O Futuro da Medicina Laboratorial no Brasil Adagmar Andriolo [email protected] Encontro Nacional Unimed de Recursos e Serviços Próprios e Jornada Nacional de Enfermagem – 2009 7 a 9 de maio de 2009 – São Paulo Serviços diagnósticos no Brasil q Serviços de Análises Clínicas: 14.000 q q q q Públicos - 4.500 Privados - 9.500 Análises clínicas é um dos serviços de maior oferta (junto com ultra-sonografia) Serviços de Anatomia Patológica: 4.600 q q Público - 1.000 Privado - 3.600 http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/ Medicina Laboratorial, especialidade Especialidade médica q Funções: q q Reduzir as incertezas do profissional de saúde q Fornecer dados objetivos sobre o estado de saúde q Avaliar o risco potencial de doença q Monitorar aderência ao tratamento q Monitorar a eficiência do tratamento Medicina Laboratorial, especialidade q Desafios q Pouco conhecida entre as demais especialidades q Pouco conhecida do público em geral q Especialidades “afins” com área de atuação semelhante q Impor-se como especialidade médica q Mercado altamente competitivo q Distanciamento do usuário final q Dicotomia usuário - pagador Medicina Laboratorial, especialidade q Características < 0,3% dos médicos optam por esta especialidade q Quase 100% dos médicos utilizam recursos laboratoriais na prática diária q A sede natural é o Laboratório Clínico q Medicina Laboratorial, sede natural q O laboratório clínico consome menos de 5% dos custos totais do atendimento à saúde q influencia de 60 a 70% das decisões críticas q Admissão q Diagnóstico q Prognóstico q Tipo de terapia q Aderência e resposta ao tratamento q Alta q Forsman, F.R.: Why is the laboratory an afterthought for managed care organizations? Clin Chem 42:813-816, 1996 Medicina Laboratorial, sede natural q Adicionalmente, o laboratório contribui para Definição de estado de saúde q Determinação de fatores de risco q q Recursos disponíveis q Equipamentos – (hardware e software) q Equipamentos analíticos específicos q Microcomputador q Telefone Pessoal habilitado (multiprofissional) q Testes in vivo q Testes laboratoriais remotos q Medicina Laboratorial, empresa q q Alto custo de instalação e manutenção Inter-relações com: q q q q q q q q Pacientes Pagadores de serviços de saúde Fornecedores Governo Sindicatos Comunidades Outros laboratórios Mídia Medicina Laboratorial, empresa q Desafios Responsabilidades trabalhistas q Contingências tributárias q Pressões de pagadores q Distanciamento do usuário final (médico) q Mercado em movimento (com fusão e confusão) q Características do usuário Expectativa de vida no Brasil em 1950, a expectativa de vida era de 43 anos em 2006, era de 68 anos em 2025, estima-se que seja de 84 anos em 2025, estima-se 34 milhões de pessoas com mais de 60 anos e 4,5 milhões com mais de 80 anos q em 2008, estimou-se cerca de 35 mil pessoas com mais de 100 anos q q q q Características do usuário Maiores exigências quanto q q q q q Acessibilidade às informações Disponibilidade do serviço Satisfação no atendimento Qualidade do resultado Preço e valor agregado Valor agregado Valor se refere à relação: CUSTO/BENEFÍCIO q Valor real é aquilo que é percebido pelo usuário q Cabe ao Patologista demonstrar o valor da sua atividade no contexto do sistema de saúde. q Ao solicitar um exame, o usuário médico não quer um resultado, quer um diagnóstico q Características do mercado q q q q q q q q q q Roche Merck Abbott Beckman Bayer Coulter Behring Boeringer-Manheim Chiron Sysmex q q q q q q q q q q Dade Abx Kodak Johnson & Johnson Ciba Corning Siemens Diagnostics Products Co. Bio-Rad bioMerrieux Olympus Características do mercado – movimentação dos últimos 5 anos n n n n n n n n n n Johnson & Johnson compra Kodak Bayer compra Merck Dade compra Behring – Dade-Behring Beckman compra Coulter – Beckman-Coulter Boeringer-Manheim se associa à Hitachi Roche compra Boeringer-Manheim Abbott se associa à Toshiba – Aeroset Bayer compra Chiron Roche se associa à Sysmex Siemens compra DPC, Bayer e Dade-Behring Características do mercado As 10 maiores companhias controlam 75% do mercado fornecedor Roche Siemens Abbott J&J Beckman-Coulter Becton-Dickinson bioMerrieux Bayer Diabetes Sysmex Bio-Rad Outros 20 % 12 % 12 % 44 % 31 % 25% Medicina Laboratorial, profissional q Foco de atuação: q Assessoria médica, objetivando: q q q q Racionalizar o uso do laboratório Atualizar o médico solicitante Auxiliar na condução do caso Apoiar o paciente e familiares q Desafios q q q Restrições econômicas Dificuldades em atualização técnico-científica Necessidade de novos conhecimentos q q q Gerenciais Informática Legais A função do Patologista Clínico q The function of clinical pathologist is to bridge the gap between the investigative scientist and the medical profession. The clinical pathologist alone knows how wide and fundamental this gap frequently is. Kibrik, A.C. and Appleton, H. Editorial Clin Chem 1(1) May 1949 Desafios - comunicação q Comunicação é um instrumento para reduzir as incertezas sobre os fatos q q q q Oral Escrita Eletrônica Ela proporciona q q q Troca de dados Globalização da informação Igualdade potencial dos conhecimentos Evolução das questões de saúde q Principais doenças q Século passado Pneumonia q Tuberculose q Diarréia q q Atualmente Doença cardiovascular q Doenças metabólicas q Neoplasias q Evolução dos recursos diagnósticos Observação do paciente, secreções e excreções Palpação do pulso Ausculta cardíaca Ausculta pulmonar Exames sumários dos humores Exames mais específicos dos tecidos Exames muito especializados dos humores e tecidos q Testes funcionais – in vivo q Testes genéticos q q q q q q q Mudanças na assistência à saúde Atual No futuro próximo Curar a doença ü Manter a saúde ü Foco na doença individual ü Foco na saúde comunitária ü Pouca informação sobre ü Ação baseada em eficiência das ações evidências objetivas ü Pagamento por ação ü Contratos globais ü Medição de despesas ü Administração dos custos ü Garantia de qualidade ü Melhoria contínua ü Mudanças no Laboratório Clínico No futuro próximo Atual Atuação no indivíduo q Ação nos laboratórios centrais q Automação q “Super”especialistas q Testes fenotípicos q Fornecedores e empresas independentes q Atuação na comunidade q Testes laboratoriais remotos q Robotização q Ação integrada q Testes genotípicos q Fornecedores e empresas consolidadas q Mudanças - espectrofotômetros q No começo da década de 1930, os laboratórios clínicos passam a utilizar um equipamento revolucionário, denominado fotoeletrômetro, hoje conhecido por espectrofotômetro. Mudanças - espectrofotômetros Mudanças - automação q Em 1957, surgiu o analisador bioquímico automatizado, denominado AutoAnalyzer. Este equipamento ficou conhecido como SMA – Sequential Multiple Analyser. Análise sequêncial q Na década de 70, a análise seqüencial evoluiu para os analisadores discretos. Amostras são tratadas individualmente com quase ausência de contato entre elas. Os primeiros aparelhos eram monótonos, realizando a análise de um parâmetro bioquímico por vez. q Na década de 80, apareceram os analisadores controlados por computador, permitindo a realização randômica de testes. q Atualmente, existem as grandes estações de trabalho. Mudanças - automação Mudanças - automação Mudanças - automação Mudanças – examinando a urina Mudanças – examinando a urina Teste laboratorial remoto Point-of-care testing = teste rápido, teste à beira do leito, teste ao lado do paciente, teste laboratorial remoto q Definição q É o teste laboratorial realizado muito próximo ao local onde o paciente está q Teste realizado onde o cuidado está sendo prestado q q Características principais q q q q Resultados mais rápidos (pressão constante) Inúmeras máquinas (analisadores) Inúmeros operadores Pode ser usado como teste de triagem ou definitivo Teste laboratorial remoto Realidade nos Estados Unidos da América do Norte q 25% dos testes diagnósticos nos EUA já são realizados fora do laboratório central q Crescimento projetado de 12 % ao ano 50% do mercado diagnóstico em 2007 q 1998: US$ 5 bilhões no mercado mundial q Teste laboratorial remoto q q q q Glicemia: glicosímetros Urinálise: fitas reagentes de urina Sangue oculto nas fezes Bioquímica de sangue básica q q Hematologia q q Hematócrito e hemoglobina, alguns testes de coagulação Imunoensaios q q q q Eletrólitos, gasometria, uréia, creatinina, colesterol, etc. Gravidez, marcadores cardíacos, marcadores tumorais Virologia Microbiologia Triagem de drogas Testes in vivo Monitorização Contínua de Glicose: CGMS q Oferece 288 medições de glicose durante 24 horas. Testes in vivo A glicose do fluido intersticial (G2) apresenta boa correlação com a glicemia plasmática (R= ~ 0,85) q As mudanças de valores de glicose no sangue (G1) são “espelhadas” no fluido intersticial após 10 min. q Aplicação: hipoglicemias DM1. Hipoglicemia noturna assintomática Reavaliação 2 meses após ajuste terapêutico Exame inicial Reavaliação Ampliação noturna (0:00 – 08:00 h) Impacto da terapia insulínica intensiva na evolução de complicações crônicas do DM1 - DCCT, 1993 Complicação Redução ________________________________________________________ Retinopatia pré e proliferativa e necessidade de fotocoagulação 45% Retinopatia de qualquer grau 27% Aparecimento de microalbuminúria 35% Aparecimento de macroproteinúria 56% Neuropatia clinicamente significante 60% UKPDS - Efeitos do Tratamento Intensivo x Convencional REDUÇÃO DE RISCO 0% -5% 11% 12% 16% Mortes por DM p= 0,34 Qualquer evento p= 0,029 Infarto p= 0,052 25% -10% -15% -20% -25% -30% Desfechos microvasculares p= 0,009 Lancet 1998 Impacto do tratamento intensivo na evolução das complicações do DM2 - UKPDS, 1998 Queda de 1% na HbA1c Endpoint Redução _______________________________________________________ Qualquer endpoint Morte relacionada ao DM Morte por todas as causas Infarto do miocárdio AVC Complicações microvasculares Cirurgia de catarata 21% 25% 17% 16% 15% 25% 18% A realidade brasileira no controle do diabetes mellitus q 7,6% da população entre 30 e 69 anos (5 milhões de pessoas) são portadores de diabetes Cerca de 50% não estão diagnosticados q 22% dos casos diagnosticados: sem tratamento q A maioria dos que recebem tratamento só monitoram a glicemia 1 a 2 vezes por ano q 70 a 80% dos poucos que fazem auto-monitorização ainda usam a glicosúria para avaliar o controle q A maioria dos hospitais utiliza glicosímetros de uso doméstico q A Pandemia de Diabetes mellitus 2000 (milhões) 2010 (milhões) 26.5 14.2 32.9 17.5 +24% +23% 84.5 132.3 +57% 9.4 14.1 15.6 +50% 1.0 22.5 1.3 +44% +33% TOTAIS 2000 : 151 milhões 2010 : 221milhões Aumento de 46% Zimmet et al. Nature, 414: 782-787, 2001 Doença cardiovascular q Enzimas q AST, inespecíficas DHL q Enzimas mais ou menos específicas q CK q Isoenzimas q CK-MB q Outras proteínas q Mioglobina q Estruturas específicas q Troponinas Neoplasias q De acordo com o Instituto Nacional do Câncer INCA, cerca de 466.730 novos diagnósticos de câncer serão realizados e aproximadamente 200.000 pessoas morrerão em decorrência de algum tipo desta doença no Brasil, em 2008. 234.870 mulheres q 231.860 homens q Estimativa da incidência Pele (exceto Melanoma) Mama Estômago Pulmão e brônquios Próstata Colo de útero Cólon e reto Boca Esôfago Leucemias Pele (Melanoma) Outros 54.460 31.590 22.330 20.835 20.820 16.270 16.165 10.565 8.865 7.000 2.930 93.500 ( 18 ) ( 10 ) ( 7) ( 7) ( 7) ( 5) ( 5) ( 3) ( 3) ( 2) ( 1) ( 31 ) INCA Brasil, (%) Mortalidade Pulmão e brônquios 15.145 Estômago 10.765 Mama 8.670 Próstata 7.320 Cólon e reto 7.230 Esôfago 5.310 Leucemias 4.265 Colo de útero 3.725 Boca 3.225 Pele (Melanoma) 1.050 Pele (exceto Melanoma) 830 Outros 50.015 ( 13 ) ( 9) ( 7) ( 6) ( 6) ( 5) ( 4) ( 3) ( 3) ( 1) ( 1) ( 43 ) INCA Brasil, (%) Sobrevida (%) TIPO ANOS 70 Linfoma 10 TUs infantis 30 Próstata 69 Testículo 72 Cólon e Reto 51 Mama 78 Bexiga 73 Cérebro 23 Pulmão 13 Colo de útero 70 ANOS 90 80 73 97 95 72 86 80 31 14 70 INCA e Cancer Statistics Review Razões q Tratamentos clínicos mais específicos q Técnicas cirúrgicas mais eficientes q Diagnóstico mais precoce O que o bom laboratório precisa fazer? Do ponto de vista clínico Reduzir tempo de execução de testes q Garantir melhoria contínua q Auxiliar os clínicos na indicação de exames adequados q Informar quando encontra resultados críticos q Assessorar médicos e pacientes sobre exames e resultados q REDUZIR INCERTEZAS q O que o bom laboratório precisa fazer? Do ponto de vista econômico Reduzir a relação custo/benefício q Controlar custos de insumos q Reduzir custo global de atendimento à saúde q Adotar administração profissional q O que o bom laboratório precisa fazer? Do ponto de vista social Controlar natureza do material de consumo q Oferecer maior confiança, segurança e conforto ao paciente e familiares q Reduzir realização indiscriminada de exames q Desenvolver maior relacionamento com as demais especialidades médicas q Melhorar relacionamento com a mídia q Novos serviços q Preparar novos serviços para atendimento especializado, por exemplo, a idosos, população infantil, gestantes etc: Metodologias q Valores de referência q Instalações adequadas q Necessidades específicas q A medicina laboratorial Ocorreram grandes modificações nos equipamentos, nos recursos de informática a eles incorporados e nas técnicas analíticas. q Crescimento no número de parâmetros incluídos na propedêutica laboratorial, bem como na complexidade dos procedimentos (Biologia molecular e farmacogenômica). q Houve mudança, também, na posição da Medicina Laboratorial. q A medicina laboratorial De simples fornecedor de informações complementares, passou a ser componente indispensável à boa prática médica. q O Laboratório Clínico se usado corretamente, reduz as incertezas da clínica, contribui para a preservação e/ou restauração da saúde e otimizar a qualidade do atendimento médico. q O Futuro da Medicina Laboratorial no Brasil OBRIGADO! Adagmar Andriolo [email protected] Encontro Nacional Unimed de Recursos e Serviços Próprios e Jornada Nacional de Enfermagem – 2009 7 a 9 de maio de 2009 – São Paulo