Caderno de Boas Práticas Para o Extrativismo Sustentável Orgânico

Propaganda
caroá
boas práticas para o extrativismo sustentável orgânico
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Sem título-1 1
05/01/2015 17:17:40
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo
CADERNO DE BOAS PRÁTICAS
PARA O EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL
ORGÂNICO DO CAROÁ
Missão Mapa
Promover o desenvolvimento sustentável e a competitividade do
agronegócio em benefício da sociedade brasileira.
Brasília – DF
2014
© 2014 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Todos os direitos reservados.
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é do autor.
Tiragem: 1.500 exemplares
1ª Edição: Ano 2014
Elaboração, distribuição, informações:
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo
Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade
Coordenação de Agroecologia
Esplanada dos Ministérios, Bloco D, Anexo B, 1° Andar, sala 152
CEP 70043-900 – Brasília–DF
Tels: (61) 3218 2413 / 3218 2453
Fax: (61) 3223 5350
www.agricultura.gov.br
Central de Relacionamento: 0800-7041995
Equipe do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Rogério Pereira Dias
Jorge Ricardo de Almeida Gonçalves
Josias Miranda
Patrícia Saraiva
Laila Simaan
Adaptação do conteúdo técnico para os cadernos
Jorge Ricardo de Almeida Gonçalves
Laila Simaan
Organização e elaboração do conteúdo técnico
Sandra Regina da Costa
Consultoria Técnica - Projeto Didático Pedagógico
Beatriz Stamato
Consultoria técnica – Boas Práticas Extrativistas
Sandra Regina da Costa
Projeto gráfico e diagramação
Grupodesign: Anderson Lima, Angélica Lira, Francisco George e Gilmar Rodrigues
Ilustração
Odilo Rio Branco
Parceria
Projeto Nacional de Ações Integradas Público-Privadas para a Biodiversidade – PROBIO II.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.
(Caroá ou Caruá, Neoglaziovia variegata) / Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário
e Cooperativismo. – Brasília: MAPA/ACS, 2014. 37 p.
(Série: Cadernos de Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável Orgânico)
1. I. (Caroá ou Caruá). 2. Extrativismo Sustentável. 3. Produto Florestal Não Madeireiro. 4. Produto da
Sociobiodiversidade. 5. Boas práticas de manejo. II. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário
e Cooperativismo. III. Coordenação de Agroecologia. VI. Título.
ÍNDICE
Apresentação ............................................................................ 05
Orientações para o uso do caderno ....................................... 07
O Caroá ..................................................................................... 09
Identificação do/a produtor/a extrativista ............................. 10
Reconhecimento geral da área................................................. 15
Planejamento da coleta ........................................................... 23
Pós-coleta .................................................................................. 31
Cuidados com a produção ....................................................... 35
APRESENTAÇÃO
Na atividade extrativista um dos grandes desafios é, sem dúvida, o de
construir diretrizes técnicas para boas práticas de manejo florestal. Desafio ainda
maior quando se trata de produtos florestais não madeireiros (PFNM).
Nas últimas décadas, foram ampliadas as pesquisas relacionadas a PFNM e sua
importância no mercado de alimentos, de cosméticos e de produtos farmacêuticos.
Assim, a elaboração de normas ou acordos com a participação dos diferentes
segmentos da sociedade podem viabilizar a adoção de um protocolo mínimo
de orientações que promova o manejo sustentável da atividade extrativista,
respeitando o meio ambiente, a cultura e a dinâmica das populações envolvidas.
No caso da produção orgânica, a elaboração e execução de Projetos
Extrativistas Sustentáveis Orgânicos representa um dos grandes desafios na gestão
dos recursos naturais e uma estratégia fundamental para promover a conservação
da biodiversidade e a valorização mercadológica, social e ambiental dos produtos
oriundos do extrativismo.
Para o reconhecimento legal da qualidade orgânica é necessário que as
unidades de produção extrativistas estejam vinculadas a um dos mecanismos de
garantia previstos na Lei Nº 10.831, 23 de dezembro de 2003, e regulamentados
pelo Decreto N° 6.323, 28 de dezembro de 2007, e pela Instrução Normativa Nº 19,
27 de maio de 2009. Além disso, os Projetos Extrativistas Sustentáveis Orgânicos
devem cumprir as normas técnicas previstas na Instrução Normativa Conjunta
MAPA/MMA Nº 17, 28 de maio de 2009.
Considerando os desafios e as expectativas expostas, apresenta-se ao público
envolvido nas atividades extrativistas esta série de publicações, inicialmente
envolvendo nove espécies vegetais dos biomas amazônia, caatinga e cerrado.
Esta série visa colaborar na divulgação e adoção de boas práticas de manejo
por meio de orientação para a elaboração de um Projeto Extrativista Sustentável
Orgânico, instrumento fundamental para quem busca o reconhecimento legal da
qualidade orgânica de produtos oriundos do extrativismo.
Destaca-se que esta publicação é resultado da parceria do Mapa no Projeto
Nacional de Ações Integradas Público-Privadas para a Biodiversidade-PROBIO II
que é apoiado com recursos do fundo global para o meio ambiente e fruto de
um intenso trabalho, realizado a partir de 2009, e que envolveu um conjunto de
pessoas e instituições, na busca de um diálogo e de um consenso em torno das
diretrizes técnicas e boas práticas propostas.
Rogério Dias
Coordenador de Agroecologia do MAPA
05
ORIENTAÇÃO PARA O USO DO CADERNO
O objetivo do caderno é ajudar na elaboração do PROJETO EXTRATIVISTA SUSTENTÁVEL
ORGÂNICO e divulgar boas práticas de manejo para o extrativismo de produtos florestais
não madeireiros. É, portanto, um passo inicial para o reconhecimento legal da qualidade
orgânica. Isso vai requerer um esforço que será recompensado.
O caderno vai contribuir para a melhoria da produção orgânica no Brasil e para a adequação
dos/as produtores/as extrativistas à Lei Nº 10.831/2003 e seus regulamentos.
O esperado é que toda a família se envolva no preenchimento. Enquanto a família
elabora o projeto extrativista, se aprofunda nos principais conhecimentos para um manejo
extrativista orgânico, fundamentado em princípios agroecológicos.
Em algumas páginas este lado do caderno está
Responder este lado do caderno ajuda o/a
com um preenchimento modelo, considerando
extrativista a refletir como está sua prática de
uma família de extrativistas que realiza as boas
manejo e como pode ser melhorada.
práticas de manejo.
Data de preenchimento da ficha:
Data de preenchimento da ficha:
Abril/2014
Dados do/a Extrativista ou Pessoa Jurídica (PJ)
Nome do/a Extrativista A identificação do/a produtor/a extrativista
e demais dados dos exemplos são
fictícios, embora inspirados em situações
Maria Sebastiana Alves de Almeida
Nome da área de coleta/manejo CPF ou CNPJ Reserva Extrativista Mapuá
626.987.451-94
Nome do/a Responsável Legal
Nome que está no registro de sua propriedade
Terra Pública - Concessão de uso Associação de moradores - Amorema
Dados do/a Extrativista ou Pessoa Jurídica (PJ)
Nome do/a Extrativista
Nome da área de coleta/manejo
CPF ou CNPJ
Nome do/a Responsável Legal
Nome que está no registro de sua propriedade
DAP
DAP
Declaração de Aptidão ao PRONAF
Declaração de Aptidão ao PRONAF
e informações reais, e consideram o uso
Endereço das boas práticas recomendadas.
Município e Estado Breves - Ilha de Marajó - PA
Município e Estado
Caixa Postal ou CEP 68.800-000
Caixa Postal ou CEP
Comunidade João Conguinho - Resex Mapuá
De moradia do(a) responsável
Endereço
De moradia do(a) responsável
Telefone com DDD
Telefone com DDD
Fax
Fax
E-mail
Email
Roteiro de acesso à área de coleta/manejo
Roteiro de acesso à área de coleta/manejo
A partir de orientação do ICMBio em Breves, avenida
Gurupá nº 168, se informe sobre como acessar a
comunidade de João Conguinho, situada na Resex
de Mapuá.
Se você ainda não pratica algumas destas
técnicas, é hora de refletir sobre como
aprimorar o manejo que realiza!
Há uma versão para análise e/ou preenchimento sobre questões relativas a um
Projeto Extrativista Sustentável Orgânico, sem ilustrações ou explicações, ao lado
de cada página. Isso serve para que os/as produtores/as extrativistas e interessados/
as façam cópias para que possam usar quantas vezes forem necessárias. É
importante dizer que um Projeto não é uma coisa que se faz uma vez e pronto. É
preciso sempre observar, estudar e renovar na medida em que haja melhoria do
manejo orgânico que deve buscar constantemente a sustentabilidade dos aspectos
técnicos, socioculturais, econômicos e ambientais vinculados à atividade produtiva
e à vida das famílias e comunidades dos/as produtores/as extrativistas.
07
O CAROÁ
Família botânica: Bromeliaceae
Nome científico: Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez
Nomes populares: caroá ou caruá
Ocorrência: Bahia, Ceará, Paraíba, Piauí, Maranhão, Vale do São Francisco e
microrregiões do Cariri Paraibano.
Ecologia: caroá é uma bromélia, endêmica do semiárido, pode ser encontrada no
interior das matas mais fechadas até nas áreas mais abertas, em solos compactados e
pouco profundos. É terrestre, atingindo até um metro de altura, apresenta folhas variegatas , fibrosas e com espinhos nas bordas .
Floração e frutificação: A floração ocorre nos meses de fevereiro a abril, no período
entre o final da estação seca e o início da estação chuvosa, com o pico de floração no
mês de fevereiro. Suas flores são vermelhas e rosadas. A frutificação acontece nos meses de março a abril, com frutos no formato de bagas ovóides de coloração vermelha.
Agentes dispersores e polinizadores: o beija-flor, conhecido como besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon aureoventris) foi considerado o polinizador efetivo
desta espécie. As flores recebem visitas também de abelhas irapuã Trigona spinipes
e da borboleta Junonia evarete, que são considerados pilhadores de pólen e néctar.
Principais usos e produtos: confecção artesanal de cordas, barbantes e papel, bem
como na tecelagem, artigos têxteis e para a fabricação artesanal de chapéus, bolsas,
biojóias, entre outros produtos.
09
IDENTIFICAÇÃO DO/A PRODUTOR/A EXTRATIVISTA
Data de preenchimento da ficha:
Março/2014
Dados do/a extrativista ou Pessoa Jurídica (PJ)
Nome do/a extrativista Área de coleta/manejo
CPF ou CNPJ Valdete da Silva
Assentamento Quilombola da
Conceição das Crioulas
123.456.789-99
Nome do/a Responsável Legal
Nome que está no registro de sua propriedade
DAP Associação Quilombola da
Conceição das Crioulas
2.345.452.317.482.573.666.782.123-PE
Declaração de Aptidão ao PRONAF
Endereço
Associação Conceição das Crioulas- Distrito
Município e Estado Salgueiro-PE
Caixa Postal ou CEP 18.123-456
Telefone com DDD Celular com DDD Email (87) 3946-1000
(87) 9946-2000
[email protected]
Roteiro de acesso à área de coleta/manejo
. Na saída da cidade do Salgueiro pegue a rodovia,
vire à direita, depois do Posto São Sebastião pegue a
estrada de terra, ande 18 km na estrada do Quilombo
e chegará à sede do assentamento.
10
Data de preenchimento da ficha:
Dados do/a extrativista ou Pessoa Jurídica (PJ)
Nome do/a extrativista
Área de coleta/manejo
CPF ou CNPJ
Nome do/a Responsável Legal
DAP
Declaração de Aptidão ao PRONAF
Endereço
De moradia do(a) responsável
Município e Estado
Caixa Postal ou CEP
Telefone com DDD
Celular com DDD
Email
Roteiro de acesso à área de coleta/manejo
01
02
Qual a situação fundiária da(s) área(s) de coleta/manejo?
Posse
Arrendamento
Concessão de Direito Real de Uso
Meeiro
Pequena propriedade rural
Assentamento Rural
Propriedade titulada de terceiros
Outros _____________
Sua área de coleta/manejo está em:
Unidade de Conservação Estadual. Qual? _______________________
Unidade de Conservação Federal. Qual? _______________________
Área de Concessão Florestal. Qual? _______________________
Assentamento Rural. Qual? _______________________
Conceição das Crioulas
Território Quilombola. Qual? ___________________________
Propriedade particular. Qual? _______________________
Outros _______________________
03
Caso a área de coleta/manejo seja de terceiros, existe algum termo de
compromisso entre os coletores e o proprietário da área?
Não
04
Sim. Quais? ___________________
Qual o tamanho da sua área ?
__________________________________________________________________
350
hectares,
_________________________________________________________________
05
12
Qual a sua caracterização enquanto produtor-extrativista?
Quilombola
Agricultor Familiar
Assentado da Reforma Agrária
Outros _____________
01
02
Qual a situação fundiária da(s) área(s) de coleta/manejo?
Posse
Arrendamento
Concessão de Direito Real de Uso
Meeiro
Pequena propriedade rural
Assentamento Rural
Propriedade titulada de terceiros
Outros _____________
Sua área de coleta/manejo está em:
Unidade de Conservação Estadual. Qual? _______________________
Unidade de Conservação Federal. Qual? _______________________
Área de Concessão Florestal. Qual? _______________________
Assentamento Rural. Qual? _______________________
Território Quilombola. Qual? _______________________
Propriedade particular. Qual? _______________________
Outros _______________________
03
Caso a área de coleta/manejo seja de terceiros, existe algum termo de compromisso
entre os coletores e o proprietário da área?
Não
04
Sim. Quais? ___________________
Qual o tamanho da sua área
________________________________________________________________
________________________________________________________________
05
Qual a sua caracterização enquanto produtor-extrativista?
Quilombola
Agricultor Familiar
Assentado da Reforma Agrária
Outros _____________
RECONHECIMENTO GERAL DA ÁREA
É a etapa inicial do manejo para o extrativismo sustentável. É quando estudamos bem a área e nos preparamos para ter uma boa produção. Por exemplo, arrumar
os caminhos e fazer um desenho da área para que tudo
fique bem planejado. Todo esse preparo ajuda na boa
coleta e evita acidentes de trabalho.
01
Mapa da sua área
O mapa da área a ser manejada é importante para assegurar uma boa
produtividade. Por isso procure conhecer bem a área para que possa planejar
melhor suas atividades e realizar a coleta de forma rápida e segura..
Recomendações:
Coordenadas
geográficas são um
sistema de linhas
imaginárias traçadas
sobre o globo terrestre ou um mapa.
O aparelho de GPS é
utilizado para marcar as coordenadas
geográficas de um
“ponto”, local específico em uma área,
por exemplo: uma
árvore, uma cerca,
um rio e etc. Com
essa informação você
poderá localizar a
área de manejo.
• Ao desenhar o mapa procure identificar as áreas de coleta detalhando
os caminhos de coleta, pontos que possam servir de referência como rios,
fazendas, estradas, morros ou vales.
• Marcar as áreas de manejo em parcelas ou compartilhamentos, para fazer
o rodízio ou revezamento para coleta (anual), permitindo a recuperação das
plantas.
• Construa o mapa em conjunto com a comunidade ou famílias que coletam
na mesma área.
• Colete as coordenadas geográficas de pelo menos 1 ponto que permita a
localização da área de manejo.
É BOM FAZER BEM O DESENHO DA ÁREA. ELE AJUDA A
REDUZIR O TEMPO DA COLETA E DIMINUI DANOS NA ÁREA,
EVITANDO ABRIR OUTROS CAMINHOS SEM PRECISAR.
16
Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Reconhecimento geral da área
01
Como é o mapa da sua área?
Agora é sua vez! Converse com sua família e comunidade para elaborar um mapa e conhecer
ainda mais sua área de coleta e manejo extrativista.
02
Caracterização geral da área
A construção do mapa de forma coletiva permite a conversa entre as pessoas
Extrativismo em
da comunidade e o melhor conhecimento de toda área a ser manejada. Nessa
área de terceiros
e, em outras oportunidades, é importante que sejam feitas anotações sobre
Estabeleça um termo
de compromisso de
as condições gerais da área de coleta, das estradas e caminhos de acesso e de
uso e manutenção da
outras atividades que possam interferir na utilização ou comercialização da
área, entre o proprie-
produção pelas famílias. Algumas perguntas que, se respondidas, podem ajudar
tário e o extrativista,
constando a permissão de entrada na
área para fazer a
coleta, com o
compromisso do
extrativista de
retirar apenas folhas
de caroá e do proprietário de não colocar
fogo ou desmatar a
área no período de
três anos, tempo de
vigência mínima do
acordo.
a conhecer melhor a(s) área(s) de coleta:
350 ha
O tamanho das áreas de coleta (pode ser estimado): _______________
As condições das estradas e caminhos de acesso às áreas de coleta: __________
Ruim
A área de coleta é:
Individual
Coletiva
Qual a distância da área em relação à comunidade? 11
_______________
Km
Quantas plantas em produção? _______________
3900
51 Km
Qual a distância da sede do município ? _______________
Quantos quilos ou número de feixes podemos coletar? _______________
190 feixes
Quantas plantas mais jovens temos? _______________
970
As áreas vizinhas são usadas para:
Pecuária
Agricultura familiar
Soja
Cana de Açúcar
Outros
Observe:
A utilização de agrotóxicos em áreas
vizinhas ou na própria área de coleta
representa um fator
de risco ao reconhecimento do produto
como orgânico.
Nas áreas vizinhas é usado agrotóxico?
Não
Sim
A área de caroá tem ficado mais pobre em número de plantas ou com
plantas menos resistentes ao longo do tempo?
Não
Sim
Quais as outras espécies florestais utilizadas nas áreas de coleta?
________________________________________________________________________
Mandacaru
A área de coleta é de terceiros (propriedade particular)?_____________________
Assentamento da
reforma
agrária.
________________________________________________________________________
Caso a área de coleta seja de terceiros, há algum acordo entre os coletores e
o proprietário da área?
Não
Sim
18
Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Reconhecimento geral da área
02 Quais são as caracteristicas da sua área ?
Considere as orientações feitas sobre a importância da caracterização geral da área de
coleta. Agora, tente você, com sua família e comunidade responder as perguntas.
O tamanho das áreas de coleta (pode ser estimado): _______________
As condições das estradas e caminhos de acesso às áreas de coleta: __________
A área de coleta é:
Individual
Coletiva
Qual a distância da área em relação à comunidade? _______________
Quantas plantas em produção? _______________
Qual a distância da sede do município ?_______________
Quantos quilos ou número de feixes podemos coletar? _______________
Quantas plantas mais jovens temos? _______________
As áreas vizinhas são usadas para:
Pecuária
Agricultura familiar
Soja
Cana de Açúcar
Nas áreas vizinhas é usado agrotóxico?
Outros
Não
Sim
A área de caroá tem ficado mais pobre em número de plantas ou com plantas menos
resistentes ao longo do tempo?
Não
Sim
Quais as outras espécies florestais utilizadas nas áreas de coleta?
__________________________________________________________________________________
A área de coleta é de terceiros (propriedade particular)? _______________________________
__________________________________________________________________________________
Caso a área de coleta seja de terceiros, há algum acordo entre os coletores e o
proprietário da área?
Não
Sim
Outros ___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
IMPORTANTE: AVALIE, PARA O SEU CASO,
A NECESSIDADE DE RESPONDER OUTRAS PERGUNTAS!!!
03
Estimativa de Produção
O inventário florestal é o passo inicial para conhecer a área de manejo e
levantar o seu potencial produtivo. O inventário consiste basicamente em
contar e anotar dados das plantas existentes. Pode ser feito em ficha ou folha
de campo registrando número de plantas, número de folhas por plantas, peso
e tamanho das folhas úteis e aproveitáveis. Para que as informações possam
dar uma projeção de coleta real, devemos fazer as anotações por três anos.
Faça um estudo de forma coletiva e participativa, envolvendo as famílias e
comunidades da área de manejo. A partir dos dados coletados no inventário
florestal é possível gerar as seguintes informações:
• Número de indivíduos produtivos que serão cortados e os que serão
reservados ;
• Quantas plantas por área e como estão distribuídas nas áreas de manejo;
• Estimativa da produção total (número de folhas).
20
Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Reconhecimento geral da área
03
Quanto vamos produzir no futuro? Como podemos melhorar nossa produção?
Que tal agora, você, sua família e comunidade fazer um estudo sobre a produção da área de
coleta!
Ficha para registro do histórico de produção:
Nome do coletor:
Data do registro:
Ano
Área
Nº de indivíduos produtivos
que serão cortados
Nº de indivíduos produtivos
que serão reservados
Quantidade
Folhas úteis e
aproveitáveis
por planta
(em média)
Peso
Tamanho
das folhas
Indicar a estimativa de
produção por área (nº de
feixes coletados por ano
ou por safra e por área de
coleta)
PLANEJAMENTO DA COLETA
Antes de coletar é bom planejar cada etapa, principalmente “onde”, “quando” e “quantas vezes” vamos coletar. Ao planejar, economizamos tempo, recursos e
evitamos acidentes, preparamos os caminhos e realizamos os cuidados com a manutenção do caroá.
01
O Plano de coleta
Em cada safra é importante realizar um Plano de Coleta, escolhendo as plantas
que iremos coletar e quais manteremos sem coleta para a renovação do caroá.
Nessa etapa vamos pensar em cada atividade para evitar acidentes e garantir
uma boa safra.
Um bom Plano de Coleta deve conter pelo menos as seguintes informações:
• Definir qual área a ser coletada;
• Subdividir área de coleta em três partes (subunidades);
• Estimar a quantidade coletada, o número de feixes coletados por área de
coleta e o número de folhas contidas em cada feixe;
Plano de Coleta
• Definir as datas de coleta.
O plano de coleta
pode ser refeito
sempre que necessário, podendo
ser anual,bienal ou
semestral.
Vamos todos juntos elaborar
um plano de coleta para
melhorar nosso trabalho.
Ótimo,
conte
comigo!
A CADA ANO DEVEMOS USAR UMA SUBÁREA PARA FAZER
A COLETA, DEIXANDO AS OUTRAS EM POUSIO.
24
Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Planejamento da coleta
01
Como é o seu plano de coleta?
Vamos pensar na coleta do caroá que sua comunidade faz? Como planejam a coleta?
No mapa da área.
Anotações no calendário comum.
Outro. Descreva qual: _____________________________________________________________
Qual a época da coleta (período em meses)? ___________________________________________________
BLOCO DE ANOTAÇÕES
Aproveite este espaço para conversar com sua família sobre o assunto apresentado:
Quais os principais problemas?
Quais as principais soluções?
Quais mudanças quer realizar?
02
Cuidados e Orientações Técnicas para a Coleta do Caroá
Para a realização de uma coleta planejada, que aumente a produção, a
qualidade da fibra e colabore com a conservação do caroá e de todo o
ambiente, recomenda-se:
• Identificar e localizar as áreas de coleta ;
• Dividir cada área de coleta em três partes e escolher qual será coletada
Lembre-se que
devemos fazer a
coleta na mesma
planta ou área a
cada três anos, que
é o tempo necessário para o caroá se
recuperar e manter
uma boa produção.
e as outras duas que serão mantidas sem coleta ;
• O período de coleta dura aproximadamente sete meses, sendo feita a
coleta uma vez por mês ;
• Coletar apenas no período chuvoso;
• Realizar o corte nas plantas de cada subárea apenas uma vez a cada
três anos;
• Arrancar apenas as duas folhas intermediárias localizadas na
extremidade da planta;
• Na hora do arranquio das folhas, tomar cuidado para não arrancar as
flores (inflorescência) e o olho da planta.
Importante !
Não coletar as
folhas do caroá no
período seco, pois
nessa época a fibra
tem uma qualidade
inferior e a planta
pode morrer.
.
26
Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Planejamento da coleta
02
Quais são os cuidados e orientações técnicas já adotados por sua família e comunidade
na coleta do caroá ?
Avaliamos as áreas entre 30 a 60 dias antes da coleta.
Elaboramos uma ficha para controle da coleta.
Realizamos o corte das folhas adotando um ciclo de corte para cada área de três anos.
Coletamos as folhas apenas na estação chuvosa (período de chuvas).
Arrancamos apenas as duas folhas intermediárias localizadas na extremidade da planta.
Não arrancamos as inflorescências e o “olho” da planta.
Coletamos na época chuvosa durante 06 a 07 meses.
Evitamos realizar a coleta das folhas no período seco porque isso não estimula a rebrota
e a fibra não apresenta a mesma qualidade.
BLOCO DE ANOTAÇÕES
Aproveite este espaço para conversar com sua família sobre o assunto apresentado:
Quais os principais problemas?
Quais as principais soluções?
Quais mudanças quer realizar?
03
Proteção do extrativista
Para proteção do extrativista , na hora da coleta, utilizar os equipamentos de proteção
individual como:
• Calça;
A coleta das
folhas do caroá é
feita manualmente,
arrancando folhas,
não sendo necessário
o uso das ferramentas.
• Camisa de manga longa;
• Botas;
• Luvas;
• Peneiras;
• Óculos de proteção;
• Chapéu.
28
Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Planejamento da coleta
03
Que equipamentos de proteção são utilizados por sua comunidade na coleta?
Utilizamos calça.
Utilizamos camisa de manga longa.
Utilizamos botas.
Utilizamos luvas.
Utilizamos óculos de proteção.
Utilizamos chapéu.
Usamos outras medidas que garantam a segurança durante a coleta.
Quais? ___________________________________________________________________________
BLOCO DE ANOTAÇÕES
Aproveite este espaço para conversar com sua família sobre o assunto apresentado:
Quais os principais problemas?
Quais as principais soluções?
Quais mudanças quer realizar?
PÓS-COLETA
Depois de coletar o produto, devemos garantir que
chegue ao local de beneficiamento com boa qualidade. A etapa da pós-coleta, quando bem
executada, beneficia a cadeia produtiva como um
todo: o produtor-extrativista ganha credibilidade, a
cooperativa ou quem beneficia o produto deixa de ter
prejuízos e o consumidor final recebe um produto que
mantém suas características.
01
Beneficiamento do Caroá
Após a coleta as folhas são transportadas e cortadas para retirar as fibras, isto
é chamado de BENEFICIAMENTO. Nesta fase é importante definir e preparar
o local em que serão realizadas as atividades, bem como as ferramentas que
serão utilizadas.
Os espinhos e as
cascas , o bagaço das
folhas, podem ser
espalhados no campo
para contribuir na
fertilização do solo.
Das folhas do caroá podemos tirar as fibras para serem utilizadas na confecção
de artesanato ou utilizar a folha para produção de polpa que será utilizada
na fabricação de papel. Para cada produto temos etapas diferentes de
beneficiamento.
ETAPAS DO BENFICIAMENTO
1ª Etapa
• Na área de coleta as folhas do caroá são amarradas em feixes com média de
12 folhas.
• Levar os feixes para uma área protegida do sol e da chuva.
2ª Etapa para produção de fibras
• Retirar os espinhos e com uma faca cortar a ponta da folha puxando a fibra.
• Colocar a fibra em sacos e levar para o local que será feita a secagem.
2ª Etapa para produção de polpa para fabricação de papel
• Retirar os espinhos e com uma faca as folhas deverão ser picotadas.
•Colocar a folha picotada em um saco e levar para associação para
beneficiamento.
02
Secagem e armazenamento
•No local de secagem as fibras deverão ser lavadas e depois expostas ao sol em
um varal para secagem.
•Para o armazenamento as fibras secas são agora penduradas em um varal,
armado em um lugar seco e arejado, para evitar mofo.
• A retirada das fibras das folhas deverá ser feita até no máximo
24 horas após a coleta.
• Tomar precauções para proteger o local de armazenamento do
fogo.
32
Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Pós-coleta
01
Como é feito o beneficiamento do caroá em sua família ou comunidade ?
Na área de coleta, as folhas do caroá são amarradas em feixes (em média doze folhas
por feixe).
Os feixes são levados para um abrigo para proteção da chuva e do sol.
No abrigo é feita a retirada dos espinhos — com uma faca é cortada a ponta da folha e
puxada a fibra.
As fibras são colocadas em sacos e levadas para o local onde será feita a secagem.
A retirada da fibra após a coleta é feita em 24 horas.
O bagaço (espinho e casca) das folhas é espalhado no campo.
02
Como é feita a secagem e o armazenamento do caroá ?
A fibra é lavada.
A fibra é exposta ao sol, numa espécie de varal.
O armazenamento é feito amarrando e pendurando as fibras num varal.
O local do varal de armazenamento é na sombra, seco e arejado para evitar mofo e
longe de fontes de fogo.
BLOCO DE ANOTAÇÕES
Aproveite este espaço para conversar com sua família sobre o assunto apresentado:
Quais os principais problemas?
Quais as principais soluções?
Quais mudanças quer realizar?
CUIDADOS COM A PRODUÇÃO
Manutenção das áreas de ocorrência natural do caroá
é fundamental para assegurar a conservação das populações naturais. Por isso a adoção de práticas que
diminuam os impactos do extrativismo é muito importante. Deve-se evitar o desmatamento e proteger essas áreas contra o fogo.
01
Manutenção e proteção das áreas de ocorrência do caroá
O capítulo 1 falou sobre acompanhamento e estimativa da produção. Essa é
uma etapa muito importante. Inclui a observação e registro do surgimento e
desenvolvimento das plantas. É importante então conversar e criar meios para
acompanhar e melhorar a produção.
Recomenda-se realizar o monitoramento da área de coleta, anotando a cada
safra:
• A quantidade de plantas jovens nas áreas a cada ano;
• Registrar o período de floração;
• Anotar se as plantas coletadas estão floridas.
Pensando em como proteger e conservar o caroá na caatinga devemos:
• Não utilizar fogo nas áreas de coleta;
• Fazer o manejo e a coleta sustentável do caroá na Reserva Legal das
propriedades particulares;
• Não desmatar ou roçar as áreas de caroá.
36
Caderno do Extrativismo Sustentável Orgânico do Caroá – Cuidados com a produção
01
O que é feito para manter e proteger o caroá na sua área de coleta?
Agora é sua vez! Pense nas práticas que sua família ou comunidade fazem para proteção do caroá.
Não utilizamos fogo nas áreas de coleta do caroá.
Não desmatamos ou roçamos as áreas de caroá.
Fazemos o manejo e a coleta sustentável do caroá nas áreas de Reserva Legal das
propriedades particulares.
Usamos cadernos ou fichas de campo para fazer anotações.
Anotamos a quantidade de plantas jovens nas áreas a cada ano.
Anotamos a quantidade de indivíduos coletados a cada safra.
Anotamos o número de folhas coletadas nas áreas de coleta.
Registramos o período de floração.
Anotamos se as plantas coletadas estão floridas.
BLOCO DE ANOTAÇÕES
Aproveite este espaço para conversar com sua família sobre o assunto apresentado:
Quais os principais problemas?
Quais as principais soluções?
Quais mudanças quer realizar?
Download