Fruticultura Geral Unidade III Planejamento e instalação de pomares de frutíferas Profa Railene Hérica Carlos Rocha (UFCG/CCTA/UAGRA) 1. Introdução 1.1 Requisitos básicos O que plantar? Qual será o mercado existente ou potencial? Onde plantar? Em quanto tempo teremos o retorno do investimento? FRUTICULTURA NEGÓCIO O sucesso no cultivo de espécies frutíferas está condicionado à: Condições adequadas de clima e solo; Plantio de espécies adaptadas; Uso de técnicas apropriadas para o manejo do solo e da planta; Recursos humanos e financeiros; Condições de transporte e armazenamento; Existência de mercado para o consumo “in natura ” ou de indústria. 1.2. Custo de implantação Valor da terra e seu preparo Mudas Insumos, Equipamentos, Infra-estrutura Mão-de-obra, Outros Viabilidade técnica e econômica Cultura Período Improdutivo Cultivar Espaçamento Região Ano 1 (US$/ha) Período Produtivo (Ano 3 ou mais) Ano 2 Produtividade Valor/kg FOB (US$/ha) Média (US$) (kg/ha/ano) Ameixeira Rubi 1, Rubi 2, Gema de Ouro 5,5 x 3,5m Paranapanema/SP 4.802,79 3.535,15 14.333 0,31 Goiabeira Paluma 6,5 x 4,0m Taquaritinga/ 1.979,53 SP Paranapa4.508,84 nema/SP 1.254,88 37.500 0,08 3.480,93 16.875 0,30 5,0 x 2,0m Pelotas/RS 3.273,02 1.325,58 11.964 0,25 4,0 x 1,0m Vacaria/RS 11.501,86 2.364,65 42.110 0,12 Pessegueiro Aurora, Flor da Prince, Douradão Pessegueiro Precocinho, Maciel, Granad a, Jade, Esmeralda, Cerrito Macieira Gala e Fuji 5,0 x 4,0m Mangueira Cultivares para mesa Mangueira Cultivares para mesa Videira Niágara Rosada 11,0 x 9,0m Noroeste de SP 7,0 x 4,5m Petrolina/PE 2.086,98 676,28 9.700 0,22 2.734,88 1.552,09 25.000 0,15 2,5 x 2,0m Jales/SP 26.619,07 8.000,47 28.000 0,34 3,5 x 2,5m Petrolina/PE 18.892,56 11.723,72 40.000 0,38 Videira Itália Fonte: INSTITUTO FNP (2007). 2. Local para o cultivo de frutíferas 2.1 Condições climáticas Temperatura Chuvas: Cuidados: > 1500mm/ano Zonas frutíferas: <500mm/ano --- irrigação Umidade relativa Ventos Disseminação de doenças: Bacteriose –rosáceas, ferrugem – goiabeira, antracnose – videira. Quebra dos ramos, quebra de mudas, queda de flohas, flores e frutos Quebra-Ventos 2.2 Solos Topografia Inclinação do terreno < 20 % --- Escoamento de água --- Erosão --- Solos superficiais Plantio em curva de nível Manter o solo coberto por vegetação Roçadeira nas entrelinhas e capina apenas em coroa ao redor das plantas Cultivo de café em terreno declivoso. Cajati (SP), Fazenda Koga. Aspecto da monocultura de banana em área de relevo forte ondulado a montanhoso, com encostas retilíneas , em área de definição do Maciço básico-alcalino. São grandes extensões de terra cultivadas, onde a mata original foi completamente devastada. Município de Cajati (SP), O solo é profundo, argiloso, de cor vermelho-escuro, rico em máficos (magnetita), e com erosão em ravinas. 2.2 Solos Terrenos com topografia mais plana Pomares com maior uniformidade Facilidade quanto ao emprego de máquinas Terrenos mais ricos em elementos químicos Possuem excesso de água nos períodos de chuva . Drenagem superficial . Drenagem a uma profundidade de 1 metro e valetas com espaço de 10 a 15 metros 2.2 Solos Cuidados com o solo Profundos e bem drenados Evitar o plantio em áreas que antes foram cultivadas com frutíferas Realizar rotação de culturas com plantas anuais Depois de 3 anos voltar a plantar espécies frutíferas (preferencialmente: escolher uma espécie botânica diferente da anterior) Cuidados no preparo do solo: pedras e tocos de plantas Problemas de replantio de frutíferas . Crescimento deficiente --- Indisposição do solo --- Doença --- Alelopatia Sintomas: . Pequeno sistema aéreo . Sistema radicular fraco: Raízes descoloridas Poucas ramificações laterais Poucos pêlos absorventes. Comum em : macieiras, cerejeiras, pessegueiros e plantas cítricas Doenças no solo de replantio: . Cerejas e ameixeiras: Thielaviopsis basicola . Macieira: Pythium sylvaticum e outros sete Pythium spp Alelopatia: As raízes das plantas da mesma espécie liberam substâncias que inibem o desenvolvimento normal da espécie no mesmo local . Pessegueiros liberam prunasina . Ameixeiras liberam amigdalina . Nogueira liberam o jiglone. 2.3 Água Com qualidade e em quantidade para: . Irrigações . Tratamentos fitossanitários, . Consumo humano, . Outros. 2.4 Mão de obra . Qualificada . É necessário; 1 – 3 homens/ha --- Operações Manuais . Mão de obra complementar: Poda , raleio, colheita Dados pluviométricos (1911 – 2008). Fazenda Santa Terezinha, Pb. 2.5 Transporte . Estradas:qualidade e acesso . Veículos e embalagens adequadas . Cuidados para evitar danos: desde o momento da colheita 2.6 Mercado . Informações sobre demandas regionais, estaduais, nacionais e internacionais . Épocas de melhores preços . Mercado in natura . Indústria Calendário de Produção. Calendário de Produção. PRODUTOS DA FAZENDA TAMANDUÁ NA PARAÍBA E EM PERNAMBUCO 3. Seleção das espécies a serem plantadas 3.1 Valor cultural Resistência das plantas à pragas, doenças, produtividade, vigor, precocidade e resistência ao transporte 3.2 Valor comercial Preferência do mercado: tamanho, cor, aspecto da fruta Classificação para o maracujá 3.3 Época de colheita . Escalonamento de produção Cultivares precoces, medianas e tardias. Ex.: Cultivares de pêssego 3.4 Preparo do solo para o plantio Terras de matas a) Destoca; b) Subsolagem; c) Retirada de raízes e de pedras; d) Incorporação de corretivos até 40cm de profundidade; e) Adubação de base e gradagem; f) Cultivo de uma gramínea anual por um período de 1 a 2 anos antes do plantio da espécie frutífera. Preparação do solo para o plantio. Condição ideal. Terras trabalhadas a) Subsolagem para remover a camadas compactadas; b) Aração profunda e incorporação de corretivos até 40cm de profundidade; c) Adubação de fundação e gradação. 3.5 Correção do solo a) Profundidade de coleta: 0- 20 cm e 20 a 40 cm b) Incorporação: até 40 cm de profundidade ao redor das covas c) Frequência de análise: a cada 5 anos 3.6 Aquisição de mudas a) Escolher um viveirista idôneo; b) Encomendar as mudas com um ano de antecedência; c) Comprar mudas dentro de padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e; d) Escolher os porta-enxertos adaptados à região e que sejam compatíveis com cultivar desejada. 3.7 Sistema de alinhamento e marcação do pomar a) Topografia; b) Densidade de plantio; c) Tipo de mecanização; d) Porte do porta-enxerto e cultivar-copa;e e) Necessidade de aproveitamento da área disponível. 3.8 Formas geométricas Retângulo Melhor aproveitamento das adubações Torna viável o cultivo intercalar de plantas anuais nos primeiros anos de implantação do pomar Quadrado Mantém a mesma distância entre as plantas e entre as filas Permite o tráfego de máquinas e equipamentos em dois sentidos, Diminui a área útil do terreno dificulta os tratos culturais mecanizados ---- aproxima as linhas das plantas. Este sistema é pouco emprego em pomares comerciais. Triângulo Também é pouco empregada: Permite uma eqüidistância entre as plantas Permite o trânsito em três sentidos Utiliza o terreno de maneira uniforme Permite um aumento de aproximadamente 15% no número de plantas por área,em relação ao sistema quadrado. Quincôncio Esquema de sobreposição de dois sistemas quadrados. Pode ser aplicada na implantação de pomares em que se consorcia duas espécies frutíferas. Atividade Considere as espécies abaixo e os seus respectivos espaçamentos. Determine o cálculo do número de plantas para a implantação de 1ha, faça o cálculo para todas as formas geométrica apresentadas em aula e indique qual delas você recomendaria para cada cultura abaixo, justificando a sua resposta. Goiabeira Paluma Mangueira Cultivares para mesa Videira Pessegueiro 6,5 x 4,0m 7,0 x 4,5m Itália 3,5 x 2,5m Aurora, Flor da Prince, Douradão 5,0 x 4,0m 3.9 Plantio Época Espaçamento Densidade do pomar Vantagens da baixa densidade de implantação a) Menor custo de implantação por unidade de área; b) Maior longevidade do pomar; c) Melhores condições de luminosidade e arejamento;e d) Condução da planta mais livre,o que proporciona menor necessidade de mão-de- obra. Vantagens da alta densidade de implantação a) Melhor aproveitamento do solo,fertilizações e mão-de-obra; b) Maior produção por unidade de área; c) Maior facilidade do manejo das plantas por apresentarem porte mais reduzido; d) Maior precocidade,devido ao menor período improdutivo; e) Sombreamento diminui a ocorrência de plantas invasoras; f) Torna viável o uso de terrenos excepcionais que tenham necessidade de tratos culturais de alto custo,como irrigação,controle de granizo,etc. (A) Figura. Pomares implantados em alta (A) e baixa densidade (B). Fotos: José Carlos Fachinello (B) Abertura das covas e plantio das mudas > Covas --- tamanho suficiente para acomodar todo sistema radicular, evitando-se o dobramento das raízes Adubação realizada na cova --- 60 dias antes do plantio > Deve-se eliminar as bolsas de ar, através de uma leve compactação do solo, e irrigação abundante logo após o plantio. Cuidados pós-plantio > Tutoramento das mudas > Irrigação permanente > Eliminar os ramos ladrões, principalmente os originados do porta-enxerto > Condução de planta --- conforme o desejado Ao iniciar as brotações --- Controle de formigas, Plantas daninhas Alguns roedores que poderão causar danos na casca das mudas Normalmente, a percentagem de reposição das mudas é da ordem de 5%. Este percentual deve ser adquirido com antecedência para reposição. Fig. 1. Vista de um pomar de mangueiras, espaçamento 8 x 5 m, da cultivar Tommy Atkins Petrolina. Embrapa Semi-Árido. Fig. 2. Detalhe de uma muda, com 18 meses do plantio, da cultivar Tommy Atkins. Fazenda Upa Agrícola. Petrolina, PE 2002. Embrapa Semi-Árido. Fruticultura Geral 2012.1 18/04 Unidade IV Manejo do solo e irrigação em frutíferas Profa Railene Hérica Carlos Rocha (UFCG/CCTA/UAGRA) 1. MANEJO DO SOLO Varia de acordo com: Tipo de solo Declividade do terreno, Condições climáticas, Recursos do fruticultor, Espécie cultivada, Condução da planta Área do pomar. Em terrenos pedregosos ou muito acidentados o preparo normalmente é feito em covas. 1.1 Preparo do solo com subsolagem e aração profunda Subsolagem: profundidade de 40 a 50cm no solo Permite colocar os nutrientes em maiores profundidades e a disposição das raízes das plantas Melhora a aeração do solo, e a infiltração de água Rompe as camadas adensadas existentes no solo, facilitando a penetração e o desenvolvimento do sistema radicular das plantas O calcário e os demais corretivos podem ser aplicados em duas etapas: --- Metade da quantidade antes da subsolagem e a outra --- Metade antes da aração Os corretivos são aplicados em toda a área e, por ocasião do plantio, faz-se abertura de pequenas covas, com tamanho suficiente para acomodar o sistema radicular da planta, não havendo necessidade de adubação nas covas. 1.2 Preparo convencional do solo seguido ou não de abertura de covas O solo é preparado e corrigido até uma profundidade de 20 a 25cm, Abertura das covas de 60 x 60 x 60 ou 80 x 80 x 80cm Os fertilizantes são utilizados de acordo com o volume do solo e os resultados da análise do mesmo Em solos mal drenados ou muito argilosos a utilização de covas pode provocar acúmulo de água e morte das raízes por asfixia 1.3 Preparo convencional do solo seguido da construção de terraços tipo camalhão O solo é preparado até uma profundidade de 20 a 40cm Sobre o solo --- camalhões, com 2,0 a 3,0m de largura e 40 a 60cm de altura, sobre os quais são plantadas as mudas Construção dos camalhões --- trator equipados com arados reversíveis, locados em nível ou desnível de 0,3 a 0,8%, cuja distância entre eles pode variar de 5 a 10m, conforme a espécie. Pode ser utilizado em terrenos de até 20% de declividade. Permite um bom desenvolvimento radicular da planta Preparo totalmente mecanizado; Contribui para o controle da erosão Auxilia a drenagem em solos planos Corte de um terraço, mostrando sua localização Preparo do solo em leiras ou camanhões para o plantio de melão. 1.4 Preparo do solo em faixas Tem um custo menor na instalação do pomar e permite um bom controle da erosão do solo. Não permite a instalação de culturas intercalares no pomar Sistema de cultivo onde as linhas de plantas são mantidas limpas e as entrelinhas com cobertura vegetal. Foto: José Carlos Fachinello Características do uso de máquinas no pomar Recomendações para que as máquinas diminuam os riscos de erosão, adensamento do solo e danos sobre as plantas: a) Evitar o uso de máquinas pesadas, pois provocam adensamento no solo e danificam as plantas b) Evitar o uso contínuo de equipamentos que pulverizam o solo, como as enxadas rotativas, pois contribuem para aumentar a erosão do solo c) O trabalho no solo com arados e grades deve ser superficial e realizado nas épocas adequadas a cada cultura 1.5 Sistemas de cultivo do pomar depois do plantio das mudas a) Conservação da umidade e aeração do solo b) Adição de matéria orgânica e fertilizante c) Conservação das características físicas do solo d) Facilitar o trânsito de máquinas e homens no pomar e) Controle de erosão e plantas daninhas f) Economicidade e possibilidade de efetuação com mão-deobra e equipamentos disponíveis a) Pomar em formação Primeiros anos de vida do pomar --- faixa de solo limpa longo da linha das plantas A área entre as filas de plantas --- mantida com cobertura vegetal nativa ceifada ou com culturas intercalares de porte baixo, tais como: feijão, soja, amendoim, aveia, trevo, entre outras b) Pomar em produção Pomar permanentemente limpo A área do pomar é mantida livre de vegetação nativa ou invasoras Desvantagens: Expõe o solo à erosão Provoca compactação Diminui a matéria orgânica Pomar com cultivo intercalar O pomar é mantido na entrelinha com um cultivo intercalar Pode ter um caráter temporário ou permanente As espécies cultivadas devem ser de porte baixo --leguminosas ou associação com gramíneas --- melhoram as propriedades físicas e químicas do solo Limpeza na projeção da copa das plantas --- uso de capinas ou aplicações de herbicidas Pomar com cobertura vegetal permanente O solo todo do pomar --- mantido com uma cobertura vegetal rasteira, nativa ou cultivada de forma permanente Vantagens --- melhoria na estrutura do solo, proteção contra erosão e diminuição da compactação Desvantagem --- sistema em que a vegetação dentro do pomar concorre com a planta frutífera por água e nutrientes Pode ser utilizado em plantas que apresentem um sistema radicular profundo. Ex.: nogueira-pecan. Pomar com cobertura morta permanente Solo --- Mantido com cobertura de restos vegetais, cortados de espécies forrageiras, palha ou casca de arroz, serragem, palhade leguminosas, entre outras Espessura da cobertura --- varia de 10 a 20cm Sistema ser oneroso e limitado à pequenas áreas Vantagens da cobertura morta a) Redução das perdas de água, opondo-se, a sua perda por evaporação direto b) Evita que a gota da chuva cause desagregação das partículas pelo impacto direto c) Aumenta as taxas de N, S, B e P no solo d) Contribui para o controle das ervas daninhas Desvantagens da cobertura morta a) Em solos mal drenados os problemas de aeração são acentuados; b) Em pomares conduzidos com cobertura morta por alguns anos, o abandono da prática pode trazer sérias conseqüências, pois o sistema mantém as raízes da planta na superfície do solo; c) Favorece o risco de incêndio e ataque de roedores; d) O custo é significativo, pois necessita-se adicionar matéria seca anualmente; e) Não deve ser estabelecida antes de três anos de vida da planta, pois estimula o desenvolvimento superficial das raízes da planta. Preparo do solo para o cultivo de mangueira Preparo do solo: aração e gradagem Disposição das plantas: no plano e em curva de nível. Separação da camada de terra da superfície (A) da camada do subsolo (B) e inversão na cova para plantio Plantio da muda: Remoção do saco plástico; colocação na cova; bacia em torno da muda e uso de cobertura morta para manutenção de umidade. 2. Irrigação VÍDEO IRRIGAÇÃO EM FRUTEIRAS Microaspersão Microaspersão Aspersão Microaspersão Gotejamento Preparo do solo e instalação do sistema de irrigação (gotejamento) em meloeiro. Fruticultura Geral 2012.1 Unidade V Poda de frutíferas Profa Railene Hérica Carlos Rocha (UFCG/CCTA/UAGRA) 1. Introdução Poda é a arte de modificar o crescimento natural das plantas frutíferas, com o objetivo de estabelecer o equilíbrio entre a vegetação e a frutificação. Poda --- juntamente com a adubação, irrigação, controle fitossanitário, material genético, condições ambientais --- Pomar produtivo Sucesso da poda --- Fisiologia e Biologia da planta --- Intensidade Importância da poda: Varia com a espécie: . Decisiva: videira, pessegueiro e figueira . Relativa: pereira, macieira, caquizeiro . Pouca importância: citrus, abacateiro e nogueira- pecan 2. Objetivos da poda a) Modificar o vigor da planta; b) Manter a planta dentro de limites de volume e forma apropriados; c) Equilibrar a tendência da planta de produzir maior número de ramos vegetativos ou produtivos e vice-versa; d) Facilitar a entrada de ar e luz no interior da planta,com a abertura da copa; e) Suprimir ramos supérfluos,doentes e improdutivos; f) Facilitar a colheita das frutas e os tratos culturais dentro do pomar; g) Evitar a alternância de safras,de modo a proporcionar anualmente colheitas médias com regularidade. 3. Fisiologia da poda a) A seiva se dirige com maior intensidade para as partes altas e iluminadas da planta; b) A circulação da seiva é mais intensa em ramos retos e verticais; c) Quanto mais intensa for a circulação de seiva,maior será o vigor nos ramos,maior será a vegetação; d) Cortada uma parte da planta, a seiva fluirá para as partes remanescentes, aumentando-lhe o vigor vegetativo; e) Podas curtas (severas) têm a tendência de provocar desenvolvimento vegetativo, retardando a frutificação; f) O vigor das gemas depende da sua posição e do seu número nos ramos,geralmente as gemas terminais são mais vigorosas; g) O vigor e a fertilidade de uma planta dependem,em grande parte,das condições climáticas e edáficas; h) Deve haver um equilíbrio na relação entre copa e sistema radicular. Este equilíbrio afeta o vigor e a longevidade das plantas. Hábitos de frutificação das principais espécies frutíferas a) Plantas que produzem em ramos especializados. Ex.: macieira e pereira . Ramos especializados: Dardos Lamburda Bolsa Brindilas Botão floral b) Plantas que produzem em ramos mistos. Frutificam nos ramos do ano e nos ramos do ano anterior. Ex.: pessegueiro e ameixeira japonesa. c) Plantas que produzem em ramos do ano Frutificação em flores que nascem sobre ramos da brotação nova. Ex.: plantas cítricas, caquizeiro, figueira, goiabeira. 4. Tipos de poda 4.1 Poda de formação Realizada nos primeiros anos de vida da planta --- até o 3º ou 4º ano. Objetivos: . Estruturar ramos suficientemente fortes para poder resistir o peso das colheitas sem romperem-se . Ramos bem espaçados . Melhor aproveitamento da radiação solar Figura. Poda de formação vista de cima: a) pernada; B) braços; C) ramos. Fonte: Simão (1998). PODA DE FORMAÇÃO NA MANGUEIRA Fig. 1. Poda de formação na mangueira, 1ª poda. Desenho: Embrapa Semi-Árido. Fig. 2. Poda de formação na mangueira, 2ª poda. Desenho: Embrapa Semi-Árido. Fig. 3. Mangueira após a 1ª poda de formação. Foto: Embrapa Semi-Árido Fig. 4. Mangueira após a 2ª poda de formação. Foto: Embrapa Semi-Árido. Fig. 5. Poda de formação na mangueira, 3ª poda. Desenho: Embrapa Semi-Árido. Fig. 6. Mangueira após a 4ª poda de formação. Foto: Maria Aparecida do Carmo Mouco. 4.2 Poda de frutificação Iniciada depois que a copa está formada Esta poda é mais importante para aquelas espécies que produzem em ramos novos, ramos do ano. Ex.: figueira, videira, goiabeira, maracujazeiro É responsável pela manutenção do equilíbrio entre a parte vegetativa e a parte produtiva da planta É bastante variável com a espécie, cultivar, espaçamento, vigor da planta, estado nutricional e fitossanitário, condições climáticas Em algumas espécies é dispensada: mamoeiro, abacaxizeiro, algumas cultivares de macieira, etc. A rápida circulação da seiva favorece o desenvolvimento vegetativo, enquanto a circulação lenta estimula a produção de frutos. A circulação da seiva será mais intensa quando mais retilíneo for o ramo. Circulação mais intensa. Circulação menos intensa. Que ramo eliminar? Os ramos em posição vertical favorecem maior velocidade de circulação da seiva em seu interior. Circulação mais intensa. Circulação menos intensa. Que ramo eliminar? A seiva dirige-se com maior intensidade para as partes mais altas e iluminadas da planta. Circulação menos intensa. Circulação mais intensa. Que ramo eliminar? Os ramos secundários receberão mais seiva ascendente, quando menor for o seu número num dado ramo primário. Receberá mais seiva. Receberá menos seiva. 4.3 Poda de rejuvenescimento Objetivos: Livrar as plantas frutíferas de ramos doentes, atacados por pragas Renovar a copa através do corte total da mesma, deixando-se apenas as ramificações principais, Reativar a produtividade perdida. Freqüente em pomares abandonados Cortam-se as pernadas principais, deixando-se com 40 a 50cm ---- posteriormente ---- seleciona-se os ramos que irão permanecer, através da poda verde Poda de rejuvenescimento em goiabeira. 4.4 Poda de limpeza Poda leve ---- retirada de ramos secos, atacados por doenças, pragas ou mal localizados Realizada em frutíferas que requerem pouca poda Ex.: laranjeiras, jabuticabeiras, mangueiras, entre outras 5. Sistemas de condução da planta 5.1 Livres As plantas são sustentadas pelo seu próprio tronco 5.1.1 Vaso, cone invertido ou centro aberto São deixadas 4 a 6 pernadas que irão servir de base para os ramos de produção Os primeiros ramos devem ficar a partir de uma altura de 40cm do solo Vantagens: Penetração de ar e de luz, Porte baixo --- facilita tratos culturais: poda, raleio, colheita e pulverizações. Sistema de condução na forma de vaso ou centro aberto. Foto: José Carlos Fachinello 5.1.2 Líder central Um ramo principal dominante e uma série de ramos laterais bem espaçados Proporciona à planta o formato piramidal Todos os ramos laterais são conduzidos em posição quase horizontal e claramente subordinados ao eixo central Foto: José Carlos Fachinello 5.1.3 Guia modificado O guia principal é cortado a 80cm do solo Ao final do primeiro ano a planta terá um líder e 3 a 5 pernadas laterais. No segundo ano, o líder novamente é despontado, ficando com 60cm e com ramificações laterais. Esta operação é realizada até o terceiro ano. Muito utilizado em macieira e pereira. Foto: José Carlos Fachinello 5.2 Apoiados As principais formas de condução de plantas apoiadas são a latada e a espaldeira Sistema de latada Sistema de latada, utilizados para a condução da videira. Foto: Adriano Mazzarolo e Jair Costa Nachtigal Sistemas de espaldeira Sistemas de espaldeira Poda de formação na forma de vaso (A e B) e guia modificado (C). Fonte: Simão (1998). 6. Época de poda 6.1 Poda seca ou hibernal Realizada no período de baixa atividade fisiológica da planta Pessegeuiro: 15 dias antes da floração. Após o início da floração Principalmente após a plena floração 6.2 Poda verde Útil para operações de esladroamento, desponte,desbrota, desfolha, incisões e anelamentos. A poda pode ser realizada sobre ramos verdes, herbáceos ou sobre ramos lenhosos que já produziram. 6.2 Poda de outono Tem por finalidade reduzir o crescimento da copa É realizada quando se deseja aumentar o crescimento das ramificações secundárias e terciárias 7. Intensidade de poda Depende de: Idade da planta Número de pernadas Vigor Hábito de vegetação Distância entre as gemas Estado nutricional da planta Classificação quanto a intensidade da poda: • PODA CURTA – quase total supressão do ramo, permanecendo 1 a 2 gemas; • PODA LONGA – deixar um ramo com o máximo de comprimento (40 a 60 cm), permanecendo mais de 5 gemas; • PODA MÉDIA – intermediária entre as anteriores (3 a 5 gemas); Uma mesma árvore pode receber os 3 tipos de poda,dependendo do vigor, sanidade e posição dos ramos. 8. Instrumentos de poda FERRAMENTAS: – Tesoura de poda, podão, serrote de podar (reto e curvo), tesouras para desbaste de frutos, entre outros. BOA FERRAMENTA: – Apropriada, limpa, afiada e lubrificada. Corte ideal: • Realizado de uma só vez; • Inclinação de 45 graus aproximadamente, no sentido oposto ao da gema mais próxima. Evita o acúmulo de água; • Cortes de espessura maior que 3,0 cm dever ser protegidos com pastas cicatrizantes à base de cobre. Poda na goiabeira Poda na goiabeira Poda no maracujazeiro > Poda de formação Eliminar, 15 dias após o plantio, as brotações laterais deixando o ramo mais vigoroso. Quando a planta ultrapassar o arame, cerca de 10 cm, eliminar o broto terminal para estimular as brotações laterais Podar os ramos laterais quando atingirem 1,5 a 2 m, ou quando tocarem as guias das plantas vizinhas, para estimular novas brotações que formarão a cortina; > Poda de limpeza 40 cm Podar os ramos que formam a cortina a 40 cm do fio após a primeira safra, pois o maracujá só frutifica nos ramos novos. A poda de limpeza deixa os ramos produtivos livres, eliminando os ramos secos e doentes; Mangueira Mangueira 9. Raleio Intensidade de raleio em macieiras deixando-se uma fruta em cada botão floral. Foto: José Carlos Fachinello Raleio de frutas em ramos de pessegueiro levando-se em consideração a distância entre as frutas. Foto: José Carlos Fachinello