caroá boas práticas para o extrativismo sustentável orgânico MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Sem título-1 1 05/01/2015 17:17:40 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo CADERNO DE BOAS PRÁTICAS PARA O EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL ORGÂNICO DO CAROÁ Missão Mapa Promover o desenvolvimento sustentável e a competitividade do agronegócio em benefício da sociedade brasileira. Brasília – DF 2014 © 2014 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é do autor. Tiragem: 1.500 exemplares 1ª Edição: Ano 2014 Elaboração, distribuição, informações: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade Coordenação de Agroecologia Esplanada dos Ministérios, Bloco D, Anexo B, 1° Andar, sala 152 CEP 70043-900 – Brasília–DF Tels: (61) 3218 2413 / 3218 2453 Fax: (61) 3223 5350 www.agricultura.gov.br Central de Relacionamento: 0800-7041995 Equipe do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Rogério Pereira Dias Jorge Ricardo de Almeida Gonçalves Josias Miranda Patrícia Saraiva Laila Simaan Adaptação do conteúdo técnico para os cadernos Jorge Ricardo de Almeida Gonçalves Laila Simaan Organização e elaboração do conteúdo técnico Sandra Regina da Costa Consultoria Técnica - Projeto Didático Pedagógico Beatriz Stamato Consultoria técnica – Boas Práticas Extrativistas Sandra Regina da Costa Projeto gráfico e diagramação Grupodesign: Anderson Lima, Angélica Lira, Francisco George e Gilmar Rodrigues Ilustração Odilo Rio Branco Parceria Projeto Nacional de Ações Integradas Público-Privadas para a Biodiversidade – PROBIO II. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. (Caroá ou Caruá, Neoglaziovia variegata) / Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. – Brasília: MAPA/ACS, 2014. 37 p. (Série: Cadernos de Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável Orgânico) 1. I. (Caroá ou Caruá). 2. Extrativismo Sustentável. 3. Produto Florestal Não Madeireiro. 4. Produto da Sociobiodiversidade. 5. Boas práticas de manejo. II. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. III. Coordenação de Agroecologia. VI. Título. ÍNDICE Apresentação ............................................................................ 05 Orientações para o uso do caderno ....................................... 07 O Caroá ..................................................................................... 09 Identificação do/a produtor/a extrativista ............................. 10 Reconhecimento geral da área................................................. 15 Planejamento da coleta ........................................................... 23 Pós-coleta .................................................................................. 31 Cuidados com a produção ....................................................... 35 APRESENTAÇÃO Na atividade extrativista um dos grandes desafios é, sem dúvida, o de construir diretrizes técnicas para boas práticas de manejo florestal. Desafio ainda maior quando se trata de produtos florestais não madeireiros (PFNM). Nas últimas décadas, foram ampliadas as pesquisas relacionadas a PFNM e sua importância no mercado de alimentos, de cosméticos e de produtos farmacêuticos. Assim, a elaboração de normas ou acordos com a participação dos diferentes segmentos da sociedade podem viabilizar a adoção de um protocolo mínimo de orientações que promova o manejo sustentável da atividade extrativista, respeitando o meio ambiente, a cultura e a dinâmica das populações envolvidas. No caso da produção orgânica, a elaboração e execução de Projetos Extrativistas Sustentáveis Orgânicos representa um dos grandes desafios na gestão dos recursos naturais e uma estratégia fundamental para promover a conservação da biodiversidade e a valorização mercadológica, social e ambiental dos produtos oriundos do extrativismo. Para o reconhecimento legal da qualidade orgânica é necessário que as unidades de produção extrativistas estejam vinculadas a um dos mecanismos de garantia previstos na Lei Nº 10.831, 23 de dezembro de 2003, e regulamentados pelo Decreto N° 6.323, 28 de dezembro de 2007, e pela Instrução Normativa Nº 19, 27 de maio de 2009. Além disso, os Projetos Extrativistas Sustentáveis Orgânicos devem cumprir as normas técnicas previstas na Instrução Normativa Conjunta MAPA/MMA Nº 17, 28 de maio de 2009. Considerando os desafios e as expectativas expostas, apresenta-se ao público envolvido nas atividades extrativistas esta série de publicações, inicialmente envolvendo nove espécies vegetais dos biomas amazônia, caatinga e cerrado. Esta série visa colaborar na divulgação e adoção de boas práticas de manejo por meio de orientação para a elaboração de um Projeto Extrativista Sustentável Orgânico, instrumento fundamental para quem busca o reconhecimento legal da qualidade orgânica de produtos oriundos do extrativismo. Destaca-se que esta publicação é resultado da parceria do Mapa no Projeto Nacional de Ações Integradas Público-Privadas para a Biodiversidade-PROBIO II que é apoiado com recursos do fundo global para o meio ambiente e fruto de um intenso trabalho, realizado a partir de 2009, e que envolveu um conjunto de pessoas e instituições, na busca de um diálogo e de um consenso em torno das diretrizes técnicas e boas práticas propostas. Rogério Dias Coordenador de Agroecologia do MAPA 05 ORIENTAÇÃO PARA O USO DO CADERNO O objetivo do caderno é ajudar na elaboração do PROJETO EXTRATIVISTA SUSTENTÁVEL ORGÂNICO e divulgar boas práticas de manejo para o extrativismo de produtos florestais não madeireiros. É, portanto, um passo inicial para o reconhecimento legal da qualidade orgânica. Isso vai requerer um esforço que será recompensado. O caderno vai contribuir para a melhoria da produção orgânica no Brasil e para a adequação dos/as produtores/as extrativistas à Lei Nº 10.831/2003 e seus regulamentos. O esperado é que toda a família se envolva no preenchimento. Enquanto a família elabora o projeto extrativista, se aprofunda nos principais conhecimentos para um manejo extrativista orgânico, fundamentado em princípios agroecológicos. Em algumas páginas este lado do caderno está Responder este lado do caderno ajuda o/a com um preenchimento modelo, considerando extrativista a refletir como está sua prática de uma família de extrativistas que realiza as boas manejo e como pode ser melhorada. práticas de manejo. Data de preenchimento da ficha: Data de preenchimento da ficha: Abril/2014 Dados do/a Extrativista ou Pessoa Jurídica (PJ) Nome do/a Extrativista A identificação do/a produtor/a extrativista e demais dados dos exemplos são fictícios, embora inspirados em situações Maria Sebastiana Alves de Almeida Nome da área de coleta/manejo CPF ou CNPJ Reserva Extrativista Mapuá 626.987.451-94 Nome do/a Responsável Legal Nome que está no registro de sua propriedade Terra Pública - Concessão de uso Associação de moradores - Amorema Dados do/a Extrativista ou Pessoa Jurídica (PJ) Nome do/a Extrativista Nome da área de coleta/manejo CPF ou CNPJ Nome do/a Responsável Legal Nome que está no registro de sua propriedade DAP DAP Declaração de Aptidão ao PRONAF Declaração de Aptidão ao PRONAF e informações reais, e consideram o uso Endereço das boas práticas recomendadas. Município e Estado Breves - Ilha de Marajó - PA Município e Estado Caixa Postal ou CEP 68.800-000 Caixa Postal ou CEP Comunidade João Conguinho - Resex Mapuá De moradia do(a) responsável Endereço De moradia do(a) responsável Telefone com DDD Telefone com DDD Fax Fax E-mail Email Roteiro de acesso à área de coleta/manejo Roteiro de acesso à área de coleta/manejo A partir de orientação do ICMBio em Breves, avenida Gurupá nº 168, se informe sobre como acessar a comunidade de João Conguinho, situada na Resex de Mapuá. Se você ainda não pratica algumas destas técnicas, é hora de refletir sobre como aprimorar o manejo que realiza! Há uma versão para análise e/ou preenchimento sobre questões relativas a um Projeto Extrativista Sustentável Orgânico, sem ilustrações ou explicações, ao lado de cada página. Isso serve para que os/as produtores/as extrativistas e interessados/ as façam cópias para que possam usar quantas vezes forem necessárias. É importante dizer que um Projeto não é uma coisa que se faz uma vez e pronto. É preciso sempre observar, estudar e renovar na medida em que haja melhoria do manejo orgânico que deve buscar constantemente a sustentabilidade dos aspectos técnicos, socioculturais, econômicos e ambientais vinculados à atividade produtiva e à vida das famílias e comunidades dos/as produtores/as extrativistas. 07 O CAROÁ Família botânica: Bromeliaceae Nome científico: Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez Nomes populares: caroá ou caruá Ocorrência: Bahia, Ceará, Paraíba, Piauí, Maranhão, Vale do São Francisco e microrregiões do Cariri Paraibano. Ecologia: caroá é uma bromélia, endêmica do semiárido, pode ser encontrada no interior das matas mais fechadas até nas áreas mais abertas, em solos compactados e pouco profundos. É terrestre, atingindo até um metro de altura, apresenta folhas variegatas , fibrosas e com espinhos nas bordas . Floração e frutificação: A floração ocorre nos meses de fevereiro a abril, no período entre o final da estação seca e o início da estação chuvosa, com o pico de floração no mês de fevereiro. Suas flores são vermelhas e rosadas. A frutificação acontece nos meses de março a abril, com frutos no formato de bagas ovóides de coloração vermelha. Agentes dispersores e polinizadores: o beija-flor, conhecido como besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon aureoventris) foi considerado o polinizador efetivo desta espécie. As flores recebem visitas também de abelhas irapuã Trigona spinipes e da borboleta Junonia evarete, que são considerados pilhadores de pólen e néctar. Principais usos e produtos: confecção artesanal de cordas, barbantes e papel, bem como na tecelagem, artigos têxteis e para a fabricação artesanal de chapéus, bolsas, biojóias, entre outros produtos. 09 IDENTIFICAÇÃO DO/A PRODUTOR/A EXTRATIVISTA Data de preenchimento da ficha: Março/2014 Dados do/a extrativista ou Pessoa Jurídica (PJ) Nome do/a extrativista Área de coleta/manejo CPF ou CNPJ Valdete da Silva Assentamento Quilombola da Conceição das Crioulas 123.456.789-99 Nome do/a Responsável Legal Nome que está no registro de sua propriedade DAP Associação Quilombola da Conceição das Crioulas 2.345.452.317.482.573.666.782.123-PE Declaração de Aptidão ao PRONAF Endereço Associação Conceição das Crioulas- Distrito Município e Estado Salgueiro-PE Caixa Postal ou CEP 18.123-456 Telefone com DDD Celular com DDD Email (87) 3946-1000 (87) 9946-2000 [email protected] Roteiro de acesso à área de coleta/manejo . Na saída da cidade do Salgueiro pegue a rodovia, vire à direita, depois do Posto São Sebastião pegue a estrada de terra, ande 18 km na estrada do Quilombo e chegará à sede do assentamento. 10 Data de preenchimento da ficha: Dados do/a extrativista ou Pessoa Jurídica (PJ) Nome do/a extrativista Área de coleta/manejo CPF ou CNPJ Nome do/a Responsável Legal DAP Declaração de Aptidão ao PRONAF Endereço De moradia do(a) responsável Município e Estado Caixa Postal ou CEP Telefone com DDD Celular com DDD Email Roteiro de acesso à área de coleta/manejo 01 02 Qual a situação fundiária da(s) área(s) de coleta/manejo? Posse Arrendamento Concessão de Direito Real de Uso Meeiro Pequena propriedade rural Assentamento Rural Propriedade titulada de terceiros Outros _____________ Sua área de coleta/manejo está em: Unidade de Conservação Estadual. Qual? _______________________ Unidade de Conservação Federal. Qual? _______________________ Área de Concessão Florestal. Qual? _______________________ Assentamento Rural. Qual? _______________________ Conceição das Crioulas Território Quilombola. Qual? ___________________________ Propriedade particular. Qual? _______________________ Outros _______________________ 03 Caso a área de coleta/manejo seja de terceiros, existe algum termo de compromisso entre os coletores e o proprietário da área? Não 04 Sim. Quais? ___________________ Qual o tamanho da sua área ? __________________________________________________________________ 350 hectares, _________________________________________________________________ 05 12 Qual a sua caracterização enquanto produtor-extrativista? Quilombola Agricultor Familiar Assentado da Reforma Agrária Outros _____________ 01 02 Qual a situação fundiária da(s) área(s) de coleta/manejo? Posse Arrendamento Concessão de Direito Real de Uso Meeiro Pequena propriedade rural Assentamento Rural Propriedade titulada de terceiros Outros _____________ Sua área de coleta/manejo está em: Unidade de Conservação Estadual. Qual? _______________________ Unidade de Conservação Federal. Qual? _______________________ Área de Concessão Florestal. Qual? _______________________ Assentamento Rural. Qual? _______________________ Território Quilombola. Qual? _______________________ Propriedade particular. Qual? _______________________ Outros _______________________ 03 Caso a área de coleta/manejo seja de terceiros, existe algum termo de compromisso entre os coletores e o proprietário da área? Não 04 Sim. Quais? ___________________ Qual o tamanho da sua área ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 05 Qual a sua caracterização enquanto produtor-extrativista? Quilombola Agricultor Familiar Assentado da Reforma Agrária Outros _____________ RECONHECIMENTO GERAL DA ÁREA É a etapa inicial do manejo para o extrativismo sustentável. É quando estudamos bem a área e nos preparamos para ter uma boa produção. Por exemplo, arrumar os caminhos e fazer um desenho da área para que tudo fique bem planejado. Todo esse preparo ajuda na boa coleta e evita acidentes de trabalho. 01 Mapa da sua área O mapa da área a ser manejada é importante para assegurar uma boa produtividade. Por isso procure conhecer bem a área para que possa planejar melhor suas atividades e realizar a coleta de forma rápida e segura.. Recomendações: Coordenadas geográficas são um sistema de linhas imaginárias traçadas sobre o globo terrestre ou um mapa. O aparelho de GPS é utilizado para marcar as coordenadas geográficas de um “ponto”, local específico em uma área, por exemplo: uma árvore, uma cerca, um rio e etc. Com essa informação você poderá localizar a área de manejo. • Ao desenhar o mapa procure identificar as áreas de coleta detalhando os caminhos de coleta, pontos que possam servir de referência como rios, fazendas, estradas, morros ou vales. • Marcar as áreas de manejo em parcelas ou compartilhamentos, para fazer o rodízio ou revezamento para coleta (anual), permitindo a recuperação das plantas. • Construa o mapa em conjunto com a comunidade ou famílias que coletam na mesma área. • Colete as coordenadas geográficas de pelo menos 1 ponto que permita a localização da área de manejo. É BOM FAZER BEM O DESENHO DA ÁREA. ELE AJUDA A REDUZIR O TEMPO DA COLETA E DIMINUI DANOS NA ÁREA, EVITANDO ABRIR OUTROS CAMINHOS SEM PRECISAR. 16 Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Reconhecimento geral da área 01 Como é o mapa da sua área? Agora é sua vez! Converse com sua família e comunidade para elaborar um mapa e conhecer ainda mais sua área de coleta e manejo extrativista. 02 Caracterização geral da área A construção do mapa de forma coletiva permite a conversa entre as pessoas Extrativismo em da comunidade e o melhor conhecimento de toda área a ser manejada. Nessa área de terceiros e, em outras oportunidades, é importante que sejam feitas anotações sobre Estabeleça um termo de compromisso de as condições gerais da área de coleta, das estradas e caminhos de acesso e de uso e manutenção da outras atividades que possam interferir na utilização ou comercialização da área, entre o proprie- produção pelas famílias. Algumas perguntas que, se respondidas, podem ajudar tário e o extrativista, constando a permissão de entrada na área para fazer a coleta, com o compromisso do extrativista de retirar apenas folhas de caroá e do proprietário de não colocar fogo ou desmatar a área no período de três anos, tempo de vigência mínima do acordo. a conhecer melhor a(s) área(s) de coleta: 350 ha O tamanho das áreas de coleta (pode ser estimado): _______________ As condições das estradas e caminhos de acesso às áreas de coleta: __________ Ruim A área de coleta é: Individual Coletiva Qual a distância da área em relação à comunidade? 11 _______________ Km Quantas plantas em produção? _______________ 3900 51 Km Qual a distância da sede do município ? _______________ Quantos quilos ou número de feixes podemos coletar? _______________ 190 feixes Quantas plantas mais jovens temos? _______________ 970 As áreas vizinhas são usadas para: Pecuária Agricultura familiar Soja Cana de Açúcar Outros Observe: A utilização de agrotóxicos em áreas vizinhas ou na própria área de coleta representa um fator de risco ao reconhecimento do produto como orgânico. Nas áreas vizinhas é usado agrotóxico? Não Sim A área de caroá tem ficado mais pobre em número de plantas ou com plantas menos resistentes ao longo do tempo? Não Sim Quais as outras espécies florestais utilizadas nas áreas de coleta? ________________________________________________________________________ Mandacaru A área de coleta é de terceiros (propriedade particular)?_____________________ Assentamento da reforma agrária. ________________________________________________________________________ Caso a área de coleta seja de terceiros, há algum acordo entre os coletores e o proprietário da área? Não Sim 18 Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Reconhecimento geral da área 02 Quais são as caracteristicas da sua área ? Considere as orientações feitas sobre a importância da caracterização geral da área de coleta. Agora, tente você, com sua família e comunidade responder as perguntas. O tamanho das áreas de coleta (pode ser estimado): _______________ As condições das estradas e caminhos de acesso às áreas de coleta: __________ A área de coleta é: Individual Coletiva Qual a distância da área em relação à comunidade? _______________ Quantas plantas em produção? _______________ Qual a distância da sede do município ?_______________ Quantos quilos ou número de feixes podemos coletar? _______________ Quantas plantas mais jovens temos? _______________ As áreas vizinhas são usadas para: Pecuária Agricultura familiar Soja Cana de Açúcar Nas áreas vizinhas é usado agrotóxico? Outros Não Sim A área de caroá tem ficado mais pobre em número de plantas ou com plantas menos resistentes ao longo do tempo? Não Sim Quais as outras espécies florestais utilizadas nas áreas de coleta? __________________________________________________________________________________ A área de coleta é de terceiros (propriedade particular)? _______________________________ __________________________________________________________________________________ Caso a área de coleta seja de terceiros, há algum acordo entre os coletores e o proprietário da área? Não Sim Outros ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ IMPORTANTE: AVALIE, PARA O SEU CASO, A NECESSIDADE DE RESPONDER OUTRAS PERGUNTAS!!! 03 Estimativa de Produção O inventário florestal é o passo inicial para conhecer a área de manejo e levantar o seu potencial produtivo. O inventário consiste basicamente em contar e anotar dados das plantas existentes. Pode ser feito em ficha ou folha de campo registrando número de plantas, número de folhas por plantas, peso e tamanho das folhas úteis e aproveitáveis. Para que as informações possam dar uma projeção de coleta real, devemos fazer as anotações por três anos. Faça um estudo de forma coletiva e participativa, envolvendo as famílias e comunidades da área de manejo. A partir dos dados coletados no inventário florestal é possível gerar as seguintes informações: • Número de indivíduos produtivos que serão cortados e os que serão reservados ; • Quantas plantas por área e como estão distribuídas nas áreas de manejo; • Estimativa da produção total (número de folhas). 20 Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Reconhecimento geral da área 03 Quanto vamos produzir no futuro? Como podemos melhorar nossa produção? Que tal agora, você, sua família e comunidade fazer um estudo sobre a produção da área de coleta! Ficha para registro do histórico de produção: Nome do coletor: Data do registro: Ano Área Nº de indivíduos produtivos que serão cortados Nº de indivíduos produtivos que serão reservados Quantidade Folhas úteis e aproveitáveis por planta (em média) Peso Tamanho das folhas Indicar a estimativa de produção por área (nº de feixes coletados por ano ou por safra e por área de coleta) PLANEJAMENTO DA COLETA Antes de coletar é bom planejar cada etapa, principalmente “onde”, “quando” e “quantas vezes” vamos coletar. Ao planejar, economizamos tempo, recursos e evitamos acidentes, preparamos os caminhos e realizamos os cuidados com a manutenção do caroá. 01 O Plano de coleta Em cada safra é importante realizar um Plano de Coleta, escolhendo as plantas que iremos coletar e quais manteremos sem coleta para a renovação do caroá. Nessa etapa vamos pensar em cada atividade para evitar acidentes e garantir uma boa safra. Um bom Plano de Coleta deve conter pelo menos as seguintes informações: • Definir qual área a ser coletada; • Subdividir área de coleta em três partes (subunidades); • Estimar a quantidade coletada, o número de feixes coletados por área de coleta e o número de folhas contidas em cada feixe; Plano de Coleta • Definir as datas de coleta. O plano de coleta pode ser refeito sempre que necessário, podendo ser anual,bienal ou semestral. Vamos todos juntos elaborar um plano de coleta para melhorar nosso trabalho. Ótimo, conte comigo! A CADA ANO DEVEMOS USAR UMA SUBÁREA PARA FAZER A COLETA, DEIXANDO AS OUTRAS EM POUSIO. 24 Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Planejamento da coleta 01 Como é o seu plano de coleta? Vamos pensar na coleta do caroá que sua comunidade faz? Como planejam a coleta? No mapa da área. Anotações no calendário comum. Outro. Descreva qual: _____________________________________________________________ Qual a época da coleta (período em meses)? ___________________________________________________ BLOCO DE ANOTAÇÕES Aproveite este espaço para conversar com sua família sobre o assunto apresentado: Quais os principais problemas? Quais as principais soluções? Quais mudanças quer realizar? 02 Cuidados e Orientações Técnicas para a Coleta do Caroá Para a realização de uma coleta planejada, que aumente a produção, a qualidade da fibra e colabore com a conservação do caroá e de todo o ambiente, recomenda-se: • Identificar e localizar as áreas de coleta ; • Dividir cada área de coleta em três partes e escolher qual será coletada Lembre-se que devemos fazer a coleta na mesma planta ou área a cada três anos, que é o tempo necessário para o caroá se recuperar e manter uma boa produção. e as outras duas que serão mantidas sem coleta ; • O período de coleta dura aproximadamente sete meses, sendo feita a coleta uma vez por mês ; • Coletar apenas no período chuvoso; • Realizar o corte nas plantas de cada subárea apenas uma vez a cada três anos; • Arrancar apenas as duas folhas intermediárias localizadas na extremidade da planta; • Na hora do arranquio das folhas, tomar cuidado para não arrancar as flores (inflorescência) e o olho da planta. Importante ! Não coletar as folhas do caroá no período seco, pois nessa época a fibra tem uma qualidade inferior e a planta pode morrer. . 26 Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Planejamento da coleta 02 Quais são os cuidados e orientações técnicas já adotados por sua família e comunidade na coleta do caroá ? Avaliamos as áreas entre 30 a 60 dias antes da coleta. Elaboramos uma ficha para controle da coleta. Realizamos o corte das folhas adotando um ciclo de corte para cada área de três anos. Coletamos as folhas apenas na estação chuvosa (período de chuvas). Arrancamos apenas as duas folhas intermediárias localizadas na extremidade da planta. Não arrancamos as inflorescências e o “olho” da planta. Coletamos na época chuvosa durante 06 a 07 meses. Evitamos realizar a coleta das folhas no período seco porque isso não estimula a rebrota e a fibra não apresenta a mesma qualidade. BLOCO DE ANOTAÇÕES Aproveite este espaço para conversar com sua família sobre o assunto apresentado: Quais os principais problemas? Quais as principais soluções? Quais mudanças quer realizar? 03 Proteção do extrativista Para proteção do extrativista , na hora da coleta, utilizar os equipamentos de proteção individual como: • Calça; A coleta das folhas do caroá é feita manualmente, arrancando folhas, não sendo necessário o uso das ferramentas. • Camisa de manga longa; • Botas; • Luvas; • Peneiras; • Óculos de proteção; • Chapéu. 28 Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Planejamento da coleta 03 Que equipamentos de proteção são utilizados por sua comunidade na coleta? Utilizamos calça. Utilizamos camisa de manga longa. Utilizamos botas. Utilizamos luvas. Utilizamos óculos de proteção. Utilizamos chapéu. Usamos outras medidas que garantam a segurança durante a coleta. Quais? ___________________________________________________________________________ BLOCO DE ANOTAÇÕES Aproveite este espaço para conversar com sua família sobre o assunto apresentado: Quais os principais problemas? Quais as principais soluções? Quais mudanças quer realizar? PÓS-COLETA Depois de coletar o produto, devemos garantir que chegue ao local de beneficiamento com boa qualidade. A etapa da pós-coleta, quando bem executada, beneficia a cadeia produtiva como um todo: o produtor-extrativista ganha credibilidade, a cooperativa ou quem beneficia o produto deixa de ter prejuízos e o consumidor final recebe um produto que mantém suas características. 01 Beneficiamento do Caroá Após a coleta as folhas são transportadas e cortadas para retirar as fibras, isto é chamado de BENEFICIAMENTO. Nesta fase é importante definir e preparar o local em que serão realizadas as atividades, bem como as ferramentas que serão utilizadas. Os espinhos e as cascas , o bagaço das folhas, podem ser espalhados no campo para contribuir na fertilização do solo. Das folhas do caroá podemos tirar as fibras para serem utilizadas na confecção de artesanato ou utilizar a folha para produção de polpa que será utilizada na fabricação de papel. Para cada produto temos etapas diferentes de beneficiamento. ETAPAS DO BENFICIAMENTO 1ª Etapa • Na área de coleta as folhas do caroá são amarradas em feixes com média de 12 folhas. • Levar os feixes para uma área protegida do sol e da chuva. 2ª Etapa para produção de fibras • Retirar os espinhos e com uma faca cortar a ponta da folha puxando a fibra. • Colocar a fibra em sacos e levar para o local que será feita a secagem. 2ª Etapa para produção de polpa para fabricação de papel • Retirar os espinhos e com uma faca as folhas deverão ser picotadas. •Colocar a folha picotada em um saco e levar para associação para beneficiamento. 02 Secagem e armazenamento •No local de secagem as fibras deverão ser lavadas e depois expostas ao sol em um varal para secagem. •Para o armazenamento as fibras secas são agora penduradas em um varal, armado em um lugar seco e arejado, para evitar mofo. • A retirada das fibras das folhas deverá ser feita até no máximo 24 horas após a coleta. • Tomar precauções para proteger o local de armazenamento do fogo. 32 Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Pós-coleta 01 Como é feito o beneficiamento do caroá em sua família ou comunidade ? Na área de coleta, as folhas do caroá são amarradas em feixes (em média doze folhas por feixe). Os feixes são levados para um abrigo para proteção da chuva e do sol. No abrigo é feita a retirada dos espinhos — com uma faca é cortada a ponta da folha e puxada a fibra. As fibras são colocadas em sacos e levadas para o local onde será feita a secagem. A retirada da fibra após a coleta é feita em 24 horas. O bagaço (espinho e casca) das folhas é espalhado no campo. 02 Como é feita a secagem e o armazenamento do caroá ? A fibra é lavada. A fibra é exposta ao sol, numa espécie de varal. O armazenamento é feito amarrando e pendurando as fibras num varal. O local do varal de armazenamento é na sombra, seco e arejado para evitar mofo e longe de fontes de fogo. BLOCO DE ANOTAÇÕES Aproveite este espaço para conversar com sua família sobre o assunto apresentado: Quais os principais problemas? Quais as principais soluções? Quais mudanças quer realizar? CUIDADOS COM A PRODUÇÃO Manutenção das áreas de ocorrência natural do caroá é fundamental para assegurar a conservação das populações naturais. Por isso a adoção de práticas que diminuam os impactos do extrativismo é muito importante. Deve-se evitar o desmatamento e proteger essas áreas contra o fogo. 01 Manutenção e proteção das áreas de ocorrência do caroá O capítulo 1 falou sobre acompanhamento e estimativa da produção. Essa é uma etapa muito importante. Inclui a observação e registro do surgimento e desenvolvimento das plantas. É importante então conversar e criar meios para acompanhar e melhorar a produção. Recomenda-se realizar o monitoramento da área de coleta, anotando a cada safra: • A quantidade de plantas jovens nas áreas a cada ano; • Registrar o período de floração; • Anotar se as plantas coletadas estão floridas. Pensando em como proteger e conservar o caroá na caatinga devemos: • Não utilizar fogo nas áreas de coleta; • Fazer o manejo e a coleta sustentável do caroá na Reserva Legal das propriedades particulares; • Não desmatar ou roçar as áreas de caroá. 36 Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Cuidados com a produção 01 O que é feito para manter e proteger o caroá na sua área de coleta? Agora é sua vez! Pense nas práticas que sua família ou comunidade fazem para proteção do caroá. Não utilizamos fogo nas áreas de coleta do caroá. Não desmatamos ou roçamos as áreas de caroá. Fazemos o manejo e a coleta sustentável do caroá nas áreas de Reserva Legal das propriedades particulares. Usamos cadernos ou fichas de campo para fazer anotações. Anotamos a quantidade de plantas jovens nas áreas a cada ano. Anotamos a quantidade de indivíduos coletados a cada safra. Anotamos o número de folhas coletadas nas áreas de coleta. Registramos o período de floração. Anotamos se as plantas coletadas estão floridas. BLOCO DE ANOTAÇÕES Aproveite este espaço para conversar com sua família sobre o assunto apresentado: Quais os principais problemas? Quais as principais soluções? Quais mudanças quer realizar?