Visualização do documento Capítulo 037.doc (2195 KB) Baixar Reguladores de tensão Conseguir que a tensão de um circuito na saída seja fixa é um dos objetivos mais importantes para que um circuito funcione corretamente. Para consegui-lo se utilizam os reguladores de tensão que podem ser circuitos formados por elementos discretos ou por circuitos integrados. Quando se desenha um circuito há muitos fatores que temos que ter em conta. Em primeiro lugar, como é lógico, haverá que comprovar se o circuito desenhado é capaz de realizar todas e cada uma das funções desejadas. Uma vez verificado o seu correto funcionamento teremos que comprovar até que ponto é capaz o circuito de manter ditas características de funcionamento, isto é, como se comportará perante as já mais que conhecidas circunstâncias adversas, como podem ser as variações nas tensões de entrada ou, as mudanças de temperatura. Com os transistores vimos que a temperatura era um fator muito importante que podia estragar o transistor se não colocássemos algo que compensara os seus efeitos quando esta aumentava ou diminuía. A solução era obtida muito facilmente ao colocar um resistor no emissor, e assim, com um esforço muito pequeno ficava solucionado um grande problema. As mudanças na tensão fornecida são, junto com as variações de temperatura, uma das principais causas de funcionamentos errôneos ou inclusive de rupturas dos aparelhos eletrônicos. A razão provém do fato de que todos os aparelhos eletrônicos estão desenhados para funcionar com uns certos limites nas tensões de entrada; portanto, uma tensão de entrada que se fornece a um dispositivo e que seja superior à que este possa suportar, ou à recomendada pelos fabricantes, provavelmente produza correntes suficientemente altas como para queimar algum dos seus componentes e, portanto, deixar completamente inativo o aparelho eletrônico. Isto não seria um sério problema se a tensão fornecida pelas companhias elétricas fosse suficientemente precisa como para garantir uma precisão no valor da tensão. No entanto, isto não é assim, e a tensão fornecida pelas companhias, dependendo do lugar e do momento considerado, podem oscilar até uns 10% sobre o valor nominal. Esta variação é suficiente para não poder supor que dispomos de uma fonte de tensão constante. Como sempre na eletrônica, de uma ou outra forma, mais ou menos aproximada, podemos conseguir resolver a maioria dos problemas que se colocam. Neste caso, a solução às variações de tensão a encontramos nos circuitos conhecidos como "reguladores de tensão". Reguladores fixos e ajustáveis Os reguladores de tensão se costumam dividir em dois grandes grupos: reguladores de tensão fixa e reguladores ajustáveis. Nos primeiros, como o seu nome indica, vamos obter uma tensão fixa partindo de uma tensão variável na entrada. Com os reguladores de tensão constante vamos obter uma tensão fixa entre os terminais da carga, durante o período no qual se mantenha a corrente através da carga dentro de um intervalo determinado. Com os ajustáveis vamos poder controlar a tensão de saída, partindo também de uma tensão variável. Todo circuito integrado regulador está preparado para dissipar uma potência, normalmente em forma de calor. Por esta razão os circuitos integrados reguladores vêm preparados para que esta dissipação não lhes afete, e costumam colocar um transistor que estabilize as variações que se produzam. Os reguladores fixos de tensão podem ser divididos em dois grupos, conforme o sinal da tensão que regulem. Assim, podemos ter reguladores de tensão positiva e reguladores de tensão negativa. Os dois vão ser muito parecidos e só se vão diferenciar no sentido que leva a corrente. Reguladores não integrados Temos vários tipos de reguladores eletrônicos. Os primeiros que vamos ver são os reguladores zener, que se denominam assim porque usam as propriedades dos diodos zener para regular a tensão. Dentro de uns certos limites de corrente sabemos que o diodo zener tem uma queda de tensão constante, portanto a tensão que entregará à carga vai ser constante. Para ver como funciona este tipo de circuitos podemos considerar o diodo zener como um resistor variável. Se, por exemplo, a resistência de carga diminui, absorverá mais corrente. Ao princípio a tensão diminuirá pouco. A resistência interna do zener vai aumentar deixando passar menos corrente que antes. Desta forma a tensão cairá menos ao ser a corrente menor. A tensão da saída vai permanecer constante embora varie a carga. Pelo contrário, se a resistência de carga aumenta, absorverá menos corrente. A resistência interna do zener diminuirá, absorvendo menos corrente que antes para compensar o aumento da resistência de carga, o resultado final vai ser que a tensão entre os terminais da resistência de carga vai ser praticamente constante dentro de uma margem de corrente não muito grande. Outro tipo de regulador eletrônico é o denominado regulador Shunt. É bastante parecido ao regulador zener, mas aqui temos um transistor em coletor comum acrescentado de um resistor de emissor que vai atuar como carga de saída do circuito. Neste tipo o valor da corrente vai ser mais alto devido à amplificação que vai efetuar o transistor. O regulador série é outro dos reguladores eletrônicos. Se denomina assim porque o elemento encarregado de regular se encontra em série com a corrente de carga. O regulador vai ser um transistor e, como nos reguladores tipo zener considerávamos o diodo zener como uma simples impedância variável, nos reguladores série vamos considerar este transistor também como uma impedância variável. A diferença com os zener é que agora a impedância variável se encontra em série com a carga. A entrada de tensão vai ser maior que a saída regulada. O transistor que usamos como regulador está ligado como seguidor de emissor. Este transistor funciona na região ativa e oferece certa resistência ao circuito. Se o circuito está funcionando normalmente, cada vez vai demandar uma maior corrente de carga. O que implica que a tensão vai diminuir se não o temos regulado. O regulador série também tem a propriedade de compensar as variações de entrada de corrente contínua. Assim pois, com um regulador série podemos compensar tanto as variações de entrada como as de saída. Outro tipo de regulador é o regulador em paralelo. Este circuito está formado por impedância fixa colocada entre a entrada, não regulada, e a saída, regulada. Uma impedância variável está colocada em paralelo, daí vem o nome deste tipo de reguladores, encontrando-se situada entre os terminais da saída. A impedância em paralelo vai variar para conseguir que a tensão de saída seja constante. Normalmente a impedância em paralelo vai ser um transistor, como nos reguladores em série. Reguladores integrados O primeiro circuito integrado regulador que se fabricou foi o LM723 . É um dos circuitos integrados mais vendido no mundo e apesar dos seus defeitos, e de que hoje em dia há outros tipos de reguladores integrados, não perdeu a sua popularidade. Durante uns cinco anos foi o único regulador integrado que se vendia. Depois encontrou-se o modo de incorporar elementos externos aos circuitos integrados, entre os que se incluíam transistores série de alta corrente. Assim surgiu a família dos 7800, reguladores positivos de voltagem fixa. Pronto lhe seguiu a família dos 7900, reguladores negativos de voltagem fixa. Estas duas famílias tiveram um grande sucesso. O seu preço era muito baixo, tinham boas especificações de regulação de carga, linearidade e uma boa capacidade de corrente que podia chegar até 1 ampère. Eram muito usados como reguladores de circuitos locais. A sua maior vantagem era que se podiam reduzir consideravelmente os requerimentos sobre a fonte de alimentação principal e os seus reguladores de voltagem. Depois se estenderam ambas famílias e apareceram os reguladores simétricos duplos. Incluíam um regulador positivo e outro negativo dentro do mesmo chip acrescentando um amplificador para que uma das duas tensões siga a outra e se obtenham saídas simétricas respeito à terra. Estes reguladores cada vez adquiriram uma maior importância, dado que se foram tornando evidentes as limitações dos reguladores convencionais. A crescente complexidade dos sistemas analógicos conduz a situações onde se podem incluir muitas funções diferentes dentro de um mesmo integrado. Assim, por exemplo, podemos ter amplificadores operacionais, sensores, comparadores, microprocessadores, conversores D/A e A/D, etc., dentro de um mesmo integrado. Isto traz um grave problema para a fonte de alimentação, dado que o integrado pode requerer tensões tanto negativas como positivas. Os reguladores duplos podem solucionar este tipo de problemas ajustando-se facilmente aos requisitos de cada momento. Quase todos os reguladores integrados são de baixa potência. Normalmente, se necessitamos de correntes elevadas se acrescentam elementos que amplifiquem a potência externa ao circuito integrado. Alguns fabricantes conseguiram incorporar dentro do circuito integrado os transistores que amplificam a potência, mas isto traz consigo uma amplificação da dissipação da potência no CI de modo que não sempre é conveniente integrar o transistor. Como já sabemos, os reguladores de alta corrente requerem que o circuito esteja desenhado para que tenha uma resistência térmica mínima. Conforme seja a temperatura de trabalho de um circuito integrado assim será a sua fiabilidade a longo prazo. Portanto, quanto mais calor possamos retirar fora do chip melhor vai ser o circuito e funcionará durante mais tempo. O LM723 Um dos circuitos integrados mais utilizados é o 723. É um regulador de tensão. No interior deste circuito integrado vamos encontrar um amplificador operacional com as suas duas entradas, inversora e não inversora, um diodo zener de referência, transistor que atua como regulador de tensão, um segundo transistor de saída e um terceiro transistor que vai controlar a intensidade e vai ser o encarregado de limitá-la no caso de que seja necessário para evitar problemas com uma intensidade muito alta. Neste circuito vamos ter uma tensão de referência de ao redor de 7 volts. O amplificador operacional está ligado como seguidor de tensão, isto é, ligamos a saída diretamente à entrada inversora. Depois pomos um divisor de tensão, formado por dois resistores, que vai proporcionar a tensão que vamos colocar pela entrada não inversora. Dita tensão é a que vamos obter à saída do amplificador dado que, como dissemos, se encontra ligado como seguidor de tensão. Portanto, o seu funcionamento mais geral consiste em unir a entrada inversora à tensão de referência, a não inversora ao divisor de tensão, depois ligar a diferença de ambas entradas amplificadas ao transistor regulador que vai conseguir a estabilização desejada ao variar a sua condução para compensar a diferença das duas entradas. Embora a máxima intensidade de saída de um 723 sejam 150 mA, temos que ter cuidado com a corrente de saída para não ultrapassar a máxima dissipação possível. Se necessitamos uma corrente de saída maior que a que nos permite o 723, podemos acrescentar um transistor exterior ao circuito integrado. Este transistor de potência pode ser do tipo PNP ou NPN, mas temos que ter muito em conta de que tipo é para ligá-lo corretamente ao circuito integrado. Se estamos acrescentando um transistor NPN, o vamos ligar como se fosse uma extensão dos seguidores internos que tem o 723. A base vai ligada ao potencial de saída do circuito integrado, Vo, e o emissor será unido à entrada inversora. Mas se acrescentamos um PNP vamos ligar o potencial de saída, Vo, à entrada inversora e esta ao emissor, e a base a Vc, que é a tensão do coletor do transistor de saída do circuito integrado 723. Podemos pôr um limitador térmico para proteger o regulador de tensão das variações de temperatura, mas este não vai proteger os elementos ligados externamente ao 723, só protegerá o circuito integrado. Entre as vantagens que nos oferece um 723 podemos destacar a sua boa regulação e baixo coeficiente de temperatura, junto com a sua versatilidade. Além disso, não só se pode usar como regulador de tensão mas também se pode empregar como regulador de intensidade. O 723 se caracteriza pelo seu pequeno consumo em repouso, baixa variação com a temperatura e a sua alta rejeição ao ruído. É aplicável em fontes de alimentação positivas e negativas como um regulador paralelo, série, comutado ou flutuante. Se pode usar como fontes de laboratório, reguladores locais para circuitos lógicos, reguladores para amplificadores de dados de baixo nível, fontes para instrumentação, sistemas aero-transportados e fontes para circuitos digitais e lineares. Com um 723 podemos conseguir um regulador básico de baixa tensão e um regulador básico de alta tensão. Como já sabemos, com o circuito integrado 723 podemos construir uma fonte de alimentação. Quando começaram a fabricar os circuitos integrados era muito difícil superar os 40 volts de saída com um CI; para conseguir isto tinha-se que usar semicondutores discretos, não integrados, inclusive com o 723 não se podiam ultrapassar os 40 volts de entrada e com esta entrada só se podia conseguir uma saída que, como muito, alcançava os 37 volts. Mas agora podemos construir um circuito com um 723 que supere este limite de saída para poder usá-lo como regulador básico de alta tensão. Em um 723 uma zona importante é a fonte de tensão de referência, que está compensada em temperatura e quase isenta de ruído. A fonte de referência pode proporcionar uma corrente que pode alcançar 15 mA. À parte, como já sabemos, se encontra um amplificador corretor que vai controlar o transistor que proporciona a tensão de saída, um transistor que se encarrega de limitar a corrente. É possível conseguir uma alimentação totalmente estável e protegida contra os curtos-circuitos usando um 723 e alguns componentes discretos associados. Para conseguir tensões estabilizadas de mais de 40 volts, o circuito necessita uma tensão auxiliar separada, que atue como fonte de tensão. Este tipo de reguladores se denominam "reguladores flutuantes". Com estes circuitos podemos conseguir uma tensão de saída que pode ser regulável entre 0 e 60 volts. O LM338 Outro exemplo de regulador ajustável é o LM338. Este regulador tem um valor da tensão de referência de 1,25 V. Com ele podemos conseguir uma tensão de saída que vai dos 1,2 V aos 25 V. É muito recomendável colocar um capacitor ligado à entrada do LM338 para conseguir que o circuito não seja sensível aos ajustes ou à presença de capacitores de saída. Os LM338 proporcionam uma regulação da carga muito boa. Para obter as melhores prestações temos que tomar uma pequena medida. Dita medida consiste em ligar o resistor de corrente entre os terminais de ajuste e de saída o mais perto possível do regulador, embora para isso se tenha que afastar da carga. Quando utilizamos capacitores com os circuitos integrados regulados é muito conveniente acrescentar uns diodos de proteção e evitar assim as descargas que se podem produzir por parte dos capacitores nos pontos de baixa corrente de regulador. Quando um regulador tem ligado um capacitor à saída e se curtocircuitar a sua entrada, o capacitor se descarregará através do circuito integrado. Esta descarga é suficiente para avariar ao circuito integrado e vai depender de três fatores: o tamanho do capacitor, a tensão de saída e a velocidade de decrescimento da tensão de entrada. Por todos estes motivos é muito conveniente acrescentar uns diodos de proteção e, como exemplo de circuitos integrados que os utilizam, podemos citar o regulador LM338. Adaptado do “curso de eletrônica” da Editora F&G S.A (1995) 4 Arquivo da conta: paulista65 Outros arquivos desta pasta: Capítulo 001.doc (2346 KB) Capitulo 007.doc (2081 KB) Capítulo 005.doc (2105 KB) Capítulo 003.doc (1943 KB) Capítulo 002.doc (1297 KB) Outros arquivos desta conta: AULAS COMANDOS ELÉTRICOS Curso à Distância de Eletrônica Completo (Instituto Universal Brasileiro) Curso Basico de Eletronica Digital Revista SABER ELETRONICA Curso de Eletrônica Curso de Eletronica Digital Relatar se os regulamentos foram violados Página inicial Contacta-nos Ajuda Opções Termos e condições Política de privacidade Reportar abuso Copyright © 2012 Minhateca.com.br