Geografia - Estuda Que Passa

Propaganda
Geografia
Recursos Naturais - CE
Professor Luciano Teixeira
www.acasadoconcurseiro.com.br
Geografia
RECURSOS NATURAIS - CE
Hidrografia
O território cearense é dividido em doze bacias hidrográficas, levando em consideração a divisão da grande bacia do rio Jaguaribe em Alto, Médio e Baixo Jaguaribe. Tal bacia compreende
mais de 50% do estado com seus 633 km de extensão. Os dois maiores reservatórios de água
do Ceará são barragens que represam o Jaguaribe, o Açude Orós e Açude Castanhão, com as
respectivas capacidades de armazenamento de 2,1 e 6,7 bilhões de metros cúbicos de água. O
Açude Castanhão é, ainda, o maior açude do país. Os afluentes mais importantes do rio Jaguaribe são os rios Salgado e Banabuiú. 95
As outras bacias cearenses são a do rio Acaraú, com um dos maiores reservatórios do estado;
do rio Banabuiú; do rio Coreaú; do rio Curu; bacia do litoral, que drena boa parte da costa norte
e oeste, na qual os principais rios são Aracatiaçu,Aracatimirim, Mundaú e Trairi; da Região Metropolitana, na qual os principais rios são Ceará, Cocó, Pacoti e Choró; da Serra de Ibiapaba; do
rio Parnaíba e a do rio Salgado.
O estado tem 92,99% de seu território dentro do polígono das secas, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
www.acasadoconcurseiro.com.br
3
Bacia do São Francisco: é a principal da região, formada pelos rios São Francisco e seus
afluentes. São praticadas atividades de pesca, navegação e produção de energia elétrica pelas
hidrelétricas de Três Marias, Sobradinho, Paulo Afonso e Xingó, delimita as divisas naturais de
Bahia com Pernambuco e também de Sergipe e Alagoas, que é onde está localizada sua foz.
Bacia do Parnaíba: é a segunda mais importante, ocupando uma área de cerca de 344.112 km²
(3,9% do território nacional) e drena quase todo o estado do Piauí, parte do Maranhão e Ceará.
O rio Parnaíba é um dos poucos no mundo a possuir um delta em mar aberto, com uma área de
manguezal de, aproximadamente, 2.700 km².
Bacia do Atlântico Nordeste Oriental: ocupa uma área de 287.384 km², que abrange os
estados do Ceará, Paraíba,Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas. Os rios principais são o
Jaguaribe, Piranhas-Açú, Capibaribe, Acaraú,Curimataú, Mundaú, Paraíba, Itapecuru, Mearim e
Una, (esses três últimos no estado do Maranhão).
4
www.acasadoconcurseiro.com.br
Geografia – Recursos Naturais - CE – Prof. Luciano Teixiera
A Seca:
Sobre as causas da seca na região, existem alguns motivos principais: em primeiro lugar, o
relevo interplanáltico (isto é, depressões localizadas entre planaltos) desfavorece a circulação
de massas de ar úmidas, ocasionando a falta de chuvas. Além disso, trata-se de uma região
de latitudes equatoriais, com maior incidência de raios solares e, portanto, com maiores
temperaturas. Soma-se a isso o fato de a região – ao contrário da Amazônica, por exemplo –
não apresentar uma grande quantidade de rios caudalosos que favoreceriam a evaporação com
a consequente precipitação em nível local. Na verdade, a maior parte dos rios é intermitente ou
sazonal, ou seja, eles secam em determinados períodos. A grande exceção, nesse caso, é o Rio
São Francisco, principal recurso hídrico da região.
Apesar da posição geográfica equatorial, o clima da região é marcado por ser do tipo tropical,
com duas estações bem definidas: um inverno seco e outra moderadamente chuvosa. Essa
última é eventualmente interrompida ou intensificada em função de fenômenos climáticos,
como o El Niño, que provoca os longos períodos de estiagem, e o La Niña, que ocasiona períodos
de chuvas e até alagamentos de algumas cidades.
Outro fator que provoca a seca do Nordeste é a pouca força que algumas massas de ar úmido
possuem. As massas de ar do Oceano Atlântico atingem, em geral, apenas o litoral nordestino,
onde ocorre a maioria das chuvas (e onde é registrada a presença da Mata Atlântica). Por outro
lado, a oeste, as massas de ar úmido provenientes da Amazônia também não conseguem
alcançar inteiramente a região, chegando apenas até o oeste do Maranhão.
Apesar dessa série de eventos climáticos naturais que parecem conspirar para caracterizar a
aridez da região nordestina, o motivo principal para as secas é, sem dúvida, político. Muitos
autores utilizam a expressão Indústria da seca para se referir a essa questão, isso porque
somente os fatores climáticos não são suficientes para explicar a miséria em que vive a
população. Atualmente, em regiões áridas dos Estados Unidos e, principalmente, Israel, soluções
tecnológicas avançadas foram desenvolvidas para resolver problemas de disponibilidade de
recursos hídricos.
Dessa forma, muito dinheiro foi destinado para a região, o suficiente para implantar projetos
avançados de irrigação e distribuição de água, porém boa parte da verba foi desviada e a maior
parte dos sistemas de irrigação foi destinada a grandes latifúndios (geralmente associados a
grandes políticos da região) que priorizam a exportação.
www.acasadoconcurseiro.com.br
5
Secas no Ceará:
O clima do Ceará é marcado pela aridez. As secas são periódicas, e, desde que a ocupação
territorial foi consolidada, a população tenta resolver o problema da escassez de água. A Seca
de 1606 foi a primeira a marcar a história da ocupação do território. Outras secas importantes
foram as registradas em 1777 e 1778, responsáveis pelo enfraquecimento da indústria das
charqueadas, que teve seu golpe final no período de grandes secas entre 1790 e 1794.
6
www.acasadoconcurseiro.com.br
Geografia – Recursos Naturais - CE – Prof. Luciano Teixiera
Parede do Açude do Cedro e, ao fundo, a Pedra da Galinha Choca.
Durante as décadas seguintes, até 1877, o Ceará viveu relativa tranquilidade, sem estiagem, até
que naquele ano e nos dois seguintes uma grande seca prejudicou fortemente a agropecuária
no estado. No início dessa, o senador Tomás Pompeu de Sousa Brasil publicou o primeiro livro
sobre esse problema climático, intitulado "O clima e secas no Ceará". Nessa época, foi iniciada
a construção do Açude do Cedro, em Quixadá, o primeiro do país, como medida para minimizar
a falta de água, mas a obra só foi finalizada na Primeira República.
No começo do século XX, foi criada a Inspetoria de Obras Contra as Secas, que mais tarde
passaria a ser o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, com sede em Fortaleza,
para realizar estudos, planejamentos e obras contra as estiagens, em 1909. Com o trabalho do
DNOCS, várias barragens foram construídas em todos os estados do Nordeste. Na década de
1930, foi instituído o polígono das secas, no qual a quase totalidade do território cearense está
inserido.
Atualmente, existem muitos órgãos do governo cearense voltados para a problemática do
clima. A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos juntamente com a Superintendência de
Obras Hidráulicas são os órgãos que fazem a gerência de várias barragens e o planejamento de
adutoras e canais. A Fundação Cearense de Meteorologia é a responsável pelo monitoramento
climático. Finalmente, o órgão central é a Secretaria dos Recursos Hídricos, que faz toda a
estruturação de metas e planos para combater a seca no Ceará.
Transposição do Rio São Francisco:
www.acasadoconcurseiro.com.br
7
A transposição do rio São Francisco é o projeto de deslocamento de parte das águas do rio São
Francisco, no Brasil, nomeado pelo governo brasileiro como "Projeto de Integração do Rio São
Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional".
O projeto é um empreendimento do Governo Federal, sob responsabilidade do Ministério da
Integração Nacional – MIN. A obra prevê a construção de mais de 700 quilômetros de canais
de concreto em dois grandes eixos (norte e leste) ao longo do território de quatro Estados
(Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte) para o desvio das águas do rio. Ao longo
do caminho, o projeto prevê a construção de nove estações de bombeamento de água.
Orçado atualmente em R$ 8,5 bilhões, o projeto, teoricamente, irrigará a região nordeste e
semiárida do Brasil. O principal argumento da polêmica dá-se sobretudo pela destinação do
uso da água: os críticos do projeto alegam que a água será retirada de regiões onde a demanda
por água para uso humano e dessedentação animal é maior que a demanda na região de
destino e que a finalidade última da transposição é disponibilizar água para a agroindústria e a
carcinicultura — contudo, apesar da controvérsia, tais finalidades são elencadas como positivas
no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) em razão da consequente geração de emprego e
renda. Iniciada em 2007, a conclusão da transposição estava originalmente planejada para
2012, mas atrasos mudaram a data tentativa para 2015.
Impactos positivos:
1. Aumento da água disponível e diminuição da perda devido aos reservatórios.
2. Geração de 5 mil empregos durante a construção da obra (quatro anos), sobretudo nas
cidades onde serão implantados os canteiros de obras. Entretanto, ao término das obras,
não haverá um impacto significativo em termos de geração de empregos.
3. Aumento da renda e do comércio das regiões atingidas. Durante a obra, haverá grande
incremento no comércio e renda nas cidades que abrigarão os canteiros de obra. A longo
prazo, a elevação do emprego e renda virão da agricultura irrigada e da indústria, que serão
consequências da transposição.
8
www.acasadoconcurseiro.com.br
Geografia – Recursos Naturais - CE – Prof. Luciano Teixiera
4. Abastecimento de até 12,4 milhões de pessoas das cidades, através de sistemas de
abastecimento urbano já implantados, em implantação ou em planejamento pelas
autoridades locais.
5. Abastecimento rural com água de boa qualidade. O projeto prevê a construção de
chafarizes públicos em 400 localidades urbanas do sertão inseridas na região do projeto
que não possuem sistema de abastecimento adequado.
6. Redução de problemas trazidos pela seca, como a escassez de alimentos, baixa
produtividade no campo e desemprego rural. Estima-se que 340 mil pessoas seriam
beneficiadas, sobretudo na Bacia do Piranhas-Açu (39%) e na bacia do Jaguaribe (29%).
7. Irrigação de áreas abandonadas e criação de novas fronteiras agrícolas. Pode-se viabilizar,
de acordo com os estudos realizados, aproximadamente161 500 hectares em 2025, sendo
24 400 hectares para irrigação difusa ao longo dos canais e 137 100 hectares para irrigação
planejada.
8. A qualidade da água dos rios e açudes das regiões receptoras será beneficiada com as águas
do São Francisco.
9. A oferta de água irá ajudar a fixar cerca de 400 mil pessoas no campo.
10. Redução de doenças e óbitos gerados pelo consumo de água contaminada ou pela falta de
água. Estima-se que baixará em cerca de 14 mil o número de internações provocadas por
doenças de associação hídrica no ano de 2025 de uma previsão de 53 mil na ausência do
projeto.
11. Redução da pressão na infraestrutura de saúde devido à diminuição dos casos de doenças
trazidas pelas águas impróprias.
Impactos negativos:
1. Perda do emprego da população nas regiões desapropriadas e dos trabalhadores ao
término das obras.
2. Modificação nos ecossistemas dos rios da região receptora, alterando a população de
plantas e animais aquáticos. A criação de ambientes aquáticos distintos dos existentes e a
alteração dos volumes de água nos rios receptores promoverão uma seleção das espécies.
3. Risco de redução da biodiversidade das comunidades biológicas aquáticas nativas nas
bacias receptoras. A seleção entre as espécies exóticas e nativas das regiões receptoras
pode impactar na redução de espécies nativas.
4. Introdução de tensões e riscos sociais durante a fase de obra. No início das obras, prevêse a perda de emprego e renda nas áreas rurais devido às desapropriações, a remoção da
população das regiões onde passarão os canais e a imigração para as cidades em busca
de emprego nas obras. Ao término da obra, a dispensa de trabalhadores pode ser foco de
conflitos.
5. A desapropriação das terras e o êxodo das regiões atingidas alterará o modo de vida e os
laços comunitários de parentesco e compadrio, que são muito importantes para enfrentar
as condições precárias de vida de muitas comunidades.
www.acasadoconcurseiro.com.br
9
6. Circulação de trabalhadores por terras indígenas de duas etnias: Truká e Pipipã, gerando
interferências indesejáveis.
7. Pressão na infraestrutura urbana das cidades que irão receber os trabalhadores,
aumentando a demanda por moradia e serviços de saúde.
8. A região do projeto possui muitos sítios arqueológicos, colocando-os em risco de perda
devido às escavações, nas áreas a serem inundadas pelos reservatórios e no curso dos rios
cujo volume será aumentado.
9. Desmatamento de 430 hectares de terra com flora nativa e possível desaparecimento do
habitat de animais terrestres habitantes destas regiões. As espécies da flora mais relevantes
são caatinga arbórea e a caatinga arbustiva densa.
10. Introdução de espécies de peixe prejudiciais ao homem na região, como piranhas e
pirambebas, que se alimentam de outros peixes e se reproduzem em água parada.
11. A diminuição dos volumes dos açudes provocará a redução da biodiversidade de peixes.
10
www.acasadoconcurseiro.com.br
Download