função de fazer com que o indivíduo se comprometa com sua saúde e com a do coletivo. 11 A fisioterapia também desenvolve prevenção e tratamento de doenças cardio-respiratórias, se propondo a estimular ações que possibilitem desenvolver hábitos de vida mais saudáveis. Assim, pode atingir a clientela de tabagistas, promovendo saúde por meio do esclarecimento e conscientização através de palestras educativas.25,26 Em relação às doenças infecciosas, hanseníase e tuberculose, o fisioterapeuta terá papel importante na prevenção e tratamento destas, realizando cinesioterapia e manobras adequadas, prevenindo incapacidades e complicações. Pacientes com estas patologias precisam ser monitorados de perto porque a não aceitação do diagnóstico, o desaparecimento das manifestações clínicas pouco tempo após o início do tratamento e as reações colaterais, são fatores relacionados ao abandono do tratamento pelos portadores. 9,11 Outro aspecto que podemos dar ênfase é quanto à participação dos homens nos programas de prevenção e tratamento, por serem mais resistentes. Sendo assim, a fisioterapia é uma estratégia que proporcionará a aproximação com toda a equipe da ESF. Na Saúde ao idoso, o fisioterapeuta utilizará como recurso terapêutico a cinesioterapia global e atividades recreacionais, visando a socialização e também orientação em relação à queda, locomoção, realização de atividades cotidianas, organização do mobiliário e utilização de adaptações na residência. 9,26 Como as previsões apontam para uma idade média de setenta e oito anos até o ano de 2025, quando teremos 30 milhões de idosos e as causas de morbidade e mortalidade não são mais as infecto-parasitárias, e sim, as relacionadas ao aparelho circulatório, neoplasias e doenças crônicodegenerativas, fica evidente a importância de toda a equipe pensar, criar e executar ações para a saúde desta parcela da população. 25,28 5. Conclusão Este estudo atingiu seu objetivo quanto à atuação e importância do fisioterapeuta na ESF, proporcionando maior clareza quanto às possibilidades de atuação na promoção, manutenção e recuperação da saúde. A inserção da fisioterapia nos serviços de atenção primária à saúde é um processo em construção, uma vez que sua forma mais tradicional de atenção acontece em serviços de nível secundário e terciário. A vivência na comunidade faz com que o fisioterapeuta se aproxime da realidade social e se adapte ao meio, buscando novos recursos de tratamento, estimulando a criatividade e a valorização da cinesioterapia devido à falta de recursos, porém, a população acaba por auxiliar, em relação a locais da comunidade para atendimento e em sucatas como recurso terapêutico. A formação de grupos é uma estratégia para atender a um número grande de pacientes, havendo maior entrosamento e liberdade para discussões e dúvidas a serem tiradas. 8 Nas visitas domiciliares, o fisioterapeuta tem a oportunidade de instruir a família ou o cuidador, observando as necessidades de cada membro da residência e beneficiando-os com os atendimentos de fisioterapia ou encaminhamentos para outros serviços. O contínuo atendimento fisioterapêutico favorece a aproximação da população ao profissional e, desta forma, é garantido o seu acesso aos serviços de saúde definidos pela Constituição. Este trabalho também demonstrou a necessidade de novas pesquisas em relação ao atendimento fisioterapêutico na ESF, pois é um tema abrangente, possibilitando abordagens específicas. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Lourenção L, Soler Z. Implantação do Programa Saúde da Família no Brasil. Rev Ciências da Saúde 2004;11(3):158-62. 2. Aguiar RG de. Conhecimentos e atitudes sobre atuação profissional do fisioterapeuta entre os profissionais da Equipe mínima de Saúde da Família em Ribeirão Preto.[dissertação] Ribeirão Preto (SP): Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto; 2005. 3. Freitas FP de, Pinto IC. Percepção da equipe de saúde da família sobre a utilização do sistema de informação da atenção básica–SIAB. Rev Latino Americana de Enfermagem 2005; 13(4). 4. Brasil Lei n.750, de outubro de 2006. Estabelece as Estratégias de Saúde da Família. [online] Brasília (DF), 2006.Disponível em: http:/www.dtr2004.saude.gov.br/dab/legislação.php (03 dez 2006) 5. 5. Serrano MM, Lemes MS .Promoção da Saúde: um novo paradigma? In: Ministério da Saúde (BR).Textos de promoção da saúde. Brasília: MS; 2002. 6. Ministério da Saúde (BR). As cartas de promoção da saúde. Brasília: MS; 2002. 7. Goldbaum M, Gianini R, Novaes H, César C. Utilização de serviços de saúde em áreas cobertas pelo programa de saúde da família no município de São Paulo. Rev Saúde Pública 2005; 39(1):1-7. 8. Ministério da Saúde (BR). Manual para a organização da atenção básica. 2ª ed. Brasília: MS; 1999. 9. Ribeiro KSQS. A atuação da fisioterapia na atenção primária à saúde - Reflexões a partir de uma experiência universitária. Rev Fisioterapia Brasil 2002; (5): 311-18. 10. Ministério da Saúde (BR). Saúde da Família: uma estratégia para reorientação do modelo assistencial. 2ª ed. Brasília: MS; 1998. 11. Ministério da Saúde. Monitoramento na atenção básica de saúde: roteiros para reflexão e ação. Instituto Materno Infantil de Pernambuco. Brasília; 2004. 12. Ribeiro KSQS. A contribuição da extensão comunitária para a formação acadêmica em fisioterapia. Rev Fisioterapia e Pesquisa 2005; (3):22-29. 13. Verás MMS, Pinto VPT, Oliveira EN, Quinderé PHD. A fisioterapia no Programa Saúde da Família de Sobral CE. Rev Fisioterapia Brasil 2005; 6(5):345-48. 14. Brasil Portaria n.1269 de agosto de 2005. Estabelece a criação dos núcleos de atenção integral na saúde da família [online] Brasília (DF) 9 2005. Disponível em: http//www.nespf.br/fisioterapia/fisiotterap.htm (22 out 2005). 15. Verás M, Paz M da, Mangueira J, Boechat JC, Rodrigues RM. PSF: os exemplos de Sobral,Campos e Macaé. Rev O COFFITO 2003; (18):14-21. 16. Atas C. Pode ser doença. Ver Medicina Social de Grupo; 2005 (189):11-13. 17. Gardiner MD. Manual de terapia por exercícios. 4ª ed. São Paulo:Santos; 1995. Tratamento cinesioterápico,individual,em grupo e em massa; p.278-83. 18. Peres LP.Unesp realiza fisioterapia em grupo para recuperação de hemiplégicos. Rev Crefito3 2006:14-15 19. 19. Silva S, Santos M. Práticas de grupo educativo de hipertensão arterial em uma Unidade Básica de Saúde. Rev Ciências da Saúde 2004;11(3):169-73. 20. Spitz, RA. O Primeiro Ano de Vida. São Paulo: Livraria Martins Fontes; 1988.p.3-23. 21. Bobath B, Bobath K. Desenvolvimento Motor nos Diferentes Tipos de Paralisia Cerebral.São Paulo: Manole; 1989. 22. Rabbon A. Aleitamento Materno, um banho de vitalidade. Rev Saúde em Movimento [periódico online] 2002; disponível em: http:/www.saudeemmovimento.com.br (02 nov 2006). 23. Sanches AM, Andrade DR, Andrade E, Silveira GT, Braggion GF, Andrade LC, et al. Agita Galera-Dia da Comunidade Ativa. Governo do Estado de São Paulo. 24. Peres LP. A dança na Fisioterapia e na Terapia Ocupacional. Rev Crefito3 2006:12. 25. Coutinho SS. Atividade física no Programa Saúde da Família, em municípios da 5ª regional de saúde do Estado do Paraná – Brasil. [dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto; 2005. 26. Fisioterapia como estratégia no combate ao tabagismo. Fisioterapia em Movimento-Rev Fisioterapia PUCPR 1998; 12(2): 56-58. 27. Cerqueira A. O papel da fisioterapia como fator determinante na qualidade de vida do idoso. Rev Atualidades em Geriatria 1998;(20):14-16. 28. Cerqueira A. O climatério e a terceira idade. Rev Atualidades em Geriatria 1998;(20):27-28.