Baixar - Seduc

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
(UFPI)
Núcleo de Referências em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do
Nordeste
(TROPEN)
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(PRODEMA)
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(MDMA)
SOCIOBIODIVERSIDADE E RESGATE DO SABER POPULAR DA COMUNIDADE
RURAL NOVO NILO-UNIÃO/PIAUÍ-BRASIL
WALDILÉIA FERREIRA DE MELO BATISTA
TERESINA – PI
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
(UFPI)
Núcleo de Referências em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do
Nordeste
(TROPEN)
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(PRODEMA)
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(MDMA)
WALDILÉIA FERREIRA DE MELO BATISTA
SOCIOBIODIVERSIDADE E RESGATE DO SABER POPULAR DA COMUNIDADE
RURAL NOVO NILO-UNIÃO/PIAUÍ-BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa Regional de
Pós-Graduação
Ambiente
da
em
Desenvolvimento
Universidade
(PRODEMA/UFPI/TROPEN),
Federal
como
e
Meio
do
Piauí
requisito
à
obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e
Meio
Ambiente.
Área
de
Concentração:
Desenvolvimento do Trópico Ecotonal do Nordeste.
Linha de Pesquisa: Biodiversidade e Utilização
Sustentável dos Recursos Naturais.
Orientadora: Profa. Dra. Roseli Farias Melo de Barros
TERESINA – PI
2014
FICHA CATALOGRÁFICA
Universidade Federal do Piauí
Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco
Serviço de Processamento Técnico
B333s Batista, Waldiléia Ferreira de Melo.
Sociobiodiversidade e resgate do saber popular da
comunidade rural Novo Nilo-União/Piauí-Brasil / Waldiléia
Ferreira de Melo Batista. - 2014.
148 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2014. "Orientação:
Profª. Drª. Roseli Farias Melo de Barras."
1. Etnobotânica - Piauí. 2. Recursos Vegetais. 3.
Sustentabilidade. 4. Cultura Popular- Piauí. I. Título.
WALDILÉIA FERREIRA DE MELO BATISTA
SOCIOBIODIVERSIDADE E RESGATE DO SABER POPULAR DA COMUNIDADE
RURAL NOVO NILO-UNIÃO/PIAUÍ-BRASIL
Dissertação
apresentada
Regional
de
ao
Programa
Pós-Graduação
Desenvolvimento
e
Universidade
Meio
Federal
Ambiente
do
em
da
Piauí
(PRODEMA/UFPI/TROPEN), como requisito à
obtenção
do
título
de
Mestre
em
Desenvolvimento e Meio Ambiente. Área de
Concentração: Desenvolvimento do Trópico
Ecotonal do Nordeste. Linha de Pesquisa:
Biodiversidade e Utilização Sustentável dos
Recursos Naturais.
Aprovado em _____ de ________ de 2014.
_________________________________________________
Profa. Dra. Roseli Farias Melo de Barros
Universidade Federal do Piauí (PRODEMA/UFPI/TROPEN)
Orientadora
__________________________________________________
Prof. Dr. Denis Barros de Carvalho
Universidade Federal do Piauí (PRODEMA/UFPI/TROPEN)
Membro-Interno
__________________________________________________
Prof. Dr. Luciano Figueiredo
Universidade Estadual do Piauí/UESPI
Membro-Externo
DEDICO
AO MEU AMOR, PELA GRANDEZA DE SEU CORAÇÃO E NOBREZA DE SUA
ALMA; E AOS FRUTOS DESSE AMOR, COM OS QUAIS APRENDI QUE DEUS NOS
PERMITE AMAR ALGUÉM MAIS DO QUE A NÓS MESMOS.
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no
calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras
sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e
pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial
das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no
espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os
palácios de Jeipar. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais
de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e
certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras
inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio
de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, —
e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com
vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste
mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra
maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a
primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta
ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros
hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo
que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos
passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam
nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos
antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai
tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das
gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam
com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à
obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona
da vida — e efêmera.
Primavera
Cecília Meireles
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ser presença fundamental em minha vida, norteando os meus
caminhos de maneira justa e digna. Por ser o único DEUS de toda a criação, pela
imensidão de Suas obras na construção e permissão da evolução de todas as
espécies e por conceder aos seres humanos um dom que transcende todos os
outros: a possibilidade de conhecê-Lo.
Ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(PRODEMA) e à Universidade Federal do Piauí (UFPI) pela oportunidade de
obtenção desse título e pela seriedade na condução de suas atribuições.
À população da comunidade de Novo Nilo,União pela receptividade e atenção
dispensadas e pelo carinho e presteza com que auxiliaram nas tarefas de campo e
na prestação de informações por ocasião das investigações etnobotânicas, em
especial ao casal João Batista e Rosário Nascimento pela delicadeza e serenidade
em seu acolhimento.
À minha orientadora, professora Roseli Farias Melo de Barros, cujas ações
transcendem ao da sua missão, atrevo-me apenas a parafrasear Isaac Newton “Se
eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes.” É imensa minha
admiração e gratidão.
Aos professores do curso de Mestrado, por todos os ensinamentos e diretrizes que
tanto fizeram diferença ao longo desta caminhada, em nome do Prof. Denis Barros
de Carvalho.
Aos professores José Luis Lopes Araújo, Luciano Figueiredo e Denis Barros de
Carvalho, pela disponibilidade e atenção dispensadas em contribuírem valiosamente
no exame de qualificação e defesa.
Aos colegas de Curso, pela alegria e colaboração com que cada um, à sua maneira,
soube acolher e conduzir os conhecimentos adquiridos para que pudéssemos atingir
nossas metas, representando-os por Ana Keuly Luz, pela sua amizade e companhia
tão suave e tão proxima.
Aos funcionários do Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico
Ecotonal do Nordeste (TROPEN), Maridete Alcobaça e João Batista Araújo pelo
acolhimento e colaboração.
À Família “ETNO” pelo companheirismo e partilha, e aos técnicos e bolsistas do
Herbário Graziela Barroso (TEPB), pela colaboração prestada.
À Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Piauí (SEDUC), pela confiança
depositada e pela concessão de dispensa das atividades escolares.
À minha família, em especial minha mãe, Rosa Melo, que mesmo sem estudos
acadêmicos, sempre me ensinou o valor da educação e a noção necessária à
retidão de conduta. E aos meus irmãos pelo carinho com que sempre me afagaram
e pela confiança que sempre em mim depositaram em especial à minha irmã Maria
Antonia Ferreira de Melo, pela demonstração de amor pela vida, a eles acrescento e
estendo meus agradecimentos ao Francisco Oliveira da Silva (Chiquim) pela
dedicação e companheirismo.
A meu marido, Raimundo Batista, pelo seu amor e dedicação, pela companhia e
incentivo constantes, sem o qual seria, por certo, impossível essa conquista. Aos
meus filhos, Igor Ramon, Letícia e Ian Gabriel, sem os quais se esvaziariam as
razões pelas quais me dedico a buscar sempre novas conquistas, agradeço pela
compreensão de tantos momentos de ausência, pelo carinho e amor incessantes.
Aos meus sobrinhos, por somarem motivos de alegrias e bem-viver, em especial à
sobrinha e afilhada Rosa Carolinne de Melo Borges, pela ajuda e companheirismo
dispensados em tantos momentos.
À família Batista, pelo acolhimento, incentivo e alegria constante.
Aos amigos, que guardam em mim um lugar de destaque e que em diversos
momentos significaram uma forte razão para eu continuar em linha reta, em especial
à Kelly Polliana Santos pela bondade de coração e total disponibilidade em
momentos decisivos. A vocês destaco Mário Quintana ao afirmar que “A amizade é
um amor que nunca morre”.
À Pastoral da Juventude da Paróquia de nossa Senhora de Fátima, em especial aos
grupos DAVI e EDENN, pelos momentos de oração e por vezes a confirmação de
que somente Nele devemos depositar nossa confiança.
Aos diretores do Instituto Dom Barreto e da Escola Santa Helena pela compreensão,
apoio e tolerância dispensados.
Aos colegas de trabalho, que tantas vezes cuidaram para que não desanimássemos,
em especial à Fátima Paixão e Thamilla Pitombeira pela ajuda significativa em
tantas situações por demais importantes.
Aos meus alunos, pelo carinho e entusiasmo com que participaram dos momentos
de vitória, fortalecendo sempre a certeza da profissão escolhida.
Diante de tantas pessoas a agradecer, não sinto-me confortável em destacar as
dificuldades, seria irrisório. No entanto, finalizo esses agradecimentos com a certeza
de que durante a caminhada é preciso ter a sensibilidade de perceber o bem e o
belo, por isso destaco Cora Coralina "Eu sou aquela mulher que fez a escalada da
montanha da vida removendo pedras e plantando flores".
RESUMO
Na comunidade Novo Nilo evidencia-se uma importância cultural de sobrevivência
através do uso sustentável dos recursos naturais. Assim, propõe-se um estudo com
a comunidade, visando conhecer e registrar o modo de uso e diversidade dos
recursos vegetais locais e as práticas culturais e a realidade socioeconômica da
comunidade. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da UFPI e
foram coletados antes do início das entrevistas o aceite dos sujeitos envolvidos
através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para
seleção dos entrevistados foi utilizada a técnica da bola de neve. As turnês-guiadas
foram realizadas visando obtenção das espécies citadas. A coleta do material
botânico foi georeferenciada e após processamento, incorporado ao acervo do
Herbário Graziela Barroso (TEPB) da Universidade Federal do Piauí. Os dados
quantitativos foram definidos através dos cálculos do Valor de Uso e Fator de
Consenso dos Informantes. As coletas de dados foram realizadas quinzenalmente
entre os meses de março/12 e maio/13, com o auxílio de formulário padronizado a
202 pessoas, perfazendo 54,4% do universo amostral, distribuídas nas faixas etárias
definidas pelo IBGE. Após estes registros os dados foram tabulados e analisadas
por meio de estatística descritiva básica. As coletas referentes às práticas culturais e
religiosas aconteceram por meio de observação, anotação e registro fotográfico.
Catalogou-se 150 espécies, distribuídas nas seguintes categorias de uso: medicinal,
alimentação humana, construção, produção de energia, forrageira, artesanal,
místico-religiosa e ornamental. A categoria de uso com maior destaque em número
de citações foi a medicinal, dentre estas, a espécie mais citada foi erva-cidreira
(Lippia Alba (Mill.) N. E. Br.) e a espécie que apresentou maior valor de uso foi o
babaçu (Attalea speciosa Mart. Ex Spreng.) com VU=3,63. As atividades econômicas
distribuem-se principalmente em prática de agricultura de subsistência, a atividade
de pesca e o extrativismo vegetal, com aproveitamento do babaçu (Attalea speciosa
Mart. Ex Spreng.) e da carnaúba (Copernicia prunifera (Mill.) H.E. Moore). Os
resultados indicam que os moradores entrevistados apresentam baixos índices
educacionais, com 31% deles sem escolaridade. Apresentam alta religiosidade,
onde 81% declararam o catolicismo como sua religião. Apresentam ainda, sérios
problemas de assistência médica e total ausência de saneamento básico. O saber
popular deve ser valorizado e evidenciado na contribuição da construção do
conhecimento científico.
Palavras chaves: Etnobotânica, Recursos Vegetais, Sustentabilidade,
Aplicabilidade.
ABSTRACT
In the Novo Nilo community is evident importance of cultural survival through
sustainable use of natural resources. Thus, a study of the community is proposed,
seeking to learn and register cultural practices, socio-economic reality of the
community, the use and diversity of local plant resources. The project was submitted
to the Ethics Committee and Research UFPI and acceptance of the involved subjects
were collected before the start of the interviews by signing the Informed Consent
Form (ICF). For the selection of interviewees the snowball technique was used.
Guided tours were conducted to obtain the species cited. Botanical sample collection
was georeferenced and after processing, embedded in the collection of the
Herbarium Graziela Barroso (TEPB), Federal University of Piauí. Quantitative data
were defined by calculating the value and use of Informant Consensus Factor. The
data collections were carried out fortnightly between the months of March/12 maio/13
and, with the aid of a standardized form to 202 people, making up 54.4% of the
sample universe, distributed in the age groups defined by IBGE. After these records
the data were tabulated and analyzed using basic descriptive statistics. The
collections relating to cultural and religious practices occurred through observation,
annotation and photographic record. 150 species have been cataloged, distributed in
the following use categories: medicinal, food, construction, energy production,
forage, craft, mystic-religious and ornamental. The use category most notably in the
number of citations was medicinal, among these, the most cited species was
lemongrass (Lippia alba (Mill.) N.E. Br) and the species with the highest value in use
was the babassu (Attalea speciosa Mart . ex Spreng.) with VU = 3.63. The economic
activities are distributed mainly on subsistence agriculture, fishing activity and plant
extraction with use of babassu (Attalea speciosa Mart. Ex Spreng.) and carnauba
(Copernicia prunifera (Mill.) H.E. Moore). The results indicate that the villagers
interviewed have low educational levels, with 31% of them uneducated. They have
high religiosity, where 81% self-declared Catholicism as their religion. They present
serious problems of health care and total lack of sanitation yet. Popular knowledge
should be valued and highlighted the contribution of the construction of scientific
knowledge.
Key words: Ethnobotany, Plant Resources, Sustainability, Applicability.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1: Atividades socioeconômicas desenvolvidas com extrativismo das
espécies babaçu (Attalea speciosa Mart. Ex Spreng), carnaúba (Copernicia
prunifera (Mill.) H. E. Moore) e tucum (Astrocaryum vulgare Mart.) na
comunidade Novo Nilo, União/PI – Brasil
...........................
29
FIGURA 2: Processo de produção de uma vassoura manufaturada de (A.
speciosa Mart. Ex Spreng) na comunidade Novo Nilo, União/PI ...................
30
FIGURA 3: Localização da Comunidade Novo Nilo, União, Piauí - Brasil ......
45
ARTIGO 1
CONHECIMENTO TRADICIONAL NUMA COMUNIDADE RURAL DO NORDESTE
BRASILEIRO
FIGURA 1 – Localização da Comunidade Novo Nilo, União, Piauí/Brasi .......
62
FIGURA 2 – Famílias botânicas mais representativas em número de
espécies na comunidade Novo Nilo, União, Piauí ........................................
65
FIGURA 3 – Número de espécies botânicas indicadas por categoria de uso
na comunidade Novo Nilo, União, Piauí .........................................................
76
ARTIGO 2
SOCIEDADE E CULTURA: O CASO DA COMUNIDADE RURAL NOVO NILO,
UNIÃO, PIAUÍ/BRASIL
FIGURA 1: – Localização da comunidade Novo Nilo, União, Piauí/Brasil .....
102
FIGURA 2: Faixa etária dos entrevistados na comunidade Novo Nilo, União/PI
........................................................................................................
104
FIGURA 3: Distribuição da comunidade Novo Nilo, União/Piauí por
escolaridade ..................................................................................................
FIGURA 4: Distribuição da população da comunidade Novo Nilo, União/Piauí
105
em relação à Religiosidade ............................................................................
108
FIGURA 5: Distribuição da população da comunidade Novo Nilo, União/Piauí
em relação à Religiosidade ............................................................................
109
LISTA DE TABELAS
Artigo 01
Tabela 1 – Lista das espécies utilizadas na Comunidade Novo Nilo,União,PI ... 66
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
CDB
Convenção sobre a Diversidade Biológica
CEPRO
Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do
Piauí
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
CPRM
Companhia de Pesquisas em Recursos Minerais
OMS
Organização Mundial da Saúde
PNPB
Programa Nacional de Produção e Uso de Biodísel
PSF
Programa Saúde da Família
RESEX
Reservas Extrativistas
SNUC
Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.
..................................................................................
16
2 REVISÃO DE LITERATURA .. ...............................................................
20
2.1 Comunidades Rurais .. ........................................................................
20
2.1.1 Saber popular em comunidades rurais .............................................
22
2 .2 Atividades socioeconômicas e culturais associadas à conservação da
biodiversidade.............................................................................................
23
2.2.1 Extrativismo vegetal ...........................................................................
23
2.2.1.1 Babaçu (Attalea speciosa Mart. Ex Spreng.) ..................................
24
2.2.1.2 Carnaúba (Copernicia prunifera (Mill.) H.E. Moore) ........................
26
2.3 Etnobotânica ..........................................................................................
31
2.3.1 Etnobotânica em Comunidades Rurais. ..............................................
32
3 PERFIL HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DA COMUNIDADE DE NOVO
NILO ..........................................................................................................
43
REFERÊNCIAS.............................................................................................
48
5 ARTIGOS ...................................................................................................
58
5.1 CONHECIMENTO TRADICIONAL NUMA COMUNIDADE RURAL DO
NORDESTE BRASILEIRO
58
5.2 SOCIEDADE E CULTURA: O CASO DA COMUNIDADE RURAL NOVO
NILO,UNIÃO, PIAUÍ/BRASIL. ...................................................................
96
6 CONCLUSÕES GERAIS ...........................................................................
122
APÊNDICES
124
............................................................................................
APÊNDICE A – Espécies usadas em diversas categorias de uso na
comunidade rural Novo Nilo, União, Piauí/Brasil ............................................
125
APÊNDICE B – Aspectos socioeconômicos e culturais da Comunidade
Novo Nilo, União/Piauí – Brasil .....................................................................
126
APÊNDICE C – Aspectos socioeconômicas, culturais e religiosas da
Comunidade Novo Nilo, União, Piauí/Brasil .................................................
127
APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ....................
128
APÊNDICE E – Formulário de entrevista .....................................................
131
ANEXOS .......................................................................................................
137
ANEXO A – Normas da Revista Brasileira de Biociências ...........................
138
ANEXO B – Normas da Revista Gaia Scientia .............................................
145
16
1 INTRODUÇÃO
A biodiversidade, segundo a Convenção sobre a Diversidade Biológica
(CDB), elaborada na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, significa a variabilidade de
organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os
ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos, pelo seu
material genético e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo
ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. Ou seja,
o conceito de biodiversidade representa a diversidade de vida existente no planeta
(BARBIERI, 1998).
O Brasil é um país de dimensões continentais com aproximadamente
8.500.000 km², possuindo cerca de 13% de toda a biota do planeta, segundo as
estimativas mais conservadoras (BRANDON et al., 2005; LEWINSOHN e PRADO,
2005). Juntamente coma Indonésia, pode ser considerado o país mais rico do
mundo em biodiversidade (MITTERMEIER et al., 2005).
Para Joly (2010), a biodiversidade resulta de milhões de anos de
evolução biológica e é o componente do sistema de suporte à vida de nosso planeta.
Além do valor intrínseco de cada espécie, as interações entre estas e delas com o
meio físico-químico, resultam em serviços ecossistêmicos imprescindíveis para
manter a vida na Terra. Sendo assim, a ciência da biodiversidade é amplamente
reconhecida como área prioritária de investigação científica, tanto nos países
desenvolvidos, como naqueles em desenvolvimento.
Apesar disso e do conhecimento de que toda essa biodiversidade vem
sendo utilizada ao longo do tempo e que tem sido essencial para o desenvolvimento
econômico, social e cultural das sociedades humanas no curso da história, as
discussões realizadas diante dessa realidade são voltadas essencialmente para os
vastos impactos negativos das ações humanas sobre essas riquezas e das
alterações e desequilíbrios provocados pelas sociedades industrializadas, que são
inegáveis. No entanto, em escala muito menor se tem discutido e estudado sobre o
modo como as populações rurais utilizam, conservam e mantém essa biodiversidade
(PRANCE, 1991).
Para Hanazaki, Mazzeo e Souza (2006), as discussões sobre
conservação biológica devem ir além das questões tradicionais, considerando
17
também toda a vasta quantidade de moradores de áreas rurais, visto que o
conhecimento local pode agregar importantes informações para a conservação
biológica, incluindo os aspectos ecológicos, econômicos, históricos e simbólicos, que
são valores culturais que devem ser internalizados, além dos valores relacionados à
utilização direta da biodiversidade.
O saber que as comunidades tradicionais e rurais possuem sobre o meio
ambiente, tem sido objeto de estudos de algumas áreas das ciências. Entre as
ciencias que mais tem contribuído para o estudo desse conhecimento, está a
Etnociência que estuda o comportamento das populações humanas sobre os
processos biológicos, tentando descobrir o conhecimento humano acerca do mundo
natural, as taxonomias e classificações populares (DIEGUES,1998).
Entre as Etnociências, está a Etnobiologia, que segundo Posey (1987, p.
15),
é
essencialmente
o
estudo
do
conhecimento
e
das
conceituações
desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito da Biologia. “Em outras palavras, é
o estudo do papel da natureza no sistema de crenças e de adaptação do homem a
determinados ambientes”.
Para Toledo (1992), a Etnobiologia é um campo interdisciplinar em que se
trabalha com as interações entre os seres humanos e os componentes vegetais,
animais e microbiológicos do seu ambiente. Portanto, as pesquisas etnobiológicas
podem conduzir à lógica que perpassa os pensamentos e atitudes desses povos.
A Etnobiologiaapresenta vários campos que podem ser definidos, partindo
da visão compartimentada da ciência sobre o mundo natural, tais como a
Etnozoologia, Etnobotânica, Etnoecologia, Etnoentomologia, Etnofarmacologia, entre
outras (POSEY, 1992).
A Etnobotânica surge como uma ciência que oportuniza o entendimento
do modo de vida, dos códigos e costumes que permeiam as relações entre o homem
e a natureza, abordando os aspectos ecológicos como a biodiversidade, o manejo e
valor da flora, fornecendo dados que contribuam para a elaboração de estratégias
de desenvolvimento sustentável (ALBUQUERQUE, 2000).
Posey (1990) destaca que os etnobotânicos necessitam de uma visão
interdisciplinar, de forma que todos os fenômenos sejam analisados em seu conjunto
e de forma sistêmica e complexa. Desse modo, estudos nessa perspectiva não
podem estar ausentes nas discussões sobre meio ambiente.
18
Segundo Prance (1991), as comunidades rurais apresentam um
conhecimento amplo da vegetação, do uso de plantas e do manejo, em algumas
instâncias, do meio ambiente em que vivem. Porém, esse é um dos aspectos menos
estudados pelos etnobotânicos.
Na comunidade rural Novo Nilo evidencia-se uma importância cultural de
sobrevivência através do uso dos recursos naturais. Diante disso, propõe-se um
estudo com essa comunidade, buscando o conhecimento etnobotânico e culturais,
além de levantar a realidade socioeconômica da comunidade como forma de
preservar e valorizar a biodiversidade e a cultura tradicional da área, tentando
resgatar o conhecimento popular, seus saberes e suas crenças, pois para Robbins,
Harrington e Marreco, (1916 apud Clement, 1998) o mérito da Etnobotânica não está
em reunir um conjunto de plantas, nomeá-las, identificá-las e agrupá-las em
diferentes categorias, e sim em fornecer mais informações, penetrando mais
profundamente no coração e na vida das pessoas.
Este estudo investigou a seguinte problemática: Qual o conhecimento que
a comunidade rural Novo Nilo/União tem sobre a flora local e como esse
conhecimento está sendo repassado? Apresentando como objetivo geral analisar o
conhecimento etnobotânico da comunidade rural Novo Nilo no município de União,
visando conhecer e registrar o modo de uso e diversidade dos recursos vegetais
locais. Os objetivos específicos foram norteados no sentido de Identificar as
espécies botânicas utilizadas pela população dessa comunidade e suas devidas
aplicabilidades distribuindo-as em categorias de uso; Levantar quais espécies da
flora citadas pela comunidade são utilizadas na geração de renda; Apontar se e de
que forma o saber popular sobre a flora local está sendo repassado por gênero e
faixa etária, Levantar o perfil socioeconômico e cultural da comunidade e Observar
as formas de extrativismo realizado.
O presente trabalho foi estruturado em duas partes: a primeira
correspondeàs informações gerais organizadas em tópicos de Introdução, Revisão
de Literatura, Perfil histórico e geográfico da comunidade e Referências. A segunda
parte segue-se em forma de Artigos Científicos, o primeiro a ser submetido à Revista
Brasileira de Biociências, intitulado CONHECIMENTO TRADICIONAL NUMA
COMUNIDADE RURAL DO NORDESTE BRASILEIRO e o segundo a ser submetido
à Revista GAIA SCIENTIA com o título SOCIEDADE E CULTURA: O CASO DA
19
COMUNIDADE RURAL NOVO NILO. Ambos com organização baseada em normas
específicas dessas.
20
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Comunidades rurais
Kayser (1990) define o espaço rural como um modo particular de
utilização do espaço e de vida social que apresenta uma quantidade relativamente
baixa no número de habitantes e de construções, com paisagens de cobertura
predominantemente vegetal; uso econômico dominante agro-silvo-pastoril; forma de
vida dos habitantes caracterizada pelo pertencimento a coletividade de tamanho
limitado e por sua relação particular com o espaço e identidade e representação
específica, fortemente relacionada à cultura camponesa.
As comunidades rurais possuem um gigantesco conhecimento sobre a
natureza e uma rica cultura que vem sendo adquirida e repassada ao longo de
várias gerações. De acordo com Albuquerque e Andrade (2002), estes povos
possuem um vasto conhecimento e uma maneira diferente de usá-la e manejá-la,
com sistemas próprios de manejo, ou seja, utilizam os recursos que a natureza os
oferece de forma sustentável já que sua sobrevivência depende diretamente dela,
suprindo suas necessidades com um prejuízo ambiental mínimo. No entanto, para
Souza e Sanchez (2009) muitas vezes, todas essas informações são de total
desconhecimento para os cientistas e para a maioria da população urbana, sendo de
grande valia para se desenvolver medidas sustentáveis a partir de tais saberes,
principalmente em se tratando do caos ambiental em que se vive nos dias atuais.
Por outro lado, Marques (2002) afirma que o espaço rural tem passado
recentemente por um conjunto de mudanças com significativo impacto sobre suas
funções e conteúdo social, o que tem levado ao surgimento de uma série de estudos
e pesquisas sobre o tema em vários países do mundo. Nesse sentido, é necessário
um resgate da sabedoria popular, pois para Albuquerque (1999; 2005) a acumulação
de informações sobre o uso de recursos naturais por populações tradicionais, tem
oferecido aos cientistas modelos de uso sustentável, baseados no argumento de
que essas populações sabem usar e conservar os recursos biológicos.
Desta
forma,
os
quatro
elementos-chave
que
configuram
a
sustentabilidade (economia, cultura, sociedade e meio ambiente) devem envolver o
21
saber popular, sobretudo nas comunidades rurais. Já que para Vezzani (2008), o
termo rural, sob a ótica da sociedade atual, deve aglutinar os aspectos
socioculturais, econômicos, demográficos e físicos, entendendo-se por rural os
lugares apartados dos núcleos urbanos e centros industriais, caracterizados pela
baixa densidade demográfica que conservem os entornos naturais, e que, ao
mesmo tempo, mantenham vivas suas tradições sociais e culturais.
Segundo Marques (2002), o projeto de desenvolvimento rural adotado
ao longo de décadas no país tem como principal objetivo a expansão e consolidação
do agronegócio, tendo alcançado resultados positivos, sobretudo em relação ao
aumento da produtividade e à geração de divisas para o país via exportação.
No
entanto, o autor infere que esta opção tem implicado custos sociais e ambientais
crescentes devendo se elaborar uma estratégia de desenvolvimento para o campo
que priorize as oportunidades de desenvolvimento social e não se restrinja a uma
perspectiva estritamente econômica e setorial.
Hespanhol (2007) afirma que, para que haja o desenvolvimento do campo
é fundamental que o poder público atue efetivamente na zona rural de forma que
assegure o acesso dessa população aos serviços básicos, estimulando o
desenvolvimento sustentável das atividades econômicas desenvolvidas nesse setor,
especialmente a agropecuária, além de outras atividades que possibilitem um maior
crescimento econômico e melhoria da qualidade de vida de seus habitantes, sem
que isso leve a um aculturamento, e sim o resgate dos valores culturais por parte
daqueles que a vivenciam.
Portanto, partindo-se do exposto, percebe-se que as comunidades rurais
carecem de medidas estratégicas que permitam a permanência da população em
seus locais de moradia, impulsionando-os a um conjunto de atividades que gerem
novas ocupações que propiciem maior nível de renda às pessoas, garantindo ainda
a manutenção dos aspectos culturais, que na maioria das vezes é transmitido
oralmente, de geração a geração e, portanto, pode-se perder de maneira fácil e
rápida.
22
2.1.1 Saber popular em comunidades rurais
O saber popular ou ciência popular são os múltiplos conhecimentos
produzidos por homens e mulheres, que são obtidos a partir de observações,
formulação de hipóteses e generalização e de modo solidário (CHASSOT, 2000;
2003). No entanto, Villoro (1982), concebe esse conhecimento como sabedoria e
destaca que ambos constituem-se em modelos ideais e dominantes de conhecer a
realidade. Toledo e Barreras-Bassols (2008) complementam afirmando que a
diferença entre ambos reside no fato de que o conhecimento se adquire através da
capacitação e profissionalização e a sabedoria se adquire através da experiência
cotidiana, da forma de viver e de ver as coisas. Acrescentam que a sabedoria é
como um testemunho que se enraíza na experiência pessoal e direta com o mundo,
de maneira que a sua transmissão, ao contrário do conhecimento, que se transmite
de forma simples e concreta, se concebe de forma complexa preservando a riqueza e
a multiplicidade de significados, aspirando a profundidade e o detalhe que a
particulariza.
Resgatar o saber de um povo é procurar conhecer sua identidade, que
deverá ser preservada mediante o registro de relatos, pela sua memória, pois essa,
como destaca Pollak (1992,p.204), é o elemento constituinte de identidade, tanto
individual como coletiva, visto que ela é também fator extremamente importante do
sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua
reconstrução. Para Halbwachs (2004) a memória coletiva é o processo social de
reconstrução do passado vivido e experimentado por um determinado grupo,
comunidade ou sociedade.
Reconhecendo a importância desse passado, a Legislação Constitucional
Brasileira de 1988, assim como a de vários países de formação pluriética, destaca o
direito
ao
território
tradicional,
à
sociobiodiversidade,
ao
meio
ambiente
ecologicamente equilibrado, à biodiversidade, à diferença cultural e ao patrimônio
cultural. Visto que, é através da transmissão e das trocas dos saberes e
conhecimentos que as visões de mundo são construídas, instituições perpetuadas,
práticas habituais estabelecidas e papéis sociais definidos. Desta maneira, o saber
local e sua transmissão moldam a sociedade e a cultura, podendo gerar base
importante de manejo ambiental local (RUDDLE, 2000).
Para Geertz (1997),
23
entende-se por saber local aquele dotado de um corpus formado por atributos
valorativos e provido de caráter sistemático de transmissão cultural.
Portanto, entendendo-se cultura como um conjunto de ideias, hábitos e
crenças que dá forma às ações das pessoas e à sua produção de artefatos materiais,
incluindo paisagem e ambiente construído (McDOWEL, 1996, p. 161), percebe-se a
importância desse resgate nas comunidades rurais, valorizando a transmissão de
crenças e técnicas de uma geração para outra.
Na busca desse saber é importante valorizar não apenas as técnicas, mas
conhecer o patrimônio intangível, pois
Nessa nova categoria estão lugares, festas, religiões, formas de
medicina popular, música, dança, culinária, técnica, etc. Como sugere o próprio
termo, a ênfase recai menos nos aspectos materiais e mais nos aspectos ideais
e valorativos dessas formas de vida. Diferentemente das concepções
tradicionais, não se propõe o tombamento dos bens listados nesse patrimônio.
A proposta é no sentido de "registrar" essas práticas e representações e de
fazer um acompanhamento para verificar a permanência e suas
transformações (GONÇALVES, 2003, p.24).
Souza (2007, p. 103) destaca que as culturas e os saberes desenvolvidos
de modo tradicional pelos homens podem contribuir para a manutenção da
biodiversidade dos ecossistemas, conciliando suas práticas e seu conhecimento
sobre o ambiente para fins de conservação.
Pelo exposto, e considerando que as comunidades detêm uma identidade
própria, é de fundamental importância realizar o inventário dos seus conhecimentos,
usos e práticas, visto que, estas são depositárias de parte considerável do saber
sobre a diversidade atualmente conhecida e carregam em si um patrimônio cultural
inigualável.
2.2 Atividades socioeconômicas e culturais associadas à conservação da
biodiversidade
2.2.1 Extrativismo vegetal
O extrativismo é definido por Rêgo (2006, p. 3) como “a atividade de
coleta de recursos naturais para obter produtos minerais, animais ou vegetais”.
24
Caracterizando-se como a forma mais antiga das atividades humanas, como
destaca Hironaka (2000) “no início dos tempos, certamente, os povos se mantiveram
graças a essa prática, acompanhando o ritmo da natureza”.
No entanto, tal atividade apresenta-se, muitas vezes, como opção
inviável para o desenvolvimento de alguns territórios nacionais. Fato verificado em
decorrência do processo histórico de degradação dos recursos naturais ocorrido em
todo o mundo, sobretudo em países como o Brasil, onde se presenciou um intenso
processo de destruição dos recursos naturais a partir de práticas extrativas sem
manejo.
Drummond (1996) salienta que a coleta de produtos vegetais configura
como um dos três exemplos de clássicas atividades extrativas de baixa tecnologia,
as quais sustentaram várias sociedades humanas por milhares de anos. Nesse
sentido, essa técnica não pode ser analisada somente pelo seu valor econômico,
mas principalmente pela importância social e ambiental que tem desempenhado ao
longo da história da humanidade.
Carvalho (2004) destaca que para agricultores familiares, por exemplo,
cuja lógica da diversificação das estratégias produtivas e comerciais é mais
vantajosa, o aproveitamento dos recursos naturais entrepõe-se como atividade
complementar viável, tanto para o autoconsumo, quanto para a geração de renda.
2.2.1.1 Babaçu (Attalea speciosa Mart. Ex Spreng.)
Palmeira brasileira, o babaçu, apresenta caule solitário, colunar, de 10-30
m de altura e 30-60 cm de diâmetro (LORENZI, 2004). Suas folhas podem chegar
até 8 m de comprimento (SANTOS,1979). Os frutos apresentam três partes bem
distintas: epicarpo (camada mais externa e bastante rija), mesocarpo (rico em
amido) e endocarpo (rijo), contendo de 3 a 4 amêndoas (VIVACQUA FILHO, 1967
apud TEIXEIRA, 2002).
Santos (1979) afirma que, “o babaçu é uma planta nativa do Brasil”,
disseminada por quase todo o interior do país, desde o estado do Amazonas até o
estado de São Paulo. No entanto, Lorenzi (2004) assegura que é no Nordeste
brasileiro, sobretudo nos estados do Maranhão e Piauí, onde se localizam suas
principais ocorrências.
25
No início do século XX era conhecido e valorizado apenas pelos
produtores que residiam nas comunidades rurais do território brasileiro, porém, de
acordo com Queiroz (2006), entre os anos de 1911 a 1916 ocorreram as primeiras
exportações para a Alemanha, em função da escassez de óleos vegetais no
mercado internacional, durante a Primeira Guerra Mundial.
Entre as décadas de 60 e 80 constitui-se o ápice da economia baseada
na extração babaçueira. De acordo com Teixeira (2003), nos estados nordestinos
estabeleceram–se indústrias de extração de óleo láurico para exportação para
outros Estados brasileiros, atendendo uma demanda, tanto no setor alimentício,
quanto na indústria de cosméticos. No final da década de 1940, o Piauí apresentou
na produção extrativa do babaçu um percentual de 19,2% da produção brasileira e,
em 1947, apresentou um percentual de 42,6% da produção nordestina, como afirma
Mendes (2003). E em 1977, a produção atingiu 19.284 t conforme Carvalho (2007).
Porém, de acordo com Silva (2011), sua participação, no cenário nacional, vem
diminuindo significativamente. Tal declínio ocorreu devido a vários fatores, sobretudo
com a introdução e crescimento da produção da soja.
No entanto, apesar do declínio comercial, é inegável a importância desse
recurso para muitas comunidades, de maneira que os moradores das áreas rurais
próximas a babaçuais desde as populações indígenas, até as populações atuais,
fazem uso de todos os seus elementos: folhas para cobertura de casas, tronco para
construções, fruto para fornecimento de amido, óleo e lenha (VIVACQUA FILHO,
1967 apud TEIXEIRA, 2002). Para Teixeira (2002) e Souza et al. (2009) esta
palmácea foi utilizada de forma secular no território brasileiro, como uma fonte de
alimentos, material para construção de casas e fonte de energia.
Além dessas utilidades, merecem destaque ainda outros setores, como:
industriais - na fabricação de cosméticos, obtenção de óleo comestível, margarinas,
saboarias, velas, carvão, etanol, furfural, ácido acético, metanol, alcatrão, celulose,
papel e álcool anidro (MIRANDA, 2001); artesanatos para confecção de esteiras,
abanos, cofos (cestos), chapéus, peneiras e outros objetos (PARENTE, 2003) e na
etnofarmacologia - com o uso de produtos para o tratamento da gastrite e úlcera faz
parte do conhecimento popular acumulado ao longo dos séculos (ANDRADE, 1986).
Silva e Parente (2001) demonstraram atividades anti-inflamatórias e Souza et al.
(2010) mostra que, em estudos recentes 68% das quebradeiras de coco usam
produtos derivados do babaçu para combater doenças.
26
Não obstante a todas essas potencialidades, conforme Afonso (2008) o
babaçu apresenta um potencial promissor devido ainda, ao crescente uso de
biodiesel no mundo inteiro. No Brasil, foi aprovado pelo governo federal em 2004, o
Programa Nacional de Produção e Uso de Biodíesel (PNPB), que tem como objetivo
a implementação de forma sustentável da produção de biodiesel. Aliado a isso foi
aprovada também em 13 de janeiro de 2005, a lei 11.097 que estabelece a
obrigatoriedade da adição de um percentual de biodiesel nos combustíveis em todo
país, o que certamente aumentará a demanda por óleos vegetais.
2.2.1.2 Carnaúba (Copernicia prunifera (Mill.) H.E.Moore)
A carnaúba é uma palmeira que atinge 10 a15 metros de altura e 15 a 25
cm de diâmetro (HENDERSON et al., 1995). Apresenta folhas longas pecioladas,
dispostas no alto da palmeira que se abrem em limbo orbicular ou suborbicular, de
cor verde-azuladas e amplas, revestidas externamente por uma cobertura cerífera
(BRAGA, 2001). Conforme Carvalho (1982), as flores são extremamente pequenas,
campanuladas, dispostas em espádice, paniculada, até 2 m de comprimento,
protegidas por espata tubulosa, seca, membranácea. Apresenta fruto em forma de
uma baga arredondada em torno de dois centímetros de comprimento, glabra,
esverdeada, passando a roxo-escura ou quase preta na maturação, contendo as
seguintes estruturas: epicarpo, mesocarpo (carnoso e fibroso) e endocarpo,
ligeiramente fino, lignificado, formato ovóide, impermeável e de cor marrom, que
envolve o albúmen branco de sabor adocicado e adstringente (BAYAMA, 1958).
Kitz (1958), afirma que a semente de carnaúba apresenta dormência do
tipo mecânica, e as raízes são compridas, finas, pardacento-avermelhadas por fora,
acinzentadas e ligeiramente fibrosas por dentro. Para Gomes (1945) e Pinheiro
(1986), a propagação da carnaubeira é feita, principalmente, em seu habitat natural
por via sexuada, ou seja, através das sementes.
A carnaubeira é uma espécie nativa do Brasil, encontrada especialmente
no semiárido do Nordeste brasileiro. Os estados do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio
Grande do Norte são seus maiores produtores. No Piauí, as principais cidades de
ocorrência de carnaubais são: Campo Maior, Piripiri, Piracuruca, Picos, Pedro II e
Parnaíba (IBGE, 2011). Tendo constituído seu auge na economia piauiense durante
a primeira metade do século XX (QUEIROZ, 1993), foi durante a primeira guerra
27
mundial, entre 1914 e 1918, que seu preço subiu vertiginosamente, ficando
conhecido nessa época como ouro verde (TAVARES, 2003), sendo o Piauí
responsável por aproximadamente 53% da produção brasileira no ano de 2006.
A carnaubeira além de apresentar-se com notável importância para o
equilíbrio da biodiversidade na sua região de ocorrência (d`ALVA, 2004), apresentase como forte alternativa socioeconômica, pois tem papel fundamental no sustento
de milhares de famílias que dependem do seu extrativismo, em função de suas
variadas aplicações, tornando-se uma importante alternativa na composição da
renda familiar das comunidades rurais. Em decorrência disso, recebeu variadas
denominações como "árvore da vida”, designação dada pelo naturalista Humboldt,
“ouro verde” (TAVARES, 2003) “árvore da providência" (BEZERRA, 2005), e “boi
vegetal” (RIBEIRO, 2007).
De acordo com Alves e Coelho (2006), a carnaubeira vem sendo
amplamente utilizada no paisagismo das cidades nordestinas (praças e jardins) e na
arborização urbana. No setor da construção civil, são utilizados o caule e as folhas.
Estas últimas também aproveitadas para fins artesanais, na confecção de tarrafas,
escovas, cordas, chapéus, bolsas, vassouras, redes e esteiras. Utilizada, ainda,
como adubo orgânico quando adicionado ao solo para produção de mudas,
melhorando a estrutura e a fertilidade do solo (ALVES; COÊLHO, 2006), na indústria
de papel (CARVALHO, 1982) e de variados produtos industriais como graxas para
sapatos, cera para assoalho, discos, cera polidora para móveis, pisos e carro,
vernizes, filmes fotográficos, adesivos, embalagens plásticas, cápsulas de
medicamentos, papel carbono, giz de cera, cola, tintas, esmaltes, batons, chipes
para uso na informática, goma de mascar, doce, refrigerantes, dentre outros
(RIBEIRO, 2007).
Destaca-se ainda, a área da nutrição, pois os frutos são utilizados tanto
na alimentação animal como humana, a área medicinal, com utilização por indígenas
e caboclos tanto para a cura de feridas, tratamento de úlceras, erupções cutâneas e
manifestações secundárias da sífilis, quanto no tratamento do reumatismo e
artritismo (Carvalho, 1982), e em estudos realizados recentemente por Ayres et al.
(2008), foi investigada a atividade antibacteriana de extratos etanólicos dessa
palmácea, obtendo-se resultados promissores no controle de bactérias, incluindo
espécies multidrogas resistentes.
28
De acordo com Bezerra (2005), a carnaúba tem importante valor social no
cenário nordestino, pois se estima que mais de 200 mil trabalhadores rurais estejam
envolvidos economicamente com a extração de cera durante o segundo semestre do
ano, época na qual a ausência de chuvas inviabiliza as atividades agrícolas e as
fontes de renda são mais escassas. E apenas para o Piauí, a cadeia produtiva da
carnaúba gera ocupação para mais de 50 mil famílias de baixa renda (LIRA, 2004).
29
FIGURA 1: Atividades socioeconômicas desenvolvidas com extrativismo das espécies
babaçu, carnaúba e tucum na comunidade Novo Nilo, União/PI - Brasil: A. Carnaubal; B.
Babaçual; C. Tucum; D. Extração da fibra de carnaúba (Copernicia prunifera (Mill.) H. E.
Moore); E, F, G, H e I. Produção artesanal; J. Cerca de talo e cobertura de palha de
babaçu (Attalea speciosa Mart. ex Spreng); K. Cofo de palha de babaçu; L. Fruto do
babaçu para extração de leite e azeite.
30
FIGURA 2: Etapas da produção de uma vassoura manufaturada de babaçu (Attalea
speciosa Mart. ex Spreng) da comunidade Novo Nilo, União/PI: A. Palmeira Babçu;
B, C – Extração da palhal; D, E e F - Secagem. G, H, I e J – Produção final; K e L –
Vassoura pronta.
31
2.3 Etnobotânica
De acordo com Sampaio e Gamarra Rojas (2002) durante toda sua
história, a humanidade tem buscado nas espécies vegetais os recursos necessários
à sua sobrevivência, desenvolvendo práticas e técnicas cada vez mais sofisticadas
para a manipulação desses recursos. A obtenção destes métodos de uso e
aproveitamento desses recursos florestais realizados por essas pessoas, e
repassadas durante várias gerações, tem despertado o interesse da comunidade
científica em conhecê-los.
Diante disso, surge no final do século XIX, como uma combinação da
Botânica com a Antropologia, a Etnobotânica, que faz, segundo Davis (1995) não
apenas as interações entre populações humanas e os recursos vegetais, mas está
presente em quase toda a história evolutiva do homem, defendendo que a partir
dessa perspectiva, a Etnobotânica contemporânea procura agregar conhecimentos
nas áreas de uso e manejo de plantas, agroflorestas e manejo das paisagens,
antropologia cognitiva, domesticação de plantas, interpretações iconográficas,
aspectos simbólicos de preparações psicoativas, etc.
Para Albuquerque (2002), o termo foi proposto pelo norte-americano J.W.
Harshberger com a publicação, em 1896, do artigo intitulado The purposes of
Ethnobotany, afirmando que a Etnobotânica abrange o “estudo das plantas utilizadas
pelos povos primitivos ou aborígenes”.
No entanto, Prance (1987) considera que, a partir dos trabalhos de Carl
Linnaeus (1745), inicia-se a história da Etnobotânica, pois em seus diários de
viagem já havia dados referentes às culturas visitadas, os costumes de seus
habitantes e modo de utilização de plantas.
Alcorn (1995) define Etnobotânica como “o estudo das inter-relações das
sociedades humanas com a natureza” demonstrando a característica interdisciplinar
e integradora do tema, quando destaca as diversas áreas de estudos que abrange o
mesmo, já que pode associar os aspectos culturais, econômicos e ambientais. A
autora destaca ainda, que essa ciência apresenta como principais objetivos a
documentação de fatos sobre a utilização e o manejo de plantas, a definição, a
descrição e a investigação de processos relacionados a este uso e manejo.
32
As pesquisas etnobotânicas têm crescido consideravelmente em muitas
partes do mundo, em especial na América Latina, e particularmente em países como
o México, a Colômbia e o Brasil (HAMILTON et al., 2003). No entanto, os temas
predominantemente abordados tratam exclusivamente de investigações sobre
plantas medicinais e em menor quantidade, as demais publicações trazem
contribuições teóricase metodológicas para a área e/ou abordam diversos aspectos
das relações entre pessoas e plantas, incluindo investigações sobre os aspectos
culturais (OLIVEIRA et al., 2009). Dentre as tendências verificadas nesses estudos
estão a crescente valorização de populações locais como parceiras (BERKES et al.
1995; FOLKE, BERKES 1998; TUXILL e NABHAN 2001; HAMILTON et al. 2003;
SEIXAS 2005)
2.3.1 Etnobotânica em Comunidades Rurais
Posey (1987) já citava que as populações tradicionais desenvolveram,
pela observação e experimentação, extenso e minucioso conhecimento dos
processos naturais, porém este saber foi por muito tempo desvalorizado pelos
cientistas, que negavam outras formas ou sistemas de conhecimento. A valorização
do saber tradicional por parte dos etnobiólogos tem produzido alternativas para os
paradigmas correntes, com efeitos benéficos para o conhecimento científicoacadêmico.
Para Sachs (1994, p. 39) “a promoção do meio de vida sustentável deve
se tornar parte da linha mestra da estratégia de desenvolvimento e não pode ter
sucesso sem a participação das comunidades locais”. Visto que,quando o
conhecimento desses atores locais não é envolvido no processo, torna-se difícil, ou
impossível e mais dispendioso para os planejadores, identificar e compreender os
valores ecológico, social, cultural, econômico e espiritual dos vários componentes do
ambiente, dificultando os processos de tomadas de decisão (SALLENAVE, 1994).
Daniels e Vencatesan (1995) destacam que quando conhecimento
ecológico tradicional e conhecimento científico são usados apropriadamente e de
forma complementar, esses sistemas de conhecimento fornecem uma ferramenta
poderosa para manejar recursos naturais, favorecendo a realização do tão sonhado
desenvolvimento sustentável, assim corrobora Bergamasco e Antuniassi (1998) ao
33
afirmar que, desconsiderar a diversidade cultural significa ignorar possibilidades
múltiplas no momento de se definir novas estratégias de desenvolvimento.
O conhecimento científico isoladamente, não tem respostas prontas e
eficazes para os problemas do mundo. Somente através de uma ciência com
consciência, tanto dos caracteres físicos e biológicos dos fenômenos humanos,
quanto da sua inscrição em uma dada cultura, sociedade e história (MORIN, 1999),
será possível, através da associação dos conhecimentos populares e científicos,
aformação de uma sociedade mais humana. Valorizando, portanto, o conhecimento
ecológico local para manutenção dos ecossistemas, promovendo discussões sobre
demandas e saberes tradicionais do sistema comunitário de gestão dos recursos
naturais, gerando subsídio para a proposição de políticas públicas que possam
mitigar a dissonância entre a legislação e os entraves que prejudicam a reprodução
social das comunidades (DIEGUES, 2000).
Conforme Diegues (2000), as comunidades tradicionais (indígenas,
extrativistas, camponesas, de pescadores artesanais, etc.) apresentam grande
dependência dos recursos naturais. Considera, ainda, que através de sua estrutura
simbólica, dos sistemas de manejo desenvolvidos ao longo do tempo e, muitas
vezes, até seu isolamento, contribuem para que elas possam ser parceiras
necessárias aos esforços de conservação.
A Etnobotânica, portanto, estende seu campo não apenas para o estudo
das populações tradicionais, mas também das sociedades industriais, no
relacionamento expresso entre as populações humanas e o ambiente botânico,
surgindo como um estudo interdisciplinar, uma vez que situa sua fronteira entre a
Botânica e a Antropologia cultural (ALBUQUERQUE, 2002).
Albuquerque e Chiappeta (2004) destacam que atualmente tem-se
acrescentado
o
termo
conhecimento
tradicional
às
discussões
sobre
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, havendo a necessidade de se
investir em pesquisas direcionadas para abordagens que integrem todas essas
ideias. Paralelamente, deve-se ressaltar, no cenário científico, o papel das
populações locais como de fundamental importância para o manejo dos recursos
naturais.
Destacando
a
Etnobotânica
como
uma
ciência
promissora
no
fortalecimento de subsídios para a análise da sustentabilidade dos recursos naturais,
não só com a investigação entre a relação ser humano/planta, mas também com o
levantamento e registro das estratégias e conhecimentos dos povos locais,
34
procurando usar essa informação em benefício dos mesmos como ferramenta de
tomada de decisões.
Portanto, para Albuquerque e Lucena (2005) o conhecimento popular
sobre o uso das espécies vegetais nativas pode contribuir para a conservação de
ecossistemas no que diz respeito à adoção de práticas de manejo, além de
contribuir para o resgate e preservação da cultura. O conhecimento etnobotânico
corrobora esta afirmativa porque reflete as interações entre as pessoas e os
recursos vegetais disponíveis no ambiente, sejam em função da abundância e/ou
aparência.
Para Albuquerque (1999; 2005) a acumulação de informações sobre o
uso de recursos naturais por populações tradicionais, tem oferecido aos cientistas
modelos de uso sustentável, baseados no argumento de que essas populações
sabem usar e conservar os recursos biológicos. Sendo assim, considera que a
Etnobotânica pode ajudarno entendimento de como as pessoas se relacionam com
as plantas e quais os relacionamentos produzidos nos diversos sistemas culturais,
auxiliando ainda, na percepção do que as plantas expressam sobre a sociedade que
produziu esse conhecimento.
Na última década, tanto na região Nordeste, como em nível das demais
regiões brasileiras, muitos trabalhos científicos foram realizados em comunidades e
merecem destaque, sobretudo pela importância que representam para a
Etnobotânica.
Fonseca-Kruel e Peixoto (2004) estudaram as espécies vegetais usadas
na faixa terrestre da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo/RJ, associando
o conhecimento etnobotânico às tradições locais, onde catalogaram 68 espécies em
444 citações de uso. Dentre as famílias mais representativas em número de
espécies
destacaram-se
Myrtaceae
(9),
Asteraceae/Cactaceae
(4)
e
Anacardiaceae/Leguminosae (3); as demais apresentaram apenas de uma a duas
espécies. Identificaram nesse trabalho as seguintes categorias de uso: alimentar,
medicinal, tecnológica, lenha, construção e ornamental. De acordo com as autoras,
os dados obtidos possibilitarão a formulação de estratégias de uso sustentável dos
recursos naturais, considerando a percepção ambiental da população, baseado nos
sistemas cognitivos desenvolvidos ao longo do convívio do homem com a natureza.
Pasaet al. (2005) realizaram levantamento etnobotânico na comunidade
de Conceição-Açu/MT e identificaram as unidades de paisagem: quintais, roças e
35
matas de galeria; o número total de espécies utilizadas foi de 180. Dessas, 86
espécies ocorrem nos quintais das residências, pertencentes a 43 famílias, a maioria
cultivada e utilizada como alimento (48,1%) e comoremédio (44,5%). Nas roças, os
principais cultivos encontrados foram: Manihot esculenta L. (100%), Carica papaya
L. (76,2%), Musa paradisíaca L. (71,4%) e Saccharum officinarum L. (57,1%). Na
mata de galeria destacou-se a categoria medicinal (65%). Os resultados
demonstraram que a população possui vasto conhecimento das plantas e de suas
propriedades de cura.
Hanazaki,
Sousa
e
Rodrigues
(2006)
realizaram
pesquisas
em
comunidades rurais localizadas no entorno do Parque Estadual Carlos Botelho/SP,
objetivando levantar o uso dos recursos vegetais em uma região rural próxima a
uma área de conservação. Verificaram que atividades econômicas principais são o
cultivo de banana, o trabalho em fazendas de gado e a extração de palmito.
Mencionaram 248 etnoespécies, correspondendo a mais de 200 espécies botânicas,
que foram agrupadas em quatro habitats: floresta bem preservada; floresta
perturbada, em
estágios
sucessionais
avançados; ambientes
recentemente
perturbados; áreas cultivadas e quintais. Destacaram nesse estudo que no habitat
floresta encontrou-se maior biodiversidade e que as espécies comuns ocorrem em
todos os tipos de habitats.
Amaral e Guarim Neto (2007) realizaram estudo etnobotânico na
comunidade Cascavel, município de Jangada/MT. Constataram que a comunidade é
constituída de pequenos proprietários de terras, os quais desenvolvem como
atividades econômicas, e apenas para a subsistência a pecuária e a agricultura. A
vegetação predominante é Savana Arbórea Aberta (Campo Cerrado). As
etnocategorias verificadas foram: medicinal, alimentícia, artesanal, madeireira,
repelente, mística, ornamentação e outros. Das 111 espécies vegetais, pertencentes
a 97 gêneros e 48 famílias botânicas, asmais representativa foram Asteraceae, com
11%
das
citações
e
Lamiaceae
5%.
Seguidas
das famílias
Arecaceae,
Bignoniaceae, Fabaceae, Lamiaceae, Mimosaceae, Myrtaceae e Rubiaceae, que
apresentaram 4% do total das espécies citadas.
Guarim Neto e Maciel (2008) desenvolveram estudos sobre os saberes
locais em Juruena/MT, onde registraram a relação do ser humano com os recursos
vegetais, considerando aspectos culturais, sociais e biológicos. Destacaram o uso
de 14 categorias, das quais, as mais citadas foram a medicinal e a comestível.
36
Várias espécies foram citadas também para o uso artesanal, dentre elas, muitas
para a fabricação de entalhes, portas, quadros e utensílios domésticos; e algumas
para confecção de adornos, como colares, brincos e cintos.
Na área do Núcleo Santa Virginia, Parque Estadual da Serra do Mar
(bairros Puruba e Guaricanga) e nos arredores (bairro Vargem Grande)/SP, região
de Mata Atlântica, Pilla e Amorozo (2009) realizaram um inventário das plantas
alimentícias cultivadas e coletadas da vegetação nativa e ruderal. Foram levantadas
146 espécies botânicas, distribuídas em 43 famílias, sendo as mais representativas
Solanaceae e Cucurbitaceae. Os dois grupos de bairros apresentaram uma grande
similaridade de citação de plantas alimentares e cerca de 17% das plantas citadas
são nativas da Mata Atlântica , havendo uma significativa riqueza de espécies e de
variedades cultivadas nos quintais e nas roças. As comunidades rurais se
mostraram conservadoras dos seus recursos florísticos, pois foram identificadas 96
etnovariedades para 12 espécies botânicas e a maioria delas mantida nas
comunidades.
Silva et al. (2004) realizaram um estudo na Comunidade Gatos, zona rural
do município de São Mamede /PB, com espécies forrageiras da Caatinga, como:
mata-pasto (Senna obtusifolia L.), malva-branca (Cassia uniflora Mill.), maniçoba
(Manihot pseudoglaziovii Pax& K. Hoffm.) e favela (Cnidoscolus phyllacanthus (Müll.
Arg.) Pax& L. Hoffm considerando a grande disponibilidade no inverno e a carência
das mesmas durante o período seco, grau de palatabilidade, além do significativo
valor nutricional. Visando otimizar técnicas de conservação de forragens nativas de
forma sustentável e utilização desses recursos para melhoria dos sistemas
produtivos. Concluíram que nessa comunidade a principal fonte de renda é a
ovinocaprinocultura, seguida da agricultura familiar e o artesanato.
Oliveira (2005) realizou um levantamento etnobotânico na comunidade de
Riachão de Malhada de Pedra, Distrito de Malhada de Pedra, Município de
Caruaru/PE e verificou que de todas as plantas reportadas, 21 espécies lenhosas,
pertencentes a 12 famílias botânicas, registradas no inventário florestal, foram
mencionadas
por
suas
atribuições
medicinais,
destacando-se:
a
aroeira
Myracrodruon urundeuva (Engl.) Fr. All.; o angico Anadenanthera colubrina (Vell.)
Brenan,; o juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.) e a catingueira (Caesalpinia pyramidalis
Tul.). Verificou ainda, que das plantas medicinais localmente disponíveis, 76%
fornecem estruturas perenes (cascas, entrecascas e raízes) para uso medicinal, e
37
dos 24% restantes são obtidas estruturas não perenes (folhas, flores e frutos).
Destacando que desse conjunto, a maior pressão está sobre as cascas do caule
(76% das espécies), largamente usadas por estarem disponíveis por todo o ano.
Freitas e Rodrigues (2006) desenvolveram no município de Madre de
Deus/BA, um estudo de plantas, constatando que estas se encontram distribuído em
17 famílias e 28 espécies. As famílias mais representativas em número de espécies
foram Labiatae (4), Euphorbiaceae e Myrtaceae (3). As demais apresentaram
apenas uma ou duas espécies. Pelos resultados obtidos no estudo, o uso de plantas
medicinais pela comunidade pesquisada pode ser considerado importante, pois
reúne 28 espécies indicadas para 47 usos terapêuticos, com destaque para as
folhas na utilização do preparo de 60,7% (17 espécies) dos remédios caseiros. As
flores aparecem em seguida, com 14,3% (4 espécies); 10,7% (3 espécies) referemse aos frutos; 7,1% (2 espécies) correspondem à planta toda; e 3,6% (uma única
espécie cada) dos remédios caseiros utilizam as raízes e cascas. Os autores
chamam atenção para os riscos com o manuseio e o uso descuidado de plantas
tóxicas já que inúmeras delas utilizadas na medicina popular apresentam
substâncias com acentuado nível de toxicidade.
Monteles e Pinheiro (2007) realizaram estudo etnobotânico no Quilombo
do Sangrador, município de Presidente Juscelino/MA, identificando 121 espécies
vegetais, distribuídas em 56 famílias e 101 gêneros. As famílias mais
representativas, em ordem decrescente, foram: Lamiaceae, Rutaceae, Asteraceae,
Leguminosae e Euphorbiaceae. Seguindo essa ordem, os hábitos herbáceo,
arbóreo, arbustivo, das lianas e palmeiras foram representados. As folhas, cascas e
látex foram às partes vegetais mais utilizadas nos medicamentos locais e quanto às
indicações de uso das espécies, a categoria males e estados de saúde, associados
ao aparelho respiratório e digestivo foram as mais citadas. Os autores consideraram
nesse estudo que, a terapêutica local é consequência de um sincretismo de práticas
africanas influenciadas por práticas indígenas.
Albuquerque (2012) realizou um estudo em Igarassu/PE, listando 209
etnoespécies, onde 151 foram identificadas ao nível de espécie e 21 apenas para o
nível de gênero. As plantas foram distribuídas em 74 famílias, e a maioria das
famílias (66%) foram representados por até duas espécies. As famílias mais
representadas foram Lamiaceae (10 espécies); Caesalpiniaceae e Curcubitaceae
(8); e Asteraceae, Euphorbiaceae e Mimosaceae (5). O estudo mostrou alta
38
diversidade no conhecimento de plantas medicinais, com resultados significativos
para as espécies previstas para cuidados básicos de saúde, concluindo que a
aceitação da medicina popular e o acesso limitado aos serviços públicos de saúde
na comunidade podem ser fatores que contribuem para o conhecimento de plantas
medicinais em práticas médicas locais. Com relação à influência do gênero e idade
sobre o conhecimento dessas espécies, o estudo mostrou que as mulheres tinham
maior conhecimento quando comparadas aos homens e que os jovens informantes
tinham menos conhecimento de plantas medicinais, quando comparados aos mais
velhos, que podem ser atribuídos à falta de interesse na aprendizagem, que são
cada vez mais influenciadas pela modernização. Esta pesquisa mostrou que estudos
voltados para especialistas podem gerar informações úteis, com um nível satisfatório
de confiabilidade. No entanto, estudos com o objetivo de reunir essas informações
em maior detalhe deve idealmente envolver outros membros da comunidade.
O Piauí apresenta atualmente um número considerável de pesquisas
etnobotânicas realizadas na última década, e que também merecem grande
destaque no cenário brasileiro, por apresentarem grande importância para os
estudos etnobotânicos nacionais.
Franco e Barros (2006) realizaram uma pesquisa no Quilombo Olho
D’Água dos Pires, e verificaram que, das 33 famílias entrevistadas nessa
comunidade, apenas nove membros possuem o saber do uso e propriedades das
plantas para diversos fins. Identificaram 177 etnoespécies, pertencentes a 58
famílias botânicas, sendo agrupadas em 12 categorias de uso, destacando-se pelo
maior número de espécies citadas, a medicinal, seguida da categoria alimentar e
desdobramento
em
madeira.
A
importância
dos
recursos
vegetais
para
sobrevivência biológica dos povos quilombolas, assim como o conhecimento que a
comunidade detém sobre o ambiente em que vive foi destacado pelas autoras.
Na Comunidade Quilombola Olho D’ Água dos Pires, em Esperantina,
Franco, Barros e Araújo (2007) levantaram 86 etnoespécies da vegetação de
Cerrado, e constataram que as famílias Leguminosae, Euphorbiaceae, Myrtaceae e
Arecaceaeforam as mais representativas em número de espécies. Verificaram ainda,
que as categorias de uso mais citadas foram as medicinal, madeireira e alimentação,
e observaram que 65% das espécies estão inclusas em apenas uma categoria de
uso.
39
Na Comunidade Quilombola dos Macacos, em São Miguel do Tapuio,
localizada na zona rural em uma área de transição, onde predomina a caatinga, com
elementos de cerrado e mata semidecídua, Vieira et al. (2008) realizaram um estudo
etnobotânico com o objetivo de resgatar o conhecimento tradicional existente.
Identificaram 225 etnoespécies, distribuídas em 13 categorias de uso: medicinal,
madeireira, forrageira, produção de energia, limpeza-higiene, melífera, ornamental,
artesanal e fibras, alucinógena, alimentícia, mágico-religiosa, tóxicas e utensílios. As
categorias que mais se destacaram em número de espécies foram: medicinal (73) e
forrageira (62) e verificaram que a espécie Copernicia prunifera (Mill.) H. E. Moore
(carnaúba) é considerada a mais versátil, estando incluída em seis categorias de
uso.
Silva (2010) pesquisou as comunidades Resolvido, Pau-Arrastado e
Salinas no município de Campo Maior onde evidenciou um total de 212 espécies
que foram referidas, identificadas e distribuídas em 165 gêneros e 69 famílias
botânicas. As famílias mais representativas em número de espécies foram:
Leguminosae (16%), Apocynaceae, Euphorbiaceae e Lamiaceae (4,7%) e Poaceae
(4,2%). A autora mencionou que devido as dificuldades ao acesso de informações,
localização geográfica e de tráfego, a primeira comunidade apresenta muitas de
suas características originais conservadas. Enquanto que nas outras comunidades
os moradores têm absorvido com mais intensidade os hábitos urbanos e esse
processo vem ocorrendo de forma mais acelerada, apesar de ainda manterem
algumas práticas bastante disseminadas. Verificou ainda que a principal atividade
econômica da comunidade Resolvido é a produção de vassouras de palha de
carnaúba (Copernicia prunifera (Mill.) H. E. Moore), enquanto que, nas comunidades
Pau-Arrastado e Salinas é a agricultura familiar e a pecuária, principalmente a
caprinocultura.
Oliveira et al. (2010), verificaram em comunidades rurais situadas em
Oeiras, que as atividades desenvolvidas pelas famíliascentraram-se na agricultura
de subsistênciae que das 167 espécies empregadas como fitoterápicos. Estas foram
distribuídas em 143 gêneros e 59 famílias, das quais as mais representativas em
número de espécies foram Leguminosae (28), seguida por Euphorbiaceae (18),
Lamiaceae, Solanaceae (8), Anacardiaceae (7), Cucurbitaceae, Malvaceae,
Poaceae
(6),
Malpighiaceae,
Bignoniaceae
(5),
Arecaceae,
Boraginaceae,
Cactaceae, Combretaceae e Verbenaceae (4). Constatou ainda que a maioria das
40
espécies utilizadas como medicinais pertencem à vegetação nativa (65,86%) e que
as espécies cultivadas para esse fim (32,33%) são encontradas principalmente nos
quintais, nas proximidades das residências e noslocais de cultivo. Ressaltou ainda
que a folha é a parte do vegetal mais utilizada na medicina caseira local,
representando 31,5% dos casos, para o tratamento de todas as doenças citadas e a
forma de preparo mais utilizada foi a decocção (32,2%). Os autores destacam ainda,
que o estudo do emprego popular de plantas medicinais é ferramenta importante na
descoberta de novos fármacos.
Sousa et al. (2012), realizou um levantamento etnobotânico entre os
pescadores artesanais das comunidades de Barra Grande e Morro da Mariana,
localizadas na APA Delta do Parnaíba. Um total de 413 espécies, distribuídas em
156 famílias botânicas foram citados pelos informantes. Destes, 65 espécies foram
exclusivamente mencionadas por informantes de Barra Grande, 74 espécies foram
citadas exclusivamente por informantes do Morro da Mariana, e 274 foram
mencionados em ambos as comunidades. As famílias botânicas que apresentaram
maior número de espécies em Barra Grande e Morro da Mariana foram:
Euphorbiaceae (13 em ambas comunidades) e Poaceae (9 e 14, respectivamente).
A autora concluiu ainda, que as plantas utilizadas na alimentacão, construção, em
artefato de pesca e artesanato e para fins medicinais apresentaram maior
porcentagem de citações de uso, demonstrando que os pescadores conhecem e
usam as espécies mais necessárias à sobrevivência e aquelas que possuem
características específicas para aplicação na atividade pesqueira. Com relação à
riqueza cultural e etnobotânica dos pescadores artesanais investigados, a autora
destaca a importância de ressaltar que este conhecimento deve ser considerado na
conservação biológica local, pela comunidade e entidades responsáveis pela gestão
da área, no sentido de incentivar a prática de atividades sustentáveis, perpetuando o
repertório etnobotânico e a cultura dos pescadores artesanais.
Chaves e Barros (2012) realizou na zona rural do município de Cocal um
levantamento da diversidade e uso de recursos medicinais obtendo como resultado
a identificação de 76 espécies, distribuídas em 61 gêneros e 36 famílias. Destaca
que apresentou maior número de espécies citadas foram Leguminosae com 22
(28,9%), seguidapor Euphorbiaceae com 6 (7,8%), e Solanaceae 4 (5,2%). Os
gêneros Croton L. e Hymenaea L. com quatro espécies cada somaram 8 (10,5%) do
total de espécies. As espécies que mais se destacaram em indicações de uso
41
medicinal no carrasco foram Ximenia americana com 14 (5,9%), Tabebuia
impetiginosa com 9 (3,9%) e Anacardium occidentale com 7 (2,9%). A autora cita
que as espécies que mais se destacaram em indicações de uso medicinal no
carrasco foram Ximenia americana com 14 (5,9%), Tabebuia impetiginosa com 9
(3,9%) e Anacardium occidentale com 7 (2,9%). Considera ainda que estas espécies
visavam curar males do sistema respiratório, seguido do sistema digestório e
finalmente do sistema circulatório. Observando ainda que uso dessas plantas para
fins terapêuticos passam por verdadeiros rituais culturais em que são considerados
cuidados, tais como a época do ano (estação) em que deve ser colhida e qual parte
deve ser utilizada.
Meireles (2012) realizou uma pesquisa na comunidade da Ilha das
Canárias localizada no município de Araioses/MA, realizando um levantamento
florístico com 108 espécies, pertencentes a 49 famílias botânicas. Destas famílias as
mais
citadas
foram:
Euphorbiaceae,
Poaceae,
Anacardiaceae,
Lamiaceae,
Solanaceae e as espécies com maior número de citações foram Rhizophora mangle,
Copernicia prunifera, Anacardium occidentale, Vernonia condensata e Cymbopogon
citratus. A espécie mais citada foi o mangue-vermelho (Rhizophora mangle) e das
cinco categorias de uso encontradas, mais que obtiveram maior percentual de
citações foram: medicinal alimentícia e construção. O autor destacou ainda que
apesar dos problemas ambientais, ainda existe uma considerável porção verde
conservada e uma dinâmica transmissão do conhecimento dos mais idosos aos
mais jovens, provavelmente a condição de acesso à comunidade apenas por barco,
seja um fator de manutenção das características culturais verificadas.
Araújo (2013) realizou um levantamento das plantas medicinais utilizadas
pelos pescadores da comunidade Passarinho, RESEX Marinha do Delta do
Parnaíba em Araioses/MA, obtendo como resultado a identificação de 50 espécies
distribuídas em 34 famílias, destas as que apresentaram maior número de espécies
foram: Lamiaceae, Myrtaceae, Leguminaceae-Caesalpinioideae, Euphorbiaceae e
Apocynaceae e as espécies mais versáteis foram o mangue-vermelho (Rhizophora
mangle), a ameixa (Ximenia americana) e o jatobá (Hymenaea couorbaril). Foi
destacado ainda, pela autora, que é relevante se conhecer o uso das plantas
medicinais dessa comunidade para a manutenção do conhecimento tradicional, para
a valorização de sua identidade cultural, conservação socioambiental e das
espécies.
42
Com base nesse contexto, observa-se que os estudos etnobotanicos em
comunidades rurais estiveram mais direcionados para o registro: das famílias
botânicas, das quais merecem destaque as famílias Lamiaceae, Leguminosae e
Euphorbiaceae; das categorias de uso, sendo que as mais catalogadas foram
medicinal, alimentícia, construção, e ornamental, sendo que o maior número
catalogado foi na categoria medicinal; da comparação do conhecimento por gênero
e faixa etária, observando-se que homens e mulheres apresentaram nível de
conhecimento semelhante, pois depende da área referida, e que os idosos
demonstraram possuir maior saber empírico, entre outros registros.
No entanto, torna-se evidente que há a necessidade de se discutir e
estudar mais e profundamente sobre o modo como essas populações rurais utilizam,
conservam e mantém a biodiversidade, ou ainda, se essas populações estão
satisfeitas com seu modo de vida em suas localidades, sem que necessariamente
precisem viver de acordo com os padrões estabelecidos pelos grandes centros
urbanos.
43
3. PERFIL HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DA COMUNIDADE DE NOVO NILO
3.1 Histórico
A história da formação do município de União remonta ao início do século
XIX. Configurando-se como um dos municípios mais antigos do Piauí, teve sua
origem em uma fazenda de gado com a denominação de "Fazenda do Estanhado”,
fundada por iniciativa de seu proprietário de nome desconhecido. Uma vez que
havia o costume de se construir igrejas, de modo que houvesse a consolidação da fé
no local, foi construída uma capela para o exercício espiritual de sua própria família.
Com a construção da capela, formaram-se os primeiros pequenos aglomerados de
casas habitadas em seus arredores, representando um rápido desenvolvimento, que
decorrera também em função da fertilidade das terras da região (IBGE, 2010).
Tal fato levou o então presidente da província, propor, em 1826, a criação
de uma freguesia no povoado do Estanhado e sua elevação de categoria. Como a
proposta foi inicialmente ignorada, o povoado do Estanhado manteve-se
subordinado à vila de Campo Maior por algum tempo. Somente com a fundação de
uma Paróquia sob a invocação de Nossa Senhora dos Remédios em 27 de Agosto
de 1853, na administração de Luís Carlos Paiva, vice-presidente interino da
província e com a expansão comercial e populacional, o povoado foi elevado à
categoria de Vila pelo Decreto Nº 01, de 17/09/1853, sendo desmembrado de
Campo Maior, com o nome de União. (IBGE, 2010).
Para a constituição do Patrimônio, a vila recebeu doações de terras que
margeavam o rio Parnaíba, cedidas pelo coronel João do Rêgo Monteiro, o Barão de
Gurguéia (IBGE, 2010). A partir das doações, foram se formando às margens do
referido rio, os primeiros núcleos populacionais, cuja economia estava baseada na
atividade pesqueira, e posteriormente pela agricultura. Tais atividades são
realizadas até os dias atuais devido à proximidade do rio Parnaíba (IBGE, 2010).
A comunidade Novo Nilo recebeu essa denominação após a chegada em
terras de grande fertilidade de um cidadão cujo sobrenome era Nilo, mencionando
que estas caracterizariam um novo Nilo. Porém, somente com a chegada do coronel
Gervásio Costa em junho de 1924 foi fundada a capela de São João Batista e
inaugurada
a
Casa
João,
estabelecendo-se
o
movimento
comercial
e
44
beneficiamento de algodão numa pequena fábrica. O fato de essas terras estarem
inseridas numa região de vasto palmeiral levou o empresário a implantar uma fábrica
de beneficiamento de babaçu com a fabricação de óleo e sabão, aumentando
consideravelmente o fluxo local e o crescimento populacional.
45
3.2. Perfil Geográfico
Figura 1: Localização da Comunidade Novo Nilo, União, Piauí/Brasil.
Fonte: Adaptado de IBGE (2010), através do Software ArcGIS (2.3)
46
O município de União foi criado pelo Decreto Nº 01, de 17/09/1853, e sua
sede localiza-se a “04º 35' 09" S e 42º 51' 51 W e situa-se a uma distancia de 59 km
de Teresina (capital do Estado), encontra-se a uma altitude de 52 m acima do nível
domar (AGUIAR; GOMES, 2004). Apresenta uma população estimada de 42.654
hab.; área territorial de 1.173,441km2, densidade demográfica de 36,35 hab./km2
onde, 59,6% das pessoas residem na zona rural IBGE (2010). Limita-se, ao norte,
com o município de Miguel Alves e Lagoa Alegre; ao sul com Teresina e José de
Freitas; a leste com os municípios de José de Freitas e Lagoa Alegre; e a oeste com
o estado do Maranhão. Com relação aos aspectos climáticos apresenta clima
tropical quente com temperaturas mínimas de 21ºC e máximas de 36ºC e
precipitação pluviométrica média anual de 1.200 mm nos períodos mais chuvosos do
ano, que correspondem aos meses de fevereiro, março e abril. (IBGE–CEPRO,
2011).
No que concerne às feições geomorfológicas da região encontra-se
superfície aplainada com presença de áreas deprimidas, superfícies tabulares
reelaboradas (chapadas baixas), com relevo plano, partes suavemente onduladas e
altitudes variando de 150 a 300 m; superfícies onduladas, relevo movimentado,
correspondendo a encostas e prolongamentos residuais de chapadas, desníveis e
encostas acentuadas de vales e elevações, altitudes entre 150 a 500 m (serras,
morros e colinas) e superfícies tabulares cimeiras (chapadas altas), com relevo
plano, altitudes entre 400 a 500 m, com grandes mesas recortadas (IBGE, 2010).
Os solos da região compreendem principalmente plintossolos álicos de
textura média, fase complexo Campo Maior. Solos podzólicos vermelho-amarelos,
plínticos e não plínticos. Apresenta ainda, solos arenosos essencialmente
quartzosos, profundos, drenados, desprovidos de minerais primários, de baixa
fertilidade. Consequentemente apresenta transições vegetais caatinga/cerrado
caducifólio, floresta ciliar de carnaúba e caatinga de várzea, caatinga hiperxerófila
e/ou cerrado sub-caducifólio/floresta sub-caducifólia e/ou carrasco (Projeto Sudeste
do Piauí II - CPRM, 1973).
Os recursos hídricos superficiais do estado do Piauí estão representados
pela bacia hidrográfica do rio Parnaíba, com o qual o município de União encontrase à margem direita (AGUIAR; GOMES, 2004).
A comunidade Novo Nilo, política e geograficamente faz parte do
município de União localizado no estado do Piauí, situada a margem direita do rio
47
Parnaíba nas coordenadas 04º 24’ 13” S e 42º 53' 22’’ W (Figura 1), à
aproximadamente 80 km da capital, tendo seus limites com os seguintes povoados
circunvizinhos: ao norte, Localidade Bebedouro, ao oeste com Varginha, ao Leste
com Pedrinhas e a sul com rio Parnaíba/ estado do Maranhão (IBGE,2010).
Possuindo uma população aproximada de 1.458 habitantes, distribuídos em 371
famílias (IBGE,2010) que em sua maioria são lavradores e/ou pescadores que têm
sua base econômica voltada para o cultivo e extração vegetal, destacando-se o
babaçu (Attalea speciosa Mart. ex Spreng) e carnaúba (Copernicia prunifera (Mill.)
H. E.Moore) (CEPRO, 2011).
48
REFERÊNCIAS
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58
5. ARTIGOS
ARTIGO 1:
Conhecimento tradicional
tradicional numa comunidade rural do Nordeste
brasileiro
Waldiléia Ferreira de Melo Batista1; Roseli Farias Melo de Barros2
[email protected]..
59
RESUMO – (Conhecimento tradicional numa comunidade rural do nordeste
brasileiro). A comunidade Novo Nilo (04º 24’ 13” S e 42º 53' 22’’ W) situa-se à
margem direita do rio Parnaíba a uma distancia de 80 km da capital do estado,
Teresina. O estudo etnobotânico foi realizado objetivando conhecer as interrelações
dos moradores e a vegetação existente, apontando as espécies úteis e
tradicionalmente utilizadas pela
comunidade. Foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com 202 membros e turnê-guiada com 10 informantes-chave. O
material botânico encontra-se incorporado no Herbário Graziela Barroso (TEPB) da
Universidade Federal do Piauí. Os dados quantitativos foram levantados através
Valor de Uso (VU) e Fator de Consenso dos Informantes (FCI). Identificou-se 150
espécies, distribuídas em 56 famílias e 126 gêneros. As famílias mais
representativas foram Leguminosae (9,33%) e Euphorbiaceae (6,00%), sendo
identificadas oito categorias de uso, das quais as obtiveram os maiores números de
citações foram: medicinal (94), alimentícia (68) e ornamental (30). Attalea speciosa
Mart. ex Spreng. (babaçu) foi a mais versátil, estando incluída em seis categorias de
uso e apresentando VU igual 3,6, seguida por Copernicia prunifera (Mill.) H.E. Moore
(carnaúba) com VU=1,96, Mangifera indica L.(manga) com 0,70, Citrus aurantium L.
(laranja) com 0,58
e Lippia alba (Mill.) N. E. Br. (erva-cidreira) com 0,57. Os
moradores, sobretudo as pessoas mais idosas, demonstraram conhecer e utilizar os
recursos vegetais, revelando a importância desses para a sobrevivência biológica da
comunidade.
Palavras-chave: Etnobotânica, plantas medicinais, vegetais úteis
ABSTRACT - (Traditional Knowledge in a rural community in northeastern
Brazil).The Novo Nilo community (04º 24' 13" S and 42º 53' 22” W) is located on the
right bank of the Parnaíba river at a distance of 80 km from the capital city of the
state, Teresina. The ethnobotanical study was aimed at understanding the
interrelationships of residents and existing vegetation, pointing out the useful species
and traditionally used by the community. Semistructured interviews with 202
members and guided tour with 10 key informants were realized. The botanical
material is embedded in the Herbário Graziela Barroso (TEPB), Universidade Federal
do Piauí. Quantitative data were collected through Value in Use (VU) and the
Informant Consensus Factor (ICF). We identified 150 species belonging to 56
families and 126 genera. The most representative families were Leguminosae
(9.33%) and Euphorbiaceae (6.00 %), eight use categories were identified, including
medical (94), food (68) and ornamental (30), had the highest numbers quotes.
Attalea speciosa Mart. Ex Spreng. (babassu) was the most versatile, being included
in six categories of use and presenting VU equals 3.6 , followed by Copernicia
prunifera (Mill.) H.E.Moore (Carnauba) with VU = 1.96, Mangifera indica L. (manga)
with 0.70, Citrus aurantium L. (orange) with 0.58 and Lippia alba (Mill.) N.E. Br.
(lemongrass) with 0.57. Residents, especially older people, knew about and utilize
plant resources, revealing the importance of these for the biological survival of the
community.
Keywords: Ethnobotany, medicinal plants, useful plants
60
INTRODUÇÃO
A humanidade desde tempos remotos possui uma intensa relação com os
recursos vegetais, quer seja para sua sobrevivência, manutenção do bem-estar
físico, estético ou espiritual. Esta relação é objeto de estudo da ciência conhecida
como Etnobotânica, que além deste papel, busca resgatar os aspectos culturais
inseridos nas comunidades rurais, procurando compreender o estudo das
sociedades humanas, passadas e presentes, e suas interações ecológicas,
genéticas, evolutivas, simbólicas e culturais com as plantas (Alves et al. 2007).
A Etnobotânica tem como o objetivo a busca de conhecimento e resgate
do saber botânico tradicional, particularmente relacionado ao uso dos recursos da
flora (Guarim Neto et al. 2000), obtendo assim, todo entendimento possível sobre a
relação de afinidade entre o ser humano e as plantas de uma comunidade (Cotton
1996).
Para Philips (1996), informações de cunho etnobotânico podem
esclarecer o nível de dependência de uma comunidade em relação aos recursos
vegetais locais e fornecer informações sobre as consequências de determinados
tipos de exploração dos recursos.
Pesquisas nesta área facilitam a determinação de práticas apropriadas ao
manejo da vegetação com finalidade utilitária, pois empregam os conhecimentos
tradicionais obtidos para solucionar problemas comunitários ou para fins
conservacionistas (Beck & Ortiz 1997).
Neste sentido, estes estudos têm crescido consideravelmente nas últimas
décadas em muitas partes do mundo, em especial na América Latina, verificando-se
muitos estudos desenvolvidos, sobretudo nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil,
destacando-se as pesquisas realizadas por Amorozo et al. (2002), Begossi et al.
(2002), Fonseca-Kruel & Peixoto (2004), Hanazaki et al. (2007), Coelho-Ferreira
(2009), Albuquerque et al. (2010), Merétika et al. (2010) Amorozo (2012) e
Albuquerque et al. (2013). No Piauí, os estudos nessa área têm crescido
consideravelmente, destacando-se os trabalhos de Santos et al. (2008), Chaves &
Barros (2008), Vieira et al. (2008), Aguiar & Barros (2012), Chaves & Barros (2012),
Freitaset al. (2012), Sousa et al. (2012), dentre outros.
61
Albuquerque & Andrade (2002) afirmam que esses estudos indicam que
as pessoas afetam a estrutura de comunidades vegetais e paisagens, a evolução de
espécies individuais, a biologia de determinadas populações de plantas de interesse,
não apenas sob aspectos negativos como comumente se credita à intervenção
humana, mas beneficiando e promovendo os recursos manejados.
Com base nessas considerações, desenvolveu-se um estudo de cunho
etnobotânico e objetivou-se identificar as espécies botânicas utilizadas pela
população dessa comunidade e suas devidas aplicabilidades, distribuindo-as em
categorias de uso; reconhecer quais espécies da flora citadas pela comunidade são
utilizadas na geração de renda e verificar a distribuição do saber popular tradicional
por gênero e faixa etária.
Material e Métodos
Caracterização da área de estudo
O município de União, localizado no estado do Piauí, situa-se à margem
direita do rio Parnaíba com sede nas coordenadas 04º 35’ 09” S e 42º 51' 51’’ W, a
uma distancia de 59 km da capital do estado, Teresina. Limita-se ao sul com Miguel
Alves e Cabeceiras do Piauí, ao norte e leste com Lagoa Alegre e José de Freitas e
a oeste com rio Parnaíba/ estado do Maranhão (IBGE 2010). Encontra-se a uma
altitude de 52 metros acima do nível do mar (CEPRO 2011) e possui clima Tropical
Quente com uma vegetação de transição entre Cerrado e Mata dos Cocais.
Apresenta uma população estimada em 42.654 habitantes e uma área territorial de
1.173 km2 onde se encontra a comunidade rural Novo Nilo (IBGE 2010).
A referida comunidade foi criada pelo coronel Gervásio Costa na década
de 1920, onde instalou uma fábrica de beneficiamento de coco babaçu (Attalea
speciosa
Mart.
ex
Spreng.)
com
a
produção
de
óleo
e
sabão.
Dista
aproximadamente 80 km da capital tendo seus limites com os seguintes povoados
circunvizinhos: ao norte, Localidade Bebedouro, ao oeste com Varginha, ao Leste
com Pedrinhas e a sul com rio Parnaíba/ estado do Maranhão, cuja sede situa-se
nas coordenadas 04º 24’ 13” S e 42º 53' 22’’ W (IBGE 2010), como mostrado na
Fig. 1.
62
Figura 1: Localização da Comunidade Novo Nilo, União, Piauí/Brasil.
Fonte: Adaptado de IBGE (2010), através do Software ArcGIS (2.3)
63
Coleta e análise dos dados
A comunidade possui uma população aproximada de 1.516 habitantes,
em sua maioria, lavradores e pescadores, distribuídos em 371 famílias. Das quais se
definiu o total de 54,4 % delas como universo amostral da pesquisa para os
levantamentos etnobotânicos, socioeconômicos e culturais, perfazendo 202
entrevistas, seguindo o preconizado por Begossi et al. (2004) que afirma ser uma
amostra representativa em comunidades com mais de 50 pessoas a proporção de
25 % a 80 %.
Os dados foram coletados após submissão e aprovação do projeto de
pesquisa no Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Piauí. As
entrevistas foram realizadas mediante permissão dos entrevistados através de
aceite, conhecimento e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), em duas vias, uma pertencente ao entrevistado e outra ao pesquisador, as
quais foram realizadas entre os meses de julho de 2012 a julho de 2013, através de
observação direta e com o auxílio de formulário padronizado com questões abertas
e fechadas, através de entrevistas semiestruturadas (Bernard 1988), apresentando a
seguinte estrutura: identificação, localização e dados socioeconômicos (composição
familiar, idade, gênero, escolaridade, renda, habitação, saneamento, informações
místico-religiosas e etnobotânicas).
Adotou-se a técnica de amostragem e seleção de informantes,
denominada “bola de neve” (Bailey 1994), que consiste em conversar com algumas
pessoas da comunidade em seus domicílios e durante as entrevistas, estas
indicaram outras pessoas a serem entrevistadas. Do total de habitantes, 30 foram
indicados como conhecedores da vegetação local e suas finalidades, e destes, 10
informantes-chave, com os quais foi realizada a técnica de turnê-guiada (Bernard
1988). A coleta e herborização do material botânico foram realizadas segundo a
metodologia preconizada por Mori et al. (1989), e
após a herborização, todo o
material foi incorporado ao acervo do Herbário Graziela Barroso (TEPB) da
Universidade Federal do Piauí. As identificações das espécies foram realizadas
tomando como referência a bibliografia especializada e comparações com exsicatas
identificadas. O sistema adotado foi o de Cronquist (1981), com exceção da família
Leguminosae que obedeceu a Judd et al. (1999). As abreviaturas dos nomes dos
autores e as grafias das espécies estão de acordo com os sítios do MOBOT
64
(mobot.mobot.org/W3T/Search/vast.html) e IPNI (www.ipni.org). As indicações foram
agrupadas com base nas categorias de uso propostas por Lima et al. (2000).
Para calcular o Valor de Uso (VU) atribuído às espécies, utilizou-se a
metodologia proposta por Phillips & Gentry (1993a e b), modificado por Rossato
(1996), que atribui a essa técnica a seguinte fórmula: VU = ΣU/n, onde U = número
de citações da etnoespécie por informante e n = número total de informantes. Para
categoria medicinal, as informações obtidas foram agrupadas segundo a
classificação das doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS 2000) e
calculado o Fator de Consenso dos Informantes (FCI) de acordo com Trotter &
Logan (1986) pela fórmula FCI = nur – nt /nur – 1, onde nur é o número de citações
de usos em cada categoria da OMS (2000) e nt, o número de espécies usadas.
Após a realização das entrevistas, estas foram transcritas em laboratório,
juntamente com os dados referentes às conversas, discussões e debates informais
registrados em diário de campo, além do registro fotográfico das práticas sociais,
econômicas, culturais, ambientais e grande variedade de espécies vegetais. As
respostas foram tabuladas em tabelas e gráficos, e analisadas por meio de
estatística descritiva básica, com o objetivo de valorizar o conhecimento tradicional
local e uso sustentável dessa vegetação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em Novo Nilo as plantas fazem parte da rotina dos moradores para
diversos fins, principalmente nas categorias Medicinal, Alimentícia, Ornamental,
Construção, Forrageira, Místico-religioso, Energética, e Artesanal. A base econômica
está voltada para a agricultura, com a prática de cultivos em roça e extração vegetal,
principalmente do babaçu (Attalea speciosa Mart. ex Spreng) e da carnaúba
(Copernicia prunifera (Mill.) H.E.Moore).
Os produtos gerados da produção agrícola são direcionados para o
consumo, e em alguns casos, o excedente dessa produção é comercializado. Um
total de 150 espécies foram citadas, identificadas e distribuídas em 126 gêneros e
56 famílias botânicas (Tab. 1). As famílias mais representativas em número de
espécies foram: Leguminosae (9,33 %), Euphorbiaceae (6,00 %), Lamiaceae (4,67
%), Arecaceae, Anacardiaceae, Apocynaceae e Rutaceae (4,00 % cada),
Curcubitaceae e Convolvulaceae (3,33 %), como demonstrado na Fig. 2. Das 69
famílias
botânicas,
Agavaceae,
Asparagaceae,
Bixaceae,
Bromeliaceae,
65
Caricaceae, Caryocaraceae, Cecropiaceae, Crassulaceae, Iridaceae, Lauraceae,
Lecythidaceae, Melastomataceae,
Melastomataceae Meliaceae, Moraceae, Musaceae, Olacaceae,
Oxalidaceae,
Punicaceae,
Passifloraceae,
Rosaceae,
Phytolacaceae,
Scrophulariaceae,
Piperaceae,
Tiliaceae
e
Portulacaceae,
Turneraceae,
foram
representadas por apenas uma espécie.
espécie
Leguminosae
2,67%
2,00%
1,33%
0,67%
Euphorbiaceae
9,33%
3,33%
Lamiaceae
4,00%
6,00%
4,67%
Anacardiaceae, Apocynaceae, Arecaceae, Rutaceae
Cucurbitaceae, Convolvulaceae
Asteraceae, Liliaceae, Malvaceae, Myrtaceae, Solanaceae, Poaceae
Amaranthaceae, Araceae, Bignoniaceae, Cactaceae, Combretaceae, Zingiberace
ae
Acanthaceae, Annonaceae, Apiaceae, Chenopodiaceae, Davalliaceae, Malpighia
ceae, Nyctaginaceae, Rubiaceae, Sapindaceae
Agavaceae, Asparagaceae, Bixaceae, Bromeliaceae, Caricaceae, Caryocaracea
e, Cecropiaceae, Crassulaceae, Iridaceae, Lauraceae, Lecythidaceae, Melast
omatacea, Meliaceae, Moraceae, Musaceae, Olacaceae, Oxalidaceae, Passiflorac
eae e outros
Figura 2: Famílias botânicas mais representativas em número de espécies
na Comunidade Novo Nilo, União, Piauí. (Fonte:
Fonte: pesquisa direta, setembro/2013).
setembro/2013
Após a análise das espécies citadas, estas foram distribuídas em oito
categorias de usos: Medicinal (62 %), Alimentícia (45,33 %), Ornamental (20 %),
Construção (10 %), Forrageira (6 %), Místico-religioso
Místico religioso (5,33 %), Energética (4,33 %)
66
e Artesanal (2 %). As espécies mais versáteis foram: babaçu (Attalea speciosa Mart.
ex Spreng) e da carnaúba (Copernicia prunifera (Mill.) que alcançaram seis e cinco
categorias de usos, respectivamente. Essa multiplicidade de usos para babaçu
corrobora o observado por Rufino et al. (2008) em Buíque, PE e Gonzalez-Perez et
al. (2012) na Terra Indígena Las Casas, PA. Quanto à versatilidade da carnaúba,
fato por demais discutido nacionalmente, vale ressaltar o destaque mencionado
pelos estudos etnobotânicos realizados no Piauí que trazem esta realidade, como
Amorim (2010) e Sousa (2012).
Tabela 1: Lista das espécies utilizadas na Comunidade Novo Nilo, União, PI.
Legenda: NV = Nome Vulgar; HAB = Hábito: erv = erva; sub = subarbusto; arb =
arbusto; arv = árvore; trep = trepadeira; ST = Status: e = exótica; n = nativa.
NC = número de coletor (il - identificada no local, não coletada); VU = valor de uso;
Categorias de Uso = Cat.U: a = medicinal; b = alimentação humana; c = construção;
d = produção energética; e = forrageira; f =artesanal; g = místico-religiosa; h =
ornamental.
Família/espécie
Acanthaceae
Justicia pectoralis Jacq.
Justicia pectoralis var.
stenophylla Leonard
Agavaceae
Sansevieria trifasciata
Prain
Amaranthaceae
Alternanthera dentata
(Moench) Scheygr.
Amaranthus deflexus L.
Gomphrena globosa L.
Anacardiaceae
Anacardium occidentale L.
Mangifera indica L.
Myracrodruon urundeuva
M.Allemão
Spondias lutea L.
NV
HAB
ST
NC
VU
Cat. U
Anador
erv
n
29.795
0,03
a
Trevo
erv
n
29.836
0,02
a,g
Espada-de-são
Jorge
erv
e
29.807
0,08
h,g
Penicilina
erv
n
29.837
0,01
a
Bredo
Perpeta
erv
erv
e
e
il
29.853
0,03
0,01
a,e
a
Caju
Manga
arv
arv
n
e
29.794
29.747
0,44
0,70
a,b,e
a,b
Aroeira
arv
n
29.792
0,07
a,c
Cajá
arv
n
29.753
0,11
a,b
67
Tab. 1: Continuação
Família/espécie
NV
HAB
ST
NC
VU
Cat. U
Siriguela
arv
n
29.814
0,23
a,b
Umbu
arv
n
29.791
0,03
B
Graviola
Ata
arb
arb
n
e
29.855
29.753
0,02
0,35
a,b
a,b
Coentro
Erva-doce
erv
erv
e
e
29.819
29.851
0,35
0,03
B
a,b
Pente-de-macaco
arb
n
29.790
0,01
H
Cálice-de-ouro
arb
n
Jasmim
arb
e
Bom-dia
erv
n
29.801
0,06
Espirradeira
arb
e
29.797
0,01
Dedal-de-ouro
arb
n
il
0,01
Pica-pau
Comigo-ninguémpode
erv
e
29.835
0,15
H
erv
n
il
0,33
h,g
Agave
erv
e
il
0,01
H
Astrocaryum vulgare Mart.
Tucum
arv
n
il
0,07
a,b,e,f
Attalea speciosa Mart. ex
Spreng
Cocos nucifera L.
Copernicia prunifera (Mill.)
H. E. Moore
Babaçu
arv
n
il
3,63
Coco-da-praia
arv
e
il
0,40
a,b,h
Carnaúba
arv
n
il
1,96
a,b,c,e,f
Anacardiaceae
Spondias purpurea L.
Spondias tuberosa Arr.
Cam.
Annonaceae
Annona muricata L.
Annona squamosa L.
Apiaceae
Coriandrum sativum L.
Foeniculun vulgari mil.
Apocynaceae
Allamanda blanchetti
A.DC.
Allamanda cathartica L.
Plumeria albaL.
Catharanthus roseus (L.)
G. Don
Nerium oleander L.
Thevetia peruviana
(Pers.) Merr.
29.792
29.798
0,01
0,03
H
H
H
H
H
Araceae
Caladium bicolor Vent.
Dieffenbachia picta (Lodd)
Schott
Syngonium podophyllum
Schott.
Arecaceae
a,b,c,d,e,f
68
Tab. 1: Continuação
Família/espécie
NV
HAB
ST
NC
VU
Cat. U
Arecaceae
Euterpe oleracea Mart.
Mauritia flexuosa L. f.
Açaí
Buriti
arv
arv
n
n
29.828
il
0,01
0,01
B
B
Milindro
erv
e
29.782
0,03
a
Girassol
Alface
sub
erv
e
e
29.823
29.858
0,03
0,01
h
b
Pingo-de-ouro
erv
e
29.846
0,07
h
Cravim
erv
e
29.802
0,01
a
Caroba
erv
n
il
0,01
a
Pau-d'arcoamarelo
arv
n
29.788
0,01
a,c
Ipezinho
arb
e
29.799
0,01
h
Urucum
arb
n
29.749
0,02
a,b
Abacaxi
erv
n
il
0,02
b
Mandacaru
arb
n
29.850
0,03
h
Coroa-de-frade
erv
n
29.789
0,01
h
Rosa-madeira
arb
n
28.856
0,01
h
Mamão
arv
n
29.820
0,23
a,b
Pequi
arv
n
29.758
0,03
a,b,c
Embaúba
arv
n
il
0,01
a,c
Asparagaceae
Asparagus SP
Asteraceae
Helianthus annuus L.
Lactuca sativa L.
Melampodium divaricatum
DC.
Tagetes erecta L.
Bignoniaceae
Jacaranda brasiliana
Pers.
Handroanthus serratifolius
Tecoma stans (L.) Juss.
ex Kunth
Bixaceae
Bixa orellana L.
Bromeliaceae
Ananas comosus (L.)
Merr.
Cactaceae
Cereus jamacaru DC.
Melocactus zehntneri
(Britton & Rose) Luetzelb.
Pereskia grandiflora Haw.
Caricaceae
Carica papaya L.
Caryocaraceae
Caryocar coriaceum
Wittm.
Cecropiaceae
Cecropia glaziovi Snethl.
69
Tab. 1: Continuação
Família/espécie
Chenopodiaceae
Beta vulgaris L.
Chenopodium
ambrosioides L.
Combretaceae
Combretum duarteanum
Cambess.
Combretum leprosum
Mart.
Terminalia catappa L.
Convolvulaceae
Ipomoea batatas(L.) Lan.
Ipomoea quamoclit L.
Ipomoeaasarifolia (Desr.)
Roem & Schult
Ipomoea SP
Operculina macrocarpa
(L.) Farw.
Crassulaceae
Bryophyllum pinnatum
(Lam.) Oken
Cucurbitaceae
Curcubita pepo L.
Citrullus vulgaris Schrad.
ex Ecml. & Zeyh.
Cucumis anguria L.
Curcubita sativus L.
Mormodica charantia L.
Davalliaceae
Nephrolepis biserrata
Schott
Nephrolepis exaltata
Schott
Euphorbiaceae
Cnidoscolus loefgrenii
Pax & K. Hoffm.
Croton campestris A. St.
Hil.
NV
HAB
ST
NC
VU Cat. U
Beterraba
erv
e
il
0,01
a,b
Mastruz
sub
e
29.770
0,27
a
Catinga-branca
arb
n
29.768
0,43
c,d
Mufumbo
arb
n
29.769
0,03
a,c,d
Amêndoa
arv
e
29.750
0,03
b
Batata-doce
Primavera
sub
erv
e
e
il
29.840
0,05
0,01
b
h
Salsa
sub
n
29.765
0,08
h
Jitirana
sub
n
29.852
0,06
h
Batata-de-purga
sub.
n
il
0,02
a
Folha-santa
erv
e
29.817
0,15
a
Abóbora
sub esc
E
29.818
0,26
a,b
Melancia
sub esc
e
29.825
0,28
b
Maxixe
Pepino
Melão-de-são
caetano
sub esc
erv
e
e
29.838
il
0,33
0,11
b
b
sub esc
n
29.843
0,04
a,b,e
Rabo-de-peixe
erv
e
il
0,09
h
Samambaia-demetro
erv
e
29.815
0,09
h
Cancanção-branco
sub
n
29.763
0,03
a
Velame
sub
n
29.760
0,12
a
70
Tab. 1: Continuação
Família/espécie
NV
HAB
ST
NC
VU
Cat. U
Euphorbiaceae
Euphorbia milii Des. Moul.
Coroa-de-cristo
erv
e
29.848
0,02
h
Euphorbia tirucalli Forssk.
Jatropha gossypiifolia L.
Jatropha ribifolia (Pohl)
Baill.
Manihot utilissima Pohl.
Manihot esculenta Crantz
Phyllanthus niruri L.
Cachorro-pelado
Pião-roxo
arb
arb
e
n
29.860
29.759
0,01
0,24
a,h
a,g
Pião-branco
arb
n
29.761
0,04
a,g
Macaxeira
Mandioca
Quebra-pedra
sub
sub
erv
n
n
n
il
il
29.786
0,24
0,17
0,05
b
b
a
Pé-de-coquinho
erv
e
29.834
0,03
a
Erva-cidreira
sub
e
29.784
0,57
a
Alecrim
sub
n
29.785
0,02
a,b
Vick
Hortelã
Manjericão
erv
erv
sub
e
e
e
29.782
29.783
29.806
0,13
0,22
0,19
a
a
a,b
Malva-do-reino
erv
e
29.781
0,20
a
Boldo
erv
e
29.839
0,51
a
Abacate
arv
e
il
0,03
a,b
Sapucaia
arv
n
il
0,01
b,c
Mororó
arv
n
29.779
0,02
a
Jucá
arv
n
29.780
0,01
a,c
Flamboiant
arb
e
29.803
0,03
h
Jatobá
arv
n
29.829
0,03
a,c
Matapasto
sub
n
il
0,01
a,e
Fedegoso
sub
n
29.752
0,02
a
Iridaceae
Eleutherine bulbosa Urb.
Lamiaceae
Lippia alba (Mill.) N. E. Br.
Lippia gracillis
Humb.,Bonpl & Kunth.
Mentha arvensis L.
Mentha x villosa Huds
Ocimum gratissimum L.
Plechtranthus amboinicus
(Lour.) Spreng.
Plechtranthus barbatus
Andrews
Lauraceae
Persea americana Mill.
Lecythidaceae
Lecythis pisonis
Cambess.
Leguminosae
Caesalpinoidae
Bauhinia ungulata L.
Libidibia ferrea (Mart. ex
Tul.) L.P.Queiroz
Delonix regia (Boj. ex
Hook) Raf.
Hymenaea courbaril L.
Senna obtusifolia (L.) H.
S. Irwin & Barneby
Senna occidentalis (L.)
Link
71
Tab. 1: Continuação
Família/espécie
NV
HAB
ST
NC
VU
Cat. U
Leguminosae
Mimosoidae
Albizia niopoides (Spruce
ex Benth.) Burkart.
Mimosa caesalpiniifolia
Benth.
Anadenanthera colubrina
(Vell.) Brenan
Vachellia farnesiana (L.)
Wight & Arn
Angico-branco
arv
n
29.861
0,05
a,c,d
Unha-de-gato
arv
n
29.830
0,53
a,c,d,e
Angico-preto
arv
n
29.842
0,03
a,d
Coronha
arv
n
il
0,01
a
Emburana
arv
n
29.862
0,05
a,c
Leguminosae
Papilionoidae
Amburana cearensis
(Allemão) A.C.Sm.
Andira retusa
Humb.,Bonpl. & Kunth
Phaseolus vulgaris L.
Tamarindus indica L.
Angelim
arv
n
29.756
0,15
a,c
Feijão
Tamarindo
erv
arv
e
e
29.844
29.857
0,53
0,16
b
a,b
Liliaceae
Allium cepa L.
Allium sativum L.
Allium schoenoprasum L.
Aloe vera (L.) Burm. f.
Cebola
Alho
Cebolinha
Babosa
erv
erv
erv
erv
e
e
e
e
il
il
29.822
29.849
0,01
0,06
0,37
0,09
a,b
a,b
a,b
a
Murici
arb
n
29.755
0,04
b
Acerola
arb
e
29.821
0,55
a,b
Quiabo
sub
e
29.813
0,34
b
Gossypium herbaceum L.
Algodão
arb
e
29.762
0,03
a
Hibiscus rosa-sinensis L.
Sida glomerata Cav.
Margarida
Relógio
arb
sub
e
n
29.839
29.796
0,11
0,01
h
a
Melastomataceae
Mouriri samanensis Urb.
Crioli
arv
n
29.816
0,12
b
Malpighiaceae
Byrsonima crassifolia (L.)
Kunth
Malpighia glabra L.
Malvaceae
Abelmoschus esculentus
Moench
72
Tab. 1: Continuação
Família/espécie
Meliaceae
Azadirachta indica A.
Juss.
Moraceae
Artocarpus integrifolia L. f.
Musaceae
Musa paradisiaca L.
Myrtaceae
Eucalyptus globulus
Labill.
Campomanesia aromatica
(Aubl.) Griseb
Psidium guajava L.
Syzygium jambolanum
(Lam.) DC.
Nyctaginaceae
Bougainvillea glabra
Choisy
Mirabilis jalapa L.
Olacaceae
Ximenia americana L.
NV
HAB
Ninho
arv
Jaca
ST
NC
VU
Cat. U
e
29.746
0,12
a,h
arv
e
il
0,03
a,b
Banana
erv
e
29.827
0,33
a,b
Eucalipto
arv
e
il
0,01
a,b
Guabiraba
arb
n
il
0,01
a,b
Goiaba
arv
n
29.776
0,39
a,b
Azeitona-preta
arv
e
29.854
0,01
a,b
Buganville
arb
n
29.800
0,02
h
Bunina
sub
e
29.832
0,02
h
Ameixa
arb
n
29.775
0,21
a,b
Carambola
arb
e
29.783
0,12
a,b
Maracujá
sub esc.
n
29.774
0,03
a,b
Tipi
sub
n
29.809
0,08
a
Pimenta-demacaco
sub
n
29.804
0,03
a
Capim-santo
erv
e
il
0,26
a
Arroz
Cana-de-açucar
Milho
erv
sub
sub
e
e
e
29.833
29.845
29.831
0,13
0,04
0,52
b
a,b,e
b,e
Oxalidaceae
Averrhoa carambola L.
Passifloraceae
Passiflora edulis Sims.
Phytolacaceae
Petiveria alliacea L.
Piperaceae
Piper tuberculatum Jacq.
Poaceae
Cymbopogon citratus
(DC.) Staph
Oryza sativa L.
Saccharum officinarum L.
Zea mays L.
73
Tab. 1: Continuação
Família/espécie
HAB
ST
NC
Nove-horas
erv
n
29.841
0,01
h
Romã
arb
e
29.805
0,06
a
Roseira
sub
e
29.824
0,13
h
Limão-galego
arb
e
il
0,03
a,b
Laranja
Limão-azedo
Limão-doce
Tangerina
Arruda
arb
arb
arb
arb
erv
e
e
e
e
e
29.751
29.757
29.810
Il
29.826
0,58
0,26
0,16
0,08
0,04
a,b
a,b
a,b
b
a,g
Jenipapo
None
arv
arv
n
e
29.772
29.748
0,01
0,22
b,d
a
Cedro-branco
arv
n
29.778
0,03
c
Pitomba
arv
n
29.847
0,03
b
Vassourinha
sub
n
29.787
0,41
a,g
Pimentão
sub
e
29.811
0,13
b
Capsicum chinense Jacq.
Pimenta-de-cheiro
sub
e
29.812
0,20
b
Capsicum frutescens L.
Pimenta- malageta
sub
e
29.766
0,20
b,g
Tomate
sub
e
29.767
0,08
b
Açoita-cavalo
arv
n
29.777
0,04
a
Chanana
sub
n
29.7642
0,10
a
Portulacaceae
Portulaca gradiflora Hook.
Punicaceae
Punica granatum L.
Rosaceae
Rosa chinensis Jacq.
Rutaceae
Citrus aurantifolia
(Christm.) Swingle
Citrus aurantium L.
Citrus limonum Risso
Citrus medica L.
Citrus reticulata Blanco
Ruta graveolens L.
Rubiaceae
Genipa americana L.
Morinda citrifolia L.
Sapindaceae
Cardiospermum
anomalum Cambess
Talisia esculenta Radlk.
Scrophulariaceae
Scoparia dulcis L.
Solanaceae
Capsicum annuum L.
Lycopersicon esculentum
Mill.
Tiliaceae
Luehea speciosa Willd.
NV
VU
Cat. U
Turneraceae
Turnera ulmifolia L.
74
Tab. 1: Continuação
Família/espécie
Zingiberaceae
Alpinia nutans (L.) Rosc.
Crocus sativus L.
Zingiber officinale Roscoe
NV
Jardineira
Açafrão
Gengibre
HAB
ST
erv
erv
erv
e
e
e
NC
29.808
Il
il
VU
0,10
0,03
0,02
Cat. U
a,h
a,b
a,b
As espécies identificadas distribuem-se nos seguintes hábitos: herbáceo
(30 %), subarbustivo (19,3 %), arbustivo (20,7 %), subarbustivo escandente (3,3 %)
e arbóreo (26,7 %). Do total, 48 % são nativas e 52 % são exóticas. Estas últimas
são encontradas em diversos ambientes, principalmente nos quintais, que
apresentam importância significativa na comunidade. Verificando-se, portanto, a
predominância dessas espécies, resultado também observado por Amaral & Guarim
Neto (2008) em quintais de Rosário Oeste, MT e por Carniello et al. (2010) em
Mirassol D’ Oeste,MT. A superioridade da representação das espécies exóticas
deve-se ao fato de que as categorias predominantes foram aquelas de plantas
cultivadas em quintais, que geralmente são introduzidas. A predominância dessas
espécies indica a influência das tradições europeia e africana, conforme constatado
também por Pilla, Amorozo & Furlan (2006). Porém, os resultados foram
discordantes dos verificados por Vieira (2008), Souza (2012), Borges & Peixoto
(2009), Crepaldi & Peixoto (2010) e Lopes & Lobão (2013). Embora a significativa
representatividade das plantas nativas demonstre que a população apresenta um
elevado conhecimento sobre o uso de diversas plantas.
Quanto à distribuição do conhecimento em relação ao gênero, verificou-se
uma proporção razoavelmente equilibrada, porém as mulheres citaram 58 % das
espécies e os homens 42 %. Essa diferença se dá, provavelmente porque as
mulheres têm um maior domínio das espécies cultivadas próximo às residências,
utilizadas principalmente como medicinais, alimentícias e ornamentais. Ceolin et al.
(2010) afirmam a predominância do gênero feminino evidenciando a importância das
mulheres na transmissão do conhecimento entre as gerações, dados também
verificados por diversos autores (Almeida 2000, Winklerprins 2002, Rondon Neto et
al. 2004, Rosa et al. 2007 e Vieira et al. 2007). Na análise quanto ao saber por faixa
etária, idosos têm maior conhecimento que adultos e jovens. Isso mostra, de acordo
com Zuchiwschi et al. (2010) a correlação entre uso de espécies e conhecimento; e
as diferenças entre as gerações. No que concerne ao repasse do conhecimento, 90
75
% dos entrevistados afirmam ter adquirido dos pais, avós, parentes e pessoas mais
velhas da comunidade. Verificou-se ainda, que este ocorre oralmente durante
realização de afazeres domésticos coletivos, trocas de experiências nas conversas
dos terreiros entre os vizinhos, em atividades realizadas entre grupos de trabalho e,
sobretudo durante conversas cotidianas entre filhos, pais e avós no seio familiar.
Amorozo (2012) aponta que, em comunidades rurais, esse conhecimento é
transmitido desde muito cedo, a partir do momento em que as crianças começam a
acompanhar os adultos nas tarefas cotidianas do campo, e que dessa forma vão se
habituando a plantar e raramente se desfazem de tal atividade, mesmo migrando
para áreas urbanas. Além da transmissão vertical, também foi observada a
transmissão horizontal, que se dá principalmente entre vizinhos que trocam mudas
de plantas e receitas caseiras, levando ao conhecimento e uso de novas espécies
em seu repertório. Essa troca, segundo Baldauf et al. (2009) leva à incorporação de
novas plantas por parte dos sujeitos envolvidos nela. Além disso, reforça laços
sociais e contribui para a manutenção desse conhecimento na comunidade.
Observamos na Fig. 3 que a categoria de uso que apresentou o maior
número de espécies citadas foi a medicinal (94), seguida da alimentação humana
(68), ornamental (30), construção (15), forrageira (9), místico-religiosa (8), produção
energética (7) e artesanal (3).
76
3
Artesanal
7
Produção de Energia
8
Mística Religiosa
9
Forrageira
15
Construção
30
Ornamental
68
Alimentícia
94
Medicinal
0
20
40
60
80
100
Figura 3: Números de espécies botânicas indicadas por categorias de uso
na comunidade Novo Nilo, União/PI.
Fonte: pesquisa direta, setembro/2013.
Do
número
total
de
plantas
identificadas,
32
foram
referidas
exclusivamente para categoria de uso medicinal, 33 para categoria medicinal e
alimentícia, 26 exclusivamente ornamentais, sete para medicinal e construção, cinco
para medicinal e mística, duas para mística e ornamental, duas para medicinal e
forrageira, uma
a para construção e produção energética e outra para construção e
alimentícia. Somente uma planta foi citada para seis das oito categorias estudadas.
Medicinal – representada por 94 espécies, distribuídas em 43 famílias
botânicas e 81 gêneros, demonstrou que a utilização de plantas para fins
terapêuticos constituem-se
constituem se como elemento cultural bastante expressivo na
comunidade rural Novo Nilo, por ser considerado mais eficiente e acessível
financeiramente. As famílias mais representadas foram: Leguminosae (12 espécies),
77
Lamiaceae (7) e Euphorbiaceae (6). Considerando apenas a família Leguminosae
resultado similar foi observado por Aguiar (2009) e segundo Souza (2007), o
destaque para Leguminosae entre as plantas de uso medicinal pode ser explicado
pelo grande número e diversidade de espécies que compõem esta família. Quanto a
família Lamiaceae, Oliveira & Menini Neto (2012) e Carvalho et al. (2013)
constataram dados semelhantes. As espécies medicinais levantadas nas áreas
corresponderam a 62,6 % do total, corroborando com Figueiredo et al. (1993),
Rossato et al. (1999), Pasa et al. (2005) Vieira et al. (2008) e Gandolfo & Hanazaki
(2011) que referiram a categoria medicinal com o maior número de espécies e
citações. Em Novo Nilo, tal fato justifica-se pela confiabilidade da comunidade em
remédios caseiros associada à disponibilidade dessas plantas nos próprios quintais
e à dificuldade de acesso à assistência médica. Simões et al. (1998) explica que o
alto custo dos medicamentos industrializados, o difícil acesso da população à
assistência médica, bem como a tendência ao uso de produtos de origem natural
justifica o aumento da utilização de plantas medicinais. Quanto à aquisição das
plantas, isso ocorre no quintal da própria casa, de vizinhos ou parentes e nas matas.
Resultados semelhantes foram observados por Mosca & Loiola (2009), Oliveira et al.
(2010), Marinho et al. (2011).
As espécies que mais se destacaram em número de citações nessa
categoria foram: erva-cidreira (Lippia alba (Mill.) N. E. Br.), o boldo (Plectranthus
barbatus Andr.), o mastruz ( Chenopodium ambrosioides L.) e o capim-santo
(Cymbopogon citratus Stapf.). Oliveira et al.(2010) em São Domingos do Capim, PA,
verificaram que a erva-cidreira se destacou pelo elevado valor de importância
relativa.
Em relação aos modos de preparos informados pelos moradores, há uma
grande preferência no uso na forma de chá (decocto ou infusão), que obteve 49,63
% das indicações, seguida pela garrafada (24,10 %), lambedor (10,21 %),
maceração (7,30 %), banho e suco (3,65 % cada) e emplastos (1,46 %). Quanto a
primazia dos chás, o mesmo foi referido por diversos autores como Mosca & Loiola
(2009), RN, Oliveira et al. (2010) nas comunidades rurais de Oeiras, PI, Albertasse
et al. (2010) em Vila Velha, ES e Costa & Mayworm (2011) em Extrema, MG. Isso se
verifica provavelmente pela facilidade de preparo e rapidez do suposto efeito. Como
partes mais utilizadas destacaram-se as folhas (50 %), pois estas estão disponíveis
o ano inteiro em razão das formações vegetais da região não apresentarem
78
caducifolia. Seguidas a estas se destacaram as cascas (19,23 %), frutos (13,08 %)
raízes e sementes (5,38 % cada), caules (3,84 %), e resinas (3,09 %), corroborando
com os resultados obtidos por Agra et al. (2007) no Cariri, PB, De La Cruz et al.
(2007) nos Andes peruanos e Pasa (2011) na comunidade Jardim, Cuiabá, MT.
No que se refere ao consenso dos informantes da comunidade, quanto à
potencialidade das espécies de plantas citadas, apresentou-se 13 categorias de
doenças e dentre essas, houve maior concordância entre os entrevistados, para
aquelas indicações relativas ao tratamento das doenças do sistema nervoso (0,93).
Resultado semelhante é reportado por Silva (2010) na comunidade Pau Arrastado,
zona rural de Campo Maior, PI e contrastando com o observado por Chaves e
Barros (2012). Maioli-Azevedo & Fonseca-Kruel (2007), destacaram que as
categorias de uso que apresentam maiores valores de consenso merecem estudos
mais aprofundados das espécies e usos adotados, pois apresentam relevante
importância cultural.
Alimentícia – Representada por 68 espécies, destacando-se as famílias
Arecaceae
(6),
Anacardiaceae
(5)
e
Cucurbitaceae
(5),
como
as
mais
representativas. Com relação a maior representatividade da família Arecaceae,
encontrada nesta categoria, pode ser explicada devido ao fato da comunidade
encontrar-se inserida numa área de grande ocorrência de plantas dessa família,
numa região de babaçuais e carnaubais. As espécies feijão (Phaseolus vulgaris L.),
arroz (Oryza sativa L.), milho (Zea mays L.), mandioca (Manihot esculenta Crantz),
macaxeira (Manihot utilíssima Pohl.), abóbora (Cucurbita pepo L.), quiabo
(Abelmoschus esculentus Moench) e melancia (Solanum palinacanthum Dunal) se
destacaram como os principais cultivos agrícolas. Destaca-se como a segunda
categoria mais citada com 45,3 % do total, provavelmente devido ao costume local
do cultivo de espécies comestíveis nas roças e nos quintais da maioria dos
moradores da comunidade, pois esta é caracterizada pela agricultura de
subsistência, com revenda apenas do excedente da produção. Fato similar se
verifica em outros munícipios do Estado (Oliveira et al. 2010, Aguiar & Barros 2012),
no Nordeste brasileiro (Roque & Loiola 2013; Leite & Marinho 2014) outras regiões
do país (Schardong & Cervi 2000, Pasa et al. 2005, Silva & Proença 2008). Essa
atividade é conhecida historicamente como a atividade que tem garantido a
sobrevivência das populações de comunidades rurais ao longo dos séculos.
79
A categoria apresentou uma quantidade significativa de plantas exóticas
(41 espécies), com destaque para as hortaliças como coentro (Coriandrum sativum
L.), cebolinha (Allium schoenoprasum L.), pimentão (Capsicum annuum L.) e
pimenta-de-cheiro (Capsicum chinense Jacq.) que são cultivadas principalmente nos
quintais em hortas e canteiros erguidos, estes últimos constituem-se como uma
particularidade das comunidades piauienses. Fato também destacado no estudo
realizado por Silva (2010) nas comunidades Resolvido, Pau-Arrastado e Salinas em
Campo Maior, PI. A maioria dos moradores exerce essa atividade basicamente para
consumo e, em alguns casos, para comercialização, configurando-se como uma
como forma alternativa de complementar a renda.
Mais da metade das espécies encontradas são frutíferas (57 %) e
cultivadas nos quintais das residências. Dentre as nativas, destacam-se pela
ocorrência na maioria dos quintais de Anacardium occidentale L. (caju), goiaba
(Psidium guajava L.), Carica papaya L. (Mamão), Spondias purpurea L. (Siriguela),
no entanto, apenas o caju foi a espécie em comum ao estudo realizado por
Florentino et al. (2007) e Freitas et al. (2012). Dentre as exóticas destacam-se
Mangifera indica L. (manga), Citrus aurantium L. (laranja), Malpighia glabra L.
(acerola), Musa paradisiaca L. (banana) e Cocos nucifera L. (coco-da-praia). Para
Carli et al. (2009) o consumo de frutas é um dos elementos que demonstram como
as famílias rurais observam a passagem do tempo, privilegiando em seu cardápio
cotidiano o tempo das coisas.
Ornamental – foram levantadas 30 espécies, distribuídas em 18 famílias
botânicas. Apocynaceae (6) foi a que apresentou o maior número de espécies,
seguida de Cactaceae (3). O hábito de cultivar plantas para ornamentar os
ambientes domésticos como jardins e quintais representa uma atividade muito
presente, visto que é comum observamos esta prática por toda comunidade. Nesse
aspecto, os dados diferem dos obtidos por Franco & Barros (2006) no Quilombo
Olho D’água dos Pires, PI, que relatam ser esta uma atividade pouco desenvolvida
na comunidade por elas pesquisada. Nessa categoria o status exótico foi superior
(63,4 %) ao nativo (36,6 %) e geralmente as espécies são adquiridas de vizinhos,
parentes e amigos. As citações totalizaram 100 % dos entrevistados entre as
mulheres, provavelmente por serem estas as mantenedoras e cuidadoras dos
quintais e jardins, como já mencionado por Sablayioles (2004) e Aguiar (2009).
80
Nessa categoria as espécies que mais se destacaram embelezando as
residências da comunidade foram: Rosa chinensis (rosa), Nephrolepis exaltata
Schott (samambaia-de-metro), Azadirachta indica A. Juss. (ninho), Hibiscus rosasinensis L. (margarida), Catharanthus roseus (L.) G. Don (boa-noite) e Dieffenbachia
picta (comigo-ninguém-pode), esta última também bastante citada na categoria
místico-religiosa.
Construção – representada por 15 espécies, em nove famílias botânicas,
destas as que se destacaram com maior número de espécies foram Arecaceae (6)
seguida
por
Leguminosae
(5).
Ressalta-se
para
essa
categoria
o
uso
exclusivamente de espécies nativas, corroborando com Borges & Peixoto (2009),
Silva (2010) e Bastos (2012), demonstrando que as populações rurais detêm um
vasto conhecimento acerca de plantas utilizadas na feitura de casas, cercas e
portões.
As espécies que se destacaram de maneira significativa foram babaçu
(Attalea speciosa Mart. ex Spreng.) e carnaúba (Copernicia prunifera (Mill.)
H.E.Moore), na construção civil. A utilização dessas espécies ocorre principalmente
com o uso das palhas do babaçu na cobertura de casas e o caule da carnaúba como
sustentáculo para paredes e coberturas dessas construções (casas, banheiros,
latadas, portões), fato verificado também por Gonzalez-Perez et al. (2012) na Terra
Indígena Las Casas, PA.
Copernicia prunifera foi citada para confecção de
madeiramento para construção por Vieira et al. (2008), Chaves & Barros (2008) e
Oliveira (2009) nas comunidades por eles estudadas no estado do Piauí. Na
construção das cercas e cercadinhos de proteção de plantas, além da utilização dos
talos do babaçu, verifica-se ainda a presença da espécie unha-de-gato (Mimosa
caesalpinifolia Benth.).
Para confeccionar e realizar reparos de canoas e instrumentos de pesca
são utilizadas as espécies: Cedro-branco (Cardiospermum anomalum Cambess),
Pequi (Caryocar coriaceum Wittm.), Pau-d’arco (Handroanthus serratifolius (Vahl)
S.O. Grose). Resultados semelhantes foram destacados por Amorim (2010) no
bairro Poty Velho em Teresina, PI e Santos (2012) em União, PI. Quanto ao uso do
Pau-d’arco corrobora ainda o encontrado por Borges & Peixoto (2009) numa
comunidade caiçara do litoral sul do Rio de Janeiro. Outras espécies que merecem
81
destaque nessa categoria são: angelim (Andira retusa Humb., Bonpl. & Kunth), e
aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão).
Forrageira
-
Nessa
categoria
foram
levantadas
nove
espécies,
representando 6 % do total e distribuídas em seis famílias. A família que contribui
com maior número de espécies foi Arecaceae (6), seguida da família Poaceae (2),
que foi destacada por Oliveira et al. (2009), Vieira (2009) e Bastos (2012) como
importantes nessa categoria. Do total de espécies levantadas 55% são nativas,
destacando-se mata-pasto (Senna obtusifolia L.) e Anacardium occidentale L. (caju).
A espécie que apresentou maior número de citações foi o milho (Zea
mays) que é utilizada na alimentação de aves, bovinos, caprinos e suínos criados
por alguns moradores. A utilização dessa espécie para alimentação desses animais
provavelmente esteja relacionada ao fato de que é uma das mais cultivadas na
comunidade e o excedente da produção agrícola é armazenado para essa
finalidade. Outra espécie que foi destacada nessa categoria foi Mimosa
caesalpinifolia Benth. (unha-de-gato), também referida por Vieira (2009) no
Quilombo dos Macacos em São Miguel do Tapuio, PI.
Místico-religiosa -- Essa categoria foi representada por oito espécies,
distribuída em seis famílias botânicas. Dentre elas, Euphorbiaceae foi a que mais se
destacou em número de espécies (2), ficando as demais famílias representadas por
apenas uma espécie. Foram indicadas no uso de rezas para defesa e contra
quebrantos e mau-olhado as seguintes espécies: Justicia pectoralis var. stenophylla
Leonard (trevo), Sansevieria trifasciata Prain (espada-de-são Jorge), Dieffenbachia
picta (Lodd) Schott (comigo-ninguém-pode), Jatropha gossypiifolia L. (pião-roxo),
Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. (pião-branco), Ruta graveolens L. (arruda), Scoparia
dulcis L. (vassourinha) e Capsicum frutescens L. (pimenta-malageta). Apesar do
pouco número de espécies citadas, a prática de uso de plantas nesta categoria
caracteriza-se como recorrente na comunidade, visto que a maioria (61,5 %) dos
atores entrevistados citou algum tipo de ritual ou alguma forma de uso de plantas
para cura ou defesa. Albuquerque (2005) indica que a conexão entre pessoas e
plantas não se dá somente no nível médico ou terapêutico, mas também em nível
mágico-religioso. As plantas que mais se destacaram na realização desses rituais
foram: vassourinha. peão-roxo e comigo-ninguém-pode, corroborando com Pasa &
Guarim Neto (2005) no Mato Grosso, Silva & Andrade (2005), Oliveira & Trovão
82
(2009), Almeida & Bandeira (2010) e Roque et al. (2013) na região Nordeste,
demonstrando a forte influência africana em todo o país.
Na comunidade residem oito rezadores que praticam esses rituais
utilizando um pequeno galho da primeira planta mencionada passando sobre o
corpo da pessoa acompanhado de uma reza, sendo usada principalmente para tirar
quebranto e mal olhado. Fato verificado também por Oliveira & Trovão (2009) no
agreste Paraibano. Somente as duas últimas plantas foram citadas para afugentar
mau olhado, as quais são geralmente cultivadas em frente às casas, fato observado
como prática recorrente em comunidades piauienses. Tal prática foi verificada por
Sousa (2010) e Silva (2010) nas comunidades por elas pesquisadas.
Produção energética – Nesta categoria foram levantadas sete espécies
nativas, distribuídas em quatro famílias e seis gêneros, representando 4,6% do total
de espécies pesquisadas. Destacou-se a família Leguminosae (3) com maior
representatividade de espécies, porém o babaçu (Attalea speciosa Mart. ex Spreng)
é a espécie mais empregada na produção de carvão que é feito principalmente da
casca do coco, já que esta palmeira apresenta-se bastante acessível na
comunidade. Esta produção de carvão configura-se como uma realidade muito
difundida em território piauiense, como constatado também por Franco & Barros
(2006) no Quilombo Olho D’agua dos Pires, PI. Outra alternativa, em menor escala,
é a produção de carvão a partir das seguintes espécies: unha-de-gato (Mimosa
caesalpinifolia
Benth.),
catinga-branca
(Combretum
duarteanum
Cambess.)
mufumbo (Combretum leprosum Mart.) e mororó (Bauhinia ungulata L.).
Os biocombustíveis apresentam-se como a principal fonte de energia para
um grande contingente da população do mundo, especialmente em comunidades
rurais dos países em desenvolvimento. No Brasil, sobretudo na região Nordeste esta
realidade é mais frequente principalmente nas áreas de Caatinga onde ocorre
grande extração de lenha e carvão para a cocção de alimentos. (Abbot & Lowore
1999, LI et al. 2005).
A prática da produção de carvão é comum mesmo entre os moradores
que dispõem de fogão a gás. Estudos realizados por Perez-Negron & Casas (2007)
no México, Ventura-Aquino et al. (2008) na África do Sul e Vieira (2010),
confirmaram que a presença de fogões a gás em residências não substituem ou
diminuem a importância do carvão. Em Maputo, Moçambique , Brouwer & Falcão
83
(2001) afirmam que esta combinação de duas fontes de combustível funciona como
uma estratégia para reduzir a despesa das famílias, fato também verificado por
Ramos & Albuquerque (2012)
em Cachoeira e Barrocas, comunidades rurais
localizadas no município de Soledade, PB. Esta prática, em Novo Nilo apresenta-se
ainda como uma forma rentável, pois o excedente desse carvão produzido, em
alguns casos, é comercializado na própria comunidade. Alguns estudos demonstram
a contribuição de elementos culturais para a continuação desta prática,
especialmente quando os entrevistados indicam uma preferência por alimentos
cozidos em fornos a lenha (Cocks, Wiersum 2003, Ventura-Aquino et al. 2008).
Artesanal - nesta categoria foram incluídas apenas três espécies,
representando 2 % do total indicado, nativas e pertencentes à família Arecaceae:
Attalea speciosa Mart. ex Spreng (babaçu), Copernicia prunifera (carnaúba) e
Astrocaryum vulgare Mart. (tucum). No que se refere ao uso dessas espécies, a
palha da carnaúba foi citada como a parte mais usada para a fabricação dos
seguintes artefatos: abano, bolsa, cesta, chapéu, corda, esteira, peneira, tapete e
vassoura. Enquanto o babaçu, citado apenas para a fabricação de vassouras a
partir do pecíolo de suas folhas e o tucum citado para fabricação de cordas. Os
produtos confeccionados a partir dessas espécies, além de muito utilizados pelas
comunidades locais, são comercializados nos municípios circunvizinhos e na capital.
No Piauí, Santos (2008), Aguiar (2009), Oliveira (2009), Amorim (2010),
Silva et al. (2012) e Sousa (2012) entre outros, destacaram em suas pesquisas
etnobotânicas a importância dessas palmeiras confirmando os diferentes estudos
desenvolvidos no território brasileiro (Rufino et al. 2008, Nascimento 2009, Souza et
al. 2011, Silva 2012) e em outras partes do mundo (Barfod & Balslev 1988, Moraes
et al. 1995; Borchsenius & Blicher-Mathiesen 1996; Moraes 2006, 2007; GonzalezPerez et al., 2012).
Valor de uso:
No que concerne aos resultados referentes ao índice Valor de Uso, a
espécie que apresentou maior valor foi o babaçu (Attalea speciosa Mart. ex Spreng
com VU=3,6, seguida da carnaúba (Copernicia prunifera) com VU=1,96, resultado
similar ao verificado por Vieira (2008) para essa última espécie, que encontrou VU=
84
1,95 na comunidade por ele estudada. No entanto, merecem destaque ainda, por
apresentarem valores significativos, os resultados referentes às espécies Mangifera
indica L. (VU=0,70), Citrus aurantium L. (VU=0,58), e Malpighia glabra L. (VU=0,55),
consideradas importantes na categoria alimentícia.
Na categoria medicinal destacou-se Lippia alba, espécie citada como
calmante e como hipotensora, com VU=0,57, justificando a concordância verificada
entre os entrevistados para as indicações relativas ao tratamento das doenças do
sistema nervoso nos resultados referentes ao índice de consenso dos informantes
da comunidade. Friedman et al. (1986) sugerem que um bom critério para justificar
o uso de uma planta é verificar a concordância de uso na comunidade, ou seja,
quanto maior for esta concordância, é possível que a planta citada contenha algum
composto químico que valide seu uso. As atividades calmante e hipotensora foram
comprovadas por Matos (1999) e referidos por Mattos et al. (2007), quando afirmam
que esta espécie vem sendo utilizada em diversos programas de fitoterapia, sendo
largamente utilizada no Brasil devido às propriedades calmante, espasmolítica
suave, analgésica, sedativa, ansiolítica e levemente expectorante. Esses efeitos são
validados quimicamente por seus constituintes ativos, dentre eles o óleo essencial
que apresenta citral, mirceno, limoneno e carvona e que, cuja concentração varia
conforme o clima e a forma de cultivo (Lorenzi & Matos 2002). Julião et al. (2003)
destaca o linalol com efeito depressor sobre o sistema nervoso central, resultando
em propriedades hipnóticas, hipotérmicas e anticonvulsivantes.
O índice de Valor de Uso das espécies mostra o quão importante cada
uma delas é para a comunidade estudada, apresentando-se como relevante
argumento para a promoção da conservação destas em seus ambientes naturais.
Espécies da flora utilizadas na geração de renda
Muitas espécies apresentam potencial de uso econômico, sendo referidos
pelos moradores como alternativa rentável que auxiliam nas despesas do orçamento
familiar.
Essas espécies estão distribuídas nas mais distintas categorias e são
obtidas em diferentes locais, sendo algumas cultivadas e outras extraídas das matas
mais próximas. Na categoria alimentícia destacam-se as seguintes espécies: feijão
(Phaseolus vulgaris), arroz (Oryza sativa), milho (Zea mays), mandioca (Manihot
esculenta), macaxeira (Manihot utilissima), abóbora (Cucurbita pepo), quiabo
85
(Abelmoschus esculentus), e melancia (Solanum palinacanthum) que são obtidas
nos plantios de roçados e vazantes e vendidas, quando há excedente na produção,
dentro da comunidade ou nas cidades circunvizinhas.
Outras espécies como:
batata-doce (Ipomoea batatas), banana (Musa paradisiaca), coentro (Coriandrum
sativum), cebolinha (Allium schoenoprasum), pimentão (Capsicum annuum) e
pimenta-de-cheiro (Capsicum chinense), são cultivadas em pequenas hortas ou
canteiros erguidos nos quintais e vendidas geralmente para estabelecimentos
comerciais. Na categoria medicinal destacam-se como espécies utilizadas na
produção de garrafada: penicilina (Alternanthera dentata), bredo (Amaranthus
deflexus), perpeta (Gomphrena globosa), aroeira (Myracrodruon urundeuva),
chanana (Turnera ulmifolia), ameixa (Ximenia americana), açoita-cavalo (Luehea
speciosa), aroba (Neptunia plena), embaúba (Cecropia glaziovi), e milindro
(Asparagus sp), sendo algumas cultivadas nos quintais e outras obtidas nas matas
dos arredores da comunidade. As palmeiras babaçu, carnaúba e tucum são
destaque nas categorias de artesanato e construção. Sendo o babaçu utilizado
ainda, na produção de azeite vegetal aproveitado para fins alimentício e medicinal,
configurando-se com grande potencial econômico para a comunidade. Outra
alternativa geradora de renda realizada por apenas um morador é a fabricação e
reparo de canoas utilizando as seguintes espécies: unha-de-gato (Mimosa
caesalpinifolia), catinga-branca (Combretum duarteanum)
mufumbo (Combretum
leprosum), mororó (Bauhinia ungulata), cedro-branco (Cardiospermum anomalum),
pequi (Caryocar coriaceum ), e pau-d’arco (Handroanthus serratifolius), angelim
(Andira retusa) e aroeira (Myracrodruon urundeuva).
As espécies nativas destacaram-se de forma exclusiva nas categorias
construção, artesanal e produção energética, enquanto as exóticas são usadas
principalmente nas categorias medicinal e alimentícia, havendo uma vasta
quantidade de espécies utilizadas para geração de renda, demonstrando que a
comunidade retira da terra seu sustento. Os moradores da comunidade conhecem e
usam as espécies mais necessárias à sobrevivência e as mulheres apresentam-se
como membros de significativa importância na manutenção da vegetação local. A
maioria das espécies é especialmente útil e o saber popular deve ser resgatado e
mantido através de ações desenvolvidas pelas entidades responsáveis pela gestão
da comunidade, para que não haja aculturamento.
86
AGRADECIMENTOS
Aos moradores da Comunidade Novo Nilo, União/PI, pela receptividade,
carinho e colaboração no fornecimento dos dados durante a realização deste estudo
e aos estagiários do Herbário Graziela Barroso (TEPB) da Universidade Federal do
Piauí, pelo auxílio na herborização e incorporação do material botânico.
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96
ARTIGO 2 :
Sociedade e cultura: o caso da comunidade rural Novo Nilo
97
ARTIGO 2 :
Sociedade e cultura: o caso da comunidade rural Novo Nilo
Waldiléia Ferreira de Melo Batista1; Roseli Farias Melo de Barros2
1, Bióloga. Mestranda em Desenvolvimento e Meio ambiente do Programa de
Desenvolvimento e Meio Ambiente (MDMA) – PRODEMA/PRPPG/TROPEN/Universidade
Federal do Piauí (UFPI). [email protected]
2, Bióloga. Docente do Departamento de Biologia da UFPI e dos Programas de
Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente (MDMA/DDMA)
/PRODEMA/PRPG/UFPI. [email protected]
98
Resumo
O conhecimento do perfil socioeconômico, cultural e religioso das comunidades
rurais é significativo para o desenvolvimento de políticas públicas que garantam a
qualidade de vida e manutenção das tradições locais destas. Nesse artigo objetivouse conhecer a realidade socioeconômica, as práticas culturais e religiosas da
comunidade rural Novo Nilo (União/PI), situada à margem direita do rio Parnaíba.
Com população aproximada de 1.458 habitantes, distribuídos em 371 famílias. A
metodologia deu-se em etapas de observação direta, registro fotográfico e aplicação
de formulários semiestruturados a 202 pessoas, distribuídas nas faixas etárias
definidas pelo IBGE, perfazendo 54,4% do universo amostral. Os resultados indicam
que 31% dos moradores não apresentam escolaridade, 67% praticam agricultura de
subsistência e 81% recebem benefícios do governo federal. Apresenta sérios
problemas de saúde e total ausência de saneamento básico. A população participa
ativamente dos eventos culturais e quanto à religiosidade, 81% declararam-se
católicos, com a presença de rezadores.
Abstract
Knowledge of the socioeconomic, cultural and religious profile of rural communities is
significant for the development of public policies that guarantee the quality of life and
preservation of local traditions. This paper aimed to know socioeconomic reality,
cultural and religious practices of the rural community Novo Nilo (União/PI), situated
on the right bank of the river Parnaíba. This has an approximate population of 1,458
inhabitants distributed in 371 families. The methodology was performed in steps of
direct observation, photographic documentation and implementation of semistructured forms to 202 people, distributed in the age groups defined by IBGE,
totaling 54.4% of the universe sample. The results indicate that 31% of villagers have
no schooling, 67% practice subsistence agriculture and 81% receive benefits from
the federal government. They presents serious health problems and total absence of
basic sanitation. The population actively participates in cultural events and about
religiosity, 81 % declared themselves Catholics, with the presence of chanters.
99
Introdução
Ao longo da história, o ser humano vem acumulando informações sobre o
ambiente em que vive, procurando desenvolver variadas técnicas de uso e manejo
dos recursos naturais, principalmente dos recursos vegetais, com o objetivo de
garantir melhores formas de sobrevivência, através de uma relação direta com a
natureza. Esta relação é objeto de estudo da ciência conhecida como Etnobotânica,
que além deste papel, procura o resgate e valorização do saber popular, buscando
intensificar sua disseminação entre os membros de diversas comunidades (Santos
et al. 2008).
Os aspectos culturais configuram-se como objeto de estudo de vários
autores como Da Matta (1997), Amaral (1998), Figueiredo (1999), Guarinello (2001),
Barros (2002), Perez (2002), Haesbaert (2007), França (2008), Carvalho (2010),
Souza e Costa (2011), que levantam questões que se referem ao caráter ritual,
religioso, político, formador de identidades, cultural e formador de grupos sociais
procurando registrar as diferentes manifestações da cultura popular. No entanto, é
também papel da Etnobotânica trazer contribuições para a área, que abordem não
apenas os diversos aspectos das relações entre pessoas e plantas, mas incluindo
investigações sobre conhecimento, significado cultural, origem e fluxo do
conhecimento, etnotaxonomia e perda de conhecimento (Albuquerque et al
.2005a,b; Albuquerque e Lucena 2005, Hanazaki et al. 2006, Rodrigues 2006, Silva
e Andrade 2006, Lucena et al. 2007) . No Piauí, vários estudos etnobotânicos vêm
destacando também essas manifestações, como Oliveira et al. (2011), Amorim, Silva
e Barros (2012), Gondim, Vieira, e Barros (2012), Silva, Barros e Araújo (2012),
Franco e Barros (2012), Aguiar e Barros (2012), Chaves e Barros (2012), Freitas et
al. (2012), Sousa et al. (2012), Vieira e Barros (2013), dentre outros.
O estudo do conhecimento local pode ajudar a entender como funcionam
esses mecanismos de manejo (Berkes et al. 2000), porém, tão importante quanto
observar esses modelos nos aspectos botânicos e ecológicos, é também fazer o
resgate dos significativos valores culturais, comentado por Sachs (1997), quando
afirma que não se pode falar de biodiversidade separando-a da diversidade cultural.
Norgaard e Sikor (2002) mencionam que, no meio rural, especialmente
nos países de terceiro mundo, o ambiente e a cultura apresentam-se interligados a
outros
processos,
que
condicionam
o
desenvolvimento
local,
tais
como:
100
conhecimento, valores, organização social, ambiente e tecnologias. Afirmam, ainda,
que a sobrevivência dessas e nessas comunidades depende de políticas públicas
adequadas. Para Amorozo e Gély (1988) e Benz et al. (2000), as rápidas mudanças
sociais e os processos de aculturação econômica e cultural afetam fortemente o
conhecimento local sobre o uso de recursos naturais.
O
conhecimento
do
perfil
socioeconômico
dos
moradores
das
comunidades rurais, bem como de sua cultura e práticas religiosas, são de grande
relevância visto que, como observado por Boada (1991,p.88), as festas religiosas,
por exemplo, merecem destaque por representarem mudança no espaço e no
tempo das comunidades, podendo o espaço ser humanizado, ou seja, transformado
num lugar diferenciado do restante, basta que para tanto ali sejam realizados ritos
que dêem conta de tal tarefa, o que pode ser realizado através das festas
religiosas.
Porém, estes itens são pouco explorados nas pesquisas de cunho
científico, entretanto, tais estudos são de extrema relevância, visto que, o resgate e
a valorização desse conhecimento, aliados ao levantamento das problemáticas
podem constituir-se de instrumentos úteis no planejamento de políticas que visem à
melhoria da qualidade de vida dessas populações.
Diante disso, objetivou-se realizar um levantamento do perfil dos
moradores da comunidade Novo Nilo, estabelecida na zona rural do município de
União - PI. Objetivou-se ainda, verificar a realidade socioeconômica da comunidade,
bem como suas práticas culturais e religiosas.
101
Material e Métodos
Caracterização da área de estudo
União, localizado no estado do Piauí, é um dos municípios mais antigos e
está situado a margem direita do rio Parnaíba, com sede nas coordenadas 04º 35’
09” S e 42º 51' 51’’ W, a uma distancia de 59 km de Teresina, capital do Estado.
Limita-se ao norte, com Miguel Alves e Cabeceiras do Piauí, ao sul com Teresina, ao
Leste com Lagoa Alegre e José de Freitas e a oeste com rio Parnaíba/ estado do
Maranhão (IBGE 2010). Encontra-se a uma altitude de 52 m acima do nível do mar
(CEPRO 2011) e possui clima Tropical Quente e uma vegetação de transição entre
Cerrado e Mata dos Cocais.
Apresenta uma população estimada em 42.654
habitantes e uma área territorial de 1.173 km2 onde se encontra a comunidade rural
Novo Nilo (IBGE 2010).
A comunidade Novo Nilo, foi criada pelo coronel Gervásio Costa na
década de 1920, onde instalou uma fábrica de beneficiamento de coco babaçu
(Attalea speciosa Mart. ex Spreng.) para a produção de óleo e sabão. Dista
aproximadamente 80 km da capital, tendo seus limites com os seguintes povoados:
ao norte, Localidade Bebedouro, ao oeste com Varginha, ao leste com Pedrinhas e
ao sul com rio Parnaíba/Estado do Maranhão (IBGE 2010).
102
Figura 1: Localização da Comunidade Novo Nilo, União/PI.
Fonte: Modificado do Google/Maps (2013).
A base econômica da comunidade está voltada para a extração vegetal,
principalmente da carnaúba (Copernicia prunifera (Mill.) H.E.Moore) e do babaçu
(Attalea speciosa Mart. ex Spreng) (IBGE 2010) e agricultura de subsistência, com a
prática de cultivos em roça.
103
Coleta e análise dos dados
Novo Nilo possui uma população aproximada de 1.516 habitantes,
distribuída em 371 famílias, que inspiraram uma pesquisa com uma abordagem
etnográfica. Das quais se definiu o total de 54,4% delas como universo amostral da
pesquisa para os levantamentos socioeconômico e cultural, perfazendo 202
entrevistas, seguindo o preconizado por Barbeta (2006). Para definição dos
entrevistados, foi aplicada a técnica “bola de neve” (Bailey 1994).
Os dados etnobotânicos e socioeconômicos foram coletados após
submissão e aprovação do projeto de pesquisa no Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade Federal do Piauí. As entrevistas foram realizadas mediante permissão
dos entrevistados através de aceite, conhecimento e assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em duas vias, uma pertencente ao
entrevistado e outra ao pesquisador, as quais foram realizadas entre os meses de
julho de 2012 a julho de 2013, através de observação direta e com o auxílio de
formulário padronizado com questões abertas e fechadas, através de entrevistas
semiestruturadas (Bernard 1988), apresentando a seguinte estrutura: identificação,
localização e dados socioeconômicos (composição familiar, idade, gênero,
escolaridade, renda, habitação, saneamento, e informações místico-religiosas). Este
modelo de formulário, segundo Ditt (2002) oportunizam aos entrevistados fazerem
depoimentos e ao mesmo tempo a atribuição de valores, por parte do pesquisador,
às respostas obtidas. Logo após foram transcritas em laboratório, juntamente com
os dados referentes às conversas, discussões e debates informais registradas em
diário de campo, além do registro fotográfico das práticas socioculturais. As
respostas foram tabuladas em tabelas e gráficos, e analisadas por meio de
estatística descritiva básica.
Resultados
A comunidade é constituída por 371 famílias, na sua maioria constituída
pelo pai, mãe, filhos e em alguns casos, agregados (genros/noras e netos), das
quais 202 indivíduos foram entrevistados, com idade entre 18 e 96 anos de idade.
Destes indivíduos 73,8 % são do gênero feminino e 26,2 % do masculino.
104
As faixas etárias estudadas (Figura 2) foram: jovens 9,0 % (entre 18 e
24), adultos 62,6 % (entre 25 e 59) e idosos 28,4 % (a partir dos 60), de acordo com
a divisão adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2010).
62,6%
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
28,4%
30,0%
20,0%
9,0%
10,0%
0,0%
De 18-24
18
anos
De 25-59 anos
60 ou mais anos
Figura 2: Faixa etária dos entrevistados na comunidade Novo Nilo,
União/PI: 18-24 (JOVENS) 25-59 (ADULTOS) > 60 (IDOSOS)
Fonte: Pesquisa direta, julho/2013
Em relação ao estado civil, a população está distribuída da seguinte
maneira: 77 % são casados, 3 % apresentam união estável, 9,4 % são solteiros, 1,5
% são divorciados e 8,4 % são viúvos. Nas residências dos entrevistados, constataconstata
se que em 81,2 % há uma quantidade de moradores menor ou igual a cinco e em
18,8 % delas há um número maior que cinco.
Quanto à escolaridade dos indivíduos entrevistados
entrevistados (Figura 3) a pesquisa
aponta um índice de 47,5 % com ensino fundamental incompleto, 31,7 % sem
escolaridade, 9,4 % com ensino fundamental completo, 5 % com ensino médio
completo e apenas 1 % com ensino superior. A comunidade apresenta uma creche
municipal, uma escola municipal de Ensino Fundamental e uma escola estadual de
Ensino Fundamental e Ensino Médio.
105
47,5%
50,0%
45,0%
40,0%
35,0%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
31,7%
9,4%
5,0%
EFC
Figura
3:
EFI
EMC
Distribuição
5,0%
EMI
da
1,0%
0,5%
ESC
ESI
comunidade
SE
Novo
Nilo
Nilo-União/PI,
por
escolaridade: EFC: ENS. FUND. COMPLETO/ EFI: ENS. FUND. INCOMPLETO/
EMC: ENS. M. COMPLETO/ EMI: ENS. M. INCOMPLETO/ ESC: ENS.SUPERIOR
INCOMPLETO e SE: SEM ESCOLARIDADE. (Fonte:
Fonte: Pesquisa direta, julho/2013)
julho/2013
A comunidade possui um Posto de Saúde, no qual há prestação de
serviços básicos à população através do Programa de Saúde da
d Família (PSF),
porém atendimento médico ocorre de segunda a sexta-feira
sexta feira apenas no período da
manhã, tendo um técnico de enfermagem permanente, mas não há atendimento à
noite. Quando se faz necessário, o paciente é encaminhado até a sede do município
de União.
nião. Há também um acompanhamento regular e cinco agentes de saúde locais
junto às famílias em seus domicílios, que têm seus dados atualizados através de um
cadastro da situação de saúde de cada pessoa.
A via de acesso à comunidade é feita através da rodovia
rodovia asfaltada PI-112
PI
que interliga os municípios de União e Miguel Alves. Os principais meios de
transporte são ônibus e transporte alternativo (vans) que fazem as linhas
Teresina/União /Miguel Alves, diariamente, em vários horários do dia.
A comunidade dispõe
dispõe de energia elétrica e devido a grande distância das
cidades vizinhas, não há sinal de rede de telefonia celular captado por operadoras,
apenas por celular rural (via antena), porém o acesso a este serviço é privilégio de
apenas 30 % dos moradores.
Cerca
rca de 80 % das ruas da comunidade não possui calçamento, há uma
quadra de esportes e uma praça, onde se encontra uma televisão de uso
comunitário, a fábrica GECOSA, e a igreja.
106
Quanto à posse da moradia, todos residem em casas construídas em
terrenos cedidos pela empresa de beneficiamento de babaçu, a GECOSA,
proprietária das terras. No que se refere à estrutura das residências, 27,2 % têm
suas casas cobertas de palhas e 72,8 % de telha; 39,6 % possuem paredes de
taipa, 57,4 % de tijolos,1,5 % de adobe e 1,5 % de palha. O piso é formado por
cimento (72,3 %), cerâmica (9,9 %), chão batido (13,4 %) e 4,4 % apresentam
apenas um ou dois cômodos (geralmente sala) da casa revestidos de cerâmica. Os
resultados obtidos em relação ao destino do lixo mostram que na comunidade não
há coleta deste e apontam que 96 % das famílias entrevistadas realizam a queima,
2,5 % deixam a céu aberto despejado nas imediações da casa e apenas 2 %
enterram seu lixo não biodegradável.
A comunidade não possui água tratada, sendo o abastecimento realizado
através de encanamentos hidráulicos com captação direta do rio, chegando às
residências sem prévio tratamento. A purificação desta é feita, em sua maioria (51
%), através do uso de hipoclorito de sódio (cloro), juntamente com o processo da
filtragem; 19,8 % apenas utilizam o cloro; 17,8 % apenas usam a filtragem; 5 % não
utilizam nenhuma técnica de tratamento e 6,4 % disseram que utilizam a fervura
para tal procedimento. O destino das águas residuais é realizado através do despejo
a céu aberto diretamente no solo e quanto ao destino das excretas humanas, 17 %
utilizam a fossa séptica, 38 % depositam em fossa negra e 45 % fazem suas
necessidades a céu aberto.
A atividade básica da maioria das famílias (67 %) é a agricultura de
subsistência com a prática de cultivos em roças em vazantes às margens do rio
Parnaíba, em terrenos afastados do centro da comunidade e nos quintais. Cultivam
principalmente os seguintes cultivares: feijão (Phaseolus vulgaris L.), arroz (Oryza
sativa L.), milho (Zea mays L.), mandioca (Manihot esculenta Crantz), abóbora
(Cucurbita pepoL.), quiabo (Abelmoschus esculentus Moench) e melancia (Solanum
palinacanthum Dunal). Como atividades básicas também, destaca-se a pesca
(6,5%), onde os pescadores são associados na colônia Z-18 de União; a criação
extensiva de pequenos animais, principalmente galinhas, suínos e caprinos; e
atividades remuneradas como funcionários da fábrica GECOSA (70) e como
funcionários públicos (40), vinculados à Prefeitura Municipal de União.
Os
moradores mais jovens geralmente desenvolvem atividades profissionais nas
107
cidades vizinhas, sendo bastante comum ainda, a prática do deslocamento destes
para os grandes centros.
Outras atividades bastante praticadas pelos moradores são: a extração da
palha de carnaúba (C. prunifera) para produção de vassouras e outros artesanatos,
bem como a extração de coco-babaçu (Attalea speciosa Mart. ex Spreng) para
retirada da amêndoa da qual há a produção do azeite e para a venda à GECOSA;
extração da palha utilizada na construção de estruturas de moradia (de telhados,
paredes, mourões, ranchos, barracas e banheiros) e em menor quantidade para
produção de vassouras; fazem ainda, o recolhimento da casca para a produção de
carvão.
Em relação à renda mensal, 53 % perfazem menos de dois salários
mínimos, 33,6 % menos de um salário e 13,4 % um pouco mais que dois. A grande
maioria destas famílias (81,3 %) completa o sustento com rendas provenientes de
benefícios do Governo Federal, onde 49,7 % destas recebem bolsa família e 41,6 %
aposentadoria.
Na comunidade verificou-se ainda, que há uma significativa produção
artesanal de artigos para consumo próprio ou venda, pois se registrou que mais 30
% das famílias entrevistadas, realizam algum tipo de trabalho artesanal, difundido
entre as seguintes categorias: produção de vassouras, utensílios domésticos de
palha de carnaúba e babaçu, remédios caseiros, artefatos de pesca e crochê. Há
uma pessoa que fabrica e concerta canoas.
A comunidade participa ativamente das atividades culturais e religiosas
realizadas durante o ano. Destacam-se os festejos de São João, realizados entre os
dias 14 a 24 de junho, com apresentações culturais como danças, quadrilhas e
fogueiras, sendo estas organizadas pelas escolas da comunidade. Outros festejos
que acontecem são os do Menino Jesus, realizado de 15 a 25 de dezembro; o de
São Francisco, realizado de 24 de setembro a quatro de outubro e o de Santa Luzia,
acontecendo entre os dias 3 a 13 de dezembro. Os dois primeiros acontecem na
igreja do centro da comunidade e os dois últimos em outras pequenas capelas
construídas por alguns moradores. A programação religiosa acontece durante todos
os dias e incluem novenas, procissões e missas. Apenas estas últimas são
celebradas pelo padre de União, na ocasião são realizados os batizados e
casamentos. Há também entre os moradores o hábito de receber nas residências, a
108
imagem de Nossa Senhora (Mãe-Rainha),
(Mãe
acompanhada da celebração de novena
pelas senhoras mais idosas da comunidade.
No levantamento realizado observou-se
observou se um elevado número de católicos
(86,1 %), seguidos de protestantes (12,4 %), espíritas (1%) e deístas (0,5 %) (Figura
3).
Figura
gura 4: Distribuição da população da comunidade Novo Nilo-União/Pi
Nilo
em relação à Religiosidade.
Fonte: pesquisa direta, julho/2013.
As crendices e superstições também estão presentes na comunidade.
Dentre as famílias entrevistadas, 61,5 % afirmam que conhece algum tipo de ritual
ou algum tipo de uso de plantas para cura ou defesa, como verificado na Figura 5.
Esses rituais são realizados por oito rezadores que utilizam um pequeno galho da
planta que é passado sobre o corpo
corpo da pessoa acompanhado de uma reza, sendo
utilizadas principalmente para tirar quebranto e mal olhado. As plantas utilizadas
nesses rituais são: vassourinha (Scoparia
(
dulcis L.) peão-roxo
peão
(Jatropha
gossypiifolia L.) e comigo-ninguém-pode
comigo
(Dieffenbachia
a picta (Lodd) Schott).
Somente as duas últimas plantas são mencionadas para mau olhado, as quais são
plantadas normalmente em frente à casa.
109
61,50%
38,50%
Sim
Não
Figura 5: Distribuição da população da comunidade Novo Nilo, União/PI
em relação ao conhecimento
conhecim
de plantas místico-religiosa.
Fonte: pesquisa direta, julho/2013.
Discussão
Em Novo Nilo observa-se
observa se uma realidade bastante comum à verificada nas
comunidades rurais do Nordeste do Brasil, onde os resultados nos mostram essa
concordância. A desproporção verificada quanto ao número de homens e mulheres
se dá provavelmente em função das mulheres serem as que passam mais tempo em
casa com os filhos, o que reafirma o papel da mulher como mantenedora da casa e
portadora de conhecimentos tradicionais,
tradicionais, característico da cultura rural. Dados
também verificados por Souza e Silva (2012) em Juazeiro, Bahia. Em trabalhos
realizados por outros autores, as mulheres também corresponderam à maior parcela
das entrevistas respondidas (Amorozo 2002, Florentino
Flo
et al.
al 2007, Moura e
Andrade 2007, Silva e Proença 2008, Cunha e Bortolotto 2011, Carvalho et al. 2013).
Quanto ao estado civil à maioria (79,2 %) dos entrevistados é casada ou
apresenta união estável. Para Freitas et al (2012) a condição casada poderá estar
relacionada com maior conhecimento sobre as plantas, pois geralmente a existência
dos filhos implica na busca de soluções práticas e imediatas para o tratamento de
doenças.
Em relação à faixa etária mais da metade dos informantes (62,6%) é de
adultos, corroborando com o verificado por estudos conduzidos no Piauí Franco e
110
Barros (2006) no Quilombo Olho D’agua dos Pires e Chaves e Barros (2012) na
zona rural de Cocal.
Constatou-se que a comunidade é caracterizada por indivíduos que não
tiveram acesso permanente à educação escolar, com índices de escolaridade
bastante reduzidos, com 31,7 % sem escolaridade. Isso provavelmente em
decorrência da existência de apenas duas escolas e uma creche na comunidade.
Outro fator que ameaça a permanência desses indivíduos no âmbito escolar é a
emigração do meio rural para as zonas urbanas. Situação semelhante também
verificada Aguiar e Barros (2012) e Freitas et al. (2012), cuja maioria dos
entrevistados possuía apenas o ensino fundamental incompleto, determinando a
baixa renda nas comunidades rurais, configurando uma realidade lamentável no
estado do Piauí e no país, visto que, os levantamentos de Guarim Neto (2008),
Carniello et al.(2010) e Oliveira e Menini Neto (2012), corroboram com esses
resultados. Para Cardoso (2005) a falta de qualificação, em função da baixa
escolaridade, impossibilita a obtenção de empregos com melhores remunerações.
Quanto à saúde, há necessidade de melhorias, pois apesar de possuir um
posto com atendimento médico, este é precário, acontecendo de segunda a sextafeira apenas num único turno do dia, fato também citado por Pilla et al. (2006) no
distrito de Martim Francisco, interior Paulista.
Apesar de a comunidade ser
contemplada com o Programa Saúde da Família, nos casos em que há necessidade
de procedimentos mais sérios, ocorre o encaminhamento para a sede do município
de União ou para a capital do Estado. Outro fato frequentemente observado é a
utilização da medicina popular, onde muitos dos moradores substituem produtos
alopáticos por receitas naturais. Isso se dá provavelmente pelo fato de que as
plantas constituem a principal fonte de matéria-prima para a produção de
medicamentos caseiros para a população. Resultados semelhantes foram obtidos
por diferentes autores na região nordestina (Rodrigues e Guedes 2006, Oliveira et
al. 2010, Silva e Freire 2010, Chaves e Barros 2012, Carvalho et al. 2013).
No que diz respeito à moradia, a população dessa comunidade apresenta
uma característica peculiar, pois constroem suas residências sem a posse do terreno
em que estão alocadas, visto que a comunidade cresceu no entorno da fábrica
GECOSA
de
propriedade
particular.
Apesar
dessa
situação,
verificam-se
construções com 72,8 % com cobertura de telha e 27,2 % são cobertas por palha,
mais da metade (57,4 %) é construída de tijolo e 39,6 % de taipa. Dados
111
semelhantes foram encontrados por Dias, Rosa e Damasceno (2007) nas
comunidades Diogo Lopes e Sertãozinho, Rio Grande do Norte, onde descreveram
que 43,75 % das casas são feitas de taipa e 56,25 % de alvenaria. Porém, estes
dados diferem dos encontrados por Silva (2011), quando pesquisou 13 comunidades
na zona rural de Miguel Alves, Piauí, constatando que as residências das mulheres
quebradeiras de coco destas localidades eram em sua maioria (65,30 %) coberta de
palha e que 77,30 % destas casas apresentam paredes de taipa. Essa diferença
provavelmente se deve ao início de um processo de urbanização na comunidade de
Novo Nilo.
Observa-se ainda, na referida comunidade, que 72,3 % das residências
apresentam piso de cimento, 9,9 % de cerâmica e 13,4 % de chão batido, dados
encontrados também na comunidade Barra Grande (APA do Delta do Parnaíba) por
Freitas et al. (2012), quando verificou que 79 % das casas apresentam piso de
cimento, 13 % de cerâmica e 8 % de chão batido. Na comunidade, o saneamento
básico é precário, uma vez que não há coleta de lixo, não há tratamento de água e
não há rede de esgotamento sanitário. A destinação do lixo, quase na sua
totalidade, é a céu aberto, não havendo coleta deste. Situação semelhante foi
analisada por Chaves e Barros (2012) e por Araújo (2013) na comunidade
Passarinho, Araioses, Maranhão, onde também há necessidade de melhorias nas
condições sanitárias.
Estas melhorias são destacadas por Nishida et al. (2008)
como sendo de fundamental importância para o progresso da qualidade ambiental.
A principal atividade econômica da comunidade consiste na agricultura de
subsistência, com a prática de cultivos em roças. Situação semelhante foi verificada
por Canales et al. (2005) em San Rafael Coxcatlán - México e em várias regiões do
Brasil, destacada por Pasa et al. (2005) em comunidades rurais de Conceição-Açu,
Mato Grosso; por Pinto (2006) em comunidades rurais de mata atlântica, Bahia,
Carvalho et al. (2013) em Comunidade da Várzea e Garanhuns, Pernambuco e por
Valadão et al. (2006) em assentamentos rurais, São Paulo, quando destacam que
as atividades agrícolas praticadas pelos moradores rurais, são fundamentais para a
sobrevivência das comunidades locais.
Das famílias entrevistadas, mais da metade possui uma renda salarial
baixa, fato comum nas comunidades rurais brasileiras devido aos precários níveis de
escolaridade. Fato verificado por Pasa (2011) na comunidade Bom Jardim, em
Cuiabá, Mato Grosso e por Aguiar (2012), que observou que na zona rural de
112
Demerval Lobão, Piauí a renda mensal não ultrapassava um salário mínimo.
Contudo, nos trabalhos citados os moradores complementam sua renda com a
agricultura familiar. Dessas famílias, 81 % contam com algum benefício fornecido
pelo governo federal, configurando-se uma realidade nas comunidades rurais
brasileiras e registrada por praticamente todas as pesquisas etnobotânicas
realizadas no Piauí (Chaves 2005, Franco 2005, Vieira 2008, Silva 2010, Sousa
2010, Meireles, 2012, Santos 2013, Araújo 2013). Outras atividades de grande
importância na economia da população é a pesca, visto que a comunidade encontrase às margens do rio Parnaíba, e a produção artesanal, sobretudo no que concerne
aos produtos confeccionados a partir do extrativismo da carnaúba (C. prunifera) e do
babaçu (A. speciosa Mart. ex Spreng). Esta última, relacionada ao fato de que a
comunidade encontra-se em meio a um palmeiral. Resultados também encontrados
por Silva (2010) nas comunidades Resolvido, Pau-Arrastado e Salinas em Campo
Maior, Piauí. O uso do babaçu para produção artesanal é uma realidade em várias
partes do Brasil (Rufino et al. 2008, Nascimento 2009, Souza et al. 2011, Silva
2012) e em outras partes do mundo (Barfod e Balslev 1988, Moraes et al. 1995;
Borchsenius e Blicher-Mathiesen 1996, Moraes 2006-2007, Gonzalez-Perez et al.
2012).
Pode-se afirmar, portanto, que em relação ao aspecto econômico da
comunidade, ocorre uma combinação das atividades relacionadas à agricultura
familiar, pesca, produção artesanal, alguns empregos públicos e da empresa
Gecosa. Tais atividades foram citadas como fatores econômicos que mantém parte
do sustento das famílias entrevistadas.
No que concerne aos aspectos culturais os moradores de Novo Nilo
apresentam-se com uma diversidade bastante evidenciada e repassada de pais para
filhos, no curso das gerações, sendo manifestada através da participação ativa nos
eventos comemorativos, como festas, campeonatos esportivos, reizados, são
gonçalos, leilões, festas juninas, entre outros. Os aspectos religiosos são
particularmente intensos, com diversas manifestações e em vários credos. Como
afirma Tuan (1980): “a religiãoestá presente na vida do ser humano em vários graus
eem todas asculturas e isso éum traçouniversal.” Vale ressaltar, ainda, o destacado
por Castilho e Le Bourlegat (2006) “a experiência religiosa contribui para a vida
social e comportamentos coletivos”.
113
Porém, essas manifestações estão mais presentes, sobretudo nos
festejos promovidos pela igreja católica, com novenas e procissões. Essa
característica se dá provavelmente pelo vínculo com a cidade de União, onde
Santos (2013) observou essa mesma intensa participação. Fato também observado
por Freitas et al. (2012), na comunidade Sítio Cruz, Rio Grande do Norte, quando
afirmam que no Brasil, mesmo que tenham outras religiões é comum as pessoas se
declararem católicas. Outra prática bastante difundida na comunidade é o fato dos
moradores recorrerem com muita frequência aos rezadores, que na maioria (76 %)
se classificam como católicos, segundo Araújo et al. (2009), grande parte dos
antigos “mateiros” detentores do conhecimento das plantas no Brasil eram adeptos
desta religião. Estes rezadores atendem utilizando plantas em rituais, principalmente
para espantar mau-olhado ou quebrantes em crianças, concordando com Marti
(1989) que relata que as orações são comuns no uso de remédios à base de
plantas.
Agelet
e
Valles
(2001)
realizando
estudos
sobre
etnobotânica
farmacêutica na região de Pallars, Pirinéus, Catalunha, Península Ibérica, afirmam
que provavelmente em todas as culturas rurais o uso de plantas medicinais é
ritualizado e associado a diferentes tipos de crenças ou práticas mágico-religiosas.
No Brasil, situações semelhantes foram verificadas por Damasceno (2009) na
comunidade rural de Martinésia, Minas Gerais, onde alguns entrevistados foram
identificados nas categorias de benzedor, curandeiro e raizeiro, todos praticantes da
medicina popular. A figura histórica do curandeiro, conhecido popularmente por
raizeiro, tem resistido ao tempo e às inovações da medicina científica, perdurando
até os dias atuais e sendo muito procurado pela população para aquisição de ervas
medicinais, partes destas ou produtos já confeccionados e direcionados ao
tratamento de problemas de saúde (França 2008). No Piauí, dado semelhante foi
relatado por Vieira e Barros (2010) na comunidade quilombola dos Macacos, por
Sousa (2010) nas comunidades pesqueiras da APA do Delta e observada no
trabalho de Amorim (2010) na comunidade do Poti Velho. Além desses rituais, tais
rezadores produzem garrafadas, feitas com um número considerável de plantas,
como observados por Santos (2013) na colônia de pescadores de União, Piauí.
114
Conclusão
Considerando o levantamento dos dados acima citados, pode-se perceber
que Novo Nilo apresenta-se como muitas das comunidades rurais do país, com
vastos problemas sociais, retratados principalmente no que concerne às questões
de saúde pública, com total ausência de saneamento básico, e, sobretudo em
relação às questões educacionais.
É perceptível a preocupação dos moradores em manter as práticas
culturais, como as atividades religiosas, profissionais e ao saber popular sobre as
plantas e seus respectivos usos, seja como fontes de alimentos, rituais ou com
propriedades medicinais. Contudo, alguns elementos se modificam de forma que
não podem ser controlados pelos atores locais, pois com a influência dos meios de
comunicação e com o processo gradual de urbanização ocorrem algumas alteracões
oriundas dessas práticas.
A análise dos dados socioeconômicos e da relação da comunidade com a
natureza nos conduz ao entendimento de que a contribuição que as populações
rurais têm a oferecer à sociedade e às ciências é significativa, todavia, é necessário
que estas sejam protegidas e assistidas com políticas públicas que possam mitigar
suas necessidades básicas e valorizar seus conhecimentos e hábitos, incentivandoas a aprimorar suas atividades econômicas, garantindo-lhes o direito de permanecer
em seu local mantendo suas características de origem de forma digna.
Agradecimentos
Aos moradores da Comunidade Novo Nilo, União/PI, pela receptividade,
carinho e colaboração no fornecimento dos dados durante a realização deste estudo
e aos estagiários do Herbário Graziela Barroso (TEPB) da Universidade Federal do
Piauí, pelo auxílio na herborização e incorporação do material botânico.
115
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VALADÃO, L.M; AMOROZO, M.C.M & MOTTA, D.G. 2006. Produção de alimentos
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Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio ambiente) – Universidade
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Asteraceae Dumort. ocorrentes no município de Teresina, Piauí. In: Diversidade e
uso das espécies da família Asteraceae Dumort. ocorrentes no município de
Teresina, Piauí. (Org.). BIODIVERSIDADE DO PIAUÍ: PESQUISAS &
PERSPECTIVAS VOLUME 2. 1ed. Curitiba: CVC, 2013, v. 2, p. 155-172.
122
6 CONCLUSÕES GERAIS
Os
registros
realizados
nesta
pesquisa
constituem-se
elementos
fundamentais para a caracterização da comunidade estudada, concluindo-se diante
dos dados ora levantados, vasto conhecimento etnobotânico por parte de seus
moradores um e podendo-se traçar um perfil socioeconômico dos mesmos.
Com relação aos dados etnobotânicos, registrou-se 150 espécies,
identificadas e classificadas em 126 gêneros e 56 famílias botânicas, as quais foram
distribuídas em oito categorias de usos: Medicinal, Alimentícia, Ornamental,
Construção, Forrageira, Místico-religiosa, Energética e Artesanal.
Em relação às observações etnobotânicas aqui apresentadas, analisamos
que o conhecimento e uso das espécies nessa comunidade rural é bem
estabelecida, principalmente no que concerne a utilização das espécies para
subsistência e comercial, visto que, foi verificado e registrado que a agricultura em
roças e quintais constitue-se como atividade básica e que há uma vasta utilização de
espécies para geração de renda. Nesse sentido, conclui-se que muitas espécies
apresentam potencial de uso econômico, quer seja através do cultivo ou
extrativismo, sendo utilizadas pelos moradores como alternativa rentável. As
espécies que mais se destacaram na atividade extrativista foram o babaçu e a
carnaúba. No entanto, o processo artesanal de produção de diferentes artefatos não
é estimulado pelo poder público, devido à completa ausência de um projeto político
voltado para o desenvolvimento sustentável.
Entretanto, no que concerne ao repasse do saber popular verificou-se que
a transmissão se dá através da oralidade e que este encontra-se com as pessoas
mais idosas, sobretudo com as mulheres. Verificou-se que ocorre um distanciamento das gerações mais novas das tradições locais, sejam por meio do acesso as
novas oportunidades ou mesmo por inflências midiáticas.
Os dados socioeconômicos apontam graves problemas sociais, sobretudo
com relação às deficiências dos serviços de saúde, total ausência de saneamento
básico e aos baixos índices de escolaridade. No entanto, verificou-se uma vasta
riqueza cultural, mística e religiosa, com o registro do desenvolvimento de atividades
123
festivas e ritualísticas que devem ser valorizadas e mantidas, garantindo que estes
aspectos sejam vivenciados também pelas futuras gerações.
Nesse sentido, espera-se que esses resultados possam contribuir
fornecendo subsídios para a implementação de políticas públicas que possam
incentivar atividades sustentáveis para a conservação dos recursos naturais,
culturais e religiosos da referida comunidade.
124
APÊNDICES
125
APÊNDICE A: Espécies usadas em diversas categorias de uso na
comunidade rural Novo Nilo, União, Piauí – Brasil: 1. Lippia alba (Mill.) N. E.
Br. (erva-cidreira); 2. Anacardium occidentale L. (caju) 3. Punica granatum L.
(romã); 4. Punica granatum L. (romã); 5. Ipomoea quamoclit L.(primavera); 6.
Averrhoa carambola (carambola); 7. Catharanthus roseus (L.) G. Don (bomdia); 8. Musa paradisiaca L.(banana) 9. Allamanda cathartica L. (sininho).
126
APÊNDICE B: Aspectos socioeconômicos e culturais da Comunidade
Novo Nilo-União Piauí – Brasil: Cultivo em quintais das seguintes
categorias: Alimentícias (1,2,4,5,6,9 e 10), Medicinais (1 e 8), Ornamentais
(3 e 11) e Criação de animais domésticos: (12).
127
APÊNDICE C: Aspectos socioeconômicas, culturais e religiosas da
Comunidade Novo - União Piauí – Brasil:1. Produção artesanal; 2. Fábrica
GECOSA; 3. Escola Mucipal Gervásio Costa; 4 e 5: Visão geral da
Comunidade Novo Nilo; 6: Escola Mucipal José Costa; 7 e 8: Festejo de São
Francisco (novena e procissão). 9: Igreja de de São João Batista
128
APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do
Trópico Ecotonal do Nordeste (TROPEN)
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PGDMA)
Programa Regional de Pós-Graduação em
Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA)
Subprograma PRODEMA/UFPI/TROPEN
Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Título do projeto: ETNOBOTÂNICAE RESGATE DO SABER POPULAR DA
COMUNIDADE RURAL NOVO NILO-UNIÃO-PIAUÍ/BRASIL
Pesquisador responsável: Drª Roseli Farias Melo de Barros
Instituição/Departamento: Centro de Ciências da Natureza/ Departamento de Biologia
Telefone para contato: (86) 3215-5509/ 3215-5566
Pesquisadores participantes: Waldiléia Ferreira de Melo Batista
Telefones para contato (inclusive a cobrar): (86) 3233-3823/9993-9590
Local da coleta dos dados: Comunidade rural Novo Nilo- União/PI
Descrição da pesquisa: Levantamento de dados Etnobotânicos e resgate da sabedoria popular.
Você está sendo convidado a participar voluntariamente de um projeto de pesquisa intitulado
“Estrutura populacional e aspectos etnobotânicos da palmeira babaçu (Orbignia phalerata Mart.)
como subsídios para estratégias de extrativismo e sustentabilidade, no norte do Piauí. Leia atentamente
o que se segue e quaisquer dúvidas pergunte ao responsável pela pesquisa. O projeto será
desenvolvido pela aluna Waldiléia Ferreira de Melo Batista e dirigido pela professora Roseli Farias
Melo de Barros. Logo após ser esclarecido(a) sobre as seguintes informações, no caso de aceitar fazer
parte da pesquisa, é necessária a sua assinatura ao final deste documento, que está em duas vias. Uma
delas é sua, a outra é do pesquisador responsável. Caso você não participe não será penalizado(a) de
forma alguma.
129
Prezado (a) Senhor (a):
Vale dizer que sua participação não é obrigatória, ela é livre e voluntária. A qualquer momento você
pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua negação não trará nenhum prejuízo em
relação ao trabalho que será desenvolvido.
O estudo tem por objetivo contribuir para um melhor uso do babaçu, através de um manejo adequado,
como também um melhor entendimento do modo de vida dessas populações como forma de preservar
e valorizar a cultura local e sua importância ao longo da cadeia produtiva de exploração do côco
babaçu. Os resultados da pesquisa serão apresentados em congressos e em periódicos da área.
As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidenciais e asseguramos o sigilo sobre sua
participação.
Sua participação será através de resposta a um formulário informando seu conhecimento sobre a
espécie babaçu, seu trabalho, seus estudos, sua fonte de renda e sua propriedade.
Em caso de dúvidas poderá entrar em contato a qualquer momento com os envolvidos na
pesquisa. A principal investigadora é Roseli Farias Melo de Barros que pode ser encontrada
no endereço Av. Universitária, 1310. B. Ininga TROPEN / UFPI pelos telefones: (86) 32155509/ 3215-5566 ou 9426-7406. Caso tenha alguma consideração ou dúvida sobre a ética da
pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade
Federal do Piauí.
Informamos que se você concordar em participar do estudo, seu nome e identidade não será
divulgado. A não ser quando requerido por lei ou por sua solicitação, somente o pesquisador,
a equipe do estudo, Comitê de Ética independente e inspetores de agências regulamentadoras
do governo (quando necessário) terão acesso a suas informações para verificar as informações
do estudo.
A sua participação na pesquisa se inicia com a aceitação da entrevista e se encerra com a mesma. Você
tem o direito de retirar o consentimento a qualquer tempo.
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste sujeito de pesquisa ou representante legal para a participação da
pesquisa.
O seu aceite se dará mediante a assinatura neste documento.
Eu _______________________________________________, RG nº ______________e
CPF nº__________________, declaro estar ciente sobre os objetivos do projeto e entendi a explicação.
Por isso, concordo em participar do projeto, voluntariamente sem ganhar nada e que posso desistir
quando quiser. Estou recebendo uma cópia deste documento, assinada, que vou guardar.
Impressão do dedo polegar (Caso não saiba assinar)
130
União, ____/____/____
___________________________________
(Assinatura do participante)
_____________________________________
(Assinatura do responsável projeto)
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato: Comitê de
Ética em Pesquisa – UFPI – Campus Universitário Ministro Petrônio Portela – Bairro Ininga Centro de
Convivência L09 e 10 – CEP: 64.049-550 - Teresina –PI. Tel:. (86) 3215- 5737 – email:
[email protected] web: www.ufpi.br/cep
131
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ-UFPI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
NÚCLEO DE REFERENCIA EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS DO TRÓPICO
ECOTONAL DO NORDESTE (TROPEN)
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO
AMBIENTE (PRODEMA)
MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE - (MDMA)
TURMA: 2012-2014
APÊNDICE E
ROTEIRO DE ENTREVISTA
I.
IDENTIFICAÇÃO
COMUNIDADE:
Quanto tempo mora na
comunidade?
Entrevista Nº
Data da Entrevista:
Etnia:
Nome do
Entrevistado:
Apelido
Idade:
Estado Civil:
Quantidade de filhos:
Escolaridade:
( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) União estável
( ) NE
( ) EF
( ) EM
( ) ESI
( ) ESC ( ) PG
Endereço:
II.
DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS
PROFISSIONAL
Profissão:
Renda mensal (R$):
Atividade secundária:
Renda secundária (R$):
Recebe benefícios
do governo?
Renda total da família:
Qual?
Quanto? (R$)
Qual?
Quanto? (R$)
Participa de alguma associação ou
cooperativa?
Recolhe INSS?
Satisfeito em viver na comunidade?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
Qual?
Quanto? (R$)
( ) Sim ( ) Não
Porquê?
( ) Sim ( ) Não
Porque?
Qual é a importância da plantas para
você?
Você se preocupa com o Meio
Ambiente?
( ) Viúvo
( ) Sim ( ) Não
132
SANEAMENTO
Destino do lixo:
( ) Enterra ( ) Deixa a céu aberto ( ) Coleta Pública
( ) Queima
Abastecimento de
água:
( ) Encanada
Purificação da água
( ) Fervida ( ) Filtrada ( ) Filtrada e fervida ( ) Nenhuma ( ) Outras:
Águas servidas
( ) Céu aberto ( ) Diretamente no solo
Tem cisterna?
( ) Sim ( ) Não
Energia elétrica:
( ) Poço
( ) Rio
( ) Olho d`’agua
( ) Fossa ( ) Horta ( ) Outros:
Destino das
excretas
humanas:
( ) Sim ( ) Não
( ) Outros
( ) Céu aberto
( ) Fossa séptica
( ) Fossa negra
MORADIA
A casa é:
( ) Própria ( ) Alugada
Cobertura da casa:
( ) Telha
Paredes:
Piso:
( ) Palha
( ) Taipa
( ) Barro
( ) Doada ( ) Herdada ( ) Outros:
( ) Outros:
( ) Tijolo
( ) Cimento
( ) Madeira
( ) Cerâmica
( ) Outros:
( ) Outros:
TIPOLOGIA DO QUINTAL
Qual o tamanho do quintal?
Quem cuida do quintal?
Quais as espécies que considera
mais importante?
Faz uso de todas as espécies?
Como conseguiu as espécies que se
encontram em seu quintal?
Como ou com quem aprendeu a
utilidade cada planta?
Você repassa o conhecimento sobre
as plantas para outras pessoas?
( ) Sim
( ) Não
Para
quem?
Comercializa as espécies que estão
em seu quintal?
( ) Sim
( ) Não
Quais?
Uso Principal:
Outros usos:
Disposição das plantas:
(
) herbáceas ( ) Arbustivas
Separa plantas por uso?
(
) Sim
(
) Não
Criação de animais para consumo?
(
) Sim
(
) Não
(
) Arbóreas
Qual (is)?
(
) Misturada
( ) Outros
133
O Quintal é organizado?
(
) Sim (
) Não
PLANTAÇÃO DE CULTURA
PERMANENTE
Tipo:
Área de cultivo:
Técnica de
cultivo:
Destino da produção:
TEMPORÁRIO
Tipo:
Ο Consumo Ο Venda
Área de cultivo:
Técnica de
cultivo:
Destino da produção:
III.
Ο Consumo Ο Venda
DADOS CULTURAIS
ARTESANATO
Há produção artesanal?
( ) Sim ( ) Não
Qual matéria prima?
Origem da matéria-prima?
RELIGIÃO
Qual a sua religião?
( ) Católico
( ) Protestante
Participa com frequência das atividades religiosas em sua
comunidade?
( ) Sim
( ) Não
Utiliza planta ou animal nos rituais?
( ) Culto Afro
( ) Ateu
( ) Outros
( ) Sim ( ) Não
Qual(is)?
FESTAS/FESTEJOS
( ) Sim ( ) Não
Quem?
Data:
Qual(is)?
Padroeiro (a)?
134
Comidas típicas locais?
Tiram alguma renda nos festejos?
( ) Sim
( ) Não
Qual (is)?
( ) Sim ( ) Não
LENDAS
Função
Reza
REZAS
DADOS ETNOBOTÂNICOS:
MEDICINAL
Nome científico: 1.......... ....................2...................................3................................
Nome popular: 1...............................2....................................3.................................
Indicações:1...............................2...................................3..................................
Hábito: [ ]erva[ ]subarbusto[ ]arbusto[ ]arbóreo[ ]liana[ ]outro
135
Parte usada: [ ]raiz [ ]folha[ ]casca/entrecasca [ ]caule [ ]flor [ ]fruto [ ]inteiro[ ]látex
Estado para uso: [ ]seca [ ]verde [ ]seca e verde.
Tipo de manipulação: [ ]maceração [ ]lambedor [ ]infusão [ ]decocção
[ ]tintura [ ]suco [ ]salada[ ]pulverização [ ]garrafada [ ] chá [ ] óleo
Modo de usar:
Quantidade:1..............................2...................................3................................
N° de vezes:1...............................2..................................3................................
Quanto tempo: 1...........................2.................................3...............................
Administração: [ ]uso tópico [ ]via oral [ ]inalação[ ]uso retal [ ]escalda-pé
Contra-indicação: [ ]homem [ ]mulher [ ]adulto [ ]idoso[ ]gestante[ ]lactante
[ ]alimentação [ ]medicamentos [ ]outro
Há cultivo da planta para esse fim: [ ]Sim [ ]Não
Há comercialização da planta em média ou grande escala: [ ]Sim [ ]Não
ALIMENTÍCIA
Nome científico: 1................................2....................................3................................
Nome popular: 1................................2.....................................3.................................
Hábito: [ ]erva[ ]subarbusto[ ]arbusto[ ]arbóreo[ ]liana[ ]outro
Parte usada: [ ]raiz [ ]folha[ ]casca/entrecasca [ ]caule[ ]flor [ ]fruto [ ]inteiro
Modo de
consumo:......................................................................................................................
Há cultivo da planta para esse fim: [ ]Sim [ ]Não
da planta em média ou grande escala: [ ]Sim [ ]Não
MADEIREIRO
Nome científico:1................................2....................................3................................
Nome popular: 1................................2.....................................3.................................
Hábito: [ ]erva[ ]subarbusto[ ]arbusto[ ]arbóreo[ ]liana[ ]outro
Utilização:...................................................................................................................
Há cultivo da planta para esse fim: [ ]Sim [ ]Não
Há comercialização da planta em média ou grande escala: [ ]Sim [ ]Não
CONSTRUÇÃO
Nome científico:1................................2....................................3................................
Nome popular: 1................................2.....................................3.................................
Hábito: [ ]erva[ ]subarbusto[ ]arbusto[ ]arbóreo[ ]liana[ ]outro
Utilização:...................................................................................................................
Parte usada: [ ]raiz [ ]folha[ ]casca/entrecasca [ ]caule[ ]flor [ ]fruto [ ]inteiro[ ]látex
Há cultivo da planta para esse fim: [ ]Sim [ ]Não
Há comercialização da planta em média ou grande escala: [ ]Sim [ ]Não
PRODUÇÃO DE ENERGIA
Nome científico: 1................................2....................................3................................
Nome popular: 1...............................2....................................3.................................
Hábito: [ ]erva[ ]subarbusto[ ]arbusto[ ]arbóreo[ ]liana[ ]outro
Parte usada: [ ]caule [ ]fruto[ ]raiz[ ]outro
Utilização: [ ]carvão [ ]lenha
Há cultivo da planta para esse fim: [ ]Sim [ ]Não
Há comercialização da planta em média ou grande escala: [ ]Sim [ ]Não
136
MANUFATUREIRA
Nome científico: 1................................2....................................3................................
Nome popular: 1...............................2....................................3.................................
Hábito: [ ]erva[ ]subarbusto[ ]arbusto[ ]arbóreo[ ]liana[ ]outro
Parte usada: [ ]caule [ ]fruto[ ]galhos da planta[ ]flores[ ] raiz [ ]folha[ ]outro
Material
produzido:1.......................................2....................................3...................................
Há cultivo da planta para esse fim: [ ]Sim [ ]Não
Há comercialização da planta em média ou grande escala: [ ] Sim [ ]Não
MELÍFERA
Nome científico: 1................................2....................................3................................
Nome popular: 1................................2.....................................3.................................
Hábito: [ ]erva[ ]subarbusto[ ]arbusto[ ]arbóreo[ ]liana[ ]outro
[ ]Néctar[ ]pólen [ ]ambos
Há cultivo da planta para esse fim: [ ]Sim [ ]Não
Há comercialização da planta em média ou grande escala: [ ]Sim [ ]Não
ALIMENTAÇÃO ANIMAL
Nome científico: 1................................2....................................3................................
Nome popular:1...............................2....................................3.................................
Animal:1...............................2....................................3.................................
Hábito: [ ]erva[ ]subarbusto[ ]arbusto[ ]arbóreo[ ]liana[ ]outro
Parte usada: [ ]raiz [ ]folha[ ]casca/entrecasca [ ]caule[ ]flor [ ]fruto [ ]inteiro[ ]látex
Estado para uso: [ ]seca [ ]verde [ ]seca ou verde.
Formas de
uso:............................................................................................................................
Aplicabilidade:.............................................................................................................
...............
Acesso à planta pelo animal: [ ]no pasto [ ]é colhida, armazenada e depois servida.
Há cultivo da planta para esse fim: [ ]Sim [ ]Não
Há comercialização da planta em média ou grande escala: [ ]Sim [ ]Não
MÍSTICO RELIGIOSO
Nome científico: 1................................2....................................3................................
Nome popular: 1...............................2....................................3.................................
Hábito: [ ]erva[ ]subarbusto[ ]arbusto[ ]arbóreo[ ]liana[ ]outro
Parte usada: [ ]madeira [ ]fruto[ ]galhos da planta [ ]outro
Utilização:
...................................................................................................................................
ORNAMENTAL
Nome científico: 1................................2....................................3................................
Nome popular: 1...............................2....................................3.................................
Hábito: [ ]erva[ ]subarbusto[ ]arbusto[ ]arbóreo[ ]liana[ ]outro
Parte usada: [ ]flores[ ]fruto[ ]galhos da planta [ ]raiz [ ]folha[ ]caule [ ]outro
Utilização:
...................................................................................................................................
137
ANEXOS
138
ANEXO A – NORMAS DA REVISTA BRASILEIRA DE BIOCIÊNCIAS
Sumário do Processo de Submissão
Manuscritos deverão ser submetidos por um dos autores, em português, inglês ou espanhol.
Para facilitar a rápida publicação e minimizar os custos administrativos, a Revista Brasileira
de Biociências aceitará somente submissões on-line. Não envie documentos impressos
pelo correio. O processo é compatível com os navegadores Internet Explorer versão 3.0 ou
superior, Netscape Navigator e Mozilla Firefox. Outros navegadores não foram testados. O
autor da submissão será o responsável pelo manuscritono envio eletrônico e em todo o
acompanhamento doprocesso de avaliação.
Figuras e tabelas deverão ser organizadas em arquivos submetidos separadamente,
como documentos suplementares.
Documentos suplementaresde qualquer outro tipo, como filmes, animações, ou arquivos de
dados originais, podem ser submetidos como parte da publicação. Se você estiver usando o
sistema de submissão on-line pela primeira vez, vá para a página de Cadastro e registre se,
criando um ‘login’ e ‘senha’. Se você está realmente registrado, mas esqueceu seus dados e
não tem como acessar o sistema, clique em ‘Esqueceu sua senha’.Você verá que o processo de
submissão on-line é fácile auto-explicativo. São apenas 5 (cinco) passos. Se você tiver
problemas de acesso ao sistema, cadastro ou envio de trabalhos, por favor, entre em contato
como nosso Suporte Técnico.
Custos de publicação
Os autores não terão nenhuma despesa para a publicação dos seus trabalhos. Figuras e
gráficos coloridos também são livres de despesas (ver adiante). Seguindo a política do Open
Access do Public Knowledge Project, assim que publicados, os autores receberão a URL que
dará acesso ao arquivo em formato Adobe® PDF (Portable Document Format). Os autores
não receberão cópias impressas do seu manuscrito publicado.
Publicação e processo deavaliação
Durante o processo de submissão, será solicitado queos autores enviem uma carta de
submissão, explicando o porquê de publicar na Revista, a importância do seu trabalho para o
contexto de sua área e a relevância científica do mesmo.
Os manuscritos serão enviados para avaliadores, a menos que não se enquadrem no escopo da
Revista. Antes de serem submetidos para consultores especializados, os trabalhos são
avaliados pelo Editor-Chefe, o qual decide se o trabalho recebido é de suficiente relevância
para a Revista Brasileira de Biociências. Os trabalhos serão sempre avaliados por dois
especialistas que terão atarefa de fornecer um parecer, tão logo quanto possível.Um terceiro
avaliador poderá ser consultado caso seja necessário. Os avaliadores não serão obrigados a
assinar os seus relatórios de avaliação.
Uma “Carta de submissão”, explicando o motivo de publicar em nossa Revista, a
importância do seu trabalho para o contexto de sua área e a relevância científica do mesmo,
deverá ser digitada no campo “Comentáriosao Editor”, durante o processo de submissão
eletrônica. Caso os autores decidam enviar uma versão assinada (em formato DOC ou PDF,
por exemplo), a Carta de submissão pode ser enviada na forma de documento suplementar,
139
separadamente. Os autores deverão fornecer informações de contato detalhado (e-mail) de
pelo menos quatro potenciais revisores para o seu trabalho. Estas informações deverão ser
digitadas, também, no campo “Comentários ao Editor”, durante a submissão, logo após a
“Cartade submissão”. Os potenciais revisores deverão ser especialistas na área de
concentração do trabalho enviado. Qualquer um dos revisores sugeridos não deverá ter
publicado qualquer trabalho com os autores nos últimos cinco (5) anos, nem ser membro
da mesma Instituição. Revisores sugeridos serão considerados revisores em potencial de
acordo com a análise e recomendação dos Editores. Desde que um manuscrito é avaliado,
aceito, revisado e editorado, ele é imediatamente publicado na edição corrente da Revista
Brasileira de Biociências, em formato PDF. Todos os autores têm a capacidade de
acompanhar o progresso de submissão do seu trabalho no sistema a qualquer tempo, desde
que esteja logado no sistema da revista.
Preparando os arquivos
Os textos deverão ser formatados em uma coluna, usando a fonte Times New Roman,
tamanho 12, com espaçamento duplo e todas as margens com uma polegada (2,54 cm),
em formato de papel A4. Todas as páginas devem ser numeradas sequencialmente. Não
numere as linhas. O manuscrito deverá estar em formato Microsoft® Word DOC (versão 2
ou superior). Arquivos em formato RTF também serão aceitos. Não submeta arquivos em
formato Adobe® PDF.
O arquivo que contém o texto principal do manuscrito não deverá incluir qualquer tipo de
figura ou tabela.
Estas deverão ser submetidas como documentos suplementares, separadamente.
Ao submeter um manuscrito, o autor responsável pela submissão deverá optar por uma das
seguintes seções:
‘Artigo completo’, ‘Revisão’ ou ‘Nota científica’.
Todos os trabalhos submetidos no envio on-line deverão subdividos nas seguintes seções:
1. Documento Principal:
Primeira página. Deverá conter as seguintes informações:
a) Título do trabalho, conciso e informativo, com a primeira letra em maiúsculo, sem
abreviações.
b) Nome completo e por extenso do(s) autor(es), com iniciais em maiúsculo.
c) Título abreviado do trabalho, com até 75 caracteres (incluindo espaços).
d) afiliações e endereço completo de todos os autores (instituição financiadora (auxílio ou
bolsas), deverá constar nos Agradecimentos).
e) Autor para contato e respectivo e-mail (apenas o autor para contato deverá fornecer um email).
Segunda página. Deverá conter as seguintes informações:
a) Resumo: incluir o título do trabalho em português, quando o trabalho for escrito em inglês.
b) Abstract: incluir o título do trabalho em inglês, quando o texto for em português.Tanto
Resumo como Abstract deverão conter, no máximo, 250 (duzentos e cinqüenta) palavras,
estruturados em apresentação, contendo o contexto e proposta do estudo, resultados e
conclusões (por favor, omita os títulos).
140
c) Palavras-chave e key words para indexação: no máximo cinco, não devendo incluir
palavras do título.
Páginas subsequentes. ‘Artigos completos’ e ‘Notas científicas’ deverão estar estruturados
em Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão (Resultados e Discussão
podendo ser reunidos), Agradecimentose Referências, seguidos de uma lista completa
daslegendas das figuras e tabelas (se forem submetidas como documentos suplementares).
2. Documentos Suplementares: Figuras e tabelas.
Todas as imagens (ilustrações, fotografias, fotomicrografias, eletromicrografias egráficos) são
consideradas ‘figuras’. Figuras e tabelas devem ser fornecidos como arquivos separados
(documentos suplementares), nunca incluídos no texto do documento principal. Figuras
coloridas serãopermitidas e os editores estimulam que os autores assim o façam. Não haverá
cobrança de custos adicionais parafiguras a cores, já que a impressão das mesmas (quando
houver) será sempre feita em preto e branco.
A Revista Brasileira de Biociências não aceitará figuras submetidas no formato GIF ou
comprimidas em arquivos do tipo RAR ou ZIP. Se as figuras no formato TIFF são um
obstáculo para os autores, por seu tamanho muito elevado, os autores podem convertê-las para
o formato JPEG, antes da sua submissão, resultando em uma significativa redução no
tamanho. Entretanto, não se esqueça que a compressão no formato JPEG pode causar
prejuízos na qualidade das imagens. Assim, é recomendado que os arquivos JPEG sejam
salvos nas qualidades ‘Alta’ (High) ou ‘Máxima’ (Maximum). Não forneça imagens em
arquivos Microsoft®PowerPoint (geralmente geradas com baixa resolução), nem
embebidas em arquivos do MicrosoftWord (DOC). Arquivos contendo imagens em
formato Adobe® PDF também não serão aceitas. A submissão será arquivada se conter
figuras em arquivos DOC, PDF ou PPT.
Cada figura deverá ser editada para minimizar as áreas de espaços em branco, optimizando o
tamanho final da ilustração. Se a figura consiste de diversas partes separadas, é importante
que uma simples figura seja submetida, contendo todas as partes da figura. Escalas das figuras
deverão ser fornecidas com os valores apropriados e devem fazer parte da própria figura
(inseridas com o uso de um editor de imagens, como oAdobe® Photoshop, por exemplo),
sendo posicionadas no canto inferior esquerdo de cada figura. Ilustrações em preto e
branco deverão ser fornecidas com aproximadamente 300 dpi de resolução, em formato TIFF
ou JPG. Para fotografias (em preto e branco ou coloridas), fotomicrografias ou
eletromicrografias, forneça imagens em TIFF ou JPG, com pelo menos, 300 dpi.
ATENÇÃO!
Como na editoração final dos manuscritos o tamanho útil destinado a uma figura de largura de
página (duas colunas) é de 170 mm, para uma resolução de 300 dpi, a largura mínima das
figuras deve ser 2000 pixels. Para figuras de uma coluna (82 mm de largura), a largura
mínima das figuras (para 300 dpi), deve ser pelo menos 1000 pixels. Submissões de figuras
fora destas características (larguras mínimas em pixels) serão imediatamente
arquivadas. As imagens que não contêm cor devem ser salvas como ‘grayscale’, sem
qualquer tipo de camada (‘layer’), como as geradas no Adobe® Photoshop, por exemplo
(estes arquivos ocupam até 10 vezes mais espaço que osarquivos TIFF e JPG).
Os tipos de fontes nos textos das figuras deverão ser Arial ou Helvetica. Textos deverão ser
legíveis. Abreviaturas nas figuras (sempre em minúsculas) devem ser citadas nas legendas e
fazer parte da própria figura, inseridas com o uso de um editor de imagens
141
(Adobe®Photoshop, por exemplo). Não use abreviaturas, escalas ou sinais (setas,
asteriscos), sobre as figuras, como “caixas de texto” do Microsoft® Word.
Recomenda-se a criação de uma única estampa, contendo várias figuras reunidas, numa
largura máximade 170 milímetros (duas colunas) e altura máxima de 257 mm (página inteira).
A letra indicadora de cada figura deve estar posicionada no canto inferior direito. Inclua
“A” e “B” (sempre em maiúsculas, não “a”, “b”) para distingui-las colocando, na legenda,
Fig. 1A, Fig. 1B, e assim por diante. Não envie figuras com legendas inseridas na base das
mesmas. As legendas das figuras deverão ser enviadas no final do documento principal,
imediatamente após as Referências.
Não use bordas de qualquer tipo ao redor das figuras. Se houver composição de figuras (Figs
1A, 1B, etc.), use cerca de 1 mm (12 pixels para uma figura com largurade 2000 pixels) de
espaço em branco entre cada figura. É responsabilidade dos autores obter a permissão para
reproduzir figuras ou tabelas que tenham sido previamente publicadas.
Para cada figura, deverão ser fornecidas as seguintes informações: número da figura (em
ordem numérica, usando algarismos arábicos (Figura 1, por exemplo; não abrevie) e a legenda
detalhada, com até 300 caracteres (incluindo espaços). Cada tabela deverá ser numerada
sequencialmente, com números arábicos (Tabela 1, 2, 3, etc; não abrevie). O título das tabelas
deverá estar acima das mesmas. Tabelas deverão ser formatadas usando as ferramentas
decriação de tabelas (‘Tabela’) do Microsoft® Word. Colunas e linhas da tabela devem ser
visíveis, optando-se por usar linhas pretas que serão removidas no processo de edição final.
Não utilize padrões, tons de cinza, nem qualquer tipo de cor nas tabelas. Dados mais extensos
podem ser enviados como arquivos suplementares, mas que não estarão disponíveis no
próprio artigo, mas como links para consulta pelo público.
NORMAS GERAIS
Os nomes científicos, incluindo os gêneros e categorias infragenéricas, deverão estar em
itálico. As siglas eabreviaturas, quando utilizadas pela primeira vez, deverão ser precedidas do
seu significado por extenso. Ex.: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Escrever os
números até dez por extenso, a menos que sejam seguidos de unidade de medida, ou indiquem
numeração de figuras e tabelas. Utilize um espaço para separar as unidades de medidas
dos valores (10m, por exemplo). A unidade de temperatura em graus Celsius deve ser escrito
com um espaçamento entre o valor numérico (23 oC, por exemplo). A posição preferencial de
cada figura ou tabela não deverá ser indicada no texto. Isso ficará a critério do editor, durante
a editoração. Sempre verifique que as figuras e tabelas estejam citadas no texto. No texto,
use abreviaturas (Fig. 1 e Tab. 1, por exemplo). Evitar notas de rodapé. Se necessárias, utilizar
numeração arábica em sequência. As citações de autores no texto deverá seguir os seguintes
exemplos: Baptista (1977), Souza & Barcelos(1990), Porto et al. (1979) e (Smith 1990,
Santos et al 995). Citar o(s) autor(es) das espécies só a primeira vezem que as mesmas forem
referidas no texto. Citações de resumos de simpósios, encontros ou congressos deverão ser
evitadas. Use-as somente se for absolutamente necessário. Comunicações pessoais não
deverão ser incluídas na lista de Referências, mas poderão ser citadas no texto. A obtenção da
permissão para citar comunicações pessoais e dados não publicados é de exclusiva
responsabilidade dos autores. Abreviatura de periódicos científicos deverá seguir o Index
Medicus/MEDLINE. Citações, nas Referências, deverão conter todos os nomes dos autores
(não use et al.) As referências deverão seguir rigorosamente os seguintes exemplos:
Artigos publicados em periódicos:
142
BONGERS, F., POPMA, J., MEAVE, J. & CARABIAS,J. 1988. Structure and floristic
composition of the lowlandrain forest of Los Tuxtlas, Mexico. Vegetatio, 74: 55-80.
QUADRA, A. A. & AMÂNCIO, A. A. 1978. A formaçãode recursos humanos para a saúde.
Ciência e Cultura,30(12): 1422-1426.ZANIN, A., MUJICA-SALLES, J. &
LONGHIWAGNER,H. M. 1992. Gramineae: Tribo Stipeae. Bol.Inst. Biocienc. 51: 1-174.
(Flora Ilustrada do Rio Grandedo Sul, 22).
Livros publicado por editoras:
CLEMENT, S. & SHELFORD, V. E. 1960. Bio-ecology:an introduction. 2nd ed. New York:
J. Willey. 425 p.LOWE-MCCONNEL, R.H. 1987. Ecological studiesin tropical fish
communities. Cambridge: Cambridge University Press. 382 p.
Capítulos de livro:
CEULEMANS, R. & SAUGIER, B. 1993. Photosynthesis.In: RAGHAVENDRA, A. S. (Ed.).
Physiology of Trees.New York: John Wiley & Sons. p. 21-50.NAKATANI, K.,
BAUMGARTNER, G. & CAVICCHIOLI, M. 1997. Ecologia de ovos e larvasde peixes. In:
VAZZOLER, A. E. A. M., AGOSTINHO A. A. & HAHN, N. S. (Eds.). A planície de
inundação do alto rio Paraná: aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos. Maringá:
EDUEM. p. 281-306.
Anais de encontros, congressos, etc.:
CARNEIRO, F. G. 1997. Numerais em esfero-cristais. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRAPARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA, 49., 1997, Belo
Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Ed. da UFMG. 1CD-ROM.
SANTOS, R. P. & MARIATH, J. E. A. 2000. Embriologiade Ilex paraguariensis A. St. Hil.:
estudo da antera e grão de pólen e sua aplicação no melhoramento. In: WINGE, H. (Org.).
CONGRESSO SUL-AMERICANO DA ERVA-MATE, 2., 2000, Encantado, RS e
REUNIÃO TÉCNICA DA ERVA-MATE, 3., 2000, Encantado, RS.Anais... Porto Alegre:
UFRGS/FEPAGRO. p. 140-142.
Dissertações de mestrado, doutorado.
DILLENBURG, L. R. 1986. Estudo fitossociológicodo estrato arbóreo da mata arenosa de
restinga em Emboaba, RS. 106 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) – Instituto de
Biociências. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1986.
Links de páginas disponíveis na Internet:
POLÍTICA. 1998. In: DICIONÁRIO da língua portuguesa. Lisboa: Priberam Informática.
Disponívelem:<http://www.priberam.pt/Dicionarios/dlp.htm>.Acesso em: 8 mar. 1999.THE
INTERNATIONAL PLANT NAMES INDEX. 2012. Disponível em:<http://www.ipni.org>.
Acessoem: 26 ago. 2012.
Para documentos com DOI® (Digital Object Identifier) conhecido, seguir o exemplo
abaixo (não usar “Disponível em:<....>Acesso em:....”):
143
SANTOS, R.P., MARIATH, J.E.A. & HESSE, M. 2003.Pollenkit formation in Ilex
paraguariensis
A.St.Hil.(Aquifoliaceae).
Plant
Syst.
Evol.,
237:
185198.http://dx.doi.org/10.1007/s00606-002-0257-2
Em trabalhos de taxonomia vegetal e florística, as seguintes normas específicas deverão
ser observadas:
1. Chaves de identificação: dicotômicas, indentadas, utilizando alternativas 1-1’. Os táxons
devem ser numerados em ordem alfabética, dentro de sua categoria taxonômica e na ordem
em que aparecerão no texto.
2. As descrições devem ser sucintas e uniformes.
3. Autores de nomes científicos devem ser citados deforma abreviada, de acordo com
Brummit & Powell(1992).
4. Citações e abreviaturas das Opus Princeps devemseguir Stafleu et al. (1976-1988). No
caso de periódicos, seguir Bridson & Smith (1991). Como alternativa, seguiro International
Plant Names Index (IPNI - http://www.ipni.org/index.html), onde as citações seguem as obras
mencionadas acima.
5. Índice de nomes científicos citados no manuscrito: no caso de monografias, o índice deve
relacionar, em ordem alfabética, os táxons abaixo do nível de gênero, sem os autores,
colocando em negrito a página onde inicia a descrição do táxon. Os nomes válidos devem ser
citado sem letra normal e os sinônimos em itálico.
6. Incluir a lista de exsicatas apresentadas no manuscrito: Schultz, A . : 12 (2.8-ICN), 25 (2.9BLA, ICN)12 e 25=números do coletor.2.8=2 número do gênero e 8 número da espécie,
notrabalho.ICN=sigla do herbário onde está depositado o espécime citado.
Caso o trabalho trate apenas de um gênero: Schultz, A . : 110 (3-ICN)3=número da espécie.
No caso de dois ou mais coletores, citar apenas o primeiro.
Se o coletor não tiver número de coleta: Barreto, I. L .: BLA 1325 (número do gênero e
espécie,ou só o número da espécie).
7. Material examinado: deverá ser citado apenas material selecionado, um exemplar por
município. Se a relaçãode material selecionado for muito extensa (ou se o autor não julgar
necessário), citar todos os municípios. De modo a demonstrar a distribuição geográfica do
táxon e não ultrapassar o número de páginas previstas, deverão ser citados apenas um ou
poucos exemplares por região fisiográfica (Fortes 1959).
Quando forem dois coletores usar o &. Mais de dois coletores, citar o primeiro e usar o et al.
Países, estados,municípios e localidades devem ser citados em ordem alfabética.
Exemplos:
BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Torres, 23 maio1975, L.R. Dillenburg 17 (ICN);
Tupanciretã, 8 jul. 1977, L.R.M. Baptista et al. 911(ICN); Uruguaiana, 25 mar. 1978;
M.L. Porto s.n. (ICN 2530); Vacaria, 1 abr. 1975, B. Irgang & P. Oliveira 45 (BLA, ICN).
Flora Ilustrada do Rio Grande do Sul:
1. Lupinus albescens Hook. & Arn., Bot. Misc. 3 : 201.1833 (Fig. 1).
Sinonímia (citar o basiônimo, quando for o caso. Citar outros sinônimos somente quando for
estritamente necessário para o conhecimento do táxon na área estudada).
Descrição: baseada em material do Rio Grande do Sul, em dois parágrafos, vegetativo e
reprodutivo.
144
Distribuição geográfica: geral e no Rio Grande do Sul, esta última utilizando as regiões
fisiográficas de Fortes(1959). Não devem ser utilizados mapas com pontos de coleta no Rio
Grande do Sul.
Habitat:
Observações:
Material selecionado: citar somente material do Rio Grande do Sul. Se necessário, por
deficiência deste material, citar “material adicional examinado” de outras regiões.
145
ANEXO B -- NORMAS PARA A REVISTA GAIA SCIENTIA
Diretrizes para Autores
TIPOS DE TRABALHOS
Revisões. Revisões são publicadas somente a convite. Entretanto, uma revisão
pode ser submetida na forma de breve carta ao Editor a qualquer tempo. A carta
deve informar os tópicos e autores da revisão proposta e declarar a razão do
interesse
particular
do
assunto
para
a
área.
Artigos. Sempre que possível, os artigos devem ser subdivididos nas seguintes
partes: 1. Página de rosto; 2. Abstract (escrito em página separada, 200 palavras ou
menos, sem abreviações); 3. Introdução; 4. Materiais e Métodos; 5. Resultados; 6.
Discussão; 7. Agradecimentos quando necessário; 8. Resumo e palavras-chave (em
português - os autores estrangeiros receberão assistência); 9. Referências. Em
certos casos pode ser aconselhável omitir a parte (4) e reunir as partes (5) e (6).
Onde se aplicar, a parte de Materiais e Métodos deve indicar o Comitê de Ética que
avaliou os procedimentos para estudos em humanos ou as normas seguidas para a
manutenção
e
os
tratamentos
experimentais
em
animais.
Breves comunicações ou Resenhas
Breves comunicações devem ser enviadas em espaço duplo. Depois da aprovação
não serão permitidas alterações no artigo, a fim de que somente correções de erros
tipográficos sejam feitos nas provas.
Os autores devem enviar seus artigos somente em versão eletrônica.
Preparação de originais
PREPARO DOS ARTIGOS
Os artigos devem ser preparados em espaço simples, fonte Times New Roman,
tamanho 11. Depois de aceitos nenhuma modificação será realizada, para que nas
provas
haja
somente
correção
de
erros
tipográficos.
Tamanho dos artigos. Embora os artigos possam ter o tamanho necessário para a
apresentação concisa e discussão dos dados, artigos sucintos e cuidadosamente
preparados têm preferência tanto em termos de impacto quando na sua facilidade de
leitura.
Tabelas e ilustrações. Somente ilustrações de alta qualidade serão aceitas. Todas
as ilustrações serão consideradas como figuras, inclusive desenhos, gráficos,
146
mapas, fotografias e tabelas com mais de 12 colunas ou mais de 24 linhas. A
localização
provável
das
figuras
no
artigo
deve
ser
indicada.
Figuras digitalizadas. As figuras devem ser enviadas de acordo com as seguintes
especificações: 1. Desenhos e ilustrações devem ser em formato .PS/.EPS ou .CDR
(Postscript ou Corel Draw) e nunca inseridas no texto; 2. Imagens ou figuras em
meio tom devem ser no formato .TIF e nunca inseridas no texto; 3. Cada figura deve
ser enviada em arquivo separado; 4. Em princípio, as figuras devem ser submetidas
no tamanho em que devem aparecer na revista, i.e., largura de 8 cm (uma coluna)
ou 12,6 cm (duas colunas) e com altura máxima para cada figura menor ou igual a
22 cm. As legendas das figuras devem ser enviadas em espaço duplo e em folha
separada. Cada dimensão linear das menores letras e símbolos não deve ser menor
que 2 mm depois da redução. Somente figuras em preto e branco serão aceitas. 5.
Artigos de Matemática, Física ou Química podem ser digitados em Tex, AMS-Tex ou
Latex; 6. Artigos sem fórmulas matemáticas podem ser enviados em .RTF ou em
WORD
para
Windows.
Página de rosto. A página de rosto deve conter os seguintes itens: 1. Título do
artigo (o título deve ser curto, específico e informativo); 2. Nome (s) completo (s) do
(s) autor (es); 3. Endereço profissional de cada autor; 4. Palavras-chave (4 a 6
palavras, em ordem alfabética); 5. Título abreviado (até 50 letras); 6. Seção da
Academia na qual se enquadra o artigo; 7. Indicação do nome, endereço, números
de fax, telefone e endereço eletrônico do autor a quem deve ser endereçada toda
correspondência
e
prova
do
artigo.
Agradecimentos (opcional). Devem ser inseridos no final do texto. Agradecimentos
pessoais devem preceder os agradecimentos a instituições ou agências. Notas de
rodapé devem ser evitadas; quando necessário, devem ser numeradas.
Agradecimentos a auxílios ou bolsas, assim como agradecimentos à colaboração de
colegas, bem como menção à origem de um artigo (e.g. teses) devem ser indicados
nesta
seção.
Abreviaturas. As abreviaturas devem ser definidas em sua primeira ocorrência no
texto, exceto no caso de abreviaturas padrão e oficial. Unidades e seus símbolos
devem estar de acordo com os aprovados pela ABNT ou pelo Bureau International
des
Poids
et
Mesures
(SI).
Referências. Os autores são responsáveis pela exatidão das referências. Artigos
publicados e aceitos para publicação (no prelo) podem ser incluídos. Comunicações
pessoais devem ser autorizadas por escrito pelas pessoas envolvidas. Referências a
teses, abstracts de reuniões, simpósios (não publicados em revistas indexadas) e
artigos em preparo ou submetidos mas ainda não aceitos, podem ser citados no
texto como (Smith et al. unpublished data) e não devem ser incluídos na lista de
referências.
As referências devem ser citadas no texto como, por exemplo, (Smith 2004), (Smith
and Wesson 2005) ou, para três ou mais autores, (Smith et al. 2006). Dois ou mais
artigos do mesmo autor no mesmo ano devem ser distinguidos por letras, e.g. (Smith
2004a), (Smith 2004b) etc. Artigos com três ou mais autores com o mesmo primeiro
autor e ano de publicação também devem ser distinguidos por letras.
147
As referências devem ser listadas em ordem alfabética do primeiro autor sempre na
ordem do sobrenome XY no qual X e Y são as iniciais. Se houver mais de 10
autores, use o primeiro seguido de et al. As referências devem ter o nome do artigo.
Os nomes das revistas devem ser abreviados. Para as abreviações corretas,
consultar a listagem de base de dados na qual a revista é indexada ou consulte a
World List of Scientific Periodicals. A abreviatura para os Anais da Academia
Brasileira de Ciências é An Acad Bras Cienc. Os seguintes exemplos são
considerados
como
guia
geral
para
as
referências.
Artigos
GARCÍA-MORENO J, CLAY R AND RÍOS-MUÑOZ CA. 2007. The importance of
birds for conservation in the Neotropical region. Journal of Ornithology 148(2): 321326.
PINTO ID AND SANGUINETTI YT. 1984. Mesozoic Ostracode Genus
Theriosynoecum Branson, 1936 and validity of related Genera. Anais Academia
Brasileira Ciencias 56: 207-215.
POSEY DA. 1983. O conhecimento entomológico Kayapó: etnometodologia e
sistema cultural Anuário Antropológico, 81: 109-121.
Livros e Capítulos de Livros
DAVIES M. 1947. An outline of the development of Science, Athinker's Library, n.
120. London: Watts, 214 p.
PREHN RT. 1964. Role of immunity in biology of cancer. In: NATIONAL CANCER
CONFERENCE, 5, Philadelphia Proceedings., Philadelphia: J.B. Lippincott, p. 97104.
UYTENBOGAARDT W AND BURKE EAJ. 1971. Tables for microscopic identification
of minerals, 2nd ed., Amsterdam: Elsevier, 430 p.
WOODY RW. 1974. Studies of theoretical circular dichroism of Polipeptides:
contributions of B-turns. In: BLOUTS ER ET AL. (Eds), Peptides, polypeptides and
proteins, New York: J Wiley & Sons, New York, USA, p. 338-350.
Outras Publicações
INTERNATIONAL KIMBERLITE CONFERENCE, 5, 1991. Araxá, Brazil. Proceedings
... Rio de Janeiro: CPRM, 1994, 495 p.
SIATYCKI J. 1985. Dynamics of Classical Fields. University of Calgary, Department
of Mathematics and Statistics, 55 p. Preprint n. 600.
148
Condições para submissão
Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a
conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As
submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos
autores.
1. Os manuscritos devem ser apresentados na seguinte seqüência: página de
rosto, resumos em português e inglês, palavras chaves e key words, texto,
tabelas, agradecimentos, referências bibliográficas.
2. A contribuição é original e inédita, e não está sendo avaliada para publicação
por outra revista; caso contrário, justificar em "Comentários ao Editor".
3. Os arquivos para submissão não podem ultrapassar 2 MB.
4. Todos os endereços de páginas na Internet (URLs), incluídas no texto
(Ex.: http://www.ibict.br) estão ativos e prontos para clicar.
5. O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos
em Diretrizes para Autores, na seção Sobre a Revista.
6. A identificação de autoria deste trabalho foi removida do arquivo e da opção
Propriedades no Word, garantindo desta forma o critério de sigilo da revista,
caso submetido para avaliação por pares (ex.: artigos), conforme instruções
disponíveis em Assegurando a Avaliação por Pares Cega.
Política de Privacidade
Os manuscritos publicados são de propriedade da Revista GAIA SCIENTIA, vedada
tanto a reprodução, mesmo que parcial em outros periódicos, como a tradução para
outro idioma sem a autorização por escrito do Conselho Editorial. Desta forma, todos
os trabalhos, quando submetidos à publicação, deverão ser acompanhados de
Documento de Transferência de Direitos Autorais, contendo assinatura de cada um
dos autores.
Revista Gaia Scientia - ISSN 1981-1268
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