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Ficha de Estudo
97
Tema
Transformação, institucionalização e conflito nas esferas espacial,
econômica, social e política
Tópico de estudo
A nova ordem mundial e o jogo de poder entre as nações – a reorganização política internacional pós-Guerra Fria
Entendendo a competência
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
Você sabe que a Geografia se ocupa da análise do espaço geográfico. Mas o que é espaço geográfico? Quem constrói
o espaço geográfico? Essas são questões muito importantes para entendermos o objeto de estudo da ciência geográfica e a sua maneira de interpretar o mundo.
O espaço geográfico é fruto das ações humanas ao longo da história. São os homens que criam, recriam, transformam, produzem o espaço geográfico, de acordo com seus desejos e necessidades. Esses desejos e necessidades
não surgem de relações vagas, pelo contrário são gestadas nas práticas sociais, culturais e econômicas nas quais
os seres humanos estão imersos. São, portanto, relações intencionais que envolvem poder. Já pensou sobre isso?
Um estudioso da Geografia, Élisee Reclus, disse que “a Geografia não é outra coisa senão a história do espaço, assim
como a História é a geografia do tempo”. Esse parece ser um modo interessante de pensar sobre o modo como a
Geografia procura compreender o mundo. Para entender essas questões é preciso estar atento às informações sobre
o jogo de poder que envolve a produção do espaço no mundo contemporâneo. Procure estar sempre bem informado
sobre o assunto. Fique atento aos materiais publicados na imprensa escrita, na Internet, na televisão... Eles o ajudarão a compreender melhor as transformações e a complexa geografia do mundo atual.
Desvendando a habilidade
Habilidade 7 – Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
Muitos acontecimentos marcaram o contexto internacional nos últimos anos. Veja alguns deles:
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Queda do muro de Berlim (1989).
Cerco econômico e militar ao Iraque por causa da invasão do Kuwait (1991).
Ataque às torres gêmeas de Nova Iorque (2001).
Bombardeio ao Afeganistão (2001/2002).
Invasão do Iraque (2003)....
Esses e tantos outros acontecimentos provocam a busca por uma explicação. Afinal, por que isso está acontecendo?
Tais eventos marcam a atual geografia do mundo e expressam relações de poder entre as nações e os atores hegemônicos no âmbito mundial. Para compreender a maneira como o mundo se organiza é de fundamental importância
entender os significados das relações de poder que são desencadeadas em dado período histórico. Elas produzem
e configuram uma determinada ordem mundial.
É esse assunto que vamos abordar nesta ficha.
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Situações-problema e conceitos básicos
Vamos iniciar a reflexão relembrando alguns fatos recentes importantes que aconteceram na esfera internacional.
A partir de 1989, as pessoas assistiram a eventos que vieram mudar a geografia do mundo. Podemos citar,
sobretudo, a queda do muro de Berlim e a desagregação geopolítica/territorial da poderosa União Soviética. Aí
tem fim o mundo bipolar da Guerra Fria, estruturado em torno das duas potências político-militares da época: os
Estados Unidos e a União Soviética. Verificamos que nesse contexto se encerra a velha ordem mundial instaurada no decorrer da Guerra Fria e, com ela, a divisão do mundo em dois blocos de poder delimitados pela disputa
política ideológica entre o capitalismo e o socialismo.
A partir de então uma nova ordem mundial começa a ser desenhada. Nesse novo cenário, os fatores econômicos e culturais servem como pano de fundo para o estabelecimento de novas relações de poder entre as nações.
Observe com atenção a charge elaborada pelo cartunista e chargista Arnaldo Angeli.
Fonte: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia _ic/index.cfm?
fuseaction=artistas_obras&cd_verbete=3174&cd_idioma=28555
Procure interpretá-la usando os seus conhecimentos.
O que a charge lhe sugere?
Que relações você estabelece entre a charge e o assunto abordado?
Agora, responda:
De acordo com a charge, como o mundo está organizado, segundo a chamada nova ordem mundial?
A charge apresenta um mundo estruturado de modo muito desigual, sobretudo do ponto de vista econômico.
O chargista nos chama atenção ainda para questões relativas a conflitos e intolerância.
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Você observou os nomes dos oceanos e mares? Note também o título da charge “A nova ordem mundial”. Ela
se refere claramente à organização do mundo a partir da década de 1990.
Observe que a charge já nos dá pistas muito importantes para interpretarmos algumas questões:
– O que vem a ser a chamada nova ordem mundial?
– Que jogo de poder mundial está sendo jogado neste século XXI?
– A quem ele está subordinado?
– Quais são os atores desse jogo?
– Que relações de poder existem na configuração dessa geografia do mundo contemporâneo?
– Ordem ou desordem mundial?
Essas questões são fundamentais para quem queira inteirar-se de um assunto essencial do mundo em que
vivemos!
Pense bem... A nova ordem mundial é um conceito que apresenta uma clara relação com o contexto histórico
do mundo pós-Guerra Fria. Esse termo procura caracterizar a situação mundial frente aos acontecimentos históricos, como a queda da União Soviética, e ao reordenamento geopolítico das nações na disputa pelo poder.
Já em sua fase inicial a nova ordem mundial começou a ser definida como multipolar, pois novos polos econômicos começaram a marcar presença no cenário internacional distinguindo-se o Japão e a União Europeia. Por
sua vez, os Estados Unidos continuaram a ocupar papel importante no mundo, destacando-se como uma potência
econômica e militar.
Quando falamos em ordem multipolar nos referimos ao fato de que vários polos de poder começam a fazer
parte do jogo político. A situação mudou e já não são apenas dois polos comandando, como ocorria anteriormente, um mundo no qual EUA e União Soviética tinham uma liderança forte sobre os demais países, o que caracterizava o chamado mundo bipolar.
Além da multipolarização, a nova ordem mundial é marcada pela intensificação do processo de globalização
e pela maior integração e interdependência econômica entre os países. Há também o fortalecimento dos blocos
econômicos regionais que servem para ampliar a força de determinados grupos de países no comércio e na política internacional. Nesse cenário ganham destaque a capacidade tecnológica e produtiva, a qualificação da força
de trabalho, a disponibilidade de capital e a competitividade, como elementos centrais para determinar a força e
o poder dos países nas relações internacionais.
Outras mudanças podem ser vistas com clareza. As últimas décadas mostram que os estados nacionais estão
cada vez mais enfraquecidos e que outros atores têm assumido posições de destaque no jogo de poder. Destacamse o mercado, as grandes empresas transnacionais e os órgãos internacionais (sobretudo Banco Mundial, Fundo
Monetário Internacional e ONU), que se apresentam como gestores das questões globais.
Percebe-se que a atual crise financieira global tem trazido consequências sérias para os países desenvolvidos,
principalmente EUA, Europa e Japão. Não é mesmo?
Por outro lado um grupo de países tem ganhado destaque no cenário mundial: são os chamados países emergentes. Esses países têm demonstrado eficiente inserção no processo de internacionalização do capital produtivo
e financeiro, assim como um melhor posicionamento nos fóruns de decisão global. De certo modo têm conseguido competir com as economias desenvolvidas. O jogo de poder continua vivo e em constante processo de
construção.
Esse grupo de países a que nos referimos recebe a denominação de BRIC, sigla que se refere a Brasil, Rússia,
Índia e China. Esses países, mesmo apresentando níveis de crescimento diferentes, têm-se constituído como
potências econômicas emergentes e têm tido papel de destaque nas discussões políticas e nas decisões internacionais. O desenvolvimento do parque industrial, o aumento do volume de exportações, o domínio de tecnologias
e a emergência de um mercado consumidor forte têm levado a um reposicionamento desses países no cenário
econômico e político atual.
Mas, atenção! Apesar de identificarmos mudanças na nova ordem mundial e certo reposicionamento de poder
entre os países, há permanências de desigualdades históricas.
A atual ordem mundial é marcada por relações significativamente díspares, próprias do sistema capitalista. De
modo geral, as assimetrias e desníveis socioeconômicos entre os países foram mantidos. Persistem as relações de
troca desiguais entre Norte e Sul e os países pobres continuam enfrentando problemas emblemáticos no campo
social.
E no campo político? Será que com a nova ordem multipolar os conflitos internacionais se tornaram mais
amenos? O mundo, enfim, se tornou mais pacífico?
Paz e tranquilidade parecem não ser atributos da chamada nova ordem mundial.
Muitos conflitos territoriais, políticos, culturais e econômicos estão acontecendo no mundo atual. Instabilidades, atentados terroristas, conflitos culturais, retaliações políticas e mesmo guerras com a presença de soldados e
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todo tipo de parafernália bélica desenrolam-se em diferentes pontos do globo. O fato é que a emergência da nova
ordem mundial não trouxe a diminuição dos conflitos armados no mundo.
Pode-se perceber que a geografia do mundo parece evidenciar avanços e retrocessos. Na verdade, é possível
identificar um jogo tênue entre ordem e desordem mundial.
Muitos estudiosos chegam a afirmar que estamos diante da nova desordem mundial. A organização do espaço
mundial se mostra contraditória e caminha sempre mediante processos de destruição e reconstrução. Todo esse
processo é comandado por um complexo jogo de poder que se cruza nesse espaço.
Observe, agora, as duas charges seguintes, produzidas pelo mesmo cartunista que elaborou a charge usada
no início da discussão. Elas nos permitem refletir um pouco mais sobre o tema desta ficha.
Fonte: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/
index.cfm?fuseaction=artistas_obras&cd_verbete=3174&cd_idioma=28555
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