Planejamento e instalação de pomares

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Fruticultura Geral
Unidade III
Planejamento e instalação
de pomares de frutíferas
Profa Railene Hérica Carlos Rocha
(UFCG/CCTA/UAGRA)
1. Introdução
1.1 Requisitos básicos
O que plantar?
Qual será o mercado
existente ou potencial?
Onde plantar?
Em quanto tempo
teremos o retorno do
investimento?
FRUTICULTURA
NEGÓCIO
O sucesso no cultivo de espécies
frutíferas está condicionado à:
 Condições adequadas de clima e solo;
 Plantio de espécies adaptadas;
 Uso de técnicas apropriadas para o manejo do solo e da planta;
 Recursos humanos e financeiros;
 Condições de transporte e armazenamento;
 Existência de mercado para o consumo “in natura ” ou de indústria.
1.2. Custo de implantação
 Valor da terra e seu preparo
 Mudas
 Insumos,
 Equipamentos,
 Infra-estrutura
 Mão-de-obra,
 Outros
Viabilidade técnica e econômica
Cultura
Período Improdutivo
Cultivar
Espaçamento
Região
Ano 1
(US$/ha)
Período Produtivo
(Ano 3 ou mais)
Ano 2
Produtividade Valor/kg FOB
(US$/ha)
Média
(US$)
(kg/ha/ano)
Ameixeira Rubi 1, Rubi 2,
Gema de Ouro
5,5 x 3,5m
Paranapanema/SP
4.802,79
3.535,15
14.333
0,31
Goiabeira Paluma
6,5 x 4,0m
Taquaritinga/ 1.979,53
SP
Paranapa4.508,84
nema/SP
1.254,88
37.500
0,08
3.480,93
16.875
0,30
5,0 x 2,0m
Pelotas/RS
3.273,02
1.325,58
11.964
0,25
4,0 x 1,0m
Vacaria/RS
11.501,86 2.364,65
42.110
0,12
Pessegueiro Aurora, Flor da
Prince,
Douradão
Pessegueiro Precocinho,
Maciel, Granad
a, Jade,
Esmeralda,
Cerrito
Macieira Gala e Fuji
5,0 x 4,0m
Mangueira Cultivares para
mesa
Mangueira Cultivares para
mesa
Videira Niágara Rosada
11,0 x 9,0m Noroeste de
SP
7,0 x 4,5m Petrolina/PE
2.086,98
676,28
9.700
0,22
2.734,88
1.552,09
25.000
0,15
2,5 x 2,0m
Jales/SP
26.619,07 8.000,47
28.000
0,34
3,5 x 2,5m
Petrolina/PE 18.892,56 11.723,72
40.000
0,38
Videira
Itália
Fonte: INSTITUTO FNP (2007).
2. Local para o cultivo de frutíferas
2.1 Condições climáticas
 Temperatura
 Chuvas:
Cuidados: > 1500mm/ano
Zonas frutíferas: <500mm/ano --- irrigação
 Umidade relativa
 Ventos
Disseminação de doenças: Bacteriose –rosáceas,
ferrugem – goiabeira, antracnose – videira.
Quebra dos ramos, quebra de mudas, queda de flohas,
flores e frutos
Quebra-Ventos
2.2 Solos
Topografia
Inclinação do terreno < 20 % --- Escoamento de água
--- Erosão
--- Solos superficiais
 Plantio em curva de nível
 Manter o solo coberto por vegetação
 Roçadeira nas entrelinhas e capina apenas em coroa ao
redor das plantas
Cultivo de café em terreno declivoso.
Cajati (SP), Fazenda Koga. Aspecto da monocultura de banana em área de relevo
forte ondulado a montanhoso, com encostas retilíneas , em área de definição do
Maciço básico-alcalino. São grandes extensões de terra cultivadas, onde a mata
original foi completamente devastada.
Município de Cajati (SP), O solo é profundo, argiloso, de cor vermelho-escuro,
rico em máficos (magnetita), e com erosão em ravinas.
2.2 Solos
Terrenos com topografia mais plana
 Pomares com maior uniformidade
 Facilidade quanto ao emprego de máquinas
 Terrenos mais ricos em elementos químicos
 Possuem excesso de água nos períodos de chuva
. Drenagem superficial
. Drenagem a uma profundidade de 1 metro e
valetas com espaço de 10 a 15 metros
2.2 Solos
Cuidados com o solo
 Profundos e bem drenados
 Evitar o plantio em áreas que antes foram cultivadas com
frutíferas
 Realizar rotação de culturas com plantas anuais
 Depois de 3 anos voltar a plantar espécies frutíferas
(preferencialmente: escolher uma espécie botânica diferente da
anterior)
 Cuidados no preparo do solo: pedras e tocos de plantas
Problemas de replantio de frutíferas
. Crescimento deficiente --- Indisposição do solo --- Doença
--- Alelopatia
Sintomas:
. Pequeno sistema aéreo
. Sistema radicular fraco: Raízes descoloridas
Poucas ramificações laterais
Poucos pêlos absorventes.
Comum em : macieiras, cerejeiras, pessegueiros e plantas cítricas
Doenças no solo de replantio:
. Cerejas e ameixeiras: Thielaviopsis basicola
. Macieira: Pythium sylvaticum e outros sete Pythium spp
Alelopatia: As raízes das plantas da mesma espécie liberam
substâncias que inibem o desenvolvimento normal da
espécie no mesmo local
. Pessegueiros liberam prunasina
. Ameixeiras liberam amigdalina
. Nogueira liberam o jiglone.
2.3 Água
Com qualidade e em quantidade para:
. Irrigações
. Tratamentos fitossanitários,
. Consumo humano,
. Outros.
2.4 Mão de obra
. Qualificada
. É necessário; 1 – 3 homens/ha --- Operações Manuais
. Mão de obra complementar: Poda , raleio, colheita
Dados pluviométricos (1911 – 2008).
Fazenda Santa Terezinha, Pb.
2.5 Transporte
. Estradas:qualidade e acesso
. Veículos e embalagens adequadas
. Cuidados para evitar danos: desde o momento da
colheita
2.6 Mercado
. Informações sobre demandas regionais, estaduais,
nacionais e internacionais
. Épocas de melhores preços
. Mercado in natura
. Indústria
Calendário de Produção.
Calendário de Produção.
PRODUTOS DA FAZENDA TAMANDUÁ NA PARAÍBA E EM
PERNAMBUCO
3. Seleção das espécies a serem plantadas
3.1 Valor cultural
Resistência das plantas à pragas, doenças, produtividade, vigor,
precocidade e resistência ao transporte
3.2 Valor comercial
Preferência do mercado: tamanho, cor, aspecto da fruta
Classificação para o maracujá
3.3 Época de colheita
. Escalonamento de produção
Cultivares precoces, medianas e tardias.
Ex.: Cultivares de pêssego
3.4 Preparo do solo para o plantio
 Terras de matas
a) Destoca;
b) Subsolagem;
c) Retirada de raízes e de pedras;
d) Incorporação de corretivos até 40cm de profundidade;
e) Adubação de base e gradagem;
f) Cultivo de uma gramínea anual por um período de 1 a 2 anos
antes do plantio da espécie frutífera.
Preparação do solo para o plantio. Condição ideal.
 Terras trabalhadas
a) Subsolagem para remover a camadas compactadas;
b) Aração profunda e incorporação de corretivos até 40cm de
profundidade;
c) Adubação de fundação e gradação.
3.5 Correção do solo
a) Profundidade de coleta: 0- 20 cm e 20 a 40 cm
b) Incorporação: até 40 cm de profundidade ao redor das covas
c) Frequência de análise: a cada 5 anos
3.6 Aquisição de mudas
a) Escolher um viveirista idôneo;
b) Encomendar as mudas com um ano de antecedência;
c) Comprar mudas dentro de padrões estabelecidos pelo
Ministério da Agricultura e;
d) Escolher os porta-enxertos adaptados à região e que sejam
compatíveis com cultivar desejada.
3.7 Sistema de alinhamento e marcação do pomar
a) Topografia;
b) Densidade de plantio;
c) Tipo de mecanização;
d) Porte do porta-enxerto e cultivar-copa;e
e) Necessidade de aproveitamento da área disponível.
3.8 Formas geométricas
 Retângulo
Melhor aproveitamento das adubações
Torna viável o cultivo intercalar de plantas anuais nos primeiros
anos de implantação do pomar
 Quadrado
Mantém a mesma distância entre as plantas e entre as filas
Permite o tráfego de máquinas e equipamentos em dois sentidos,
Diminui a área útil do terreno
dificulta os tratos culturais mecanizados ---- aproxima as linhas
das plantas.
Este sistema é pouco emprego em pomares comerciais.
 Triângulo
Também é pouco empregada:
Permite uma eqüidistância entre as plantas
Permite o trânsito em três sentidos
Utiliza o terreno de maneira uniforme
Permite um aumento de aproximadamente 15% no número de
plantas por área,em relação ao sistema quadrado.
 Quincôncio
Esquema de sobreposição de dois sistemas quadrados.
Pode ser aplicada na implantação de pomares em que se
consorcia duas espécies frutíferas.
Atividade
Considere as espécies abaixo e os seus respectivos espaçamentos.
Determine o cálculo do número de plantas para a implantação de 1ha,
faça o cálculo para todas as formas geométrica apresentadas em aula
e indique qual delas você recomendaria para cada cultura abaixo,
justificando a sua resposta.
Goiabeira
Paluma
Mangueira Cultivares
para mesa
Videira
Pessegueiro
6,5 x 4,0m
7,0 x 4,5m
Itália
3,5 x 2,5m
Aurora, Flor da
Prince,
Douradão
5,0 x 4,0m
3.9 Plantio
 Época
 Espaçamento
 Densidade do pomar
Vantagens da baixa densidade de implantação
a) Menor custo de implantação por unidade de área;
b) Maior longevidade do pomar;
c) Melhores condições de luminosidade e arejamento;e
d) Condução da planta mais livre,o que proporciona menor
necessidade de mão-de- obra.
Vantagens da alta densidade de implantação
a) Melhor aproveitamento do solo,fertilizações e mão-de-obra;
b) Maior produção por unidade de área;
c) Maior facilidade do manejo das plantas por apresentarem porte
mais reduzido;
d) Maior precocidade,devido ao menor período improdutivo;
e) Sombreamento diminui a ocorrência de plantas invasoras;
f) Torna viável o uso de terrenos excepcionais que tenham
necessidade de tratos culturais de alto custo,como
irrigação,controle de granizo,etc.
(A)
Figura. Pomares implantados em alta (A) e baixa densidade (B).
Fotos: José Carlos Fachinello
(B)
Abertura das covas e plantio das mudas
> Covas --- tamanho suficiente para acomodar todo sistema radicular,
evitando-se o dobramento das raízes
Adubação realizada na cova --- 60 dias antes do plantio
> Deve-se eliminar as bolsas de ar, através de uma leve
compactação do solo, e irrigação abundante logo após o plantio.
Cuidados pós-plantio
> Tutoramento das mudas
> Irrigação permanente
> Eliminar os ramos ladrões, principalmente os originados do
porta-enxerto
> Condução de planta --- conforme o desejado
Ao iniciar as brotações --- Controle de formigas,
Plantas daninhas
Alguns roedores que poderão causar
danos na casca das mudas
Normalmente, a percentagem de reposição das mudas é da
ordem de 5%. Este percentual deve ser adquirido com
antecedência para reposição.
Fig. 1. Vista de um pomar de mangueiras, espaçamento 8 x 5
m, da cultivar Tommy Atkins Petrolina. Embrapa Semi-Árido.
Fig. 2. Detalhe de uma muda, com 18 meses do plantio, da cultivar Tommy
Atkins. Fazenda Upa Agrícola. Petrolina, PE 2002. Embrapa Semi-Árido.
Fruticultura Geral 2012.1
18/04
Unidade IV
Manejo do solo e irrigação
em frutíferas
Profa Railene Hérica Carlos Rocha
(UFCG/CCTA/UAGRA)
1. MANEJO DO SOLO
Varia de acordo com:
 Tipo de solo
 Declividade do terreno,
 Condições climáticas,
 Recursos do fruticultor,
 Espécie cultivada,
Condução da planta
 Área do pomar.
Em terrenos pedregosos ou muito acidentados o preparo
normalmente é feito em covas.
1.1 Preparo do solo com subsolagem e aração profunda
Subsolagem: profundidade de 40 a 50cm no solo
Permite colocar os nutrientes em maiores
profundidades e a disposição das raízes das plantas
 Melhora a aeração do solo, e a infiltração de água
 Rompe as camadas adensadas existentes no solo,
facilitando a penetração e o desenvolvimento do sistema
radicular das plantas
O calcário e os demais corretivos podem ser aplicados em duas
etapas:
--- Metade da quantidade antes da subsolagem e a outra
--- Metade antes da aração
Os corretivos são aplicados em toda a área e, por ocasião
do plantio, faz-se abertura de pequenas covas, com
tamanho suficiente para acomodar o sistema radicular da
planta, não havendo necessidade de adubação nas
covas.
1.2 Preparo convencional do solo seguido ou não
de abertura de covas
O solo é preparado e corrigido até uma profundidade de 20 a
25cm,
Abertura das covas de 60 x 60 x 60 ou 80 x 80 x 80cm
Os fertilizantes são utilizados de acordo com o volume
do solo e os resultados da análise do mesmo
Em solos mal drenados ou muito argilosos a utilização de
covas pode provocar acúmulo de água e morte das
raízes por asfixia
1.3 Preparo convencional do solo seguido da
construção de terraços tipo camalhão
O solo é preparado até uma profundidade de 20 a 40cm
Sobre o solo --- camalhões, com 2,0 a 3,0m de largura e 40 a
60cm de altura, sobre os quais são plantadas as mudas
Construção dos camalhões --- trator equipados com arados
reversíveis, locados em nível ou desnível de 0,3 a 0,8%, cuja
distância entre eles pode variar de 5 a 10m, conforme a espécie.
Pode ser utilizado em terrenos de até 20% de declividade.
Permite um bom desenvolvimento radicular da planta
Preparo totalmente mecanizado;
Contribui para o controle da erosão
Auxilia a drenagem em solos planos
Corte de um terraço, mostrando sua localização
Preparo do solo em leiras ou camanhões para o plantio de melão.
1.4 Preparo do solo em faixas
Tem um custo menor na instalação do pomar e permite um
bom controle da erosão do solo.
Não permite a instalação de culturas intercalares no pomar
Sistema de cultivo onde as linhas de plantas são mantidas limpas e as entrelinhas com
cobertura vegetal. Foto: José Carlos Fachinello
Características do uso de
máquinas no pomar
Recomendações para que as máquinas diminuam os riscos de
erosão, adensamento do solo e danos sobre as plantas:
a) Evitar o uso de máquinas pesadas, pois provocam adensamento no solo
e danificam as plantas
b) Evitar o uso contínuo de equipamentos que pulverizam o solo, como as
enxadas rotativas, pois contribuem para aumentar a erosão do solo
c) O trabalho no solo com arados e grades deve ser superficial e realizado
nas épocas adequadas a cada cultura
1.5 Sistemas de cultivo do pomar depois
do plantio das mudas
a) Conservação da umidade e aeração do solo
b) Adição de matéria orgânica e fertilizante
c) Conservação das características físicas do solo
d) Facilitar o trânsito de máquinas e homens no pomar
e) Controle de erosão e plantas daninhas
f) Economicidade e possibilidade de efetuação com mão-deobra e equipamentos disponíveis
a) Pomar em formação
Primeiros anos de vida do pomar --- faixa de solo limpa longo da
linha das plantas
A área entre as filas de plantas --- mantida com cobertura vegetal
nativa ceifada ou com culturas intercalares de porte baixo, tais
como: feijão, soja, amendoim, aveia, trevo, entre outras
b) Pomar em produção
Pomar permanentemente limpo
A área do pomar é mantida livre de vegetação nativa ou invasoras
Desvantagens:
Expõe o solo à erosão
Provoca compactação
Diminui a matéria orgânica
Pomar com cultivo intercalar
O pomar é mantido na entrelinha com um cultivo intercalar
Pode ter um caráter temporário ou permanente
As espécies cultivadas devem ser de porte baixo --leguminosas ou associação com gramíneas --- melhoram as
propriedades físicas e químicas do solo
Limpeza na projeção da copa das plantas --- uso de capinas ou
aplicações de herbicidas
Pomar com cobertura vegetal permanente
O solo todo do pomar --- mantido com uma cobertura vegetal
rasteira, nativa ou cultivada de forma permanente
Vantagens --- melhoria na estrutura do solo, proteção
contra erosão e diminuição da compactação
Desvantagem --- sistema em que a vegetação dentro do
pomar concorre com a planta frutífera por água e nutrientes
Pode ser utilizado em plantas que apresentem um sistema
radicular profundo. Ex.: nogueira-pecan.
Pomar com cobertura morta permanente
Solo --- Mantido com cobertura de restos vegetais, cortados de
espécies forrageiras, palha ou casca de arroz,
serragem, palhade leguminosas, entre outras
Espessura da cobertura --- varia de 10 a 20cm
Sistema ser oneroso e limitado à pequenas áreas
Vantagens da cobertura morta
a) Redução das perdas de água, opondo-se, a sua perda por
evaporação direto
b) Evita que a gota da chuva cause desagregação das partículas
pelo impacto direto
c) Aumenta as taxas de N, S, B e P no solo
d) Contribui para o controle das ervas daninhas
Desvantagens da cobertura morta
a) Em solos mal drenados os problemas de aeração são
acentuados;
b) Em pomares conduzidos com cobertura morta por alguns
anos, o abandono da prática pode trazer sérias
conseqüências, pois o sistema mantém as raízes da planta
na superfície do solo;
c) Favorece o risco de incêndio e ataque de roedores;
d) O custo é significativo, pois necessita-se adicionar matéria
seca anualmente;
e) Não deve ser estabelecida antes de três anos de vida da
planta, pois estimula o desenvolvimento superficial das
raízes da planta.
Preparo do solo para o cultivo de mangueira
Preparo do solo: aração e gradagem
Disposição das plantas: no plano e em
curva de nível.
Separação da camada de terra da superfície (A) da camada
do subsolo (B) e inversão na cova para plantio
Plantio da muda: Remoção do saco plástico; colocação na cova; bacia em
torno da muda e uso de cobertura morta para manutenção de umidade.
2. Irrigação
VÍDEO
IRRIGAÇÃO EM FRUTEIRAS
Microaspersão
Microaspersão
Aspersão
Microaspersão
Gotejamento
Preparo do solo e instalação do sistema de irrigação (gotejamento) em meloeiro.
Fruticultura Geral 2012.1
Unidade V
Poda de frutíferas
Profa Railene Hérica Carlos Rocha
(UFCG/CCTA/UAGRA)
1. Introdução
Poda é a arte de modificar o crescimento natural das plantas
frutíferas, com o objetivo de estabelecer o equilíbrio entre a
vegetação e a frutificação.
Poda --- juntamente com a adubação, irrigação,
controle fitossanitário, material genético, condições
ambientais --- Pomar produtivo
Sucesso da poda --- Fisiologia e Biologia da planta
--- Intensidade
Importância da poda:
Varia com a espécie:
. Decisiva: videira, pessegueiro e figueira
. Relativa: pereira, macieira, caquizeiro
. Pouca importância: citrus, abacateiro e nogueira- pecan
2. Objetivos da poda
a) Modificar o vigor da planta;
b) Manter a planta dentro de limites de volume e forma apropriados;
c) Equilibrar a tendência da planta de produzir maior número de
ramos vegetativos ou produtivos e vice-versa;
d) Facilitar a entrada de ar e luz no interior da planta,com a abertura
da copa;
e) Suprimir ramos supérfluos,doentes e improdutivos;
f) Facilitar a colheita das frutas e os tratos culturais dentro do pomar;
g) Evitar a alternância de safras,de modo a proporcionar anualmente
colheitas médias com regularidade.
3. Fisiologia da poda
a) A seiva se dirige com maior intensidade para as partes altas e
iluminadas da planta;
b) A circulação da seiva é mais intensa em ramos retos e verticais;
c) Quanto mais intensa for a circulação de seiva,maior será o vigor nos
ramos,maior será a vegetação;
d) Cortada uma parte da planta, a seiva fluirá para as partes
remanescentes, aumentando-lhe o vigor vegetativo;
e) Podas curtas (severas) têm a tendência de provocar desenvolvimento
vegetativo, retardando a frutificação;
f) O vigor das gemas depende da sua posição e do seu número nos
ramos,geralmente as gemas terminais são mais vigorosas;
g) O vigor e a fertilidade de uma planta dependem,em grande parte,das
condições climáticas e edáficas;
h) Deve haver um equilíbrio na relação entre copa e sistema radicular.
Este equilíbrio afeta o vigor e a longevidade das plantas.
Hábitos de frutificação das principais espécies frutíferas
a) Plantas que produzem em ramos especializados.
Ex.: macieira e pereira
. Ramos especializados:
Dardos
Lamburda
Bolsa
Brindilas
Botão floral
b) Plantas que produzem em ramos mistos.
Frutificam nos ramos do ano e nos ramos do ano anterior.
Ex.: pessegueiro e ameixeira japonesa.
c) Plantas que produzem em ramos do ano
Frutificação em flores que nascem sobre ramos da brotação
nova.
Ex.: plantas cítricas, caquizeiro, figueira, goiabeira.
4. Tipos de poda
4.1 Poda de formação
Realizada nos primeiros anos de vida da planta --- até o 3º ou 4º ano.
Objetivos:
. Estruturar ramos suficientemente fortes para poder
resistir o peso das colheitas sem romperem-se
. Ramos bem espaçados
. Melhor aproveitamento da radiação solar
Figura. Poda de formação vista de cima: a) pernada; B) braços; C) ramos.
Fonte: Simão (1998).
PODA DE FORMAÇÃO NA
MANGUEIRA
Fig. 1. Poda de formação na mangueira, 1ª poda. Desenho: Embrapa Semi-Árido.
Fig. 2. Poda de formação na mangueira, 2ª poda. Desenho: Embrapa Semi-Árido.
Fig. 3. Mangueira após a 1ª poda de
formação. Foto: Embrapa Semi-Árido
Fig. 4. Mangueira após a 2ª poda de
formação. Foto: Embrapa Semi-Árido.
Fig. 5. Poda de formação na mangueira, 3ª poda. Desenho: Embrapa Semi-Árido.
Fig. 6. Mangueira após a 4ª poda de formação. Foto: Maria Aparecida do Carmo
Mouco.
4.2 Poda de frutificação
Iniciada depois que a copa está formada
Esta poda é mais importante para aquelas
espécies que produzem em ramos novos, ramos do ano.
Ex.: figueira, videira, goiabeira, maracujazeiro
É responsável pela manutenção do equilíbrio entre a parte
vegetativa e a parte produtiva da planta
É bastante variável com a espécie, cultivar, espaçamento,
vigor da planta, estado nutricional e fitossanitário, condições
climáticas
Em algumas espécies é dispensada: mamoeiro, abacaxizeiro,
algumas cultivares de macieira, etc.
 A rápida circulação da seiva favorece o desenvolvimento
vegetativo, enquanto a circulação lenta estimula a produção
de frutos.
 A circulação da seiva será mais intensa quando mais retilíneo for o
ramo.
Circulação mais
intensa.
Circulação
menos
intensa.
Que ramo eliminar?
 Os ramos em posição vertical favorecem maior velocidade de
circulação da seiva em seu interior.
Circulação mais
intensa.
Circulação
menos
intensa.
Que ramo eliminar?
 A seiva dirige-se com maior intensidade para as partes mais altas e
iluminadas da planta.
Circulação
menos
intensa.
Circulação mais
intensa.
Que ramo eliminar?
Os ramos secundários receberão mais seiva ascendente, quando
menor for o seu número num dado ramo primário.
Receberá
mais
seiva.
Receberá
menos
seiva.
4.3 Poda de rejuvenescimento
Objetivos:
Livrar as plantas frutíferas de ramos doentes, atacados por
pragas
Renovar a copa através do corte total da mesma, deixando-se
apenas as ramificações principais,
Reativar a produtividade perdida.
Freqüente em pomares abandonados
Cortam-se as pernadas principais, deixando-se com 40
a 50cm ---- posteriormente ---- seleciona-se os ramos
que irão permanecer, através da poda verde
Poda de rejuvenescimento em goiabeira.
4.4 Poda de limpeza
Poda leve ---- retirada de ramos secos, atacados por doenças,
pragas ou mal localizados
Realizada em frutíferas que requerem pouca poda
Ex.: laranjeiras, jabuticabeiras, mangueiras, entre
outras
5. Sistemas de condução da planta
5.1 Livres
As plantas são sustentadas pelo seu próprio tronco
5.1.1 Vaso, cone invertido ou centro aberto
São deixadas 4 a 6 pernadas que irão servir de base
para os ramos de produção
Os primeiros ramos devem ficar a partir de uma altura de
40cm do solo
Vantagens: Penetração de ar e de luz,
Porte baixo --- facilita tratos culturais: poda,
raleio, colheita e pulverizações.
Sistema de condução na forma de vaso ou centro aberto.
Foto: José Carlos Fachinello
5.1.2 Líder central
Um ramo principal dominante e uma série de ramos laterais
bem espaçados
Proporciona à planta o formato piramidal
Todos os ramos laterais são
conduzidos em posição quase
horizontal e claramente subordinados
ao eixo central
Foto: José Carlos Fachinello
5.1.3 Guia modificado
O guia principal é cortado a 80cm do solo
Ao final do primeiro ano a planta terá um
líder e 3 a 5 pernadas laterais.
No segundo ano, o líder novamente é
despontado, ficando com 60cm e com
ramificações laterais.
Esta operação é realizada até o terceiro
ano.
Muito utilizado em macieira e
pereira.
Foto: José Carlos Fachinello
5.2 Apoiados
As principais formas de condução de plantas apoiadas são a
latada e a espaldeira
Sistema de latada
Sistema de latada, utilizados para a condução da videira.
Foto: Adriano Mazzarolo e Jair Costa Nachtigal
Sistemas de espaldeira
Sistemas de espaldeira
Poda de formação na forma de vaso (A e B) e guia modificado (C).
Fonte: Simão (1998).
6. Época de poda
6.1 Poda seca ou hibernal
Realizada no período de baixa atividade fisiológica da planta
Pessegeuiro: 15 dias antes da floração.
Após o início da floração
Principalmente após a plena floração
6.2 Poda verde
Útil para operações de esladroamento, desponte,desbrota,
desfolha, incisões e anelamentos.
A poda pode ser realizada sobre ramos verdes, herbáceos
ou sobre ramos lenhosos que já produziram.
6.2 Poda de outono
Tem por finalidade reduzir o crescimento da copa
É realizada quando se deseja aumentar o crescimento das
ramificações secundárias e terciárias
7. Intensidade de poda
Depende de:
Idade da planta
Número de pernadas
Vigor
Hábito de vegetação
Distância entre as gemas
Estado nutricional da planta
Classificação quanto a intensidade da poda:
• PODA CURTA – quase total supressão do ramo, permanecendo 1
a 2 gemas;
• PODA LONGA – deixar um ramo com o máximo de comprimento
(40 a 60 cm), permanecendo mais de 5 gemas;
• PODA MÉDIA – intermediária entre as anteriores (3 a
5 gemas);
Uma mesma árvore pode receber os 3 tipos de
poda,dependendo do vigor, sanidade e posição dos ramos.
8. Instrumentos de poda
FERRAMENTAS:
– Tesoura de poda, podão, serrote de podar (reto e
curvo), tesouras para desbaste de frutos, entre outros.
BOA FERRAMENTA:
– Apropriada, limpa, afiada e lubrificada.
Corte ideal:
• Realizado de uma só vez;
• Inclinação de 45 graus aproximadamente, no sentido
oposto ao da gema mais próxima. Evita o acúmulo de
água;
• Cortes de espessura maior que 3,0 cm dever ser
protegidos com pastas cicatrizantes à base de cobre.
Poda na goiabeira
Poda na goiabeira
Poda no maracujazeiro
> Poda de formação
Eliminar, 15 dias após o plantio, as brotações
laterais deixando o ramo mais vigoroso. Quando a
planta ultrapassar o arame, cerca de 10 cm,
eliminar o broto terminal para estimular as
brotações laterais
Podar os ramos laterais quando
atingirem 1,5 a 2 m, ou quando
tocarem as guias das plantas
vizinhas, para estimular novas
brotações que formarão a cortina;
> Poda de limpeza
40 cm
Podar os ramos que formam
a cortina a 40 cm do fio após
a primeira safra, pois o maracujá
só frutifica nos ramos novos.
A poda de limpeza deixa
os ramos produtivos livres,
eliminando os ramos secos e
doentes;
Mangueira
Mangueira
9. Raleio
Intensidade de raleio em macieiras deixando-se uma fruta em cada botão
floral. Foto: José Carlos Fachinello
Raleio de frutas em ramos de pessegueiro levando-se em
consideração a distância entre as frutas. Foto: José Carlos Fachinello
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