Paciente do sexo masculino, 26 anos, professor de educação física, natural de Limoeiro do Norte, relata que, cerca de 20 dias que antecederam a admissão hospitalar no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), iniciou um quadro de febre (38°C), dor lombar bilateral, de forte intensidade, que se irradiava para face medial da coxa, associada a náuseas, vômitos, sudorese e palidez, apresentando melhora parcial ao uso de analgésicos. Refere diagnóstico prévio de nefrolitíase bilateral em 2010, na vigência de um quadro álgico de forte intensidade semelhante ao atual, sendo tratado com litotripsias extracorpóreas (LECO) em rins direito e esquerdo, apresentando, contudo, recorrência da litíase. O paciente nega qualquer comorbidade, relatando apenas uso de suplementos alimentares (Animal Pak, Natubolic), de esteróides anabolizantes (Durateston), Creatina e uso intramuscular do complexo de vitaminas A, D e E (10 ml em cada braço). Apresentava-se à admissão com bom estado geral, afebril, hidratado, normocorado, orientado e eupneico. Ausculta cardiopulmonar encontrava-se fisiológica, e o exame abdominal revelava apenas Giordano à direita. Apresentava extremidades normoperfundidas e sem edema. Os exames laboratoriais iniciais revelavam leucocitose e alteração da função renal, e o sumário de urina revelava leucocitúria e hematúria (Tabela 1). O Raio-x e a tomografia helicoidal evidenciaram cálculos renais bilaterais (Figuras 1 e 2). A USG de vias urinárias foi compatível com nefropatia crônica à direita e hidronefrose bilateral, com rim direito medindo 8,1 x 5,4 x 4,7, e rim esquerdo medindo 12,7 x 6,9 x 6,4. Dessa forma, o paciente foi submetido à aposição de cateter duplo J bilateralmente, e foi iniciado tratamento clínico com ampicilina-sulbactam. Evoluiu, entretanto, com piora da leucocitose e intensificação do quadro álgico, além de disúria e hematúria, sendo iniciado Cefepime com boa resposta clínica. Com 40 dias de internação hospitalar, foi retirado o cateter duplo J, e paciente foi submetido à ureterorrenoscopia, com retirada de cálculo ureteral em rim direito e aposição de duplo J ipsilateral. A tabela 2 mostra exames realizados para acompanhamento da função renal e para investigação da recorrência de cálculos renais. As culturas realizadas (hemocultura e urocultura) não evidenciaram crescimento bacteriano. Paciente evoluiu estável, apresentando apenas persistência da hematúria macroscópica. Recebeu alta com encaminhamento para tratamento e acompanhamento urológico. TABELA 1 – Exames à admissão Ht (%) / Hb Leuócitos / Plaquetas Sódio / Potássio Cálcio / Fósforo Uréia / Creatinina TGO / TGP LDH Ácido úrico Sumário de Urina 32,7% / 11 19.100 / 653.000 139 / 3,9 9,2 / 3,5 89 / 3,4 66 / 35 483 6,5 Densidade 1020, pH 6, proteínas + . Leucócitos > 20/ campo e hemácias 20 / campo FIGURA 1 – Raio- X de abdome e pelve FIGURA 2 – Tomografica helicoidal de abdome e pelve TABELA 2 – Evolução laboratorial e exames para investigação de nefrolitíase recorente Data / Exames Ht / Hb Leucócitos Plaquetas Sódio / Potássio Cálcio Uréia / Creatinina VHS PCR Vitamina D Cálcio na urina 24h Ferro Ferritina Índice de saturação da transferrina Capacidade total de ligação do ferro PTH Estudo microscópico do cálculo Sumário de urina 18/11 – 30/11 9,6 / 29,6% 15.200 -140 / 4,5 8,1 78 / 2,3 77, 3 105 8,17 234,5 41 520,3 23,6% 20/12/2011 10,4/31,5% 13.900 225.000 137 / 4,3 10 79 / 2,1 -------- 123,5 -- 2,9 Oxalato de cálcio --- Proteínas + 8 hemácias/campo 5 leucócitos / campo