UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÀRIDO ORLEI CZELUSNIAK UROLITÍASE EM CÃES CURITIBA-PR 2009 ORLEI CZELUSNIAK UROLITÍASE EM CÃES Monografia apresentada para Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento de Ciências Animais para obtenção de título de Especialista em Clinica Medica de Pequenos Animais Orientador: Profª Valéria Teixeira CURITIBA-PR 2009 Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA C998u Czelusniak, Orlei. Urolitíase em cães. / Orlei Czlusniak. -- Mossoró, 2010. 57f. : il. Monografia (Especialização em Clínica Médica de Pequenos Animais) – Universidade Federal Rural do SemiÁrido. Orientador: Profª. M.Sc. Valéria Teixeira. 1.Urolitíase canina. 2.Cálculos urinários 3. Urólitos. I.Título. CDD: 636.7 Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo CRB_5 1033 Dedico a Deus, aos meus familiares, aos meus colegas de curso e a todos que de alguma forma contribuíram para a realização dessa conquista. A todos que contribuíram na realização deste curso e em especial a todos os professores que não mediram esforços para me apoiar com sua experiência, dando-me importantes subsídios para a minha formação e que ajudaram com sua sabedoria a buscar um novo sentido para minha caminhada. RESUMO O sistema urinário tem por função eliminar todos os resíduos considerados como metabólicos em forma líquida. Assim, as alterações de forma contínuas na composição da urina acabam por promover a hipersaturação de uma ou mesmo mais substâncias que são eliminadas nesse líquido, tendo como resultado a sua precipitação e potencial formação de urólitos. Estas precipitações podem variar suas dimensões e consistência, sendo de dimensões microscópicas anormais na urina é conhecida como cristaluria, se forem macroscópicas são Urólitos. Podendo ser lisos, facetados e piramidais, esta formação varia de acordo com o ambiente no qual se formam. O tratamento destina-se ao alivio de qualquer obstrução uretral, a descompensação da bexiga, a intervenção cirúrgica permite o diagnostico definitivo do tipo de calculo, facilitando a correção de qualquer anomalia existente. Diante disto, o presente trabalho possui como finalidade a análise dos cálculos desenvolvidos pelos cães. PALAVRAS – CHAVES: Urolitíase canina, Cálculos urinários. iii ABSTRACT The urinary system has for function to eliminate all the residues considered as metabolic in liquid form. Thus, the alterations of continuous form in the composition of piss finish for promoting the hipersaturação of one exactly or more substances that are eliminated in this liquid, having as resulted its precipitation and potential formation of urólitos. These precipitations can vary its dimensions and consistency, being of abnormal microscopy dimensions in piss is known as cristaluria, they will be macroscopic are Urólitos. Being able smooth, to be facetious and piramidais, this formation in accordance with varies the environment in which if they form. The treatment is destined alliviates it of any urethral blockage, descompensaçao of the bladder, the surgical intervention allows diagnoses it definitive of the type of calculates, facilitating the correction of any existing anomaly. Ahead of this, the present work possess as purpose the analysis of the calculations developed for the dogs. WORDS - KEYS: Canine Urolithiasis, urinary Calculi. iv SUMÁRIO RESUMO...............................................................................................................iii ABSTRACT...........................................................................................................iv 1. INTRODUÇÃO .........................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.10 2. O SISTEMA URINÁRIO ............................................................................................ 12 2.1. RINS ........................................................................ Erro! Indicador não definido.12 2.2. BEXIGA, URETERES, E URETRA .......................................................................... 13 2.3.UROLITÍASES ............................................................................................................ 14 2.4. FORMAÇÃO DE URÓLITOS ................................................................................... 15 2.4.1. Tipos de Urólitos e Suas Incidências ................................................................... 16 2.4.2. Fatores Predisponentes aos Urólitos .................................................................... 16 2.5. RAÇAS CONSIDERADAS PREDISPOSTAS .......................................................... 17 2.5.1. SINAIS CLÍNICOS ................................................................................................. 19 3. DIAGNÓSTICO ........................................................................................................... 21 3.1. EXAMES COMPLEMENTARES .............................................................................. 21 3.2. TRATAMENTO .......................................................................................................... 26 3.3. PROGNÓSTICO ......................................................................................................... 31 3.4. RECIDIVAS ................................................................................................................ 32 3.5. PROFILAXIA ............................................................................................................. 32 3.6. PRINCIPAIS SINDROMES ESPECÍFICAS ............................................................. 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 46 10 1. INTRODUÇÃO A palavra urolitíase refere à formação de cálculos urinários ou mesmo de urólitos e seus efeitos patológicos. Os mesmos encontram-se localizados nos rins, ureteres, bexiga ou uretra, e acabam por serem denominados de nefrólitos, ureterólitos, urocistólitos e uretrólitos, de forma respectiva. Verifica-se que a denominação dada é sempre de acordo com seu conteúdo mineral, sendo que os considerados como mais comuns os urólitos de estruvita, oxalato de cálcio, sílica, cistina e compostos. Assim, o diagnóstico de urolitíase acaba por ser baseado na anamnese, bem como nos sinais clínicos, nos exames físicos e conseqüentemente nos achados laboratoriais. Deste modo, o tratamento acaba por suporte os sintomas clínicos ora apresentados pelos animais. Com isto, o tratamento escolhido para a maior parte dos casos de urolitíase é o tratamento cirúrgico. No caso da remoção cirúrgica de cálculos urinários apenas é necessária após inúmeras tentativas consideradas como mal sucedidas de tratamentos clínicos, como por exemplo, a dissolução medicamentosa, dietas calculolíticas associadas a drogas específicas. Importante salientar que outros fatores devem ainda ser avaliados antes mesmo da remoção cirúrgica, como a função renal, a saúde geral do animal e a presença de uma uropatia obstrutiva. No caso do cálculo removido cirurgicamente, o mesmo deverá ser enviado para uma análise, pois o perfeito conhecimento da composição mineral do cálculo acabará por orientar de forma precisa o tratamento mais apropriado para futuras ocorrências. Assim, as culturas microbianas urinárias ou mesmo dos cálculos, verifica-se a obrigatoriedade para os pacientes portadores de urolitíases com infecções. Deste modo, os fatores considerados como predisponentes para a formação de urólitos acabam por incluir pH urinário favorável, infecções, alta concentração de 11 cristalóides na urina, entre outros processos patológicos, sendo estes em determinadas raças, em razão de suas anormalidades metabólicas. O objetivo deste trabalho é revisar os aspectos mais pertinentes de um quadro de urolitíase em cães, abrangendo os sinais clínicos comumente encontrados, os meios diagnósticos, os tratamentos disponíveis e viáveis e também as formas de prevenção da urolitíase canina. O processo de pesquisa é desenvolvido a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. A monografia está formada por dois capítulos e as considerações finais. A parte introdutória apresenta uma visão geral do tema, enfocando os objetivos do estudo, a problemática, a justificativa do assunto nos dias atuais. O primeiro capítulo apresenta o sistema urinário, tipos de urólitos, incidências, fatores predisponentes aos urólitos e raças consideradas prevalentes. O segundo capitulo enfoca os diagnósticos, tratamentos existentes, prognostico, recidivas e a profilaxia. 12 2. O SISTEMA URINÁRIO 2.1. Rins Os rins são relativamente grandes, sendo que alcançam aproximadamente 1/150 a 1/200 de todo o peso corporal. Importante salientar que o rim esquerdo é geralmente mais pesado do que o rim direito, sendo que os dois possuem a forma de um grão de feijão, bem espessos de forma dorsoventralmente, sendo com uma superfície ventral arredondada e outra superfície dorsal menos convexa. Todas as superfícies são lisas dotadas de coloração que pode variar entre marrom-escura, vermelha, ou azul/vermelha (GETTY, 1986). A localização dos mesmos é na parte dorsal da cavidade abdominal, sendo em cada lado da aorta, bem como da veia cava, onde se encontram às primeiras vértebras lombares. Os rins são considerados como retroperitoneais, isto é, se localizam fora da cavidade peritoneal. Mas, os mesmos se encontram presos à parede abdominal pela fáscia, vasos e peritônio (FRANDSON, 1979). Segundo Getty (1986), o rim localizado no lado direito não é predisposto a variação na posição, pois está situado em posição oposta aos corpos das primeiras três vértebras lombares, sendo que poderá estar tão distante cranialmente quanto a última vértebra torácica. É possível verificar que sua metade está situada na impressão renal profunda do fígado, sendo que sua parte considerada como caudal se encontra juntamente com os músculos sublombares e ventralmente ao ramo direito do pâncreas e o duodeno. Em relação ao rim esquerdo, é possível verificar que o mesmo sofre uma variação na posição em que se encontra. O presente ocorre em razão do órgão estar inserido pelo peritônio e ser conseqüentemente afetado pelo grau de enchimento do estômago. Quando o mesmo se encontra quase vazio, normalmente correspondem aos corpos da 2ª, 3ª e 4ª vértebras lombares, sendo que a extremidade cranial encontra-se oposta ao hilo do rim direito. Assim, poderá ainda a extremidade cranial estar oposta à extremidade caudal da 1ª vértebra lombar. Estando o estômago repleto de alimentos, o rim esquerdo se encontra mais adiante caudalmente, sendo que a distância corresponde ao comprimento de uma vértebra, sendo que sua extremidade cranial poderá encontrarse oposta à caudal do rim direito. Assim, a superfície dorsal está relacionada com os músculos considerados como sublombares. Verifica-se que a superfície ventral está em 13 contato com a parte esquerda do cólon. Com isto, a borda lateral está relacionada com o baço e o flanco. A extremidade cranial contata com o estômago e a extremidade esquerda do pâncreas. Frandson retrata que o bordo medial do rim é geralmente côncavo, sendo o mesmo dotado de depressão acentuada, o hilo renal, onde devem os vasos sangüíneos e os nervos entrar, bem como o ureter e os vasos linfáticos saírem. Deste modo, verificase que a origem do ureter no interior do rim é denominada pélvis renal. O presente recebe urina dos tubos coletores do rim. Deste modo, a cavidade no interior do rim que contém a pélvis, sendo esta denominada de seio renal. No caso os tubos coletores acabam por desembocar numa crista longitudinal que acaba por se projetar para o interior da pélvis renal. A presente crista é chamada de crista renal. Com isto, a porção do rim imediatamente adjacente à pélvis renal é a medula, que se apresenta estriada em razão dos tubos coletores arranjados radialmente. Importante salientar que estes tubos formam toda a base para as pirâmides renais, que possuem os seus ápices na região da pélvis renal, bem como todas as suas bases cobertas pelo córtex. O córtex, que se encontra localizado entre a medula e a fina cápsula de tecido conjuntivo, demonstra uma aparência granular por causa do grande número de glomérulos. Assim, os tubos contornados proximais e os contornados distais se localizam também no córtex, possuindo estreita relação com os glomérulos, bem como muitas alças de Henley. Segundo Bjorling (2003) as artérias renais acabam por se dividirem em ramos dorsais e ventrais, sendo que surgem a partir da aorta. Verifica-se que cada ramo de artérias interlobares se divide em cinco a sete, que se ramificam nas artérias arqueadas na junção corticomedular, dando origem então as artérias interlobulares. Com isto, as mesmas podem ocorrer de forma múltipla no lado esquerdo dos cães, sendo que as mesmas são incomuns do lado direito. 2.2. Bexiga, Ureteres, e Uretra Verifica-se que o ureter é um tubo muscular que acaba por conduzir a urina da pélvis do rim para a bexiga. Assim, cada ureter passa de forma caudal para vir a desembocar na bexiga, muito próximo ao seu pescoço, em uma área denominada de trígono. Deste modo, a forma com que o ureter passa através da parede da bexiga forma uma válvula para prevenir o retorno de urina para o rim (FRANDSON, 1979). 14 Segundo Getty (1986), cada ureter fibromuscular tem a sua origem real na pelve renal, sendo que desce caudoventralmente ao longo do músculo iliopsoas até a bexiga urinária. O cumprimento acaba por variar. Assim, o ureter direito é mais longo, em razão da posição do rim direito. Deste modo, Frandson (1979), retrata que a bexiga urinária é considerada como um órgão muscular oco que irá variar de tamanho e posição, sempre dependendo da quantidade de urina que ela contém. Assim, a bexiga vazia, é uma parede espessa, tendo forma de pêra, localizada no chão da pélvis. Conforme a bexiga se enche de urina, a parede torna-se mais fina, sendo que a mesma é deslocada em direção à cavidade abdominal ou mesmo para dentro dela. Com isto, o peritônio acaba por recobrir uma quantidade da porção da bexiga, sempre dependendo do seu volume. O colo da bexiga se apresente como uma continuação da uretra em forma de cauda, o músculo da parede da bexiga estando arranjado de uma forma circular no colo, controlando a passagem de urina para dentro da uretra. Deste modo, a uretra pélvica se estende da bexiga ao arcoísquio. No caso do cão macho, ela recebe o ducto deferente, bem como os ductos das glândulas sexuais acessórias. A mesma se apresenta circundada pelo músculo uretral estriado, sendo que às vezes é totalmente contínuo com o músculo bulbocavernoso que envolve parcialmente os pares esponjosos. Deste modo, um plexo de veias acaba por formar o tecido cavernoso existente entre o epitélio de revestimento e o músculo circundante. Sendo o mesmo localizado próximo à uretra peniana, o presente tecido é bem desenvolvido, sendo chamado de corpo esponjoso do pênis. Exceto o bulbo uretral, o tecido cavernoso que envolve a uretra é totalmente vascularizado com o sangue das veias. Com isto, o bulbo uretral, localizado entre o pênis e a crura, acaba por receber sangue da artéria do bulbo. 2.3. Urolitíases Os urólitos são considerados como concreções minerais, e acabam por serem formadas de cristalóides orgânicos ou inorgânicos (90-95%), bem como matriz orgânica (5-10%). Deste modo, acaba-se por formar dentro do trato urinário e são denominados de acordo levando em consideração a sua localização, forma e também sua composição mineral (LULICH et al., 1997; SHAW & IHLE, 1999; FORRESTER, 2003). 15 Segundo Lulich (1997) o sistema urinário é projetado de modo a eliminar todos os tipos de dejetos. No decorrer da formação de urólitos, as alterações contínuas na composição da urina acabam por promover a hipersaturação de uma ou mesmo mais substâncias eliminadas neste líquido, tendo como resultado a sua precipitação e depois em crescimento. Assim, a formação de um urólito é errática e conseqüentemente imprevisível o que envolve vários fatores fisiológicos e também patológicos. Deste modo, o início do processo diagnóstico é a detecção do urólito. Com isto, para se erradicar e também conseguir prevenir as urolitíases deve-se identificar todas as espécies de afecções e os fatores de risco à formação, retenção e conseqüente desenvolvimento dos cristais. Todas estas estruturas possuem o potencial de promover a ruptura de todo o funcionamento do trato urinário. Os sinais clínicos mais comuns são estes: disúria, infecção do trato urinário, hematúria, incontinência, azotemia e obstrução, devendo os mesmos ser tratados. 2.4. Formação dos Urólitos Segundo Bartges (2003), os urólitos acabam por se formarem quando a urina fica supersaturada com minerais. Assim, a supersaturação deverá ocorrer quando as quantidades bem como a concentração de minerais calculogênicos acabam por aumentar, sendo que determinados fatores como o pH urinário acaba por favorecer a diminuição na solubilidade dos minerais considerados como calculogênicos e existindo com isto promotores ou mesmo falta de inibidores de cristalização. - I. Formação do núcleo cristalino – verifica-se que a primeira etapa no caso de desenvolvimento de um urólito é a formação do núcleo denominado de cristalino, ou seja, embrião cristalino. A presente fase é chamada de nucleação e irá depender da hipersaturação da urina com cristalóides litogênicos. Deste modo, o grau de hipersaturação acaba por vezes a ser influenciado pela magnitude da excreção renal do cristalóide, pH urinário, bem como por inibidores da cristalização na urina. O crescimento do núcleo cristalino irá sempre depender de toda sua capacidade de permanecer no trato urinário, bem como do grau e duração da hipersaturação da urina com cristalóides considerados como idênticos ou mesmo do material do núcleo, e as características determinadas como físicas do núcleo do cristal (LULICH et al., 1997). 16 - II. Crescimento – segundo Lulich et al. (1997), depois que o núcleo cristalino se formou, o mesmo deverá ser eliminado na micção ou mesmo retido no trato urinário, podendo crescer. No caso dos eventos exatos que levam ao crescimento dos cristais ainda não foram identificados. Com isto, os urólitos não crescem aleatoriamente, em razão de suas estruturas compostas por arranjo ordenado de cristais. Com isto, o núcleo cristalino poderá aumentar o cristalino. 2.4.1. Tipos de Urólitos e Suas Incidências Os urólitos acabam por serem denominados sempre de acordo com o tipo de mineral que constitui mais de 80% da sua composição. Assim, os urólitos podem ainda ser compostos de tipos de minerais diferentes, sendo que a estruvita é a que constitui o urólito considerada como a mais comum nas raças de cães. Assim, os tipos considerados como mais comuns de urólitos são: fosfato amoníacomagnesiano. Deste modo, os urólitos compostos de oxalato de cálcio, urato, cistina, sílica e fosfato de cálcio são considerados como os menos freqüentes (LULICH et al., 1997; SHAW & IHLE, 1999; BARTGES, 2003). No caso das fêmeas a ocorrência de urólitos de estruvita é bem maior, sendo que em relação ao macho a ocorrência maior é de oxalato de cálcio. Segundo um estudo realizado em cães das áreas denominadas de Bulgária, a idade média de todos os cães que foram afetados era os de 4.8 anos, sendo que o rim direito era mais envolvido do que o esquerdo. Segundo Ling et al. (1998b), proporções mais elevadas de estruvita, bem como de fosfato de cálcio e urato acabaram por serem encontradas nas fêmeas, já o oxalato de cálcio, bem como a cistina e a sílica eram mais prevalentes nos machos. No caso dos cálculos compostos de uma única substância mineral é mais comum serem encontrados nos cães machos. Assim, a combinação mineral que mais se encontra é a estruvita e o fosfato de cálcio. 2.4.2. Fatores Predisponentes aos Urólitos Como fatores considerados predisponentes da formação dos urólitos verifica-se: a infecção do trato urinário (ITU) por meio de bactérias que hidrolisam a uréia, sendo que esta é considerada como a causa mais comum de urolitíase por estruvita em cães. 17 Assim, uma ITU também poderá ocorrer de forma secundária em uma urolitíase, que se desenvolveu de forma inicial na ausência de infecção. Com isto, as infecções urinárias podem contribuir na formação de cálculos de estruvita, bem como de uratos, não tendo grande importância nos cálculos denominados de oxalato (FORRESTER, 2003; GUIMARÃES et al., 2003). As urolitíases acabam por serem associadas com o crescimento de bactérias que se encontram isoladas na urina ou mesmo no cálculo, em 65% das fêmeas e em cerca de 44% dos machos. Verifica-se que Forrester (2003) retrata que os distúrbios metabólicos podem predispor a formação de urólitos, ocasionando com isto um excesso de excreção urinária de compostos não muitos solúveis. Assim, erros de metabolismo inatos acabam por predispor dálmatas a urolitíase por uratos, bem como cães com cistinúria a urolitíase por cistina. É possível analisar que um distúrbio metabólico adquirido acaba por levar o surgimento de urólitos, sendo este o hiperparatireoidismo, que irá formar cálculos de fosfato de cálcio. Com isto, as anomalias vasculares portais acabam por predispor cães afetados ao desenvolvimento de urolitíase por urato, tendo como razão principal a disfunção hepática. Assim, as raças que possuem uma maior disposição ao desvio portossistêmico congênito são: Schnauzer, Yorkshire terrier, Maltês, Old english sheepdog, Irish wolfhound (FORRESTER, 2003; WOLFFENBÜTTEL, 2004). Importante salientar que a dieta é um contribuinte na gênese, bem como na terapia das urolitíases, pois favorece a calculogênese. Com isto as dietas que possuem grande quantidade de glúten de milho ou mesmo cascas de soja que são associadas com a formação de urólitos de sílica. (FORRESTER, 2003; GUIMARÃES et al., 2003). Forrester (2003) menciona que pouco se sabe sobre os mecanismos patológicos de urólitos em animais portadores de urolitíase por oxalato de cálcio, estruvita estéril e sílica. Assim, se encontram afecções idiopáticas que são causadoras de urolitíase. 2.5. Raças Consideradas Predispostas Segundo Ling et al. (1998a), existem determinadas raças mais predispostas ao surgimento de urólitos. Assim, as raças com riscos elevados de desenvolver cálculos renais são as seguintes: Schnauzer miniatura, Shih Tzu, Lhasa Apso, Yorkshire Terrier, Pug fêmea, Dálmata macho e Basset Hound também macho. 18 No caso dos cães das raças pequenas, as fêmeas possuem um maior risco do que os machos para os cálculos renais. Deste modo, os cálculos vesicais são considerados como comuns nos cães das raças Shih Tzu, Bichon Frise, Schnauzer miniatura, Lhasa Apso e Yorkshire terrier. No caso dos cães machos, o cálculo mais freqüente é o de oxalato de cálcio. Na raça Dálmata o cálculo de oxalato é menos comum. Em relação aos cálculos de urato, são comuns nos Dálmatas, bem como nos cães da raça Bulldog inglês. A raça considerada como mais resistente ao cálculo de urato é a Samoyed. Sendo que as raças mais freqüentes onde se encontram os cálculos de cistina são Dachshund macho, bulldog inglês e Chihuahua (LING et al., 1998c; HOUSTON et al., 2004). Os urólitos com maior incidência em cães são os de estruvita e o de oxalato. Assim, os cães considerados como mestiços são os mais acometidos, existindo uma certa super-apresentação de cães de raças puras e também de pequeno porte. Com isto, os cães da raça Schnauzer Miniatura acabam por desenvolver urólitos por meio do desvio portossistêmico ou mesmo insuficiência hepática, onde existe excesso de liberação do ácido úrico na urina (BOOVEE & MCGUIRE, 1984; GUIMARÃES et al., 2003). Os cães Dálmatas e alguns Bulldog inglês, segundo para Wollffenbüttel (2004), estão predispostas ao cálculo de urato, em razão de sua conversão do ácido úrico em alantoína ser reduzida, mesmo apesar da atividade adequada da enzima uricase. Deste modo, a hipótese para explicar esse fato é a de que nesses cães as chamadas membranas celulares dos hepatócitos são de forma parcialmente impermeáveis ao ácido úrico. Assim, essa falha acaba por causar um aumento na concentração de ácido úrico, tendo como resultado um aumento na excreção urinária deste. Verifica-se que o ácido úrico é menos solúvel na urina do que realmente na alantoína, e no caso da raça Dálmata, a reabsorção do ácido úrico nos túbulos renais é bem reduzida. O presente caso acaba por causar certo aumento na concentração urinária de ácido úrico, bem como de urato sódico, aumentando com isto o risco de formação de urólitos de urato ácido de amônia nos Dálmatas. No caso dos cães considerados como machos verificam-se que os mesmos estão bem mais predispostos a formação do urólitos. 19 2.5.1. Sinais Clínicos Forrester (2003) retrata que os sinais clínicos associados com urólitos renais e ureterais são diversificados e também dependem do tamanho, bem como do número e da localização dos cálculos. Importante salientar que outro fator a ser levado em consideração é a presença ou não da obstrução do fluxo urinário. Deve-se observar qual grau em que se encontra, caso exista uma obstrução, bem como o tempo em que o animal já está afetado. Observar se existe ou não uma infecção do trato urinário, caso ocorra, a urina irá apresentar um odor extremamente fétido. No caso da existência de uma nefrolitíase, os sinais podem ser totalmente hematúria, bem como dor e desconforto sublombar ou mesmo abdominal e também sinais de insuficiência renal. Assim, a nefrolitíase pode ser assintomática por períodos bem longos. Com isto, uma obstrução bilateral ou mesmo uma obstrução bilateral que possua função renal inadequada no rim contralateral, vindo a ocasionar vômito, anorexia e depressão, em razão da azotemia/uremia pós-renal. Deste modo, o animal ora acometido poderá desenvolver uma doença subclinica. (SHAW & IHLE, 1999; FORRESTER, 2003). No caso dos cálculos serem encontrados no trato urinário inferior, os sinais poderá compreender disúria, hematúria, polaciúria e estrangúria. Com isto, a obstrução urinária parcial ou mesmo completa poderá ter como resultado sinais sistêmicos de doenças, como letargia, anorexia e vômito. Verifica-se que os outros sinais 20 encontrados são os seguintes: aumento da freqüência na micção e incontinência urinária. Assim, a palpação abdominal poderá acabar por revelar urólitos na bexiga. Se existir uma obstrução do trato urinário, aparecerá uma bexiga distendida, túrgida e dolorida. De forma geral, a bexiga conserva-se vazia em razão da alta freqüência de micção, a menos que a uretra acabe por estar completamente obstruída (ODENDAAL, 1993; SHAW & IHLE, 1999). Bartges (2003) retrata que caso os urólitos sejam suficientemente pequenos para saírem da bexiga, mas sejam grandes para passar pela uretra, acabará por ocorrer uma obstrução uretral. Deste modo, com a associação de uma ITU bacteriana, bem como cálculos vesicais, a urina irá ficar turva ou mesmo apresentar odor anormal. Segundo Fenner (2003), para se avaliar bem realmente os sintomas, o exame físico considerado como completo é essencial, pois poderá identificar os cálculos palpáveis vesicais ou uretrais. Assim, a palpação da uretra deverá ser realizada feita desde o arco isquiático até ao óstio peniano. Em relação a palpação da bexiga, pode-se não apenas confirmar a presença de urolitíase, como também de uma massa vesical ou mesmo de um espessamento da parede da bexiga. 21 3. DIAGNÓSTICO Lulich et al. (1997), retrata que o diagnóstico de urolitíase não se basea apenas na presença de cristais ou mesmo de cálculos na urina, pois a identificação de doenças ou mesmo fatores considerados como de risco na litogênese é essencial à prevenção e conseqüente erradicação dos urólitos. Deste modo, o diagnóstico de urolitíase é também baseado na presença de sinais clínicos que estão associados à confirmação de cálculos, bem como a determinação da sua natureza e como resultado fatores de risco. Assim, o diagnóstico, segundo Forrester (2003), deverá ser realizado com as informações adquiridas por meio da anamnese, bem como das anormalidades são verificadas no decorrer do exame físico, sendo que a mais comum é a dor sublombar ou abdominal. Com isto, a febre é outro sintoma que é encontrado com existe a associação de urolitíase com uma ITU que tem como resultado a nefrite, vindo juntamente com uma obstrução intercorrente. Fossum (2005) menciona que a história pode por vezes variar, sempre dependendo do fato do cálculo ter causado ou não obstrução ou mesmo da existência de uma infecção considerada como intercorrente. Com isto, verifica-se que os sinais clínicos podem ser intermitentes, principalmente se o animal já tiver sido tratado por meio de antibióticos. Outro fato pode se tornar anterior de urolitíase, sendo o mesmo muito comum caso não tenha sido realizado uma análise de cálculos ou mesmo não tenha instituído a terapia apropriada após cirurgia anterior. Deste modo, segundo Lulich et al. (1997), para a realização da diferenciação entre urólitos e a ITU, bem como entre as neoplasias do trato urinário, pólipos, coágulos sanguíneos e anomalias urogenitais pode ocorrer a necessidade de urinálise, urocultura, radiografias, bem como outros tipos de exames. 3.1. Exames Complementares a) Urinálise - A detecção dos mecanismos considerados como subjacentes para os vários tipos de urolitíase está de forma inevitavel ligada à avaliação da composição bioquímica da urina. Assim, a quantidade de metabólitos excretados na urina acaba por ser influenciada em razão da quantidade e composição da dieta, bem como se a urina foi coletada no animal que já tenha se alimentado ou esteja em jejum (LULICH et al., 1997). Em razão das diversas alterações ora encontradas na urinálise, as consideradas 22 como mais freqüentes são as seguintes: hematúria, piúria, bacteriúria e cristalúria. O pH urinário acaba por auxiliar na previsão da composição mineral possível dos urólitos, onde o mesmo acaba por ficar alcalino com urólitos de estruvita e ácido com urólitos de cistina. Na ocorrência de uma ITU por meio de bactérias produtoras de urease, o pH acabará por ficar alcalino (BARTGES, 2003). Lulich et al. (1997), retrata que a cristalúria é o surgimento de cristais na urina. Com isto, a identificação de forma apropriada dos cristais de urina é de suma importância em relação a formulação dos protocolos clínicos para que ocorra a dissolução dos urólitos. Os procedimentos laboratoriais constantemente utilizados para a perfeita verificação da cristalúria são quantitativos, bem como qualitativos. Assim, existem determinadas variáveis que acabam por alterar a formação de cristais após a coleta da urina, sendo as seguintes: - Alterações da temperatura; - Evaporação; - Mudanças do pH; - Técnica de preparação da amostra. A cristalúria se apresenta como um novo fator de risco de urolitíase, mas, ela apenas não identifica o teor mineral que existente no urólito, visto que o pH da urina acaba por afetar a solubilidade de diversos minerais, podendo com isto, influenciar a formação e a conseqüente dissolução do urólito (SHAW & IHLE, 1999; FORRESTER, 2003). Importante salientar que o conhecimento da formação de cristais urinários in vivo, deverá sempre ser examinadas amostras a “fresco”. Assim, o modo considerado como ideal é aquele em que as amostras estão à temperatura ambiente. Não sendo possíveis, as amostras deve ser avaliada a temperatura ambiente, e não após o armazenamento por meio da refrigeração (LULICH et al., 1997). Segundo Lulich et al. (1997), deve-se procurar evitar a hiper ou mesmo a subinterpretação do que é cristalúria, pois os cristais ocorrem apenas na urina que se encontra hipersaturada com substâncias cristalogênicas. O presente acaba por representar um fator de risco para a urolitíase. Mas, na maioria dos casos é inofensiva a formação de cristais no próprio trato urinário normal, em termos tanto anatômicos como funcionais. Com isto, a identificação de cristais nestes tipos de pacientes não 23 justifica realmente o tratamento. Pode não existir a necessidade de tratamento da cristalúria em pacientes possuidores de hematúria e disúria. b) Cultura urinária - Indica-se uma cultura urinária para os pacientes portadores de urolitíase. Assim, a cultura urinária ficará positiva, no caso de um organismo produtor de urease, que na realidade são Staphylococcus spp. ou Proteus spp. e raramente são proporcionados por Streptococcus spp., Klebsiella spp. ou Ureaplasma spp.. Importante salientar que as culturas urinárias ainda ficarão positivas em casos de qualquer urólito onde tenha ocorrido uma ITU bacteriana denominada como sendo secundária (BARTGES, 2003; FORRESTER, 2003). c) Hemograma e perfil bioquímico sérico - analisa-se de um modo geral que a avaliação dos valores da química sérica acaba por auxiliar na identificação das anormalidades ora subjacentes, sendo as mesmas responsáveis pela formação dos urólitos. De um modo geral, o hemograma completo e a análise bioquímica sérica se apresentam normais. No caso do hemograma pode-se encontrar uma leucocitose quando a ITU causar pielonefrite, principalmente junto com obstrução intercorrente (LULICH et al., 1997; FORRESTER, 2003). Determinadas anormalidades podem auxiliar na determinação de uma base metabólica voltada para a formação do urólito (LULICH et al., 1997; SHAW & IHLE, 1999). Assim, os aumentos encontrados na uréia sangüínea, na creatinina sérica, bem como na concentração sérica do fósforo acabam por acompanhar a insuficiência renal, bem como a obstrução ureteral bilateral ou mesmo a obstrução unilateral de um rim funcionante único. Poderão ainda ocorrer hipocalemia, hipercloremia e acidose metabólica nos casos de urolitíase, sendo estas associadas com acidose tubular renal. De forma ocasional, é possível encontrar uma hipercalcemia em animais com urólitos que possuem cálcio, a maior parte desses animais permanece geralmente normocalcêmica. É possível observar uma hipercalcemia em aproximadamente 4% dos cães possuidores de urólitos de oxalato de cálcio. No que diz respeito aos cães que possuem urólitos de urato de amônio associados com DPS, ocorre uma concentração sangüínea de uréia baixa, bem como na hiperamonemia e acidemia hiperúrica. Observa-se ainda acidemia hiperúrica nas raças de cães com urólitos de urato que não demonstram DPS (BARTGES, 2003; FORRESTER, 2003). d) Diagnóstico por imagem 24 d.1) Radiografia – segundo Lulich et al. (1997), a principal finalidade da avaliação radiográfica ou mesmo ultra-sonográfica de pacientes é a verificação da presença, localização, número, dimensões,entre outras dos urólitos. Assim, a radiografia exploratória lateral acaba por fornecer informação considerada suficiente para que seja excluída a presença de urólitos. Com isto, as radiografias devem sempre incluir todas as partes da uretra, o que depende da obtenção de vistas mais caudais. Para Kealy e Mcallister (2005) os cálculos são vistos como opacidades mineralizadas no interior do rim, pois os mesmos tendem a se localizarem na região central desse órgão. Algumas vezes, apenas um único e grande cálculo é visualizado na pelve renal. Com isto, os cálculos considerados como mais comuns são os fosfatos triplos e oxalatos. Importante salientar que as radiografias de estudo podem revelar urólitos caso sejam considerados como radiodensos. Urólitos de urato e urólitos de cistina não são vistos em razão de sua densidade mineral fraca. Em relação aos urólitos de oxalato, estruvita, bem como fosfato de cálcio e sílica são mais radiodensos (BARTGES, 2003; FORRESTER, 2003). Geralmente são necessários estudos contrastados para a perfeita demonstração dos cálculos radiotransparentes. Assim, uma boa preparação do paciente se torna necessário, visto que pequenos cálculos podem ser ocultados pelo conteúdo intestinal. Deste modo, por vezes, uma opacidade nos intestinos pode cobrir o rim e ser confundido com um cálculo. As chamadas calcificações no interior do parênquima renal não podem ser confundidas com cálculos renais (KEALY & MCALLISTER, 2005). Lulich et al. (1997), acaba por retratar que os urólitos com mais de 3 mm se demonstram com certos graus variáveis de radiodensidade, e são verificados pela radiografia abdominal exploratória ou mesmo pela ultra-sonografia. Urólitos menores de 3 mm de diâmetro por vezes não são visualizáveis por estas técnicas. Assim, a cistografia considerada como por duplo contraste é na realidade usada para que seja reforçada a resolução dos urólitos. Deste modo, se levando em consideração a comparação com a densidade dos tecidos moles, urólitos compostos de fosfato de magnésio e amônio, oxalato de cálcio, fosfato de cálcio, sílica e cistina verifica-se que os mesmos são de forma freqüente radiodensos. Em relação aos compostos de sais de urato, estes podem ser radiotransparentes. Por vezes acaba por ser possível que um urólito seja bem maior que a imagem ora revelada por sua 25 radiodensidade, sendo que no caso apenas parte do urólito é que realmente possuí minerais radiodensos. Por vezes, é mais provável que o presente fenômeno ocorra nos urólitos de estruvita de rápido crescimento. Deste modo, a presença de nefrolitíase e ureterolitíase, e conseqüentemente o grau de obstrução urinária devem ser confirmados sempre por meio de uma urografia excretora. Assim, sempre se deve procurar considerar uma cistouretrografia para identificar urólitos presentes no trato urinário inferior, sendo que os mesmos podem ser revelados por meio de uma cistografia de contraste duplo (BARTGES, 2003; FORRESTER, 2003). Resumidamente, as alterações radiográficas durante o exame simples, na presença de cálculos renais são investigadas sempre de acordo com a radiopacidade dos cálculos, onde se deve verificar que nem toda imagem radiopaca nos rins realmetne representa cálculos. No decorrer da avaliação pode ocorrer diferenciações de urólitos de nefrocalcinose, que na realidade são calcificação distrófica nos infartos, neoplasias e outras lesões do gênero (HUDSON et al., 2003). Hudson et al. (2003) menciona que as alterações radiográficas que existem na urografia excretora acabam por serem avaliadas sempre de acordo com determinados parâmetros, como: a radiopacidade, que é totalmente relativa. Assim, os cálculos e os radiopacos aparecem com falhas de preenchimento, bem como com margens bem definidas. No presente caso, vale lembrar que nefrocalcinose não causa falha em relação ao preenchimento, já em relação aos coágulos e pielonefrite crônica podem ocasionar essa falha, sendo esses itens demonstrados como diferenciais. Deste modo, a presença de dilatação da pelve renal e do ureter sempre devem ser avaliada. d.2) Ultra-sonografia – a presente pode confirmar a localização exata de urólitos. A mesma poderá ainda identificar urólitos rediolucentes e conseqüentemente avaliar o grau de obstrução. Com isto, a uretra proximal apenas pode ser avaliada por meio de uma ultra-sonografia. No caso dos cálculos renais, os mesmos são considerados como hiperecóicos, e também causam sombreamento acústico marcado. Por vezes pode ser difícil estabelecer muitas diferenças entre pequenos cálculos e a pelve hiperecóica normal. Caso, a pelve renal encontre-se dilatada com liquido, os cálculos acabam por serem visualizados com nitidez (BARTGES, 2003; FORRESTER, 2003; KEALY & MCALLISTER, 2005). 26 e) Análise de urólitos - Shaw e Ihle (1999) retratam que a análise considerada como quantitativa do conteúdo de urólitos é extremamente confiável. Assim, os urólitos para análise devem ser obtidos por meio da remoção cirúrgica, bem como cateterização da bexiga, eliminação por uro-hidropropulsão e espontânea. Com isto, a avaliação subjetiva da composição do urólito na ausência de análise quantitativa acaba por se basear em diversos achados clínicopatológicos. Levando em consideração a análise dos urólitos, os mesmos podem apresentar um recipiente seco e também limpo. Deste modo, a apresentação de urólitos em preservativos ou outras soluções pode conseqüentemente alterar as propriedades físicas dos minerais, ou mesmo dissolver os cristais da superfície. Se existem diversos urólitos presentes, um deles deverá ser colocado em formalina a 10% tamponada, para o exame microscópico da matriz. Em razão disto, muitos urólitos possuem mais de um componente mineral, sendo que os mesmos devem ser examinados alíquotas representativas. Com isto, a composição mineral de núcleos cristalinos podem ser idêntica, ou mesmo diferente de toda a composição dos urólitos. Nos núcleos de urólitos devem ser sempre analisados de forma separada de suas camadas externas, pois a causa iniciadora do urólito fica voltada para a composição mineral do seu núcleo (LULICH et al., 1997). 3.2. Tratamento As finalidades do tratamento são corrigir todos os fatores considerados como predisponente, bem como eliminar os cálculos existentes por meio de um tratamento médico ou mesmo cirúrgico e impedindo recidivas. Assim, os urólitos que causam obstrução uretral repetida, sinais clínicos inaceitáveis ou mesmo quando os proprietários não queiram tentar uma dissolução médica, acabam por serem removidos de forma cirúrgica. Com isto, os urocistólitos menores que o menor diâmetro da uretra acabam por serem removidos por meio de técnicas de uro-hidropropulsão de evacuação ou mesmo pela remoção assistida por cateter. Importante salientar que a remoção cirúrgica ou a dissolução médica dos urocistólitos na realidade não constituem o ponto final da terapia, visto que medidas consideradas como preventivas apropriadas e avaliações de acompanhamento devem ser instituídas. Verifica-se por vezes a necessidade de um monitoramento sem tratamento nefrólitos estéreis e não-obstruintes 27 que não aumentam de tamanho, bem como não ocasionam hematúria significativa e nem mesmo produzem deterioração na função renal. Mesmo em casos de nefrólitos inócuos, deve-se utilizar uma terapia de dissolução médica quando não se consiga estimar a composição mineral (BARTGES, 2003; FORRESTER, 2003). a) Tratamento Clínico – segundo Lulich et al. (1997) as principais finalidades a serem atingidas com o tratamento clinico na realidade são a promoção da dissolução e/ou a interrupção do crescimento subseqüente. Assim, para que o tratamento realmente seja efetivo, deve-se induzir à subsaturação da urina com cristalóides calculogênicos, sendo que o mesmo é realizado com redução da quantidade de cristalóides excretados na urina, bem como do aumento da solubilidade dos cristalóides na urina, e inclusive pelo aumento do volume de urina em que os cristalóides se encontram. Verifica-se que a mudança da dieta é um dos métodos encontrados para a redução de cristalóides calculogênicos presentes na urina. Deste modo, todas as tentativas de aumentar a solubilidade dos cristalóides na urina envolvem a administração de medicamentos planejados e que voltam-se para a mudança do pH urinário. Deste modo, os sais de íons básicos (PO4 , CO3) são considerados como mais solúveis em urina ácida, pois os íons básicos sofrem o despareamento e acabam por reagir com os íons hidrogênio, deste modo, o inverso poderá ocorrer no caso de sais de íons ácidos. Assim, o aumento do volume da urina acaba por diminuir a concentração de substâncias calculogênicas. Com isto, a indução da diurese é considerado como o método mais comum para o aumento do volume da urina, trazendo benefícios na dissolução clínica de urólitos de estruvita. Shaw e Ihle (1999) mencionam que os nefrólitos devem ser ministrados medicamentosamente, com exceção dos pacientes imaturos, pois a segurança das dietas devem restringir proteínas e minerais que não foram estabelecidos. Para alguns medicamentos, alguns fatores devem ser observados, como o tipo de urólito é necessário verificar se o mesmo é sensível a dissolução, e se o paciente é aconselhável ou não a anestesia ou mesmo a cirurgia, deve-se analisar ainda se o proprietário é de acordo com a cirurgia e se também ocorrem freqüentes urólitos após a cirurgia. Com isto, necessário sempre considerar se a cirurgia pode ou não ser prejudicial ao paciente, como nos casos de nefrólitos bilaterais. 28 Para Forrester (2003) o tratamento médico não é totalmente efetivo contra urólitos de oxalato de cálcio, bem como fosfato de cálcio ou sílica. Em relação aos urólitos de estruvita, urato e cistina os mesmos podem responder parcial ou mesmo completamente a uma terapia calculolítica médica. Deste modo, todos os pacientes no decorrer da terapia de dissolução devem ser constantemente monitorados para se determinar a eficácia do tratamento. Assim, deve ocorrer a reavaliação do tamanho, bem como da localização dos urólitos utilizados na radiografia ou mesmo ultrasonografia a cada 4-6 semanas. No decorrer desse intervalo, deve-se sempre realizar uma urinálise periódica, sendo que para o tratamento ser tido como efetivo, não deve ocorrer em nenhuma hipótese cristalúria. Deste modo, deve ser realizada uma cultura urinária de forma periódica, sendo que busca-se a verificação do controle continuo da ITU. Caso os urólitos aumentem de tamanho ou mesmo falhem em diminuírem de tamanho, verifica-se a obediência das instruções do tratamento ora pretendido, levando em consideração outras opções de tratamento. Assim, verifica-se que a avaliação original do tipo mineral do urólito está incorreta ou mesmo o urólito pode ser composto de mais de um mineral. Deste modo, à medida que os nefrólitos venham diminuir de tamanho, podem ocorrer a entrada no ureter, ocasionando a obstrução parcial ou mesmo completa. b) Tratamento cirúrgico – segundo Lulich et al. (1997) a detecção de urólitos não é considerado como uma indicação para a cirurgia. Mas as condições consideradas apropriadas, a cirurgia é o tratamento com maior preferência. Assim, todos os candidatos cirúrgicos são os pacientes possuidores de obstrução da eliminação urinária induzida por urólito, que não podem por vezes serem corrigidas por técnicas não cirúrgicas. O presente fato é essencialmente válido em pacientes possuidores de ITU. É provável que a rápida disseminação da infecção, bem como a lesão ao trato urinário acabam por induzir a pielonefrite, bem como a insuficiência renal, ou mesmo a septicemia. É importante que toda esta combinação de distúrbios seja de forma rápida resolvida. Para Fenner (2003), a remoção cirúrgica é considerada como uma forma de terapia, sendo freqüentemente o único meio definitivo de realmente permitir a análise dos cálculos, bem como a cultura do cálculo profundo. Deste modo, a biópsia do fígado por vezes é recomendada em todos os casos, principalmente quando a 29 cistotomia for realizada, para se avaliar o papel do fígado na remoção de cálculos. Assim, a radiografia pós-cirúrgica do abdômen, bem como a uretra é recomenda para avaliar toda a eficácia da remoção do cálculo. No caso da cirurgia, esta deve também ser considerada em cães com urólitos refratários no tratamento clínico que sejam considerados como grandes demais para os mesmos serem eliminados por meio da uretra. Em alguns casos, existe a necessidade da cirurgia para o tratamento da urolitíase, em razão da pouca cooperação do cliente ou mesmo do paciente em razão das recomendações terapêuticas para a dissolução clínica. Em casos raros, determinadas recomendações clínicas não possuem continuidade em razão da intolerância com os medicamentos ou a dieta. Deste modo, os casos como cirurgia podem representar grande alternativa conveniente (LULICH et al., 1997). Determinados casos, onde a remoção cirúrgica acaba por ser indicada nos pacientes possuidores de alto risco de obstrução do trato urinário, nestes casos onde o proprietário volta-se a atender as medidas dietéticas, bem como os medicamentos e pacientes possuidores de defeitos anatômicos do trato urinário que são sucessíveis para a correção. Assim, a remoção cirúrgica deve ser realizada nos casos de nefrólitos quando a função renal decai de forma rápida, ou se existir suspeita de urólitos a base de cálcio que venham responder mal a dissolução medicamentosa, em determinados casos onde estiver uma obstrução urinária parcial ou mesmo completa, bem como se o animal for jovem e/ou estiver em fase de crescimento, onde acaba por vir a ocorrer a restrição dietética, sendo esta desaconselhada (SHAW & IHLE, 1999). c) Remoção não cirúrgica dos urólitos – Lulich et al. (1997) menciona que a cirurgia é considerada como o único método prático para que ocorra a eliminação dos urólitos do trato urinário inferior, principalmente nos refratários à dissolução clínica. Além da cirurgia, acabaram por serem desenvolvidas duas alternativas práticas para a remoção de urólitos, sendo que as mesmas em razão da recuperação deles por cateter e a eliminação por uro-hidropropulsão. Assim, todos estes procedimentos considerados como não cirúrgicos acabam por permitir a remoção de forma segura e rápida de urocistólitos de dimensões pequenas, bem como moderadas. c.1) Recuperação de urólitos por cateter – a presente técnica acaba por ser usada na retirada de urólitos, caso suas dimensões venham permitir a passagem por 30 meio de cateteres uretrais. Assim, a recuperação de urólitos por meio da utilização de cateter é considerada como um procedimento totalmente adequado para pacientes de grande risco de morbidade e mortalidade, sendo as mesmas relacionadas à anestesia, pois, são de forma fácil efetuados em animais conscientes. A recuperação dos urólitos deve ser sempre realizada por meio da cistografia de duplo contraste, para a perfeita avaliação da situação dos urólitos. Assim, para a minimização da infecção bacteriana do trato urinário ora induzida por meio do cateter, onde se deve considerar a antibioticoterapia de forma imediata antes e por período tido como apropriado depois da recuperação dos urólitos por cateter (LULICH et al., 1997). c.2) Eliminação por uro-hidropropulsão – segundo Lulich et al. (1997), levando em comparação a recuperação de todos os urólitos por meio do cateter, bem como a eliminação por uro-hidropropulsão possui vantagens, em termos de remoção dos urólitos. Mas, o diâmetro dos urólitos fica limitado ao diâmetro da uretra que se encontra dilatada. A presente técnica é bem eficaz, em razão da possibilidade de alterar toda posição do corpo do paciente antes da realização da micção, bem como da utilização da gravidade, como uma ajuda no posicionamento dos urólitos. Deste modo, a eliminação por meio do uro-hidropropulsão é normalmente efetuada em cães que estejam anestesiados. Não existe necessidade de equipamento especial, mas a bexiga não pode estar distendida com urina, pois o presente órgão deve ser de forma moderada distendida com a solução salina fisiológica injetada por meio de cateter transuretral. Com isto, para que se minimize a distensão da bexiga durante a infusão, o seu diâmetro deverá ser avaliado por meio da palpação por meio abdominal. Após, o cão deve ser totalmente posicionado de modo que sua coluna vertebral fique verticalmente. Sua bexiga é agitada de forma suave, procurando promover gravitacionalmente os urocistólitos até o colo do órgão. Com isto, deve-se sempre aplicar uma pressão digital na bexiga, comprimindo de forma manual a urina e os urólitos por meio da uretra até um recipiente. Segundo Lulich et al. (1997) antes que o procedimento venha a ser encerrado, uma cistografia de duplo contraste deverá ser realizada para se determinar se todos os urólitos foram realmente removidos. 31 Assim, devem ser administrados antibióticos no período de 3 a 5 dias ou até mais após o procedimento, sendo que deverá o paciente ser observado para a possível ocorrência de complicações, como por exemplo, hematúria, disúria, ITU, bem como obstrução uretral. Verifica-se que após este procedimento é muito comum a ocorrência da hematúria, mas a mesma acaba por desaparecer dentro de 4 horas. Deste modo, a eliminação por meio de uro-hidropropulsão pode não ser eficaz na remoção de urólitos que se encontram alojados no lúmen uretral, visto que a uretra pode estar bem incapacitada de se distender. Deste modo, os urólitos permanecem na bexiga após diversas tentativas de eliminação por uro-hidropropulsão podem por vezes predispor o paciente à obstrução uretral. Assim, os urólitos compostos de fosfato de magnésio e amônio, bem como urato de amônio, ou cistina, que são considerados grandes para serem eliminados por meio da uretra, podem facilmente serem removidos assim que seus diâmetros tenham sido reduzidos pelo tratamento apropriado. Verifica-se que tanto a recuperação de urólitos por meio de cateter quanto à eliminação por meio de uro-hidropropulsão são limitadas por causa do tamanho do urólito. Assim, a cirurgia acaba por ser considerada nos casos de animais com urólitos grandes, isto significa que ser maior do que o diâmetro do lúmen uretral dilatado. Após ser o procedimento realizado, acaba-se por formular diversas recomendações adequadas que venham a minimizar toda a recidiva de urólitos, ou mesmo para o tratamento dos urólitos que ficaram no trato urinário, tendo como base a análise mineral quantitativa dos urólitos que já foram eliminados ou mesmo recuperados (LULICH et al., 1997). Para Fenner (2003) outro meio de tratamento de urólitos é a litotripsia por ondas de choque eletro-hidráulicas extracorpóreas, sendo um método caro, bem como raramente disponível. O presente tratamento quando acessível é reservado para cálculos nos ureteres ou mesmo nos rins. 3.3. Prognóstico Diversos autores acabam por afirmar que a infecção ou a anormalidade metabólica considerada como subjacentes acabará por ter a maior parte dos urólitos recindidos. Assim, episódios subseqüentes podem ainda ocorrer em alguns meses. Com isto, o prognostico é sempre considerado como bom, com exceção das obstruções completas da uretra, que acabam por necessitar de tratamentos emergenciais. Assim, 32 quando existe a resolução inicial dos sinais, o prognóstico é considerado excelente. Mas a ocorrência de cálculos ou ITU recidivantes é passível em todos os tipos de casos (FENNER, 2003; FOSSUM, 2005). 3.4. Recidivas Segundo Lulich et al. (1997), uma pesquisa clínica realizada com cerca de 438 cães que passaram por cirurgia para retirada urolitíase, 111 dos pacientes tiveram 155 recidivas identificadas. Assim, dentre essas, se observou que 47% dos cães apresentaram urólitos de cistina, 33% urólitos de urato, 25% urólitos de oxalato e 18% dos cães encontravam-se com urólitos de fosfato. Deste modo, o intervalo aparente entre a eliminação de urólitos e sua subseqüente acaba por vezes a ser influenciado em razão de diversos fatores, como os métodos diagnósticos usados na detecção da recidiva dos urólitos, bem como a freqüência dos exames, entre outros. Deste modo, as observações clínicas acabam por indicar que a porcentagem de recidiva é inferior à percentagem associada à cirurgia. Assim, o tempo que transcorreu entre os episódios recidivantes é bem maior, principalmente logo após a dissolução clinica. Com isto, a aparente percentagem considerada como mais elevada da recidiva, quando associada à remoção cirúrgica de urólitos acabam por estarem associadas a não remoção de todos os urólitos, principalmente os que se encontram localizados em pontos inacessíveis, ou mesmo que sejam muito pequenos. Deste modo, a tendência de recidiva dos urólitos após a cirurgia na realidade pode estar associada à persistência de ambientes que venham realmente a favorecer o início e o crescimento dos urólitos, sendo em ocasião de sua remoção. 3.5. Profilaxia Segundo Oddendaal (1993), a profilaxia possui como baseia a prevenção do aparecimento dos fatores de risco, bem como o manejo dietético adequado. Assim, fatores diversos, como por exemplo, a ingestão abundante de água limpa e dieta balanceada acabam por auxiliar na prevenção de urólitos em cães. Importante sempre observar os históricos associados com predisposição familiar, principalmente em urólitos de urato no caso dos Dálmatas. 33 Para Fenner (2003) outros princípios da profilaxia acabam por incluir na indução de poliúria e polidipsia, sendo esta sempre mediante a administração crônica de cloreto de sódio, sendo o administrado por meio de via oral. Assim, o tratamento clínico de hepatopatias, como por exemplo, doença microvascular hepática ou mesmo o tratamento cirúrgico do desvio portossistêmico macroscópico, deve ser sempre considerado as condições que foram descobertas. 3.6. Principais Síndromes Específicas 1) Urolitíase por estruvita – levando em consideração um estudo realizado por Lulich et al. (1997), o urólito em cães mais comum analisado em laboratórios é o de fosfato amoníaco magnesiano (estruvita), sendo o mesmo encontrado em cerca de 55,4% dos casos estudados. Não existe uma predominância de qualquer raça, mas as miniaturas de Schnauzers, Bichon Frisés e Cocker Spaniels acabam por representar cerca de 25% dos casos ora encontrados. Assim, 8% dos urólitos de estruvita acabaram por ocorrer em cadelas e a idade dos cães com esse urólito é de 3 a 8 anos, em aproximadamente 55% dos casos. a.1) Etiopatogênese – segundo Shaw e Ihle (1999), para que se formem os urólitos de estruvita, a urina deverá se encontrar hipersaturada com fosfato amoníaco magnesiano. Assim, em cães, os urólitos de estruvita são normalmente induzidos por meio de infecções do trato urinário que acabam por serem provocadas por bactérias produtoras de urease (Staphylococcus e Proteus). Com isto, a urease degrada a uréia, liberando conseqüentemente a amônia que alcaliniza a urina e acaba por levar à precipitação da estruvita, tendo como resultado a formação de urólitos. Em determinados cães, a urease microbiana não se encontra envolvida na formação desses urólitos, sendo que nestes casos os fatores que se encontram envolvidos podem ser dietéticos, metabólicos ou mesmos familiares na gênese dos urólitos de estruvita. b) Tratamento – as principais recomendações são a erradicação e o controle das infecções do trato urinário com a utilização de antibióticos apropriados, fazer a utilização de dietas calculolíticas, bem como promover a formação de urina ácida, administrar inibidores da urease a pacientes com persistência de infecção do trato urinário causada por microrganismos produtores de uréase (LULICH et al., 1997). 34 b.1) Controle da infecção urinária – segundo Lulich et al. (1997) a importância da ITU acaba por ser causada por bactérias produtoras da urease na formação da maioria dos urólitos de estruvita em cães retrata a necessidade do tratamento na sua erradicação ou controle. Em razão da quantidade de uréase ora produzida pelos patogenos bacterianos, pode-se verificar a tarefa impossível da acidificação da urina com acidificantes urinários administrados em doses que não venham a ocasionar acidose sistêmica. Deste modo, a esterilização da urina é de extrema importância para a criação de um estado de subsaturação de estruvita que venha impedir o crescimento dos urólitos, ou mesmo que promova sua solução. 2.b) Antibióticos - Andrade (2002) retrata que o antibiótico escolhido deve ser de preferência bactericida, bem como excretado em altas concentrações por meio da urina, e possuir uma ampla margem de segurança entre as doses terapêuticas e as consideradas como tóxicas. Assim, os antimicrobianos mais usados são os seguintes: - Ampicilinas, - Amoxicilinas, - Cefalosporinas. Com isto, se deve sempre proceder aos exames de cultura, bem como antibiograma para um tratamento específico. Assim, os agentes antibióticos considerados como apropriados devem ser usados em doses terapêuticas e administrados apenas quando os urólitos forem identificados pelas radiografias exploratórias, visto que os patógenos abrigados no interior dos urólitos podem ficar a salvo dos antibióticos. Deste modo, a urina e a superfície dos urólitos podem ficar esterilizadas após uma antibioticoterapia apropriada, pois os microorganismos infecciosos originais acabam por permanecerem viáveis abaixo da superfície do urólito (LULICH et al., 1997). Para Andrade (2002) a antibioticoterapia deve ser sempre realizada até que os urólitos venham a ser dissolvidos, pois a interrupção na terapia antes da total dissolução dos urólitos pode ter como resultado a recidiva da bacteriúria e da infecção, bem como novos urólitos. Após estes resultados, pode ainda ocorrer a inibição da dissolução de urólitos. c) Acidificação da urina – segundo Lulich et al. (1997), a acidificação da urina até pH de aproximadamente 6 tem sido utilizada de forma efetiva na promoção da 35 dissolução de urólitos de estruvita, sendo que não existe necessidade da adição de acidificantes urinários para que os cães estejam juntamente sob dieta calculolítica, visto que acabam por promover a formação de urina ácida. Assim, a utilização de acidificantes urinários deve ser sempre considerado em pacientes nos quais a dieta calculolítica não é bem tolerada, bem como contra-indicada. Andrade (2002) retrata ainda que se pode usar como acidificantes, a metionina ou mesmo o cloreto de amônio na dose inicial de 100 a 200 mg/Kg/dia, que deve ser misturados na ração. Deste modo, o ajuste da dose deve ser sempre bem cauteloso até que realmente se consiga obter o chamado pH ora desejado, visto que em excesso, podem os acidificantes resultarem em osteodustrofias e acidose metabólica. Assim, o controle do tratamento deverá sempre ser realizado a cada 4 semanas, sendo sempre por meio de exames radiográficos ou mesmo ultra-sonográficos. Como pequenos cálculos não são detectados por esses tipos de exames, a terapia deverá ser realizada no mínimo um mês após a documentação radiográfica da dissolução completa do urólito. Bartges (2003) menciona que nos cálculos induzidos por meio da infecção, a erradicação, bem como o controle da infecção ao considerados como os principais fatores na preservação e recidiva, pois nos urólitos estéreis, a prevenção possui como baseada a acidificação da urina com a dieta terapêutica ou mesmo com a administração de acidificantes. Assim, uma terapia considerada como antimicrobiana não é prevista no presente caso. d) Dieta – segundo Lulich et al. (1997), a finalidade das dietas calculolíticas é na realidade a redução da concentração urinária da uréia, fósforo e magnésio. A presente dieta deve ser formulada com base em uma quantidade reduzida de proteína de alta qualidade, bem como em quantidades reduzidas de fósforo e magnésio. Ainda, na dieta deve ser utilizado cloreto de sódio, para a estimulação da sede, bem como para a indução de poliúria compensatória. Deste modo, a redução da produção hepática de uréia por meio das proteínas da dieta reduz a concentração deste metabólito na medula renal, contribuindo ainda mais para a diurese. Andrade (2002) diz que essa dieta é contra-indicada para pacientes que sejam possuidores de insuficiência cardíaca, síndrome nefrótica, hipertensão, bem como em cães que se encontrem em crescimento, por ter restrição protéica e também em decorrenci da suplementação com cloreto de sódio (NaCl). 36 Deve-se utilizar o NaCl sempre com cautela, visto que se o mesmo estimula a diurese, poderá também aumentar a excreção de cálcio, o que acaba por aumentar também o risco de formação de urólitos que possuem cálcio. Assim, o tempo médio de dissolução dos urólitos usados na dieta calculolítica como monoterapia é de cerca de 3,5 meses, que podem variar ainda entre 8 a 10 semanas. No caso da associação com antimicrobianos, o tempo médio de dissolução é de aproximadamente 3 meses, tendo variações de 2 semanas a 7 meses. Em relação aos cães com urólitos de estruvita, os mesmos são alimentados com dieta calculolítica, onde acaba por ocorrer uma redução significativa na concentração sérica de nitrogênio, que deriva da uréia, bem como ligeiras reduções nas concentrações séricas de magnésio, fósforo e albumina. É possível ainda se observar um leve aumento na atividade sérica da isoenzima hepática da fosfatase alcalina. Deste modo, as mudanças na concentração de nitrogênio sérico podem ainda serem consideradas como indicador da cooperação do cliente e paciente com todas as recomendações dietéticas (LULICH et al., 1997). e) Inibidores da uréase - Andrade (2002) retrata que o ácido aceto-hidroxâmico (AHA) é considerado como um inibidor competitivo da urease microbiana. A presente atividade acaba por diminuir a quantidade de NH3 na urina, bem como a alcalinidade causada pela hidrólise enzimática da uréia. Mesmo em razão da eficácia do AHA, o mesmo não é de forma rotineira usado no tratamento dos cálculos de estruvita em cães, isso em razão da eficácia da dieta calculolítica e da terapia antimicrobiana utilizadas. Deste modo, o AHA deve ser administrado por via oral em cães, na dose de 25 mg/Kg/dia em duas subdoses divididas. Após isso, o mesmo reduzirá a atividade da urease, a cristalúria por estruvita, bem como o crescimento dos urólitos. Em razão da redução da patogenicidade dos estafilococos, também se poderá reduzir a gravidade da disúria, bacteriúria, piúria, hematúria e proteinúria (LULICH et al., 1997). Verifica-se que as altas doses de AHA, mesmo se mostrando edificásseis na dissolução dos urólitos, não são recomendas, visto que podem ocasionar uma anemia hemolítica e anormalidade no metabolismo da bilirrubina. Assim, a excreção do AHA acaba por ser feita pela urina, sendo que o presente medicamento não pode ser administrado em pacientes com insuficiência renal, tendo em vista o risco de toxicidade sistêmica e em fêmeas gestantes por causa de seus efeitos teratogênicos (ANDRADE, 2002). 37 1) Prevenção – para Lulich et al. (1997) a erradicação ou mesmo o controle da ITU ocasionada por bactérias produtoras de urease é considerada como o fator mais importante na prevenção da recidiva da maioria dos urólitos de estruvita que são induzidos pela infecção. Se ainda persistir a recidiva da ITU, o tratamento por um período considerado como indefinido deve ser indicado, onde se usará doses profiláticas de agentes antibióticos que sejam eliminados pela própria urina, em concentrações bem elevadas. Já os urólitos de estruvita de origem asséptica acabam por demonstrar uma maior tendência para recidivas. Caso o pH da urina de pacientes com esse tipo de urolitíase venha a permanecer alcalino, deverá ainda ser administrado acidificantes urinários. 2) Urolitíase por oxalato de cálcio - Os urólitos de oxalato de cálcio são considerados como os segundos em incidência mais freqüente, sendo que os mesmos geralmente são encontrados em 26,5% dos casos estudados por Lulich et al. (1997). Assim, as raças consideradas como predominantes para esse tipo de urólito são as seguintes: Schnauzer miniatura, Lhasa Apso e Yorkshire Terrier. No caso dos Urólitos de oxalato de cálcio é possível observar em cães de todas as idades, mas é mais comum encontrar em animais com idade entre 5 a 12 anos de idade. Ao contrário do urólito de estruvita, que é geralmente é encontrado em fêmeas na maioria dos casos, sendo que o oxalato de cálcio é mais comum em machos. a) Etiopatogênese – para que venham a se formarem os urólitos se formem, a urina deverá se encontrar hipersaturada, principalmente em relação ao sistema cristalino em causa. Assim, o aumento das concentrações urinárias de cálcio, acaba por promover toda a formação dos cristais de oxalato de cálcio. Deste modo, a hipercalciúria tem sido considerado como um achado de extrema significância para os cães com urólitos de oxalato de cálcio, pois a mesma poderá ainda resultar no aumento da eliminação renal de cálcio, sendo o presente em razão de determinados fatores, como por exemplo a excessiva absorção intestinal de cálcio, ou mesmo da conservação renal de cálcio que é prejudicada, bem como ainda da excessiva mobilização de cálcio do esqueleto (LULICH et al., 1997). Para Shaw e Ihle (1999), o aumento da excreção do oxalato de cálcio é considerado como um fator predisponente, sendo que o mesmo pode ser devido à hipercalciúria absortiva, ocorrendo um aumento da absorção gastrointestinal de cálcio. Deste modo pode ocorrer em razão de uma hipercalciúria por perda renal, que acaba por levar a um aumento primário na excreção do cálcio. Importante salientar que outro 38 fator a ser visto, ou seja, uma causa rara, é a hipercalcemia. Os urólitos de oxalato de cálcio acabam por serem associados com hiperadrenocorticismo em cães, isso em razão do aumento da excreção renal de cálcio induzido pelo cortisol. b) Tratamento – a dissolução medicamentosa dos urólitos de oxalato de cálcio não é considerada como bem sucedida. Deste modo, a cirurgia é considerada como o método mais efetivo para a remoção dos cálculos do trato urinário, mas, em razão das pequenas dimensões e contorno irregular de diversos urólitos de oxalato de cálcio, pode por vezes ser muito difícil a remoção cirúrgica completa de todos os urólitos que sejam visíveis. Quando existe a presença de pequenos urocistólitos, que devem ser removidos pela cateterização transuretral e aspiração, ou mesmo pela eliminação por uro-hidropropulsão, ao invés da utilização da cistotomia. Um dos principais problemas encontrados é que em determinados pacientes os urocistólitos de oxalato de cálcio são considerados como clinicamente silencioso o que por vezes vem a desaconselha a intervenção. Nestes casos a cirurgia não está indicada, pois deverá o quadro clínico dos urólitos ser avaliado por meio da urinálise, pelos testes da função renal, ou mesmo pela radiografia (LULICH et al., 1997; ANDRADE, 2002). c) Prevenção – deste modo, para a minimização da recorrência de urólitos de oxalato de cálcio, o ideal é uma dieta composta por baixas quantidades de proteínas e sódio, bem como com quantidades adequadas de fósforo, magnésio e potássio. Necessário um cuidado todo especial a ser tomado, de modo que os efeitos colaterais do tratamento não venha a ser mais prejudiciais que os efeitos dos urólitos (ANDRADE, 2002). Segundo Bartges (2003), cerca de 4% dos pacientes acabam por possuírem urólitos de oxalato de cálcio apresentando hipercalcemia. Deste modo, deve-se suspeitar de que o paciente sofra de hiperparatireodismo primário. Se o presente fato for realmente confirmado, deverá ocorrer a correção da anormalidade das glândulas paratireóides de forma imediata. O presente acaba por constituir uma causa muito rara de urólitos de oxalato de cálcio. Para os pacientes considerados portadores de hipercalcêmicos, deve-se também procurar evitar o uso de diuréticos tiazídicos, pois podem agravar a hipercalcemia. Importante salientar que o que deve ser feito é a indução da poliúria, se evitando suplementos dietéticos com excesso de sódio. Assim, dietas ricas em fibras acabam por parecer diminuir o grau de hipercalcemia, devendo ser utilizadas junto com o citrato de potássio. 39 No caso dos pacientes portadores de normocalcêmicos com urolitíase de oxalato de cálcio ativa, se deve procurar induzir a diurese, mas a suplementação rica em sódio tem que ser sempre evitada. Deste modo, se deve administrar citrato de potássio por meio de via oral na dose inicial de 75mg/kg a cada 12 h. A presente dose deve ser ajustada posteriormente para induzir o pH urinário para 7 –7,5. Assim, é importante levar em consideração uma dieta que não contenha excesso de oxalato, sódio ou mesmo proteínas, bem como evitar suplementos dietéticos ou terapêuticos de ácido ascórbico e vitamina D. Lulich et al. (1997) acaba por afirmar que o aumento da absorção de cálcio é dotado de grande anormalidade comum em cães portadores de urolitíase por oxalato de cálcio. Analisando-se o presente, verifica-se que a redução do cálcio na alimentação parece ser terapêutico lógico. Mas a redução do consumo de cálcio acaba por aumentar a biodisponibilidade do oxalato para a absorção intestinal e conseqüentemente a excreção urinária. De um modo geral, a redução do cálcio deve ser sempre acompanhada por meio de redução de forma apropriada do oxalato na dieta. Com isto, o consumo de níveis bem elevados de sódio acaba por aumentar a excreção renal de cálcio, assim, a restrição alimentar moderada de sódio é recomendado para os animais formadores de urólitos de oxalato de cálcio. Importante salientar que o fósforo alimentar não deve ser restringido em pacientes com possuidores de urolitíase por oxalato de cálcio, visto que a redução deste metabólito na dieta pode estar associada à ativação da vitamina D, o que acaba por promover a absorção intestinal de cálcio, bem como sua excreção urinária. Com isto, a ingestão de alimentos com elevadas quantidades de proteína animal pode vir a contribuir para a urolitíase por oxalato de cálcio, mediante o aumento da excreção urinária de cálcio e de ácido oxálico, bem como pela diminuição da excreção urinária de ácido cítrico. Tem-se como resultado a excreção obrigatória de ácido, que é associada ao metabolismo das proteínas. Assim, a administração de uma dieta moderadamente restringida na proteína, cálcio, oxalato e sódio apresenta-se como um esforço para a prevenção da recidiva de urólitos ativos de oxalato de cálcio em cães. A presente dieta, possui como beneficio o citrato de potássio, que é um agente considerado como alcalinizante da urina. O mesmo vem a inibir a formação de cristais de oxalato de cálcio, em razão de sua capacidade em formar sais solúveis com o cálcio. No caso dos cães, a acidose metabólica crônica acaba por inibir a reabsorção tubular renal de cálcio, sendo que a 40 alcalose metabólica vem promover a reabsorção tubular de cálcio. Se for identificada a acidúria ou mesmo hipocitratúria persistente em cães, o que se deve sempre considerar é o tratamento com comprimidos de citrato de potássio em matriz de cera (LULICH et al., 1997). 3) Urolitíase por urato de amônio e ácido úrico – segundo Jr. Smith e Tiley (2003), pacientes portadores de desvio sangüíneo portossistêmico (Shunt) por vezes podem ainda vir a desenvolver urólitos de amônio em razão do comprometimento do metabolismo do ácido úrico e da amônia. Em relação aos cães da raça Dálmata, estes possuem uma predisposição racial para a formação de urólitos de urato. Estes tipos de urólitos acabam por representar cerca de 5-8% dos urólitos que são encontrados em cães. a) Etiopatogênese - Lorenz et al. (1996) retrata que o ácido úrico é um dos diversos produtos da biodegradação do metabolismo dos nucleotídeos da purina. Assim, o urato de amônio é o sal monobásico de amônio do ácido úrico, sendo formador do chamado urólito purínico de ocorrência natural, sendo encontrado em cães. Assim, o urólito acaba por algumas vezes vir a se formar em urina ácida. Segundo Jr. Smith e Tiley (2003), a conversão de ácido úrico em alantoína acaba por ocasionar uma alta concentração de ácido úrico no plasma, bem como na urina. Assim, é o que acaba por se predispor a formação de cálculos de urato e de amônio. b) Dálmatas - Lulich et al. (1997) retrata que os cães Dálmatas possuem uma certa predisposição para a formação de urólitos de urato, em razão do seu singular metabolismo das purinas. Verifica-se que a capacidade dos Dálmatas em oxidar ácido úrico até alantoína se situa em uma posição intermediária entre a dos cães de outras raças. Assim, os cães da raça Dálmatas possuem uma concentração sérica de ácido úrico que é igual a 2-4 vezes a dos cães de outras raças, e estes excretam cerca de 400 a 600 mg/dia de ácido úrico em sua urina. Deste modo, os Dálmatas são dotados de vias hepáticas e renais singulares, e assim, o fígado não oxida de forma completa o ácido úrico que está disponível, mesmo tendo o órgão concentração suficiente de uricase. Quando comparado os Dálmatas com os cães de outras raças, verifica-se que aqueles acabam por converter o ácido úrico até alantoína numa velocidade reduzida. Assim, acaba-se por acreditar na hipótese de que as membranas hepatocelulares são consideradas como parcialmente impermeáveis ao ácido úrico. Os túbulos renais 41 proximais da raça Dálmatas acabam por reabsorver menos ácido úrico, que os túbulos dos não-Dálmatas, assim, pequena quantidade é secretada pelos túbulos distais. Nos cães que não são Dálmatas, 98-100% do ácido úrico no filtrado glomerular acabam por serem reabsorvidos pelos túbulos proximais e retornados ao fígado, para subseqüente metabolismo. Existe ainda a hipótese de que o ácido úrico na urina das raças não consideradas como Dálmatas seja secretado pelos túbulos distais. Mas a causa considerada como definitiva da formação de urólitos de urato em cães Dálmatas acaba por não ser ainda conhecida. Assim, o aumento da excreção de urato é um fator de risco, e não uma causa propriamente primária. c) Anomalias porto-vasculares – assim, a elevada incidência de urólitos de urato de amônio nos últimos tempos tem sido verificada em cães portadores de anomalias portovasculares. Deste modo, estes urólitos acabam por ocorrerem em machos e também em fêmeas, sendo detectados antes da idade de 3 anos. Com isto, a comunicação entre as vasculaturas portal, bem como sistêmica faz com que o sangue o fígado, tendo como resultado uma atrofia hepática considerada como grave, bem como diminuição da função hepática. Assim, a disfunção hepática encontra-se associação à redução da conversão hepática do ácido úrico até alantoína, e da amônia até a uréia (LULICH et al., 1997). Deste modo, a predisposição dos cães possuidores de desvios portossistêmicos para a urolitíase por urato encontra associação a hiperuricemia, hiperamonemia, hiperuricúria, e hiperamonúria. Assim, as concentrações séricas de ácido úrico em cães portadores de portossistêmicos, normalmente acabam por apresentar aumentos. Importante salientar que nem todos os cães com desvios portossistêmicos acabam por apresentar concomitante urolitíase por urato de amônio (LULICH et al., 1997). d) Tratamento - Bartges (2003) retrata que a dissolução clínica de urólitos de urato em cães que não são dotados de anomalias portovasculares pode ser feita utilizando alopurinol, bem como uma dieta alcalinizante considerada como pobre em proteínas. Assim, o período médio para essa dissolução é de cerca de 4 semanas e a mesma ainda obtém êxito em cerca de 50% dos casos. Em relação aos animais que possuem desvio portossistêmico, a dissolução dos medicamentos dos urólitos de urato de amônio não apresentam efeito algum. Assim, a remoção cirúrgica acaba por permanecer como um tratamento de escolha se os urólitos estiverem ocasionando problemas clínicos. Deste modo, os urólitos acabam por serem removidos no momento da ligadura cirúrgica do desvio. 42 De forma teórica, esses urólitos por vezes podem ainda serem dissolvidos após o desvio ser corrigido. e) Dietas calculolíticas - Lulich et al. (1997), a finalidade da modificação da dieta para pacientes portadores de urólitos de ácido úrico ou de urato de amônio é a redução de toda a concentração urinária de ácido úrico, bem como de íon amônio, e íon hidrogênio. A presente dieta não pode ser não-acidificante com restrição de purinas, nem mesmo conter suplementação de sódio. Com isto, a presente dieta é adequadamente usada, sendo o seu consumo por cães sadios e formadores de urólitos de urato que resulta nas reduções substanciais na excreção de ácido úrico e amônia. Para Lorenz et al. (1996), a dieta calculolítica não pode ser utilizada como uma fonte de alimentação em longo prazo, e caso a mesma venha a ser usada, a atividade da fosfatase alcalina hepática e a concentração de albumina sérica devem ser medidas todos os meses. f) Inibidores de xantina oxidase - segundo Andrade (2002) menciona que o alopurinol é considerado como um isômero sintético da hipoxantina. O mesmo acaba por se unir de forma rápida a xantina oxidase, enzima que venham a converter a hipoxantina em xantina e esta em ácido úrico, inibindo conseqüentemente a sua ação. Assim, sua utilização acaba por reduzir a concentração sérica de ácido úrico, mas acaba por elevar a concentração de hipoxantina e também xantina. Deste modo, a dose do alopurinol para a dissolução de urato em cães é de aproximadamente 15mg/Kg BID. Para a minimização dos riscos de formação de urólitos de xantina, o alopurinol apenas pode ser administrado a animais que já se encontram consumindo uma dieta com restrição de purina. No caso dos pacientes com alguma disfunção renal, a dose deve ser sempre menor, visto que o alopurinol é excretado pelos rins. g) Alcalinização da urina - deve-se basear na medida do pH urinário, sendo que a mesma pode ser conseguida com a adição de bicarbonato de sódio, tendo como dose inicial de 10mg/Kg BID ou TID. Assim, acaba-se por utilizar o citrato de potássio, com dose inicial de 35mg/Kg, VO, TID. Deste modo, a dose desses agentes alcalinizantes acaba por serem aumentadas até que façam efeito, devendo se evitar a alcalose metabólica pela medida da concentração de bicarbonato. A finalidade do tratamento urinário é procurar manter um pH urinário no valor entre 7,0 e 7,5 (LORENZ et al.,1996). h) Erradicação ou controle da ITU - as infecções decorrentes do trato urinário em cães que são portadores de urólitos de amônio ocorrem em conseqüência de defesas 43 locais do hospedeiro alternadas. Assim, todas estas alterações podem ser ocasionadas por meio de traumatismos que acabam por serem induzidos pelos urólitos no urotélio, ou mesmo podem ocorrer em razão da cateterização ou de outros procedimentos diagnósticos como invasivos. Verifica-se que essas infecções do trato urinário devem ser sempre prevenidas, bem como erradicadas ou mesmo controladas, que acabam por ocasionar problemas graves quanto os ocasionados pelos urólitos (LULICH et al., 1997). i) Aumento do volume urinário – a finalidade do aumento no volume urinário é procurar a diminuição da concentração de ácido úrico e amônio na urina, aumentando o fluxo urinário. Assim, devem-se administrar as dietas úmidas ou mesmo secas com a adição de água. Com isto, o tempo médio de dissolução dos urólitos de urato é de aproximadamente 14,2 semanas, sendo que pode variar entre 4 a 40 semanas. Caso os urólitos acabem por aumentar de tamanho no decorrer do tratamento ou não começaram a diminuir após 8 semanas de terapia, onde se deve reavaliar o diagnóstico, bem como considerar todos os métodos de manejo considerados como alternativos (ANDRADE, 2002). 4) Urólitos Compostos – os urólitos que são constituídos do núcleo de um tipo de mineral, bem como revestidos por outro tipo de mineral acabaram por serem verificados por Lulich et al. (1997), em cerca de 5,6 % dos casos estudados. Os mesmos acabaram sendo formados em razão de alguns fatores promotores da precipitação de uma espécie de urólito considerados como inferiores a outros fatores considerados como promotores da precipitação de outra espécie de mineral, sendo o mesmo considerado como diferente do primeiro mineral ora formado. Assim, pode-se citar como exemplo a administração de acidificantes urinários no tratamento de urólitos de estruvita onde se promove hipercalciúria, tendo como resultado uma “casca” de oxalato de cálcio ou mesmo de fosfato de cálcio. Deste modo, sendo possível iniciar a dissolução dos medicamentos no tratamento dos urólitos considerados como compostos, sempre se objetivando em primeiro lugar, a dissolução das camadas tidas como externas e logo após não se verificar mais nenhuma alteração no tamanho do urólito, onde se inicia o tratamento clínico para a ocorrência da dissolução das camadas internas. Segundo Lulich et al. (1997), em determinados casos, a dissolução das camadas externas acaba por reduzir todo o diâmetro do urólito para que seja possível sua fácil 44 remoção por meio da eliminação por uro-hidropropulsão. Assim, os urólitos considerados como refratários aos métodos de dissolução clínica devem ser sempre removidos cirurgicamente. 45 CONSIDERAÇÕES FINAIS Verifica-se que a urolitíase deve ser rapidamente diagnosticada e tratada, pois pode ocorrer da doença se complicar no decorrer dos sinais clínicos, vindo a ocasionar ainda casos considerados como mais complexos, como por exemplo, obstruções urinárias severas. Deste modo, torna-se totalmente indispensável à realização de exame clínico, principalmente os considerados como complementares, como por exemplo as radiografias e ultra-sonografias, onde se busca a apresentação de um diagnóstico preciso. Com isto, busca-se a confirmação da presença, bem como a natureza dos cálculos, sendo então importante a orientação do proprietário nas alterações que decorrem no animal, bem como os cuidados que devem ser tomados, como as diversas dietas e medicamentos que serão usados no decorrer do tratamento ora acometido Assim, deve-se orientar sempre sobre os melhores métodos para a amenização dos sintomas ora apresentados pelo animal, bem como os cuidados que se devem ter caso o animal venha necessitar de remoção cirúrgica e instituição do protocolo de tratamento quando necessário. 46 REFERÊNCIAS ANDRADE, Sílvia F. Manual de terapêutica veterinária. 2 ed. São Paulo: Roca, 2002. BARTGES, J. W.; Vesicopatias. In: BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G. ManualSaunders: Clínica de Pequenos Animais. 2 ed. São Paulo: Roca, 2003. BJORLING, D. E.; Cirurgia renal e ureteral. In: BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders: Clínica de Pequenos Animais. 2 ed. São Paulo: Roca. BOOVEE, K. C.; MCGUIRE, T. 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