O PERFIL DO PROFISSIONAL CONTABILISTA E A CONTRIBUIÇÃO DA TECNOLOGIA DACOMUNICAÇÃO À DINÂMICA DO SERVIÇO CONTÁBIL Mauro da Silva Barbosa11 Luís de Gonzaga Costa de Oliveira12 RESUMO Este artigo trata sobre o tema “O perfil do profissional contabilista e a contribuição da tecnologia da comunicação à dinâmica do serviço contábil”,tendo como questão norteadora como deve ser o perfil profissional contabilista diante da prestação dos serviços contábeis na perspectiva das contribuições tecnológicas. Para responder à problemática, procurou-se identificar as ferramentas utilizadas na execução dos serviços contábeis, descrever o papel do contador no processo metodológico durante a execução dos serviços, avaliar a evolução da contabilidade na perspectiva das contribuições tecnológicas, destacando a utilização dos programas TOTVS e FORTES INFORMÁTICA. Palavras-chave: Contabilidade. Perfil Profissional. Prestação de Serviços. Tecnologia. RESUMEN Este artículo trata sobre el tema “El perfil delprofesional contador y lacontribución de latecnología de comunicación a ladinámicadelservicio de contabilidade”,conlapreguntaguíacomo debe ser el perfil profesionalcontador enlaprestación de serviciosfinancieros a la luz de lascontribuciones tecnológicas. Para responder a los problemas tratamos de identificar lasherramientas utilizadas enlaejecución de losserviciosfinancieros, describirel papel delcontableenelproceso metodológico durante laejecución de losservicios, evaluareldesarrollo de lascuentas relativas a lascontribuciones tecnológicas, destacando el uso de losprogramas TOTVS y FUERTES INFORMATICA . Palabras clave: Contabilidad. Perfil profesional. La prestación de servicios. Technology. 1INTRODUÇÃO Bacharel em Ciências Contábeis, pela Faculdade do Vale do Itapecuru – FAI. Licenciado em Filosofia, pela Universidade Estadual do Ceará. Doutor em Teologia, pela Universidà Pontificia Salesiana (Roma).Professor da Faculdade do Vale do Itapecuru- FAI 11 12 E-Gaia Conhecimento (ISSN 2358-5080), v.3, n.3, jan./jul. de 2015 73 Ao longo dos anos, a contabilidade tem se tornado um componente fundamental no campo de ação das atividades empresariais, pois ela contribui para a aquisição de informações que visa analisar as demonstrações contábeis e financeiras de uma organização. As atividades contábeis atualmente estão interligadas a um sistema de informação que facilita o trabalho do profissional contabilista diante do crescimento tecnológico acelerado. Com frequência se tem observado que muitos profissionais da área contábil sentem dificuldades em desenvolver as suas atribuições de forma eficaz, no que se refere ao uso das inovações tecnológicas exigido pela sociedade contemporânea. Por isso, faz-se necessário determinar o perfil do profissional contabilista diante da prestação dos serviços contábeis na perspectiva das contribuições tecnológicas. Nessa perspectiva, o presente estudo tem grande relevância no que diz respeito ao trabalho do profissional contabilista, levando em consideração o uso das novas tecnologias e suas contribuições para a eficácia da prestação de serviços. Além disso, esse estudo proporcionará a outros colaboradores da área contábil uma maior integração no perfil profissional diante da utilização dos recursos tecnológicos disponíveis na atualidade e sua formação acadêmica. 2 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO CONTADOR A formação profissional do contador é orientada segundo as disposições da Lei nº 12.249, de 2010, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que entre outras providências, altera o Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946, que regulamenta a profissão contábil no território nacional. Art. 2º A fiscalização do exercício da profissão contábil, assim entendendo-se os profissionais habilitados como contadores e técnicos em contabilidade, será exercida pelo Conselho Federal de Contabilidade e pelos Conselhos Regionais de Contabilidade a que se refere o art. 1o. (Redação dada pela Lei nº 12.249, de 2010). Os artigos da lei nº 12.249/10 que se referem à profissão contábil são os de números 76 e 77 e estão na seção V – taxas e demais disposições. Agora nós temos a lei, perdermos a fragilidade de ter a qualquer momento alguém se contrapondo a isso, assim temos a segurança garantida, portanto a antiga aspiração do sistema CFC/CRCs, a reformulação da lei de regência irá trazer atualização à profissão. O contador não pode simplesmente se deter no nível de conhecimentos legislativos (como por exemplo, normas tributárias, o Regulamento do Imposto de Renda, e normas societárias, como a Lei 6.404/76). Ele necessita estar atualizado com recursos tecnológicos da computação, e também conhecer as normas contábeis, quer sejam as nacionais quanto as internacionais. As normas internacionais já são obrigatórias para os balanços desde 2010, e o início da adaptação aos balanços para empresas brasileiras já começou com a Lei 11.638/2007. Outras novas normas que surgirão, exigirão do contador um perfil cada vez mais autodidata para se tornar capaz de acompanhar a evolução da Ciência Contábil. E-Gaia Conhecimento (ISSN 2358-5080), v.3, n.3, jan./jul. de 2015 74 Dentro desse perfil, sua função é alterada: ele necessita, além de ser um profissional contador, de ser também gestor de informações. Seu conhecimento, portanto, deve ser amplo, compreendendo as normas internacionais de contabilidade, legislação fiscal, comercial e correlata. Deste modo, serão exigidas do contador outras habilidades imprescindíveis para exercer com competência sua profissão: capacidade de se expressar de forma clara e sintética, escrever bem, domínio de recursos de informática (planilhas, textos, internet) e conhecimentos fundamentais de estatística. O contabilista necessita conhecer e valer-se de relações humanas, além do domínio de técnicas de administração. Não pode ficar alheio ao mundo que o cerca, e precisará manter-se atualizado. Precisa ser um profissional ético, ter capacidade de inovar e criar, desenvolvendo também sua capacidade de adaptação frente às mudanças que ocorrem constantemente no cenário empresarial e corporativo. Considerando que a área de atuação do profissional contábil é bastante ampla, oferecendo inúmeras possibilidades, de Zanluca (2014) destaca as seguintes áreas: Perícia Contábil, Auditoria, Fiscal, Gestão de Empresas, Gestão Pública, Atuarial, Consultoria, Ensino, Estatística. 2.1 Capacitação teórica A ciência contábil é uma ciência antiga e complexa, existente desde os primórdios das civilizações, quando o homem sentiu a necessidade de controlar os seus bens. A sociedade está em constante mudança, fazendo-se, portanto, necessário chamar a atenção das instituições de ensino de Ciências Contábeis para a formação do profissional de contabilidade do futuro, considerando que cada disciplina é um subsistema que objetiva a contribuição no desenvolvimento da habilidade de interpretação, representação e releitura do mundo que é próprio ao aluno. O curso de Ciências Contábeis tem um período de duração de, no mínimo, quatro anos e o seu conteúdo, de forma reduzida, está dividido entre disciplinas técnicas e humanísticas. As instituições de ensino superior organizam as coordenações de área para o curso, numa tentativa de superar as deficiências do currículo multidisciplinar, mas, na prática, o que acontece é a coordenação de disciplina, com reunião de professores que doutrinam o mesmo conteúdo, com o objetivo de garantir a integração direta entre uma disciplina e outra. Neste contexto, Veiga (2000, p. 211) sugere que sempre seja feito o seguinte questionamento: “Que tipo de profissional as instituições pretendem formar?” Para o século XVIII, o perfil profissional solicitado pelo mercado de trabalho era Contador Ambiental: Welter (2011), afirma que com o aparecimento da industrialização no século XVIII, passou-se a utilizar processo acelerado de produção das empresas, houve aumento na necessidade de usar recursos naturais, pois a ideia era de matéria-prima abundante e barata. O que se vê hoje é a necessidade de preservação e conscientização universal evitando a degradação integral do planeta. Surge dentro desse contexto a Contabilidade com a finalidade de mensurar e evidenciar as responsabilidades ambientais das entidades, que se apoiam nos demonstrativos contábeis para prestar contas de suas obrigações e divulgar sua responsabilidade socioambiental. Hoje com o desenvolvimento acelerado das tecnologias de informação que garantem o poder na sociedade, precisamos de um novo modelo de instituição de ensino E-Gaia Conhecimento (ISSN 2358-5080), v.3, n.3, jan./jul. de 2015 75 (Andrade, 2002, p. 26), passando do modelo multidisciplinar para o interdisciplinar. Faz-se necessário, portanto, com base nas alterações sociais, verificar se o perfil do profissional que se pretende formar nas instituições de ensino é o que o mercado está necessitando ou não. Segundo Martins (2001, p. 7) nos cursos de Ciências Contábeis é necessário que os alunos sejam críticos com professores, livros e outras fontes de aprendizado. Para Marion (2005) o que se espera do contador da atualidade é que ele saiba lidar com as pressões e frustrações, que seja integrado e saiba criar empatia, que não crie julgamentos críticos sem estar baseado em fatos. Esses comportamentos são considerados essenciais para alavancar a carreira em qualquer que seja a área de atuação. A Inteligência Emocional passa a ser fator indispensável. Os cuidados com a imagem também são importantes. 2.2 Capacitação técnica A capacitação teórica do contador requer do profissional contábil também uma capacitação técnica que o habilite a ser capaz de atender as necessidades das exigências do mercado globalizado. Capacitar-se tecnicamente inclui a busca incessante pelo conhecimento, seja por meio de cursos de atualização profissional, leituras, debates, troca de informações com os colegas de profissão e ainda na participação ativa nas entidades de classe. Contudo, atualmente, o profissional capacitado deve se interessar e aderir às novas tecnologias e soluções disponíveis no mercado para possibilitar o cumprimento de todas as obrigações das empresas junto ao governo, garantindo-lhe agilidade e competitividade. Demonstrar aptidão para desempenhar as atividades é fundamental ao Contador que deseja conquistar a confiança de seus clientes e ver o seu trabalho valorizado e reconhecido. Além disso, a excelência profissional é argumento decisivo na hora de formalizar novos contratos. Nos cursos de contabilidade é necessário existir um laboratório onde o acadêmico possa experimentar e adquirir as habilidades de utilização dos programas de informática. O contador e seus auxiliares nos escritórios estão cada vez mais dependentes dos sistemas de informações, para os quais se exigem uma constante aprendizagem. 2.3 Desempenho profissional Nos últimos 30 anos aconteceram muitas mudanças nos procedimentos, eram feitos manuscritos e tinham grande dificuldade em manter esses grandes volumes de informações e registros. Estamos hoje em um mercado muito competitivo, onde os gestores têm que tomar decisões de forma mais rápida, para que não perca uma fatia do mercado onde atua e a informação contábil é fundamental para a tomada de decisão correta. 3 A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NA ATUALIDADE E-Gaia Conhecimento (ISSN 2358-5080), v.3, n.3, jan./jul. de 2015 76 A contabilidade envolve praticamente todos os aspectos de uma empresa, susceptíveis de serem expressos em termos monetários: os ativos ou itens de riquezas; os passivos ou interesses de credores que fornecem dinheiro e mercadorias, ou prestam serviços, e aguardam o pagamento ou a remuneração, e finalmente, os direitos de proprietários que realizaram investimentos, enfim acompanha toda mutação da empresa. A contabilidade destina-se a fazer o registro sistemático das receitas e despesas, bem como dos lucros e perdas de uma empresa durante determinado período. Abrange (MARION, 2009), de um lado, a explicação de como as coisas se passam no mundo dos negócios, e de outro, computar os números dessas transações que são realizadas. Com a aprovação das Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, observamos que a contabilidade mudou muito, exemplo claro é a nova forma do Balanço Patrimonial com a criação de duas novas contas o Circulante e o Não Circulante, onde no Ativo Circulante ficam as contas caixa, bancos, estoques, enfim as contas que tem circulação que variam muito, já o Ativo Não Circulante são as contas de menos giro, exemplo são o imobilizado da empresa, veículos, prédios e terrenos e também a nova criação do conjunto de intangível, que são as contas que você só as acompanha por meios não físicos, como as marcas, patentes e ações em bolsa de valores. O Passivo Circulante e Não Circulante, também segue o padrão do Ativo. Porém a principal mudança que essas novas leis trouxeram foi à harmonização dessas regras com os pronunciamentos internacionais como os emitidos pelo IASB (International Accouting Standards Board) por meio dos International Financial Reporting Standards (IFRS). 3.1O Papel do Contador nas Empresas Sendo o patrimônio das entidades o objeto de estudo da Contabilidade enquanto ciência, o contabilista é o profissional responsável pelos registros dos fatos que originam os demonstrativos e os relatórios contábeis que apresentam o histórico econômico-financeiro das empresas (FORTES, 2001). Ainda segundo Fortes (2001), por sua formação profissional, o contabilista pode ser classificado em duas categorias: Contador, aquele que obtém o título de Bacharel em Ciências Contábeis através de nível superior ou Técnico em Contabilidade, formado através do nível médio, além disso, para o exercício da profissão, tanto o contador, quanto o técnico em contabilidade precisam estar devidamente registrados no Conselho Regional de Contabilidade – CRC do Estado de origem. De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade – CFC (BRASIL, 1983) nº 560/83, no Art. 2°, o contabilista pode exercer, dentre outras funções, a de analista, assessor, auditor, consultor, controller, educador, escriturador contábil ou fiscal, perito e professor na condição de profissional liberal, de empregado, de servidor público ou sócio de qualquer tipo de sociedade. Atualmente o mercado de trabalho para o contador é um dos mais promissores em decorrência, principalmente, da exigência das empresas em aprimorar o controle e planejamento dos negócios. Assim, o contador deve agregar às capacidades técnicas comportamentos éticos, prudentes e íntegros (IUDÍCIBUS et al., 2006). Marion (2009) afirma que novas tendências estão surgindo para o profissional contábil como o Investigador Contábil, a Contabilidade Ecológica, a Contabilidade Estratégica, a Auditoria Ambiental e a Contabilidade Prospectiva. Diante desse E-Gaia Conhecimento (ISSN 2358-5080), v.3, n.3, jan./jul. de 2015 77 contexto, percebe-se, portanto, o constante crescimento da classe contábil brasileira bem como sua evolução e reconhecimento por parte da sociedade. No decorrer dos tempos, o desenvolvimento da profissão contábil esteve ligado ao crescimento comercial. Antigamente, o contador geral se encarregava pela área pública, enquanto a contabilidade das empresas era de responsabilidade dos chamados guarda-livros. Normalmente esse profissional, responsável pela escrituração dos livros mercantis, tinha como principal função o registro de transações já ocorridas, além de muitos cálculos em meio a documentos e livros de capa preta (AUTRAN; COELHO, 2004). Assim, entende-se que a função do profissional contábil sempre esteve e estará vinculada às necessidades da sociedade que evoluem a partir do desenvolvimento dos negócios empresariais. Nesse sentido, Marion (2009) ressalta que a profissão contábil está passando por um momento de transição no qual a fase mecânica foi substituída pela técnica e, atualmente, pela fase da informação. No mercado atual, dificilmente o contabilista conseguirá sobreviver no papel do antigo escriturador ou guarda-livros. Dessa forma, o profissional contábil deve estar em constante evolução apresentando atributos importantes para o exercício da profissão. Sá (2005) complementa ao afirmar que o profissional da Contabilidade deve possuir a função de orientar ao invés de simplesmente registrar os fatos ocorridos, oferecendo opiniões e direcionamento sobre os negócios da empresa, pois o contador deve ser um tradutor de informações, sendo capaz de interpretá-las e associá-las ao processo de tomada de decisão. Segundo Nossa (2010, p. 22) as mudanças na profissão têm como foco: Tanto a Tecnologia da Informação (Sistema Público de Escrituração Digital - SPED, Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias - SINTEGRA, Nota Fiscal Eletrônica - NF-e) como a internacionalização das normas contábeis. Diante desse contexto, para que o contabilista alcance êxito em sua carreira, a qualificação profissional é condição indispensável, tornando-o capaz de acompanhar a evolução dos negócios que se encontra em constante mutação Nesses preceitos, entende-se que o profissional de contabilidade necessita ter uma visão clara da ciência contábil e das normas tributárias, para que possa cumprir as obrigações necessárias no âmbito fiscal e que seja capaz de fornecer as informações contábeis que as empresas precisam para a tomada de decisão. 4 AS CONTRIBUIÇÕES TECNOLÓGICAS NA CONTABILIDADE A tecnologia de informação foi acrescida ao universo contábil como forma de resposta às novas exigências do mercado, traduzindo mudanças no perfil do profissional. “O profissional contábil, como um elemento que integra a organização, também está inserido nesse contexto, e vem sofrendo E-Gaia Conhecimento (ISSN 2358-5080), v.3, n.3, jan./jul. de 2015 78 uma forte pressão diante das mudanças, pois a sua função está sendo reformulada a cada passo desse processo de transformação. Esse profissional deve buscar alternativas para agregar valor não só a empresa com o seu trabalho, utilizando a Tecnologia da Informação como uma aliada na aquisição e desenvolvimento de competências” (BARBOSA, 2000, p.2). Os avanços tecnológicos, a informática e os sistemas avançados de comunicação contábil, acabaram por destituir aquela velha figura do guarda-livros dada ao profissional contábil por muitos anos. Os programas já realizam as quatro operações, assimilam as informações e elaboram os demonstrativos contábeis, adequando-os conforme a realidade escolhida. E também elaboram análise estatística. Cabendo, portanto, ao contador, a explicação e interpretação dos fenômenos patrimoniais, sendo necessário para isso cada vez mais a intelectualização do conhecimento contábil. Se por um lado, a informática possibilitou o fluxo de dados através de diversos sistemas, por outro, as empresas passaram a necessitar mais das habilidades do profissional. Tornando-o um consultor dentro das organizações, cujo papel é imprescindível para o desenvolvimento da empresa, uma vez que ao assumir responsabilidade, principalmente ligadas à gestão de informação, ele terá como meta a obtenção, o tratamento e difusão de informações relevantes para a organização dentro de um espaço de tempo hábil. Vale ressaltar, que não é a quantidade de informações que importa e sim a qualidade destas informações. Segundo Porter (1999, p.91) “o impacto da tecnologia da informação é tão difuso que os executivos se defrontam com um problema difícil: excesso de informação”. No entanto, analisando-se o progresso tecnológico, visualiza-se que as rotinas antes dedicadas exclusivamente ao contador, como declaração de IRPJImposto de Renda da Pessoa Jurídica, cálculos trabalhistas, folhas de pagamento, rescisões, hoje são abertas a sociedade pela Internet, deixando ao leigo o direito de usar a informação para qual não tem conhecimento específico e até subjugar o trabalho contábil. No entanto, sejam esses apenas reflexos do uso de técnicas, que com certeza jamais deveriam ter sido ou se figurado como a essência das atividades contábeis. Contudo, a contabilidade apresenta novas tendências devido ao novo contexto socioeconômico vivido, e aos avanços tecnológicos, direcionando um novo perfil para o profissional. Em contrapartida, ela tornou-se uma das áreas de conhecimento de mais abrangente leque. O contador pode atuar nos mais variados segmentos, desmitificandose assim a ideia de que a introdução tecnológica iria fechar as oportunidades de atuação na área contábil. Dessa forma, entende-se que é um elemento importantíssimo na agregação de valor a empresa, tornando-se parte imprescindível do processo de tomada de decisões, pois atrelado aos seus conhecimentos está a responsabilidade pela “triagem” das informações colhidas das empresas e pela alocação destas ao desempenho operacional. Essas novas características fizeram surgir e ascender à contabilidade denominada Contabilidade Gerencial, como ferramenta na gestão de negócios e a evolução do segmento de Consultoria na área contábil. 4.1 As ferramentas utilizadas na prestação dos serviços contábeis E-Gaia Conhecimento (ISSN 2358-5080), v.3, n.3, jan./jul. de 2015 79 Na visão de Cornachione Jr. (1994, p.143-144), com o adequado tratamento da informática em sua formação, o profissional da área contábil poderá obter, entre outras, as seguintes vantagens competitivas no mercado de trabalho: Compreender os sistemas computacionais, aprender a ‘enxergar’ os problemas complexos das empresas, das organizações sob enfoque sistêmico; Ocupar seu espaço de profissional que gerencia os sistemas de informações em geral e os sistemas de informações contábeis das empresas; Dominar a operacionalização dos microcomputadores e redes de microcomputadores, que representam a realidade empresarial atual e base da tendência para o futuro; além de compreender e utilizar a terminologia desta área; Operar aplicativos que atendam às suas necessidades de cálculos (planilhas eletrônicas), de textos (processadores de textos, editoração eletrônica), de banco de dados (gerenciadores de bancos de dados) e necessidades gráficas (aplicativos gráficos). Tornar-se mais participativo consequentemente, produtivo nas etapas de desenho, geração e criação de sistemas de informações estratégicas e operacionais; Analisar e participar ativamente da análise de sistemas contábeis que em breve estarão funcionando sob a sua responsabilidade; Visualizar e compreender os ‘componentes’ da informática como partes do processo de informação e não como uma “caixa preta”; Acompanhar, participar e entender o moderno ambiente computacional; Utilizar a informática como meio eficiente para otimizar as soluções contábeis e gerenciais num ambiente empresarial competitivo; Proporcionar informações integradas aos usuários, que reflitam realidades de diversas áreas da organização; Participar ativamente da geração de sistemas de avaliação de desempenho, acompanhamento de gestão por áreas de responsabilidade, avaliação de resultados, etc. Nesse aspecto, entende-se que o autor procura evidenciar que a informação não trouxe apenas modificações para o horizonte das negociações empresariais, devido à competitividade, o acirramento de mercados e a relevância das informações em tempo real. Não é apenas necessário possuir informações, mas saber elaborar e interpretar de forma adequada e em tempo hábil para que se possa obter o melhor proveito, maximização a relação custo-benefício da informação. Com a abertura de mercado no começo da década passada, o país tem presenciado a chegada de novas tecnologias e modelos de administração trazidos por empresas estrangeiras, despertando no meio empresarial brasileiro a necessidade de melhorar a produtividade e qualidade dos produtos nacionais para que possam competir com o mercado exterior. Nesse sentido, os profissionais da contabilidade precisam estar atentos às novas ferramentas utilizadas, passando por constante reciclagem para não ficarem alijados do mercado de trabalho. As novidades tecnológicas de ponta impõem que todos mergulhem num rico processo de adaptação, de forma a utilizar a informação virtual, a internet, a telemática, e outros meios avançados de comunicação, para que empresários e profissionais da E-Gaia Conhecimento (ISSN 2358-5080), v.3, n.3, jan./jul. de 2015 80 Contabilidade sejam contemporâneos do moderno instrumental que se encontra à sua disposição. No caso concreto da informação contábil, temos de vê-la, pelo menos, por dois dos seus principais eixos: o que diz respeito aos usuários e o que nos compete como profissionais (DIAS, 2003, p. 7). O profissional contábil tem hoje uma importância marcante e meios para fornecer informações mais precisas, evidenciando em seus efeitos a posição financeira e patrimonial das entidades, mesmo quando não se encontra presente dentro de um escritório tradicional. Na concepção de Drucker (2000, p. 1): Até agora, a revolução da informação está centralizada nos dados – sua coleta, transmissão, análise e apresentação. Ela estava focada no chamado “T” da “TI” (Tecnologia da Informação). A próxima revolução da informação tenta responder à seguinte pergunta: qual é o significado da informação e qual é o seu propósito? Esse questionamento exige de imediato, a redefinição não apenas das tarefas que são realizadas com a ajuda da informação, mas também das instituições que efetuam essas tarefas. Nesse sentido, entende-se que as exigências aos profissionais e às empresas contábeis, já que são importantes o papel da gestão nas decisões, são crescentes e desafiadoras, porém, precisa se aliar a capacidade técnica a uma permanente renovação, e a um alto padrão de criatividade como elementos-chave para poder enfrentar os desafios e ter êxito em seus ofícios. Impõe-se a preocupação constante em acompanhar vigilantemente a tudo que vai surgindo de novo na atividade econômica e administrativa, assim como na tecnologia da informação, seja no Brasil, seja em qualquer outro país, para que se possa cumprir corretamente seu papel. A competitividade global é internacional, colocando os contadores e a contabilidade diante de novos desafios e oportunidades de desenvolvimento ao mesmo tempo, surgindo assim novas tendências para o profissional. Eis as principais tendências, segundo Iudícibus, (2006, p. 282): Internacionalização dos mercados, com necessidade harmonização de princípios contábeis em nível supranacional. de Necessidade de a teoria da Contabilidade de Custos adequar-se, sem perder suas vantagens comparativas de sistema de baixo custo, às novas filosofias de qualidade total, competitividade e eficiência. Considerando que análises mais recentes têm demonstrado que o modelo decisório e as necessidades informativas, tanto de tomadores de decisões internas à empresa como de agentes externos são basicamente os mesmo, não mais se justifica, em nível conceitual, a existência de uma teoria da Contabilidade financeira (para os usuários externos) e o que se denomina Contabilidade Gerencial. No que se refere a essas ferramentas, os consumidores de serviços contábeis, pode-se relacionar a possibilidade de interação de computadores do profissional contábil e seus clientes, pela rede mundial de computadores, com a finalidade de participar de tomadas de decisões ou prestar orientações, independentemente da localização de ambos. Drucker (2000, p.48) explica que: E-Gaia Conhecimento (ISSN 2358-5080), v.3, n.3, jan./jul. de 2015 81 82 O aparecimento explosivo da Internet (...) está modificando profundamente economias, mercados e estruturas setoriais; os produtos e serviços e seu fluxo: a segmentação, os valores e o comportamento dos consumidores; o mercado de trabalho. O impacto, porém, pode ser ainda maior nas sociedades e políticas empresariais e, acima de tudo, na maneira como encaramos o mundo e nós mesmos dentro dele. Diante disso, pode-se compreender que as grandes empresas e os escritórios de contabilidade adotam fortemente a informática como ferramenta de trabalho. Já não se admite mais os antigos métodos da escrituração contábil feito a mão. Com a grande concorrência, as empresas de contabilidade investem na informática para oferecerem um serviço mais rápido e de melhor qualidade. 4.2 A Tecnologia no Sistema de Informação Contábil Segundo afirmam Beuren e Martins (2001) Os sistemas de informação têm uma relação direta com o processo de gestão, pois são eles que dão o suporte informacional a todas as áreas da organização, contemplando as etapas do processo de gestão. Já Padoveze (2009) explica que a informação para ter valia necessita ser útil para ser desejada. Por isso, a informação deve ser gerada para quem a necessite e não para quem a produz, e esta deve ser exata, precisa, gerada em tempo hábil para sua utilização. Conforme estimativa da Receita Federal, divulgada em 2011, cerca de 40% dos profissionais de contabilidade deixaria de prestar serviço no mercado nos anos seguintes por não conseguirem acompanhar o grande desenvolvimento tecnológico. Em constante evolução, o próximo intuito da NF-e no Estado é chegar ao consumidor, o que traz a necessidade de investimentos ainda maiores. A Nota Fiscal Eletrônica ao Consumidor (NFC-e) já está disponível aos estabelecimentos que quiserem aderir e deve facilitar a regularização dos pequenos estabelecimentos, além de assegurar às pessoas físicas a legalidade da compra. “Essa nota terá um código de barras bidimensional (QR Code) e permitirá ao consumidor fazer uma consulta diretamente no fisco para ver se a nota foi registrada, se os dados estão corretos, além de, futuramente, eliminar o uso de papel”, enfatiza Pereira. Até poucos anos atrás, a computação em nuvens (do inglês “cloudcomputing”) era tida como uma tendência. Guarda documentos importantes no HD do computador já é coisa do passado para muitos usuários. Isso porque além de os arquivos ficarem a mercê de possíveis vírus e defeitos do sistema, ficam localizados somente uma máquina e podem ser dificilmente acessados, caso o usuário esteja em outro lugar. Para quem utiliza HDs e externos e pendrive também corre o risco de possíveis danos nos dispositivos ou de, simplesmente, perde-los, por isso muitos vêm apostando no armazenamento em nuvem. E-Gaia Conhecimento (ISSN 2358-5080), v.3, n.3, jan./jul. de 2015 A Fortes Informática, empresa do Grupo Fortes de Serviços, há mais de 20 anos atua na área de tecnologia da informação, desenvolvendo soluções em sistemas nas áreas contábil, administrativo-financeiro, gestão empresarial e recursos humanos. A Fortes oferece um serviço de suporte técnico de elevado nível e mantém um amplo Programa de Apoio ao estudante e à Iniciação profissional (PAE), que atua junto ao segmento universitário dos cursos de ciências contábeis, administração de empresas e outras áreas. O programa Fortes apresenta as seguintes funcionalidades: a) O programa apresenta a possibilidade de um canal de comunicação que recebe sugestões e solicitações daqueles que utilizam os sistemas e serviços; b) No Fortes Contábil oferece agilidade e segurança no gerenciamento das informações contábeis; c) No Fortes Fiscal é destinado à execução e gestão das rotinas vinculadas ao setor fiscal das empresas. d) No Fortes Pessoal é destinado a executar tarefas rotineiras vinculadas ao Setor Pessoal. e) No Fortes Financeiro se realiza o gerenciamento completo do setor financeiro da empresa; f) No Fortes Rh se efetiva a gestão de Recursos Humanos, captação e retenção de talentos; g) No Fortes Patrimônio encontramos sistemas para gerenciamento dos bens de empresas e organizações; h) No Fortes Compras e Estoque é possível controlar e gerenciar o estoque e matérias de consumo; i) No Fortes pontos acontece o gerenciamento do acesso e horário de colaboradores, conexão com relógios, banco de horas etc. j) No Fortes C1, que é um requisito novo no programa, possibilita o total armazenamento dos dados contábeis em nuvens. O programa TOTVS pertence a uma agência de serviços, criado em 1969 por Ernesto Mário Haberkorn, denominado SIGA - Sistemas Integrados de Gerência Automática Ltda. O bureau prestava serviços gerais na área de informática e desenvolveu um sistema que permitia o gerenciamento empresarial centralizado, cuja finalidade principal era a automação de processos administrativos. A Companhia oferece ao mercado soluções de softwares, de tecnologia e de serviços de valor agregado, que automatizam processos empresariais críticos, tais como de fabricação, distribuição, contabilidade, finanças, recursos humanos, vendas e marketing, e possibilitam aos seus clientes operar os negócios com maior eficiência. Em meio a esse cenário, a computação em nuvem surgiu como uma alternativa para as empresas usufruírem dos benefícios da Tecnologia de Informação, mas sem ter de investir em infraestrutura de TI. Além da redução de custos, essencial para tornar qualquer empresa mais competitiva em seu segmento. Além dos programas apresentados existem outros programas especializados para atender as necessidades do profissional da contabilidade, como por exemplo, o Star Soft Applications Controladoria. O programa é uma solução completa que garante o gerenciamento, planejamento e orçamento dos processos da contabilidade administrativa. Nesta área, inserem-se os módulos de Ativo Fixo, Contabilidade e Livros Fiscais. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E-Gaia Conhecimento (ISSN 2358-5080), v.3, n.3, jan./jul. de 2015 83 O desafio constante em acompanhar o desenvolvimento acelerado no mundo da tecnologia da comunicação, tem exigido dos profissionais contadores a configuração de um perfil diferente. Exige-se além daformação superior que esteja em formação continuada, para dinamizar os diversos tipos de atividades contábeis, satisfazendo os objetivos pessoais e da própria empresa. Destaca-se neste cenário tecnológico-informático os seguintes programas: o Fortes Informática e o Totvs. Estes programas auxiliam o contador nas tarefas de gerenciar as informações contábeis, execução e gestão das rotinas vinculadas ao setor fiscal das empresas, tarefas do setor pessoal, gerenciamento completo do setor financeiro da empresa, gestão de Recursos Humanos, captação e retenção de talentos, sistemas para gerenciamento dos bens de empresas e organizações, entre outros. Dessa forma, é notório que o surgimento de recursos tecnológicos, que visualiza novas oportunidades de negócios, aliados à necessidade de respostas rápidas e se possível antecipada às perguntas dos usuários, faz com que as empresas necessitem de sistemas de informação que auxiliem no processo decisório, gerando informações rápidas e precisas que sirvam como base para a tomada de decisões, daí a importância da inserção das novas tecnologias dentro da atividade contábil, fazendo dos sujeitos em ação profissionais de qualidade. Portanto, o profissional contabilista deverá ter uma visão estratégica de negócios, com visões holística, culturais e econômicas para poder auxiliar na tomada de decisão, através da apresentação de informações armazenadas e interpretadas de forma correta, possibilitando a sociedade segurança para o seu crescimento, através do suporte a gestão, aumentando também sua participação nas decisões e assim, agregar valores e a fidelização de clientes.No entanto, osprofissionais apresentam um perfil satisfatório para a realização das atividades contábeis devido, a preparação e o planejamento desses colaboradores no que se refere ao uso das novas tecnologias. REFERÊNCIAS AUTRAN, Margarida; COELHO, Cláudio Ulysses F. Básico de Contabilidade e Finanças. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2004. BARBOSA. Ana Maria Ribeiro. As implicações da tecnologia da informação na profissão contábil. In: Congresso Brasileiro de Contabilidade, XVI. Goiânia, 2000.Anais… Goiânia, 2000. In: CdRoom. 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