Nome: Mariluci Vasconcelos Gonçalves Idade: 47 anos Escolaridade: Pós-Graduação em Letras (Português/ Literatura Brasileira) Profissão: Professora de Língua Portuguesa Devido a problemas pessoais, comecei adoecer emocionalmente e psicologicamente. Fui ficando curiosa e intrigada com tudo o que vinha me ocorrendo, por isso um dia resolvi pesquisar na internet o nome de uma síndrome que havia ouvido numa conversa dentro do ônibus. Concomitante a isto, a minha personalidade e a minha profissão contribuíram para que eu gostasse de cuidar de pessoas e tratá-las bem. Como participo de comunidade religiosa, o pastor líder viu em mim características de liderança e me convidou a assumir diversos cargos que me fizeram lidar diretamente com várias pessoas. Além disso, sempre tive atração sobre a psiquê humana. Somado a isto, fui apresentada ao curso de Psicanálise, o qual conclui em julho de 2015. Neste ano uma colega de trabalho, que também é professora, porém na área da Educação Especial, sabendo que fiz o curso de Psicanálise, contou-me sobre o curso que ela havia feito: “Saúde Mental” (que é exatamente este) e dizia que assim como ela havia gostado, eu também iria gostar. Pensando em tudo o que eu já havia passado e que as seqüelas (as doenças) batiam à minha porta, não pensei duas vezes pra me matricular. Levantei a bandeira da busca pela saúde. Era e é preciso também aprender mais sobre transtornos, síndromes, doenças, remédios, alimentação, cuidados, como lidar com as pessoas e comigo mesma etc, a fim de enriquecer meus conhecimentos para que eu possa atender os pacientes com maior segurança, qualidade e eficiência, objetivando a cura ou, pelo menos, a diminuição dos efeitos das doenças, quando esta não tem cura. Preciso ensinar as pessoas a viver melhor, a serem felizes, a desejarem buscar saúde sempre e não se contentarem com doenças e seus males e baixa autoestima, a fazê-las entender que muita gente (parentes, filhos, cuidador...) sofre e/ou adoece junto com o paciente. Desta forma, é mister que eu seja multiplicadora de tudo que aprendi neste curso dentro da minha família, nas comunidades em que trabalho, congrego, vizinhança etc. Já comecei a fazer isto promovendo conversas informais, com familiares, colega e amigos, pessoalmente e nos grupos de whatsapp e dando palestras para os alunos sobre depressão e autoestima. As experiências que tenho tido são maravilhosas. Sementes têm sido plantadas. Tenho divulgado o curso e as pessoas têm procurado fazer matrículas. Ter convivido com os alunos/pacientes e funcionários da Clínica Despertar, mesmo que por poucas horas, foi outra experiência enriquecedora e ímpar. Para mim que nunca havia experimentado aquelas vivências ficou marcado na memória e foi motivo de diversas reflexões comparativas aos atendimentos escolares dados aos alunos portadores de necessidades especiais. Como participei da observação da primeira turma pela manhã, o nível das síndromes das pessoas eram mais leves, porém não menos trabalhosas para os profissionais, já que requer deles dedicação, disciplina, muito estudo, amor pelo que faz e pelas pessoas, comprometimento, planejamento e cumprimento do mesmo, energia e saúde. E como é bom ver os resultados, a evolução de cada um (mesmo sabendo que cada síndrome ou transtorno tem suas limitações), a felicidade estampada nos rostos deles por se sentirem pró-ativos, em desenvolvimento e se socializando cada vez mais, não só com os iguais, mas com todos; apoderando-se de seus direitos e aprendendo a cumprir com os seus deveres (mesmo que os mais simples, como manter o ambiente limpo). Trabalhar na perspectiva da clínica não é fácil. É árduo. Como visitante, aprendiz me senti bem, no entanto não sei dizer se teria energia e saúde para agüentar o ritmo necessário, porque uma coisa é atender um paciente de cada vez no consultório ou num espaço alternativo, outra é trabalhar na perspectiva de projeto em grupo com síndromes e transtornos variados ao mesmo tempo. Requer do profissional outra postura, planejamento, técnicas, feeling apurado... Talvez a minha dúvida e/ou insegurança se encontra no fato de ser recémformada e não ter experiência nesta área. Graças a tudo isto que vivenciei, aprendi, ouvi, convivi ao longo desses últimos meses, tornei-me um ser humano melhor, mais saudável, com mais informação e com muita sede de repassar os conhecimentos de como ter saúde mental para gerar saúde física. Iniciei o curso sem saber como eu era capaz de dizer para as pessoas que elas podem ser fortes, que são capazes, não precisam somatizar, entretanto eu mesma não conseguia evitar a somatização. Hoje estou liberta disto, entendendo um monte de coisa e precisando entender outras tantas. Como falei no meu depoimento em uma das aulas, faço tratamento com psicóloga, psiquiatra, neurologista, homeopata, acupuntura e clínico geral e ingeria vários medicamentos prescritos. Junto com o término das aulas também acabaram as necessidades da dependência química. Recebi alta. Não tomo mais medicação alguma. Hoje posso falar tranquilamente: “vim buscar saúde, não vim buscar tratamento” (repito a minha mensagem no depoimento). E a achei. Vamos viver uma linda e eterna história de amor: eu e a saúde (mental e física).