1 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS REITORA Maria José de Sena VICE-REITOR Marcelo Britto Carneiro Leão DIRETOR GERAL E ACADÊMICO Airon Aparecido Silva de Melo DIRETOR ADMINISTRATIVO José Renato Correia Ferro COORDENADORA DO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA Taynah de Brito Barra Nova COMISSÃO ORGANIZADORA DO EVENTO Alzenir Severina da Silva Anderson Fernandes de Alencar 2 Caetano De’Carli Antônio Marcos Alves de Oliveira Jadiel Djone Alves da Silva Catarina da Silva Souza Danielle da Silva Ferreira Fernando Antônio Gonçalves Azevedo Glória Maria Duarte Cavalcanti Heloisa Flora Brasil Nobrega Bastos José Bezerra de Brito Neto Juliana Galindo de Oliveira Pontes Marta Margarida de Andrade Lima Taynah de Brito Barra Nova Valéria Suely Simões Barza MONITORES Aiane Lopes da Fonseca Alane Bezerra de Araujo Aline Lopes da Fonseca Aline Matias Maciel Aline Nayara Paes Oliveira Pereira Anaely Marinho Annyra Ferreira de Lima Ariane da Silva Wanderley Bianca dos santos Silva Bruna Gabriella Barros da Silva Claudivani Marcelino de Melo Cristiane Galindo Gonzaga de Souza Danielle Maria Braga da Silva Dayane Maria da Silva Edilaine Lopes Santos Edla C. Dantas da Silva Edmárcio Peixoto de Souza Edna Julia da Silva 3 Elaine Cristina Siqueira Lopes Ferreira Elisandra Zumba Lima Elizabeth Evangelista da Silva Erica Fabricia da Silva Fabiana da Silva Ferreira Fabricio Vasconcelos Fernanda da Silva Almeida Flavia Regina Paes da Rocha Gisele Brito de Araujo Rocha Hellen Cricia Vilela Correia Helvielame Tenório Medes Ferreira Iago Felipe Ferreira Rocha Ialle Juliana Marques Andrade Ivaldo Eliziario dos Santos Ivane dos Santos souza Jacilvânia de Oliveira Sales Jadiete Perreira Melo Ramos Jamille Oliveira de Melo Jayne Barbosa de Melo Jessica da Silva Gonçalves Lucena Jessica M. da S. Matias Jose Alves Cavalcanti Junior José Antônio Beserra Alves José Maria de Barros Junior Josefa Janiele Cordeiro Marinho Joyce Myrelle da Conceição Januario Juliana Maria de Araujo Oliveira Kathylla Maria Ferreira Felix Katiane Martins Cavalcante Lidrielly Oliveira da Silva Luana Andrade Tavares Magda Vitória dos Santos Lima Mainã Mairim Santana Lourenço Maria Aline Texeira de Araujo 4 Maria do Socorro da Silva Maria Francielle Gomes de Melo Maria Gabriela Gomes Almeida Maria Helena S. Severo Maria Jucielly Gomes de andrade Maria julie Ane Tenório da Silva Maria Lucicleide da Silva Berto Maria Simone Alexandre da Silva Maria Vitória de Freitas Perreira Maria Wellinayane Pereira da Silva Mariana Machado Cunha Michele de Araujo Deodato Michelline Cordeiro Sobral da Silva Myrella Falção Silva Nadja Gabrielly de Oliveira Costa Pera Lucia R. Silva Perpétua Aline de Melo Silva Pollianna Debbie Pedro da Silva Quiteria Iara Nunes dos Santos Raquel de Oliveira Silva Rayane Branco de Lima Renata Alves Pereira Roberto Cassimiro dos santos Ryanne Mayse Chalega Lima Sara Talita Cordeiro Vilele Stephany Agrelis Lucio Sterfane Araujo Ferreira Taliny Pereira de Barros Tamyres Maria Roque da Silva C. de Barros Tânia de Melo Oliveira Tarcis Silva de Souza Viviane Maria da Silva Ferreira Wellington Antônio dos Santos Silva Ysraela Marie da Silva Nunes 5 UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS GARANHUNS, NOVEMBRO DE 2015 6 Sumário PROGRAMAÇÃO 08 RESUMOS 20 GT 1: ENSINO DE HISTÓRIA: SABERES E PRÁTICAS EDUCATIVAS 21 GT 2 - EDUCAÇÃO DO CAMPO, SOCIEDADE E DIVERSIDADE 69 GT 3 - EDUCAÇÃO INFANTIL 125 GT 4 - POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E GESTÃO ESCOLAR 138 GT 5 - EDUCAÇÃO, LINGUAGEM E TECNOLOGIA 171 GT 6 - EDUCAÇÃO E LINGUAGEM 187 GT 7 - CONCEPÇÕES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA GT 8 - EDUCAÇÃO INCLUSIVA 207 249 7 PROGRAMAÇÃO GT 1: ENSINO DE HISTÓRIA: SABERES E PRÁTICAS EDUCATIVAS Coordenadoras: Prof. Marta Margarida - UAG/UFPRE, Prof. Danielle Ferreira – UAG/UFRPE. 08h:00 – 12h:00 TÍTULO: História e interdisciplinaridade: o Pibid e as novas abordagens no ensino básico AUTOR(A): Aline Jeronimo Barros AUTOR(A): Deylla da Silva Barros AUTOR(A): Maria Lana Monteiro de Lacerda TÍTULO: Cinema como recurso didático nas aulas de história AUTOR(A): Halison Silva Barbosa TÍTULO: Sobre memória e patrimônio: o que pensam os estudantes da rede municipal de ensino de Garanhuns sobre o tema? AUTOR(A): Halda Simões Silva AUTOR(A): Letícia Mayanne da Silva Oliveira AUTOR(A): Lidianne Cordeiro da Silva TÍTULO: História local e ensino de história: a formação histórica de crianças do 5º ano do ensino fundamental AUTOR(A): Fernandina de Andrade Alves AUTOR(A): Marta Margarida de Andrade Lima AUTOR(A): Danielle Ferreira TÍTULO: A produção acadêmica sobre o ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental, com foco no conceito de tempo histórico à luz dos anais dos simpósios da ANPUH e ENPEH entre os anos de 2000 a 2010 AUTOR(A): Rosalina Emília Gueiros de Barros AUTOR(A): Marta Margarida de Andrade Lima TÍTULO: Ensino de história e fotografia: possibilidades de construção do conhecimento histórico nos anos iniciais do ensino fundamental AUTOR(A): Iris Priscila Lins de Andrade Cordeiro AUTOR(A): Danielle da Silva Ferreira 8 TÍTULO: O Patrimônio Cultural de Pernambuco nos livros didáticos de História Regional AUTOR (A): Danielle da Silva Ferreira 14h:00 – 18h:00 TÍTULO: Violência contra a mulher: interfaces com a educação AUTOR(A): Mary Mayara da Conceição Tavares TÍTULO: Os efeitos de sentido da lei 10.639/03 nas concepções e práticas docentes: após uma década, o que dizem os professores? AUTOR(A): Ana Patrícia Morais dos Santos AUTOR(A): Bruno Rodrigo Tavares Araujo TÍTULO: Relatos de experiências de vidas: a leitura como produção de saberes na prática interdisciplinar AUTOR(A): Maria Josilda Ferreira da Silva AUTOR(A): Ramilla Laynne Teixeira de Carvalho TÍTULO: História local e ensino de história: experiência através do pibid AUTOR(A): Graziella Fernanda Santos Queiroz AUTOR(A): Manoel Caetano do Nascimento Júnior TÍTULO: História e RPG: Ou o diálogo entre Marc Bloch e dragões AUTOR(A): Pedro Paulo Gomes Soares TÍTULO: A literatura de cordel no ensino de história: possibilidades de construção do conhecimento histórico nos anos iniciais do ensino fundamental AUTOR(A): Rafael Calumby do Nascimento AUTOR(A): Danielle da Silva Ferreira TÍTULO: Sobre aprender e ensinar História: os entrecruzamentos dos processos formativos experienciados por professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental AUTOR(A): Marta Margarida de Andrade Lima 9 GT 2: EDUCAÇÃO DO CAMPO, SOCIEDADE E DIVERSIDADE Coordenadores: Prof. Caetano De Carli - UAG/UFRPE - Doutora Ilca Vilela UAG/UFRPE). 08h:00 – 12h:00 TÍTULO: Saúde e assistência social: considerações sobre a relação entre a alimentação e a renda das famílias residentes nas comunidades quilombolas de Garanhuns/pe. AUTOR(A): Andresa Lira AUTOR(A): Iris Pontes Soares TÍTULO: Histórico do negro na formação e construção da sociedade: a aplicabilidade da Lei 10.639/2003 na comunidade quilombola de Castainho. AUTOR(A): Valmira Mendes Barbosa TÍTULO: O diagnóstico rural participativo instrumentalizado para o diagnóstico situacional em saúde: assistindo ao protagonismo das comunidades quilombolas. AUTOR(A): Williane Sheema de Santana TÍTULO: Retratações raciais e étnicas do/a negro/a na cultura nordestina: um estudo a partir de peças de artesanato da Feira de Caruaru-PE AUTOR(A): Maria Aline Santos da Silva AUTOR(A): Ricelio Regis Barbosa da Silva Moura TÍTULO: as condições de trabalho no arranjo produtivo local de Toritama/PE AUTOR(A): Fabiana Maria da Costa TÍTULO: Interculturalidade e arte/educação em escola do campo AUTOR(A): Ângela Maria Alexandre Ramalho TÍTULO: A educação em saúde no campo: a proposta da residência multiprofissional em saúde da família com ênfase em saúde da população do campo AUTOR(A): Ângela Maria Pereira TÍTULO: Educação escolar quilombola em artigos acadêmicos AUTOR(A): Ilca Suzana Lopes Vilela AUTOR(A):Madalena Lopes Bernardo 10 14h00 – 18h:00 TÍTULO: Pérola Negra: a História do Ilê Aiyê numa perspectiva do pensamento abissal AUTOR(A): Lucas Spinelli Ferreira Silva TÍTULO: Saberes docentes para a educação do campo: uma breve análise sobre o contexto histórico da vida no campo e suas consequências na educação do campo atual. AUTOR(A): Ana Clara Serpa Toscano de Brito TÍTULO: Pichadores e grafiteiros: as representações sociais dessas tribos urbanas AUTOR(A): José Geneilson Maraba Alves TÍTULO: A criminalização do MST e dos ideários de esquerda pela mídia AUTOR(A): Fabiana Maria da Costa TÍTULO: Sobre o fechamento das escolas do campo AUTOR(A): Roberto Cassimiro dos Santos TÍTULO: As políticas públicas para educação do campo: um retrocesso para os cidadãos do campo. AUTOR(A): Marianna Salgado Cavalcante de Vasconcelos TÍTULO: Resultados de escolarização de pessoas brancas, pardas e negras na região Agreste de Pernambuco: um estudo com base nos censos 2000 e 2010 AUTOR(A): Ricelio Regis Barbosa da Silva Moura AUTOR(A): Allene Carvalho Lage TÍTULO: Contribuições da linguística à educação do campo: algumas ideias sobre as tensões entre padrão e diversidade linguística AUTOR(A): Ilca Suzana Lopes Vilela AUTOR(A):Julia Lourenço Costa 11 GT 3 - EDUCAÇÃO INFANTIL Coordenadora: Prof. Valéria Barza - UAG/UFPRE 08h:00 – 12h:00 TÍTULO: Rotina: Elemento importante para organização do trabalho pedagógico na educação infantil- UAG/UFRPE AUTOR(A): Maely Carlos da Silva Curvelo - UFRPE/UAG AUTOR(A): Valéria Suely Simões Barza- UFRPE/UAG TÍTULO: A abordagem da diversidade sexual e de gênero através da literatura infantil na educação infantil- UAG/UFRPE AUTOR(A): Jadiel Djone Alves da Silva AUTOR(A): Marianna Salgado Cavalcante de Vasconcelos AUTOR(A): José B. Brito Neto TÍTULO: Relato de Experiência do Projeto Alimentação Saudável: Frutas, Cores e Sabores - SEDUCE AUTOR(A): Maria de Fátima da Silva 12 GT 4 - POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E GESTÃO ESCOLAR Coordenadores: Prof. Taynah Barra Nova - UAG/UFRPE, Prof. Anderson Fernandes de Alencar - UAG/UFRPE 08h:00 – 12h:00 TÍTULO: Financiamento da educação: O Programa Dinheiro Direto Na Escola na rede Municipal de Garanhuns/PE. AUTOR(A): Jamille Oliveira de Melo AUTOR(A): Taynah de Brito Barra Nova TÍTULO: Aspectos institucionais da Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG) com enfoque na administração e na prerrogativa de autonomia que não concerne aos Campus fora da sede e unidades acadêmicas. AUTOR(A): Ana Clara Serpa Toscano de Brito AUTOR(A): Iago Felipe Ferreira Rocha AUTOR(A): Sandra Maria Aciole TÍTULO: Avaliações de larga escala no cotidiano da escola AUTOR(A): Josefa Roberta Roque dos Santos AUTOR(A): Taynah de Brito Barra Nova TÍTULO: A experiência exitosa do projeto Conviver com o ECA na Escola no controle as instabilidades no ambiente escolar. AUTOR(A): Isabella Júlia Santana da Silva AUTOR(A): Robson Guedes da Silva AUTOR(A): Suely Dantas de Oliveira Moura TÍTULO: As formações na Escola Professor Mário Matos: reflexões, desafios, perspectivas. AUTOR(A): Paula Cavalcante de Melo TÍTULO: O PIBID como uma política pública de formação docente: relatos de experiência. AUTOR(A): Taís Melo da Silva Leonardo AUTOR(A): Juliana Maria de Araújo Oliveira TÍTULO: O Projeto Político Pedagógico na construção da identidade cultural. AUTOR(A): Débora da Silva Ferreira 13 AUTOR(A): Taynah de Brito Barra Nova TÍTULO: Gestão escolar contra o caos: notas sobre o renascimento de uma escola pública de Camaragibe. AUTOR(A): Andréa Maria da Silva TÍTULO: As funções do (a) coordenador (a) pedagógico no acompanhamento do trabalho pedagógico na escola: orientação e articulação dos projetos didáticos com os professores. AUTOR(A): Islaene Ferreira Paraguay TÍTULO: Acompanhamento e monitoramento do trabalho pedagógico. AUTOR(A): Tayse Tenório Domingos de Oliveira 14 GT 5 - EDUCAÇÃO, LINGUAGEM E TECNOLOGIA Coordenadores: Prof. Robson Santos de Oliveira - UAG/UFRPE, Profa. Aliete Rosa UAG/UFRPE, Prof. Anderson Fernandes de Alencar - UAG/UFRPE 14h:00 – 18h:00 TÍTULO: Tecnologia e educação: aula-chat como ferramenta para o ensino e aprendizagem AUTOR(A): Ana Paula Ferreira da Silva AUTOR(A): Cherlia Bezerra da Silva TÍTULO: Projeto texto por textos: a utilização do aplicativo para mediação de ensino AUTOR(A): José Artur dos Santos Araujo AUTOR(A): Juliane Barbosa da Silva TÍTULO: Acesso ao conhecimento e a experiência do projeto Paulo Freire memória e presença AUTOR(A): Anderson Fernandes de Alencar TÍTULO: Literatura e tecnologia: experiências didáticas em EAD AUTOR(A): Robson Santos de Oliveira 15 GT 6 - EDUCAÇÃO E LINGUAGEM Coordenadora: Prof. Leila Nascimento da Silva - UAG/UFRPE 14h:00 – 18h:00 TÍTULO: As novas perspectivas do alfabetizar letrando: um olhar voltado para o ciclo de alfabetização AUTOR(A): Emmanuella Farias de Almeida BARROS TÍTULO: O uso da caixa de jogos do centro de estudos em educação e linguagem (CEEL) nos anos iniciais do ensino fundamental AUTOR(A): Aline Matias Maciel AUTOR(A): Maria Vitória de Freitas Pereira AUTOR(A): Valéria da Silva Conceição TÍTULO: Analisando os critérios de textualidade na educação básica: com a palavra, os discentes AUTOR(A): Max Silva da Rocha TÍTULO: O trabalho do professor alfabetização e o uso dos diversos recursos didáticos AUTOR(A): Tamires Gomes TÍTULO: Relato de experiência: medindo com a flor do mamulengo AUTOR(A): Maria Vanisia Jacinto da Silva dos Santos TÍTULO: Programa de correção de fluxo escolar no município de Garanhuns / se liga AUTOR(A): Maria Cristiane Rufino da Silva 16 GT 7 - CONCEPÇÕES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA Coordenadores: Prof. Alzenir Silva - UAG/UFRPE, Prof. Clelio Cristiano dos Santos UPE/Garanhuns, Prof. Diana Cecília de Souza - UPE/Garanhuns 08h:00 – 12h:00 TÍTULO: O estudo da Geografia na formação da cidadania AUTOR(A): Fernanda Maria de Melo Silva AUTOR(A): Alzenir Severina Silva TÍTULO: A necessidade dos recursos pedagógicos e o ensino nas perspectivas atuais AUTOR(A): Reynaldo Daivyd Lopes da Silva AUTOR(A): Maria Camila Nunes da Silva AUTOR(A): Maria Sônia Moura dos Santos TÍTULO: O ensino de geografia e a prática docente no processo de ensino-aprendizagem AUTOR(A): Reynaldo Daivyd Lopes da Silva AUTOR(A): Maria Camila Nunes da Silva AUTOR(A): Maria Sônia Moura dos Santos TÍTULO: Lendo e representando o espaço de vivência: situando o eu no mundo AUTOR(A): Susana Alves de Araújo AUTOR(A): Alzenir Severina Silva TÍTULO: Geodiagnose institucional da Escola Estadual Dr. Carlos Gomes de Barros da Cidade de União dos Palmares-AL AUTOR(A): Edna Augustinho Sena AUTOR(A): Josecleide Maria da Silva AUTOR(A): Marcio Emidio da Silva TÍTULO: A escola como espaço de cidadania: leituras e discursos sobre a cidade nos saberes e práticas pedagógicas AUTOR(A): Aline Costa AUTOR(A): Alzenir Severina Silva TÍTULO: Questões étnico-raciais e pluralidade cultural no ensino da geografia: alternativas didático-pedagógicas transversais. 17 AUTOR(A): Marcielly Teixeira Correia AUTOR(A): Alzenir Severina Silva 14h:00 – 18h:00 TÍTULO: A música no processo de ensino-aprendizagem da Geografia: uma experiência vivenciada no 1º ano “a” da escola de referência em ensino médio de Garanhuns/PE AUTOR(A): Diana Cecília Souza AUTOR(A): Fernando José Ferreira Leite TÍTULO: Desenhos animados: uso de imagens como estratégia de leitura da relação sociedade-natureza na educação infantil AUTOR(A): José Maria de Barros Júnior AUTOR(A): Alzenir Severina Silva TÍTULO: Prática em estágio supervisionado: uma proposta de oficina de cartografia para o 6º ano “a” da Escola de Aplicação profa. Ivonita Alves Guerra em Garanhuns-PE AUTOR(A): Jackson Fortunato Babosa de Oliveira AUTOR(A): Macelle Soares Almeida Silva AUTOR(A): Diana Cecília de Souza TÍTULO: um relato de experiência sobre a proposta de uma aula de campo a partir do estágio supervisionado em Geografia AUTOR(A): Osmar Luiz Henrique de Lima AUTOR(A): Expedito Paulino da Silva AUTOR(A): Diana Cecília de Souza TÍTULO: Reflexões acerca das concepções de professores de Geografia do ensino fundamental e médio AUTOR(A): Ivaldo Eliziário dos Santos AUTOR(A): Jamille Oliveira de Melo AUTOR(A): Taís Melo da Silva Leonardo AUTOR(A): Alzenir Severina Silva TÍTULO: No mundo da fantasia se aprende geografia: a literatura infantil na construção dos conhecimentos sócio-espaciais e do letramento AUTOR(A): Paula Cavalcante de Melo AUTOR(A): Alzenir Severina Silva 18 GT 8 - EDUCAÇÃO INCLUSIVA Coordenadora: Prof. Viviane Sarmento - UAG/UFRPE. 14h:00 – 18h:00 TÍTULO: Sala de Recursos Multifuncional: Uma Experiência Especial AUTOR(A): Márcia Fernanda Leite Galindo TÍTULO: Desafios e práxis pedagógicas de educação inclusiva em uma sala de recursos multifuncionais em uma escola municipal da cidade do Recife-PE AUTOR(A): Isabella Júlia Santana da Silva AUTOR(A): Robson Guedes da Silva TÍTULO: Texto sobre o CAP (Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento à Pessoa com Deficiência Visual) AUTOR(A): Lenice Maria Couto AUTOR(A): Mary Jane de Oliveira Liberato AUTOR(A): Ana Claudia Barreto de Arruda Araújo 19 RESUMOS 20 GT 1: ENSINO DE HISTÓRIA: SABERES E PRÁTICAS EDUCATIVAS Coordenadoras: Prof. Marta Margarida - UAG/UFPRE, Prof. Danielle Ferreira - UAG/UFRPE. 21 HISTÓRIA E INTERDISCIPLINARIDADE: O PIBID E AS NOVAS ABORDAGENS NO ENSINO BÁSICO. Aline Jeronimo BARROS1 Deylla da Silva BARROS2 Maria Lana Monteiro de LACERDA3 INTRODUÇÃO Este resumo tem como objetivo destacar as experiências do nosso segundo ano como bolsistas do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência). O projeto Doutrinando a juventude: Holocausto e o grito dos inocentes foi produzido com o intuito de desenvolver atividades que auxiliassem a Escola Municipal Professor Mario Matos, situada em Garanhuns/PE, dando maior atenção a turma do 8º ano B. Trabalhou-se no decorrer do ano de 2015 atividades relacionadas a participação da criança no holocausto e a introdução de conceitos básicos relacionados ao tema, fazendo um diálogo interdisciplinar com a disciplina de Língua Portuguesa. OBJETIVOS Desenvolver com a turma um debate sobre os acontecimentos vivenciados no período do Holocausto, fazendo com que a temática se faça mais próxima do alunado, destacando a imagem da criança como protagonista no ocorrido; Trabalhar a interdisciplinaridade buscando uma melhor conversação com outras áreas do saber, visando um aprimoramento na prática do ensino de história e auxiliando no estímulo da leitura e da produção textual, almejando um melhoramento no rendimento escolar da turma; Discutir conceitos relacionados ao texto introduzindo a cultura de paz juntamente com a produção de atividades dinâmicas como jornais, sala temática, mídias audiovisuais, que muito ajudam no aprendizado de história. REFERENCIAL TEÓRICO 1 2 Estudantes do Curso de Licenciatura em História da UPE - Campus Garanhuns. E-mail: [email protected] 3 Professora Ms.do curso de Licenciatura em História da UPE - Campus Garanhuns. E-mail: [email protected] 22 O protagonismo infantil surgiu como uma nova proposta entre as temáticas já amplamente trabalhadas sobre a segunda guerra mundial. Enfocando principalmente o holocausto buscamos, entre várias produções feitas nesses últimos anos, a literatura. Isto por que ela foi um campo fértil em criar histórias desse período, tendo como principais personagens crianças e adolescentes. Buscando novas abordagens vimos em Vainfas e Flamarion (2012) uma base para as novas perspectivas do ensino de história. Como forma de inovação trabalhou-se em todo o período do projeto a interdisciplinaridade que desde muito é pesquisada, trabalhada por autores como Bloch e Fazenda (2012). METODOLOGIA As metodologias utilizadas para um trabalho interdisciplinar contam muito para uma melhor aprendizagem do alunado. As velhas metodologias sempre se fazem necessárias em uma aula, porém o emprego das novas tecnologias é fundamental. As oportunidades oferecidas pelo desenvolvimento da informática são de extrema relevância e nós como educadores devemos saber usufruir delas para que haja uma nova perspectiva de ensino básico. O audiovisual (obras literárias transformadas em filmes, documentários), as imagens, a música, e também a aula expositiva, foram formas de se expor a temática que chamavam a atenção dos alunos tornando o tema ainda mais agradável. RESULTADOS: Como resultado do nosso trabalho podemos apresentar atividades que foram vivenciadas no período de participação do PIBID na Escola Professor Mario Matos. Atividades como confecção de murais; criação de um jornal conceitual; debates e rodas de conversa, trabalhando a temática do Holocausto; oficinas; organização de sala temática foram formas de expor a turma novas abordagens que o ensino de história poderia oferecer, deixando-os mais participativos e interessados na aula. CONSIDERAÇÕES FINAIS O PIBID é de grande importância na vida acadêmica de qualquer discente em licenciatura, a oportunidade de conhecer seu futuro profissional antes de completar a formação é de um valor imensurável, trazendo muitas oportunidades, tanto para os bolsistas quanto para a escola que os recebe. Na turma em que trabalhamos desde o inicio do ano, o Programa e nossa participação foram 23 de grande estima, a turma não conhecia a temática trabalhada e vivenciou bem o nosso projeto. Textos usados nas reuniões, práticas escolares, vivencia em grupo, tudo isso faz parte e ajuda no que vamos viver após a formação, principalmente ao lecionar, e conhecer mais o espaço escola, nos fortalecendo como profissionais da educação. Referências: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo. (Orgs). Novos Domínios da História. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012 Cuidado, Escola! Desigualdade, domesticação e algumas saídas. Babette Harper (org). 24ª ed. – Editora Brasiliense, 1987. Didática e Interdisciplinaridade/C.A Fazenda (org.). – 17ª ed. – Campinas, SP: Papirus, 2012. – (Coleção Práxis) NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais: a história depois do Papel. PINSKY, Carla Massanezi (org). 3ªed. - São Paulo: Contexto, 2011. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assembleia Geral das Nações Unidas, 10 de dezembro de 1948. SILVA, Marcos. Ensinar história no século XXI: Em busca do tempo entendido/ Marcos Silva; Selva Guimarães Fonseca. – Campinas, SP: Papirus, 2007. – (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). WIEVIORKA, Michel. Antissemitismo Explicado aos Jovens/ Michel Wieviorka; tradução: Joel Ghivelder. – 1ªed. – Rio de Janeiro: Edição. 24 CINEMA COMO RECURSO DIDÁTICO NAS AULAS DE HISTÓRIA Halison Silva Barbosa4 Introdução Atualmente, muito tem sido questionado as formas como o professor precisa ou busca trabalhar em sala de aula. O que intrinsicamente estar inserido o ensino e a prática da abordagem histórica em sala de aula. Desta feita, muito se tem sugerido quanto à interdisciplinaridade, ou seja, o diálogo entre as disciplinas. O que a longo prazo se apresenta como uma medida e intenção muito bem-vinda, claro, sendo utilizado de forma certa, e com todo um planejamento envolto. Nessa perspectiva, o diálogo entre as disciplinas tem favorecido o desenvolvimento e as formas de trabalhar a disciplina de História em sala de aula. Fazer da história uma disciplina interessante e produtiva em sala de aula perpassa não apenas da força de vontade do professor, desta maneira é necessário haver uma estrutura que fundamente suas ideias e perspectivas. Desse ponto de vista a História deixa de ser uma matéria cansativa, sonolenta, restritiva a oralidade e leitura, se beneficiando assim da utilização de meios que façam com que a disciplina se torne mais dinâmica. A utilização de produções culturais tem sido muito proveitosa, contribuindo para a transformação do ensino, e melhoria no diálogo que o professor terá de desenvolver com uma especifica turma. Sendo assim, as produções cinematográficas se apresentam como uma forma rentável nessa perspectiva. Se apresentando como um método não muito inovador, mas bastante marginalizado, como expõe Napolitano (2003). A utilização de filmes em sala de aula é demasiado banalizada pelo simples fato de como foi utilizada no decorrer dos tempos. Sendo assim, caberia ao professor buscar formas e métodos de desfazer tal perspectiva. Sendo a área historiográfica um ambiente de problematização e desconstrução, é dever do professor buscar desenvolver métodos para que o aluno não veja a exposição de um filme em sala de aula como uma subentendida enrolação, ou apenas um dia que não terá “aula”. Com o intuito de encontrar métodos e soluções para a exposição de filmes em sala de aula, pois seria nesse âmbito que o professor pode encontrar uma forma de diálogo mais proveitosa com o aluno. Uma vez que, diversificando a aula e os métodos de ensino, a interação com a turma e a dinâmica que a mesma poderá se sentir inserida será maior. Objetivo Propor uma abordagem interdisciplinar utilizando produções cinematográficas como ponto de partida. Desta feita, procurar estreitar os laços entre a área de História e outras grandes áreas, fazendo o aluno se sentir mais 4 Graduando de Licenciatura em História da UPE/Campus Garanhuns. E-mail: [email protected] 25 próximo do conteúdo e envolvido com o mesmo. Não obstante, apresentando ao mesmo um amplo cenário cinematográfico que pode ser estudado, e não apenas “assistido”. Referencial Teórico Para Ferro, o cinema é um testemunho singular de seu tempo, pois está fora do controle de qualquer instância de produção, principalmente o Estado. O filme, para o autor, possui uma tensão que lhe é própria, trazendo à tona elementos que viabilizam uma análise da sociedade diversa da proposta pelos seus segmentos, tanto o poder constituído quanto a oposição (Morettin, 2003), desta feita: [o cinema] destrói a imagem do duplo que cada instituição, cada indivíduo se tinha constituíd(o diante da sociedade. A câmara revela o funcionamento real daquela, diz mais sobre cada um do que queria mostrar. Ela descobre o segredo, ela ilude os feiticeiros, tira as máscaras, mostra o inverso de uma sociedade, seus “lapsus”. É mais do que preciso para que, após a hora do desprezo venha a da desconfiança, a do temor (...). A ideia de que um gesto poderia ser uma frase, esse olhar, um longo discurso é totalmente insuportável: significaria que a imagem, as imagens (...) constituem a matéria de uma outra história que não a História, uma contra análise da sociedade (Ferro, 1992, pp. 202-203) A partir dessa análise, seria o cinema uma oportunidade do professor de história conseguir problematizar assuntos e expor soluções a partir de um tema que se apresenta com pouca atratividade para uma sala de aula. Desta feita, Napolitano (2003) nos apresenta a produção cinematográfica como uma forma de ampliar a forma de como o aluno pode desenvolver seu teor crítico, facilitando sua compreensão e recepção de um determinado assunto, implicando na facilidade do se entender as diferenças. Desta feita, Napolitano nos traz que, “Trabalhar com o cinema em sala de aula é ajudar a escola a reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte” (2003, p. 11). Metodologia Para Napolitano (2003), o cinema em sala de aula tem uma amplitude maior, fazendo assim, com que o aluno possa não apenas se entreter, como se interessar por mais de uma forma exposta ali. Desta feita, existe as problematizações sociais, ideologias implícitas, a “historização” temporal do período. Sendo dessa forma que, poderíamos trabalhar filmes tanto documentários, como ficcionais, uma vez que, mesmo sendo ficcional o mesmo se estabelece em um determinado tempo e espaço, logo, teria certamente questionamentos e problematizações sobre suas posições. Resultados 26 A pesquisa ainda está em seu início, certamente havendo espaço para desenvolvimento de teorias e resultados mais oportunos. Desta feita, apresento aqui, um trabalho que, mesmo sendo relato de pesquisa, pode dialogar com o campo experimental, uma vez que como professor do município, tenho buscado implementar produções cinematográficas em sala de aula. Considerações Finais Desta feita, é de intenção desta pesquisa, proporcionar ao professor medidas para dinamizar e desenvolver aulas que possam envolver um maior número de alunos, trazendo produções cinematográficas que possam aguçar o pensamento e imaginação do aluno, fazendo o mesmo entender que não foi um dia “sem aula”, e sim uma aula diferenciada, onde o mesmo terá a oportunidade e facilidade de conhecimento maior se estiver envolvido com o projeto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERRO, Marc. Cinema e História. São Paulo: Paz e Terra, 1992. NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema em sala de aula. São Paulo: Contexto, 2003. 27 SOBRE MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: O QUE PENSAM OS ESTUDANTES DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE GARANHUNS SOBRE O TEMA? Halda Simões Silva 5 Letícia Mayanne da Silva Oliveira6 Lidianne Cordeiro da Silva7 Apresentação Muito tem se discutido sobre Educação Patrimonial, como meio de proporcionar conhecimento crítico e conscientização à população. Ações empreendidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, bem como outras instituições são relevantes nesse âmbito, fomentando a discussão sobre o que é o porquê da preservação patrimonial. Em que pese as discussões e ações encetadas por tais entidades, estas ações se reduzem no geral, às chamadas 'cidades históricas'. Percebe-se a dificuldade na implementação dessas atividades no interior de Pernambuco. Indícios dessas dificuldades também são percebidos nos espaços escolares de Garanhuns, como se infere nos resultados da pesquisa realizada no projeto Patrimônio Cultural em Garanhuns, fomentado pelo IFPE-Garanhuns. Introdução É recorrente na atualidade, o discurso sobre a necessidade de que estudantes sejam participantes do processo de Educação Patrimonial, de forma a conscientizá-los sobre a proteção dos bens culturais, como meio de fortalecimento histórico, e de consolidação do direito à história e à cultura. Na perspectiva escolar, as ciências humanas podem corroborar com a educação patrimonial, notadamente através do ensino de História, de modo a relacionar os conteúdos e vivências dos sujeitos. O projeto de pesquisa Patrimônio Cultural em Garanhuns, fomentado pela Assistência 5 Licenciada em História pela Universidade de Pernambuco. Técnica em Assuntos Educacionais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) – Campus Garanhuns. Atualmente orienta o projeto de pesquisa Patrimônio Cultural em Garanhuns, realizado junto a estudantes do IFPE-Garanhuns. 6 Discente do 2° ano do curso técnico em Eletroeletrônica do IFPE-Garanhuns. 7 Discente do 2° ano do curso técnico em Eletroeletrônica do IFPE-Garanhuns. 28 Estudantil do IFPE-Garanhuns, preocupou-se em investigar a compreensão dos discentes sobre patrimônio, história da cidade, dentre outros aspectos. Metodologia As participantes da pesquisa elaboraram um roteiro com nove questões, envolvendo questões referentes a patrimônio cultural e história de Garanhuns. O questionário foi aplicado em turmas de nono ano de seis escolas da rede municipal, onde 180 estudantes responderam ao questionário. Discussões Extraímos do roteiro elaborado para os estudantes, os resultados das principais questões abordadas: Sobre o conceito de Patrimônio, dos 180 estudantes, 105 responderam a questão, no entanto, apenas 63 desses estudantes tiveram uma resposta que estava numa escala satisfatória. Os demais deixaram a questão sem resposta; 75% dos estudantes afirmaram não saber a diferença entre patrimônio material e imaterial; 33% dos estudantes consideraram insuficientes seus conhecimentos sobre o tema “patrimônio”, ao tempo em que outros 12% consideraram seus conhecimentos ruins, 32% razoável, 20% bom e 3% excelente; 65% dos estudantes afirmaram já ter estudado sobre a história de Garanhuns, ao tempo em que 35% responderam negativamente; Sobre o patrimônio que representa Garanhuns, 22% responderam Relógio das flores, 5% Cristo do Magano, 4% Centro Cultural, 3% FIG, 2% Praça Mestre Dominguinhos, 1% Santuário Mãe Rainha, 4 % Parques da cidade, 8% outros e 51% não responderam. 43% consideram importante a preservação do patrimônio local, e 57% responderam que não consideram. Somamos os resultados obtidos o fato de que a escola deve ser um espaço de ampliação cultural para os estudantes (CANDAU, 2010), ocorrendo a reprodução social dos conteúdos no currículo (LAGE, 2013). No espaço escolar, não devem ser vivenciados apenas conhecimentos 29 formais. É necessário que sejam engendradas práticas que reportem às experiências dos sujeitos, aproximando-se também da história local. Esse espaço de experiência deve transcender às gerações (ARENDT, 2014). Todos os estudantes devem ter direito à memória, à história e à cultura. Considerações Finais Ante o exposto, percebemos as fragilidades dos estudantes no que se refere a conhecimentos sobre patrimônio e sua relevância. Os resultados ainda dão indícios da carência no espaço escolar em trabalhar a educação patrimonial com os estudantes, uma vez que a maior parte deles teve dificuldades em responder às questões propostas. Não se pode esquecer que os conteúdos ministrados na escola não podem ser desvencilhados da realidade que cerca o discente. Realçamos o dado que traz inquietude, onde a maioria dos estudantes consultados não considerou importante a preservação do patrimônio local. Este fato preocupou os integrantes deste projeto, o que gerou a elaboração de um minicurso que possibilitem aos estudantes um conhecimento sobre patrimônio mais sistemático. Em nenhum momento pretendemos desresponsabilizar o Poder Público no sentido de pensar ações nesse sentido, na perspectiva escolar, mas observamos a necessidade de contribuir com esse processo educacional, diante das fragilidades observadas. REFERÊNCIAS ARENDT, H. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014. MOREIRA, A. F; CANDAU, V. M. Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. Petrópolis: Vozes, 2010. LAGE, A. Educação e movimentos sociais: caminhos para uma pedagogia de luta. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2013. 30 HISTÓRIA LOCAL E ENSINO DE HISTÓRIA: A FORMAÇÃO HISTÓRICA DE CRIANÇAS DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Fernandina de Andrade Alves8 Marta Margarida de Andrade Lima9 Danielle Ferreira10 Introdução O presente relato apresenta como tema central a história local como objeto e fonte de aprendizagem nas aulas de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Os estudos de história local proporciona aos alunos a capacidade de interpretar criticamente o seu entorno tanto na escola como nos diferentes espaços de convivência, ao mesmo tempo em que “facilita a estruturação do pensamento histórico e de lhes fornecer um quadro de referências que os ajude a tomar consciência do lugar que ocupam no processo de evolução espacio-temporal das comunidades local e nacional” (MANIQUE e PROENÇA, 1994, p.5). Este trabalho tem como objetivo descrever três momentos do Programa Institucional de Bolsa de iniciação à Decência-PIBID desenvolvido na Escola Municipal São Francisco de Assis, localizada no município de Garanhuns-PE, com alunos do 5º ano do Ensino Fundamental. As aulas descritas abaixo foram pensadas como momentos de estudo de campo, onde as crianças entraram em contato com diferentes sujeitos e lugares para a coleta de informações sobre a cidade. Os espaços selecionados foram o Instituto Histórico e Geográfico de Garanhuns e o Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcante e, por fim a realização de uma Gincana educativa realizada no anexo da Escola Simoa Gomes, na mesma cidade. Metodologia 8 Graduanda e Pibidiana do Curso de Licenciatura em Pedagogia, na UFRPE/UAG. E-mail: [email protected] 9 Professora do Curso de Licenciatura em Pedagogia, na UFRPE/UAG. Historiadora. Doutora em Educação UNICAMP. E-mail: [email protected] 10 Professora do Curso de Licenciatura em Pedagogia, na UFRPE/UAG. Pedagoga. Mestre em História UFRPE. E-mail: [email protected] 31 As aulas de campo foram precedidas de roda de conversa, exposição de fotografias com aulas expositivas e atividades impressas. A ida aos locais acima citados aconteceu com a presença de dois grupos distintos de alunos, como mostra as imagens abaixo: Figura 1 e 2: Instituto Histórico e Geográfico de Garanhuns Figura 3 e 4: Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcante As aulas de campo contribuíram para o desenvolvimento das habilidades, tais como: observação, identificação e organização de informações dos alunos envolvidos na realização das aulas, reconhecendo as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas como parte integrante do patrimônio cultural garanhuense. Para os alunos, a proposta propiciou-lhes aprender mais sobre a história de Garanhuns e compreender melhor a realidade que os cerca, atendendo, assim, a necessidade relatada pelos próprios estudantes quando mencionaram, durante o planejamento das aulas de campo, que não tinha tido ainda essa experiência na escola e ressaltaram que tinham curiosidade em conhecer mais história da cidade em que vivem. 32 Inicialmente, foram abordadas as temáticas referentes à política, economia e cultura garanhuense no decorrer das aulas, com ênfase nas especificidades e curiosidades da história do Município buscando entender a construção da cidade ao longo do tempo. Pois se esperava que os alunos conhecessem a história não apenas pelas informações dos livros didáticos e das aulas na escola, de maneira passiva, mas como algo construído no tempo e que de forma participativa, também se pudessem ver como parte dessa história. Como produto destas aulas de campo foi proposto para os alunos uma Gincana de História, na qual tinham algumas tarefas a serem cumpridas. A primeira delas foi: a equipe “Amigos para sempre” sorteou perguntas referentes aos espaços visitados, para serem feitas aos alunos da equipe “Educação” e vice-versa, a resposta correta acumulava pontos distribuídos pelas professoras convidadas para participarem do júri. Na segunda etapa as equipes levaram objetos antigos que remetesse ao tema da história local e serem utilizadas como fontes históricas, pois como afirma Boito, (2004, p. 09) (...) fonte histórica é todo e qualquer material utilizado pelos historiadores para produzir um conhecimento histórico sobre o passado que investigaram. Material este que se torna fonte histórica a partir do momento em que o historiador o utiliza. Portanto, dependendo do objeto de estudo adotado, qualquer bem cultural pode transformar-se em fonte histórica. A terceira etapa foi à montagem/colagem de fotos do Instituto Histórico e Geográfico de Garanhuns e do Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcante. E por fim a leitura dos relatos dos grupos da ida a aula de campo, enfatizando a entrevista realizada com o Professor Cláudio Gonçalves. Sendo finalizado com as provas concluídas e o somatório dos pontos, a equipe vencedora foi ‘Amigos para sempre’. Considerações Finais Este trabalho foi bastante satisfatório, pois possibilitou uma aprendizagem significativa sobre a história local a partir da atividade de investigação e uso de diferentes fontes, para que os alunos exercitassem a formulação de perguntas e hipóteses sobre a construção da história, o que torna possível a desconstrução da ideia de história como uma verdade única a ser aprendida em algum momento do processo de escolarização. Assim com também, de que a história local é o ponto 33 de partida para o conhecimento do seu entorno e a elaboração das relações entre essa e outras histórias, de outros lugares, em tempos diferentes. REFERÊNCIAS: BOITO, Dirce Josefina Longhi. Fontes históricas no ensino de História Local. Secretaria de Estado da Educação – Programa de Desenvolvimento Educacional, 2004. MANIQUE, Antônio P.; PROENÇA, Maria C. Didática da história. Patrimônio e história local. Lisboa: Texto Editora,1994. 34 O CONCEITO DE TEMPO HISTÓRICO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: O QUE NOS DIZEM AS PESQUISAS DIVULGADAS NOS ANAIS DOS SIMPÓSIOS DA ANPUH E ENPEH (2000 A 2010) Rosalina Emília Gueiros de BARROS11 Marta Margarida de Andrade Lima12 Apresentação Este trabalho apresenta um levantamento das produções acadêmicas apresentadas nos Simpósios da Associação Nacional de História (ANPUH) e do Encontro Nacional de Pesquisadores do Ensino de História (ENPEH), do período 2000 a 2010 acerca sobre o conceito de tempo histórico nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Entende-se que o desenvolvimento do conceito de temporalidade na fase inicial de escolarização é um importante contribuinte para o entendimento do presente, oportunizando os discentes a entenderem o passado, para pensarem no futuro-presente. Realizou-se uma análise temática baseada nos eixos: problematizações; objetivos; referenciais teóricos utilizados e metodologia praticada. Introdução A disciplina de História, desde o século XIX, foi abordada de forma linear e cronológica, apresentando os fatos de maneira sucessiva, dentro de uma perspectiva hegemônica, assim, sendo concebida por valores e concepções que fazem parte de um pequeno grupo que domina a sociedade. Como coloca Pagés (2010) o trabalho com os conteúdos históricos que explore a perspectiva de diferentes temporalidades, ou seja, que não se detenha a uma abordagem cronológica das experiências sócio-históricas ao longo do tempo nos anos iniciais do Ensino Fundamental auxilia as crianças a compreenderem melhor o presente de um tempo passado e a aprenderem a intervir no tempo futuro de um presente. O entendimento do passado propicia aos alunos compreenderem o mundo que os rodeia, e como as ações humanas ao longo do tempo foram transformando a sociedade até os dias atuais. 11 Licenciada em Pedagogia – UFRPE/Unidade Acadêmica de Garanhuns / UAG. 12 Dra. em Educação / UNICAMP ; Professora Adjunta /UFRPE-UAG; Área de atuação: Ensino de História. 35 Essa pesquisa teve por objetivo construir uma análise qualitativa, destacando a problematização e os objetivos traçados pelas produções analisadas. Também foi identificado nessas produções os locais institucionais de produção; o referencial teórico utilizado; o gênero e a metodologia utilizada. O ensino do conceito de tempo histórico envolve as relações a priori dos alunos ao chegarem à escola com suas experiências diárias. Miranda (2010) nos diz que os saberes construídos pelas crianças não são somente aqueles dialogados dentro da escola, as crianças constroem seus saberes advindos dos muitos lugares onde estão imersas, exemplo, da escola, da família, e da comunidade. Metodologia O levantamento de dados dessa pesquisa foi realizado nos Anais da Associação Nacional de História (ANPUH) e nos Anais do Encontro Nacional de Pesquisadores do Ensino de História (ENPEH) entre os anos 2000 à 2010, um decênio. As produções analisadas se dividem em cinco temáticas relacionadas, por sua vez, à centralidade das problematizações que busca discutir: (i) a concepção de tempo histórico dos professores de História nos anos iniciais; (ii) o desenvolvimento da noção de temporalidade das crianças nos anos iniciais; (iii) a importância do desenvolvimento das noções de temporalidade nos anos iniciais para a aprendizagem da História; (iv) como os livros didáticos tratam/abordam a construção da temporalidade para professores do ensino de História nos anos iniciais; (v) a materialização do ensino do desenvolvimento do tempo histórico nos currículos do ensino de História. A temática com maior número de produções realizadas é a que aborda a concepção de temporalidade dos professores e como eles a utilizam ao ensinar os conteúdos da disciplina de História. Verificamos que cinco das treze pesquisas dizem respeito a essa temática. Os textos salientam a importância de pensarmos como os professores dos anos iniciais concebem o tempo, como o tratam e como utilizam suas memórias, suas experiências e estabelecem relações das ações do passado com as ações do presente, ou, se conseguem perceber as relações que os tempos – presente, passado e futuro – mantem, partindo, inicialmente, da sua própria concepção de tempo vivido. Conclusões 36 Observamos que entre os anos investigados o debate acerca desse assunto teve um aumento significativo e que a perspectiva situa-se mais proximamente do aprendizado das múltiplas temporalidades e do conceito de tempo dos docentes que ministram essa disciplina. No decorrer dessa pesquisa nossos questionamentos estiveram vinculados ao que diz respeito ao desenvolvimento da noção de temporalidade nas crianças nos anos iniciais, sendo o desenvolvimento dessa noção fundamental para a estruturação do pensamento histórico. Em seus trabalhos Siman (2003) aborda a questão da temporalidade, a referida autora atenta para o fato de que o desenvolvimento dessa capacidade do pensamento é um assunto complexo, e que pode vir a ser desencadeado nos anos iniciais por meio de atividades que sejam significativas para as crianças. E que o ensino de História pode oportunizar o entendimento de um tempo não vivido por elas e que desempenha um papel crucial na formação dos sujeitos em formação, pois, é essa que dá subsídios para o desenvolvimento da identidade individual e coletiva. REFERÊNCIAS MIRANDA, Sônia R. Estranhos passados encontrados em um museu: a criança e seus olhares sobre o tempo desconhecido. Cadernos CEDES, Campinas, v. 30, n. 82, p. 368-382, 2010. PAGÉS, J. e SANTISTEBAN, A. O ensino e a aprendizagem de tempo histórico no ensino primário. Cadernos CEDES, Campinas, v. 30, n. 82, p. 291-310, 2010. SIMAN, L. M. C. A temporalidade histórica como categoria central do pensamento histórico: desafios para o ensino e aprendizagem. In: De Rossi, V. L. S.; Zamboni, E. (Orgs.). Quanto tempo o tempo tem! Campinas: Alínea, 2003, p.109-144. 37 ENSINO DE HISTÓRIA E FOTOGRAFIA: POSSIBILIDADES DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Iris Priscila Lins de Andrade Cordeiro 13 Danielle da Silva Ferreira 14 Introdução Desde o final dos anos 1980 e início dos anos 1990 vem crescendo e se consolidando de forma acentuada a necessidade de assinalar novos caminhos no que se refere às práticas de ensino de História no Brasil. Atualmente existem vários materiais didáticos voltados para o ensino desta disciplina que utilizam-se de fontes diversas como textos, imagens, fotografias, cinema, literatura, dentre outros. Dentre as diversas fontes sugeridas e trabalhadas no conhecimento histórico escolar contemporâneo, destacamos neste trabalho a fotografia. Para nós, como afirma Fonseca (2009, p. 189) “as imagens constituem fontes importantíssimas para o processo de ensino e aprendizagem, pois ampliam o olhar, possibilitam o desenvolvimento da observação e da crítica”. Percebemos, a partir disto, o quanto é relevante que o professor esteja atento aos usos dessas fontes, utilizando-as de maneira que leve aos alunos desde os anos iniciais do Ensino Fundamental a dialogarem entre o real e o representado por meio da fotografia. Assim, o presente trabalho se constitui em uma análise sobre o Ensino de História no município de Jucati, tendo como objetivo geral analisar aspectos relevantes do uso da fotografia enquanto linguagem pedagógica para o Ensino de História em uma turma de 3º ano do Ensino Fundamental, bem como discutir sobre a utilização da fotografia como fonte histórica, descrevendo e analisando a proposta de intervenção desta pesquisa. Materiais e Métodos Esta é foi uma pesquisa ação, desenvolvida em uma comunidade escolar específica, considerando a abordagem qualitativa, onde os dados foram coletados a partir de cinco intervenções em uma escola da rede pública municipal de Jucati. Essas aconteceram enfocando o uso de fotografias como fontes históricas, contemplando fotografias da cidade de Jucati para discutir o tema “Vivência nos espaços da localidade”, dando ênfase aos espaços urbanos e em especial a praça 13 Pedagoga- UFRPE/UAG. Pós-graduanda em Educação Especial Inclusiva- UNOPAR. E-mail: [email protected] 14 Pedagoga - UAG/UFRPE. Especialista em História UPE/Campus Garanhuns. Mestre em História UFRPE. Professora Substituta do curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns. Email: [email protected] 38 da cidade. Tal temática está relacionada ao núcleo conceitual “Sujeito histórico, tempo e fontes históricas” proposto nos Parâmetros para a Educação Básica no Estado de Pernambuco (2013). Dividimos a intervenção em 5 aulas, sendo as atividades foram aplicadas em uma turma de 3º ano do Ensino Fundamental, com alunos na faixa etária de 8 a 10 anos de idade. Escolhemos essa faixa etária porque segundo Cooper (2006), “Crianças de 7 anos fazem inferências sobre fonte visual (p. 186)”, percebendo as mudanças e permanências, bem como relacionando a fotografia com a época em que a mesma foi fotografada. Discussão Optamos pelos estudos por temas por acreditar, assim como Fonseca (2009), que no trabalho assim organizado “[...] ampliam-se a compreensão da historicidade das ações, a diversificação de registros e fontes e o trabalho inter e transdisciplinar em sala de aula (p. 78-79)”. Sendo assim, na primeira aula, foram feitos alguns questionamentos para que os educandos identificassem as ações cotidianas dos múltiplos sujeitos históricos como constituintes da história do grupo social do qual fazem parte, bem como identificar e sistematizar as ideias históricas que os alunos já possuem sobre o tema. Em seguida, propomos uma visita na praça principal da cidade em paralelo a utilização de fotografias atuais do referido espaço, pois como concluiu Oliveira (2003), as crianças pensam o passado a partir do seu presente. Tendo por base Fonseca (2009), foram feitos alguns questionamentos a medida em quem as crianças iam manipulando as fotografias, tais como: “O que é esse espaço para vocês? Com que frequência vem a esse espaço? O que fazem quando estão aqui?”. Os alunos relacionaram os lugares que foram tiradas as fotografias com os ambientes onde estavam naquele momento. Diziam: “essa foto foi tirada aqui onde a gente tá!”, “esse carro aqui da foto é esse que tá aqui perto de nós”, colocando-se assim nas posições onde o fotógrafo registrou tal fotografia. Ao voltarmos à sala de aula, retomamos os assuntos tratados na praça a fim de contemplar os alunos que, de alguma forma, não estiveram tão atentos ao que foi questionado na aula-campo. Na segunda aula, retomamos ao tema abordado na aula anterior fazendo alguns questionamentos sobre o que fora visto até o momento. Em seguida, os alunos foram divididos em 5 grupos, sendo distribuídas algumas fotografias antigas entre eles com o objetivo de reconhecê-las como forma de registro da história da localidade. Ao final dos questionamentos sobre as fotografias, retomamos sobre a relevância dessa fonte histórica como forma de representar o passado. 39 Atentamos para o fato de que a fotografia apresenta momentos diferentes de vivências na praça e da praça, fazendo comparações entre as fotos antigas e as atuais. Na terceira aula, propomos a construção de uma entrevista junto com os alunos. A medida que eles davam as sugestões de perguntas a serem feitas aos seus pais e vizinhos, nós íamos escrevendo-as no quadro. Assim, nesta aula tentamos estimular os alunos a produzirem a sua fonte histórica, a entrevista, por meio do relato oral e a escrita, percebendo-a como meio de conhecer o passado, podendo através dela também reconstruir histórias. Propomos, na quarta aula, com o objetivo de reconhecer o relato oral (entrevistas) enquanto fonte histórica possível de análise em confronto com a fotografia, uma roda de conversa e exposição das entrevistas realizadas pelos alunos. À medida que os alunos iam lendo as entrevistas que realizaram, retomávamos informações obtidas através das fotografias vistas nas aulas anteriores a fim de fazer um cruzamento das informações. Houve envolvimento dos alunos, pois somente três deles não realizaram a entrevista, diferente do que acontecia nas aulas de História normalmente, segundo relato da docente titular da sala. As entrevistas confirmaram aquilo que foi discutido nas fotografias, quando em sua maioria os familiares responderam que aconteceram muitas mudanças na Praça, focando assim como nas fotografias, mais a parte estética que contribuiu para um novo uso social do espaço. Como lidamos com uma turma de 25 alunos, e pelo fato das discussões terem se estendido, não foi possível concluir a aula no mesmo dia. Assim, necessitamos de um quinto momento e nele propomos a escrita de uma carta a um amigo imaginário, com o objetivo de registrar conhecimentos históricos sobre o tema em estudo, por meio de textos, a partir do que tinha sido trabalhado durante as aulas anteriores. Nessas produções foi possível perceber a utilização de conceitos temporais (GARCIA; SCHMIDT, 2001), como pôde ser visto na carta escrita pela aluna Juliana, ao utilizar palavras indicando temporalidade: “antigamente, hoje, com o tempo ela foi mudando”. Percebemos assim que foi possível fomentar a construção do conhecimento sobre presente/passado através da produção da aluna, o que foi percebido em grande parte da turma. Considerações Finais Acreditamos que essas atividades desenvolvidas com os alunos proporcionaram o pensar historicamente tão discutido nos dias atuais. Notamos que é possível aprender História nos anos iniciais desde que os professores criem estratégias que levem as crianças a tomarem consciência da sua própria historicidade, relacionando-a à historicidade da sua coletividade, como propõe Freitas 40 (2010, p. 180) “a aprendizagem histórica, portanto, depende, fundamentalmente, das situações de aprendizagem planejadas pelo professor”. Acreditamos também que os conceitos de sujeito histórico, de tempo, espaço e grupo social, citados por Fonseca (2009) entendidos por ela como uma preocupação central, puderam ser desenvolvidos nas atividades propostas na intervenção. Reconhecemos que o passado pode ser encontrado através das fontes utilizadas, pois os traços permanecem, sejam em fontes escritas, visuais ou orais, como defende Cooper (2006). Refletimos sobre o compromisso do professor na formação da cidadania, entendida de forma mais ampla, não apenas como o direito de participar da vida política, no sentido civil e jurídico, mas como cidadania social, que é a garantia de acesso a bens materiais e culturais. Compartilhamos das ideais de Caimi (2001) e entendemos que a escola, a sala de aula, é o espaço de construção do conhecimento, de reflexão, de diálogo, de crítica, de participação, de modo que é possível exercitar neste ambiente micro as experiências que precisam ser conquistadas coletivamente na vida em sociedade. Referências CAIMI, Flávia Eloisa. Os caminhos da história como disciplina escolar: situando algumas questões. In.: CAIMI, Flávia Eloisa. Conversas e Controvérsias: o ensino de história no Brasil (1980-1998). Passo Fundo: UPF, 2001. (p. 27-39). COOPER, Hilary. Aprendendo e ensinando sobre o passado a crianças de três a oito anos. Educar, Curitiba, Especial, p. 171-190, 2006. Editora UFPR. FREITAS, Itamar. Fundamentos teórico-metodológicos para o Ensino de História (Anos iniciais). São Cristóvão: UFS, 2010. GARCIA, Tânia Maria F. Braga; SCHMIDT, Maria Auxiliadora. Recriando histórias a partir do olhar das crianças. 1. ed. Ijuí: Unijuí, 2011. OLIVEIRA, Sandra Regina Ferreira de. O tempo, a criança e o ensino de história. In: ZAMBONI, E. (Org.). Quanto tempo o tempo tem! Campinas: Alínea, 2003. p. 145-172. PERNAMBUCO, Ministério da Educação. Parâmetros para a educação básica no Estado de Pernambuco. Recife, 2013. 41 O PATRIMÔNIO CULTURAL DE PERNAMBUCO NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA REGIONAL Danielle da Silva Ferreira15 Apresentação Objetivamos aqui analisar os livros didáticos de História, neste caso, os livros didáticos regionais como fonte histórica. Para isso, questionamos o lugar ocupado pelo Patrimônio Cultural nas obras analisadas e a organização das estratégias didáticas e as perspectivas históricas para subsidiar o trabalho docente com o Patrimônio Cultural nas aulas de História. Problematizamos também a abordagem pedagógica das obras, no sentido de saber se esta contribui para o desenvolvimento do saber histórico relacionado ao Patrimônio Cultural como espaço vivido e apreendido cotidianamente por alunos e professores, além de querer saber como as obras fomentam noções de identidade e memória no trabalho com o Patrimônio Cultural do estado. Para responder a tais questões analisamos 7 obras didáticas inseridas no Guias do Livro Didático de 2004, 2007, 2010, e 2012. Foi possível compreender que as obras didáticas regionais, em sua maioria, apresentam o Patrimônio Cultural do estado de Pernambuco como criação simbólica presente em momentos distintos da narrativa didática. Analisamos também que abordagem pedagógica preconiza o caráter informativo do conteúdo sobre os patrimônios, desprestigiando o caráter de problematização que o objeto de estudo oferta. INTRODUÇÃO O livro didático hoje é entendido como um objeto sedimentado na cultura escolar e que tem seu lugar garantido nas práticas educativas cotidianas. Essas obras são tidas enquanto representação das disciplinas escolares e do currículo, propagador de ideologias e perspectivas culturais que atendem as especificidades das diversas disciplinas. Neste caso analisamos os livros regionais de História, definindo-os como obras circunscritas em um recorte que contempla um sistema históricocultural dotado de dinâmica simbólica específica – expressões culturais, normas, rituais – relacionado a outros contextos sociais utilizado por os 4º ou 5º anos do ensino fundamental. Se propõem também a abordar a formação das definições territoriais, os diálogos estabelecidos para a construção da culturalidade dos sujeitos da região, no sentido de oportunizar o trabalho com o 15 Pedagoga. Mestre em História. Professora Substituta da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns. [email protected] 42 resultado das criações humanas, dentro dos movimentos históricos engendrados no entorno do aluno. Os livros didáticos regionais de História apresentam vários temas, dentre eles escolhemos analisar especificamente as abordagens pertinentes ao Patrimônio Cultural por entendê-lo como criação do processo histórico, inserido numa dada região, produzido, material ou alegoricamente, pela ação dos grupos sociais através das atuações da tradição, da memória ou das forças simbólicas que o constroem enquanto representações. OBJETIVOS Tivemos como objetivo geral analisar as formas como os livros didáticos de História de Pernambuco organizam e interpretam os conteúdos referentes ao Patrimônio Cultural do estado. Já os objetivos específicos versaram sobre: a) Refletir sobre o livro didático regional enquanto fonte e objeto de pesquisas históricas e educacionais; Traçar um perfil sobre o Patrimônio Cultural contemplando tratamento acadêmico e discutindo a sua abordagem diante das premissas do conhecimento histórico escolar local; b) Analisar como os livros didáticos de História de Pernambuco articulam o trabalho com o ensino de História Local/Regional contemplando o Patrimônio Cultural; c) analisar as abordagens pedagógicas que envolvem os sentidos de identidade e memória relacionadas ao trabalho pedagógico com o Patrimônio Cultural. MATEREIAIS E MÉTODOS A nossa análise foi direcionada a partir do que foi apresentado em 7 livros didáticos regionais de História de Pernambuco, que são eles: História de Pernambuco de Célia Siebert (2001) Editora FTD; História – Interagindo e Percebendo Pernambuco de Lilian Sourient, Lielba Ramos e Kátia Olszewski (2001), Editora do Brasil; Interagindo com a História de Roseni R. C. Nascimento, Lilian Sourient e Rosiane de Camargo (2005) Editora do Brasil; História – Pernambuco de Francisco Teixeira, Editora Ática 1ª edição (2006), 2ª edição (2008) e 3ª edição (2011); e Pernambuco de muitas histórias – História do Estado de Pernambuco”, escrito por Erinaldo Cavalcanti, (2011) Editora Moderna. DISCUSSÃO Para discutir o que foi apreendido a partir das fontes sistematizamos as contribuições de CHOPPIN (2004) e FREITAS (2009) para pensar o livro didático e o livro didático regional, CHOAY (2004) e FONSECA (2009) na construção das noções de Patrimônio Cultural, e COOPER 43 (2012), CAINELLI (2006), OLIVEIRA e CAIMI (2014;2013) e CAIMI (2010) para discutir as demandas do ensino de História Regional/Local. Analisando a forma como os patrimônios são abordados nos livros didáticos regionais, de maneira geral, todos os livros mencionaram na sua narrativa algum patrimônio do estado de Pernambuco. Do nosso universo de pesquisa, apenas um dos 7 livros não reservou espaço específico para o tratamento pedagógico de manifestações patrimoniais, o fazendo em menções pontuais ao longo da narrativa. O patrimônio é apresentado nos livros didáticos regionais de diversas maneiras: como produção de indivíduos com ações pontuais ligados à esferas político-administrativas ou a conflitos dentro do estado, através da menção a espaços arqueológicos, lugares de memória ou ao patrimônio reconhecido pelo IPHAN, UNESCO ou FUNDARPE de cunho material, imaterial ou vivo, enquanto expressões de manifestações culturais – carnaval, maracatu, festas juninas, etc. Esse universo de patrimônios que as obras trazem também aponta para direcionamentos em relação ao trabalho com a formação identitária e da memória pernambucana, cuja articulação proposta pelas obras atua em duas frentes: a obra mais antiga indica predominantemente uma concepção de História Política com fomento a História de Pernambuco como desdobramento da História nacional e com a defesa de uma identidade gestada no seio de uma perspectiva nacionalista e a memória como sendo transmitida apenas a partir de referências político-administrativa, situando o patrimônio enquanto produto da ação de um dado governo ou sujeito. As demais obras trabalham com um perfil mais democrático de identidade e memória, ao passo em que, mesmo as que mencionam referenciais nominais ou de eventos políticos ou ainda que consideram a construção história de Pernambuco essencialmente “consequência” da História do Brasil, trabalham com manifestações culturais diversas, ainda que sob um viés expositivo. Então, apesar das obras contemplarem, de maneira ampla, uma variedade de patrimônios, alargando o espaço para a discussão sobre a formação histórico-cultural dos alunos a cada obra, observamos que a exposição das informações, em sua grande maioria, contribui de maneira restrita para a construção de sentidos históricos nos alunos. Afirmamos que esse é o elo que une todas as obras. Mesmo os livros se situando em escolhas teórico-epistemológicas e contextos temporais de produção diferentes, a opção pela informação histórica referente ao Patrimônio Cultural do estado de Pernambuco com ausência de problematização se sobressai em todas elas. 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa revelou a importância do fomento cada vez mais intenso de pesquisas que contemplem o livro didático regional como objeto de investigação histórica e pedagógica. É preciso reconhecer, nos espaços de produção historiográfica, os documentos e os lugares de produção histórica como passíveis de pesquisa histórica sem hierarquizações, incluindo nessa “desmistificação” o livro didático regional. Ao ver e dizer sobre o Patrimônio Cultural nos livros regionais de História de Pernambuco, reconhecemos o universo de tensão que essa obra passa. Embora sejam evidentes as mudanças empreendidas nas obras ao longo do tempo e com elas o alargamento do espaço ocupado pelo Patrimônio e o tipo de abordagem que os livros possuem, existem ainda muitos limites e barreiras a serem transpostas no sentido. A construção do conhecimento histórico sobre a História Regional/Local associada ao Patrimônio como subsídio histórico/pedagógico requer a superação de modelos informativos. É preciso avançar. Questionar a relação e a significação do patrimônio na vivacidade do que o aluno experiência, transformar esse patrimônio em objeto de investigação histórica sentido, pensado e vivido para e pelos alunos, para além da informação pontual, é provocação que assumimos de agora em diante. REFERÊNCIAS CAIMI, Flávia Caimi. Cultura, Memória e Identidade: o ensino de história e a construção de discursos identitários. In. ZAMBONI, Ernesta. SILVA, Cristiani Bereta. Ensino de História, memórias e culturas. Curitiba: CRV, 2013, p. 31. CAIMI, Flávia Eloisa. O livro Didático de História Regional: Um convidado ausente. In: OLIVEIRA, Margarida Maria D. de; OLIVEIRA, Almir Félix Batista. Livro Didático de História: Escolhas e utilizações. Natal: EDUFRN, 2009. 171-80. CAINELLI, Marlene. Educação Histórica: perspectivas de aprendizagem da história no ensino fundamental. Ver. Educar, Especial. Curitiba: UFPR, p. 57-72, 2006. CHOAY, Françoise. Alegoria do Patrimônio. São Paulo: UNESP, 2003. CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. Educ. Pesqui. [online]. 2004, vol.30, n.3, pp. 549-566 COOPER, Hillary. Aprendendo e Ensinando sobre passado de três a oito anos. Educar, Especial, UFPR p 171-190, 2006. FONSECA, Maria Cecília Londres. O Patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009. FREITAS, Itamar. Livro didático de história: definições, representações e prescrições de uso. In: OLIVEIRA, Margarida Dias de; OLIVEIRA, Almir Félix de. Livros didáticos de História: escolhas e utilizações. Natal: Editora da UFRN, 2009. 45 OLIVEIRA, Sandra Regina Ferreira. CAIMI, Flávia Eloisa. A História ensinada na escola: É possível pensar/agir a partir do todo? Campo Grande: Revista Interações, v15, n.1, p. 89-99, jan/jun. 2014. 46 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: INTERFACES COM A EDUCAÇÃO Mary Mayara da Conceição Tavares16 Analisando a escola através de uma perspectiva coletiva e como agente colaborador da formação humana e da inserção do indivíduo no meio social, é importante enfatizar sua importância nos debates que fazem menção a promoção de igualdade e respeito, mostrando assim uma preocupação com os Direitos Humanos. Nos últimos anos tem-se notado vários debates em relação a inserção de temas que visem a promoção de gênero e de orientação sexual nas escolas, como exemplo pode-se citar o projeto de lei que criou o Plano Nacional de Educação (PNE) que foi enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional em 15 de dezembro de 2010, no referido havia trechos que abarcavam essas questões, no entanto após ser alvo de polêmica foram retiradas do PNE. Nota-se com isso que mesmo com o alargamento das noções tradicionais do que é historicamente importante e da inserção das mulheres na história 17, além de todas as transformações ocorridas na sociedade e de todas as conquistas conseguidas pelas lutas feministas, as mulheres ainda têm muito caminho pela frente, principalmente no que diz respeito a erradicação da violência de gênero e inibição de preconceitos relacionados ao gênero feminino. OBJETIVO Pretende-se trabalhar em favor do reconhecimento da mulher como sujeito histórico e transformador da sociedade e de sua inserção na história. Além disso, propõe-se trabalhar também a desconstrução dos estereótipos de gênero, ressalvando que tanto o ser homem quanto o ser mulher são construções socioculturais e constituir reflexões acerca dos problemas advindos da desigualdade de gênero, através da análise de estudos a respeito das formas de violência de gênero na sociedade. 16 Universidade de Pernambuco/ Campus Garanhuns. E-mail: [email protected] 17 A terceira geração é a primeira a incluir mulheres. [...] Os historiadores anteriores dos Annales haviam sido criticados pelas feministas por deixarem a mulher fora da história, ou mais exatamente, por terem perdido a oportunidade de incorporá-la à história de maneira mais integral. (BURKE, 1991, p. 57) 47 REFERENCIAL TEORICO O presente resumo está sentado numa perspectiva pautada em teóricas como Joan Scott e Margareth Rago, assim como na efetivação dos Direitos Humanos em sua totalidade. Enfatiza-se que a Violência contra a Mulher tem sido apontada pela ONU como uma violação dos Direitos Humanos, como um problema de Saúde Pública, sendo responsável pela causa de doenças nas mulheres como hipertensão, ansiedade, depressão, dentre outras, além de ser apontada como um dos principais entraves ao desenvolvimento de países do mundo inteiro. Para Goldani (2000, citado por CARVALHO, 2011). A própria ONU, em suas reuniões na década de 90, considerou ser de fundamental importância se manter boas relações entre os sexos. Assim, se expandiu internacionalmente o consenso de que a igualdade entre os sexos é um pré-requisito da justiça social e do efetivo desenvolvimento econômico e social de um país. METODOLOGIA EMPREGADA Foi utilizado de rodas de conversa, questionários e dinâmicas para trabalhar o assunto exposto, tendo como lócus da pesquisa o 1º Ano B da Escola de Aplicação Ivonita Alves Guerra. RESULTADOS PARCIAIS A educação é uma das principais vias que nos possibilitam atuar para construir espaços de reflexão e possibilidades de transformação social no que concerne às relações de gênero. Com as discussões conseguimos chegar a algumas conclusões, como a de que as mulheres são oprimidas pelo sistema patriarcal, mas não são só elas as prejudicadas com isso, logo a sua desconstrução se faz necessária para uma sociedade mais justa e equânime. Mas, sobretudo, conseguimos inquietar os(as) alunos(as) possibilitando assim uma reflexão sobre como o gênero foi construindo-se socialmente. CONSIDERAÇÕES FINAIS 48 A discursão de gênero na escola, não se restringi a uma questão de militância das feministas, é uma questão emergencial e de saúde pública de e para todos(as). Só será possível chegarmos a uma sociedade equânime através da (des)educação e (des)construção dos preconceitos. Stromquist (2002), enfatiza que a inquestionável postura das instituições tais como a família, a escola e o lugar de trabalho, ao invés de descontruir, reconstituem as relações de gênero nas questões do dia a dia, são claras as manifestações de como o modelo de gênero é deixado intocável pelas numerosas politicas que visam a democratizar a vida e criar melhores cidadãos. A referida autora também dá um norte para os caminhos futuros que a escola deve seguir, mas reconhece que é um percurso ao mesmo tempo complexo e difícil, já que visa discutir e colaborar não apenas para o ensino de valores democráticos, mas também para o “empoderamento” de todos os estudantes, por meio da capacidade para analisar a subordinação de gênero. REFERENCIAS Burke, Peter. A Revolução Francesa da historiografia: a Escola dos Annales 1929-1989 / Peter Burke; tradução Nilo Odália. – São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1991. CARVALHO, Débora Jucely. A Conquista da Cidadania Feminina. Revista Multidisciplinar Da Uniesp, São Paulo, n. 11, p. 143-153 , Jun. 2011. 49 OS EFEITOS DE SENTIDO DA LEI 10.639/03 NAS CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DOCENTES: APÓS UMA DÉCADA, O QUE DIZEM OS PROFESSORES? Ana Patrícia Morais dos Santos18. Bruno Rodrigo Tavares Araujo19. Introdução Em janeiro de 2003, foi sancionada a Lei Federal 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira no ensino fundamental e médio de instituições públicas e privadas do país. O teor essencial da referida lei é promover uma educação que reconheça e valorize a diversidade das origens do povo brasileiro. Assim, interessa – nos saber, analisando os discursos e práticas dos docentes, o que mudou mais de uma década após a homologação da lei no trato das questões ligadas valorização do negro, no contexto da sala de aula. Objetivos Nesta pesquisa, o objetivo geral é identificar os efeitos de sentido da Lei 10.639/03 nas concepções e práticas docentes. E como objetivos específicos, pretendemos analisar as condições de produção desta Lei, abarcando o contexto político e econômico que impulsionaram sua redação, além de analisarmos as condições de produção do discurso dos docentes no âmbito desta legislação. Referencial Teórico As primeiras décadas dos anos 2000 trouxeram à cena histórica, política e social, um grande avanço no que diz respeito à conquista de direitos para a comunidade negra. A Lei 10.639/03 é o resultado de um intenso e polêmico debate travado nos meios acadêmicos e movimentos sociais negros, ela, a lei, é sinteticamente, uma maneira de promover a valorização da cultura africana e afro – brasileira, reparando dívidas históricas que resultaram em situações de inferiorização cultural, social e econômica do povo negro. No entanto, em trabalhos recentes (MUNANGA, 2005; ABRAMOVAY, 2006) destacam o despreparo dos professores e a necessidade de capacitá – los na luta contra as desigualdades sociais Desta maneira, faz – se necessário analisar os discursos dos professores, para 18 19 Especialista em Gestão Escolar pela Faculdade de Teologia Integrada – FATIN Mestre em História pela Universidade Federal de Alagoas – UFAL. 50 perceber se aquilo que é dito e/ou silenciado está imbricado no currículo escolar e na prática individual dos envolvidos no processo educativo. No bojo destas breves considerações, (CAVALCANTE, 2007) assinala que as condições de produção do discurso compreendem, fundamentalmente, os sujeitos falantes em constante relação com a cultura, com a sociedade e com a economia de um determinado momento histórico. Nessa inter – relação os sujeitos assumem posições em relação a determinadas formações ideológicas e discursivas. Metodologia Pensando em tudo que já se referenciou, nos objetivos elencados e análises realizadas, compreendemos a abordagem qualitativa, como sendo o método ideal para a realização desta pesquisa, pois através dela enfocaremos principalmente as interpretações dos dados em busca de ampliar conhecimentos pertinentes a temática em investigação. Na interpretação de documentos oficiais e dados empíricos, produzidos através das entrevistas, será utilizada a Análise do Discurso (AD). Resultados Não há resultados a serem compartilhados no momento, pois a pesquisa encontra – se em andamento. Considerações Diante do perverso processo histórico, sutil e encoberto do racismo, existente em nossa sociedade, que impede e dificulta o acesso das pessoas negras às reais condições de igualdade e de direito, no acesso e permanência aos espaços sociais, historicamente visto pela cultura hegemônica, como restritos a sociedade branca, a escola não pode silenciar. Neste sentido, é que ressaltamos a necessidade de se dispensar novos olhares sobre a africanidade brasileira por meio da Lei Nº. 10.639/03, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, incluindo no currículo do ensino fundamental e médio das escolas públicas e particulares, a temática da História e Cultura da África e dos negros no Brasil, entendendo serem imprescindíveis tais proposições para se construir 51 novas concepções de educação que possam ser inteiramente comprometidas no combate a todas as formas de preconceito e discriminação. Referências BRASIL, Lei nº10639 de 9 de janeiro de 2003.Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico - Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. MEC/SECAD. 2005. ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO, Mary Garcia. Relações raciais na escola: reprodução das desigualdades em nome da igualdade. Brasília: UNESCO, INEP, Observatório de violências nas escolas, 2006. CAVALCANTE, Maria do Socorro Aguiar de Oliveira. Qualidade e cidadania nas reformas da educação brasileira: o simulacro de um discurso modernizador. Maceió, Edufal. 2007. MUNANGA, Kabengele (org). Superando o racismo na escola. Brasília: Ministério da Educação, 2005. 52 RELATOS DE EXPERIÊNCIAS DE VIDAS: A LEITURA COMO PRODUÇÃO DE SABERES NA PRÁTICA INTERDISCIPLINAR Maria Josilda Ferreira da Silva20 Ramilla Laynne Teixeira de Carvalho21 O presente resumo apresenta o projeto de intervenção do PIBID interdisciplinar de história da UPE Campus-Garanhuns, que vem sendo executa desde março a novembro de 2015, na Escola de Aplicação Professora Ivonita Alves Guerra de Garanhuns, para os alunos do 7º ano “A” do ensino fundamental. O mesmo tem como primordial objetivo, trabalhar na sala de aula, a leitura e a interpretação textos por meio de gêneros literários, testemunhal e ficcional: que abordam a memória de crianças vítimas do holocausto no século XX, por meio de produções didáticas e atividades lúdicas que contribuam para o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes dentro e fora da sala de aula. E a partir desse aporte, a prática de ensino é transmitida de forma lúdica e interdisciplinar no espaço escolar, interagindo com a disciplina de História e de Português, proporcionando aos alunos, uma maior compreensão dos conteúdos didáticos. Com base nessa prática de experiências, a leitura passou a ser mais presente na vida dos estudantes, e elevou a nossa prática de pesquisa. Segundo Jorge Bondía, (2002, p. 21) “a experiência é o que nos passa, o que acontece, o que nos toca”. Seguindo esse entendimento, vimos o quanto à prática da interdisciplinaridade tem sido relevante para a ampliação do saber educacional no cotidiano da escola. No mais, a construção do subprojeto teve como viés histórico o estudo de memorias de diferentes gêneros textuais, com o objetivo de levar os alunos a refletir de forma coletiva e individual, a história de pessoas marcadas pelo preconceito social, cultural e político no século XX. Dentre elas estão: crianças e adultos da religião judaica, ciganos, negros, deficiente físico e mental, e, também homossexual. Essas realidades históricas foram desenvolvidas na sala de aula através de atividades expositivas, seguido de uma metodologia criativa e dinâmica, para assim ajudar os alunos a compreender o saber educacional por meio de imagens e produções de textos com as seguintes literaturas: A mala de Hana, A chave de Sarah, O menino do pijama listrado, e A menina que roubava livros. Essas obras por apresentar 20 Estudante do Curso de Licenciatura em História da UPE - Campus Garanhuns Bolsista do Pibid/CAPES/ UPE Campus Garanhuns. E-mail: [email protected] 21 Estudante do Curso de Licenciatura em História da UPE - Campus Garanhuns Bolsista do Pibid/CAPES/ UPE Campus Garanhuns. E-mail: [email protected] 53 uma memória de crianças com a mesma idade dos nossos educandos facilitou ainda mais o aprendizado dos discentes no espaço escolar. À medida que os alunos foram conhecendo as histórias de crianças judia como a de Sarah Starzynski de gênero testemunhal, e que mostra como foi o massacre efetuado pelos nazistas franceses aos 13 mil judeus nos campos de concentração, sendo elas crianças, homens e mulheres que viviam na França em 1942; foi possível ampliar o desenvolvimento da leitura com mais facilidade, “[...] trazer de volta o passado nunca é uma boa ideia, especialmente o que quer que tenha acontecido durante a guerra. Ninguém quer se lembrar daquilo, ninguém quer pensar nisso” (ROSNAY, 2008, p. 222). No entanto, foram essas realidades testemunhal e ficcional, que levaram os alunos ampliar o seu interesse pela leitura na sala de aula. Ou seja, foram além do livro didático. Portanto, para ampliar o saber educacional e estimular a importância da pesquisa na vida dos educandos, elaboramos um “objeto gerador” com materiais recicláveis, no intuito de avaliar o conhecimento histórico dos estudantes, através das atividades desenvolvidas pelo subprojeto interdisciplinar de março a setembro de 2015. O primeiro objeto foi à mala de Hana com 37 questões, englobando a histórias dos judeus no período da Segunda Guerra Mundial e, suas principais consequências no quadro memória da humanidade até o tempo presente. O segundo é um guarda roupa simbolizando a Chave de Sarah, com placas numeradas de 01 a 37, de acordo com a quantidade de alunos existente na sala de aula. Contudo, o jogo foi criado exclusivamente para dinamizar a aula e alargar o saber educacional dos estudantes de modo que eles aprenderam brincando. Essa prática de ensino conseguiu promover uma autoestima e interação nos estudantes, e também despertou no professor de história, o desejo de levar essa prática para outra escola que o mesmo leciona e, trabalhar com os alunos os conteúdos do livro didático. O jogo nos proporcionou ainda um estudo sobre as mulheres que tralhavam para os nazistas. Muitas mulheres eram brutais com os judeus, principalmente nos guetos da Polônia, Ucrânia e Bielorrússia na história do holocausto como mostra: (Lower, 2014, p 44). Com essa prática didática buscou-se transmitir uma competência de saberes que habilitou uma ação de valores que contribuiu de fato para os caminhos do conhecimento emocional e social dos estudantes. Vale salientar que, o objeto gerador é um meio criativo e dinâmico para se promover um entendimento histórico no ambiente escolar com mais facilidade e, os alunos também podem se tornar protagonista da sua própria história. Para isto, se faz necessário que o professor como mediador do conhecimento, procure sempre inovar a sua prática de ensino e trocar esses saberes com os alunos, para que de fato 54 aconteça o processo da aprendizagem educacional. Nesse entendimento foi possível trabalhar com a disciplina de história e de português de forma lúdica e interdisciplinar, por meio do jogo e das produções didáticas como: os livretos de cordel, cartas e postai no interior da sala de aula. REFERÊNCIAS BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. In Revista Brasileira da Educação. No. 19, Jan/Fev/Mar/Abr, Rio de Janeiro: ANPED, 2002. ROSNAY, Tatiana de. A chave de Sarah/Tatiana de Rosnay; tradução de Paulo Andrade Lemos.1ª. Ed. Rio de Janeiro, Editora Suma de Letras, 2008. LOWER, Wendy. As mulheres do nazismo/ Wendy Lower; tradução de Ângela Lobo. – Rio de Janeiro: Rocco, 2014. LEVINY, Karen. A mala de Hana uma história real/Karen Leniny; 5ª Ed. – Editora Melhoramentos, 2009. BOYNE, John. O menino do pijama listrado/John Boyne; tradução de Augusto Pacheco Calil. – 1ª ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2013. MARTINS, Maria Helena, O que é leitura? São Paulo: Brasiliense, 2005. Palavras - chaves: Prática de ensino, Histórias, Crianças. 55 HISTÓRIA LOCAL E ENSINO DE HISTÓRIA: EXPERIÊNCIA ATRAVÉS DO PIBID Graziella Fernanda Santos Queiroz22 Manoel Caetano do Nascimento Júnior23 INTRODUÇÃO O PIBID da UFPE, campus Recife, é composto por 05 equipe, de 05 alunos, divididos em 5 escolas públicas da região metropolitana. Tem o intuito de inserir os licenciandos no cotidiano escolar e, assim, oportunizar a criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que visem a superar dificuldades pontuadas no processo de ensino-aprendizagem, como por exemplo, a ultrapassagem de barreiras que opõem a teoria e a prática na docência (PIMENTA, S.G E LIMA, 2008). Quando da entrada no projeto PIBID, cada equipe ficou responsável por intervir nas, possíveis dificuldades que fossem evidenciadas no ensino de história pelos alunos através da perspectiva da pesquisa-ação. “Esse tipo de pesquisa, de acordo com Kurt Lewin, seu idealizador, objetiva-se em investigar as relações sociais e conseguir mudanças em atitudes e comportamentos dos indivíduos” (ANDRÉ, 2006, p.31). No decorrer do período de estudo das escolas (logo nos primeiros meses de atividades do PIBID/História), se evidenciou que os alunos das mesmas conheciam muito precariamente a história dos bairros no qual suas escolas estão localizadas, além de ter um ensino baseado na história global sem muitas relações com as vivências dos discentes, produzindo, para eles, pouco interesse pela disciplina. Neste sentido, a equipe considerou que poderia “intervir” naquela adversidade promovendo uma ação didática que proporcionasse aos alunos identificação com suas escolas e com o lugar em que eles vivem, para que além de aulas mais atraentes pudessem ter maior reconhecimento do local onde moram. OBJETIVOS Não raro, em observações e entrevistas com alunos, estes respondem: “História não serve de nada” ou, outros pontuam “para quê saber o que se passou? Eu nem vivo isso”, realmente, as permanências de certas práticas tradicionais podem ser o endossadores desse desconhecimento do papel da História em sala de aula. Nesse sentido os objetivos consistiram em fazer com que os 22 23 Graduanda em História da Universidade Federal de [email protected] Graduandos em História da Universidade Federal de Pernambuco [email protected] 56 alunos tivessem um ensino de História mais coerente e significativo, que partisse dos conhecimentos concretos deles – ou mais próximos – e pudesse trazer o sentido da função formativa da História na sala de aula. REFERÊNCIAL TEÓRICO Para problematizar o ensino de história foi utilizado o texto de Elza Nadai (92/93), onde se discuti os aspectos tradicionais do ensino de história que fazem com que os alunos não gostem do ensino da disciplina. Em pesquisa realizada por Helenice Rocha em seu texto: “Aula de história: que bagagem levar?”(ROCHA,2009), a partir de pesquisas que realizou em diferentes instituições sobre a representação da disciplina de História pelos alunos, ressalta que muitos deles afirmaram que o professor não dava explicações e apenas fazia uma leitura comentada com poucos momentos de explicação e diálogo. Também na pesquisa realizada pela autora, muitos alunos consideram o ensino de história sem sentido, como um conhecimento puramente do passado, demonstrando certo desinteresse pela disciplina. Além dela, Laville (1999) também foi importante nesse percurso por apresentar as batalhas políticas para se delimitar como deve ser ensinada e apreendida a história escolarizada. Para tratar do uso da História Local Schmidt (2007), Bittencourt (2009) e Rafael Samuel (89/90). METODOLOGIA Foi realizada no, primeiro momento, uma observação do problema existente; depois se divulgou o projeto e os alunos interessados em participar se inscreveram – uma média de 40 por escola. Houve a realização de oficinas de história local e sobre a importância dos bens mais próximos dos alunos, como por exemplo, patrimônio material e imaterial, além da importância dos moradores mais antigos do bairro, pois são eles que contam a história do local onde moram. Ainda aconteceu a experiência de trilhas – guiada pelos alunos – onde fomos a pontos específicos do bairro. Por fim, realizaram-se algumas entrevistas com moradores antigos, com o intuito de reconstruir a história do bairro no qual estão inseridos a partir de uma ótica popular. A escola em questão foi a de Referência em Ensino Médio “Trajano de Mendonça” no município de Recife e a escola “Estadual de Paulista”, em Paulista-PE. RESULTADOS Os resultados até agora são consideráveis, pois além da mudança aparente no comportamento dos alunos – participantes do projeto – com relação ao ensino aprendizagem de história, também 57 aconteceu de oportunizar a didatização de alguns materiais coletados, como por exemplo, trechos dos depoimentos orais, fotos e matérias de jornais antigos que se adequaram aos conteúdos estabelecidos e se transformaram em recursos de aula. CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho do PIBID tem sido importante por nos tornar aptos, ou mais adequados a agir com sujeitos da aprendizagem e tem nos mostrado que trabalhar com ensino é desafiador, mas também é recompensador na medida em que se tem retornos como o da aluna da escola Trajano de Mendonça: “O PIBID vai ser importante para mim nas aulas de História nos dias normais por que ele vai fazer um chamado muito maior, entedesse? Que eu não curto muito História, ai o PIBID ta dando uma nova luz. (Rebeca Luna, aluna do 2° ano do Ensino Médio da EREM Trajano de Mendonça)”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRE, M. E.D.A. Diferentes tipos de pesquisa qualitativa. In: Etnografia da Prática Escolar. São Paulo: Papirus,1995. pp.23-33 NADAI, Elza. O ensino de História no Brasil: Trajetórias e perspectivas. São Paulo: Revista Brasileira de História, v.13,n.25/26,set.92/ agos93 pp.143-162 LAVILLE, Christian. Guerra de narrativas: debates e ilusões em torno do ensino da História. São Paulo: Revista Brasileira de História, v.19, n.38, 1999.pp. 125-138. PIMENTA,S.G;LIMA,Maria Socorro Lucena. Estágio: diferentes concepções. In: Estágio e Docência. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2010.p.33-57. ROCHA, Helenice. “Aula de história: que bagagem levar?” In: ROCHA, H.; MAGALHÃES, Marcelo; GONTIJO, Rebeca (Org.). A escrita da história escolar: memória e historiografia. 1ª ed. Rio de Janeiro: FGV, 2009. p. 81-103. SCHMIDT,M. A.M.S. O ensino de história local e os desafios da formação da consciência histórica. In: MONTEIRO, A.M/ GASPARELLO, A.M/ MAGALHAES,M.S. (Org.). Ensino de História: sujeitos, saberes e práticas. 1ªed.Rio de Janeiro:Mauad X; FAPERJ, 2007, v.1, p.187-198. BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez,2009. SAMUEL R. História local e história oral. Revista Brasileira de História. São Paulo, ANPUH, v. 9, n. 19, p. 219-242, 1989. 58 HISTÓRIA E RPG: OU O DIÁLOGO ENTRE MARC BLOCH E DRAGÕES Pedro Paulo Gomes Soares24 Este trabalho visa explicar sobre o conceito de jogo descrito por Johan Huizinga (1980) para poder expor as potencialidades do jogo de Roleplaying Game (RPG) no ensino de História como meio de busca por novas e efetivas formas de se ensinar História. Johan Huizinga define o jogo em Homo Ludens (1980) como sendo algo inerente tanto ao ser humano quanto a outros animais. O jogo é uma atividade que prima por ser voluntário, sem voluntariedade não é jogo. É realizado em um ambiente hermético que tem a capacidade de durante determinado período “descolar” o jogador do tempo e espaço cotidiano. As regras são essenciais para o jogo e a quebra delas acarreta na quebra do ambiente em que os jogadores se encontravam. Isso não significa que as regras são impostas de forma rígida, mas geralmente são definidas sob aspecto bastante fluida. Nessa mistura de voluntariedade, ambiente particular e regras o jogo tem a capacidade de englobar o jogador num ambiente de tensão e alegria que são tratados como consequência inevitável do jogo. Basta ver o ambiente enérgico do estádio de futebol, a tensão quando o pênalti vai ser cobrado e o êxtase provocado quando o gol da vitória é marcado. Sendo um jogo de interpretação de papéis em que o aluno/jogador interpreta determinada personagem que resolve problemas em diversos contextos colocados no formato de aventuras narradas pelo professor o Roleplayng Game (RPG) consegue congregar todas essas características do jogo por Huizinga e ser uma ferramenta prazerosa para o ensino de história. Para um aluno conseguir interpretar bem determinada personagem uma ambientação é necessária visando fornecer elementos fundamentais na interpretação do seu personagem. Conhecer os limites do personagem histórico constrói um trabalho de pesquisa para o jogo que não é separado do saber histórico escolar. No decorrer do jogo problemas e desafios aparecem com a intenção de fazer os alunos/personagens interajam com o mundo cada qual com a sua personagem e com isso consiga 24 Graduando em Licenciatura Plena em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco- UFRPE e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES)/UFRPE. E-mail: [email protected]. Orientando de Lúcia Falcão Barbosa, professora no Departamento de História da Universidade Federal Rural de Pernambuco 59 solucionar esses problemas. A interação proposta entre aluno e universo criado pelo narrador visa que a articulação do conhecimento construído a partir da formação e análise da sua personagem em conjunto com o contexto histórico onde ela está inserida desemboque na composição de conhecimento histórico. O historiador em pleno exercício do seu ofício é obrigado a "viajar no tempo" e, pautado nas fontes históricas utilizadas, apagar o seu anacronismo para tentar pensar nas possibilidades de decisão duma determinada pessoa ou grupo diante de uma situação e dessa síntese conseguir fazer sua escrita da história. A semelhança entre o aluno que joga RPG com o fim pedagógico proposto acima e o historiador é clara. Ambos tomam para si o papel de personagens onde vão tentar, embasados nas informações que foram oferecidas previamente sobre eles, se inserir no seu contexto histórico para solucionar alguma inquietação (que move o jogo e a academia). Para tanto o historiador e o aluno/jogador devem ficar absortos de tal forma que suas vidas cotidianas fiquem no presente e que consigam pensar como a personagem histórica em questão pensaria. Evidente que uma busca por sentir o que o personagem histórico sentiu resulta em falha, tendo em vista que é impossível reviver o passado, este não pode ser recuperado. Vale ressaltar que o uso do RPG em sala de aula não visa tomar o lugar das aulas expositivas, pois essas exercem o papel de informar o aluno de uma forma diferente, e necessária, da abordada pelo RPG. As discussões provocadas quando um tema é exposto, a formação e descobrimento de identidades dentro das aulas expositivas reúnem componentes que fazem da aula expositiva um espaço ainda necessário. Também é importante desconstruir a afirmativa de que “com os jogos é possível aprender brincando”. É correto afirmar que “com os jogos é possível construir conhecimento de forma diferente do convencional”. Essa desconstrução não busca destituir o jogo do seu caráter divertido, mas não é correto afirmar que os jogos didáticos devem tomar como condição de existência a reprodução da fala acadêmica. Com essa finalidade o jogo acaba se tornando apenas um tradutor. Outra contribuição que o uso do RPG proporciona é a interação dos alunos entre si, a criação e desenvolvimento da capacidade narrativa e argumentativa do aluno, pois é essencial que ele se comunique de alguma forma com seus colegas e o professor para que ele consiga interpretar bem seu personagem que terá valor emocional para ele quando as condições descritas por Huizinga adentrarem na sala de aula. 60 É factível observar diversos pontos positivos entre o jogo de RPG e o ensino de História, desde elementos narrativos até o desenvolvimento de consciência histórica pelos alunos, além do empoderamento deles em saber que é possível serem protagonistas da História de forma particular. O uso de elementos primordiais da existência humana torna concebível a entrada de um universo envolvendo diversas tramas e histórias na sala de aula. Referências Bibliográficas BENJAMIM, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: EditoraBrasiliense,1987. CARRETERO, Mario; ROSA, Alberto; GONZÁLEZ, María Fernanda (Org.). Ensino de História e Memória Coletiva. Porto Alegre: Artmed, 2007. P.19-70. GIACOMONI, Marcello Paniz; PEREIRA, Nilton Mullet (Org.). Jogos e ensino de história. Porto Alegre: Evangraf, 2013. P. 09-45. HAGEN, Mark Rein; etalli. Vampiro: A máscara. 3. ed. São Paulo: Devir, 1999. HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. SãoPaulo: Editora Perspectiva, 1980. LEE, Peter. "Nós fabricamos carros e eles tinham que andar a pé": compreensão das pessoas do passado. In: BARCA, Isabel. Educação História e Museus: Actas das segundas jornadas internacionais de educação histórica. Minho: CIEd, 2003. ZANINI, Maria do Carmo (Org.). Anais do I Simpósio RPG & Educação. 1ed. São Paulo: Devir, 2002. 61 A LITERATURA DE CORDEL NO ENSINO DE HISTÓRIA : POSSIBILIDADES DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Rafael Calumby do Nascimento 25 Danielle da Silva Ferreira ² Introdução A produção desse deste trabalho teve como causa principal as discussões pedagógicas centradas no ensino-aprendizagem de História nos anos iniciais da educação básica, iniciadas na disciplina de Metodologia do Ensino de História II, levadas a efeito em sala de aula do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns. Dentre as diversas temáticas abordadas na disciplina, foram-nos apresentadas diversas formas de abordagem possíveis dentro do trabalho com ensino de História com crianças. Uma dessas maneiras é fazer-se uso de meios existentes no contexto da cultura local para, utilizar-se o conhecimento prévio dos alunos, interagir com os mesmos certificando e ampliando esses mesmos saberes sem que se deixe descaracterizar a cultura local. Nesse sentido destacamos a presença dos folhetos de cordel como artefatos inseridos no imaginário nordestino, como expressão da cultura local, instrumento político, social e histórico de expressão dos sujeitos do lugar. A literatura de cordel, ao mesmo tempo em que expressa uma forma de expressão artísticoliterária, apresenta histórias, formas de pensar, compreender e agir sobre o mundo em determinadas épocas. Reconhecendo este aspecto, Grillo (2009) afirma que “o cordel, que através de sua narrativa conta os acontecimentos de um dado período e de um dado lugar, se transforma em memória, documento e registro da história brasileira.” (117). O cordel ainda caracteriza-se como uma fonte de conhecimento ao divulgar a arte do cotidiano, ao levar a público a identificação dos autores locais e suas ideias formadoras de opinião, mantenedoras das identidades locais e das tradições literárias populares regionais. Nessa linha de pensamento, o trabalho aqui apresentado versa sobre a produção de uma obra de literatura de cordel, onde suas rimas e musicalidades podem ser 25 Pedagogo – UAG/UFRPE. Escritor, poeta e cordelista – Garanhuns ² Professora da UAG/UFRPE. Pedagoga. Especialista em História de Pernambuco. Mestre em História UFRPE. E-mail: [email protected] 62 aproveitadas em sala de aula como uma relevante linguagem alternativa para o ensino, com o objetivo de construir conhecimento, instigar a criatividade e desenvolver novos debates Materiais e Métodos Escolhemos um episódio da história de Garanhuns para narrarmos através de um cordel e a partir dessa escolha foi produzido o texto “A Hecatombe de Garanhuns” (Os fatos em literatura de Cordel). Para a produção dele tivemos como subsídio inicial a obra de José Cláudio Alves de Lima, “Os sitiados – a hecatombe de Garanhuns”, romance histórico (Recife: Ed.do Autor, 2009.). Em princípio utilizou-se do texto da obra com foco apenas nos fatos que marcaram de forma trágica aquele acontecimento, transcrevendo-os em forma de literatura de cordel. Posteriormente, na apresentação do esboço da obra na disciplina de Metodologia do Ensino de História II, dinâmicas foram realizadas em sala de aula, com discussões que contribuíram para à ampliação dos horizontes da pesquisa, enriquecendo-a com o maior número de fatos ocorridos pesquisados e registrados pelos diversos historiadores garanhuenses. Na produção do cordel levamos em consideração que tradicionalmente, o folheto tem de oito a trinta e duas páginas e sua capa tem ilustrações feitas em xilogravura; são de preço muito baixo o que os torna facilmente accessíveis, razão porque atingem um grande público, contribuindo para o incentivo à leitura; o seu aporte cultural é inestimável ao fazer abordagem às tradições culturais regionais; importantes contos e romances da literatura brasileira têm sido reproduzidos em literatura de cordel. Levamos em consideração também que quando os textos são romanceados há recursos utilizados na narrativa, tais como a descrição dos personagens, monólogos, súplicas, preces, tragédias, causos, aspectos da política, notícias diversas, nos utilizando também destes recursos literários. Discussão Pressupõe-se que a literatura de cordel é uma literatura que se mantém viva porque não fala só do passado, mas aborda fatos e coisas da contemporaneidade. Com intensidade ela se fez/faz presente no âmbito nordestino, sua comercialização no Brasil inicialmente nos finais do século XIX e início do século XX acontecia nos mercados e feiras livres pelos próprios autores. Entretanto, seu comércio e produção é exclusividade de origem nordestina. Conhecida como “folheto”, é um tipo de poesia popular de fácil leitura, mas de elaboração difícil porque requer métrica, mas isso não 63 significa que o professor não possa despertar no aluno a vontade de compor seu primeiro cordel. O tema a escolher pode ser um fato histórico ou acontecimento recente; uma experiência vivida no período das férias escolares ou mesmo um tema de ficção. Expressa ideias em linguagem simples ao alcance de quaisquer leitores ou mesmo dos ouvintes quando reunidos em volta de um cordelista postado nos logradouros públicos a divulgar o seu trabalho dando-lhe uma conotação de narrativa poética com entonação própria ou “cantando” os versos com musicalidade típica. Nesse sentido, “A Hecatombe de Garanhuns” (Os fatos em literatura de Cordel) foi um texto produzido no sentido de ofertar aos professores dos anos inicias, assim como dos demais níveis de ensino e interessados, uma obra que pudesse subsidiar práticas educativas relacionadas a história de Garanhuns. A obra organizada através de cordéis traz a velha perspectiva que marcou de forma contundentemente o Nordeste: o Coronelismo. Em Garanhuns na transição do século XIX para o século XX, perdurou o revezamento no poder municipal a hegemonia das famílias Jardim e Brasileiro. Esse revezamento foi marcado por conflitos político-eleitoreiros, suspeitas de compras de votos, mandos e desmandos dos coronéis da época. Nela podemos perceber a forma de organização da sociedade da época, tanto no contexto mais amplo do país, quanto no contexto mais local. O texto dispõe de uma linguagem que conduz a uma fácil interpretação, caracterizando-se como possível fonte de estudos histórico-pedagógicos para as escolas do município de Garanhuns. Na feitura desse trabalho, compreendemos que a literatura de cordel surge como um elemento que atribui sentido aos objetos inseridos na realidade cotidiana dos que os leem e os produzem (CHARTIER). Além disso, podemos dizer que ela faz parte de um universo de cultura popular, sendo entendida como uma categoria erudita de conceitos e práticas realizados pelos diversos sujeitos. Assim, devemos fugir do perigo de tratar as diferenças que a literatura de cordel tem em relação a outras formas de literatura como carências ou as alteridades como sendo de menor valor. Considerações Finais Pode-se concluir que a utilização da literatura de cordel posta em prática em sala de aula para o ensino de História aos alunos da educação básica, é mais um instrumento valioso a disposição do professor comprometido com a obtenção de aprendizagens significativas no ensino de História. Uma vez apreendidas as técnicas de produção do cordel, há que se pressupor as discussões 64 sobre o conhecimento histórico ali apresentado, além do reconhecimento e fomento às relações de pertencimento, que podem tronar-se molas da autoestima cultural do lugar. Além disso, o cordel como ferramenta pedagógica, produzido também por alunos e professores pode que será proporcionar a satisfação de transformar um texto histórico ou literário em poesia. O campo de pesquisa para o aprendizado nesse campo é ainda um âmbito que tem muito a ser explorado. Podese constatar através de acesso à Internet a existência de sites e blogs de inúmeros cordelistas além de vídeos tutoriais com os quais professor e alunos poderão apreciar, assimilar o modus operandi e produzirem trabalhos magníficos em literatura de cordel. REFERÊNCIAS CAVALCANTI, Alfredo Leite. História de Garanhuns, 2ª edição, biblioteca pernambucana de história municipal,18, Centro de Estudos de História Municipal, 1997, Recife-PE; CHARTIER, Roger. Cultura popular: revisitando um conceito historiográfico. In: Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 8, n. 16, 1995. FONSECA, Ildefonso. Perfil Parlamentar Século XX – Antonio Souto Filho – A essência do político no frasquinho de veneno. Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco. Recife, 2001. GRILLO, Maria Ângela de Faria. A literatura de Cordel na sala de aula. In. ABREU, Martha; SOIET, Raquel. Ensino de História: conceitos, temáticas e metodologia. Rio de Janeiro: Casa da palavra, 2009. LIMA, José Cláudio Gonçalves de. Os sitiados – a hecatombe de Garanhuns: romance histórico. Recife: Ed.do Autor, 2009. SANTOS, Mário Márcio de Almeida. Anatomia de uma tragédia: a hecatombe de Garanhuns Recife, CEPE 1992. 65 SOBRE APRENDER E ENSINAR HISTÓRIA: OS ENTRECRUZAMENTOS DOS PROCESSOS FORMATIVOS EXPERIENCIADOS POR PROFESSORAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Marta Margarida de Andrade Lima26 Este trabalho apresenta um recorte das análises sobre as relações entre os processos de socialização familiar, experiência escolar e atuação profissional como dimensões constituintes do fazer-se professor, ao longo do tempo. Particularmente, questionam-se como as experiências formativas de professoras que atuam nos anos iniciais da Educação Básica, configuram e se manifestam na produção dos saberes históricos escolares, em situação de ensino. Os resultados aqui apresentados compõe a pesquisa de doutoramento em Educação, realizada no Programa de PósGraduação da Faculdade de Educação, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Às histórias singulares que expressam experiências pessoais, modos de ser e viver alinhavamos inquietações profissionais, concepções e práticas pedagógicas que surgem nos entrecruzamentos das experiências de um grupo de quatro professoras. Tais experiências vinculamse às condições de suas possibilidades, materializam-se nas ações dos sujeitos que sofrem, alegramse, têm interesses e projetos, enfim, que estabelecem relações de interação com outros sujeitos, situados historicamente. Para o exercício deste entrecruzamento foi utilizado dois procedimentos metodológicos: a entrevista semiestruturada e a técnica do grupo focal. Esclarece-se que os nomes utilizados na identificação dos sujeitos são fictícios e foram escolhidos pelas próprias professoras, em virtude do compromisso com a preservação de suas identidades. Assim, foram analisados trechos dos relatos individuais e das discussões realizadas no grupo sobre suas vivências, relações familiares, formação escolar e convívio social, bem como sobre formação e atuação profissional, buscando estabelecer relações com seus modos de conhecer, ler e refletir sobre o saber histórico escolar. Para análise do material coletado por meio da vídeo/áudio gravação com posterior transcrição, leitura e anuência dos textos pelos autores/sujeitos, os aportes teóricos são advindos de diferentes campos das Ciências Humanas, predominantemente da História e da Educação, 26 Dra em Educação (UNICAMP); Professora Adjunta da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns (UFRPE/UAG), na área Ensino de História. 66 especialmente as categorias saberes docentes (TARDIF, LAHAYE e LESSARD, 1991), (TARDIF, 2002); experiência (THOMPSON, 1981); da relação com o saber (CHARLOT, 2000, 2005). As considerações aqui apresentadas dizem respeito às histórias de duas professoras, entrelaçadas aos sentidos e significados por elas construídos acerca da docência e da história ensinada nos anos iniciais da Educação Básica. 1. Relações entre experiências formativas e práticas de ensino Aline é uma jovem professora, natural de Garanhuns (PE), viveu sua infância em Palmeirina e hoje, depois de casada, reside em São João, município vizinho a Garanhuns. Trabalha com os anos inicias do Ensino Fundamental há 10 anos. Sua experiência de formação é marcada por conquistas baseadas na relação de cuidar do outro com carinho e exigência. Do mesmo modo refere-se à formação dos seus alunos. Atenta às singularidades, aos ritmos de aprendizagem e as demandas do grupo esta professora mobiliza os múltiplos saberes que se entrelaçam em situações de ensino e atribui ao saber histórico escolar uma contribuição significativa nesse processo. Não tendo por finalidade acumular informações, mas desenvolver competências de compreensão de causas e processos, a professora sinaliza para uma aprendizagem mediada pelos contextos culturais dos alunos. Desse modo, apresenta coerência quando se refere aos caminhos que percorre na construção da aprendizagem histórica com seus alunos. Compreende a disciplina História como um saber em construção, intrinsecamente ligado às experiências dos homens no tempo para que as crianças se compreendam como sujeitos históricos. Ao comentar sobre a relevância desses conhecimentos, Aline projeta sua responsabilidade na continuidade da escolarização dos seus alunos: “Para que eles entendam o que é História e para que não cheguem a uma 5ª, 8ª séries e ensino médio, ainda parando e pensando, História: para quê História?” Rafaela fez toda a sua escolarização em escolas da rede privada do município e se considerava uma boa aluna, responsável, estudiosa, sempre disposta a ajudar colegas e vizinhos com dificuldades nos estudos. Inclusive, é dessa experiência que ela atribui os primeiros indícios de querer ser professora, além da convivência com familiares, tias e primas que exerciam a profissão. É natural e reside em Garanhuns. Casada, sem filhos, demonstra uma forte ligação familiar. Professora há seis anos, trabalha na área rural do município no período da manhã, em uma sala multiseriada. 67 Sua opção diz respeito a uma prática docente que integre os aspectos afetivos e cognitivos na responsabilidade com a formação dos alunos. A formação de atitudes é uma constante em suas aulas. Ao trabalhar com problemáticas sociais como estereótipos regionais e variados tipos de preconceitos na perspectiva da sua desconstrução, Rafaela explicita como maior objetivo do ensino de História a formação de sujeitos sócio-históricos, situados culturalmente, capazes de “ler o mundo” pelas lentes da diversidade, mas compreendendo que respeito à diferença não é sinônimo de conformação às desigualdades. Desse modo, por intermédio da sua prática e do que indica como propósito de formação para seus alunos, é possível afirmar que a professora acredita que uma aprendizagem referenciada naquilo que faz sentido para o aluno, o mobilize a aprender e a construir um tipo diferente de relação com a escola, despertada quiçá, pelo desejo e assentada no prazer (CHARLOT, 2005). REFERÊNCIAS CHARLOT, Bernard. (2000). Da Relação com o Saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artes Médicas. __________. (2005). Relação com o Saber, Formação dos Professores e Globalização: questões para a educação hoje. Porto Alegre: Artmed. TARDIF, Maurice. (2002). Saberes Docentes e Formação Profissional. 3ª ed. Petrópolis: Vozes. TARDIF, Maurice; LESSARD, C. e LAHAYE. (1991). Os professores face ao saber: esboço de uma problemática do saber docente. Teoria e Educação. Porto Alegre: Pannonica, nº 4. THOMPSON, E.P. (1981). A Miséria da Teoria. Rio de Janeiro: Zahar editores. 68 GT 2: EDUCAÇÃO DO CAMPO, SOCIEDADE E DIVERSIDADE Coordenadores: Prof. Caetano De Carli - UAG/UFRPE - Doutora Ilca Vilela - UAG/UFRPE) 69 SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A ALIMENTAÇÃO E A RENDA DAS FAMÍLIAS RESIDENTES NAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DE GARANHUNS/PE. Andresa Lira Nutricionista formada pela UFPE. Residente de Saúde da Família com Ênfase na População do Campo pela UPE. Email: [email protected] Iris Pontes Soares Assistente Social formada pela UFPE. Residente de Saúde da Família com Ênfase na População do Campo pela UPE. Email: [email protected] Introdução A história de fugas e perseguições de negros escravizados é a base para formação de vários quilombos no território do Estado de Pernambuco. Mesmo com as vitórias conquistadas ou em andamento, “em diferentes partes do Brasil (...) os negros têm sido desqualificados e os lugares em que habitam são ignorados pelo poder público ou mesmo questionados por outros grupos recémchegados, com maior poder e legitimidade junto ao Estado” (LEITE, 2000 p. 334). Acentua-se as dificuldades de acesso aos serviços, a negação da dignidade de suas vidas pela estrutura social e econômica e o pensamento conservador no Brasil quando a essa população é somada a condição de ser pertencente à população do campo. Na perspectiva de fortalecer os espaços de promoção de saúde específicas as populações do campo a Residência Multiprofissional em Saúde da Família com Ênfase em Saúde da População do Campo (RMSC) desponta como uma experiência pioneira provocada pelas necessidades de assistência à saúde da população que, historicamente, teve seus direitos de acesso às políticas públicas negados. Em Garanhuns a RMSC se concentra nas comunidades quilombolas de Castainho, Estivas, Tigre e Estrela. Objetivos 70 Geral Desenvolver uma aproximação com a realidade das comunidades estudadas. Específico Relacionar a renda com as condições de alimentação da população. Referencial Teórico Nas formações pré-capitalistas a degradação ambiental não ameaçava a reprodução dos ecossistemas planetários, tendo em vista que os processos de apropriação dos meios naturais não configuravam, possibilidades de geração de lucro e riqueza. No entanto, a relação da sociedade com o meio ambiente transformou-se a partir do advento da burguesia enquanto classe dominante. Dessa forma, esse padrão de produção e consumo, desenvolvido social e historicamente, o qual tem como base a dominação da natureza pelo homem e de homens por outros homens gera, estruturalmente, a desigualdade, a injustiça e a utilização intensiva e ilimitada dos recursos naturais. Na contramão desse processo os povos tradicionais vêm ganhando destaque nas lutas de resistência pela terra, na preservação de seu modo de vida e trabalho e na sua relação de dependência e pertencimento ao mundo natural. Metodologia Empregada A orientação teórico-metodológica desse trabalho se fundamenta na perspectiva crítica, buscando a interpretação a partir de uma realidade concreta “é o real reproduzido e interpretado no plano ideal (do pensamento)”. (NETTO, 2011, p. 21, grifos do autor). Essa escolha busca por compreender o processo dinâmico de organização da sociedade entendendo seu caráter social, político, econômico e ambiental. (TRIVIÑOS, 1987). Esse trabalho é a sistematização de uma parte do resultado do diagnóstico situacional em saúde realizado pela equipe de residentes localizada nas comunidades quilombolas de Garanhuns. 71 Assim, para a apreensão do objeto foi utilizado como procedimento metodológico a revisão bibliográfica sobre as temáticas analisadas. Assim como, a análise documental a partir de informações colhidas em órgãos institucionais como, por exemplo, o mapeamento dos beneficiários do Programa Bolsa Família nas comunidades em questão fornecido pela Secretaria de Assistência Social do município. Resultados Segundo o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) visa o enfrentamento às desigualdades socio-territoriais, a garantia dos mínimos sociais, o provimento de condições para atender a sociedade e a universalização dos direitos sociais. A assistência social, no entanto, não garante às populações beneficiárias dos seus programas, como o Programa Bolsa Família (PBF), uma ampla proteção social. Acaba por restringir-se em prover os mínimos para que essa população garanta acesso ao consumo, mesmo que seja de produtos de primeira necessidade, dessa forma, existe uma redução do ser social a um ser biológico, natural. Estudos indicam (DUARTE, 2009 e SALDIVIA, 2010) que as famílias atendidas por programas de transferência condicionada de renda tendem a gastar uma parcela importante do benefício recebido (88%) com a compra de alimentos, principalmente para as crianças. Entretanto, o aumento na aquisição de alimentos não necessariamente indica diminuição da insegurança alimentar ou bem-estar nutricional das famílias. A realidade das comunidades estudadas indica que por essa população não conseguir se inserir no mercado formal, e muitas vezes informal de emprego, tendo dificuldades na manutenção das condições de vida das famílias, são em grande medida beneficiárias da assistência social e de seus programas, principalmente o PBF. Mais de 60% da população de Castainho utiliza do programa, em Estrela esse número sobe para mais de 67%, em Estivas para 71,2% e atinge em Tigre 92,8% da população. A renda média das famílias de Castainho com o PBF é de R$ 87,9, em Estivas de R$ 81,3, em Tigre de R$ 88,5 e em Estrela de R$ 100,7. 72 Considerações Finais Mota (2007) esclarece que com a ofensiva neoliberal dos anos 1990 e o redimensionamento do papel do Estado na gerência das políticas sociais, ao passo em que a saúde e a previdência vão ganhando tons de privatização, a assistência social passa a ter mais centralidade. Essa “centralidade”, no entanto, pode ser justificada, como uma maneira de arrefecer as contradições da relação capital-trabalho, retirando do trabalho sua centralidade e pondo na assistência social a ideologia de superação dos problemas sociais, agora desvinculados também da questão social. Referências Bibliográficas DUARTE, GB, Sampaio B, Sampaio Y. Programa Bolsa Família: impacto das transferências sobre gastos com alimentos em famílias rurais. Rev Econ Sociol Rural. 2009;47(4):903–18. LEITE, Ilka Boaventura. Os quilombos no Brasil: Questões Conceituais e Normativa. Etnógráfica, Vol. IV (2), 2000, pp.333-354. Disponível em: <http://ceas.iscte.pt/etnografica/docs/vol_04/N2/Vol_iv_N2_333-354.pdf>; Acesso em 24 de julho de 2015. MOTA, Ana Elizabete. Serviço Social e Seguridade Social: uma agenda recorrente e desafiante. In: Revista Em Pauta, Nº 20, p. 127-139, 2007. NETTO, José Paulo. Introdução ao Estudo do Método de Marx. 1ª Ed. São Paulo: Expressão Popular, 2011. SALDIVA, SRDM, Silva LFF, Saldiva PHN. Avaliação antropométrica e consumo alimentar em crianças menores de cinco anos residentes em um município da região do semiárido nordestino com cobertura parcial do programa bolsa família. Rev Nutr. 2010;23(2):221–9. TRIVIÑOS, A. N.S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. 73 HISTÓRICO DO NEGRO NA FORMAÇÃO E CONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE: A APLICABILIDADE DA LEI 10.639/2003 NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE CASTAINHO. Valmira Mendes Barbosa Pedagoga formada pela Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE, Psicopedagoga pela Universidade de Pernambuco-UPE, Especialista em Educação do Campo pela UFRPE-UAG. E-mail: [email protected]. RESUMO Neste trabalho foi discutido de que maneira está se dando o trabalho dos professores na sala de aula, com a lei 10.639/2003 na comunidade quilombola de Castainho. Neste contexto, foi realizado um estudo de caso onde analisamos a metodologia utilizada pelos professores para abordarem a lei 10.639/03, que versa sobre a obrigatoriedade da temática História da África e Cultura AfroBrasileira. INTRODUÇÃO A história do negro no Brasil foi marcada por estereótipos e rejeição a cor negra, diante de tal situação, o presidente Luis Inácio Lula da Silva passou a redefinir o papel do Estado como propulsor das transformações sociais, reconhecendo as disparidades entre brancos e negros e a necessidade de intervir de forma positiva, neste contexto. Assumiu o compromisso de eliminar as desigualdades raciais, dando importantes passos rumo à afirmação dos direitos humanos da população negra brasileira. Nesse contexto, o governo federal sanciona em março de 2003 a Lei 10.639, que altera a LDB e estabelece as diretrizes curriculares para implementação desta lei. Ela instituiu a obrigatoriedade do ensino da História da África e dos afro-descendentes,porem em 2008 foi alterada para a nova Lei 11.465, de modo que a cultura “indígena”também fosse contemplada. Para dar forma à construção teórica deste projeto, de modo a compreender os professores de História, Literatura e Artes como profissionais encarregados de veicular esse mecanismo legal, discutirei esta temática à luz da LDB (1996), Gomes (2006), Ferreira(2000), Secretaria de Educação Fundamental (1998) que têm se destacado em estudos sobre a legislação étnico racial. 74 METODOLOGIA Os procedimentos desenvolvidos neste texto foi uma pesquisa qualitativa em função da adequabilidade desse tipo de abordagem ao problema estudado. A natureza qualitativa proporciona uma situação na qual ocorre um processo de produção de sentido, em que o pesquisador e o participante estão envolvidos, pois existe a consciência de que estes se influenciam mutuamente. Não é simplesmente a observação de uma verdade pronta, mas a observação de como os sentidos são construídos pelos sujeitos da pesquisa. Para Ferreira (2000), a pesquisa qualitativa deve buscar descrever detalhando o contexto de sua realização, do caminho percorrido, permitindo uma visão caleidoscópica do fenômeno estudado. Nessa perspectiva decidimos então por realizar dentro da pesquisa qualitativa um estudo de caso. Que segundo Fachin (2005), esse método é caracterizado por ser um estudo intensivo, pois através dele é possível a compreensão como um todo do objeto trabalhado. Nesse método de investigação o número de casos é reduzido a um elemento caso, que serve como uma pequena amostra da realidade. Optou-se por esse método, pois este parece adequado a um estudo simbólico de como é aplicada a Lei 10.639/2003 em uma instituição de ensino. “Metodologicamente, os estudos de caso evidenciam ligações causais entre interações e situações da vida real; o contexto em que uma ação [...] ocorreu ou ocorre” (MINAYO, 2007, p.165). Os sujeitos pesquisados foram os alunos do Nono ano (8ª serie), por serem jovens que já tem uma opinião formada e também por estarem se desligando da escola do campo para a cidade para concluir seus estudos, os mesmos são filhos de agricultores que sobrevivem do plantio de milho, feijão, mandioca e da vage (plantações de verduras). Os professores entrevistados foram os da disciplina de Literatura, Artes, História e Geografia. Esses professores são da zona urbana e em sua maioria estagiários, ou seja, a escola sofre uma rotatividade de professores e isso contribui muito para não efetivação da lei, os professores vem de uma realidade diferente da escola que trabalha. Para coleta de dados foi realizado entrevistas não estruturadas, pois, segundo Barros; Lehfeld (2013) a entrevista não estruturada permite que uma conversa entre o pesquisador e o 75 entrevistado onde o pesquisador pode levantar assuntos quantitativos para um estudo de caso, a entrevista permite o acompanhamento e o controle mais eficaz desses dados coletados. RESULTADO E DIDCURSÃO Com base na metodologia utilizada neste trabalho percebemos que o professor também precisa tornar a história do negro como uma representação simbólica para si e para os alunos, de modo que essa história se torne uma representação social. Dessa forma, o ator social “aluno quilombola” precisa se tornar objeto de conhecimento dos professores que atuam na comunidade, para que assim possa se efetivar a construção simbólica deste sujeito. CONCLUSÕES As múltiplas dimensões do campo de estudos sobre o percurso histórico do negro na formação do Brasil refletem-se em uma história marcada por injustiças e preconceito com o negro desde sua chegada ao Brasil até os dias atuais na sociedade. Pois mesmo depois da abolição da escravatura e das lutas para combater o racismo para com o segmento negro, ainda se percebe que o estereótipo que lhe afeta ainda é bem forte na sociedade. Porém, no que se refere à educação em prol da valorização da população negra brasileira, ainda se verificam inúmeras resistências, tanto dos profissionais quanto dos alunos. Precisa-se de mais políticas públicas que atendam às necessidades educacionais. No caso específico da população remanescente de quilombos, precisa-se avançar muito mais, pois os afro-brasileiros são a população que soma os maiores índices de exclusão educacional. No entanto, a partir da aplicação da legislação a que se refere este trabalho, o (a)s gestores (as) podem contribuir para que a escola construa conhecimentos que sejam pertinentes à educação das relações étnico-raciais, contribuindo com isso na construção de um espaço de reflexões críticas no processo de ensino/aprendizagem de inclusão da Etnicidade na escola. 76 REFERÊNCIAS ANDRADE, C. A. Lutas Camponesas no Nordeste. In. Os Primeiros Conflitos. 2ª Ed. São Paulo: Ática. 1989. BARROS; LEHFELD, Projetos de Pesquisa: Propostas Metodológicas. 22ª. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicas Raciais e para o Ensino de Historia e Cultura Afro-brasileira e Africana. Brasília: MEC, 2005. ______. Educação ante-racista: caminhos aberto pela lei Federal n° 10.639/03. Brasília: MEC, 2005. ______. Lei n°10.639, de nove de janeiro de 2003. Diário Oficial da União de 10 de janeiro de 2003. CHARLOT, B.A etnografia da escola. Disponivel em: <http://www.infoescola.com> Acesso em: 26/05/2014. FACHIN, O. Fundamentos de metodologia. In. Método Cientifico. 5º. Ed. São Paulo: Saraiva 2005. FERREIRA, R.F. Afro-descendente: identidade em construção. São Paulo: EDUC, 2000. GOMES, N.L; MUNANGA, K.O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global, 2006. GOULART, I.B; BREGUNCI. M. G.Cinteracionismo simbólico: uma perspectiva psicossociologia. Disponivel em: <http://www.infoescola.com>Acesso em: 26/05/2014. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento. In. Metodologia de Pesquisa Social e Saúde. 10º Ed. São Paulo: Hucitec. 2007. 77 O DIAGNÓSTICO RURAL PARTICIPATIVO INSTRUMENTALIZADO PARA O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM SAÚDE: ASSISTINDO AO PROTAGONISMO DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS. Williane Sheema de Santana Residente Multiprofissional de Saúde da Família com Ênfase nas Populações do Campo – UPE, Campus Garanhuns. Introdução O saber não está restrito aos livros, nem aos trabalhos científicos. O saber perpassa os conhecimentos construídos e adquiridos a partir de nossas ações, da forma como vemos o mundo e vivemos na sociedade. As diversas formas de transformação da natureza, os modos de vida, os hábitos e a história que constitui cada sujeito, e este em seu convívio social, formam um conjunto de saberes e de conhecimentos que são alicerce e justificativa de sua organização socioeconômica e política. A este olhar ampliado sobre as possibilidades do saber, uni-se o conceito ampliado de saúde, e pode-se perceber a riqueza de possibilidades da mobilização popular, seja no âmbito político, na organização da comunidade, no cooperativismo econômico, na perpetuação da expressão cultural, e, principalmente, nas ações individuais e coletivas de promoção, prevenção e recuperação da saúde dos sujeitos. Nesta perspectiva, no trabalho em saúde pode-se lançar mão de ferramentas que auxiliem no processo de obtenção de informações sobre a comunidade, ao mesmo tempo em que provoquem a participação e o olhar crítico das pessoas sobre sua própria realidade. Permite-se, assim, problematizar aos homens a “sua situação concreta, objetiva, real, para que, captando-a criticamente, atuem também criticamente, sobre ela” (FREIRE, 1983. p.24). O Diagnóstico Rural Participativo (DRP) apresenta-se como uma dessas importantes ferramentas. O DRP consiste em um conjunto de ferramentas-atividades de participação coletiva que busca fazer com que a comunidade faça seu próprio diagnóstico (VERDEJO, 2006). De acordo com o conceito de Gomes et al, 2001, (in: SOUZA, 2009), nos processos de diagnósticos e planejamentos participativos, participar pressupõe divisão de poder no processo de decisão, 78 execução e avaliação dos resultados pretendidos. Ou seja, tanto a comunidade como os(as) profissionais, em conjunto, identificam, problematizam, propõe e se responsabilizam pelas ações e intervenções de promoção e cuidado em saúde para aquela população. O objetivo deste resumo é relatar a experiência de aplicação de técnicas do DRP para a construção do Diagnóstico Situacional em Saúde das Comunidades Quilombolas do Castainho, Estivas, Tigre e Estrela, pela equipe de profissionais da Residência Multiprofissional de Saúde da Família com Ênfase nas Populações do Campo da UPE. Metodologia De acordo com Pretty et al, 1995 (in: SOUZA, 2009), o DRP precisa respeitar o reconhecimento de que as populações carentes são criativas e capazes, devendo os profissionais agirem como facilitadores do processo, evidenciando a efetiva participação da comunidade. Os autores também preconizam o uso de técnicas que permitam maior visualização e compartilhamento das informações, como a confecção de mapas e diagramas; e a obtenção de informações sobre o meio rural, a partir do conhecimento das comunidades. Desta forma, aliadas à imersão dos profissionais na comunidade, à observação participante, e ao mapeamento participativo junto aos Agentes Comunitários de Saúde e lideranças comunitárias, foram aplicadas quatro técnicas do DRP: o Diagrama de Venn, a FOFA (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), a Árvore de Problemas e a Matriz de Prioridades, Em Estivas, Tigre e Estrela. Em Castainho foi aplicado apenas o Diagrama de Venn, complementado posteriormente pelo Mapa Falado. O material utilizado para aplicação das técnicas foi: Diagrama de Venn. Parede lisa; cartolina; um círculo maior e círculos de tamanhos diferentes (pequeno médio e grande), pilotos e hidrocores. FOFA. Cartolina dividida em quatro quadrantes e hidrocores. Árvore de Problemas. Pedaços de papéis retangulares; duas cangas, uma representando a copa e outra, a raiz; um pedaço de papel maior para o problema central; hidrocores e imaginação. Matriz de Prioridades e Mapa Falado. Cartolinas e hidrocores. 79 Para os encontros, realizados em tardes espaçadas, com duração total variando de 2h30min às 1h30min, foi feito convite reforçado para as lideranças e para pessoas mais atuantes na comunidade. Preconizou-se que os nove residentes participassem de todos os encontros, revezando em ter si a aplicação das técnicas; a participação ideal de, em média, 10 pessoas por comunidade; e o encerramento das atividades com um lanche celebrativo. Resultados e discussão Também interpretado como Diálogo, Reflexão e Planejamento (FARIA, 2006), o DRP, na construção de um diagnóstico situacional de saúde, permite que os sujeitos enxerguem os seus problemas e dificuldades, e problematizem de que maneira os mesmos influenciam, na promoção, ou não, da saúde da sua comunidade. Desta forma, a aplicação das técnicas participativas permitiu aos participantes levantar fatores como o acesso restrito à água; as condições e alternativas de trabalho; a problemática da baixa renda; a ausência de saneamento básico; a inexistência de transporte público; o desrespeito as características tradicionais das comunidades quilombolas e a precariedade na oferta do serviço básico de saúde. Os problemas levantados foram analisados em suas causas e conseqüências, na tentativa de visualizar o seu impacto nas questões da saúde. Os grupos e instituições que têm influência, direta ou não, sobre as comunidades também foram problematizados e envolvidos na tomada de responsabilidades. Com o estabelecimento das prioridades, a proposição de ideias resolutivas, e o encaminhamento de algumas intervenções, iniciou-se um movimento estratégico para melhoria dos fatores negativos Para fins de diagnóstico, a equipe de residentes pode perceber como se comporta uma comunidade que se organiza politicamente por meio das associações de moradores. Embora, por um lado, alguma compreensão e a mobilização efetiva esteja concentrada nos integrantes da associação, por outro ela se mostra como elemento concreto de reivindicação de direitos. Entendeu-se que o incentivo a esse protagonismo das comunidades é o caminho a ser trilhado, e não só no âmbito da saúde, para a melhoria da qualidade de vida das populações, sendo o DRP um instrumento simples e fundamental deste processo. 80 Referências. FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? Tradução de Rosisca Darcy de Oliveira. Prefácio de Jacques Chonchol.7ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983 93 p. (O Mundo, Hoje, v. 24) VERDEJO, Miguel Expósito. Diagnóstico Rural Participativo: Um guia prático. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário / Secretaria de Agricultura Familiar, 2006. SOUZA, Murilo Mendonça Oliveira de. A utilização de metodologias de diagnóstico e planejamento participativo em assentamentos rurais: O Diagnóstico Rural/ Rápido Participativo (DRP). EM EXTENSÃO, Uberlândia, v. 8, n. 1, p. 34 – 47. jan./jul. 2009. FARIA, Andréa Alice da Cunha. NETO, Paulo Sérgio Ferreira. Ferramentas do diálogo – qualificando o uso das técnicas do DRP: diagnóstico rural participativo. Brasília: MMA; IEB, 2006. 76 p. : il. color ; 23 cm. 81 RESULTADOS DE ESCOLARIZAÇÃO DE PESSOAS BRANCAS, PARDAS E NEGRAS NA REGIÃO AGRESTE DE PERNAMBUCO: UM ESTUDO COM BASE NOS CENSOS 2000 e 2010 Ricelio Regis Barbosa da Silva Moura Graduando em Pedagogia. Universidade Federal de Pernambuco- Centro Acadêmico do Agreste. Bolsista PIBIC/CNPq. E participante do Observatório dos Movimentos Sociais na América Latina(UFPE/CAA). E-mail: [email protected] Allene Carvalho Lage Dra em Sociologia. Pós-doutora em Educação. Professora do curso de Pedagogia e do mestrado em Educação da Universidade Federal de Pernambuco- Centro Acadêmico do Agreste. E-mail: [email protected] Resumo O presente trabalho é parte de uma pesquisa de iniciação científica, que foi financiada pelo CNPq, esta pesquisa teve início em agosto de 2014 e foi finalizada julho de 2015. Nesta pesquisa de iniciação científica analisamos e identificamos os resultados de escolarização das pessoas brancas, negras e pardas das regiões de Pernambuco, tomando como base os censos demográficos. Dessa forma, essa pesquisa nos mostrou uma considerável disparidade entre o quantitativo de pessoas brancas, pardas e negras entre os diferentes níveis de ensino. A partir dessa pesquisa de iniciação científica, levantamos como pergunta para este trabalho: Quais os resultados de escolarização das pessoas brancas, pardas e negras da região agreste de Pernambuco? Como objetivo geral pretendemos: Analisar os resultados de escolarização das pessoas brancas, pardas e negras da região agreste de Pernambuco. E como objetivos específicos: 1) identificar os resultados de escolarização de pessoas brancas, pardas e negras da região agreste de Pernambuco. 2) Refletir sobre os resultados de escolarização de pessoas brancas, pardas e negras da região agreste de Pernambuco. Sabendo que a história da educação brasileira nos ajuda a entender os projetos e as ideologias dos períodos políticos da história do Brasil, e sua construção e reprodução das desigualdades entre classes sociais, gênero, raças/etnias e entre campo e cidade e, as articulações e submissões dos projetos das classes dominantes aos projetos de hegemonia internacional. A história da educação rural e da educação do campo desde sempre tem sido recheada de exemplos de políticas e de gestões que a desafia como lugar de punição, de equipamentos escolares velhos ou ultrapassados, e de uma crença de alunos com poucas capacidades de aprendizagem. Assim na educação as 82 desigualdades sociais é um fato, que historicamente marca a vida dos sujeitos, em seu acesso e permanência nas diferentes escolas. Como apontam as violências em âmbito da cidadania e de direitos que as pessoas negras sofrem em todos os campos sociais. Assim, estudar a questão racial como variável para se entender a trajetória de educação, nos conduz a compreensão de como ela pode servir de instrumento de dominação ou de emancipação entre brancos, pardos e negros. Nos termos de Ianni. “a questão racial revela, de forma particularmente evidente, nuançada e estridente, como funciona a fábrica da sociedade, compreendendo identidade e alteridade, diversidade e desigualdade, cooperação e hierarquização, dominação e alienação”. (IANNI, 2004, p. 18). Considerar esses aspectos nos ajuda a desconstruir a ideia de subalternidade que permeiam as concepções racistas. Nesta pesquisa utilizamos da abordagem qualitativa em que “o grosso da analise é interpretativa”. (STRAUSS e CORBIN, 2008, p. 23). Esta pesquisa foi fundamentada com o Método do Caso Alargado que parte do Estudo de Caso convencional e ao final alarga suas implicações dentro do tema ao olhar a sociedade. Neste sentido, o Método do Caso Alargado propõe que, “Em vez de reduzir os casos às variáveis que os normalizam e tornam mecanicamente semelhantes, procura analisar com o máximo de detalhe descritivo, o caso, com vista a captar o que há nele de diferente ou de único”. (SANTOS, 1983: 11). De fato, o Método do Caso Alargado amplia o universo da análise de modo que esta possa discorrer acerca de questões importantes relacionadas com o tema presente na sociedade. A Coleta de Dados foi realizada nos Censos Demográficos publicados pelo IBGE referentes aos censos demográficos de 2000 e 2010 da região agreste de Pernambuco. Dentro desse contexto, o nosso estudo terá por bases dados com estatísticas educacionais. Nessa direção a pesquisa nos mostrou uma considerável diferença nos resultados quantitativos dos sujeitos nos diferentes níveis de escolarização. O censo de 2000 na região agreste, mostra que cerca de 44% de pessoas brancas, 3% de pessoas negras, e 51% de pessoas pardas tem o ensino fundamental completo. Na mesma região, no censo de 2010 encontramos uma diminuição de pessoas brancas com ensino fundamental, cerca de 40% de pessoas brancas, 3% de pessoas negras, e 56% de pessoas pardas declararam ter ensino fundamental. Enquanto no ensino superior a região agreste no censo 2000 apresenta cerca de 65% de pessoas brancas, 1% de pessoas declaradas negras, e 33% de pessoas declaradas pardas. Enquanto na mesma região (agreste) no censo de 2010 encontramos as pessoas brancas com 54%, pretas com 3%, e pardas com 42% declaradas ter o ensino superior. A desigualdade sociorracial (Moore, 2009) de escolarização, presente em todos os censos demográficos aqui analisados, nos possibilita refletir sobre as possibilidades em que 83 resultam essa disparidade existente entre cor/raça, como trás os próprios censos. Podemos interpretar essas desigualdades raciais nos censos, como sendo produto de uma ideologia dominante, como também uma política de “embranquecimento” do povo, a miscigenação, entre outros. REFERÊNCIAS IANNI, Octavio. Dialética das relações raciais. In: Revista de Estudos Avançados, vol.18, n.50, p. 21-30, 2004. MOORE, Carlos. Racismo & Sociedade: novas bases epistemológicas para entender o racismo. Belo Horizonte: Mazza edições, 2007 SANTOS, Boaventura de Sousa. Os conflitos urbanos no Recife: o caso do “Skylab”. In: Revista Crítica, n° 11, maio, p. 9-59. Coimbra: CES, 1983. STRAUSS, A. e CORBIN, J. Pesquisa qualitativa: técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada. Tradução: Luciane de Oliveira da Rocha. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 84 AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE TORITAMA/PE Fabiana Maria da Costa Mestre em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Assistente Social da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. RESUMO O modelo do Arranjo Produtivo Local – APL tem sido apresentado como uma alternativa de desenvolvimento local na realidade brasileira. Este estudo analisa a aplicação desse modelo no município de Toritama, no qual fica evidente o caráter de precarização do trabalho que tem assumido nessa realidade, muitas vezes em substituição às atividades do campo. INTRODUÇÃO A proposta de APL se constitui numa estratégia de desenvolvimento local como uma alternativa de desenvolvimento econômico, principalmente na realidade latino-americana, tendo em vista a tentativa de desenvolvimento e uma melhor inserção no contexto econômico internacional. A proposta do APL surge como uma forma de enfrentamento ao desemprego e como uma alternativa de produção para a “inclusão social” em regiões periféricas. Essa proposta se inspira na experiência dos distritos industriais da Terceira Itália, que se transformou num instrumento fundamental da política industrial, sobre a base da flexibilização, da cooperação e da competição. Constitui-se, na nossa realidade, em um mecanismo de inserção subordinada das economias em desenvolvimento, ao desterritorializar e descentralizar a produção, como uma forma de alavancar o desenvolvimento local. METODOLOGIA O presente trabalho se constitui em um recorte das discussões realizadas na dissertação do Mestrado em Serviço Social da UFPE (COSTA, 2012). Como procedimentos metodológicos, foram 85 realizadas pesquisas bibliográficas e entrevistas semiestruturadas com os representantes de instituições de ensino e com os trabalhadores locais. RESULTADOS E DISCUSSÃO O município de Toritama se constitui em uma proposta de APL no estado de Pernambuco e tem sido considerado um “modelo de desenvolvimento” regional. Tradicionalmente de base rural, Toritama faz parte atualmente do Pólo de Confecções do Agreste, que é responsável por 75% da produção da indústria de confecções do Nordeste, sendo o responsável por 16% da produção de jeans fabricado no país, sendo que 97,7% da população está inserida na cadeia produtiva de confecção de jeans (IBGE, 2008, apud Rodrigues, 2010, p. 251). Apesar da proposta do APL propor um desenvolvimento sustentável, com desenvolvimento econômico e social, o que se pode verificar é o alto custo que essa proposta tem para os trabalhadores, sendo fortemente visíveis expressões de trabalho precário, flexível, principalmente sob a via da informalização e do trabalho domiciliar. Uma característica bastante ressaltada no APL de Toritama é a plena ocupação, o que tem atraído um grande número de trabalhadores para o município, ocasionando um inchaço populacional (um aumento populacional de 63,4% no período de dez anos), grande parte oriunda das atividades do campo. Percebe-se que esse crescimento não é acompanhado de desenvolvimento social, segundo estudo de Rodrigues (2010), mais de 54% da população de Toritama é considerada pobre e a estimativa é de que 90,36% encontram-se na informalidade, o que pressupõe trabalho desprotegido e precário27. Observa-se no APL de Toritama a ampliação da jornada de trabalho e a intensificação da utilização da força de trabalho, bem como a utilização da modalidade de salário por peça, que carrega consigo um elemento bastante mistificador. Grande parte dos trabalhadores são 27 É precário o trabalho que se realiza sob uma mais das seguintes condições: a) em tempo parcial do dia/semana/mês, com extensas jornadas de trabalho, com pagamento por produção/serviço; b) destituído de garantias legais de estabilidade ou proteção contra dispensas, de carga horária definida, de descanso semanal e férias remuneradas, realizado em condições insalubres, sem seguridade social, segurodesemprego, aposentadoria, e licença maternidade, licença-doença, sem segurança de cobertura social no futuro ou no momento em que não mais puder dispor da força de trabalho (BARBOSA, 2007, p. 40). 86 terceirizados e trabalham no próprio domicílio, ou em pequenas facções, que muitas vezes não possui as condições ideais de trabalho e de salubridade. Desta forma, o processo de trabalho no APL de Toritama não assume um caráter público, nem protegido, a maioria dos trabalhadores não tem acesso aos direitos previdenciários, por não terem carteira assinada, têm precário acesso ao Sistema Único de Saúde – SUS, tendo em vista a precarização estrutural dos serviços de saúde, e o acesso à Assistência Social se restringe, em grande parte, ao programa de transferência de renda Bolsa Família. O processo de trabalho no município, por ser fortemente descentralizado, ocorrendo em sua maioria nos espaços residenciais ou em pequenas facções, dificulta o processo de organização dos trabalhadores enquanto classe, na busca pela melhoria de suas condições de trabalho e de vida. CONCLUSÃO No bojo do desenvolvimento de uma nova fase do capitalismo, a fase especulativa, as saídas adotadas para superação da crise iniciada em 1970 vão desde a incorporação de tecnologias no processo produtivo, investidas contra o mundo do trabalho, até a utilização de forte ofensiva no sentido de assegurar que as economias em desenvolvimento, como a da América Latina, continuem contribuindo para assegurar os ganhos do capital internacional, no contexto da divisão internacional do trabalho, provocando inflexões sobre as realidades locais, como a da realidade estudada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Rosangela Nair de Carvalho. A economia solidária como política pública: uma tendência de geração de renda e ressignificação do trabalho no Brasil. São Paulo: Cortez, 2007. COSTA, Fabiana Maria. Trabalho e qualificação profissional no Arranjo Produtivo Local de Confecções do Agreste de Pernambuco: a experiência de Toritama. Recife, UFPE, 2012. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2012. RODRIGUES, Haidée de Caez Pedroso. Trabalho e assistência social: bolsa família e reprodução da força de trabalho no município de Toritama – PE. In: Mota, Ana Elizabete (Org.). As ideologias da contrarreforma e o Serviço Social. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2010. 87 INTERCULTURALIDADE E ARTE/EDUCAÇÃO EM ESCOLA DO CAMPO Ângela Maria Alexandre Ramalho Graduanda em Pedagogia pela UFRPE/UAG A temática sobre Educação no Campo tem ganhado espaço recentemente na agenda política educacional, resultado das pressões da sociedade civil que, inspirada na experiência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST (pioneiro na elaboração de uma proposta pedagógica para o campo) iniciou uma luta por uma educação de fato “do campo” e “no campo”, rompendo assim com as antigas propostas da “educação rural” de caráter estatal, muitas vezes ligada ao interesse do mercado e pautada na ótica do fazendeiro. Destacam-se no estudo dessa temática Souza (2006), Caldart (2009), Arroyo (2004, 2007) e Molina (2010), defendendo uma Educação associada a políticas de desenvolvimento sociocultural, político e econômico dos povos do campo, pautada nos seus interesses e atendendo às suas especificidades, construindo assim uma proposta que envolve não só reivindicações por políticas públicas, mas um projeto de sociedade que rompe com o modelo neoliberal hegemônico. Apesar dessa resistência e conquistas, o que se percebe ainda são práticas discriminatórias que desfiguram a imagem do homem do campo. São vários estereótipos que se atribuem a esse sujeito dentro eles a visão do homem do campo como o atrasado, incapaz de lidar com as tecnologias ou um ser condenado a extinção. Essa desfiguração afeta profundamente os crianças e jovens o que provavelmente têm gerado a grande evasão das novas gerações do campo para a cidade. Diante desse contexto nos questionamos qual o papel da escola na colaboração do processo de identificação do estudante do campo com o seu lugar? Quais práticas pedagógicas podem ser desenvolvidas para esse fim? O objetivo deste texto é discutir uma possibilidade de trabalho na Educação do Campo através da Arte/Educação, mediante uma abordagem intercultural. A temática do interculturalismo ganhou relevância no Brasil, com a nomenclatura de pluralidade cultural, proposta pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). No entanto, a concepção de pluralidade cultural não reconhece as lutas e o processo de resistência dos diversos grupos culturais presente na sociedade. Candau (2009) discutindo o multiculturalismo, afirma que há diferentes formas de abordagens multiculturais, dentre elas a assimilacionista, diferencialista: e, por fim, o 88 multiculturalismo interativo: reconhece a inter-relação entre diferentes grupos culturais presentes na sociedade que busca “articular políticas de igualdade com políticas de identidade” (CANDAU, 2009, p. 22), por nós interpretado como interculturalismo com base em Barbosa (1998). Esta articulação não pode ignorar a relevância da identidade cultural como elemento fundamental no processo de consciência/transformação da realidade: “[...] uma educação libertária terá sucesso só quando os participantes no processo educacional forem capazes de identificar seu ego cultural e se orgulharem dele” (BARBOSA, 1998, p.15). Compreendemos ego cultural, não como um elemento de segregação e isolamento das demais influências culturais, pelo contrário, partindo de uma concepção interculturalista, reconhecemos a riqueza das relações interculturais que deve ser equilibrada ao reconhecimento das especificidades dos diferentes modos de vida dos diversos grupos sociais, para não se incorrer que a riqueza destas interações torne-se cooptação de uma cultura hegemônica em detrimento da cultura das minorias, no caso em questão, da minoria do campo. Propomos aqui um trabalho no campo da Arte/Educação que explore a cultura visual, voltado para a estética do cotidiano do estudante do campo. Acerca da Estética do cotidiano Ivone Richter (RCHTER, 2003) indica que para um trabalho intercultural se faz necessário que os estudantes reconheçam as contribuições e a beleza de diferentes grupos culturais que compõem a teia cultural de seu próprio universo de vivência. Se baseando em autores como John Dewey e Peter MacLaren, a autora defende um conceito de arte baseado na experiência estética, ou seja, aquela que envolve o sujeito em seus aspectos intelectuais e emocionais, resultando em uma consumação permeada de sentido (RICHTER, 2003). Essa visão de arte como experiência estética rompe com o conceito de arte ditado por um grupo dominante, pois reconhece a possibilidade de expressão artística em qualquer forma que ela se apresente. Assim, também no cotidiano podemos encontrar os valores artísticos. Despertar os alunos para essa consciência artística do seu lugar por meio da cultura visual significa desenvolver práticas educativas que contemple a observação e a valorização dos seus ambientes de vivência. O que pode ser materializado por meio de registros fotográficos, vídeos, recortes, colagens e demais elementos da cultura visual, estes acompanhados dos relatos das experiências estéticas dos educandos. Este trabalho deve se apoiar na Triangulação Pós- Colonialista do Ensino da Arte, teoria criada e sistematizada pela Arte/Educadora Ana Mae Barbosa, que propõe uma 89 abordagem triangular como teoria de interpretação do universo das artes e culturas visuais, que se constitui da interrelação entre três ações: ler/contextualizar/fazer Barbosa (1998). Ao propor um trabalho dentro do universo da cultura visual para a escola do campo que contemple o reconhecimento da estética do cotidiano, o professor possibilita que o estudante expresse as imagens de seu cotidiano, lê-las e interpretá-las. O que pode ser um possível caminho de valorização dos saberes e pensares dos povos do campo. Cabe à educação no contexto rural, propiciar aos estudantes que eles mostrem a sua imagem e as imagens que permeiam seu cotidiano como expressão artística visual, o que significa na visão freireana (2005) o direito à pronúncia do mundo. Para que através dessas imagens possamos ler as interfaces interculturais que permeiam as relações do estudante do campo e para que, observando e registrando o meio em que vive, este mesmo estudante reconheça a dimensão estética como dimensão política – o direito de dizer, do ponto de vista de seu lugar no mundo. REFERÊNCIAS ARROYO, Miguel Gonzalez; CALDART, Roseli Salete; MOLINA, Mônica Castagna (Org.). Por uma educação do campo. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. BARBOSA, Ana Mae. Tópicos Utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998. CALDART, Roseli Salete. Por uma educação do campo: traços de uma identidade em construção. In: CANDAU, Vera Maria; MOREIRA, Antônio Flávio (orgs). Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. MOLINA, Mônica Castagna (Org.). Educação do campo e pesquisa II: questões para reflexão. Brasília: MDA/MEC, 2010. RICHTER, Ivone Mendes. Interculturalidade e estética do cotidiano no ensino das artes visuais. Campinas, SP: Mercado de letras, 2003. 90 A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO CAMPO: A PROPOSTA DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA COM ÊNFASE EM SAÚDE DA POPULAÇÃO DO CAMPO. Ângela Maria Pereira Fisioterapeuta (UFPB); Mestre em Serviço Social (UFPB); Especialista em Economia e Desenvolvimento Agrário (UFES/ENFF) e Residente Multiprofissional em Saúde da Família com Ênfase em Saúde da População do Campo (UPE). Contato: [email protected]. Resumo O presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência em desenvolvimento da Residência Multiprofissional em Saúde da Família com Ênfase em Saúde da População do Campo, analisando a formação em saúde direcionada à população do campo. Trata-se, portanto, de um trabalho de caráter descritivo que se enquadra no gênero textual de relato de experiência. O percurso metodológico se deu com a pesquisa de referencial teórico em meios eletrônicos e entrevista com uma das coordenadoras da Residência. Considerou-se que diante da necessidade histórica de acesso a direitos sociais da população do campo, a iniciativa é parte integrante da disputa pelo direito à política de saúde da população do campo, precisando ser fortalecida através da divulgação de seus resultados. Palavras- chaves: Formação em saúde. Residência Multiprofissional. Saúde do campo. Introdução As exigências da realidade de saúde do país e da consolidação de um Sistema Único de Saúde capaz de atender às necessidades da população brasileira em sua diversidade tem demandado o investimento na formação de profissionais com sensibilidade e qualificação para as mais diversas necessidades de atenção à saúde. Nesse sentido, a proposta desse trabalho é apresentar em forma de relato de experiência, informações a cerca do desenvolvimento da experiência pioneira da Residência Multiprofissional 91 em Saúde da Família com Ênfase em Saúde da População do Campo, obtidas em entrevista e em referencial teórico pesquisado em meios eletrônicos. A Educação para o trabalho em saúde do campo. Segundo informações do Departamento de Atenção Básica (DAB) do Ministério da Saúde (MS), somente em 2005, a partir da Lei nº 11.129 as residências em saúde foram regulamentadas, sendo incluídas na categoria de cursos de Educação para o trabalho (BRASIL, 2005). Posteriormente, a Portaria Interministerial nº 1.077, de 12 de novembro de 2009 foi publicada, instituindo o Programa Nacional de Bolsas para Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde e a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (BRASIL, 2012). Nesse cenário, os esforços de modificar paradigmas de formação pautados em perspectivas fragmentadoras e mercantilizadoras dos sujeitos, desresponsabilizadas com as demandas socioeconômicas do país têm se dado apesar das contradições colocadas pela correlação de forças na luta de classes na disputa de projetos de sociedade em curso. É nessa perspectiva que a Residência Multiprofissional em Saúde da Família com Ênfase em Saúde da População do Campo (RMSFC) desponta como uma experiência pioneira, balizada na Política Nacional de Saúde Integral às Populações do Campo, das Florestas e das Águas, provocada pelas necessidades de assistência à saúde da população que, historicamente, teve seus direitos de acesso às políticas públicas negados num país onde a estrutura fundiária escravocrata, repleta de latifúndios, determina a concentração de poder político-econômico, conferindo a população do campo condições precárias de vida (UPE, 2014). Essa residência é produto de uma série de iniciativas no campo da formação em saúde desenvolvidas a partir de 2006, através da Universidade de Pernambuco (UPE) por docentes e estudantes comprometidos com a saúde pública e coletiva em articulação com movimentos sociais do campo e povos tradicionais, através das quais foi possível identificar a demanda de atenção à saúde da população do campo e a partir daí a necessidade de uma residência nessa área. A RMSFC é um curso de Pós-graduação Latu Sensu com carga horária de 5.670 horas, a serem desenvolvidas em dois anos, sendo que as atividades semanais se desenrolam em 60 horas. 92 Essa carga horária inclui 1.152 de horas teóricas ou teórico-práticas, realizadas em tempo aula presencial, organizadas inicialmente em um mês introdutório e, posteriormente, em uma semana a cada tempo comunidade com disciplinas com uma perspectiva dialética de transversalidade. A equipe multiprofissional é composta por 19 profissionais de saúde distribuídos de forma descentralizada nas Regionais de Saúde de Caruaru (IV GERES) em número de 10 profissionais e de Garanhuns (V GERES) num total de 9 profissionais, contemplando no total as especialidades de Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina Veterinária, Nutrição Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional. Essa atuação vem se dando com ações de promoção da saúde, de educação permanente, bem como de intervenções coletivas a partir de formações de grupos ou de consultas compartilhas e atenção à saúde individuais. Além de debates sobre abordagens clínicas, estágios e um trabalho final. O método pedagógico adotado é inspirado em termos na Pedagogia da Alternância. Essa proposta foi originada na França em idos da década de 1930 num contexto de pós-revolução industrial quando se verifica a valorização da cidade em detrimento do campo. Nesse contexto, a Pedagogia da Alternância surge então como “uma proposta educacional para o campo, como possibilidade de uma formação para jovens do meio rural centrada na partilha e na interação entre todos os sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. (VERGUTZ, 2012, p. 3). Considerações Finais. Tendo a universidade a função social de construir outra perspectiva de nação soberana e desenvolvida socialmente, a articulação com movimentos sociais e com a sociedade civil de forma geral se faz necessária de modo que a mesma deva ser fortalecida para que o ensino superior atenda as necessidades do povo brasileiro. Portanto, a RMSFC tem sua proposta direcionada para uma atuação que aborde o plano operativo da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta no acesso, nas ações de promoção e vigilância em saúde, na educação permanente e educação popular em saúde e no monitoramento e avaliação do acesso às ações e serviços de saúde das populações do campo, da floresta e das águas na Atenção à Saúde. 93 Referências BRASIL, Lei nº 11.129, de 30 de junho de 2005. Institui a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde no âmbito do Ministério da Educação, 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11129.htm Acesso em 24 de julho de 2015. BRASIL, Lei nº 12.513, de 26 de outubro de 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12513.htm#art16 Acesso em 24 de julho de 2015. UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO, Projeto da residência Multiprofissional em Saúde da Família com Ênfase em Saúde do Campo /Programa Nacional de Bolsas para Residências Multiprofissionais e em Área Profissional da Saúde. Recife: UPE, 2014. VERGUTZ, C.L. B. O caminho da aprendizagem na pedagogia da alternância e o sujeito alternante. PPGEdu – UNISC - CAPES Disponível em: http://www.portalanpedsul.com.br/admin/uploads/2012/Movimentos_Sociais,_sujeitos_e_processos _educativos/Trabalho/05_23_50_3216-6439-1-PB.pdf. Acesso em 24 de julho de 2015. 94 EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA EM ARTIGOS ACADÊMICOS Ilca Suzana Lopes Vilela Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo. Área de concentração: Semiótica e Linguística Geral. Técnica em Assuntos da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns. Email: [email protected]. Madalena Lopes Bernardo Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns. Email: [email protected]. RESUMO Em 2012, são estabelecidas as Diretrizes Nacionais da Educação Escolar Quilombola. A partir disso, pesquisas acadêmicas têm sido feitas para refletir sobre a questão da educação escolar quilombola. Nesta comunicação, apresentamos resultados iniciais de uma pesquisa de levantamento bibliográfico sobre essa questão. Para tanto, utilizamos tal questão como palavra-chave em site de busca na internet voltado a publicações acadêmicas. Em seguida, dentro das publicações encontradas, selecionamos apenas os artigos. Atualmente, o trabalho está na fase de elaboração de resumos que contemplem a referência completa, a descrição do objeto, do objetivo geral, do problema, da perspectiva de abordagem e dos principais resultados alcançados pelos artigos investigados. Esperamos que, na conclusão da pesquisa, tenhamos organizado informações relevantes para o conhecimento do que já foi construído e o que está por se construir sobre esse assunto. INTRODUÇÃO Depois de um longo processo de luta por uma educação específica nos Quilombos, muitas leis e atividades acadêmicas, em 2012, foram publicadas as Diretrizes Nacionais da Educação Escolar Quilombola, além de toda a fundamentação legal que orienta esse documento, define-se esse tipo de educação, suas características de organização e funcionamento, nas diferentes modalidades de ensino, seus princípios, etc. 95 É importante, além de conhecer e fazer cumprir essas Diretrizes, saber o que a universidade discute sobre elas. Com isso, propomos uma pesquisa bibliográfica para saber mais sobre isso. METODOLOGIA Essa pesquisa segue os passos das pesquisas de estudos de literatura (ECO, 2010). Primeiro, fizemos um levantamento bibliográfico a partir da palavra-chave “educação escolar quilombola”. Nesse momento, encontramos diferentes textos acadêmicos como, por exemplo, teses, dissertações, artigos. Focamos nestes últimos. E passamos a lê-los e organizá-los em resumos informativos. Esses resumos têm os itens seguintes: descrição da referência completa, do objeto, do objetivo geral, do problema, da perspectiva de abordagem e dos resultados principais alcançados pela pesquisa sob exame. Essa fase ainda não está concluída. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após estabelecer que o corpus da pesquisa seriam apenas artigos, encontramos sete com a temática mencionada (BOTÃO; NORTE, 2014, FIABANI, 2013, LARCHERT; OLIVEIRA, 2013, MIRANDA, 2012, NUNES, 2012, OLIVEIRA, 2014, OLIVEIRA; MARTINS, 2014). Destacou-se um forte uso do marco legal que fundamenta as Diretrizes. Somente, em um dos artigos (OLIVEIRA; MARTINS, 2014), a presença foi bastante reduzida. As maneiras de abordar o tema e os estudos utilizados para reflexão foram bastante diversificados. Estudos Culturais, educação e história são áreas comuns nesses artigos. CONCLUSÕES De modo geral, observamos, nesses resultados iniciais, que os artigos defendem a questão da escola como um espaço de grande importância para a identidade quilombola. Também, de que é a 96 temática da educação escolar quilombola na academia é algo muito recente e que precisa de mais pesquisas para ser mais compreendido. REFERÊNCIAS BOTÃO, Renato Ubirajara dos Santos; NORTE, Silvane Aparecida da Silva Queiroz. A Educação Escolar Quilombola no Estado de São Paulo: Novas Diretrizes. Comunicações, Piracicaba, Ano 21, n. 1, 2014, jan.-jun, p. 153-166. BRASIL. MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Brasília. 2012. ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 23. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010. FIABANI, Ademir. As diretrizes curriculares nacionais para a educação escolar quilombola: a necessária ruptura de paradigmas tradicionais. Identidade!, São Leopoldo, v.18, n. 3, ed. esp., dez. 2013, p. 345-356. LARCHERT, Jeanes Martins; OLIVEIRA, Maria Waldenez de. Panorama da educação quilombola no Brasil. Políticas Educativas, Porto Alegre, v. 6, n.2, 2013, p.44-60. MIRANDA, Shirley Aparecida de. Educação escolar quilombola em Minas Gerais: entre ausências e emergências. Revista Brasileira de Educação, v. 17, n. 50, maio-ago. 2012, p. 369-498. NUNES, Georgina Helena Lima. Educação Escolar Quilombola e Lei 10639/03: cartografias territoriais e curriculares. Identidade!, São Leopoldo, v. 19, n. 2, jul.-dez., 2014, p. 89-99. OLIVEIRA, Suely Noronha de.Educação Escolar Quilombola: uma narrativa do processo de produção das diretrizes curriculares no estado da Bahia e em nível nacional. O Social em Questão, Ano XVII, nº 32, 2014, p. 127-150. OLIVEIRA, Maria Anória de Jesus; MARTINS, Rosemary. Educação escolar quilombola: currículo e cultura afirmando negras identidades. Poiésis, Tubarão, v.8, n.13, Jan/Jun. 2014, p. 189 -202. 97 PÉROLA NEGRA: A HISTÓRIA DO ILÊ AIYÊ NUMA PERSPECTIVA DO PENSAMENTO ABISSAL Lucas Spinelli Ferreira Silva Graduando em Licenciatura em Pedagogia pela UFRPE/UAG [email protected] Para iniciarmos uma discussão aprofundada sobre o Início e a história do Bloco Afro Ilê Aiyê, é necessário compreendermos a origem do Samba-Reggae. A comunicação aborda o processo de invenção do samba-reggae, gênero criado pelos blocos afro-carnavalescos de Salvador- Bahia, nos anos 1980. Este estilo percussivo se caracteriza, em termos conceituais, pela apologia ao negro e, musicalmente, pela recriação de sonoridades afro-americanas. Sua estética mestiça conecta diversos elementos culturais elaborados na rede atlântica que originou e abrigou a diáspora negra. A primeira fonte do samba-reggae é a própria história musical baiana; os ritmos sagrados do candomblé e as expressões musicais profanas das culturas populares que se consolidaram nos carnavais da Bahia como resultado de mesclas tecidas entre o candomblé e os sambas urbanos. Outra referência fundamental é a África que sempre representou para os negros baianos uma fonte de inspiração e informação permanente e próximo. O intercâmbio com os países africanos foi fundamental não somente para ampliar a informação musical dos grupos negros, que conceberam o gênero, mas também para o delineamento das diversas áfricas que alimentam o imaginário dos blocos afro. Mas, para compreender a criação do samba-reggae é preciso ainda ir aos EUA da soul music, de James Brown, dos Jackson Five, dos slogans do black power que celebram o orgulho étnico e inspiram um modelo negro de imagem. A luta por um melhor posicionamento dos negros na sociedade americana não passou despercebida a blocos afro como Ilê Aiyê, Olodum, Ara Ketu, Muzenza, Male Debalê, entre outros nomes do movimento musical afro-baiano. O samba-reggae está pautado tanto na tradição percussiva brasileira quanto nas referências transnacionais que chegam através das mídias e contatos culturais que conectam à rede atlântica. A maior população negro-mestiça do país reinterpreta os pilares do movimento e faz a passagem do black ao afro e do soul ao ijexá. As informações musicais que chegavam a Salvador, a 98 partir dos discos e das imagens de artistas negros norteamericanos, influenciaram o comportamento dos negros baianos. No bojo das importações chegavam a música soul de James Brown, o rock de Jimi Hendrix e a coreografia do conjunto Jackson Five, com um Michel Jackson ainda adolescente. Pouco a pouco foi-se formando um modelo negro de imagem. Esta estética norte-americana foi assimilada inicialmente pelos negros baianos responsáveis pela criação do Ilê Aiyê, em 1974. Embora ritmicamente se mantivesse fiel a mesclagem entre samba e ijexá, as letras das canções apontavam um intercruzamento ideológico entre Bahia, EUA e Jamaica. Note-se no trecho da canção “América Brazil”, do Ilê Aiyê: “Sou Ilê Aiyê da América africana/ senzala barro preto Curuzu/ sou negro Zulu/ Garvey, Liberdade e Brooklin Curuzu Aiyê/ Johnson com seu pulso/ encantou a todo o mundo/ Jimi Hendrix com seu toque universal/ reverendo Luther King/ a liberdade e a palavra de fé(..).” O que estava em jogo naquele momento era a articulação de um discurso afirmativo. A luta por um melhor posicionamento dos negros na sociedade americana (que emergiu sob os slogans de Black power, Black is beautiful, entre outros), não passou despercebida aos membros dos blocos afro. A canção de estréia do Ilê Aiyê que tem o mesmo nome do bloco, mostra claramente a sua proposta: “Que bloco é esse?/ eu quero saber/ é o mundo negro/ que viemos mostrar pra você/ somos crioulo doido, somos bem legal/ temos cabelo duro, somos bleque pau (black power) / branco se você soubesse o valor que o preto tem/ tomava banho de piche pra ficar preto também/ e não ensino minha malandragem, nem tampouco minha filosofia/ porque? Quem dá luz a cego é bengala branca e Santa Luzia, ai meu deus” Cada bloco afro existente teve sua formação criada em algum bairro periférico da capital Salvador. A Liberdade é o bairro de origem do Ilê Aiyê, o bloco afro pioneiro, organizado em 1974. O bloco 99 afro Ilê Aiyê e o bairro da Liberdade, mais especificamente, a área do Curuzu, são inseparáveis. Ali nasceu e se formou a ideia de apresentar a grandeza do universo negro e modificar a imagem retratada na época. Guerreiro, 2000, p. 29 retrata um pouco dessa aproximação entre o bairro da Liberdade e o bloco Afro Ilê Aiyê: “Os pretos deste bairro foram os primeiros a manifestar sinais da consciência de negritude, procurando demonstrá-la através das roupas coloridas, dos cabelos trançados, das gírias africanizadas e sobretudo pela sua musicalidade percussiva.” Estimulados em volta do carnaval, um grupo de moradores da Liberdade criou uma nova ideia de organização do carnaval, onde a música misturava o samba duro com a batida matriz ijexá, originária dos candomblés. Tendo o continente Africano como fonte de inspiração ideológica, o Ilê Aiyê assume uma estética da África tradicional em busca de sinais de sua identificação. Produz seus elementos estéticos como o modo de usar os cabelos, indumentária, ritmos e toques em pequenas comunidades africanas, que representam uma África tribal a fim de construir sua ancestralidade simbólica. Há aí uma busca de pureza que remete a uma noção essencialista, de um ser negro essencial, que caracteriza a ideologia do bloco. A atuação do bloco afro, articulador de um movimento negro baiano, indica uma nova proposta de reação ao mundo dos brancos e ao mito da democracia racial. A luta contra a discriminação tem como campo de discussões a expressão estético-musical e busca emancipar os negros da posição inferiorizada ao qual estavam historicamente submetidos e que lhes conferia uma participação desigual no campo das mídias, da economia e da política. Destacando assim o pensamento de Boaventura de Sousa Santos, onde ele afirma que a exclusão social se dá justamente pelas relações de poder totalmente dissemelhante. “A exclusão social e sempre produto de relações de poder desiguais, estas iniciativas, movimentos e lutas são animados por um ethos redistributivo no sentido mais amplo da expressão, o qual implica a redistribuição de recursos materiais, sociais, políticos, culturais e 100 simbólicos e, como tal, se baseia, simultaneamente, no princípio da igualdade e no princípio do reconhecimento da diferença.” (2007, p.21) Incitados por uma satisfação racial recém-formada, o Ilê Aiyê tem uma característica que o diferencia totalmente dos demais blocos afro: o fato de ser um bloco de negros onde é rigorosamente proibida a entrada de brancos. Essa atitude denuncia, de forma contrária, a intolerância dos brancos em relação aos negros. Essa prática discriminatória tem sido admitida como estratégia de preservação das expressões culturais negras. Segundo declarou Vovô, Antônio Carlos dos Santos, presidente do bloco, em depoimento ao jornal A Tarde, em dezembro de 1991: “O que acontece com entidades mistas é que os negros começam a perder sua referência como pessoas de outra etnia. E nós do Ilê tentamos passar que o negro é bonito, se assumindo e agrupado entre si. Nossa postura faz parte de uma pedagogia de reeducar o povo negro para que ele se aceite. Daí, as pessoas por não compreenderem nossa proposta, ou por maldade, espalham que nós somos racistas”. Isso é um ponto a se destacar pois não podemos considerar isso como um “racismo inverso”, onde historicamente os negros foram excluídos e privados de direitos, portanto, a maneira que o Ilê Aiyê encontrou de se incluir nos viés da sociedade e lutar pelos seus direitos é justamente uma maneira de preservação de sua cultura africana. Boaventura, p. 10, 2007 destaca que a exclusão torna-se simultaneamente radical e inexistente, uma vez que seres sub-humanos não são considerados sequer candidatos a inclusão social. 101 SABERES DOCENTES PARA A EDUCAÇÃO DO CAMPO: UMA BREVE ANÁLISE SOBRE O CONTEXTO HISTÓRICO DA VIDA NO CAMPO E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA EDUCAÇÃO DO CAMPO ATUAL. Ana Clara Serpa Toscano de Brito Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia UFRPE / UAG INTRODUÇÃO Com a constante migração das pessoas do campo para a cidade, a vida na área rural se torna cada vez mais insustentável, consequência também da falta de investimento concreto em políticas públicas para a melhoria na qualidade de vida do trabalhador rural. Observando a história pode-se analisar o auge do capitalismo atingido a partir da Revolução Industrial (séc. XVIII), quando a extração de matéria prima da natureza, a produção em massa e o consumo em larga escala começaram a ser difundidos e utilizados pela Europa Ocidental, posteriormente nas Américas e seguidos pelo restante do mundo. Desse fato histórico os resultados para a população mundial camponesa, viriam a surtir efeito a partir do implemento da mecanização na agricultura, onde grande parte dos trabalhadores rurais perderam trabalhos, pois para um lucro maior na extração e distribuição de produtos o tempo e a economia de material humano se fazem necessários para um maior giro de capital. É notória a falta de interesse do Estado em manter o modo de vida do camponês que retira o seu sustento da terra, não é interesse do sistema capitalista perpetuar uma forma de sustento onde não há (ou quase não há) capital de giro para o governo. Apesar das muitas vitórias que os movimentos sociais voltados ao trabalhador rural conseguiram obter, dentre elas a visibilidade e o reconhecimento da existência de um cidadão no campo (como cidadão percebe-se alguém dotado de direitos), ainda se há muito que fazer para que o camponês 28 consiga ter legitimado o seu ofício e ser respeitado sob a perspectiva dos princípios básicos contidos na constituição. Uma das formas de se atingir essas metas é através da educação, a partir do momento que o morador da zona rural toma posse do conhecimento necessário para se defender e “atacar” quem ferir-lhe os direitos ele se percebe como marginalizado pelo sistema e pode lutar pela 28 Segundo Costa (2014) “apesar de várias considerações sobre a imprecisão de um conceito de campesinato que abrange sua diversidade espacial e temporal, notam-se duas características recorrentes nas ciências sociais: ora conexo a uma relação de trabalho com a terra; ora associado a uma relação cultural com a terra”. Concepções essas que podem e devem ser questionadas quando ocorre uma dissociação que não deveria existir quando se trata do mesmo ator social, já que ele ao mesmo tempo em que se relaciona com a cultura, se relaciona também com seu ofício. 102 continuidade do seu modo de vida. Em relação a essa transmissão e construção de conhecimentos, o professor tem um papel crucial para que possa ocorrer essa “desordem” nesse tipo de organização do Estado. OBJETIVO O objetivo principal deste trabalho é analisar brevemente, sob o ponto de vista histórico e social, a partir de uma revisão bibliográfica, como a vida no campo foi sendo alterada e marginalizada na medida em que o capitalismo foi se desenvolvendo e se acomodando no Brasil. Com isso buscarei demonstrar como este saber histórico pode auxiliar o docente do campo a não tornar a sala de aula da escola do campo em uma extensão rural 29 e para que o mesmo possa perceber o seu papel dentro da comunidade em que irá desenvolver suas atividades. REFERENCIAL O interesse pela educação rural se deu no fim do império do Brasil, antes da proclamação da república e da abolição da escravatura, a educação rural era destinada aos moradores do campo, porém não aos escravos e aos trabalhadores rurais, lembremos que a educação até pouco tempo atrás era elitizada (podemos dizer que ainda é), ainda sim esta educação era voltada a alfabetização no campo, porém mesmo com o início da república não foi traçado um plano destinado à educação, a maior preocupação era com o planejamento sanitário no país. Com os avanços educacionais no Brasil e com o olhar começando a se voltar para o campo de forma a perceber aquelas pessoas como parte da sociedade e até então como “pobres excluídos” (termo atualmente questionado, pois se percebe também que mesmo estas pessoas estão inclusas na sociedade de uma forma diferente da dita elite social; Martins, 1997). Arroyo, Molina e Caldart (2004) colocam que somente haverá uma educação destinada às singularidades dos povos do campo se, simultaneamente, existir a construção de um projeto de desenvolvimento para o campo, que priorize o morador do campo ao invés do sistema capitalista globalizado, seja parte de um projeto nacional que priorize a sobrevivência do campo na sociedade brasileira, isso significa que havendo uma preocupação de políticas e projetos a 29 Como Extensão rural pode-se entender o ato de estender, levar ou transmitir conhecimentos de sua fonte geradora ao receptor final, o público rural (SOUSA, 2013). 103 favor do campo (formas de sustento e educação) por parte do Estado poderá haver uma ação educacional que atenda as demandas específicas das comunidades do campo. CONSIDERAÇÕES A partir do visto na revisão bibliográfica percebe-se importante analisar sobre a questão da exclusão e da inclusão marginalizada como foi citado acima, e importante ressaltar os papéis que ambos têm dentro da sociedade e o motivo das mudanças de nomenclatura, percebendo qual o interesse do sistema em renomeá-las. Boaventura fala que “a ciência moderna conquistou o privilégio de definir o que é conhecimento válido e o que é ciência”. A influência das grandes mídias e das nações desenvolvidas para distinguir o que é ciência e o que é senso comum, sendo um superior ao outro, formam hoje o tipo de hierarquização dos saberes na sociedade global, a partir da “linha abissal” que delimita essa forma de pensamento de maneira sutil e quase imperceptível. Dentro dessas perspectivas pode-se questionar em trabalhos posteriores o porquê de não serem construídas escolas do campo estaduais, sabendo que cabe ao estado a educação dos níveis médio e fundamental II, sabendo também que estas crianças a partir do 6º, ou mesmo no 1º ano do nível médio, precisam sair do meio rural, muitas vezes para enfrentar rodovias e outros perigos a fim terem uma educação básica completa. REFERÊNCIAS ARROYO, M. G.; CALDART, R. S.; MOLINA, M. C. Por uma Educação do Campo. Petrópoles: Vozes, 2004. BRITO, F. As migrações internas no Brasil: um ensaio sobre os desafios teóricos recentes. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2009. Santos, B. S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista crítica de ciências sociais, 2008. MARTINS, J. S. O falso problema da exclusão e o problema social da inclusão marginal. Em: MARTINS, J. S. Exclusão Social e a Nova Desigualdade. São Paulo: Paulus, 1997. COSTA, C. D. C. V. Sonhos de abril. A luta pela terra e a reforma agrária no Brasil e em Portugal: os casos de Eldorado dos Carajás e Baleizão. Tese de Doutoramento em Pós colonialismos e Cidadania Global, apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra para a obtenção do grau de Doutor. 2014. 104 PICHADORES E GRAFITEIROS: AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DESSAS TRIBOS URBANAS José Geneilson Maraba Alves Universidade federal Rural de Pernambuco – UFRPE Campus Garanhuns-UAG INTRODUÇÃO O graffiti surgiu na Itália, mas foi nos Estados Unidos que adquiriu forma de protestos contra a violência da época, onde os escritores divulgavam seus grafites em ônibus, trens e muros. A influência dessa arte veio para o Brasil na metade da década de 70, e na medida em que foram tendo mais liberdade de expressão, essa arte de rua foi se deslocando para outros lugares do país. A pichação no Brasil surgiu na década de 60, como forma de protesto contra a ditadura militar existente no país. Frases como “Abaixo a repressão”, “não á ditadura militar” foram sendo colocadas nos muros das grandes metrópoles. Hoje em dia os pichadores usam suas escritas para adquirir fama e respeito através de suas marcas, divulgando seu próprio nome, apelido, turma ou bairro. A pichação e o graffiti são dois gêneros que vem se modificando com o passar dos tempos e é muito importante ressaltar as origens culturais e sociais de ambos, podendo até afirmar que as duas artes de rua são o inicio da comunicação visual. A LEITURA DOS ARTISTAS Os rapazes da periferia (grafiteiros e pichadores) sentem a necessidade de se expressar, e de se sentirem participantes do mundo globalizado que os cercam, e não apenas ficarem segregados em guetos. Em seu cotidiano, os pichadores e grafiteiros têm como pano de fundo, a periferia onde habita. Lugar esse onde se evidencia a exclusão social e a deficiência política do estado. A cidade e suas inúmeras periferias nos fazem percebem como as localidades têm, mesmo que invisíveis, linhas que demarcam territórios onde de cada lado desses traços divisórios há grupos segregados e dominantes, poderosos de um lado e subservientes do outro. É nesse ambiente urbano que nascem 105 muitos desses artistas urbanos que integram as tribos urbanas dos pichadores e dos grafiteiros Esse choque de realidades sociais que divergem em ambos os lados, podemos notar em SANTOS: Consiste num sistema de distinções visíveis e invisíveis, sendo que as invisíveis fundamentam as visíveis. As distinções invisíveis são estabelecidas através de linhas radicais que dividem a realidade social em dois universos distintos: o universo “deste lado da linha” e o universo “do outro lado da linha”. (SANTOS, 2007, p.1 Atacar, ou causar ao menos um abalo no pico da pirâmide social, a qual sua comunidade é a base de sustentação, gera no jovem pichador um sentimento de agressão a classe dominante. Classe essa que, atinge a maioria da população de uma forma bem mais devastadora e prejudicial, com uma caneta esferográfica assinando em seus documentos. Enquanto isso, os escritores de rua retribuem bombardeando (termo usual do pichador) suas casas, prédios, estabelecimentos ou propagandas políticas, com o rolinho, látex e spray. “Para eles, o inimigo mora do “outro lado”, em espaços inacessíveis aos pobres da periferia. Nessa leitura da cidade, Há uma idéia de identificação e de aproximação entre os que compactuam os mesmos modos de vida” (DIÓGENES. 1998, p. 212) Há vários motivos que levam um jovem a pichar. Há aqueles que picham porque querem fazer algum protesto, outros por que sofrem influências de amigos etc. Mas o principal objetivo é ganhar status entre a sua turma, ganhar “fama” Tanto o graffiti quanto pichação usa os muros da cidade como suporte, sempre as paredes que dê a ele algum destaque para seu nome, como o muro da esquina ou de uma avenida, por serem movimentadas, ficando exposto á maioria da população da cidade. GRAFFITI, PICHAÇÃO E VIOLÊNCIA SOCIAL A questão da violência nesse processo de comunicação urbana pode ser levada em conta pelo caráter violento da própria atividade, que inclui rixas entre os grupos ou as galeras de bairros rivais. Geralmente, as rixas acontecem em bailes funk´s, quando se divide o corredor em lado A e lado B, onde determinados grupos se enfrentam á base de murros e pontapés, sendo só 106 interrompidos quando os seguranças do baile aparecem, na maioria das vezes, com cassetetes para separar a confusão As pichações deixadas nos muros também possibilitam um mapeamento geográfico destes atores, pois os escritores circulam por toda a cidade e deixam marcas por todas as partes, não chegando a criar vínculos territoriais em um determinado bairro ou região. Inclusive a expansão dos territórios pintados é desejada pelos escritores. Algumas assinaturas incorporam códigos de território como Z.N. (Zona Norte), referindo-se ao local de moradia dos escritores, porém este também não surge como um fator determinante. Pois não são todas as pinturas que agregam o código territorial, bem como encontramos estes códigos por toda cidade, Z.O. (Zona Oeste) aparecem em bairros do sul da cidade e assim por diante. Essas pichações territoriais, na maioria dos casos, geram conflitos entre gangues de bairros rivais. Para a visão hegemônica da classe dominante, toda a periferia, seja qual zona for que a delimita, representa um desconforto e ate mesmo perigo para a elite das áreas urbanas e com o passar dos anos sem formam verdadeiros pontos de apartheid e segregação. Os pichadores como um revide natural usam suas latas de spray’s para deixarem as marcas de suas passagens em lugares simbólicos como bancos, e instituições federais como se gritassem a sua existência e resistência nesse separatismo de classes e território. Nessa perspectiva, SANTOS afirma que: (...) A primeira forma é o fascismo do apartheid social. Trata-se da segregação social dos excluídos através de uma cartografia urbana dividida em zonas selvagens e zonas civilizadas. As zonas selvagens urbanas são as zonas do estado de natureza hobbesiano, zonas de guerra civil interna como em muitas megacidades em todo o Sul global. As zonas civilizadas são as zonas do contrato social e vivem sob a constante ameaça das zonas selvagens. Para se defenderem, transformam-se em castelos neofeudais, os enclaves fortificados que caracterizam as novas formas de segregação urbana (cidades privadas, condomínios fechados) (SANTOS, 2007, p.14) No caso do graffiti, raramente acontece algum desentendimento entre os grupos, pois os indivíduos, de áreas diferentes ou não, se reúnem para pintar, ou ate mesmo fazendo mutirões em bairros para a prática do graffiti, com a autorização do proprietário do painel (muro) a ser pintado. REFERENCIAS: 107 DIÓGENES, Gloria. Cartografias da cultura e da violência: gangues, galeras e o movimento Hip-Hop. Dissertação, Universidade federal do Ceará, Fortaleza, abril, 1998. ESSINGER, Silvio. Batidão: Uma história do Funk. Rio de Janeiro. RJ: Editora Record, 2005. GITAHY, Celso. O que é o Graffiti. São Paulo: Editora Brasiliense, 1999. GONÇALVES, Gesianni Amaral. Inscrições Urbanas:uma cartografia dos processos de Subjetivação envolvidos no Graffiti. Dissertação. Pontifícia Universidade Católica De Minas Gerais. Belo horizonte, 2007. MUNHOZ, Daniella RositoMichelena. Graffiti: uma etnografia dos atores da escrita urbana de Curitiba. Dissertação, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2003. RAMOS, Célia Maria Antonacci. Grafite, pichação & Cia. São Paulo: Annablume, 1994 Revista Graffiti. São Paulo: Editora escala, Edição 05. SANTOS, Boaventura de Souza. Para além do Pensamento Abissal:Das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais, 78, Outubro 2007. SILVA, Lucia Helena Ramos. Os Sentidos de Apropriação da cidade por Jovens Grafiteiros. Dissertação. Universidade Federal de Pernambuco. PE, 2011. 108 A CRIMINALIZAÇÃO DO MST E DOS IDEÁRIOS DE ESQUERDA PELA MÍDIA Fabiana Maria da Costa Mestre em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Assistente Social da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. RESUMO O presente trabalho realiza uma análise das matérias publicadas pela Revista Veja sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, entre os anos de 2005 e 2007. Esta análise, que se mostra atual, teve como objetivo compreender como se constroem os discursos midiáticos que criminalizam este Movimento. Buscamos identificar quais as linhas de argumentação utilizadas por esta Revista com o fim de criminalizar o Movimento. Concluímos que esta procura, através de determinadas linhas argumentativas, deslegitimar o Movimento e suas bandeiras de luta e ao mesmo tempo legitimar o projeto da classe dominante, o qual compartilha. INTRODUÇÃO O MST realiza diversas ações como forma de pressionar o Estado pela realização da reforma agrária, tendo alcançado amplo destaque na mídia, principalmente, pelas estratégias de luta adotadas, dentre as quais as ocupações massivas de terras. Essas ações, que vão de encontro ao “inalienável” direito à propriedade privada, provocam uma reação enérgica por parte da classe dominante, que se utiliza dos seus “aparelhos privados de hegemonia” 30 para deslegitimar este Movimento perante a opinião pública, como forma de difundir sua ideologia 31, formando consenso nos leitores em relação a essa questão. 30 De acordo com Coutinho (2003), os “aparelhos privados de hegemonia”, em Gramsci, correspondem aos organismos de participação política aos quais se adere voluntariamente e que são caracterizados pelo não uso de força, nem de repressão. 31 Entendemos ideologia a partir de Gramsci, para o qual a ideologia corresponde à capacidade de inspirar atitudes concretas, induzindo o outro a agir de uma determinada forma, sem a necessidade da coerção. São conteúdos que provocam a interiorização de padrões de comportamento instituídos e legitimados pela sociedade, através de normas ou valores (GRAMSCI, 1971 apud BOTTOMORE, 2001, p. 186). 109 METODOLOGIA O trabalho ora apresentado constitui num recorte do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE no ano de 2008, cujo propósito foi identificar, através da mídia, os conteúdos dos discursos que tratam da criminalização dos movimentos sociais no Brasil, especificamente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. Neste sentido, foi realizada uma análise das matérias publicadas pela Revista Veja32 sobre o Movimento, entre os anos de 2005 e 2007. RESULTADOS E DISCUSSÃO - Intolerância e desqualificação do ideário de esquerda Constatamos que em várias reportagens publicadas pela Veja existe uma depreciação da ideologia de Esquerda, do Marxismo e do Socialismo, no sentido de propagar a ideologia da classe dominante ao mesmo tempo em que se desqualifica o discurso da classe trabalhadora. Neste sentido, ressaltamos a importância dos “aparelhos privados de hegemonia” na construção de consensos; nesse caso, eles são utilizados para difundir a ideia de que o projeto de esquerda representa um “anacronismo” e que está há muito ultrapassado. Nas reportagens analisadas, encontramos as seguintes linhas argumentativas: acusação de que o Movimento rejeita o modelo vigente de sociedade e defende o Socialismo, esta linha teórica não é apenas desqualificada, mas comparada ao fascismo e ao nazismo; desqualificação do projeto socialista de sociedade, considerando que este projeto caminha junto ao banditismo; comparação do marxismo, bandeira levantada pelo movimento, a uma doença – marxheimer. Tal posicionamento evidencia a vinculação da Revista às ideais de cunho marcadamente positivista, cujo princípio consiste na manutenção da ordem, sendo qualquer desvio a esta ordem tratado como algo que deve ser extirpado do seio da sociedade, a fim de garantir-lhe a harmonia. Desconsidera que o movimento e a mudança são fenômenos intrínsecos à realidade social, que está em constante mutação, demonstrando um caráter extremamente conservador do seu método, em defesa da manutenção da ordem estabelecida, já que tudo que lhe provoque resistência 32 A escolha da Revista Veja, neste trabalho, deveu-se ao fato de a mesma representar um forte instrumento de disseminação de ideias e construção da hegemonia da classe dominante na sociedade brasileira, sendo mais de 50% de seu espaço voltado para a publicidade, cujas propagandas, em sua maioria, são de empresas multinacionais e com produtos destinados à classe média e alta. Ainda, segundo a editora Abril, é a revista de maior circulação do país, a quarta maior do planeta, com uma tiragem média de 1,1 milhão de exemplares, sendo, portanto, de grande expressividade no âmbito da informação. 110 é considerado um mal. Verifica-se, pois, uma congruência do pensamento expresso pelos jornalistas com a perspectiva positivista, no sentido de assegurar a manutenção da ordem, denominando tudo que lhe for contrário de perturbação ou morbidade. Entendemos que esta posição dos jornalistas da Veja se configura numa investida contra a corrente de pensamento marxista, além de demonstrar total desconhecimento sobre a mesma, desinformando os seus leitores acerca do Marxismo. Comparar o Marxismo a uma doença pressupõe que esta deve ser “curada”, ou seja, deve ser expurgada da sociedade e esta metáfora ilustra o repúdio de Veja às ideias Socialistas, que vão de encontro a todos os princípios daqueles a quem a Revista representa, uma vez que estas pressupõem uma leitura crítica da realidade, bem como o fim deste sistema e a construção de uma sociedade igualitária, sem opressão nem exploração entre as classes. CONCLUSÕES No sistema capitalista tudo se transforma em mercadoria e, nesta lógica, a informação também se configura como um mecanismo de geração de lucros para os proprietários dos veículos de comunicação. Nesse sentido, a grande imprensa tem atendido aos interesses dos grupos conservadores que a ela se coadunam, o que desmistifica a imparcialidade reivindicada pela mídia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOTTOMORE, Tom. Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. COUTINHO, Carlos Nelson. Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. 111 SOBRE O FECHAMENTO DAS ESCOLAS DO CAMPO Roberto Cassimiro dos Santos Graduando em Pedagogia pela UFRPE/UAG Introdução As escolas do campo têm uma função importante tão quanto às da zona urbana. São nessas escolas, que os filhos dos trabalhadores rurais, se desenvolvem e aprendem os ensinamentos que os ajudaram a manter-se no campo sem serem tidos por analfabetos. É o lugar certo para formar cidadãos que lutem e saibam seus direitos. Nela os horizontes de um novo saber se desenrolam e traz bons resultados. Mas a existência destas escolas está correndo riscos. As políticas públicas dos governos municipais, não estão contemplando o sustento destas escolas, e acham que o investimento nas escolas do campo é algo sem retorno. Não sentem interesse de mantê-las em funcionamento, é melhor fechar, não querem gastar com merenda, professores, transportes e demais gastos que uma escola do campo precisa. Segundo a CF/88, no artigo 205, nos diz: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Mas na realidade não é isto que vem ocorrendo com as escolas do campo nos últimos anos. As prefeituras têm alegado que não há recursos suficientes para investir, que o numero de alunos é insuficiente para manter a escola aberta e preferem aglomerar todos em uma escola polo, muitas vezes na cidade, e o resultado: muitos alunos em uma sala multisseriada ou unidocente; com péssimos resultados na aprendizagem ao final do ano. Não há um “olhar” para o sofrimento de pais e alunos, porque estas crianças sofrem com o fechamento da escola próxima da sua casa e passarão a andar quilômetros para poder estudar. O poder público não ver isto como dificuldade; o que importa é que estão “enxugando” o as despesas, fechando as escolas e desta forma obstruindo o acesso à educação, que é direito de todo cidadão. O fechamento das escolas do campo aumenta o analfabetismo, porque muitos não têm interesse em estudar na cidade e os pais não querem deixar seus filhos irem para uma escola tão longe. Em 112 muitas circunstâncias, os pais, deixam a roça e vão morar na cidade, e lá chegando veem uma realidade diferente da que estavam acostumados e assim frustram-se por saber que, se a escola do campo estivesse aberta a vida não seria tão sofrida como é o caso de viver na cidade. A educação do campo merece toda à atenção. Fechar as escolas não é o caminho certo, por que de acordo com a LDB ( Lei de Diretrizes e Bases - 9.394 de 1996), no artigo 22, “a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Desta forma, não poderá ocorrer o desenvolvimento do educando, enquanto o interesse, por parte do poder público, não mudar o foco. Segundo o MST ( Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ), mais de 37 mil escolas rurais fecharam nos últimos quinze anos, e as regiões mais afetadas foram as Norte e Nordeste. Isso mostra que as políticas de educação do campo têm fracassado e por outro lado fortalecido o agronegócio. Neste caso, os grandes produtores se apropriam das terras, plantam as culturas que bem entender e não se interessam se as terras têm escolas, casas ou moradores e também porque os próprios moradores foram expulsos para as cidades, por culpa do próprio governo, que não leva a sério que vida do homem do campo não depende apenas da terra mas da escola também. “Segundo dados do Censo Escolar Inep/MEC, ao longo da última década, o número de escolas do campo brasileiras sofreu uma redução de 31,46%, ou seja, 32.512 unidades a menos”. (Revista Educação/julho/2014) “De 2012 para 2013, o levantamento indicou 3.296 escolas do campo a menos no Brasil. A crescente redução das escolas tem provocado tensões. No começo deste ano, cerca de 750 crianças e professores das áreas rurais do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra ocuparam a entrada do Ministério da Educação, em Brasília (DF). Leram um manifesto para o ministro José Henrique Paim e deixaram as marcas de suas mãos pintadas na fachada do ministério. Protestavam contra o fechamento das escolas do campo, a precariedade das condições de ensino na área rural e a desvalorização dos profissionais da educação”. (Revista Educação/julho/2014) A luta dos movimentos sociais é por terra, uma reforma agrária digna, e por educação de qualidade, que produza resultados agora e no futuro. O homem do campo não pode ser sufocado e forçado a deixar o seu lugar de origem, ele deve ser apoiado em suas necessidades pelo Estado. 113 .....O segundo ENERA (Encontro Nacional de educadoras e Educadores da Reforma Agrária), realizado em Luziânia-GO, trouxe à tona a realidade que a educação pública vem enfrentando. A educação está sendo tratada como mercadoria e isso tem afetado todo o sistema de ensino. O que se busca são resultados. Não estão preocupados com a qualidade ou se houve um aprendizado, o que o governo quer é alcançar as metas propostas e desta forma tem conduzido a educação de qualquer jeito. O efeito desta falta de atenção do governo se reflete na educação urbana e rural. As escolas do campo, principalmente, tem perdido seu espaço a cada dia, porque os recursos são mal distribuídos e acaba sendo sucateada. Além da falta de interesse do governo, os grandes latifundiários, tem avançado com suas grandes produções, fazendo frente às pequenas propriedades rurais, nas quais o pequeno produtor cultiva seus produtos e se vê forçado a concorrer com os grandes produtores, e nesta “briga” quem sai ganhando é mais forte, porque vende o produto a preço baixo, obrigando neste caso ao trabalhador rural abandonar sua terra. E com este abandono, as escolas do campo também são deixadas para trás, deixam de existir, e o Estado “fecha os olhos” para tal situação. “A educação do campo, tratada como educação rural na legislação brasileira, tem um significado que incorpora os espaços da floresta, da pecuária, das minas e da agricultura, mas os ultrapassa ao acolher em si os espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrativistas. O campo, nesse sentido, mais do que um perímetro não-urbano, é um campo de possibilidades que dinamizam a ligação dos seres humanos com a própria produção das condições da existência social e com as realizações da sociedade humana”. Quem disse isso? Conclusão A luta continua. Os movimentos sociais em favor da educação no e do campo não para. A sociedade capitalista tem que abrir espaço para reconhecer os direitos do homem do campo. É uma luta que não pode ser deixada para lá. A educação é uma ferramenta que muda vidas, sem ela o ser humano, aquele menos favorecido, torna-se cada vez mais escravo de um sistema orgulhoso, arrogante e prepotente, que é o capitalismo. Todos têm direitos e deveres, então, que o Estado procure colocar em prática os diretos que seus cidadãos têm, não os oprimindo ou escravizando, mas usando a educação para fazer uma pátria educadora, como tanto deseja, sem fechar as escolas, principalmente as do campo. 114 AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA EDUCAÇÃO DO CAMPO: um retrocesso para os cidadãos do campo. Marianna Salgado Cavalcante de Vasconcelos. Graduanda em Pedagogia pela UFRPE/UAG Resumo Este trabalho ira analisar como as políticas públicas voltadas para à educação do campo não estão sendo efetivadas. Trata-se de um tema novo e pouco explorado academicamente. O estudo debate a questão que, seguramente, envolve varias pessoas, sem uma assembleia nas comunidades prévia sobre as vantagens e desvantagens do fechamento de escolas no e do campo, desconsiderando o princípio da participação comunitária nas decisões que envolvem as políticas públicas para educação. A pesquisa em andamento, foi realizada na escola Manoel Cavalcanti de Albuquerque localizada na zona rural do município de Angelim – PE, em que houve uma tentativa de fechamento desta instituição. Palavras-chave: políticas públicas; fechamento de escolas; escolas do campo. INTRODUÇÃO Este artigo apresenta uma pesquisa desenvolvida na escola municipal Manoel Cavalcanti de Albuquerque, que se localiza na zona rural da cidade de Angelim, em que, no inicio do ano de 2015 à secretaria municipal pretendia fechar à escola, felizmente à mobilização da comunidade não permitiu fechamento. Desde á década de 1960 existem medidas de fechamento e até abandono de escolas do/no campo em todo o Brasil, levando assim debates sobre os possíveis impactos que o fechamento das mesmas causam no sistema de educação e na sociedade por completo. Todavia, não havia discussões específicas sobre a qualidade da educação voltada para os sujeitos residentes no campo. Só em 1997 e que surgiu o “I Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agrária” (ENERA), promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). 115 Os efeitos das políticas púbicas, das décadas de 1980 a 1990 voltadas para educação do campo tiveram efeitos significativos a partir dos anos 2000, onde várias escolas públicas começaram á ser fechadas (MOLINA, 2010). Portanto, entre 26 à 29 de novembro de 2002, houve o Seminário Nacional de Educação de Campo, executado pela articulação nacional por uma educação do campo, que visou trabalhar o documento em questão, enfatiza que cabe aos educadores do campo desenvolver diversas atividade, mais sobretudo, devem abraçarem o campo e as suas lutas, um outro desafio, seria que não é preciso sair do campo para dar continuidade aos estudando ou até mesma achar que a educação das cidades tem mais qualidades do que à do campo, como afirma (FERREIRA, p.9/10, 2010). Constata-se na prática é a desativação de escolas no campo com o argumento de que as escolas nas cidades elevariam a qualidade do ensino, possibilitando a separação em classes de acordo com a faixa etária, o que não significa melhoria do ensino/aprendizagem. Felizmente houve uma mobilização tantos das professoras que lecionam naquela escola, como também dos pais dos alunos para não desativarem aquela instituição, convocando assembleias entre à secretaria de educação do município e o prefeito, que na grande parte mandava um representante. Nessas assembleias a voz da comunidade foi escutada e o fechamento não ocorreu. Diante da realidade encontrada, surgiu à ideia de investigar quais são os processos tomados por uma comunidade para combater ás politicas de fechamento de escolas do campo. Para responder a esse questionamento, o objetivo geral construído foi: analisar as exigências das políticas públicas vigentes contra o fechamento de escolas do/no campo. Já os objetivos específicos, foram: identificar quais trâmites para o fechamento de uma escola do/no campo e identificar os impactos para à comunidade do fechamento de uma instituição de ensino no campo. METODOLOGIA 116 A pesquisa que será realizada terá caráter de pesquisa qualitativa, em que, constitui-se no contato direto do pesquisador com meio ambiente do objeto de estudo, como afirma Lüdke e André (2012), portanto, propõe que o pesquisador observe seu objetivo de estudo de forma mais natural possível. Os sujeitos envolvidos nesta pesquisa são: professora da instituição e pais dos alunos. A pesquisa está dividida em duas etapas, a primeira etapa foi o levantamento bibliográfico sobre surgimento das politícas de fechamento das escolas rurais. A segunda etapa que está sendo implementada consiste na coleta de dados, em que, iremos realizar entrevistas semiestruturadas com representantes dos alunos e com as professoras da instituição. Assim iremos analisar os dados obtidos através de entrevistas, observações, conversais informações, para tanto, será utilizada a fundamentação teórica para nortear esta pesquisa. Considerações Finais A pesquisa em andamento nos trás dados preliminares sobre a aplicação das politícas públicas de fechamento das escolas rurais, visto que, a partir de então houve uma mobilização da sociedade para que os índices das escolas do/no campo não aumentassem, entretanto, o que podemos perceber é que existe um aumento no fechamento dessas escolas, um dos motivos para esse avanço das políticas de fechamento pode ser considerado o desinteresse dos gestores municipais nas escolas do campo, já que, para alguns o gasto financeiro com a escola funcionando é maior do que o deslocamento desses alunos em transportes em sua grande maioria irregulares e desumanos. REFÊRENCIAS FERREIRA, Fabiano de Jesus. Educação e Políticas de Fechamento de Escolas do Campo, 2010. LÜDKE, Menga. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo. E.P.U. ,2012. MOLINA, Mônica Castanha. Educação do Campo, Políticas Públicas, Reforma Agrária e Movimentos Sociais. Brasília: MDA/MEC, 2010. 117 RETRATAÇÕES RACIAIS E ÉTNICAS DO/A NEGRO/A NA CULTURA NORDESTINA: UM ESTUDO A PARTIR DE PEÇAS DE ARTESANATO DA FEIRA DE CARUARU-PE Maria Aline Santos da Silva Graduanda de Psicologia. Universidade de Pernambuco- Campus Garanhuns. Email: [email protected] Ricelio Regis Barbosa da Silva Moura Graduando em Pedagogia. Universidade Federal de Pernambuco- Centro Acadêmico do Agreste. Bolsista PIBIC/CNPq. E participante do Observatório dos Movimentos Sociais na América Latina(UFPE/CAA). E-mail: [email protected] Resumo: Este trabalho foi resultado de uma experiência obtida na feira de artesanato da cidade de CaruaruPE, por meio da disciplina eletiva, em que teve como uma das suas atividades um passeio na feira de artesanato de Caruaru, para observar como são mostrados as outras culturas nas peças de arte expostas na feira. Sabendo que as discussões relativas ao preconceito e discriminação como as de gênero, raça, etnia, classe social, entre outras, é uma questão histórica, e que está arraigada na sociedade ate os dias atuais, observamos como são retratadas pessoas negras. E notamos que ainda sua cultura é mostrada de forma distorcida, e inferiorizada. Nessa direção, assim, tão importante quanto ter conhecimento estratégico para lidar com o preconceito de gênero, raça/etnia, entre outros, em sala de aula, é preciso também reconhecer o racismo nos mais diversos ambientes, em que muitas vezes apresenta-se de forma sutil, por termos uma visão ainda eurocêntrica de ideias, como afirma Munanga (2005): “[...], não podemos esquecer que somos produtos de uma educação eurocêntrica e que podemos, em função desta, reproduzir consciente ou inconscientemente os preconceitos que permeiam nossa sociedade” (p. 15). Como foi possível notar nas peças de artesanato ao retratarem os/as negros/as, que historicamente foram excluídos/as e privados/as de muitos direitos sociais básicos, como a liberdade, o direito de ir e vir, de escolha sobre seu próprio corpo, entre outros. E como bem destaca Felippe as mulheres negras ainda estão em pior situação. Segundo Felippe (2009): “falar em condição de exclusão e de violência para as mulheres implica, por inferência direta saber das mulheres negras em pior situação! Situação que se evidencia na 118 discriminação salarial; na não oportunidade”. (p. 16). Para a mulher é difícil viver nessa sociedade que é patriarcal /machista, e para a mulher negra, isso ainda é mais difícil, pois ela sofre uma dupla discriminação, de gênero e de raça/etnia. Assim nesse estudo temos como pergunta: Como são retratadas as pessoas negras na cultura nordestina através das peças de artesanato da feira de Caruaru-PE? Temos como objetivo geral: Analisar como são retratados/as as pessoas negras na cultura nordestina através das peças de artesanato da feira de Caruaru-PE. E como objetivos específicos pretendemos: 1) Conhecer como são retratadas as pessoas negras na cultura nordestina através das peças de artesanato na feira de Caruaru-PE. 2) Refletir o preconceito racial trazidos nos papeis e os lugares sociais que as pessoas negras são retratadas pelas as peças de artesanato. Nosso estudo teve como percurso metodológico a abordagem da pesquisa qualitativa em que “o grosso da analise é interpretativa”. (STRAUSS e CORBIN, 2008, p. 23). E como tipo o estudo, temos o estudo de caso. Segundo Yin (2005): “Em geral, os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam em questões do tipo “como” e “por que”. (p. 19). Seguindo esse percurso procuraremos atender aos objetivos da pesquisa que é: 1) conhecer como são retratadas as pessoas negras na cultura nordestina através das peças de artesanato na feira de Caruaru-PE. Utilizamos da observação participante. Por ser “um processo utilizado pelo o pesquisador observador de uma situação da sociedade, que ele tem um contato direto com os indivíduos”. (MINAYO, 2008, p.70). E 2) Refletir o preconceito racial trazidos nos papeis e os lugares sociais que as pessoas negras são retratadas pelas peças de artesanato. Para isso utilizamos além de observações, registros fotográficos das peças de artesanato da feira. Por fim utilizamos a analise de conteúdo. Segundo Bardin: “[...] aparece como um conjunto de técnicas de analise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens”. (BARDIN, 2004, p. 33). Assim foi possível notar na feira de artesanato de CaruaruPE, as teias de sustentação do colonialismo e patriarcado presentes nas peças de arte ao retratar as pessoas negras. É explicito que elas são vítimas de uma violência que permanece com o passar dos séculos, por serem negros/as e pertencer a uma cultura, e ou classe social diferente, são excluídos e sutilmente colocados a margem da sociedade. Inúmeras peças das pessoas negras são colocadas como submissas aos desejos dos homens brancos e mulheres brancas, ou seja, na maioria das vezes as pessoas negras são (re)tratadas como prestadoras de algum serviço/trabalho muitas vezes ainda escravo, trabalho relacionado ao cuidado dos outros, da família, do/a patrão/a, do marido, entre outros. Conhecer como são as retratações das pessoas negras na nossa cultura, nos permite perceber 119 códigos e regras que geralmente passam “despercebidos” por nossos olhares e tornam-se “representações” de pessoas e culturas. Palavras chave: Preconceito. Raça e Etnia. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. 3. ed. Edições 70, LDA. 2004. FELLIPE, A. M. Feminismo Negro: Mulheres Negras e Poder: Um enfoque contra hegemônico sobre gênero. Acervo, Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, p. 15-28, jul/dez 2009. MINAYO, M. C. DE. S. (organizadora) DESLANDES, S. F. GOMES, R. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes. 2008 MUNANGA, K. Superando o racismo na escola. 2ª edição revisada / Kabengele Munanga, organizador. – [Brasília]: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. STRAUSS, A. e CORBIN, J. Pesquisa qualitativa: técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada. Tradução: Luciane de Oliveira da Rocha. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi. 3ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. 120 CONTRIBUIÇÕES DA LINGUÍSTICA À EDUCAÇÃO DO CAMPO: ALGUMAS IDEIAS SOBRE AS TENSÕES ENTRE PADRÃO E DIVERSIDADE LINGUÍSTICA Ilca Suzana Lopes Vilela Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo. Área de concentração: Semiótica e Linguística Geral. Técnica em Assuntos da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns. Email: [email protected]. Julia Lourenço Costa Doutoranda em Letras pela Universidade de São Paulo. Área de concentração: Semiótica e Linguística Geral. Email: [email protected]. RESUMO Refletir sobre o papel da linguística num espaço de diálogo que tematiza a Educação do Campo, a Sociedade e a Diversidade. Depois de firmar a posição da Educação do Campo como lugar de luta pela conquista do direito à educação pelos povos do campo, no seio de uma sociedade desigual e intolerante ao diverso, focamos esta comunicação na questão da linguagem. Nesse momento, com base em teorias linguísticas da vertente textual, discursiva e sociolinguística e educação, apresentamos considerações iniciais em torno das tensões sobre padrão e diversidade linguística numa perspectiva culturalmente sensível (BORTONI-RICARDO, 2004, 2007). INTRODUÇÃO A Educação do Campo tem se construído pelo impulso dos movimentos sociais no pleito de que o Estado cumpra sua função de implementação de políticas públicas voltadas a ações educativas no campo. É uma reflexão dialética entre campo e cidade, que se norteia pela questão da “educação necessária à classe trabalhadora e sobre as desigualdades que caracterizam o país” (SOUZA, 2006, p.23). Nesse contexto, a linguística pode favorecer teoria e método, na relação com outras disciplinas, para um ensino de língua materna comprometido com a luta contra as desigualdades sociais e econômicas. O ponto de partida deve ser sempre o de reconhecer que, nas relações entre a escola e a sociedade, é direito dos povos do campo apropriarem-se do dialeto de prestígio, como forma de empoderamento. Não se trata, porém, de que alunos pertencentes a esses povos devam 121 dominar esse dialeto, para que se adaptem às exigências de uma sociedade que divide e discrimina, mas para que adquiram um instrumento fundamental para a participação política e a luta contra as desigualdades sociais, que, desde a colonização do Brasil, assolam nossa sociedade. Nessa perspectiva, atualmente, já contamos com reflexões nos Estudos da Linguagem (BAGNO, 2003, 2007, BORTONI-RICARDO, 2004, 2007, SOARES, 1995) e nos Estudos da Educação (ARROYO; FERNANDES, 2011, FREIRE, 1996, MOLINA, 2006, SANTOS, 2012, SOUZA, 2006) que permitem traçar alguns eixos de orientação para uma pedagogia das línguas culturalmente sensível (BORTONI-RICARDO, 2004, 2007). METODOLOGIA Para um trabalho inicial que permitisse a formulação de tais eixos, partimos de uma pesquisa bibliográfica. Semelhante pesquisa nos fez assentar algum entendimento em torno de uma pedagogia culturalmente sensível ao aprendizado da língua materna (BORTONI-RICARDO, 2004, 2007). Essa pedagogia insere-se, no quadro da Sociolinguística Interacional, que visa interpretar e descrever as interações humanas e faz interface com Linguística, Pragmática, Antropologia, Sociologia. Especificamente, em obra publicada em 2004, a reflexão de Bortoni-Ricardo adentra na sala de aula e usa de contribuições da psicologia da aprendizagem para propor um processo de educação linguística de colaboração entre um mediador (pessoa com mais experiência de estilos de linguagem mais monitorados socialmente) e um colaborador (pessoa menos experiente nesses estilos). Com isso, tanto se aprende o uso de estilos exigidos pelas instituições educacionais e sociedade quanto se valoriza e respeita o estilo próprio de linguagem de pessoas, em cujas redes sociais predomina o uso de estilos menos monitorados. Ainda nesse estudo bibliográfico, observamos, na relação linguagem e sociedade, aspectos de interesse, a saber: a norma culta pelo viés prescritivista vincula-se à tradição gramatical normativa; a norma culta conforme pesquisas linguísticas (BAGNO, 2003, CASTILHO,1998) é aquela usada por quem tem escolaridade superior completa e a norma popular é a que predomina 122 entre os usuários que vivem no espaço do campo, em periferias, e cujo grau de escolarização é baixo ou nulo. Essas pesquisas linguísticas têm demonstrado que esse modelo ideal de língua, denominada de norma padrão, serve para designar algo que está fora e acima da atividade linguística dos falantes. É uma norma, no sentido mais jurídico do termo, pois não corresponde integralmente a nenhum conjunto concreto de manifestações linguísticas regulares e frequentes. Ela é também um padrão, um modelo artificial, arbitrário, construído segundo critérios de bom gosto vinculados à classe social, período histórico e lugar social determinados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com base na direção metodológica selecionada, firmaram-se os seguintes eixos de orientação para uma pedagogia das línguas culturalmente sensível: a identidade sociocultural dos sujeitos envolvidos no processo pedagógico deve ser contemplada; os percursos formativos precisam buscar a transformação da pessoa humana em todas as suas dimensões, para que haja um engajamento na construção de um novo projeto de desenvolvimento para o nosso país; a valorização da trajetória do sujeito do processo educativo, suas relações sociais e suas práticas sociais vividas devem ser promovidas e, no interior disso, as práticas de linguagem de padrão formal devem conviver com o respeito e reconhecimento da diversidade linguística. CONCLUSÕES Finalmente, ao tratar da realidade linguística do português brasileiro, é preciso investir contra posições dicotômicas que polarizam, de um lado, variedades prestigiadas, e de outro, as variedades estigmatizadas. Para tanto, faz-se necessária uma perspectiva dialética de relações entre padrão normativo e diversidade linguística, o que não neutraliza conflitos e divergências, mas demanda posturas mais abertas ao convívio democrático e plural. REFERÊNCIAS 123 ARROYO, M. G. e FERNANDES, B. M. A educação básica e o movimento social do campo: por uma educação básica do campo. Brasília: MST - Coordenação da Articulação Nacional Por uma Educação Básica do Campo, 2011. BAGNO, M. A norma oculta: língua e poder na sociedade brasileira. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. ________. (Org.). Práticas de letramento no ensino: leitura, escrita e discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em Língua Materna: A Sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. ________. Processos interativos em sala de aula e a pedagogia culturalmente sensível. Polifonia, Cuiabá, n. 7, p. 119-136, 2003. Disponível em: http://periodicoscientificos.ufmt.br/index.php/polifonia/article/view/1141/905. Acesso em: 29 out. 2015. CASTILHO, A. T. (Org.). Para a história do português brasileiro. São Paulo: Humanitas, 1998. MOLINA, M. C. Educação do Campo e Pesquisa: questões para reflexão. Brasília. Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2006. SANTOS, C. A. Educação do Campo e políticas públicas no Brasil: o protagonismo dos movimentos sociais do campo na instituição de políticas públicas e a licenciatura em educação do campo na UnB. Brasília: Faculdade de Educação, 2012. SOARES, M. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 13.ed. São Paulo: Ática, 1995 SOUZA, M. A. Educação do Campo: propostas e práticas pedagógicas do MST. Petrópolis: Editora Vozes, 2006. 124 GT 3 - EDUCAÇÃO INFANTIL Coordenadora: Prof. Valéria Barza - UAG/UFPRE 125 ROTINA: ELEMENTO IMPORTANTE PARA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Maely Carlos da Silva Curvelo- UFRPE-UAG- [email protected] Valéria Suely Simões Barza- UFRPE-UAG- [email protected] Introdução A desorganização do tempo pedagógico na Educação Infantil pode interferir para a realização de um trabalho de qualidade? Partindo dessa indagação, efetivamos uma pesquisa etnográfica, com abordagem qualitativa, em uma escola da rede púlblica de Bom Conselho-PE, efetivada durante o segundo semestre de 2015. O nosso objetivo era conhecer se a ausência de um planejamento para o tempo pedagógico interfere ou não nas práticas pedagógicas desenvolvidas em uma sala de aula de Educação Infantil, com alunos nas faixas etárias dos 3 aos 5 anos. Partimos da concepção que educar é uma ação de conduzir, orientar, cujo professor assume papel importantíssimo neste processo, uma vez que seu papel docente também consiste em proporcionar as interações tanto entre professor-aluno quanto na relação aluno-aluno (OLIVEIRA, 2009). Desta maneira, corraboramos que “a rotina representa, também, a estrutura sobre a qual será organizado o tempo didático, ou seja, o tempo de trabalho educativo realizado com as crianças. A rotina deve envolver os cuidados, as brincadeiras e as situações de aprendizagens orientadas”. (BRASIL, V. I, 1998, p 54). Elegemos como objetivo geral: conhecer a rotina das crianças; e por objetivos específicos: caracterizar o fazer pedagógico da professora do maternal, infantil I e infantil II; observar as atividades desenvolvidas com os alunos; analisar os recursos didáticos utilizados nas aulas. A dimensão escolar estudada, segundo André (1995) foi a pedagógica e a coleta de dados deu-se por meio da observação participante e análise documental. (ANDRÉ, 1996). Utilizamos como fundamentação teórica o RCNEI, Oliveira, Proença, entre outros. 126 Material e métodos O desenvolvimento dessa pesquisa ocorreu a fim de responder o seguinte problema: “De que maneira a ausência do planejamento para o tempo pedagógico numa sala de aula com crianças da Educação Infantil proporciona um trabalho de má qualidade?”. Para responder a este problema, observamos a prática desenvolvidas pela professora durante um período de uma semana (cinco dias), das 08:00 ás 11:30 horas, totalizando 17,5 horas de observações. Efetuamos uma pesquisa do tipo etnográfica, com abordagem qualitativa (ANDRÈ, 1995) considerando as relações entre os sujeitos, bem como permite a interpretação dos dados coletados à luz das referidas relações. A sala de aula observada era composta de uma professora formada em licenciatura em Pedagogia, curso que teve duração de 3 anos, na modalidade de ensino á distância e em instituição de ensino superior privada e 23 alunos. A turma constitui uma sala heterogênea, multi seriada com as turmas: maternal, infantil I e infantil II, com idades entre 3 a 5 anos. Os documentos analisados foram disponibilizados pela educadora da turma em estudo. Resultados e Discussão A sala de aula na qual desenvolvemos o presente estudo possui espaço físico amplo, que atendem as exigências básicas para a Educação Infantil. No entanto, a forma com a qual a professora organiza as cadeiras e o tamanho delas ainda configura-se predominantemente distante da maneira mais adequada para o atendimento às especificidades dos alunos com 3 a 5 anos de idade. No Projeto Político Pedagógico da instituição, constatamos a concepção de desenvolvimento das atividades a fim de proporcionar e promover o desenvolvimento integral dos alunos. Contudo, constatamos através das observações que esta concepção não ultrapassa as margens do papel. De acordo com Proença (2004), “A rotina estruturante é como uma âncora do dia-a-dia, capaz de estruturar o cotidiano por representar para a criança e para os professores uma fonte de segurança e de previsão do que vai acontecer”. Concordamos que há a necessidade de uma rotina que estruture o trabalho pedagógico de maneira a organizar o tempo e o espaço, permitindo desta maneira, o 127 desenvolvimento motor e cognitivos das crianças. Verificamos, que cotidianamente, a professora entra na sala de aula e após a arrumação dos alunos em seus lugares, a mesma dirige-se ao armário localizado na sala para escolher as atividades a serem desenvolvidas. Em seguida, solicita cópia das atividades para colar nos cadernos para as atividades serem realizadas individualmente. Desta maneira sonega às crianças interações coletivas e tempo pedagógico. Analisando os recursos didáticos utilizados pela docente, nos impressionamos a respeito de como estes são de uso limitado por parte da educadora, a qual faz uso apenas de atividades xerografadas. Com base na fundamentação teórica estudada, é possível destacar que o professor precisa estruturar e planejar suas aulas, a fim de que elas possam, de fato, promover o desenvolvimento integral da criança, bem como proporcionar socializações entre todos os sujeitos envolvidos no processo, principalmente entre as crianças que encontram-se num ambiente diferente do seu contexto familiar e que por serem ainda pequenas, não conseguem se socializar sem que haja a intervenção de um adulto. Referências ANDRÉ, M. E. D. A, LUDKE, Menga. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1996. ANDRÉ, M.D.A. Etnografia da Prática Ecolar. Campinas:Papirus, 1995. BRASIL. Referencial curricular nacional para educação infantil, Brasília, MEC/SEF, 1998, Vol II. BRASIL. Referencial curricular nacional para educação infantil, Brasília, MEC/SEF, 1998, Vol I. OLIVEIRA, M. Z. et al.. Creches: crianças, faz de conta & cia. 15° edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. PROENÇA, M. A. R. A rotina como âncora do cotidiano na Educação Infantil. Revista Pátio Educação Infantil, Porto Alegre, n. 4, p.13-15, 04 abr. 2004. 128 A ABORDAGEM DA DIVERSIDADE SEXUAL E DE GÊNERO ATRAVÉS DA LITERATURA INFANTIL NA EDUCAÇÃO INFANTIL Jadiel Djone Alves da Silva Universidade Federal Rural de Pernambuco [email protected] Marianna Salgado Cavalcante de Vasconcelos [email protected] Universidade Federal Rural de Pernambuco Prof. Ms. José B. Brito Neto Universidade Federal Rural de Pernambuco [email protected] RESUMO O objetivo deste trabalho é analisar as práticas e experiências desenvolvidas durante o estágio remunerado, executado na Escola Maria Godoy de Santana, na Educação Infantil, no município de Correntes - PE, buscando compreender a importância da literatura na educação infantil, como fonte para operacionalizar temáticas pertinentes ao campo da diversidade sexual e de Gênero. Acompanhando o moderno debate sócio político nas agendas contemporâneas da educação, podemos constatar profundas alterações no papel do Estado, da família e da sociedade. A partir da perspectiva da pluralidade das infâncias que englobam uma diversidade sexual e de gênero, a literatura infantil torna-se um campo crítico/reflexivo pertinente para se exercitar as alteridades sociais. As crianças, enquanto sujeitos históricos, ao perceberem os diferentes contextos que estão inseridos, e os múltiplos saberes do cotidiano, passam a elaborar uma prática de respeito às diferenças, com o auxílio do universo cultural complexo que a literatura pode nos proporcionar. Palavras chaves: Educação. Literatura infantil. Gênero. Ambiente escolar INTRODUÇÃO Com base na necessidade de criação de mecanismos que articulem as discussões sociais com os conteúdos na educação, desenvolvemos a construção do respeito à diversidade sexual e de gênero a partir dos mecanismos de leitura e apropriação da literatura infantil. Com auxílio da literatura podemos potencializar nos alunos envolvidos as práticas do saber lidar com as diferenças e a auto aceitação. A escola como representante desta sociedade, deve abordar a diversidade e estar preparada para saber 129 lidar com estas diferenças que auxiliam no processo de socialização e convivência, construindo um habito de respeito e igualdade, desde a educação infantil. Não separando as crianças por grupos independente de quaisquer características físicas apresentadas por estes sujeitos. Tivemos por objetivo: Abordar a diversidade sexual e de gênero através da literatura infantil, buscando desenvolver um pensamento crítico/reflexivo dos estudantes que estão inseridos na educação infantil na formação coletiva que conduzam ao respeito as diferenças presentes na sociedade e na esfera educacional. REFERENCIAL TEÓRICO A escola é um micro universo social, com diferentes sujeitos sociais e culturais, na qual deveria existir um maior debate das diferenças e do respeito que si é necessário para este local de convívio com diferentes pensamentos para que não propague a discriminação que se torna em nossas escolas muito presente e comum. Se a sociedade é constituída por uma diversidade de culturas, crenças, etnias, estilos de vida, entre outras variadas características, a escola, por ser a representação de um microuniverso social, vai reproduzir todas as relações sociais, inclusive as práticas sociais de discriminação, em suas salas, pátios, corredores, banheiros, enfim, em todos os espaços por onde circulam estudantes, funcionários em geral e professores (FACCO, 2009, p.19). Com base na fala da autora se faz necessário entender o espaço escolar como lugar de diferenças e da importância de saber lidar e respeitar as mesmas, sem querer enquadrar todos no mesmo modo ser e viver, porém construindo o hábito de respeito a diversidade, a qual este espaço deve começar a ser trabalhado desde a educação infantil. A literatura infantil possibilita a criança um contato consigo por meio de histórias que atuarão no seu imaginário provocando distintas reações de conhecimento e entendimento, de situações existenciais presentes no seu contexto e abrindo espaço para novas ideias e construções do conhecimento, FARIAS, 2004, comenta sobre o texto literário, 130 É polissêmico, pois sua leitura provoca no leitor reações diversas que vão do prazer emocional ao intelectual. Além de simplesmente fornecer informações sobre diferentes temas, histórias sociais, existência e éticas [...], eles também oferecem outros tipos de conhecimento ao leitor: adquirir conhecimento variados, viver situações existenciais, entrar em contato com novas ideias (p.12). A literatura possibilita um vasto conhecimento e interpretações que poderão auxiliar na aprendizagem nos públicos de todas as faixas etárias, como no desenvolvimento consciente da quebra de tabus e paradigmas presentes na sociedade que desperta e acentua o preconceito e discriminação em relação diversidade sexual e de gênero, que se perpetuando consigo mesmo e com os diversos do nosso meio social. Em, inúmeras situações desdá educação infantil a escola passa a ensinar que os meninos devem aprender a ser masculinos e as meninas a serem femininas, deixando de lado a igualdade estabelecida, com base na LDBEN (Lei de Diretrizes e bases Educacional Nacional) no seu artigo 3° inciso I - igualdade de condições para acesso e permanência na escola; IV - respeito à liberdade e apreço a tolerância (BRASIL, 1996). METODOLOGIA A pesquisa realizada terá cárter de pesquisa-ação, em que, além de observar o cotiando dos envolvidos na pesquisa, busca também modifica a realidade presente, com base em (COSTA, 1995). E de cunho qualitativa porque investigamos mediante interação com os membros participantes, observando como os mesmos agem diante da leitura da literatura infantil tendo enfoque da diversidade sexual e de gênero, segundo Minayo 1994, diz que a pesquisa qualitativa é: "Trabalho com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes...” (p. 21-2). A pesquisa se dará por meio de duas etapas a primeira a bibliográfica para entendermos a temática a base da teoria. A segunda a realização da intervenção que foi realizada no 1° encontro com a temática: menino brinca com meninas? Iniciamos com uma brincadeira de roda envolvendo todas as crianças, vídeo meninos brincando com meninas, conversa 131 direcionada sobre o vídeo, leitura da obra infantil menino brinca com meninas?, discussão com as crianças sobre a obra. No 2° encontro tivemos como temática "Somos todos diferentes”. Primeiro fizemos a leitura das obras infantis, "diversidade e o coelhinho estranho”, após um breve debate das obras, Cartaz de um coelho para que os alunos montem com as características que ele queria ser diferente recontando a história, e seguida pedimos para que cada uma criança fizesse um desenho de sua família, (para que eles pudessem perceber que cada um na sua própria família é diferente e que é esta diferença que faz sermos o que somos cada um com suas peculiaridades). RESULTADOS A pesquisa se encontra em estágio inicial, e de forma experimental vem mapeando as relações entre literatura infantil e diversidade na educação infantil, por meio do uso da literatura infantil que aproxima a realidade juntando razão e imaginação, que não se constroem um contra a outra, mas, ao contrário, uma pela outra, que levara o aluno com mediação do adulto a refleti de maneira consciente do que o cerca tendo o processo social como transformador, podemos perceber uma mudança de comportamentos da turma no decorrer da intervenção ao perceber que existem diferentes tipos de famílias, que eles são diferentes e que suas diferenças devem ser respeitadas, não existindo uma desagregação em relação a feminino e masculino e que esta reflexão/ação foi desenvolvida por meio da literatura infantil. CONSIDERAÇÕES A literatura infantil promove uma base de conhecimento acerca da realidade vigente que deve ser abordado desta educação infantil na construção de uma sociedade crítica/reflexiva, auxiliando na aprendizagem e levando os alunos a perceberem as diferenças e os diferentes contextos que estão a sua volta. REFERÊNCIAS 132 BRASIL. LDB, Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional. Ministério da Educação,1996. FACCO, Lúcia. Era uma vez um casal diferente. São Paulo: editora Summus, 2009. FARIAS, Maria Alice. Como usar a literatura infantil na sala de aula. São Paulo: editora contexto, 2004. COSTA, Marisa Vorraber. Trabalho docente e profissionalismo. Porto alegre: Sulina, 1995. MINAYO, M.C de S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Capítulo 1. Petrópolis- RJ: Vozes, 1994. 133 RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL: FRUTAS, CORES E SABORES Maria de Fátima da Silva [email protected] Introdução O objetivo deste texto é relatar uma experiência vivida durante o mês de setembro de 2015 na Escola Municipal Ernesto Gueiros, sítio Capoeiras, Garanhuns-PE, na turma de educação Infantil I e II com crianças de 4 e 5 anos de idade, na totalidade de 22 crianças. O trabalho surgiu a partir de observações na hora do lanche que é levado pelos alunos. Pude observar o excessivo consumo de comida industrializada de modo geral (salgadinhos, bolachas recheadas, balas, etc.) e a ausência de frutas em suas lancheiras. Além dessa dieta constituir pouca fonte de nutrientes, também contribui para uma resistência às frutas oferecidas pela escola. Palavras-Chave- Alimentação saudável. Crianças. Frutas. Família. Metodologia O Projeto Alimentação Saudável: Frutas, Cores e Sabores teve como objetivo, proporcionar aos alunos o conhecimento sobre a importância de manter hábitos alimentares saudáveis. Sendo a escola um lugar onde os conhecimentos e experiências são expandidas, tornando assim um ambiente de interação, é necessário desenvolvermos projetos que venham suprir as necessidades e promover novas experiências as nossas crianças. É na fase da infância o momento mais propício a explorar possibilidades, a provar o novo. Como afirma Barbieri (2012, p.32): A experiência pode ser tomada como ato ou efeito de experimentar (-se), de provar algo novo, entrar em contato e explorar possibilidades. Na infância, temos uma prontidão para viver experiências, estamos mais dispostos e curiosos para descobrir novas possibilidades de uso dos objetos, queremos desvendar mistérios e conhecer o que ainda não conhecemos. 134 A partir dessa concepção o projeto mostrou o quanto é importante manter a vida saudável e uma alimentação prazerosa com sabores diversos sem a necessidade de grandes sacrifícios, mantendo um equilíbrio, mostrando também a diversidade de frutas que podemos encontrar, principalmente em nossa região. Frutas essas que possuem um grande valor nutricional e que muitas vezes não são consumidas por não terem boa aparência ou por possuírem um odor mais característico, causando nas crianças a rejeição a essas frutas. Diante dos fatores apresentados, o projeto foi desenvolvido de forma interdisciplinar envolvendo os eixos de Linguagem oral e escrita, Matemática, Natureza e Sociedade, Artes e Música. As atividades foram iniciadas como uma roda de conversa, para sondar o que as crianças entendiam por alimentação saudável, como era o cotidiano familiar, quais frutas faziam parte de sua alimentação e quais eles não gostavam. A partir dos questionamentos começamos a desenvolver nossas atividades. Em seguida a esses questionamentos confeccionamos um cartaz com os nomes dos alunos e suas frutas preferidas. Inicialmente trabalhamos as cores, os nomes das frutas e a escrita no eixo de Linguagens. Posteriormente, trabalhamos os sentidos para que as crianças descobrissem e descrevessem se privando de algum de seus sentidos a fruta que ele recebera. Foi um momento memorável, de grande aprendizado e divertimento. Realizamos atividades de seriação, subtração, adição, sequência no eixo de Matemática. Em Artes pintamos frutas para ornamentar a sala de aula. Foram confeccionadas frutas com massa de modelar, durante o período de vivencia do projeto ensaiamos uma musica infantil da Turma do Lobato (Rock das Frutas) entre muitas outras atividades. A família foi muito importante, colaborando de forma participativa ajudando no para casa, contribuindo com frutas quando solicitado para que pudéssemos realizar determinadas atividades. No dia da culminância que foi realizada dia 17 de setembro de 2015 estiveram presentes para prestigiar as atividades realizadas pelas crianças: os profissionais do PSF realizando uma palestra com a mesma temática do projeto, a família dos alunos da Educação Infantil, a Supervisora Pedagógica, o corpo docente e discente da escola, e a comunidade da qual a escola faz parte. Encerramos nossas atividades com uma grande salada de frutas, apresentação de uma peça com 135 teatro de fantoches, e uma apresentação musical feita pelas crianças. Foi maravilhosa a interação e participação da comunidade, escola e família. Como considera Welfforte (1995, p.99) : A escola que se abre à participação dos cidadãos não educa apenas as crianças que estão na escola. A escola cria comunidade e ajuda a educar o cidadão que participa da escola, a escola passa a ser um agente institucional fundamental do processo da organização civil. Resultados Durante a vivência das atividades, pude observar o envolvimento e interesse das crianças em realizar as atividades. Após a realização das atividades fizemos uma roda de conversa para que fosse relatado o que as crianças aprenderam, foi nítido observar a ampliação de conhecimento sobre frutas e sua importância para manter uma vida saudável. Observei que os alunos começaram a incorporar as frutas em suas lancheiras e comer mais a merenda da escola, os mesmos relataram que seus pais estão os incentivando nessa nova experiência. Conclusão Tenho convicção que o projeto não solucionou todos os problemas da minha turma, mas percebo que estou no caminho certo. Acredito que um trabalho bem articulado que possa envolver todos componentes da escola e articular com a comunidade nos traz rendimentos consideráveis nos diversos campos do conhecimento sendo de muita importância para a vida de nossas crianças. Uma vez que pudemos compartilhar nossas necessidades, angústias, experiências, inquietações, dificuldades, conhecimentos, avanços e aprendizados. Referencias Bibliográficas BARBOSA, M. C. S. Projetos pedagógicos na educação infantil / Maria Carmen Silveira Barbosa, Maria da Graça Souza Horn. – Porto Alegre: Grupo A, 2008. 128 p.; 23 cm. BARBIERI, S. Interações: onde está a arte na infância?/Stela Barbieri; Josca Ailine Baroukh, coordenadora; Maria Cristina Carapeto Lavrador Alves, organizadora. –São Paulo: Blucher, 2012.-(Coleção InterAções) 136 WEFFORT.F. Escola, participação representação formal. In.L.Z. Da Silva e J. C de Azevedo. (Orgs), Paixão de aprender II. Petrópolis: Vozes, 1995. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010. 137 GT 4 - POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E GESTÃO ESCOLAR Coordenadores: Prof. Taynah Barra Nova - UAG/UFRPE, Prof. Anderson Fernandes de Alencar - UAG/UFRPE 138 INTERSETORIALIDADE DAS POLÍCIAS DE EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA: EXPERIÊNCIAS DO NÚCLEO PSICOSSOCIAL NO DESEMPENHO ESCOLAR Mikaella Buarque Cordeiro Assistente Social no Espaço Criança Esperança – PE [email protected] Introdução Este trabalho reflete as experiências da atuação do núcleo psicossocial inserido nas Políticas de Assistência Social e Educação; como estas se expressam no cotidiano familiar, e como os profissionais de Serviço Social e Psicologia intervém neste processo. Esta sistematização surgiu a partir da inserção do assistente social, em um projeto sócio educacional, Espaço Criança Esperança em Jaboatão (ECEJ) e no CRAS - Centro de Referência da Assistência Social. O que é preciso assegurar às crianças e aos adolescentes, enquanto cidadãos, para que se desenvolvam integralmente? A priori, demarca-se a substancialidade dos direitos civis, políticos e sociais, somados a outros direitos como à sustentabilidade e à diferença como sendo essenciais nesse processo de desenvolvimento (MARSHALL,1967; DAGNINO, 1994). Observa-se a ênfase nos processos de eficiência, efetividade e eficácia pelas políticas setoriais. Compreende-se então, a valorização do processo de intersetorialidade que articula saberes técnicos, ações e projetos dos diversos âmbitos do Estado. A intersetorialidade para Junqueira (2004, p. 4, 9) constitui uma concepção que deve informar uma nova forma de planejar, executar e controlar a prestação de serviços, garantindo um acesso igual dos desiguais. A intersetorialidade atua sob as possibilidades de gestão, acesso e modos de garantia e continuidade dos serviços ofertados pelas políticas públicas. Dentro desta análise, o desempenho e a evasão escolar são exemplos clássicos da intercessão das políticas de Educação e Assistência Social. De um lado, escolas que tem seu dever, de ofertar ensino de qualidade e um projeto pedagógico que possibilite o aprendizado. Do outro lado encontra-se a Assistência Social, voltada para a inclusão social de famílias dos alunos inseridos em situações de vulnerabilidade social e matriculados na rede educacional, tendo como problemática a evasão e indisciplina escolar. Objetivo Analisar a atuação do núcleo psicossocial no sistema educacional, potencializando a garantia dos direitos e a efetivação da intersetorialidade das políticas sociais como estratégia de efetivação do 139 acesso à educação de qualidade. Além da construção de criticidade dos sujeitos, considerando determinantes sócios históricos e o contexto familiar, para a melhoria do desempenho cognitivo, social e econômico. Referencial Teórico A educação enquanto direito social se expressa através de efetivação do acesso da população aos mecanismos educacionais nos distintos níveis de ensino. Para tal, entendemos que se faz necessário, dentre outros aspectos à aplicação de recursos econômicos e humanos por parte do Estado, para que se materialize no âmbito societário, uma política social que garanta não só a formação para o mercado, mas àquela que contribua para emancipação dos sujeitos sociais. Pensando na educação em tempos de Capital Fetiche, é possível afirmar que há uma clara orientação de focalização da política educacional no Brasil, obedecendo à mesma tendência evidenciada na condução das políticas sociais. Em geral, a política educacional, assim como as demais políticas sociais, devido às mudanças ocorridas na fase monopolista do capitalismo, responde de modo específico as necessidades de valorização do capital, ao mesmo tempo em que se consolida a demanda popular efetiva de acesso ao saber produzido. Ainda que de forma fragmentada, o recorte textual aponta para um problema sobre a educação ministrada dentro da instituição escolar. O que fazer já que a educação é parte da superestrutura? Ou seja, será que a escola não deveria ter uma outra dimensão, senão aquela atribuída pela sociedade burguesa? Por acreditar nesta assertiva Marx aposta na sociedade comunista onde: Por conseguinte, a educação os libertará deste caráter unilateral que a divisão social do trabalho impõe a cada indivíduo. Assim a sociedade organizada sobre bases comunistas dará a seus membros a possibilidade de empregarem todos os seus aspectos, suas faculdades desenvolvidas universalmente. Porém com isto desaparecerão inevitavelmente as diversas classes. Karl Marx (Konder, 2001) nunca devotou à educação o papel de promotora da transformação da sociedade. Suas contribuições essenciais para a educação estão focadas no esclarecimento e na compreensão da totalidade social da qual a educação faz parte, sendo determinada e determinando, sendo influenciada e influenciando a estrutura econômica. Metodologia Este artigo consiste no relato de experiência, tendo como objetivo analisar as vivências e a relevância do núcleo psicossocial no âmbito das políticas sociais – Assistência Social e Educação, 140 como também a importância da intersetorialidade no processo de efetivação da educação de qualidade. Resultados Segundo Pierre Bourdieu (1998), o ensino não é transmitido da mesma forma para todos, como a escola faz parecer. Segundo esse autor alunos que fazem parte de classes sociais mais favorecidas possuem a herança que ele denominou de Capital Cultural. Baseado na alternativa proposta por Pierre Bourdieu (1998), trabalhamos no projeto, com o intuito de minimizar as expressões da questão social viabilizando o uso dos princípios da disciplina restaurativas33 nos casos de indisciplina, e as aulas de campo que resultam na efetivação de um diálogo entre o conhecimento estudado nas salas de aula e o processo de aquisição e desenvolvimento do capital cultural dos educandos. Conclusão A proposta que esse trabalho elucida é apontar que a intersetorialidade das políticas públicas rebate diretamente no exercício política especifica, a educacional, onde modos de operar de forma intersetorial reflete e garante efetividade, eficácia e eficiência nas ações. Referências ALMEIDA, Ney Luiz Texeira de. Serviço Social e política educacional: um breve balanço dos avanços e desafios desta relação.2006. In: www.Cress-mg.org.br. BOURDIEU, Pierre Félix. Capital Cultural. 2011. Disponível em: Acesso: 05 de abril de 2015. GUEIROS, Dalva Azevedo. SANTOS, Thais Felipe Silva dos. Matricialidade sociofamiliar: compromisso da política de assistência social e direito da família. JUNQUEIRA, Luciano A. Prates. A gestão intersetorial das políticas sociais e o terceiro setor. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 25-36, jan./abr. 2004. MARSHALL, T. H. Cidadania e classe social. In: _____. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967. MARX, Karl. O capital (Livro l: O processo de produção do capital). Rio de Janeiro, Civilização Brasileira. .1980.1999. NASCIMENTO, Sueli. Reflexões sobre a intersetorialidade entre as políticas públicas. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 101, p. 95-120, jan./mar. 2010. Revista Serviço Social & Saúde. UNICAMP Campinas, v. X, n. 12, Dez. 2011. 33 São práticas voltadas para a gestão cooperativa e pacífica de conflitos através do diálogo norteados por valores da Justiça Restaurativa (participação, respeito, honestidade, humildade, interconexão, responsabilidade e empoderamento) que ocorre por escolha voluntária, com a intenção de reparar um dano causado e restaurar um relacionamento a partir de um processo reflexivo. 141 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO: O PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA NA REDE MUNICIPAL DE GARANHUNS/PE Jamille Oliveira de Melo1 Taynah de Brito Barra Nova2 1 Discente do curso de Licenciatura em Pedagogia, Unidade Acadêmica de Garanhuns/UFRPE – [email protected] 2 Professora Assistente da Unidade Acadêmica de Garanhuns/UFRPE – [email protected] Introdução O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), característico pela sua natureza de descentralização, constitui-se como uma iniciativa do Governo Federal de complementação ao investimento educacional. Por meio do repasse de verbas anuais, o PDDE contempla escolas públicas da educação básica nas esferas estaduais, municipais e do Distrito Federal, bem como escolas privadas de educação especial mantidas por entidades sem fins lucrativos, que estejam registradas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Como um Programa que assume características que potencializam o desenvolvimento da autonomia financeira de escolas públicas por ele beneficiadas, visamos à realização de um estudo que tenha como fim a análise do funcionamento do PDDE na Rede Municipal de Ensino de Garanhuns/PE. Objetivos Tratando-se de uma pesquisa em andamento, partiremos de uma perspectiva de estudo que tenha como foco a análise das consequências do Programa em atividade. Para isso, buscaremos verificar as áreas para qual o repasse tem sido destinado com maior frequência. Posteriormente, objetivamos compreender como o PDDE tem contribuído para a construção da autonomia financeira da gestão escolar, assumindo papel significativo na estruturação da gestão e do cotidiano escolar. Identificaremos também, a partir da perspectiva da gestão, a participação dos indivíduos nas Unidades Executoras (UEx), órgãos responsáveis pelo repasse dos recursos. Por fim, visamos reconhecer os possíveis avanços e entraves encontrados nessas escolas com o Programa em atividade. 142 Referencial Teórico Antes de adentrarmos nas discussões acerca do PDDE, nos reportaremos ao estudo da descentralização do ensino e consequentemente à nova forma de organização política assumida pelo Estado. É nesse contexto, que destacarmos a relação direta do PDDE com as novas políticas educacionais, sendo identificado como marco na descentralização de recursos federais financeiros, como aponta Adrião e Peroni (2007, p.4): No campo da educação, acreditamos que o PDDE tem induzido os sistemas de ensino atuarem nessa mesma direção, tendo em vista as estratégias propostas pelo Programa para atender aos objetivos de descentralização financeira, historicamente reivindicada pelas escolas públicas. No que se refere a proposta do PDDE, desenvolvida pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional desde 1995, destacamos a sua atuação, que se situa nos âmbitos físico e pedagógico visando melhores condições de ensino e aprendizagem: A concepção de uma escola que ofereça ensino de qualidade é responsabilidade de todos ― governos e sociedade. E, é neste contexto, que se insere o PDDE, seja provendo, supletivamente, meios para aquisição dos recursos didático-pedagógicos, equipamentos, reparos e conservação do prédio da unidade de ensino, seja reforçando a autogestão escolar e a participação social, mediante descentralização decisória e funcional do emprego do dinheiro (BRASIL, 2006, p. 2). Nessa perspectiva, estamos estudando um Programa de dimensões amplas para Educação. Como aponta Cruz, Gonçalvez e Luz (2004), o PDDE concretiza-se como uma expressão de redefinição do papel do Estado, que ao exercer influência, também estabelece consequências diretas nas relações entre escolas e sistemas de ensino. Metodologia A pesquisa a ser desenvolvida, por necessitar o entendimento do PDDE junto aos processos e as relações, que venham a caracterizar o seu funcionamento na Rede Municipal de Ensino de Garanhuns/PE, seguirá a perspectiva qualitativa, proposta Minayo (1994), a qual permite atribuição de significado aos dados coletados. Enquanto tipo de pesquisa, nos reportaremos ao estudo de caso etnográfico, que segundo André (1995) apresenta enquanto características a ênfase no processo, preocupação com o 143 significado, descrição e indução. Como instrumentos de coleta de dados, propomos a entrevista e a observação participante. A Análise de Conteúdo guiará a análise dos dados. Conclusão Considerando que a pesquisa apresentada encontra-se em andamento, ainda não alcançamos resultados. No entanto, considerando as ações cernes do PDDE e sua grande importância para funcionamento integral das escolas por ele beneficiadas, temos enquanto hipóteses que o PDDE tenha conseguido amenizar as dificuldades em relação à infraestrutura física e pedagógica, proporcionando a participação via UEx e Conselhos Escolares, a melhoria das aprendizagens dos alunos e a estruturação da autonomia financeira e da autonomia da gestão no cotidiano escolar. Referências ADRIÃO, T; PERONI, V; Implicações do Programa Dinheiro Direto na Escola para gestão da escola pública. Educação & Sociedade, Campinas, vol.28, n.98, 2007. ANDRÉ, M.E.D.A. Etnografia na prática escolar. Campinas: Papirus, 1995. BRASIL, Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Programa Dinheiro Direto na Escola. Brasília: FNDE, 2015. Disponível em: http://www.fnde.gov.br/programas/dinheiro-direto-escola/dinheiro-direto-escola. Acesso em: 10 de janeiro de 2015. CRUZ, R.E; GONÇALVES, F.W.A.S; LUZ, L.X. O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) como política educacional do Estado contemporâneo. Acesso em: 13 de janeiro de 2015. MINAYO, M. C. S. Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994. 17 ed. 144 ASPECTOS INSTITUCIONAIS DA UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS (UAG) COM ENFOQUE NA ADMINISTRAÇÃO E NA PRERROGATIVA DE AUTONOMIA QUE NÃO CONCERNE AOS CAMPUS FORA DA SEDE E UNIDADES ACADÊMICAS Ana Clara Serpa Toscano de Brito Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia da UFRPE/UAG. [email protected] Iago Felipe Ferreira Rocha Graduando do curso de Licenciatura em Pedagogia da UFRPE/UAG. [email protected] Sandra Maria Aciole Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da UFRPE/UAG. A Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG), pertencente à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), mesmo completando seus 10 anos de implementação no Agreste Pernambucano, ainda funciona como um órgão sem autonomia em relação à sua sede, o que dificulta na realização de projetos benéficos para os alunos e à comunidade externa. Tendo em vista que o ensino superior também faz parte da área de atuação do pedagogo, decidimos analisar estes dados mais profundamente e observar como se dá este funcionamento e sua administração, sendo ela subordinada aos desígnios da sede, sabendo que por não ter somente a UAG como extensão, a sede da UFRPE (situada no bairro de Dois Irmãos em Recife/PE) não consegue acompanhar as necessidades mais urgentes dos educandos e profissionais que se encontram em Garanhuns. Esta pesquisa teve como objeto de estudo a Universidade Federal Rural de Pernambuco com enfoque na Unidade Acadêmica de Garanhuns. Objetivamos conhecer a administração, a estrutura física e o funcionamento de uma instituição de ensino púbico federal. Tendo como objetivos específicos observar como se dá a administração de uma universidade pública federal; analisar a estrutura física da instituição de acordo com a legislação vigente; descrever o funcionamento da academia. Optamos pelo tipo de pesquisa empírica, pois vimos a necessidade de ir até a instituição de ensino para obter informações mais fidedignas dos fatos. Decidimos também por uma pesquisa descritiva e explicativa (ANDRADE, 2009; GIL, 2009), onde poderíamos apontar os dados encontrados sobre os aspectos pesquisados e procurar os motivos que causam os fenômenos encontrados. Já como dimensão em foco tivemos a institucional que visa analisar a estrutura física, administração e funcionalidade da academia em questão. Analisamos também o motivo da escola se encontrar em um bairro periférico da cidade de Garanhuns, Pernambuco (bairro da Boa Vista) e não 145 tão próxima ao centro, que será explicado na análise dos dados. Como sujeitos, tentamos abranger todos os sujeitos ativos da unidade, dentre eles os alunos, e sua representação social (Diretório Central dos Estudantes), a direção administrativa e o pessoal terceirizado. A observação começou a ser feita a partir do momento que escolhemos a UAG como objeto de estudo, buscamos moldar nossa ótica para a mais crítica e imparcial possível para assim poder ver a instituição como campo de pesquisa e não somente como “produto dado e acabado”. Como nossa pesquisa aconteceu em época de greve de técnicos administrativos não tivemos muito acesso a documentos físicos, mas por se tratar de uma instituição pública tivemos acesso a vários documentos virtuais, como investimentos do governo federal, lista de pessoal efetivo da instituição, tanto docentes como técnicos e dos educandos, que estão disponíveis online. A leitura foi escolhida com base na instituição, por se tratar de uma instituição de ensino superior buscamos ler a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n.º 9.394, de 1996) com relação ao Ensino Superior, legislações que fossem vigentes para todos os níveis de ensino como a Lei da Acessibilidade (Lei n.º 10.098, de 2000) e autores que falam a respeito de aspectos também comuns ao ensino como Oliveira (2005) que estuda a relação entre meio externo e indivíduo. Sobre a enquete, buscamos fazê-la com os educandos antes de realizar a entrevista com o diretor administrativo para termos subsídio e posse em nossa fala. Em primeiro momento escolhemos os terceirizados por estarem há mais tempo na instituição, porém alguns deles se recusaram a responder por escrito, percebemos um pouco de receio, então decidimos pedir aos alunos que sem receio responderam à pesquisa, escolhemos os primeiros e últimos períodos pois gostaríamos de saber o quanto eles conheciam sobre a instituição, se havia ou não uma discrepância entre os primeiros e últimos períodos. As entrevistas semiestruturadas foram escolhidas por terem um caráter mais aberto a reformulação das perguntas de acordo com as respostas dos entrevistados. Fomos com inicialmente 04 (quatro) perguntas ao diretor e 02 (duas) perguntas aos terceirizados, o que nos ajudou a iniciar as questões vitais da nossa pesquisa e nos deu abertura para outras questões que surgiram durante as entrevistas. A história da instituição, disponível no site oficial da mesma, fala que “na cidade pernambucana de Olinda, em 3 de novembro de 1912, os monges beneditinos Dom Plácido de Oliveira, Dom Bento Pickel, Dom Pedro Bandeira de Melo e Dom Agostinho Ikas, liderados por Dom Pedro Roeser – então Abade do Mosteiro de São Bento – empreenderam esforços para a criação das Escolas Superiores de Agricultura e Medicina Veterinária São Bento, célula-mater da atual UFRPE”. Ganhando o título de universidade em 1947. Atualmente possui cerca de hum mil 146 professores, 900 técnicos e 17 mil estudantes em toda a instituição. Em setembro de 2005 foi criada a expansão da instituição para a Unidade Acadêmica de Garanhuns, sendo a primeira extensão do país. Os servidores técnico-administrativos têm dois tipos de formação, tanto médio/técnico quanto de graduação, com as mais diferentes áreas. Na linha dos docentes, vimos que o maior percentual se encontra com curso de doutorado ou superior a ele, porém não tivemos acesso a todos os níveis acadêmicos pelo portal da UAG. Lembrando que este número não inclui o pessoal contratado por processo seletivo em atuação. A unidade possui 07 (sete) cursos de graduação com modalidade stricto sensu, são eles: Agronomia, Bacharelado em Ciências da Computação, Engenharia de Alimentos, Licenciatura em Letras, Medicina Veterinária, Licenciatura Plena em Pedagogia e Zootecnia. A quantidade de alunos de graduação da UAG/UFRPE distribuídos pelos 07 (sete) cursos da unidade de acordo com as vagas são 2900. Por fim, pudemos perceber a importância do movimento da expansão universitária, o quão grande foi sua relevância nas mudanças positivas para a área da educação no Brasil. A administração se baseia em um sistema hierárquico, porém para escolha do diretor se faz necessária a votação, e a rotatividade do cargo, enquanto para a tomada de decisões também se fazem necessários os conselhos nos quais há representação de alunos, professores e técnicos, cuja representatividade pode ser considerada base da gestão democrática. Sobre a prerrogativa de autonomia da qual os campus fora da sede e as unidades acadêmicas não gozam pode-se perceber o quanto este ponto interfere nas ações efetivas para o melhoramento da qualidade dentro da instituição. Quanto à funcionalidade da instituição, podemos dizer que cumpre com seus objetivos, porém não em seu todo, como podemos ver em relação a disponibilidade do uso da biblioteca pela comunidade ao seu redor e o hospital veterinário que ainda se encontra processo de licitação para ser finalizado. A pesquisa ainda está em desenvolvimento, pois ainda restam algumas lacunas a preencher. REFERÊNCIAS ANDRADE, M. M. Introdução a metodologia do trabalho científico. 9ª. Ed, São Paulo: Atlas, 2009. BRASIL. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acessado em: 20 maio de 2015. CAMACHO, T. A universidade pública no Brasil. Revista de Sociologia, n.º 19: p.100 - 133. Facultad de Ciencias Sociales - Universidad de Chile, 2005. FOUCAULT, M. A verdade e as formas jurídicas. Cadernos PUC, Rio de Janeiro, 4a.ed., ano 6, n. 74, p. 05-82, 1991. 147 ________ Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 1982. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª. Ed, São Paulo: Atlas, 2008. Site Portal da Transparência. Disponível em: http://www.portaldatransparencia.gov.br. Acessado em: 14/05/2015. Site DCE-MRE. Disponível em: http://www.dce.mre.gov.br/nomenclatura_cursos.html. Acessado em 02/06/2015. Site Unidade Acadêmica de Garanhuns / UFRPE. Disponível em: http://ww4.ufrpe.br/uag. Acessado em 14/05/2015. Site Universidade Federal Rural de Pernambuco. Disponível em: http://www.ufrpe.br. Acessado em: 14/05/2015. Site oficial do Controle Acadêmico da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Site oficial do Portal da Transparência do Governo Federal. Disponível em: http://www.portaldatransparencia.gov.br/. Acessado em: 26/04/2015. Site oficial da Superintendência de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas – SUGEP. Disponível em: http://www.sugep.ufrpe.br/. Acessado em 26/04/2015. Site oficial da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. Disponível em: www.ufrpe.br. Acessado em: 26/04/2015. 148 AVALIAÇÕES DE LARGA ESCALA NO COTIDIANO DA ESCOLA Josefa Roberta Roque dos Santos Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia UFRPE/UAG. [email protected] Taynah de Brito Barra Nova Professora do curso de Licenciatura em Pedagogia UFRPE/UAG. [email protected] INTRODUÇÃO Na década de 1990 ganhou força a produção de novas ações governamentais de controle dos investimentos nas políticas sociais. Na Educação destaca-se o desenvolvimento de políticas educacionais de avaliação, que foram consolidadas por meio da implantação das avaliações externas. Neste cenário foi criado o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), que tem como um dos seus objetivos avaliar a Educação Básica brasileira. Atualmente o SAEB é composto por três avaliações: a Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB), a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC/ PROVA BRASIL) e a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA). No intuito de sistematizar os resultados obtidos por meio das avaliações externas foi criado em 2007 o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que tem por objetivo reunir em um único indicador dois conceitos importantes para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações. O discurso governamental acerca dessas avaliações é que a partir delas podem ser geradas informações que auxiliam na elaboração de metas, ações e políticas educacionais que possibilitem a melhoria na qualidade da Educação brasileira. Porém uma crítica comum a essas avaliações é o caráter responsabilizador e controlador de sistemas de ensino, escolas e professores. Considerando essas duas posições acerca das avaliações externas, nossa pesquisa teve como objetivos verificar se as avaliações externas interferem no cotidiano escolar e identificar de que forma essas avaliações estão sendo incorporadas pelas instituições de ensino. APONTAMENTOS TEÓRICOS Nosso trabalho está pautado nas contribuições de Machado e Alavarse (2013) no que se refere às contribuições dos dados produzidos pelo IDEB, na perspectiva de subsidiar políticas públicas que visem à melhoria na qualidade do ensino, pois acredita-se que através da avaliação externa é mais fácil enxergar as dificuldades e fracassos das escolas, podendo dessa forma sanar os problemas e melhorar a educação. Consideramos ainda as contribuições de Ronca (2013) sobre o IDEB estar sendo usado para implementar políticas equivocadas de responsabilização individual dos 149 professores pelo sucesso ou fracasso atingindo. Esse é um dos aspectos principais da diversidade de opiniões de professores a respeito dessas avaliações. Ainda de acordo com esse autor foram introduzidos pela avaliação os conceitos de responsabilização e mobilização social, a partir do decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007. Acreditamos que se faça importante destacar ainda as contribuições de Soares e Alves (2013), quando chamam a atenção para a necessidade da contextualização dos resultados produzidos, deixando claro que outras variáveis da escola devem ser consideradas na divulgação dos resultados. PERCURSO METODOLÓGICO Esta pesquisa foi realizada de maio a setembro de 2015, em escolas da rede Municipal de ensino de Garanhuns-PE, campo de atuação do Programa Institucional de Iniciação a Docência (PIBID). Participaram 05 supervisoras PIBID (codificadas como S1 a S5) e 05 professoras que recebem ID’s nas suas turmas (codificadas como P1 a P5). Todas são efetivas da rede de ensino, com no mínimo 04 anos de experiência profissional. Utilizamos entrevistas semiestruturadas, com o objetivo de identificar como essas avaliações estão sendo incorporadas nas escolas, e perceber se e como as avaliações externas interferem no cotidiano escolar. RESULTADOS De acordo com os dados obtidos podemos perceber que essas provas interferem nas escolas em questões metodológicas e de conteúdos, no que se refere à aplicação de simulados e preparação dos alunos para as provas, como observamos nos depoimentos a seguir: “antes das provas são trabalhados simulados, conteúdos e as avaliações são feitas no formato da PROVINHA BRASIL, ANA e do SAEPE” (S1); “procuramos trabalhar de forma que prepare os alunos para as mesmas com simulados” (P3); “eles são estimulados com simulados durante vários dias, para que os alunos vá se apropriando assim na hora não fique assustado e tenha conteúdo a cabeça pra trabalhar” (S4). Uma crítica levantada pelas participantes é justamente essa preparação realizada com os estudantes na sala de aula para que os mesmos participem das avaliações externas: “(...)Então... É aquela coisa... Se a gente quiser que eles consigam responder, o que a gente tem que fazer antes é aplicar provinhas parecidas pra treinar, mas eu acho que isso não é uma avaliação correta. Têm que avaliar o que o aluno sabe e não preparar ele previamente, porque ele tem que realmente fazer o que sabe e não se preparar pra mostrar que sabe alguma coisa” (P1). Podemos perceber a recorrência de discussões sobre a aplicação e aferição dos resultados das avaliações externas nas escolas. 150 CONSIDERAÇÕES A maioria dos participantes da pesquisa defendem a aplicação das avaliações externas na escola, pois as mesmas proporcionam, segundo as participantes, uma diagnose da sua turma/ escola, porém deixam claro que essa forma de avaliação como vem sendo aplicada necessita de muitas melhorias, principalmente no sentido de contextualizar os resultados por escola. Concluímos diante de todas as entrevistas que nas escolas pesquisadas existem uma interferência temporária das avaliações externas, pois antes da aplicação das avaliações externas existem a aplicação de simulados e buscase trabalhar as matrizes de referência das provas, em detrimento ao currículo do município, porém, após passado esse período, essas avaliações só voltam ao cenário de discussão da escola quando do recebimento dos seus resultados. Dessa forma, podemos perceber que apesar de anos de existência dessas avaliações na realidade brasileira as mesmas ainda são consideradas em alguns contextos fora das discussões no cotidiano das instituições escolares. REFERÊNCIAS MACHADO, Cristiane; ALAVARSE, Ocimar Munhoz. Avaliação interna no contexto das avaliações externas: desafios para a gestão escolar. RBPAE, v. 30, n. 1, p. 63-78, jan/abr. 2014. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/index.php/rbpae/article/viewFile/50013/31322>. Acesso em junho de 2015. RONCA Antonio Carlos Caruso. A avaliação da educação básica seus limites e possibilidades. Revista Retratos da Escola: avaliação da educação básica, Brasília, v.7, n.12, p.77- 86, 2013. SOARES, José Francisco; Alves, Maria Teresa Gonzaga. Escolas de ensino fundamental contextualização dos resultados. Revista Retratos da Escola: avaliação da educação básica, Brasília, v.7, n.12, p. 145 – 158, 2013. 151 A EXPERIÊNCIA EXITOSA DO PROJETO CONVIVER COM O ECA NA ESCOLA NO CONTROLE AS INSTABILIDADES NO AMBIENTE ESCOLAR Isabella Júlia Santana Da Silva Universidade Federal De Pernambuco-Ufpe. E-Mail: [email protected] Robson Guedes Da Silva Universidade Federal de Pernambuco-UFPE. E-mail: [email protected] Suely Dantas De Oliveira Moura Secretaria de Educação de Pernambuco - GRE Recife Norte. E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO A escola em sua estrutura histórica sempre possuiu um caráter excludente, assumindo e reproduzindo em sua práxis a exclusão que se evidencia por muitos na sociedade. Nesse espaço onde se possui um discurso muitas vezes demagógico sobre a importância da “educação para a paz”, tal “educação” é percebida em vários espaços muitas vezes, menos no da escola. Partindo disso é preciso repensar a concepção de educação para a paz que muitos profissionais estão assumindo em suas práticas curriculares cotidianas. Porém de forma é preciso concordar com Elis Priotto quando evidencia a denominação de violência escolar como: todos os atos ou ações de violência, comportamentos agressivos e antissociais, incluindo conflitos interpessoais, danos ao patrimônio, atos criminosos, marginalizações, discriminações, dentre outros praticados por, e entre, a comunidade escolar (alunos , professores, funcionários, familiares e estranhos à escola) no ambiente escolar. (PRIOTTO, 2009, p. 162). Analisando tais afirmações podemos ver o quanto a projetos pedagógicos de controle a tais instabilidades é pertinente dentro do ambiente escolar, pois a partir de uma práxis de educação libertadora e emancipatória, podemos chegar a ver a escola como: arena onde podemos exercer a experiência, compartilhar a nossa vida e como podemos introduzir e exercitar a interação de valores, atitudes e condutas coerentes com os direitos humanos e os princípios democráticos. (MOURA, 2011, p. 36). Não obstante, o Projeto Conviver com o ECA na Escola trata-se de um projeto de intervenção que visa transformar os educandos que possui nos registros escolares práticas de atos infracionais e indisciplinares em Agentes Multiplicadores Escolares – AMEs, com o trabalho pedagógico do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) mais pertinente nos artigos de 103 a 152 130. Da mesma forma, o mesmo trabalha com oficinas pedagógicas com os estudantes, além de através de oficinas com os outros segmentos da comunidade escolar, ou seja, pais, professores e funcionários. Tendo como objetivo possibilitar uma melhor compreensão do ECA e sua importância contínua no ambiente escolar. FAZENDO A DIFERENÇA NO AMBIENTE ESCOLAR O referido trabalho se objetiva em abordar as pertinentes experiências vivenciadas por exalunos e coordenadores do denominado Projeto Conviver com o ECA na Escola, o mesmo se efetiva de 2011 nas escolas jurisdicionadas pela Gerência Regional de Educação Recife Norte-GRE Recife Norte, com mais de 42 unidades de ensino participantes. O Projeto Conviver com o Eca na Escola foi idealizado pela técnica pedagógica especialista em direitos humanos, a professora Suely Dantas de Oliveira Moura, que elabora o mesmo para possibilitar a sensibilização, conscientização e aprendizagem de crianças e adolescentes sobre direitos e deveres prescritos no Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA. Dois estudantes resolveram mudar o rumo de sua escola quando conheceram o Projeto e se inteiraram da sistemática, formaram mais dez outros estudantes que, através de formações, oficinas de estudos sobre o ECA, palestras e, sobretudo, com atenção aos colegas com problemas de relacionamentos na família e com os professores, em conversas individuais com o intuito de valorização do ser humano, mostrando que há sempre uma boa saída para os problemas enfrentados, foram conquistando pessoas que conseguiram mudar não só comportamentos e atitudes, mas ganharam vidas e formaram amizades, gerando, assim, na escola um ambiente agradável a convivência e a aprendizagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo evidencia conquistas, o que nos permite refletir e avançar no processo de ensino/aprendizagem, rompendo definitivamente com o paradigma de aprendizagem tradicional é através do Projeto, essa aprendizagem tem ocorrido por meio da integração, interação, articulação e mudanças de comportamentos nos educandos com diversas faixas etárias que antes eram conhecidos por sua atitudes negativas, hoje eles são reconhecidos com educandos que fazem a diferença na escola,família etc. Suas famílias têm orgulho de seus filhos, antes trabalhosos hoje modificados através da pedagogia do respeito e do diálogo. 153 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Presidência da República, Casa Civil, Sub Chefia para Assuntos Jurídicos. Lei n.º 8.069, 13 de julho de 1999. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF, 13 de jul. 1990. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069Compilado.htmAcesso em: 25 de out. 2015. MOURA, Suely Dantas de Oliveira. Educação em Direitos Humanos: Um pouco da teoria e da prática: Manual de Atividades. Olinda, PE: Livro Rápido, 2011. _______. Projeto conviver com o ECA na escola: juntos fazemos a diferença... – Olinda: Livro Rápido, 2013. PRIOTTO, Elis Palma. Violência Escolar: na escola, da escola e contra a escola. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 26, p. 161-179, jan./abr. 2009. Disponível em: http://www2.pucpr.br/reol/index.php/dialogo?dd99=pdf&dd1=2589Acesso em: 25 de out. de 2015. 154 AS FORMAÇÕES NA ESCOLA PROFESSOR MÁRIO MATOS: REFLEXÕES, DESAFIOS, PERSPECTIVAS Paula Cavalcante de Melo Coordenadora Pedagógica. Email: [email protected] A discussão sobre formação docente é antiga e, ao mesmo tempo, atual: antiga, pois, em toda a nossa história da educação tem sido questionada a maneira como são formados nossos professores; atual porque, nos últimos anos, a formação do professor tem apresentado como ponto nodal das reflexões sobre qualidade do ensino, evasão, indisciplina, avaliação, reprovação; atual ainda, por seu significado de ampliação do universo cultural e científico daquele que ensina, dadas as necessidades e exigências culturais e tecnológicas da sociedade. Entende-se que ao se colocar no papel de formador do corpo docente, o coordenador pedagógico estará assumindo a responsabilidade junto aos professores pela qualidade do ensino na escola, desenvolvendo atividades que busca uma aprendizagem significativa. Diante dessa perspectiva, se tornou um desafio realizar as formações nas aulas atividades da escola. Houve desencontros, muitos professores acharam desnecessário, resistência as reuniões aos sábados e com isso, nos levou a questionar como conscientizar da importância de estarmos juntos para as formações e assegurar um trabalho harmônico de qualidade entre a coordenação pedagógica e os professores, procurar novos caminhos e estabelecer um diálogo aberto sobre as dificuldades que aparecem no decorrer do processo de ensino e da aprendizagem? Placo (2002) contribui ao afirmar que a formação possibilita repensar as suas práticas, a fim de que a formação cidadã dos alunos seja contemplada de maneira eficaz. Usamos assim alguns métodos para colocarmos em prática as esses encontros, começamos com pontos de consenso buscando no momento o que de fato estamos precisando discutir, avisar com antecedência e entregar a pauta previamente. Nas visitas às salas de aulas, realizando a gestão de sala, conseguimos captar temas significativos, para então, transformá-lo em objeto de reflexão e o que se tornou relevante nas formações foi o estimulo aos professores para desenvolverem com entusiasmo suas atividades, procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos problemas que aparecem no cotidiano da escola. Para isso destacamos nesse processo, nosso objetivo que é analisar as situações que aparecem no cotidiano escolar e, em cima disso, construir novas possibilidades e parcerias para a concretização do ensino e de todo o processo de aprendizagem, contribuindo com a equipe na busca da qualidade do ensinar e aprender. Os resultados dessas formações foram às 155 possibilidades de práticas reflexivas conscientes, compreendidas e elaboradas a fim de enfrentar os desajustes que aparecem no caminho. Construção e realização coletiva de projetos significativos para a escola, momentos de estudos compartilhados, trocas de experiências, e a compreensão de que a escola é um ambiente educativo, e que trabalhar e formar não são atividades isoladas, mas articuladas e inovadoras. (NÓVOA,2001). Ser formador é oferecer a teoria e as condições para aprimorar a prática. É reunir opiniões e concepções da equipe em torno de um projeto pedagógico. É fazer com que os professores consigam ver além dos hábitos e conceitos adquiridos com a experiência e a formação inicial. Enfim, a formação de professores nas reuniões pedagógicas escolares está permeada por uma relação dialógica na superação de muitos desafios. Mas, além disso, ter a consciência e a necessidade de refletir, observar e avaliar sempre, para, então, construir uma nova prática. É nesta relação que acontece a formação e se possibilita construir um estado de conhecimento, na perspectiva de um processo ensino-aprendizagem muito mais rico e significativo. REFERÊNCIAS: NÓVOA, A. (2001). Professor se forma na escola. Nova Escola. Edição 142. Maio, 2001 OLIVEIRA J. C. A função gestora do coordenador pedagógico na formação continuada docente: um estudo nas escolas públicas municipais da cidade do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.anpae.org.br/simposio26/1comunicacoes/JaneCordeirodeOliveira comunicacaoOralint.pdf . Acesso em 01/11/2015 PLACCO, V. M. N. S. Formação de professores: o espaço de atuação do coordenador pedagógicoeducacional. IN: FERREIRA, N. S. C; AGUIAR, M. A. S. Para onde vão a orientação e a supervisão educacional? 5 ed. Campinas – SP: Papiros, 2002. ROSA, C. Gestão estratégica escolar. 2 ed. Petrópolis, Vozes, 2004. VEIGA, I. P. A. (Org.). Escola: espaço do projeto político-pedagógico. Campinas, SP: Papirus, 1998. 156 O PIBID COMO UMA POLÍTICA PÚBLICA DE FORMAÇÃO DOCENTE: RELATOS DE EXPERIÊNCIA Taís Melo da Silva Leonardo Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia UFRPE/UAG. [email protected] Juliana Maria de Araújo Oliveira Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia UFRPE/UAG. [email protected] INTRODUÇÃO O Programa Institucional de Bolsa e Iniciação à Docência (PIBID) se caracteriza como uma política pública de valorização e apoio à formação docente. Este relato de experiência busca-se discutir sobre as contribuições do PIBID na formação do pedagogo através do desenvolvimento de um Plano de Atividades com foco no trabalho de Memória, Identidade e Cidadania. Enquanto política pública, o PIBID responde a demanda de formação docente de qualidade, como esclarece Martins (2013, p. 288) ao afirmar a existência de ações governamentais como resposta às necessidades da sociedade: “[...] é preciso considerar, ainda, que as medidas governamentais atendem a focos específicos de problemas detectados em movimentos políticos e sociais cada vez mais complexos, tendo em vista a pluralidade de demandas dos mais diferentes segmentos”. Diante disso, pode-se analisar políticas públicas educacionais sob a perspectiva de melhorias e aprimoramentos das Instituições de Ensino, da formação e qualificação de professores, dos processos de ensino e aprendizagem e consequentemente, da sociedade como um todo, ou seja, é através de iniciativas como o PIBID, que se busca responder a uma demanda da sociedade que não preza apenas pelo acesso à Educação, mas que luta pela Educação de qualidade. DISCUSSÃO A partir de 2010 foi instituído pelo Decreto Nº 7.219 o Programa Institucional de Bolsa e Iniciação à Docência34, que segundo seu art.1o tem por finalidade: “[...] fomentar a iniciação à docência, contribuindo para o aperfeiçoamento da formação de docentes em nível superior e para a melhoria de qualidade da educação básica pública brasileira”. Essa contribuição é bilateral, na 34 O orientador desse projeto é o Professor Dr. Lucas da Silva Castro. Taynah de Brito Barra Nova e Valéria Suely Simões Barza são Coordenadoras de Área do PIBID Pedagogia UFRPE/UAG, no subprojeto: Entrelaçando Linguagens na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental. 157 perspectiva em que tanto a escola parceira, quanto o professor em formação se beneficiam, diante da inserção de projetos que relacionam teoria e prática proporcionando, ao longo da formação, um primeiro contato com um dos possíveis campos de atuação do professor. De acordo com o decreto Nº 7.219/10 (art. 3º) dentre os principais objetivos do PIBID destacamos aqui a necessidade de viabilizar práticas pedagógicas à luz das teorias discutidas no âmbito Universitário, visando: “VI - contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura”. Nas licenciaturas, durante a trajetória acadêmica, poucas vezes faz-se associação da teoria com a prática, garantidas apenas pelos Estágios. Como consequência, o professor em formação tem de forma superficial, contatos com a realidade escolar, limitando-o apenas à reflexão, ficando fora da realidade da comunidade que se visa atender. Sobre isso, Gomes afirma que: “Assim podemos perceber que não basta refletir sobre as relações entre ser e fazer, pois, é preciso também analisar a inter-relação do ter com o ser. O terconhecimento comporta um valor importante, constituindo-se meio e instrumento para ser mais, aperfeiçoar e realizar o ser professor e aluno num processo de troca e interação de seus sentidos e significados em os saberes e o fazer pedagógico dado contexto histórico. O ter e o fazer devem servir para SER mais e melhor, a fim de que o ensino-aprendizagem contribua para a conscientização reflexivo-crítica dos sujeitos históricos e se recriem as possibilidades de uma pedagogia humanizadora. ” (GOMES, et al. 2006, p.234). Essa apreensão de conhecimento discutida por Gomes, aponta a relação teoria e prática como essencialmente necessárias, mas que não devem ser dissociadas, podendo alcançar assim, o aprimoramento de ensino-aprendizagem, e as reflexões práticas acerca do mesmo. Tendo em vista o desenvolvimento de Práticas Pedagógicas e metodológicas que favoreçam a aprendizagem, a socialização, e o desenvolvimento da cidadania em sala, temos como objetivos específicos: estimular o exercício de memorização através da escrita de si e da construção de uma memória pragmática; iniciando em sua dimensão individual, familiar e coletiva; promover momentos de socialização das memórias construídas por parte dos alunos em cada etapa de trabalho; possibilitando a troca de experiência o diálogo necessário a cidadania; criar técnicas de memorização e elaboração da memória por parte dos educandos que na condição de sujeitos históricos se apropriam da construção de suas identidades o terreno para o desenvolvimento da cidadania. O desenvolvimento dessas atividades ocorrera em turmas de 2º e 3º do Ensino 158 fundamental, respectivamente nas escolas municipais Instituto Bíblico do Norte e Arthur Brasiliense Maia. Perante as diferentes realidades diagnosticadas no início do Projeto, fez-se necessário algumas modificações, e adaptações, como por exemplo, o desafio de lidar com uma turma parcialmente alfabetizada diante da necessidade da escrita como principal ferramenta para o exercício de busca de uma memória pragmática; ou até mesmo lidar como a demanda de adaptar atividades que visassem incluir alunos com deficiências, entre outras. Por isso, quanto mais cedo esse profissional entra em contato com seu futuro local de trabalho, mais ele amadurecerá frente as diversidades que poderão advir em sua sala de aula. Nessa perspectiva, o PIBID além de tornar mais próximo o contato com o futuro palco de atuação do pedagogo, garante o desenvolvimento enquanto ID de uma pratica pedagógica orientada. Com o desenvolvimento dos projetos 35, o PIBID gerou o compromisso de participação em um grupo de estudos 36 que se debruça sobre: Memória, identidade e Cidadania, que se reúne uma vez por semana, com o intuito de nos direcionar, possibilitando momentos de questionamentos e reflexões, que com certeza nos dá suporte para as atividades que realizaremos em nosso projeto. CONSIDERAÇÕES Além das contribuições alcançadas através do desenvolvimento dos Planos de Atividades nas escolas parceiras do PIBID, pudemos realmente entender a teoria através da prática, além de estimular a participação no grupo de estudo proporcionando reflexões profundas sobre a memória, identidade e cidadania a partir de metodologias do ensino de história, que nos faz compreender a necessidade do aluno se colocar como um sujeito participativo, que constrói conhecimentos, além de nos dar aporte para as atividades que realizamos em nossos projetos. REFERÊNCIAS DE AMORIM GOMES, Annatália Meneses et al. Os saberes e o fazer pedagógico: uma integração entre teoria e prática Knowledges and pedagogical practice: an integration between theory and practice, 2006. BRASIL. Decreto nº 7.219, de 24 de junho de 2010. Dispõe do Programa Institucional de Iniciação à Docência. Diário Oficial, Brasílis, DF, 24 de jun. 2010. MARTINS, Angela Maria. O campo das políticas públicas de educação: uma revisão da literatura. Estudos em Avaliação Educacional, v. 24, n. 56, p. 276-299, 2014. 35 Os projetos são: “Memória, Identidade e Cidadania” e “História e Memória: A utilização da memória como fonte fundamental para a construção de uma identidade crítica do cidadão. 36 o grupo de estudos é formado por 04 graduandas de Pedagogia, todas bolsistas do PIPBID, orientadas pelo Prof. Lucas da Silva Castro - UFRPE/UAG. E-mail: [email protected] 159 O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL Débora da Silva Ferreira Estudante de Pós Graduação em Supervisão e Gestão Escolar – UPE. Pedagoga pela UFRPE/UAG. [email protected] Taynah de Brito Barra Nova Orientadora Prof ª Msª Taynah de Brito Barra Nova, UFRPE/UAG. [email protected] INTRODUÇÃO Esta pesquisa foi realizada no ano de 2014, como trabalho de conclusão de curso para a graduação de Licenciatura em Pedagogia na UFRPE/UAG, será abordado neste resumo, apenas uma amostra do mesmo, devido a sua extensão. A mesma foi executada em duas escolas da rede pública de ensino da cidade de Garanhuns-PE, tivemos como objetivo geral analisar o trato à identidade cultural no Projeto Político Pedagógico das escolas do Ensino Fundamental da rede pública de ensino de Garanhuns-PE. Como específicos investigamos se o Projeto Político Pedagógico contempla a identidade cultural dos alunos, respeitando seus contextos, posteriormente identificar como o corpo gestor compreende a importância do trato com a identidade cultural na escola e por fim, averiguar quais as estratégias utilizadas pelas escolas na consideração da identidade cultural da comunidade escolar. Analisamos os Projetos Políticos Pedagógicos das escolas e entrevistamos suas gestoras, para analisarmos se os seus discursos coincidiam com que era pregado em tais documentos. PERCURSO METODOLÓGICO Nos serviram como campo de pesquisa duas (02) escolas situadas na cidade de Garanhuns/PE. As instituições nos disponibilizaram seus Projetos Políticos Pedagógicos para o desenvolvimento do nosso estudo. As escolas serão denominadas “Escola A” e “Escola B” para assim podermos preservar a identidade das mesmas, bem como das suas gestoras. Foram entrevistadas as gestoras escolares das instituições que nos serviram como campo de pesquisa. O objetivo era termos acesso as informações para conhecermos sob quais parâmetros foram criados os 160 seus Projetos e quais valores foram levados em conta. Buscarmos as informações nos Projetos Político Pedagógico (PPP) das instituições que nos serviram de campo de estudo, pois acreditamos que enquanto documento norteador das atividades pedagógicas da escola, o PPP também carrega em sua essência a dimensão política, que assume a realidade em que a escola está inserida e, desta forma o contexto em que se situa. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nossa coleta de dados dividiu-se em entrevistas com as gestoras e analise do PPP de suas escolas, demos início com as entrevistas, a princípio e buscamos saber como o corpo gestor compreendia a importância do trato com a identidade cultural na escola, percebemos através das entrevistas que ambas as gestoras são profissionais conhecedoras da importância de abordar a identidade dos educandos em seu projeto pedagógico, mas que faltam ainda alguns degraus para um trabalho em plenitude. O tema Identidade Cultural ainda é pouco explorado nas duas escolas, é tratado a cultura, identidade, realidade local, mas a Identidade Cultural propriamente dita, ainda pouco fala-se. Perguntou-se ainda quais eram os agentes que participaram da criação do documento, ambas as gestoras afirmaram que teve a participação de outras pessoas além da gestão, mas apenas a gestora da Escola B, disse que todos da comunidade escolar participaram desta criação. Ainda sobre as falas acima expostas, podemos concluir que a construção do PPP está de acordo com a legislação vigente, quando a LDB, art. 14, inciso I afirma a necessidade da “Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola (BRASIL, 1996) ”. Quando os atores que compõem a escola são reconhecidos e inclusos na elaboração do projeto, há a afirmação da importância desses sujeitos para a instituição. Ambas as escolas tentaram contemplar a temática em seus projetos, foi percebido na Escola A, que a abordagem dá-se de forma implícita, traz em suas entrelinhas que trabalha a partir da realidade de cada um e que dá subsídios para a formação de um cidadão crítico, o que basicamente é trabalhado a partir do trato com a identidade. Já na Escola B, percebe-se uma abordagem mais explícita, de modo que uma parte do documento é destinado especificamente a essa temática. Trata a cultura de vários aspectos, a língua, os diferentes povos que constituem nosso país, respeitar o direito do outro relacionadas aos Direitos Humanos, entre outros pontos já citados. Para Betini 161 (2005, p. 03) "Ao se construir o projeto político-pedagógico, é fundamental que se tenha em mente a realidade que circunda a escola; realidade que se expressa no contexto macro da sociedade [...]", nesse sentindo podemos inferir que tais escolas têm consciência de tal conceito. Identidade Cultural, rotina escolar e Projeto pedagógico são elementos que são podem ser desvencilhados, devem andar em conjunto para uma educação para a cidadania. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante de tudo isso, concluiu-se que de vários aspectos é importante a presença da Identidade Cultural nas escolas, pois é a escola uma das instituições sociais responsáveis pela formação de cidadãos, e não há como formar cidadãos sem levar em conta os elementos que compõe a sua cultura. E como a função do Projeto Político Pedagógico é ajudar no direcionamento da prática pedagógica nas escolas, de modo que a partir de objetivos saber que competências desenvolver nas crianças, é nele que deve ser formulado pontos de como trabalhar a identidade cultural. Não há como trabalhar a temática se isso não estiver documentado em seu PPP, se essa prática não estiver legitimidade no projeto, é quase improvável que ela seja realidade no cotidiano da escola. O trabalho é concluído com a pretensão de ajudar gestores e professores na construção de seus projetos, conhecer um pouco mais da teoria relacionada, dos objetivos de devem seguir e como se estruturam as atuais pesquisas sobre o tema. REFERÊNCIAS BETINI, Geraldo Antonio. A construção do projeto político-pedagógico da escola. Rev. Ped. UNIPINHAL – Esp. Sto. do Pinhal – SP, v. 01, n. 03, jan./dez. 37 – 44. 2005. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: < http://www.presidencia.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em: 25⁄03⁄2014. 162 GESTÃO ESCOLAR CONTRA O CAOS: NOTAS SOBRE O RENASCIMENTO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE CAMARAGIBE Andréa Maria da Silva Universidade Federal Rural de Pernambuco Email: [email protected] INTRODUÇÃO Este texto traz as reflexões iniciais de uma investigação sobre a gestão adotada desde o início da década passada na Escola Estadual Ministro Jarbas Passarinho, localizada no município de Camaragibe, Região Metropolitana do Recife. Se uma escola foi erguida desde o início de sua história com uma boa gestão escolar podemos imaginar que ela sempre soube fazer o papel de referência com seus alunos, docentes e a comunidade escolar. Mas, se essa escola está à sombra da criminalidade, da violência e do tráfico, pode-se estabelecer um clima institucional, onde os profissionais da educação parecem não ter mais forças para continuar a lutar sozinhos. Nestes casos, a gestão que deveria ser o modelo de autoridade e compromisso pouco se importa com o que pode acontecer naquelas salas sujas e quadros pichados. Esta pesquisa pretende investigar a trajetória de uma escola pública que se enquadrava nesta descrição. E que conseguiu superar estes enormes desafios tornando-se uma referência regional de gestão escolar. A Escola Estadual Ministro Jarbas Passarinho (EEMJP), inaugurada em 1979, é um modelo de ressurgimento da educação na escola pública. A História de sucesso que a escola traz é o reflexo da motivação da gestão que fez com que pais, professores e funcionários se integrassem ao projeto de sua reconstrução. A gestão de sucesso que a escola vem obtendo está atrelado ao forte comprometimento coletivo que a gestão desenvolveu desde a chegada do novo gestor na escola em novembro de 2003. As dificuldades diante do abandono e do caos instaurado pela violência nesta escola foi a maior dificuldade encontrada pela nova gestão da escola. O terreno da escola era utilizado como ponto de prostituição e de uso, venda e distribuição de drogas. Esta era a realidade da escola até o ano de 2003. Nossa investigação pretende investigar como esta escola, em poucos anos, renasceu, conseguiu construir práticas educacionais renovadas e transformou-se em uma escola com outra cultura institucional. Mesmo não sendo uma das escolas que aderiram ao modelo das “escolas de referência”, a EEMJP conseguiu articular secretaria de educação, corpos docente e discente, pais e comunidade extramuros na construção de uma nova escola. 163 OBJETIVOS O objetivo do trabalho é investigar a história da gestão da Escola Estadual Ministro Jarbas Passarinho e o seu processo de reestruturação de 2003 a 2013. O formato de gestão empregado na escola que adquiriu enorme sucesso. REFERENCIAL TEÓRICO Neste trabalho, ainda em fase inicial, partilhamos do entendimento de Heloísa Luck, 2009, p. 12, para quem, nenhuma escola pode ser melhor do que os profissionais que nela atuam. Nem o ensino pode ser democrático, isto é, de qualidade para todos, caso não se assente sobre padrões de qualidade e competências profissionais básicas que sustentem essa qualidade. Ainda relacionado ao tema, Nora Krawczyk, 1999, p.113, em seu artigo: ‘’A gestão escolar: Um campo minado... Análise das propostas de 11 municípios brasileiros’’, ressalta que ‘’desde o início da década de 1980 o tema da gestão da escola e sua autonomia vem ganhando destaque merecido nos debates políticos e pedagógicos sobre a escola pública.’’. METODOLOGIA EMPREGADA Nossa proposta é a de investigar a gestão escolar adotada na escola. Para tanto, iremos pesquisar documentos escolares e realizar entrevista com docentes, gestores, outros profissionais da educação envolvidos na gestão da escola no período de 2003 a 2013, ex-alunos e membros da comunidade extraescolar. Destaco também a realização de leituras relacionadas ao tema proposto, como exemplo, das obras de Heloisa Luck, e Carlos Libâneo onde refletem sobre o modelo de gestão escolar como instrumentos da democratização do acesso a educação de qualidade. RESULTADOS A partir de uma coleta de dados e realização de entrevistas preliminares com a gestão da escola, observamos que era necessário fazer uma reflexão do momento anterior à chegada da nova gestão. Por meio desta reflexão pode-se dizer que as consequências da mudança na gestão foi a principal transformação diante do caos. Novos docentes compromissados, nova cultura escolar, políticas públicas aplicadas e participação da secretaria de segurança pública no policiamento da escola e o compromisso de todos, possibilitou uma construção de identidade adotada pela gestão e alunos que 164 foi fundamental para a renovação da escola. Deste modo, a escola torna-se um meio de convivência e espaço de pertencimento de todos que fazem parte dela. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do tema proposto busco ressaltar que uma boa gestão escolar é a caminho para construção, ou neste caso reconstrução, de uma escola. A qualidade de ensino que a escola obtém atualmente em provas, vestibulares e feiras de tecnologia é um modelo a ser seguido. No ano seguinte à entrada da atual gestão, a mesma ganhou o prêmio de gestão inovadora do Estado de Pernambuco. Este é o incentivo que a escola estava precisando naquele momento. A partir desta reflexão busco dimensionar minha pesquisa sobre a ótica da analise da gestão escolar e sobre a História da escola. REFERÊNCIAS KRAWCZYK, Nora Rui. A Gestão Escolar: Um campo Minado... Analise das propostas de 11 municípios brasileiros. Educ. Soc. Vol.20. N. 67, Campinas Aug. 1999. LUCK, Heloísa. Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Editora: Positivo, 2009. _________, Perspectivas da Gestão Escolar e Implicações quanto à Formação de seus Gestores. -, Em Aberto, Brasília, v. 17, n. 72, p. 11-33, fev./jun. 2000. LIBÂNEO, José Carlos. Educação Escolar: Políticas, estrutura e organização – 10. Ed. São Paulo: Cortez, 2012. 165 AS FUNÇÕES DO (A) COORDENADOR (A) PEDAGÓGICO NO ACOMPANHAMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA ESCOLA: ORIENTAÇÃO E ARTICULAÇÃO DOS PROJETOS DIDÁTICOS COM OS PROFESSORES Islaene Ferreira Paraguay A Escola Professor Antonio Gonçalves Dias – CAIC - está localizada na Rua Ebenezer Furtado Gueiros s/n, no Bairro Heliópolis atendendo a 29 turmas dos anos iniciais, 13 dos anos finais e 07 de EJA, no decorrer do ano de 2015 desenvolveu, em parceria e articulação com os professores alguns projetos, buscando sempre trabalhar abordando os temas transversais numa perspectiva de contribuir com a formação da cidadania inserindo os valores universais numa abordagem interdisciplinar. A educação para cidadania requer que questões sociais sejam apresentadas para a aprendizagem dos alunos, através de um tratamento didático diferenciado que contemple sua complexidade, assim sendo, construir projetos numa visão interdisciplinar foi um dos nossos desafios já que os mesmos trazem uma mudança na concepção de ensino e aprendizagem e consequentemente na postura do professor. Ao coordenador pedagógico cabe essa articulação de saberes promovendo momentos de discussões e reflexões entre os professores para que juntos refletíssemos sobre as vantagens e viabilidades de utilizar essa metodologia em sala de aula e assim,sentindo-se responsáveis na formação de cidadãos críticos e sociáveis participem desse processo de entender as partes de ligação entre as diferentes áreas de conhecimento e apresentar aos estudantes diferentes possibilidades de aprendizagens, propondo atividades prazerosas na busca de um maior entusiasmo e participação nas atividades desenvolvidas. Ao trabalharmos com projetos constatamos a melhoria do ensino e da aprendizagem, vivenciamos momentos de troca de conhecimentos ao mesmo tempo em que se constroem novos. Hernandez (1998, p.49) enfatiza que o trabalho por projetos “Não deve ser visto como uma opção puramente metodológica, mas como uma maneira de repensar a função da escola”. Nesse sentido, refletir sobre aquilo que se tem ofertado ao nosso educando e rever a prática pedagógica procurando em conjunto meios de aperfeiçoá-la é também um objetivo do nosso trabalho através dos projetos didáticos desenvolvidos na escola. 166 Referencia bibliográfica HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: ArtMed, 1998. 167 ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO Tayse Tenório Domingos de Oliveira Secretaria Municipal de Educação e Esportes – Garanhuns/ PE Para iniciar o relato da experiência do acompanhamento e monitoramento do trabalho pedagógico é de extrema relevância analisarmos o significado da palavra coordenador, que segundo Rocha: 2009 é “dispor segundo certa ordem e método, organizar”, cabendo à expressão junto com. Afinal o trabalho do coordenador só terá resultado satisfatório se a equipe de professores colaborar, participando ativamente do desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico, de projetos didáticos, que serão vivenciados, bem como no cumprimento da carga horária, realização de sequencias didáticas e atualização de seus registros diários. A partir deste conceito o objetivo aqui proposto é o do trabalho em conjunto, analisando situações, com profissionais comprometidos e capazes de desenvolver atividades didático-pedagógicas eficiente, melhorando automaticamente a qualidade do ensino-aprendizagem numa parceria entre coordenação e professores. “Professor nota dez, é aquele, que a partir de episódios práticos e cotidianos dos alunos, consegue introduzir os conhecimentos teóricos, para que os estudantes passem a dominar o fenômeno. Ele consegue despertar no aluno o desejo de aprender pelo prazer de saber.” (Tiba; 2006 -175) Na função do coordenador pedagógico não é diferente, pois é a partir de experiência da prática docente diária que conseguimos identificar, abstrair e o mais importante auxiliar a refletir a prática, valorizando metodologias positivas e buscando sugestões para métodos que precisam ser melhorados. Para que o trabalho do coordenador pedagógico surta o efeito esperado é necessário que a equipe docente esteja receptiva as sugestões fornecidas, na certeza de que o estudante é o nosso foco maior e que todos nós somos responsáveis por sua aprendizagem, que deve ser estimulado a transformar sua realidade buscando no letramento, na contextualidade e na interdisciplinaridade formas de apreender, refletir e somar novos conhecimentos, concordamos com Veiga (1998), quando cita que, “merece reconhecimento o educador que evita a rotina, que provoca, sensibiliza e convence.” Compreendendo aqui a expressão “evitar a rotina” não como a quebra da sequência do planejamento diário, que deve acontecer para que o próprio estudante perceba o início, 168 meio e fim da aula e para organização do tempo do professor de forma bem distribuída (essa rotina é necessária), mas evitar aulas monótonas e sem entusiasmo, apenas com o quadro e o caderno, mas do contrário deve-se inovar, dinamizar, fazer uso da criatividade, provocar o estudante a reflexão através do prazer em aprender, demonstrando assim amor pela profissão escolhida. Partindo deste ponto de vista, é que realizo o acompanhamento e monitoramento do trabalho pedagógico do professor (a) e para isto, é imprescindível o planejamento didático, que a cada unidade os docentes entregam, para que eu possa analisar se o conteúdo mínimo programático está sendo contemplado, caso não esteja, refletimos sobre as lacunas, buscando possíveis soluções para sanar as dificuldades apresentadas tanto pelo professor, como pelos estudantes, além do planejamento diário que precisa estar registrado e atualizado, para que eu possa acompanhar a aula. As visitas realizadas em sala de aula são seguidas a partir de um cronograma semanal em que todos os professores têm acesso, bem como com o preenchimento de uma ficha e anotações, que me auxiliam a manter o foco no trabalho pedagógico, tendo como objetivo não só o acompanhamento da prática pedagógica do professor, mas também a participação ativa dos estudantes em sala de aula, acompanhando também o desenvolvimento da sua aprendizagem. Realizando assim, uma das funções que compete a coordenação pedagógica de acordo com o que é descrito no Plano de Cargos e Carreiras da Rede Municipal de Ensino, no art. 88; I - Zelar pela eficácia/eficiência do ensino e da aprendizagem na unidade de ensino; II – Elaborar, estimular, participar, acompanhar e avaliar a construção e execução do Projeto Político Pedagógico, da Proposta Curricular, do plano de desenvolvimento da escola e de projetos didáticos da unidade de ensino; e ratificado no Regimento Escolar. Durante o período em que venho realizando as visitas é muito notório que professores com domínio de turma e de conteúdo, planejamento registrado, aula dinâmica, postura firme e amigável, não dá espaço para a ociosidade do discente, do contrário, aulas improvisadas, insegurança no conteúdo, falta de planejamento gera muita indisciplina e consequentemente falta de aprendizagem. E em situações assim também se faz necessário a conversa pedagógica, tida por mim como um momento muito ético, de olho a olho respeitando a pessoa e profissional que ali está para juntos refletirmos a prática. Desta forma, concordamos com Gadamer (apud Hermann, 2002) quando afirma que o [...] diálogo pedagógico é aquele que se constrói na possibilidade de experimentar nossa singularidade e a experiência do outro com suas objeções ou suas provocações. Ele só acontece quando deixa algo em nós, quando consegue ser responsável tanto pela compreensão como também pela transformação. 169 Ante a isso, Lima (2007:33) nos leva a seguir uma metodologia fundada no “falar escutando”, pois o diálogo é fundamental no cotidiano de todos na instituição escolar, e é a partir disso que surgirão novos conhecimentos, soluções para superar problemas e reflexões sobre as práticas educacionais. Também poderão se efetivar parcerias entre todos e consequentemente, uma prática melhor, desenvolvida e desempenhada refletindo na aprendizagem dos estudantes e na satisfação dos profissionais. Desta forma, a competência e a habilidade interligada ao entusiasmo, fazem do professor motivado, um profissional formador de opinião, capaz de projetar e construir cidadãos conscientes e agentes transformadores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JAKOBSON, Roman. Linguístca e comunicação. São Paulo: Cultrix, 2007. LIMA, Paulo Gomes. SANTOS, Sandra Mendes de. O coordenado pedagógico na educação básica: desafios e perspectivas. In: Educare et Educare Revista de Educação. Vol. 2, nº 4, jul./dez. 2007. NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Prodil, 1994. ORSOLON, Luzia A. M. (2000). O coordenador/ formador como um dos agentes de transformação da/na escola. São Paulo, PUC. Dissertação de mestrado. ROCHA, Ruth. Minidicionário da língua portuguesa: São Paulo, 2005 TIBA, Içami. Ensinar Aprendendo: novos paradigmas da educação. 18ºed.rev e atual. – São Paulo: Integrare Editora, 2006. VEIGA, I. P. A. Escola: Espaço do Projeto Político Pedagógico. Campinas:Papirus,1998. 170 GT 5 - EDUCAÇÃO, LINGUAGEM E TECNOLOGIA Coordenadores: Prof. Robson Santos de Oliveira UAG/UFRPE, Profa. Aliete Rosa - UAG/UFRPE, Prof. Anderson Fernandes de Alencar - UAG/UFRPE 171 EDUCAÇÃO, LINGUAGEM E TECNOLOGIA TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: AULA-CHAT COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM Ana Paula Ferreira da Silva – UAG/UFRPE – [email protected] Cherlia Bezerra da Silva – UAG/UFRPE - [email protected] INTRODUÇÃO Os avanços tecnológicos têm influenciado a sociedade significativamente, com ferramentas que podem auxiliar nas atividades das mais diversificadas áreas. Nesse contexto, a educação, como atividade social necessária, também merece destaque. Diante disso, os objetos virtuais de aprendizagem (OVA) têm como princípio a mediação e qualificação do processo de ensino e aprendizagem. Seus diversos formatos e linguagens foram desenvolvidos para auxiliar os professores no cotidiano escolar, mas também com o propósito de incentivar o uso da tecnologia Universidade. Com relação aos tipos de OVA, destacam-se os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), recurso que possibilita ao professor interagir com os alunos em ambientes virtuais desenvolvidos ou adaptado para fins de ensino, hibridizando o modo tradicional do ensino presencial. Diante disso, o objetivo deste trabalho é apresentar a aula chat como ferramenta utilizada para o ensino, dado que essa rede social oferece recursos práticos de comunicação e informação em rede, como por exemplo, a possibilidade de discutir temas a partir de conversas organizadas com grupos de alunos em aulas chat. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA De modo geral, os OVA’s ainda são pouco usados por professores que apresentam as mais diversas justificativas, tais como, falta de estrutura e capacitação desses profissionais para uso das tecnologias voltadas para o ensino. Em se tratando dos AVA, esse problema é perceptível tanto em relação ao professor quanto do aluno conforme aponta Braga (2013, p. 83) ao dizer que “recorrentemente é apontado por docentes que usam AVA que a participação dos alunos fica longe do que é idealizada”. Em contrapartida, as interações que ocorrem nos AVA abrem novos espaços para a construção colaborativa do conhecimento a depender dos objetivos de ensino e das atividades elaboradas para a construção do conhecimento. Vale salientar, que a maneira como professor orienta 172 suas aulas em ambientes virtuais é imprescindível para o bom resultado e expectativas no envolvimento dos alunos. O letramento digital de alunos e professores pode cooperar para o processo de hibridização do ensino, o que apoia iniciativas de discussões de temas, promove o debate e a participação de alunos mais tímidos, permite esclarecer conteúdos de modo que o aluno se sinta contemplado em suas necessidades. Autores como Soares (2002) e Xavier (2005) defendem que o letramento digital pode incentivar de maneira significativa a educação e suas concepções sobre o uso das tecnológicas, em razão de proporcionar o dinamismo e a interativade dos conteúdos. Nesse sentido, a aula chat aqui tratada aponta para a necessidade de um olhar mais estimulante para o uso de ambientes virtuais para mediação de conteúdos quanto para a compreensão de que é possível usa tecnologias da informação e da comunicação em disciplinas presenciais. METODOLOGIA Este trabalho analisa dados obtidos a partir de aulas chat realizadas com alunos do curso de Licenciatura em Letras da disciplina Informática e Linguagem ministrada em 2015.1 na Universidade Federal Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de Garanhuns. É importante salientar que no dia da aula chat professora, alunos e monitora têm como lugar de encontro o chat da rede social Facebook em razão da falta de um AVA que suporte a atividade. A disciplina, ministrada presencialmente, também comporta conteúdos em grupos fechados na rede para acompanhamento de atividades práticas. As aulas chat foram organizadas antecipadamente com os alunos de modo que eles pudessem se organizar para a discussão do tema da aula. Ela é também definida no Plano de Ensino da docente de modo que os alunos sabiam quando aconteceria e qual tema seria discutido. Para economia do texto, aqui analisaremos apenas um post dos alunos a respeito da aula chat. RESULTADOS Para que as aulas, no ambiente virtual pudessem atingir resultados significativos, foi necessário adotar alguns procedimentos importantes. Nesse sentido, inicialmente foi criado na página do Facebook um grupo fechado para tratar de assuntos concernentes à disciplina, além de compartilhamento de materiais para fins de leitura e avaliação. Na opção para o bate-papo em grupos, a aula chat era organizada a partir de um tema específico, neste caso, Letramento Digital. O 173 texto foi disponibilizado antecipadamente para os alunos e três perguntas nortearam a discussão da aula. A turma foi dividida em grupos de cinco e máximo de seis alunos com a duração de uma hora chat. Durante a aula, a professora mediava o conteúdo e questionava o posicionamento dos alunos. No ambiente, foi possível perceber as características colaborativas mediante as trocas de conhecimento. Nos depoimentos dos alunos, podemos notar como essa prática de ensino pode promover desenvolvimento de conteúdo de modo efetivo (Figura 1). Figura 1 - No término de cada aula, os alunos se direcionavam à página do grupo e publicavam a avaliação da aula. Após os chats os alunos, deixaram claro que discutir temas virtualmente pode representar melhor forma de “exposição” do aluno, clara mediação de conteúdos, construção de conhecimento e ampliação de letramentos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Compreende-se que o trabalho com Ambientes Virtuais de Aprendizagem deve estar associado ao trabalho metodológico do professor, mediante a integração entre recurso tecnológico e planejamento de ensino (BRAGA, 2013, p. 47). Diante das experiências, percebe-se que os alunos demonstram grande entusiasmo e participação nas aulas chat, considerando imprescindível a forma como o professor interage com os alunos, e conduz os conteúdos que são propostos pela disciplina. Contudo, despertar, o interesse pelas novas metodologias de ensino, proporciona aos futuros Licenciados em Letras a flexibilidade para interagir diante das tecnologias disponíveis para educação, como a aula chat. 174 REFERÊNCIAS BRAGA, Denise Bértoli. Ambientes digitais: reflexões teóricas e práticas. – 1. Ed. – São Paulo: Cortez, 2013. SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Educ. Soc., Campinas: UFMG, 2002. XAVIER, Antonio C. S. Letramento digital e ensino. Recife: UFPE, 2005. PROJETO TEXTO POR TEXTOS: A UTILIZAÇÃO DO APLICATIVO PARA MEDIAÇÃO DE ENSINO 175 José Artur dos Santos Araujo e Juliane Barbosa da Silva Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE Unidade Acadêmica de Garanhuns – UAG [email protected]/[email protected] Introdução O projeto foi desenvolvido a partir da disciplina Informática e Linguagem, ministrada no curso de Licenciatura em Letras – Português/Inglês da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE Unidade Acadêmica de Garanhuns – UAG com o intuito de unir as temáticas Educação e Tecnologia. Para isso, foi criado um aplicativo que trata de três assuntos (intertextualidade, contextualidade e interpretação textual) tendo como publico alvo as séries concluintes (9º ano do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio) pelo fato de ingressarem nos exames de seleção (vestibulares, ENEM) que sempre usam na prova de linguagem e suas tecnologias os conteúdos tratados no aplicativo. Objetivos O aplicativo(App) Texto por Textos, criado na Fábrica de Aplicativos, tem como finalidade estimular alunos a lerem textos diversos sejam eles escritos, mas também em imagem, áudio e vídeo e perceber neles um aspecto da textualidade, a intertextualidade, que ocorre quando um texto é retomado em outro. Também a tratou da contextualidade, que é uma unidade linguística maior que se encaixa a uma unidade linguística menor (PLATÃO e FIORIN, 2009, p.12). O uso do App com os alunos também tratou da Interpretação Textual propriamente dita. O aplicativo está dividido em cinco abas (Figura1), sendo elas: I. Galeria de imagens onde há um acervo de imagens Intertextualizadas; I. Galeria de vídeos onde há um acervo de vídeo-aulas que define e exemplifica a intertextualidade, a contextualidade e tratam de interpretação de textos; II. Lista de texto em que aparecem textos que deram origem a outros textos intertextualizados os quais também fazem parte da lista; III. Link com o Instagram em que há um link com o IG de um escritor nordestino o qual utiliza a contextualidade assim como a intertextualidade em textos publicados diariamente; IV. Informação do App, uma aba que define o motivo pelo qual o aplicativo foi criado. 176 Figura 1. Imagem do App Texto por texto. Referencial Teórico Objetos de aprendizagem virtuais: material didático para a educação básica - Wagner Antonio Junior, graduando em pedagogia na UNESP – Bauru. Metodologia A intervenção escolar aconteceu na Escola Estadual Senador Aderbal Jurema, situada no município de Garanhuns, com alunos do 9º ano B e 3º Ano A, sendo todos do turno da manhã. Inicialmente apresentamos o projeto aos alunos em uma aula, usando PowerPoint para mostrar o conteúdo disposto no aplicativo, com definições e exemplos em imagens e vídeos. À medida que os exemplos eram apresentados, abria-se uma discussão sobre eles. Posteriormente foi aplicada uma atividade de compreensão em que os alunos analisaram textos, interpretaram e apontaram contextualização e intertextualidade. Por fim, deixou-se que os alunos pudessem utilizar o aplicativo. Resultados Em formulário feito no DOCs, os alunos avaliaram a atividade aplicada. O resultado obtido a partir desses formulários foi de 100% de facilidade ao acesso do aplicativo. Os alunos também responderam sobre a contribuição do App para a compreensão do conteúdo e a figura 2 mostra a satisfação do grupo na hibridização da forma de tratamento do tema. 177 Figura 2. Opinião dos alunos sobre a contribuição do App. Considerações O uso das tecnologias em sala de aula representa uma poderosa ferramenta para, auxiliar o aluno na construção do saber, os objetos de aprendizagem virtual, que são as novas ferramentas para a área da educação. Ferramentas essas usadas para elaboração de material didático envolvendo conteúdos, interdisciplinaridade, exercícios e complementos (JUNIOR. 2005, p.4). O uso das tecnologias em meio à educação é de fundamental importância na atualidade, pois as informações são processadas de maneira rápida, a partir de alguns clicks, facilitando assim o ensino e a aprendizagem dos conteúdos didáticos. Referencias Bibliográficas JUNIOR W. A. Objetos de aprendizagem virtuais: material didático para a educação básica, 2005, p. 04 PLATÃO e FIORIN. Para entender o texto: leitura e redação, 2009, p.12 178 ACESSO AO CONHECIMENTO E A EXPERIÊNCIA DO PROJETO PAULO FREIRE MEMÓRIA E PRESENÇA Anderson Fernandes de Alencar – Universidade Federal Rural de Pernambuco – [email protected] Introdução Paulo Freire, em diversas ocasiões, ainda que indiretamente, refere-se ao que hoje intitulamos de movimento pela liberdade do conhecimento. Movimento este que faz frente a uma visão mercantil e privatista do conhecimento, e defende-o como bem como comum da humanidade, e não como uma propriedade, como inspira a ideológica expressão “propriedade intelectual”. Dado o seu contexto histórico, Freire apresentava limites quanto ao trato com os direitos autorais na perspectiva que defendemos hoje. Apesar disso, demonstrava indícios de uma predisposição ao tema e a prática da liberdade do conhecimento, que exemplificamos em dois episódios. O primeiro encontra-se em sua primeira obra, “Educação como Prática da Liberdade” (1967), em que defende a democratização da cultura. Naquele momento, como um esforço de socialização da cultura com os alfabetizandos. E o segundo, em sua última obra, percebendo o custo proibitivo que as obras impressas iam adquirindo já em 1996, fez questão de publicar um livro acessível a todo e qualquer professor(a), a “Pedagogia da Autonomia”, que na época custava o valor de R$ 5,00. Acrescentamos que esta “abertura” é atestada por seus amigos e atuais pesquisadores, e em algumas ocasiões durante seus encontros no Instituto Paulo Freire, como nos atesta Gadotti em duas passagens: Creio que Paulo tinha consciência de que tudo o que havia escrito pertencia àqueles para os quais ele havia escrito: os oprimidos. Por isso não se incomodava em ver certos escritos dele reproduzidos sem consulta prévia. Testemunhei isso em 1979 quando traduzi o livro Educacion y cambio, o qual ele me pediu para prefaciar. Até eu enviar-lhe esse livro, ele não sabia da sua existência. Esse livro havia sido publicado na Argentina, por um grupo de educadores populares reunindo alguns artigos escritos por ele no Chile, porque precisavam desses escritos para as suas práticas político-pedagógicas (GADOTTI, 2001, p. 15-16). 179 Isso ocorreu com várias de suas obras. Educadores populares, educadores comprometidos com a causa da “mudança”, utilizavam seus textos de diversas maneiras. Paulo nunca se incomodava com isso. Foi assim que o nome dele acabou tomando um tamanho maior do que a sua pessoa e o mito em torno de seu “método” ganhou força no mundo. Como ele escreveu em defesa de uma causa, a causa dos oprimidos, não se incomodava em ver seus escritos “pirateados”. No caso do livro Educación y cambio, não era nenhuma pirataria. Não faz muito tempo encontrei, na Espanha, num encontro de educadores populares, uma edição artesanal, grampeada, da Pedagogia do oprimido, reproduzida por um sindicato de trabalhadores e vendida a um euro. (GADOTTI, 2007, p. 22). Nesta direção, o Instituto Paulo Freire realizou, por meio do Centro de Referência Paulo Freire (Crpf), o projeto “Paulo Freire Memória e Presença: preservação e democratização do acesso ao patrimônio cultural brasileiro” (2011-2013), com o patrocínio da Petrobras, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, em parceria com o Ministério da Cultura. O projeto teve, por objetivo geral, preservar os materiais existentes, garantir e democratizar acesso qualificado à obra e ao legado de Paulo Freire, inclusive a pessoas com deficiência visual. Entre as suas ações centrais estiveram: 1 Organizar e catalogar o acervo físico do Centro de Referência Paulo Freire; 2 Digitalizar trinta mil páginas de textos, cem vídeos, duzentas fitas cassetes, quinhentas fotos produzidas por Paulo Freire ou que apresentem o educador e, na perspectiva da inclusão social, disponibilizar duas mil páginas de e sobre Paulo Freire a pessoas com deficiência visual; 3 Digitalizar vinte mil páginas de textos, cem vídeos e duas mil e quinhentas fotos produzidas pelo Instituto Paulo Freire, como reinvenção do legado; 4 Disponibilizar presencial e virtualmente o acervo digitalizado do Centro de Referência Paulo Freire; 5 Internacionalizar o conteúdo do site do Centro de Referência Paulo Freire. As realizações do projeto ocorreram em duas dimensões: física e digital. Na dimensão física contamos com medidas que impactaram a biblioteca e o arquivo do educador. E na dimensão digital com um repositório digital e uma base de dados. Na biblioteca ocorreram os seguintes processos: 1 Higienização e identificação de marginálias; 2 Catalogação, classificação e indexação; 3 Implementação de notação e etiquetagem/“filipetagem”; 4 Reorganização física, leitura das estantes e sinalização; 5 Elaboração do Plano de Desenvolvimento de Coleções. No arquivo os processos foram similares, acrescidos de duas atividades: 1 Definição de 180 sistema de Thesaurus, elaboração de vocabulário controlado de termos freirianos e indexação; 2 Desenvolvimento do Plano de Classificação; 3 Organização, catalogação e disponibilização. No âmbito virtual, contamos com a implementação de um repositório digital, em que estão disponíveis os materiais digitalizados. Este ambiente é um software livre (DSpace) e as customizações realizadas são de acesso público. O repositório encontra-se no endereço: acervo.paulofreire.org. Destaco aqui, o apoio que tivemos da Brasiliana-USP no projeto. Ainda neste âmbito, disponibilizamos, por meio de uma base de dados na web, também em software livre (Abcd), o catálogo de todos os livros existentes na biblioteca pré e pós-golpe do educador. Além destas medidas, houve outras, tais como: 1 Tradução e disponibilização do texto de apresentação do CRPF e do projeto, em várias línguas; 2 Tradução do vocabulário freiriano e thesaurus do INEP para inglês, francês e espanhol; 3 Legendagem de vídeos; 4 Levantamento documental com pessoas e instituições; 5 Atualização do mapeamento da comunidade freiriana; 6 “Ocerização” (conversão de imagem para texto); 7 Participação em eventos e publicação de trabalhos etc. Por fim, destacamos a disponibilização de 2 mil páginas de e sobre Paulo Freire a portadores de deficiência visual. Esta ação viabilizou a locução de 12 livros do educador publicados antes de 1988, como, por exemplo, os livros Pedagogia do Oprimido (publicado em mais de 18 idiomas, e gravado por um de seus filhos, Lutgardes Costa Freire), Educação e Mudança, Educação como Prática da Liberdade, Medo e Ousadia, e outros, bem como 3 publicações do Instituto Paulo Freire que se relacionam diretamente à vida e obra do educador. Referências FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1976. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967. 150 p. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 12. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981, 79 p. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra (Coleção Leitura), 1996. GADOTTI, Moacir. A escola e o professor: Paulo Freire e a paixão de ensinar. São Paulo: 181 Publisher Brasil, 2007. GADOTTI, Moacir. Legado de esperança. São Paulo: Cortez, 2001. GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. INSTITUTO PAULO FREIRE. Acervo Paulo Freire. Disponível em: <acervo.paulofreire.org>. Acesso em: 1 set. 2014. INSTITUTO PAULO FREIRE. Biblioteca Paulo Freire. Disponível em: <biblioteca.paulofreire.org>. Acesso em: 1 set. 2014. 182 LITERATURA E TECNOLOGIA: EXPERIÊNCIAS DIDÁTICAS EM EAD Robson Santos de Oliveira 37 1. Letramento digital Por letramento digital conceitua-se as práticas de leitura e escrita no ambiente digital mediadas pelas tecnologias computacionais e de internet (SOARES, 2002; XAVIER, 2007). Assim, encontramos suportes tanto computacionais como os editores de texto, de planilhas eletrônicas, de apresentação, de imagens e de vídeos, os quais exigem formas de escrever e de ler específicas, caracterizadas por hipertextualidades e hibridismos de modalidades de escritas: textos com sons (diapositivos de apresentações), vídeos com textos (filmes editados), gráficos com animações, alterações de imagens etc. Todos esses procedimentos de escrita mediados pela tela do computador são práticas de letramento fora da internet, ou consideradas off-line. 1. Gêneros e hibridização de gêneros Os gêneros textuais são textos materializados em situações comunicativas recorrentes (MARCUSCHI, 2008) e esses textos apresentam padrões sócio-comunicativos característicos definidos por estruturas funcionais, objetivos, elementos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas (SANTOS, 2009), os quais se materializam em padronizações mais ou menos rígidos ao longo do tempo, mas que também se caracterizam por modificações em outras formas genéricas ou mesmo na hibridização de gêneros. Estudos sobre a questão da transmutação, hibridização e formação de gêneros (BHATIA, 1997; 1993; 1999; MARCUSCHI, 2000; 2004; SWALES, 2004; ARAÚJO, 2009; BEZERRA, 2006; LOPES, 2008) são apontados por Araújo (2012) que propõe a ideia de constelação de gêneros para dar conta do caráter dessa tensão diádica entre rigidez e flexibilização dos gêneros. Assim, podemos considerar que, por um lado os gêneros se tipificam em padrões estabelecidos, aceitos e perpetrados ao longo do tempo (cartas, receitas, entrevistas etc.) mas que também sofrem modificações nos contextos de uso (cartas que se transformam em bilhetes, a fala que se transmuta nos diálogos escritos dos chats, os diários que se modificam em blogs etc. 2. Moodle, AVA e Multiletramentos digitais 37 Prof. Dr em Psicologia Cognitiva. Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns. Email: [email protected] 183 Nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) esses multiletramentos digitais e hibridismo de gêneros digitais se tornam práticas comuns, exigindo dos sujeitos pertencentes a esse espaço social conhecimento e domínio de ferramentas e atividades de escrita e leitura digital. Os AVA são espaços virtuais onde professores, tutores e estudantes atuam numa perspectiva de ensino-aprendizagem. Esses cenários virtuais são predominantemente de escrita e de leitura, portanto, de multiletramentos digitais configurados por ambientes tais como Chats (salas de batepapo em caráter síncrono), Fóruns (ambientes de trocas de postagens sob um tema específico em caráter assíncrono), envio de tarefas, atividades Wiki38, questionários etc. O Moodle tem sido utilizado mais frequentemente como uma plataforma para o desenvolvimento de EaD por diversas instituições educacionais. O termo MOODLE é o acrónimo de "Modular ObjectOriented Dynamic Learning Environment", um software livre, de apoio aos procedimentos de ensino-aprendizagem, executado num ambiente virtual39. Seus recursos disponibilizados permitem atividades orientadas por professores e acompanhadas por tutores prevendo datas de entrega das atividades por parte dos estudantes. Em outro momento da disciplina de Literatura Infantil foi solicitado uma atividade de gênero e de intergericidade. Nesta semana foi solicitado aos estudantes que acessassem outras páginas fora do AVA do Moodle como uma página do Wikipédia e também um blogue. Essas páginas por sua vez traziam informações sobre a literatura infantil e seus gêneros (fábulas, contos de fadas, lendas etc.). Já nesse movimento observa-se que o estudante se movimenta em vários gêneros emergentes da tecnologia digital (sites e blogues) e passa a revistar antigos gêneros agora no formato digital. No blogue indicado foi solicitado uma leitura hipertextual e uma escrita em forma de apontamentos, portanto multiletramentos digitais. O próprio espaço destinado à atividade da semana traz uma característica do gênero da literatura infantil: a imagem da personagem Branca de Neve e os sete anões. Esse aspecto materializa o hibridismo dos gêneros que se tornam tão comuns no ambiente digital e, no caso aqui, observamos a referência imagética do gênero literário no texto didático de atividade pedagógica. Esse conjunto de ações de leitura constitui o multiletramento digital em vários espaços do AVA e fora dele. Observamos a transposição do gênero de literatura infantil para o gênero fórum virtual ao mesmo tempo em que se mescla o gênero sinopse. Aqui temos, portanto, o flagrante da constelação de 38 Wiki (Cambridge dictionary online): Um lugar na Internet onde qualquer pessoa pode adicionar novas informações ou modificar aquelas já existentes [tradução minha]. Ver em http://goo.gl/gchD0F [acesso em 10/08/2015] 39 Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Moodle [acesso em 10/08/2015] 184 gênero e sua hibridização intergenérica. Ao mesmo tempo verificamos a prática dos multiletramentos digitais: leitura em diversas modalidades de gêneros e escrita digital, tanto off-line quanto online. Considerações finais O estudo de caso aqui apresentado revela os imensos potenciais das ferramentais digitais em AVA como o Moodle, apesar de suas limitações. As atividades de EaD na disciplina de Literatura Infantil apresentadas nesse artigo revelam como os multiletramentos digitais são exigíveis e, ao mesmo tempo, se ampliam em contextos de usos, contribuindo para os hibridismos de gêneros e a caracterização de novos gêneros que emergem na tecnologia digital. Esses novos procedimentos de escrita e de leitura provocam-nos, como educadores e técnicos educacionais, a fim de nos prepararmos adequadamente para novos cenários pedagógicos, novas estratégias educacionais sem perder o foco no estímulo à criticidade enquanto sujeitos do conhecimento. Referências ARAÚJO, J.C. (Org.); DIEB, M. (Org.). Letramentos na web: gêneros, interação e ensino. Fortaleza: Edições UFC, 2009. ARAÚJO, J.C. Um percurso teórico-metodológico para estudo de constelação de gêneros In: Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 12, n. 1, p. 187-212, jan./abr. 2012 BHATIA, V. K. Analysing genre: language use in professional settings. New York: Longman, 1993. BHATIA, V. K. Genre analysis today. Revue Belge de Philologie et d’Histoire, v. 75, n. 3, p. 629652, 1997. BEZERRA, B. G. Gêneros introdutórios em livros acadêmicos. 2006. 256 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Programa de Pós-graduação em Letras, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006. BEZERRA, B. G. (Org.). Leitura e escrita na interação virtual. Recife: EDUPE, 2011. LOPES, A. K. C. Uma colônia de gêneros anúncios. 2008. 181 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Programa de Pós-graduação em Linguística, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2008. MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: o que são e como se constituem. Recife: Universidade 185 Federal de Pernambuco. Texto inédito, 2000. SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Educação e Sociedade, v. 23, n. 81, p. 143-160, 2002. STREET, Brian. What's "new" in New Literacy Studies? Critical approaches to literacy in theory and practice. Current Issues in Comparative Education, v.5, n.2, p.77-91. 2003. SWALES, J. M. Research genres: explorations and applications. New York: Cambridge University Press, 2004. XAVIER, Antonio Carlos dos Santos. Letramento digital: impactos das tecnologias na aprendizagem da Geração Y. Calidoscópio (UNISINOS), v. 9, p. 1-16, 2011. 186 GT 6 - EDUCAÇÃO E LINGUAGEM Coordenadora: Prof. Leila Nascimento da Silva - UAG/UFRPE 187 DIMENSÕES DO ENSINO DA PARAGRAFAÇÃO: O QUE DIZEM E FAZEM PROFESSORES NO TRATO COM A PARAGRAFAÇÃO? Leila Nascimento da Silva (UFRPE – UAG)40 Na sala de aula, diante de toda a discussão do que ensinar e como ensinar, o professor se depara com várias incertezas e terá que tomar suas decisões pedagógicas sobre que caminho seguir. Em se tratando do ensino da análise linguística, muitas questões ainda se encontram em aberto e são palco de debates de posições antagônicas. Umas das principais talvez seja ensinar ou não ensinar gramática. Acreditamos, porém, que não se trata de abolir tal ensino das aulas, mas desenvolvê-lo com outros objetivos e a partir de práticas mais significativas. Morais (2002) é um dos pesquisadores que tem investido na defesa de que os alunos precisam estudar gramática e refletir sobre diferentes unidades linguísticas. O referido autor nos ajuda a entender quais fatores contribuem para que se criem posições polarizadas e ambíguas acerca da didatização desse objeto de estudo. Uma primeira questão diz respeito à própria confusão, entre os estudiosos, sobre o que seja reflexão metalinguística. Outro ponto é a crença de que se pode aprender sobre essas diferentes unidades apenas lendo e produzindo textos, como se fosse algo naturalmente adquirido à medida que se vão construindo conhecimentos acerca dos outros eixos. Como reflexo dessas posições polarizadas, notamos que a paragrafação, uma das unidades menores da língua, também não vem recebendo a devida atenção nas salas de aulas e nem dos estudiosos da área de linguagem. De acordo com Bessonnat (1988), o parágrafo em si não é considerado, por muitos teóricos, como uma unidade semântica pertinente do texto que teria seu lugar na hierarquia canônica (palavra-frase-texto). Por isso, quando as gramáticas de texto sentem a necessidade de tomar uma unidade maior que a frase, geralmente acabam não usando a noção de parágrafo, mas determinam unidades mais largas como sequências, macroestrutura ou episódio. Por outro lado, quando o parágrafo é tomado para análise, afirma o supracitado autor, quase sempre é tratado isoladamente, gerando um problema de articulação do texto. É preciso salientar que os parágrafos podem ajudar o leitor na tarefa de descobrir as unidades de sentido de um texto, de armazenar as informações e, ainda, proporcionam uma pausa (pequena) para descanso durante a leitura. Além disso, se configuraria como um meio de quebrar a organização linear do texto (leitura frase por frase) e como pistas para descobrir qual é a lógica de organização dessas partes do texto. 40 Professora Adjunta do Curso de Pedagogia, da UFRPE, Unidade Acadêmica de Garanhuns. 188 Assim, neste artigo, reconhecemos que os parágrafos estão intimamente ligados ao ato de ler e produzir textos e por isso são bastante relevantes para o desenvolvimento dessas capacidades pelos alunos. As discussões realizadas sinalizam, portanto, para a necessidade urgente de investigarmos o processo de ensino-aprendizagem dos conhecimentos linguísticos e, de modo mais específico, os conhecimentos relacionados à paragrafação. Diante dessa necessidade, buscamos analisar situações de ensino da paragrafação vivenciadas por duas professoras do 5º do Ensino Fundamental, de uma rede pública de ensino de Pernambuco, relacionando-as às suas concepções sobre como abordar tal conteúdo curricular. Ou seja, analisaremos o discurso e a prática dessas duas docentes. Para tanto, realizamos entrevistas e 20 observações de aula (dez aulas em cada turma). 2. O ensino da paragrafação no discurso e prática docentes Para discutirmos a questão do ensino da paragrafação, conforme já destacado, realizamos entrevistas e observações de sala de aula de duas professoras (doravante, Professora A e Professora B). Foram feitas as seguintes perguntas: 1) Você ensina seus alunos a organizar o texto em parágrafos? Se sim, como você faz para ensinar? 2) Seus alunos apresentam dificuldades em dividir o texto em parágrafos? Se sim, quais dificuldades? 3) O que você faz quando o aluno têm essas dificuldades? As análises dos dados sinalizaram para a existência de, ao menos, quatro dimensões do ensino da paragrafação. Ou seja, quatro tipos de ensino que vêm sendo oferecido aos alunos. Na entrevista, a professora A citou três atividades diferentes: 1) Construir, oralmente, um texto, dividindo-o em partes. 2) Continuar um texto. 189 3) Produzir parágrafos a partir de imagens. Nota-se que, nas atividades, subjaz a ideia de que todo texto deve ter ao menos três parágrafos (começo, meio e fim), configurando-se numa noção de parágrafo padrão, ou seja, que independeria do grau de complexidade do assunto, do gênero discursivo adotado para a escrita, do perfil do leitor, enfim, o parágrafo teria uma estrutura que se adequaria a qualquer texto. Nas aulas observadas dessa professora, em algumas ocasiões, também conseguimos identificar essa mesma concepção de parágrafo padrão. Já em outros momentos ela parecia difundir uma concepção mais flexível de parágrafo. Essa oscilação pode ser fruto de incertezas sobre o conceito de parágrafo, também identificadas em vários autores (ABREU, 1991; FIGUEIREDO, 1999), ou pode ser uma opção docente por considerar que, ao trazer definições mais fechadas, estaria contribuindo para que os alunos melhor apreendessem a paragrafar, naquele momento da aula. Ainda foi possível verificar que, tanto no discurso sobre o seu fazer pedagógico, quanto na prática desenvolvida pela professora A, de fato, havia uma mescla de dimensões contempladas. No que tange à prática da professora B, foram poucos os momentos de sala de aula em que identificamos algum tipo de trabalho voltado para a paragrafação. Diferente da professora A, a professora B reservava pouco espaço em suas aulas para tratar, especificamente, da paragrafação. Essa parece ser a principal diferença entre as duas práticas observadas. Vejamos o quadro que mostra quais foram as dimensões mencionadas/abordadas pela professora B: Esses dados levantam indícios de que a referida docente era pouco sistemática no trato com a paragrafação. É possível que essa baixa incidência de atividades/momentos seja pelo fato de a professora acreditar que as atividades realizadas eram suficientes para os alunos desenvolverem com autonomia suas habilidades de paragrafar. Ou então, por sentir dificuldades de pensar esse ensino. 190 3. Conclusões Nas discussões feitas acima se verificou que todas as estratégias utilizadas podem contribuir, de alguma forma, para o desenvolvimento da habilidade de paragrafar, dependendo dos objetivos didáticos que se almeja ao utilizá-las e, sobretudo, da forma como a mediação docente é realizada. Assim, usar diferentes estratégias pode ser um aspecto positivo no ensino da paragrafação. Em contrapartida, privilegiar apenas dimensões que pouco favorecem a reflexão pode ser um indício de um ensino de caráter mais transmissivo ou espontaneísta. 4. Referências BESSONNAT, D. Lé Découpage em paragraphes et ses fonctions. In: Pratiques, nº 57, Mars, 1988. MORAIS, A. G. Mostro à solta ou... “Análise Linguística” na escola: apropriações de professoras das séries iniciais ante as novas prescrições para o ensino de “Gramática”. IN: Anais da 25ª Reunião Anual da ANPEd. Caxambu: ANPEd, 2002. 191 RELATO DE EXPERIÊNCIA: MEDINDO COM A FLOR DO MAMULENGO41 Maria Vanisia Jacinto da Silva dos Santos42 [email protected] RESUMO O presente trabalho se trata de um relato de experiência, realizada no período letivo de 2014. O objetivo deste trabalho foi vivenciar atividades integradas nas diversas áreas do conhecimento em que a teoria fosse mostrada na prática. A metodologia foi desenvolvida de forma articulada, partindo do livro Boneco Neco e Maria Flor pautada na abordagem interdisciplinar. Este trabalho mostrou o quão é prazerosa a aprendizagem e o quanto os alunos engajaram-se mediante aos desafios que apareciam durante a vivência da sequência. A partir dos estudos, percebe-se que a interdisciplinaridade é um dos caminhos favoráveis para aprofundar o conhecimento e o processo de alfabetização. PALAVRAS – CHAVE: Interdisciplinaridade. Prática. Alfabetização. INTRODUÇÃO O estudo sobre a interdisciplinaridade reveste - se de fundamental importância por tratar-se da perfeita interação entre os conteúdos, permitindo o diálogo e a troca de conhecimentos e experiências entre os envolvidos. A saber, a discussão sobre interdisciplinaridade não é nova. Ela vem sendo discutida desde a década de1960. De acordo com Fazenda (2002), a interdisciplinaridade aparece inicialmente em meados de 1960 na Europa (principalmente na França e na Itália) e tem como fito considerar o ensino de forma global em todas as áreas do conhecimento. Porém, apesar da orientação para a interdisciplinaridade se apresentar em várias diretrizes e parâmetros educacionais, ela ainda parecer ser pouco compreendida no fazer pedagógico. Percebe-se que alguns professores sentem dificuldade em lidar com o trabalho interdisciplinar ou o como fazer, se sentindo inseguro. Sabendo se que a interdisciplinaridade requer vontade, compromisso, transformação de metodologia e integração, se faz necessário que ela deixe de ser um faz de conta e adentre as salas de aula, com vistas a superar a fragmentação. 41 Relato de experiência sobre a atividade prática vivenciada durante a formação continuada do Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa – PNAIC 42 Pós-graduada em Psicopedagogia pela UPE/ Docente das séries iniciais em Garanhuns. 192 Assim, trabalhar a interdisciplinaridade tem como objetivo primordial integrar professores e alunos, viabilizando atividades que estimulem o desenvolvimento de habilidades e a construção de conhecimentos nas diversas áreas. OBJETIVOS Conhecer e identificar instrumentos de medidas de tempo, comprimento, massa e capacidade; Manifestar ideias, sentimentos, experiências e opiniões nos debates, rodas de conversas e em outras situações; Produzir texto do tipo convite e diário; Identificar as atividades profissionais; Conhecer as cédulas e moedas do sistema monetário brasileiro; Compreender a coleta seletiva de lixo como fonte de preservação do planeta; Interagir com a elaboração de cenas e na improvisação teatral. METODOLOGIA Ao longo de 2014, a turma do 2º ano manteve uma rotina diária de trabalho, tendo como foco a leitura (Projeto nas Ondas da Leitura). Como cursista do PNAIC aprimorei a leitura partindo do livro Boneco Neco e Maria Flor que foi elemento essencial para nortear as demais atividades. O trabalho foi desenvolvido em etapas, durante dez dias. Iniciei a aula com uma conversa informal sobre os personagens que aparecem na capa do livro, Boneco Neco e Maria Flor uma história de bonecos e bonequices. Foram iniciados questionamentos como: Alguém da classe possui boneca de pano? Como é essa boneca? Como adquiriu essa boneca? Que nome recebeu sua boneca? Em seguida, introduzi a leitura do livro. Depois de as crianças ouvirem a história, tiveram um tempo para expressar suas emoções e impressões. Ainda neste contexto, foi perguntado as crianças que outro final poderia ter a história e foram questionados sobre como era feita uma boneca de pano e instigados a pensar como ela seria construída: quantos centímetros ou metros de tecido levariam para que a mesma ficasse pronta. E assim se buscou saber o que é medida de comprimento. Para isso iniciou – se uma roda de conversa sobre os instrumentos utilizados. Retomamos a leitura da história para debatermos sobre o amor que os personagens Flor e Neco começaram a sentir um pelo outro. Então fomos para o estudo do gênero textual diário. Refletimos sobre o que é diário e qual sua função no meio social. Na história, Neco pede Flor em casamento, então precisaríamos organizar a festa. Começamos pelo convite. Foi definida hora e dia e data da cerimônia. Aí começa a viagem para o estudo do tempo. Convite pronto, agora é necessário comprar as bebidas para a festa. Era necessário calcular quantos litros de refrigerantes seria necessário comprar para os convidados. Agora o momento de ir a costureira! Neste momento começamos a estudar sobre as profissões com foco na costureira. Teríamos agora que pensar no bolo e a partir daí estudamos receitas. Neco teve a ideia de montar 193 um mercadinho. A partir daí iniciamos o estudo do sistema monetário nacional. Mas Neco tinha um sonho: investir em suas origens! E resolveu montar uma fábrica de reciclagem E para finalizar essa rica e proveitosa experiência, apresentamos a história de boneco Neco e Maria flor em forma de teatro. RESULTADOS E DISCUSSÕES Esse trabalho favoreceu a compreensão de situações bastante próximas das crianças. Os alunos contribuíram e participaram das atividades em sua totalidade, pois a mesma aconteceu de forma dinâmica e lúdica. CONCLUSÕES Ao concluir a sequência didática percebi que as atividades vivenciadas possibilitaram uma reflexão importante sobre o trabalho interdisciplinar, como também pressupõe o aprofundamento dos conteúdos que foram atingidos e concluídos com êxito pela maioria dos estudantes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 10ª ed. Campinas: Papirus, 2002. In: BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Interdisciplinaridade no Ciclo de Alfabetização. Caderno 3/ Ministério da Educação. Brasília: MEC, SEB, 2015. 194 PROGRAMA DE CORREÇÃO DE FLUXO ESCOLAR NO MUNICÍPIO DE GARANHUNS SE LIGA Cristiane Rufino O objetivo desse relato é apresentar o desenvolvimento do Projeto Se Liga na Rede Municipal de Ensino de Garanhuns. Sabendo das dificuldades vivenciadas pela educação no país no que diz respeito à distorção idade-série/ano buscamos conhecer e analisar as intervenções criadas para cooperar de forma a combater um dos grandes vilões da educação escolar, “a elevação do baixo nível de aprendizagem dos estudantes da escola pública”. Diversos fatores contribuem para a defasagem idade-série/ano, como a má qualidade do ensino, a baixa autoestima dos estudantes, desmotivação, rotatividade de escola, situação de vulnerabilidade social, práticas de promoção automática com consequente retenção no final do ciclo, etc. O Instituto Ayrton Senna apresenta toda a proposta do programa e os municípios e estados do país assinam o termo de compromisso aceitando a implantação dessa política pública nas redes de ensino, o mesmo é assumido pelos governantes, pois o Instituto não acredita que ocorra sucesso sem que todos estejam envolvidos pelo bem comum, para resolver o problema da correção de fluxo escolar, evitando que outras crianças entrem para as estatísticas nacionais de analfabetismo, reprovação e abandono. O Programa Se Liga, teve inicio em 2001, atendendo 13.653 alunos (...). O Se liga é um programa de gestão de alfabetização, caracterizado pela conjugação dos princípios, metodologias, práticas e materiais pedagógicos pensados e planejados para proporcionar o desenvolvimento de habilidades leitoras, escritoras e de cálculo entre alunos matriculados nos anos iniciais do ensino Fundamental. (2014...) Atualmente o município atende seis turmas do Projeto Se Liga contemplando 126 estudantes, o agrupamento é feito a partir da aplicação de teste diagnóstico em diferentes turmas do Ensino Fundamental (1º ao 5º) para verificação do nível de alfabetização. Ao serem enturmados, os estudantes vivenciam o período que chamamos de subsídios, é o momento em que o professor conhece os estudantes, verifica seu perfil e suas dificuldades de aprendizagem, estabelecendo às parcerias necessárias para fortalecimento do trabalho durante o ano letivo. 195 Os professores participam da formação inicial, onde é explorado todo o material didático específico do Programa, desde a organização do planejamento das aulas com os livros que contemplam sequências didáticas, até a estruturação e preenchimento dos documentos pertinentes à vida educacional do estudante. O Programa segue uma rotina diária organizada da seguinte forma: acolhida, curtindo as leituras, revendo as atividades do para casa, desenvolvimento das atividades, revisão da aula e atividade do para casa. A acolhida é o momento em que o professor recebe os estudantes com dinâmicas que proporcionam o envolvimento de todos, possibilitando que os mesmos percebam que são bem vindos e pertencentes aquele espaço. No curtindo as leituras, o professor exploram diversos gêneros textuais, incentivando o gosto pela leitura utilizando-se de variadas técnicas que dinamizam esse momento. As salas de aula dispõem de um cantinho da leitura, com trinta (30) títulos de paradidáticos que devem ser lidos no mínimo 03 títulos mensalmente, por estudante. A leitura é um dos principais objetivos da escola: (...) ler as letras e as palavras, ler as frases ler os livros, ler as mensagens escritas e não escritas do meio que nos cerca, ler o mundo em sua complexidade e dimensão. (...) O maior desafio que se coloca aos professores dos programas de aceleração é que convertam seus alunos em leitores ávidos e ardorosos. A leitura deve ocupar o primeiro tempo do dia (OLIVEIRA, João Batista Araújo. São Paulo, Saraiva,2002) Certos de que a leitura desenvolve a compreensão de mundo, possibilitando a autonomia do educando. O revendo o para casa, é o momento em que são tiradas as dúvidas e retomado os conteúdos que foram trabalhados no dia anterior, para fixar os conhecimentos, incentivar o compromisso com os estudos, estimular o desenvolvimento do hábito de ler e estudar em casa. O desenvolvimento das atividades é o momento em que o professor desenvolve seu planejamento, utilizando os recursos didáticos oferecidos pelo programa e os de sua elaboração, os estudantes são envolvidos em várias atividades que proporcionam a estimulação de sua aprendizagem, realizadas em grupo, individuais e coletivas. Durante a revisão do dia o professor retoma o que aprenderam, avaliam o que foi trabalhado no dia, verificando o que é necessário para ser replanejado. 196 O para casa possibilita o compromisso do estudante com sua aprendizagem, dando continuidade aos seus estudos; o professor estimula, incentiva e encoraja para que cada um realize a atividade que será retomada no dia seguinte. O papel do professor no programa é de fundamental importância, ele é responsável pela aprendizagem e pelo sucesso dos estudantes, o programa entende que todo o trabalho é realizado para o sucesso do estudante, tendo por consequência o sucesso do professor. Essa parceria estendese nos encontros quinzenais onde são planejadas aulas e realizados estudos para a superação das dificuldades de ensino. Todo esse trabalho é acompanhando semanalmente por supervisores, resultando no gerenciamento através dos coordenadores (Municipal e Regional) junto à Secretaria Estadual de Educação e o Instituto Aryrton Senna, de forma a gerarem intervenções que viabilizem atingir as metas e objetivos do Programa. Em suma, o programa é baseado em duas crenças: “todo professor é capaz de ensinar” e “todo aluno é capaz de aprender”. Enquanto rede municipal temos tido excelentes resultados no que diz respeito à melhoria da aprendizagem dos estudantes atendidos. Bibliografia OLIVEIRA, João Batista Araújo. São Paulo, Saraiva,2002; Rede Vencer: Políticas de aprendizagem escolar acessado em 28 de outubro de 2015, disponível em: http://www.redevencer.org.br/pagina/aprendizagem Senna, Instituto Ayrton Senna, Global Editora, 3º Reimpressão, 2014. 197 AS NOVAS PERSPECTIVAS DO ALFABETIZAR LETRANDO: UM OLHAR VOLTADO PARA O CICLO DE ALFABETIZAÇÃO BARROS, Emmanuella Farias de Almeida. Pedagoga (UFRPE), Mestra em Linguística (UFPE), Professora Substituta (UFRPE). E-mail: [email protected]. RESUMO Vivendo numa sociedade “grafocêntrica”, em que o código escrito se solidifica cada vez mais nas relações sociais, as demandas contemporâneas indicam que apenas codificar e decodificar não são suficientes, pois um processo exitoso na aprendizagem de leitura e escrita influi sobremaneira não apenas nos segmentos sócio históricos da nação, como também na carreira escolar de cada sujeito. Nesse contexto, com as mudanças introduzidas pelo ciclo de nove anos e pelo Pacto nacional pela alfabetização na idade certa (PNAIC), a criança passa a dispor de três anos para se tornar alfabetizada e com isso, surge uma preocupação com o processo de ensino e aprendizagem de modo que seja mais produtivo, aliando a alfabetização ao processo de letramento. Nesse sentido, esse estudo propõe uma discussão sobre as questões que perpassam pelo ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no ciclo de alfabetização, quando as crianças devem dominar o sistema escrito, sendo instigadas, posteriormente, ao aprendizado constante. Palavras-chave: Alfabetização; Letramento; Atividades alfabetizadoras. INTRODUÇÃO O processo de alfabetização e o letramento vêm sendo estudados sob diversas perspectivas, já que, vivendo numa sociedade “grafocêntrica”, isto é, em uma sociedade na qual a linguagem escrita está em praticamente toda a parte, decifrar o que está escrito, relacionar letras e sons ou codificar e decodificar não são suficientes para interpretar e redigir textos de forma adequada. Isso porque, o êxito do processo de alfabetização é determinante na carreira escolar de cada sujeito, e, sendo assim, relacionar sinteticamente fonema e grafema está aquém do que se espera atualmente. O conceito de alfabetização na década de 40 era reduzido ao domínio da escrita do próprio nome. Posteriormente, era considerado alfabetizado aquele que soubesse ler e escrever um bilhete simples. Nos dias atuais, espera-se que o indivíduo, após alguns anos de escolarização, tenha 198 capacidade não só de ler e escrever, mas também de atribuir um sentido ou significado a esse exercício. Essa definição se aproxima do conceito de letramento. (SOARES, 2006). Nesse sentido, a proposta defendida por esse estudo é a orientação para um alfabetizar inserido no contexto do letramento, de modo que os dois processos se completem visando o melhor aprendizado da leitura e da escrita, sendo tarefa do alfabetizador escolher os caminhos possíveis na utilização paralela desses dois elementos. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 O PNAIC e a questão do alfabetizar letrando A educação não é a mesma, a maneira como se alfabetiza e, de uma maneira geral, como se ensina também não. A educação escolar é um processo cíclico, está sempre se transformando, buscando alternativas para que a aprendizagem e o ensino sejam otimizados. É claro que só essa medida não garante o pleno desenvolvimento, mas garante que as crianças possam ter mais oportunidades de aprendizagens, caracterizando, dentro dessa perspectiva, o pacto nacional pela alfabetização como um projeto inclusivo. É a partir desse ideal de progressão e desenvolvimento que se sustenta essa medida, em que a criança passa a dispor de três anos para se tornar alfabetizada, de modo que as ofertas textuais possam equiparar-se em moldes igualitários, garantindo a superação do fracasso escolar e o pleno desenvolvimento das crianças no contexto escolar. 2.2 Atividades alfabetizadoras no ciclo de alfabetização Como já foi dito, é de suma importância que a escola adote a perspectiva de alfabetizar letrando, para tanto, serão destacadas aqui algumas atividades que cumpram essa tarefa e possam auxiliar a prática pedagógica desenvolvida na sala de aula. Tais como: Mergulho no mundo do sistema escrito Roda de leitura Leitura em voz Atividade de reescrita Produção de textos coletivos Produção textual através de imagens 199 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, é possível afirmar que um entendimento mais claro sobre as concepções estudadas não garantem imediatamente mudanças pedagógicas, mas propõem novos caminhos para a reflexão teórica que fundamenta a prática da sala de aula, apontando soluções e contribuindo para a superação das dificuldades. De modo que os educadores possam refletir acerca da sua metodologia e buscar novas alternativas, na tentativa de desenvolver suas tarefas com mais eficiência. REFERÊNCIAS ANDALÓ, Adriane. Didática de língua portuguesa para o ensino fundamental: alfabetização, letramento, produção de texto em busca da palavra-mundo. São Paulo: FTD, 2000. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o ba-bé-bi-bó-bu. São paulo: Scipione, 1998. CARVALHO, Marlene. Guia prático do alfabetizador. São Paulo. Ática, 2004. SOARES, Magda. ____________. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2006. TEBEROSKY, Ana & COLOMER, Teresa. Aprender a ler e a escrever: uma proposta construtivista, Porto Alegre: Artmed, 2003. 200 EDUCAÇÃO E LINGUAGEM: O USO DA CAIXA DE JOGOS DO CENTRO DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO E LINGUAGEM (CEEL) NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Aline Matias Maciel Maria Vitória de Freitas Pereira Valéria da Silva Conceição Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadêmica de Garanhuns [email protected] O artigo aborda o uso de materiais disponibilizados pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC), especificamente a caixa de jogos de alfabetização do Centro de Estudos em Educação e Linguagem (CEEL), pelo fato de que é um material didático que está sendo distribuído recentemente e não se tem um conhecimento aprofundado sobre esse novo recurso. A partir disso o propósito foi verificar como ocorre a utilização desse material em sala de aula e como o mesmo pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, de forma a orientar o trabalho pedagógico na sala de aula no processo de alfabetização. Os dados foram analisados a partir de teóricos como Kishimoto (2003), Huizinga (1993), Brzezinski (1992) e o Manual Didático de Jogos de Alfabetização (2008). A caixa de jogos do CEEL é composta por 10 jogos voltados para a alfabetização, são eles: Bingo dos sons iniciais, Caça rimas, Dado sonoro, Trinca mágica, Batalha de palavras, Mais uma, Troca letras, Bingo da letra inicial, Palavra dentro de palavra e Quem sou eu, além das orientações didáticas e instruções dos jogos. Kishimoto afirma que: As crianças ficam mais motivadas a usar a inteligência, pois querem jogar bem; sendo assim, esforçam-se para supera obstáculos, tanto cognitivos quanto emocionai. Estando mais motivadas durante o jogo, ficam também mais ativas emocionalmente. (2008, p.96). Os jogos educativos auxiliam a prática docente como elemento que possibilita o desenvolvimento intelectual e social dos alunos, mas não se caracterizam por si só em dar conta em abranger todo a conteúdo a ser aplicado, ele deve ser usado como estratégias que possam convergir 201 com os conteúdos para que os alunos tenham uma maior compressão do que está sendo visto em sala de aula. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com quatro professoras, do 1° ao 3° ano do Ensino Fundamental da Rede Pública de ensino do Município de Jucati-PE, conhecendo como ocorre o uso dessa caixa de jogos na prática dos professores e as suas contribuições em sala de aula. Em relação à formação de como utilizar os jogos em sala de aula, uma das quatro professoras não participou da formação, segundo ela por estar lecionando em uma turma de Educação Infantil quando a formação ocorreu e a caixa de jogos serem distribuída somente no 1° ao 3° ano, mas ela buscou informações na internet sobre como usar os jogos quando foi lecionar numa turma de terceiro ano. Três professoras concordaram que esse material é de fundamental importância para o desenvolvimento dos alunos por ser um dia diferente, por os alunos aprenderem brincando auxiliando no desenvolvimento da leitura, da matemática, mesmo os jogos sendo objetivados para a alfabetização. Todas as professoras utilizam de duas a três vezes por semana, apenas uma delas utiliza nas aulas de artes e educação física, como uma forma de passar o tempo, o que não deveria acontecer, visto que, os jogos são favorecedores da alfabetização e deveriam ser utilizados de forma interdisciplinar com as aulas de português e matemática e não serem passados sem objetivos, pois a caixa de jogos deve ser usada para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. Segundo o Manual Didático de Jogos de Alfabetização (2008), é fundamental que o professor saiba o que os alunos estão aprendendo, quando participam desses jogos, pois nenhum deles mobiliza todos os princípios do sistema alfabético de escrita, sendo necessário que o professor também possua tolerância e paciência, pois os alunos estão em um contínuo processo de aprendizagem. Ao tomar consciência sobre os objetivos didáticos que estão implicados nos jogos disponibilizados aos educandos, o professor pode se organizar melhor e decidir acerca das outras atividades que precisará desenvolver, para que os alunos se apropriem de outros conhecimentos não contemplados pelos jogos. Demonstrando sim que é possível existir uma interdisciplinaridade através da utilização dos jogos, cabendo ao professor utilizá-la quando necessário. Diante do que foi analisado durante a realização da pesquisa, pudemos constatar que a caixa de jogos do CEEL estava presente na prática dos professores entrevistados. Verificamos que a utilização desse material ocorre frequentemente durante as aulas de português, mas também em outras disciplinas, como uma forma de passar o tempo, o que acaba tirando o foco do objetivo da caixa de jogos que é facilitar no processo de alfabetização. 202 Percebemos também que este material é um recurso de fundamental importância para o processo de ensino e aprendizagem, deixando a aula mais lúdica e prazerosa para os alunos, de forma que a leitura e a escrita sejam desenvolvidas a partir de uma brincadeira. Referências BRAGA, Andréia JOVANE; MARIA, Margarete de Araújo; SANDRA Rejane Silva Vargas; LEMES, Adriana. Uso dos jogos didáticos em sala de aula. Disponível em http://guaiba.ulbra.br/seminario/eventos/2007/artigos/letras/242.pdf. Acesso em 31 de Deze de 2014. BRASIL. Ministério da Educação. Jogos de Alfabetização. Disponível em http://www.plataformadoletramento.org.br/arquivo_upload/2014-02/20140210152238mec_ufpe_manual_de_jogos_didaticos_revisado.pdf. Acesso em 15 de Deze de 2014. IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez, 2001. (http://189.28.128.100/nutricao. 203 ANALISANDO OS CRITÉRIOS DE TEXTUALIDADE NA EDUCAÇÃO BÁSICA: COM A PALAVRA, OS DISCENTES Max Silva da Rocha43 O texto é uma fonte de comunicação, que deve ser bem construída. Comunicar não é tarefa fácil, embora alguns pensem ao contrário. Não é qualquer frase ou palavra que exprime exatamente o que desejamos, ou que revela o objetivo pretendido ao escrever, afinal o interlocutor precisa entender a mensagem que se transmite através do texto. Dessa forma, nem tudo que se escreve se configura um texto. Para Fávero (2003, p.20): “o texto consiste então, em qualquer passagem falada ou escrita que forma um todo significativo independente de sua extensão”. É nesse âmbito que nos propomos a analisar os seguintes critérios de textualidade: coesão, coerência, informatividade, aceitabilidade, intertextualidade, situacionalidade e intencionalidade conforme pontua Marcuschi (2008). É através do texto que esses fatores se materializam na comunicação verbal. Esse é o enfoque que constitui o objetivo central deste estudo. Parte-se aqui do pressuposto de que a finalidade precípua de um texto é estabelecer a comunicação entre os parceiros do processo comunicativo e desse modo, garantir a significação. Tomando como base o pressuposto de que o texto é uma fonte de comunicação que deve ser dotado de sentido, os elementos de textualidade, aqui mencionados, são fatores fundamentais na construção desse sentido. Desse modo, analisamos os referidos critérios de textualidade contidos em um corpus proveniente de uma escola municipal de esfera pública localizada no município de Igaci – AL. Esse corpus é constituído por textos de informantes do 9° ano de ambos os sexos do ensino básico, pertencentes à faixa etária entre 13 a 16 anos. Realizamos uma pesquisa de campo onde foram coletados os dados que compõem o corpus desse estudo. Na coleta dos dados foram utilizados textos produzidos pelos informantes em sala de aula, com a finalidade de conhecer as dificuldades de escrita e de domínios linguísticos gramaticais que formam o todo significativo, qual seja, o texto. Tomamos como base teórica os livros de Antunes (2009); Bakhtin (1995); Fávero (2003); Koch (2004, 2012); Marcuschi (2008), além de outros. De acordo com Fávero (2003) os fatores de coesão são aqueles que formam a estrutura superficial do texto, ou seja, estabelece entre os elementos linguísticos relações de sentido. É justamente esses laços textuais de sentido entre os constituintes do enunciado que serão levados em consideração durante 43 É graduando do 6º período do curso de Letras – Português pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL campus III em Palmeira dos Índios – AL. É Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID/CAPES/UNEAL. E-mail: [email protected] 204 este breve estudo. A coerência em um texto se apresenta em forma de sentido e enunciados ligados de maneira ordenada, significativa e de fácil entendimento por parte do leitor para chegar à compreensão do texto como um todo coerente. Essa ordenação consiste em expor as ideias de forma concatenada de modo que remetam a um item já expresso, e ao mesmo tempo, renovar conteúdos, ou serão apenas meras repetições que tornam o texto incoerente. Não podendo neste texto haver nenhuma informação que contraponha o já mencionado anteriormente (FÁVERO, 2003). Foi identificada, em grande parte das amostras, a ausência dos elementos de textualidade necessários ao entendimento do texto por parte do interlocutor. Isso é preocupante, já que no nível de escolaridade do qual os informantes fazem parte, poder-se-iam ser-lhes exigida uma produção textual mais completa com um melhor domínio dos conhecimentos referenciados. Esse triste fato que demonstra inconsistência no processo de ensino-aprendizagem acarreta sérios fatores de relevantes estudos, dentre eles a compreensão por parte do leitor e a sequenciação lógica da produção textual. É comum encontrarmos produções textuais de alunos com problemas na falta de clareza e objetividade o que dificulta a compreensão por parte do leitor. Os problemas referentes a todos os critérios aqui abordados podem ocorrer devido ao déficit de leitura por parte dos discentes, desde as séries iniciais. O cuidado no momento da escrita é imprescindível, pois quem escreve é para ser lido e nesse processo interacional exige-se um mínimo de sentido para que tanto o que escreve como o que ler possam fazer essa relação autor-texto-leitor. Vale dizer que a maioria dos alunos transpõe para as produções escritas traços da oralidade, assim é comum escrever do mesmo modo que se fala, de acordo com a sua cultura. Fato que nem sempre é considerado pela escola. Após a leitura e análise dos textos dos alunos, adquirir-se-á argumentos suficientes para tratar dos problemas encontrados. A prática da leitura é muito importante desde as primeiras séries, o conhecimento traz segurança e competência argumentativa. A partir dos conceitos e teorias que embasaram esta pesquisa parcial, pode-se inferir que a forma de conduzir o trabalho com a escrita é significativa e qualitativa para o desenvolvimento das competências devidas para o educando produzir textos coesos, coerentes e, sobretudo, significativos. A ausência desses critérios de textualidade nas produções analisadas é fato preocupante, visto que no nível de escolaridade do qual os informantes fazem parte, ainda são evidentes problemas de aquisição da escrita. Fato este que persistirá se não existir políticas públicas que possam melhorar a qualificação profissional dos educadores. Por fim, resta-nos dizer que a pesquisa foi fascinante porque mantemos contato diretamente com os estudantes e suas produções textuais, mas sabemos que as pesquisas científicas precisam, urgente, mostrar meios para solucionar esses problemas. Com essa pesquisa demos, de nossa parte, o pontapé inicial para outros futuros estudos que possam ajudar e melhorar o ensino básico, que como 205 vimos, está em grande problemática. Dito isto, é válido parafrasearmos Karl Marx: “professores e professoras de todos os países uni-vos”. Referências ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 7ª. ed. São Paulo: Hucitec, 1995. FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 2003. KOCH, Ingedore G. Villaça. A coesão textual. 19. ed. São Paulo: Contexto, 2004 MARCUSCHI, Luís Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 3ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2008 206 GT 7 - CONCEPÇÕES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA Coordenadores: Prof. Alzenir Silva - UAG/UFRPE, Prof. Clelio Cristiano dos Santos - UPE/Garanhuns, Prof. Diana Cecília de Souza - UPE/Garanhuns 207 O ESTUDO DA GEOGRAFIA NA FORMAÇÃO DA CIDADANIA Fernanda Maria de Melo Silva [email protected] Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadêmica de Garanhuns Alzenir Severina Silva UAG/UFRPE - [email protected] O ensino de Geografia nas séries iniciais contribuem da formação da consciência espacial cidadã e crítico-participativo tendo por objetivo fazer com que os alunos possam ler o mundo, até mesmo sem saber ler as palavras. Quando o educando saber fazer a leitura espacial, ele sabe situar-se no mundo, enquanto cidadão. A leitura do mundo é de total importância para que todos nós possamos situar no mundo enquanto cidadão, exercendo a cidadania. A leitura do mundo pode ser feita por meio da leitura espacial. A leitura da Geografia proporciona ao homem conhecer as diferentes formas de vida no planeta, relacionar o viver, com meio, e entender as diferenças humanas com diferenças geográficas. “Aprender a pensar o espaço. E, para isso, é necessário aprender a ler o espaço, “que significa criar condições para que a criança leia o espaço vivido” (Castelar, 2000, p. 30), como Castelar ressaltou que para pensar o espaço, é necessário ler o espaço. Nessa perspectiva de leitura de espaço na formação cidadã dos educando é fundamental, pois o discente só situar-se na cidadania depois de ter situado espacialmente. A geografia desde a base escolar traz discussões na qual os alunos possam entender as mudanças sócias, políticas,e ambientais, e logo questionaram os porquê das mudanças ambientais, das diferentes formas espaciais, das divisões de classes sócias, das mudanças na política, com essas temáticas o educando vai abrir dentro de si indagações, onde através delas ele vai identificar-se com determinadas situações, sabendo quem ele é no mundo, qual padrão ele pertence. Nosso trabalho propõe trabalhar com conteúdos da geografia de modo interdisciplinar, desenvolvendo atividades didático-pedagógico da educação geográfica; Será trabalhado atividades de leituras espaciais de modo que o educando possa entender e compreender o lugar de vivência, 208 identificando as culturas diferentes do seu espaço local, e, percebendo seu contexto histórico e criando concepções de práticas na ação de cidadania. Referencial teórico [...] as práticas espaciais têm um peso sempre maior na sociedade e na vida de cada um. O desenvolvimento do processo de espacialidade diferencial acarretará, necessariamente, cedo ou tarde, a evolução, a nível coletivo, de um saber pensar o espaço, isto é, a familiarização de cada um com um instrumento conceitual que permite articular, em função de diversas práticas, as múltiplas representações espaciais que é conveniente distinguir, quaisquer que sejam sua configuração e sua escala de maneira a dispor de um instrumental de ação e reflexão (LACOSTE, 2006, p. 53). [...] a idéia de cidadão é aquele que exerce seu direito a ter direitos, ativa e democraticamente, o que significa exercer seu direito de, inclusive, criar novos direitos e ampliar outros. É no exercício pleno da cidadania que é possí- vel, então, transformar direitos formais em direitos reais. (Cavalcanti,2002,p.51). Metodologia e resultados Na pesquisa de intervenção leitor é permitido reconhecer suas características investigativas e o rigor com que as pesquisas foram levadas a cabo, para que não sejam confundidas com relatos de experiências pedagógicas. Nesses relatos, embora possa, por vezes, ser incluído algum tipo de avaliação, tal inclusão não implica que a avaliação tenha sido realizada de maneira sistemática, baseada em métodos consagrados de coleta e análise de dados, como a avaliação realizada em uma pesquisa aplicada. Segundo Lüdke, Cruz & Boing (2009, p. 464), Seguindo os mecanismos da intervenção, as atividades desenvolvidas na escola seguirão um roteiro metodológico, onde os alunos irão assimilar a geografia com as demais disciplinas. Serão trabalhadas atividades onde todos os alunos possam situar-se no mundo através do lugar de vivência. Serão realizadas atividades fotográficas e literárias onde os alunos identificarão as diferentes formas espaciais e culturais .Um ponto de grande importância para o projeto é o resgate a cidade de Garanhuns dentro da geografia, a sua localização no espaço através da cartografia, fotografia e da gráfica Além de buscar “formar” um cidadão crítico diante do seu espaço geográfico, é de necessidade estimular o educando a buscar entender as diferentes formas espaciais, diferentes tipos de paisagens, pois assim, o aluno irá entender que as diferentes culturas estão ligadas as diferentes 209 formas geográficas, com isso, o preconceito em relação ao espaço diferente do seu, será diminuído, e prática de cidadania será maior. Conclusão. O PIBID proporciona ao graduando a experiência em conhecer uma sala de aula, efetuando seu projeto de intervenção, onde o ID desenvolva rotinas de uma sala de aula, traçando estratégias para o desenvolvimento cognitivo do aluno, e,contribuindo na minha formação enquanto pedagoga, mostrando a realidade de uma sala de aula, e a necessidade de um professor sempre ter um plano B. Referenciais NOGUEIRA Valdir; MARIA sônia.Educação Geográfica e formação da consciência espacial cidadã no ensino fundamental:sujeitos,saberes e práticas. 10° Encontro Nacional de Prática no Ensino de Geografia,Porto Alegre,30 de agosto a 2 de setembro de 2009. CALLAI Coetti helena.Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 227-247, maio/ago. 2005. 210 A NECESSIDADE DOS RECURSOS PEDAGÓGICOS E O ENSINO NAS PERSPECTIVAS ATUAIS Reynaldo Daivyd Lopes da Silva Universidade Estadual de Alagoas [email protected] Maria Camila Nunes da Silva [email protected] Universidade Estadual de Alagoas Maria Sônia Moura dos Santos [email protected] Universidade Estadual de Alagoas RESUMO: Este artigo aborda a realidade do ensino publico atualmente, discutida aqui em razão da existência de certos entraves nos avanços da educação. O objetivo principal foi discutir as atuais dificuldades que permeiam o processo de ensino e aprendizagem. O método de pesquisa se dar de forma qualitativa com um embasamento teórico em leituras de escritores que discutem essa temática como Demo (2004), Trindade (Org.) (2007) e Libâneo (2007), e também buscando dados através de aplicações de questionários, aplicados aos professores e funcionários da escola. Os resultados obtidos apontam que os docentes estão buscando cada vez mais aperfeiçoar suas formações, para oferecer uma melhor qualidade de ensino. Porém existem entraves como a falta de recursos pedagógicos, livros que não trazem a realidade local dos alunos e piso salarial baixo que obrigam os professores a terem uma carga horária extensa, e isto dificulta o planejamento das aulas. Conclui-se que, apesar desses profissionais buscarem por uma melhor formação em suas áreas de ensino, urge a necessidade de melhores condições de trabalho para a aplicação de um ensino mais eficaz e uma relevante valorização dessa profissão, que por sinal é estratégica para o desenvolvimento de qual quer país no mundo. PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem, dificuldades, aperfeiçoar. Coautores: Isabelly Alves, Ana Paula Nunes44 , Claudionor de Oliveira Silva45 44 Graduanda em geografia pela UNEAL e bolsista do PIBID no Subprojeto “O Ensino da Cidade na geografia” 45 Supervisor do PIBID do subprojeto: A cidade no ensino de geografia. 211 INTRODUÇÃO Buscar compreender o processo de ensino e aprendizagem diante das problemáticas estruturais da rede estadual se faz necessário, pois é uma discussão bastante atual no cotidiano dos professores e alunos. Visamos identificar a principal dificuldade que o docente enfrenta em sua carreira, podendo compreender dessa forma a realidade do ensino da escola pública e analisar a importância da estrutura e recursos da escola para prática docente. De acordo com Demo (2004 p.80) “A condição econômica e cultural da maioria das crianças coloca desafio acerto, cujo enfrentando exige qualidade ostensiva do PROCEDIMENTO METODOLÓGICO sistema, sobretudo dos professores”. A metodologia utilizada é de caráter qualitativo e a investigação é baseada por meio de estudos bibliográficos em Demo (2004), Trindade (Org.) (2007) e Libâneo (2007), que discutem essa temática e dar base teórica para esse estudo. A forma de coleta de dados foi através de uma aplicação de um questionário a 64 professores, 4 coordenadores, 3 diretores e outros 33 funcionários, e também por uma avaliação em lócus da estrutura disponível da instituição de ensino. RESULTADOS E DISCUSSÃO Perfil da escola O profissional da educação ao longo de sua carreia vai encontrar uma variação significativa dos perfis de cada escola, porém encontram certas semelhanças positivas ou negativas que vão influenciar no processo de ensino e aprendizagem. As ferramentas pedagógicas e uma boa estrutura quando estão disponíveis aos docentes somando com as propostas e práticas que vão de encontra aos métodos tradicionais, geram uma melhora considerável na qualidade de ensino. As condições de uso das dependências da escola, avaliada pelos professores atingiu uma média de boa em 58% (cinquenta e oito por cento). Apesar das dificuldades que permeia as escolas públicas deste país, podemos observar uma média considerada na melhora das condições estruturais. Logo, a escola tem atendido com sua estrutura física satisfatória e, dessa forma, contribuindo para as ações normais de ensino. As práticas dos Coordenadores da escola Os coordenadores que atuam na área pedagógica da escola, todas são do sexo feminino, com idades aproximadas de 36 a 48 anos. As quatro coordenadoras que participaram da pesquisa possuem curso superior, sendo duas especialistas e duas mestras. Todas são concursadas pela rede estadual de educação. 212 O desafio da qualidade torna-se tanto mais decisivo quanto se torna em conta que o aluno é figura carente em todos os sentidos na média Pobre Materialmente, indigente culturalmente, coloca dificuldades extremos de aproveitamento escolar, que só poderiam ser bem manejadas por profissionais muito bem preparados. Demo (2004, p.88). Nessa perspectiva são desenvolvidos projetos pedagógicos pela escola, Esses projetos são pensados e desenvolvidos pela coordenação da escola são voltados primeiramente para os alunos, pois são eles os protagonistas do processo educativo. Os professores também são peças fundamentais nesse processo. Eles participam desde a primeira ideia dos projetos até a sua realização. Coordenadores, professores e alunos planejam e executam as ações conjuntas, dentro da escola. São realizadas reuniões de pais e professores, em períodos trimestrais com o intuito de inseri-los nas atividades escolares. O ensino dos docentes de geografia As dificuldades de ensinar geografia para estes docentes começam com o livro didático, seria necessário mudar os livros, trazer os conteúdos para realidade local do aluno, trabalhar aspectos gerais de sua cidade e meio ambiente. E a indisponibilidade dos recursos pedagógicos para as aulas de geografia tornam-se uma barreira para o desenvolvimento das aulas. Nessa perspectiva, de acordo com Trindade et al (2007 p.42), “[...] As metodologias do passado, primando pela memorização, não são compatíveis, por isso mesmo o profissional da educação em Geografia necessita buscar novas formas de trabalhar a disciplina, que despertem no aluno uma maior e melhor relação com estes saberes.” A geografia defrontou-se, assim, com a tarefa de entender o espaço geográfico no contexto bastante complexo. O Avanço das técnicas, a maior e mais acelerada circulação de mercadorias, homens e ideias distanciam os homens do tempo da natureza e provocam um certo “encolhimento” do espaço de relação (Cavalcanti 1998, p. 16). Segundo os professores de geografia, a prática de ensino que envolve o tema cidade é bastante desenvolvida em suas aulas, pois consideram de extrema importância para que o aluno saiba se situar física e criticamente no espaço urbano.Nessa perspectiva diz Moreira (2007 p.59) “a realidade esconde-se por trás da aparência, sobretudo porque possui forte carga ideológica. Cabe torná-las reveladas.” Eles apontam que somente os livros didáticos não dão suporte necessário para o desenvolvimento desse tema. Diante dessa realidade, afirma Trindade et al. (2007 p. 69), “Cremos 213 que o livro didático quando bem escolhido, contribui para um bom trabalho do professor. O que não concordamos é que seja usado com uma “bíblia” e que o seu sumário se transforme no próprio programa a ser trabalho durante o ano letivo.” Existem então certas necessidades de outros recursos pedagógicos, para que esses profissionais venham oferecer um ensino de geografia mais eficaz, podendo relacionar os conteúdos com a realidade dos alunos. Libâneo et al. (2007 p.109) “Torna-se cada vez mais evidente o fato de que a revolução tecnológica está favorecendo o surgimento de uma nova sociedade, marcada pela técnica, pela informação e pelo conhecimento[...]”. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante disso, foi constatado que há uma necessidade de melhorias nas condições de trabalho. A falta de valorização dessa profissão causa diversas problemáticas, que ocasiona vários entraves no processo do ensino e aprendizagem. Considera-se que a pesquisa foi de suma importância para compreender a situação das escolas públicas e entender quais dificuldades os docentes vêm enfrentando para atender as novas propostas de ensino e aprendizagem. Neste contexto, outras pesquisas podem ser voltadas em estudos de evasão das mulheres da profissão docente e ao elevado aumento da procura dos homens, seguindo essa carreira na qual foi identificada nessa pesquisa. REFERÊNCIAS CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos- ed. 16ª, Campinas, SP: Papirus, 1998. p.183. DEMO, Pedro. Desafios modernos da Educação. Petrópolis, Ed. Vozes, 2004. LIBÂNEO. José Carlos,; OLIVEIRA, João Ferreira. (Org.). Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2007.MOREIRA, Ruy. Paulo: Brasiliense, reimpr. 14ª Ed. de O que é geografia. 1994, 2007. 113 São p. TRINDADE, Gilmar Alves,; CHIAPETTI, Rita Jaqueline Nogueira.(Org.). Discutindo geografia: doze razões para se (re) pensar a formação do professor. Ilhéus: Editus, 2007. 214 O ENSINO DE GEOGRAFIA E A PRÁTICA DOCENTE NO PROCESSO DE ENSINOAPRENDIZAGEM Reynaldo Daivyd Lopes da Silva Universidade Estadual de Alagoas [email protected] Maria Camila Nunes da Silva [email protected] Universidade Estadual de Alagoas Maria Sônia Moura dos Santos [email protected] Universidade Estadual de Alagoas RESUMO: O artigo tem como principal objetivo discutir os principais aspectos dos métodos tradicionais e contemporâneos que caracterizam a prática docente e o ensino de geografia. A metodologia foi de caráter qualitativo baseado em leituras dos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs (1988), além de autores que abordam esta temática, como por exemplo, Demo (2004), Morales (1999), através de análises dos avanços e dos desafios da educação contemporânea. A prática docente hoje se desenvolve através da realidade do aluno, sendo assim estes tomarão consciência que seu problema faz parte do que acontece no mundo, e a ciência geográfica vai configurando-se em um desafio voltado para os profissionais com o futuro educacional da sociedade, atualizando suas metodologias a cada dia por meio das necessidades lançadas dentro e fora da sala de aula, usando recursos metodológicos e discussões reais. Os resultados apontam que o ensino de geografia no ensino fundamental passa por problemas estruturais e metodológicos quando existe um ensino do saber geográfico aplicado de forma fragmentada. Conclui-se que, à medida que há essa fragmentação do saber geográfico, existem consequências tanto para aos educadores quanto para os alunos. Urge, portanto, a necessidade de ensinar uma geografia mais eficaz, que não se prenda apenas à descrição e à memorização. Palavras-chave: Ensino de geografia. Prática docente. Ensino-aprendizagem. Coautores: Josecleide Maria da Silva, Edjane Melo Gomes, Claudionor de Oliveira Silva INTRODUÇÃO Os desígnios do estudo da geografia passaram por várias discussões e transformações nas últimas décadas e não se limitam mais as descrições físicas, natural e social do território, os seus estudos têm uma superioridade e complexidade que envolve a interligação entre o homem e as 215 transformações. A ideologia da Geografia já ultrapassou as barreiras de apenas fotografar o espaço e descrever as suas formas, ao longo dos tempos essa ciência foi descobrindo a essência do homem e de toda a sua dinâmica social onde o espaço, o lugar e o território são os “cenários” das interações humanas. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO A metodologia foi de caráter qualitativo baseado em leituras dos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs (1988), além de autores que abordaram essa temática, como por exemplo, Demo (2004), Morales (1999), e através de análises dos avanços e dos desafios da educação contemporânea. RESULTADOS E DISCURSÕES A formação do professor no Brasil iniciou na primeira metade do século XIX, no ensino particular, de caráter religioso e no ensino primário, cujo ensino era limitado à elite. Ser professor é uma profissão de grande importância para o desenvolvimento educacional, moral e intelectual do aluno. Essa profissão já foi símbolo de “status” e autoridade em nossa sociedade e no mundo inteiro, mas, pouco a pouco, nas últimas décadas, esse profissional vem perdendo o prestígio com pouca valorização no contexto atual do mundo globalizado. Segundo Demo (2004 p.80) “A condição econômica e cultural da maioria das crianças coloca desafio acerto, cujo enfrentando exige qualidade ostensiva do sistema, sobretudo dos professores”. No decorrer da história da educação, as práticas educativas mais firmes, autoritárias e duras foram deixadas para trás, levando para a sala de aula liberdade de expressão, de pensamento e abrindo espaços para o diálogo, tanto entre alunos como entre alunos e professores. De acordo com Morales (1999 p.25 a 26) Uma influencia especifica vem da relação do professor com os alunos temos (disponibilidades, interesse manifestado por todos os alunos, paciência, boa preparação das aulas, etc.) Além disso, quer se pretenda conscientemente quer não, os métodos utilizados na sala de aula, os exercícios, as práticas etc. podem influenciar notavelmente não só no aprendizado dos conteúdos ou habilidades dos alunos, mas também em suas atitudes com relação á matéria, ao estudo e ao trabalho, assim como a respeito de si mesmo. Segundo os PCNs da Geografia do ensino fundamental, o ensino de geografia de forma geral, é realizado mediante aulas expositivas ou leituras dos textos do livro didático. Entretanto é possível trabalhar com esse campo do conhecimento de forma mais dinâmica e instigante para os 216 alunos, por meio de situações que problematizem os diferentes espaços geográficos materializados em paisagem, lugares, região e território; que disparem relações entre o presente e o passado, o específico e o geral, as ações individuais e as coletivas; e que promovam o domínio de procedimentos que permitam aos alunos “ler” e explicar as paisagens e os lugares. Segundo Mattos (2001 p.69-70), Os docentes no início da sua profissão tem muito que aprender com um professor experiente, dessa maneira é atribuído grande valor ao conhecimento da experiência pratica. O ensino é uma pratica social, não só porque se concretiza na interação entre professores e alunos, mas também porque seus atores refletem a cultura e os contextos sociais a que pertencem. Existe essa importância do docente de geografia conhecer de uma forma mais profunda o objeto de estudo desta ciência, pois pode influenciar na qualidade de ensino. E uma questão muito importante é justamente o cuidado para não negligenciar o ensino das categorias do espaço geográfico aos alunos bem como a compreensão do espaço geográfico na formação natural e social do seu cotidiano começando a atuar como um cidadão que exerça sua cidadania de uma forma mais efetiva, assim como fala Trindade: Estudar Geografia significa abrir janelas para a percepção e compreensão das condições de vida da humanidade, é pré-requisito para a cognição do espaço- em todas as latitudes, longitudes e altitudes-, no que se refere a sua formação natural e social. Estudar Geografia também pode ser um dos caminhos para que as pessoas possam forma-se e perceber-se como sujeitos capazes de atuar na efetivação das transformações desejadas pelas sociedades humanas, em todo o planeta Terra (2007, p. 17,18). CONSIDERAÇÕES FINAIS O ensino da Geografia é estudar as relações, espaço e sociedade entre o processo histórico na formação da sociedade humana e as transformações espaciais no decorrer dessa ralação. Sendo interpretada por meio da leitura do lugar, do território a partir da sua paisagem, trabalham diferentes noções espaciais e temporais bem como fenômenos sociais, culturais e naturais característico de cada paisagem, analisada a partir da observação do aluno. Procurando explicar e compreender o mundo por meio de uma leitura crítica, oferecendo grandes contribuições para decodificar as imagens manipuladoras que a mídia constrói na consciência das pessoas. 217 REFERÊNCIAS DEMO, P. Desafios Modernos da Educação. 13º ed. Vozes. Petrópolis, 2004. 272 p. TRINDADE, G. A.; CHIAPETTI, R. J. N.(Org.). Discutindo geografia: doze razões para se (re)pensar a formação do professor. Ilhéus: Editus, 2007. 426p. MORALES, P. A relação professor-aluno o que é, como se faz. Edições Loyola. São Paulo, Brasil, 1999. 167 p. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia: 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental. Introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 2001. MATTOS, A. M. A; MATTOS, C. M. A. O trabalho docente: reflexões sobre a profissão professor. Revista Presença Pedagógica. V. 7, n. 41, p. 69-73, set./out.2001. 218 LENDO E REPRESENTANDO O ESPAÇO DE VIVÊNCIA: SITUANDO O EU NO MUNDO Susana Alves de Araújo [email protected] Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadêmica de Garanhuns Alzenir Severina Silva UAG/UFRPE - [email protected] Introdução Este resumo trata de um projeto de intervenção pedagógica que faz parte do Programa de Iniciação a Docência (PIBID). O referido projeto tem como objetivo contribuir para que os alunos do ensino fundamental da turma na qual o mesmo está sendo aplicado desenvolvam a pratica de ler seu espaço de vivência e o entenda não como algo isolado, mas que está inserido em um mundo e marcado por inter-relações. Busca-se, pois, trabalhar localização espacial tentando deixar de lado o ensino pautado em círculos concêntricos, pois como afirma Callai (2005) “as pessoas que vivem concretamente em um lugar estão historicamente situadas no mundo. Assim o lugar não pode ser considerado/entendido isoladamente”. Ao se ensinar localização espacial partindo do micro para o macro, ensina-se como se um lugar fosse explicado por si mesmo. E o que a autora defende é que ao abordar o lugar onde a criança vive, mostre-se também que ela está em um contexto mais amplo. E isso deve ser feito desde o inicio da sua escolarização, como afirma o Parâmetro Curricular Nacional (PCN) de Geografia a “compreensão de como a realidade local relaciona-se com o contexto global é um trabalho que deve ser desenvolvido durante toda a escolaridade” Brasil (2001, p.77). Metodologia Para implementação deste projeto está sendo utilizada a Pesquisa Ação, caracterizada como um tipo de pesquisa com base empírica, realizada em prol da resolução de um problema coletivo onde tanto o pesquisador como os participantes atuam de forma cooperativa e participativa (THIOLLENT, 1985). Analise dos dados 219 A partir das observações realizadas, foi possível perceber que os conteúdos ensinados na disciplina de Geografia não são bem explorados, pois a ênfase ao se expor os conteúdos recai sobre a disciplina de Português e Matemática. Por exemplo, ao expor para os alunos um texto sobre meios de transporte, a atenção se volta para os exercícios de compreensão de texto, separação silábica, complementação de palavras, contagem das letras, etc. olhando pelo lado da interdisciplinaridade, essa relação entre disciplinas a partir de um conteúdo é positiva. No tocante ao trabalho com localização espacial, percebeu-se que os alunos não se veem em um mundo, mas em lugar especifico. Quando questionados sobre onde moram a maioria respondia o nome da cidade, outros tentavam citar pontos de referencias. Percebesse portanto que esses alunos se reconhecem em uma cidade mas não conhecem suas relações com o mundo. Com o objetivo de contribuir para que esses alunos entendam que sua cidade está inserida em um contexto mais amplo, composto por diferentes pessoas, culturas, moradias e etc. e que é fruto das transformações causadas pelo homem e pela própria natureza, inicialmente foram apresentadas características e diversidades do mundo em que vivemos. REFERÊNCIAS CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a Ler o Mundo: A Geografia nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Campinas: Cad. Cedes; 2005. BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais: história e geografia/fundamental. 3ed. Brasília: a secretaria, 2001. THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez; 1986. 220 GEODIAGNOSE INSTITUCIONAL DA ESCOLA ESTADUAL DR. CARLOS GOMES DE BARROS DA CIDADE DE UNIÃO DOS PALMARES-AL Edna Augustinho Sena Universidade Estadual de alagoas-UNEAL [email protected] Josecleide Maria da Silva Universidade Estadual de Alagoas-UNEAL [email protected] Marcio Emidio da Silva Universidade Estadual de Alagoas-UNEAL [email protected] RESUMO: O presente artigo tem como objetivo expor os resultados e as análises dos aspectos institucionais feitas na Escola Estadual Carlos Gomes de Barros a respeito dos espaços físicos, pedagógicos e administrativos. Esses dados têm por finalidade verificar o processo de ensinoaprendizagem na escola e embasar o estudo do Ensino da Cidade na Geografia, conforme propõem o subprojeto do qual fazemos parte. A metodologia utilizada para obtenção dos dados ocorreu a partir da aplicação de questionários e posteriormente tratamentos de dados. Bem como autores que trabalham com a referida problemática. Múltiplos olhares teórico-metodológicos na formação docente, que tem por finalidade programar novas metodologias, que venham facilitar o processo de ensino-aprendizagem nas redes de ensino público de Alagoas, bem como a valorização da profissão docente entre graduandos das licenciaturas da Universidade Estadual de Alagoas e professores em serviço. Tendo como embasamentos teóricos, autores como Vygotsky e Morales. Assim, através destes levantamentos de dados podemos identificar o perfil do desenvolvimento escolar em aspectos gerais. Palavras chave: Educação básica, Escola, Universidade. Coautores: Everaldo Timóteo da Silva; Salus Manoel Pessoa da Silva, Sirlange Soares da Silva Brito. 221 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo analisar a realidade escolar em seu contexto geral. Com alunos bolsistas e professores supervisores do Subprojeto “O Ensino da Cidade na Geografia”, foi escolhido para diagnostico, a escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Carlos Gomes de Barros, possui uma boa acessibilidade e atende a toda a comunidade local e circunvizinhas de forma satisfatória, com um espaço físico em condições consideráveis ao se tratar de uma escola pública. Vygotsky [1896] 1934 afirma que o desenvolvimento de cada indivíduo se dá diante da convivência do sujeito com o seu meio. Esse meio, ou quaisquer outros meios sociais que possibilitem esta interação. Podemos citar a escola como um exemplo deste meio, pois é um importante lugar para a troca e desencadeamento do processo de ensino aprendizagem. Todos os sujeitos nela presentes, principalmente os docentes, têm papel importante no processo. A instituição de ensino e seus agentes planejam e executam projetos pedagógicos intencionais e deliberados, cujo objetivo é a construção de conceitos. Sendo assim, o aluno também é um agente ativo nesta construção, pois aprende, ensinam e constroem juntos em seu grupo social, contribuindo no desenvolvimento dos valores. Morales 1999 ressalta a importância dessas relações nas escolas, sendo estes locais um ambiente formador de cidadãos para que possam ter a habilidade de se sobressair diante das dificuldades existentes na nossa sociedade. PROCEDIMENTO METODOLOGICO A pesquisa é de forma quantitativa e qualitativa feita através da aplicação de questionários e estudos bibliográficos utilizando referencias como Vygotsky e Morales que discutem a referida problemática e foi de grande importância para dar consistência ao nosso trabalho.Com a entrevista feita através dos questionários em todo o seguimento escolar, desde a gestão administrativa até equipe pedagógica, onde percebeu-se que não há dificuldades ao desenvolver o trabalho pedagógico devido à mesma ter uma boa equipe de coordenadores, onde as funções são bem divididas e um bom relacionamento entre ambos. E se articulam da seguinte maneira, com reuniões e se organizam para ter dois diretores em cada turno, um no pedagógico e outro no administrativo, bem como docentes, discente e o pessoal de apoio. 222 RESULTADOS E DISCUSSÃO A Escola funciona nos turnos Matutino, Vespertino e Noturno, atendendo aos alunos de Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Conta com três diretores, 1 geral e 2 adjuntos, 5 coordenadores, estes tendo suas funções de ordenar o planejamento pedagógico para caracterizar a atuação do coletivo da escola, vinculando e articulando o trabalho a proposta pedagógica da instituição, 44 professores e 1.400 alunos aproximadamente, cujo eixo relacional da escola encontra-se muito bom no geral. Na escola Dr. Carlos Gomes de Barros existe ambiente e recursos destinados especificamente a determinados fins pedagógicos, tais como: laboratório de informática, laboratório de ciências, biblioteca, auditório, cantina, cozinha, dependência sanitária, banheiros, sendo que a mesma está adaptada para receber pessoas com algum tipo de deficiência física. Sua parte física é bem estruturada contendo boa iluminação, com 25 salas, às condições de uso das dependências da escola, esta é percebida como boa, apesar das dificuldades que permeia as escolas públicas deste país, pôde-se perceber aqui uma média considerada, o que a priori pode-se subentender que estes dados não representam ás demais escolas públicas deste município, mas que a escola tem atendido com sua estrutura física e dessa forma contribuindo para as ações normais de ensino. A estrutura desta escola sempre tem periódicas manutenções após dois bimestres que é justamente o período de férias dos alunos e professores, para que os discentes ao voltarem às aulas possam encontrar e vê a boa estrutura do seu local de aprendizagem para assim se dedicarem em adquirir conhecimento. Seu entorno na qual a escola está inserida em uma rua próximo ao centro da cidade, recebendo alunos tanto da zona rural como do urbano e de diferentes classes. A Escola apresenta enormes potencialidades de uso variado dos espaços que a compõem, no entanto iremos destacar alguns locais e o seu uso, sendo o ginásio, auditório, pátio, quadra de esporte, sala de informática, sala de vídeo, os quais são lugares ótimos para o desenvolvimento de conhecimentos extracurriculares, a exemplo que pode ser feito, feira de ciências, gincana, no caso do pátio e do ginásio por serem lugares mais espaçosos para determinadas atividades e também pelo fato de propiciar a troca de conhecimento, já os demais locais citados tem a possibilidade de exposição de mini cursos, aulas extras, desenvolvimento de peças e entre outros Com relação a equipe pedagógica observou-se que possuem um papel importante na formação continuada dos docentes, fazendo com que os professores estejam sempre estudando para um melhor desempenho em sala de aula, novamente mostrando que a equipe está bem instruída. Os professores da instituição são especializados, estando sempre à disposição para participar das 223 formações e atualizações pedagógicas que lhes são ofertados e assim contribuir para o bom andamento das atividades. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do todo visto, pode-se perceber que a Escola Carlos Gomes de Barros, possui uma estrutura física em boas condições, para desta forma desenvolver satisfatoriamente suas atividades letivas, um quadro de profissionais qualificados, que buscam dar o melhor de si para desenvolver da melhor forma suas atividades. Encontram-se em um meio harmônico com um bom eixo relacional, onde todos estão dispostos a ajudar uns aos outros. A diagnose mostrou também alguns pontos negativos, nos quais os profissionais de apoio relataram a sobrecarga de trabalho devido à falta de funcionários para realizar a demanda de serviço existente, e consequentemente não conseguiam executar todo o trabalho necessário, assim, foram observados alguns ambientes necessitando de higienização. No decorrer da pesquisa, foi possível concluir que, a escola é mais que uma estrutura física onde todos juntos formam uma família e cada um possui seu papel fundamental na construção do bom ensino - aprendizagem de uma forma igualitária para todos, sabendo-se que nem sempre os alunos chegam até a estas modalidades de ensino preparados, então cabe a instituição fazer com que eles aprendam a sua responsabilidade junto com toda comunidade escolar, é criar um ambiente de trabalho onde haja respeito e confiança entre os membros da equipe, assegurando condições para o alcance dos objetivos de todos. REFERÊNCIAS LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de; DANTAS, Heloysa de Lima. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. 13. ed. São Paulo: Summus, 1992. MORALES P. A relação professor-aluno: o que é, como se faz. Tradução de Gilmar Sant’Clair Ribeiro. São Paulo:Loyola, 1999. 224 A ESCOLA COMO ESPAÇO DE CIDADANIA: LEITURAS E DISCURSOS SOBRE A CIDADE NOS SABERES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS Aline Costa [email protected] Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadêmica de Garanhuns Alzenir Severina Silva UAG/UFRPE - [email protected] Resumo O presente trabalho apresenta resultados parciais das atividades de pesquisa realizadas durante a execução do projeto A ESCOLA COMO ESPAÇO DE CIDADANIA: leituras e discursos sobre a cidade nos saberes e práticas pedagógicas, desenvolvido como bolsista do Programa de Iniciação Científica (PIBIC/UFRPE). O tema da pesquisa está relacionado às mudanças que vêm ocorrendo nas escalas local e global que obrigam professores e alunos a desenvolverem uma formação crítica e criativa que possibilite articular práticas pedagógicas com questões do cotidiano. Nessa perspectiva, os fatos e acontecimentos presentes na produção da cidade e no lugar de vivência do cidadão (crianças, jovens e adultos) que tem na escola o principal ambiente de formação e construção do conhecimento, não podem ser negligenciados ou invisibilizados face à oficialidade dos saberes formais do currículo. Palavras-chave: cidade/conteúdo escolar, cidade/cidadania, lugar de vigência, práticas pedagógicas. Leituras Discursos Sobre a Cidade nos Saberes e Práticas Pedagógicas O conteúdo aqui exposto corresponde às leituras e aos aportes conceituais que fundamentaram as reflexões presentes nos resultados da pesquisa A ESCOLA COMO ESPAÇO DE CIDADANIA. Expõe os resultados das análises dos discursos e das concepções de docentes e discentes sobre temáticas relacionadas à cidade, ao espaço local e à cidadania. O objetivo do estudo foi avaliar como as temáticas sobre a cidade e o cidadão, presentes nas práticas pedagógicas e nos saberes discentes, em turmas de 4º e 5º anos do ensino fundamental, no município de Garanhuns/PE, contribuem para a construção de espaços e ações de cidadania. 225 Por entender que as Ciências Humanas e Sociais têm o propósito interpretativo, a observação in situ, a entrevista e o questionário foram os instrumentos utilizados para levantar informações e dados quantitativos e qualitativos, obtidos no período de março a junho de 2015. Com a pesquisa, nos propomos a observar se as questões e concepções sobre a cidade e a cidadania na cidade se materializam e se transformam em conteúdo escolar, expressos nos discursos e nas discussões das professoras e/ou nas demandas dos alunos ao apresentarem questões e reflexões sobre temas locais. Para fundamentar nossas reflexões, adotamos o pensamento crítico, concebido “como um campo de possibilidades” que nos permite definir e avaliar a natureza e o âmbito das alternativas ao que está empiricamente dado. Com o estudo, estamos contribuindo para acrescentar referenciais e impulsionar um novo agir e uma nova prática escolares que ampliem a leitura e interpretação do mundo da vida e à formação do aprendiz/aluno enquanto ser social, crítico, ativo e criativo em sua relação com o mundo/lugar. Nos utilizamos de teóricos que abordam a cidadania na cidade numa visão intra e extra escolar. Portanto, trazemos Santos que vem tratar dos direitos do cidadão: “Mais do que um direito à cidade, o que está em jogo é o direito a obter da sociedade aqueles bens e serviços mínimos, sem os quais a existência não é digna” (Santos, 2007). Santos entende a cidadania como uma conquista que dos sujeitos que devem ir em busca dela em suas práticas na sociedade. Para refletir sobre a educação de maneira geral tendo em vista a emancipação dos sujeitos, estudamos Freire que em seu discurso dizia ir em busca de Uma educação que possibilitasse ao homem a discussão corajosa de sua problemática. De sua inserção nesta problemática. Que o advertisse dos perigos de seu tempo, para que, consciente deles, ganhasse a força e a coragem de lutar, ao invés de ser levado e arrastado à perdição de seu próprio “eu”, submetido às prescrições alheias. Educação que o colocasse em diálogo constante com o outro (FREIRE, 1967, P.90). Construir valores a partir das próprias aprendizagens é fazer jus à educação que é tida nos lares e nas escolas, é concretizar os resultados das práticas de ensino/aprendizagem. Estes, portanto, são discutidos por Callai quando vem tratar da construção de cidadania na sala de aula: A ação educativa, marcada em suas linhas e entrelinhas pela cidadania, deve propor práticas pedagógicas, que possibilitem ao sujeito aprender os conteúdos escolares que permitem o acesso e a construção do conhecimento. Estes, por sua vez, contribuem no processo de seu reconhecimento como cidadão. Pelo fato de a escola cumprir com suas obrigações constitucionais, legais, sociais e culturais ela cumpre com sua tarefa de educar para a cidadania (CALLAI, s/d, p. s/p). 226 Estes e outros autores foram lidos e sempre postos à reflexão no meio de pesquisa para que pudéssemos compreender a concepção e a importância dessa aprendizagem no agir dos sujeitos dentro e fora do espaço escolar. Dentro dessa perspectiva com a qual tivemos o intuito de ouvir a voz dos docentes e discentes, ficou-nos mais claro, no decorrer da pesquisa, mais a expressão das professoras do que dos alunos. buscando entender e valorizar a concepção dos estudantes a respeito dos lugares de vivência, da cidade e de suas atuações no meio social, optamos por realizar uma conversa informal com uma abordagem direcionada ao tema em questão e, também, propor aos alunos a produção de desenhos no quais eles deveriam representar as suas devidas compreensões sobre o que foi discutido. Com a coleta desses dados, foi possível fazer uma análise mais segura sobre esses participantes. Portanto, como resultados dessa pesquisa, nós apontamos para a necessidade de as docentes trabalharem mais dentro da concepção de cidade, cidadania e cidadão. É crucial que os discentes tenham essa formação e que essa seja a principal base para o ensino visto que, assim, atinjamos a educação que se espera, que se deseja, com cidadãos críticos, participativos e que têm plena consciência do que são e do que representam para a sociedade. A compreensão de que a cidadania se configura na construção de identidades e respeito a estas buscando, assim, a melhor forma de convivência, faz-nos enxergar o aluno do ensino fundamental como um protagonista da educação e que serve de principal inspiração para a qualidade de ensino que se espera. REFERÊNCIAS CALLAI, Helena Copetti (org). Educação e Cidadania. Rio Grande do Sul, s/d, s/p. FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1967, p. 90. SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. 7. Ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007. 227 QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS E PLURALIDADE CULTURAL NO ENSINO DA GEOGRAFIA: ALTERNATIVAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS TRANSVERSAIS. Marcielly Teixeira Correia [email protected] Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadêmica de Garanhuns Alzenir Severina Silva UAG/UFRPE - [email protected] Resumo: Este artigo visa discutir os resultados de uma pesquisa que está sendo realizada com alunos das series iniciais do ensino fundamental, tendo como foco, realizar intervenções abordando a pluralidade cultural e as questões étnico raciais, envolvidas com o estudo das relações entre pessoas e lugares, de forma a proporcionar aos alunos momentos de reflexão sobre a diversidade étnico-racial, na busca da valorização e respeito as diferenças com igualdade. INTRODUÇÃO A Geografia, disciplina presente no currículo escolar, por vezes é trabalhada em sala de aula como conjunto de conteúdos desvinculados da realidade na qual o aluno está inserido, fazendo com que o ensino seja abordado mediante transmissão de informações abstratas. No entanto nos anos iniciais torna-se fundamental que seja desenvolvido um trabalho em que os alunos passem a refletir questões sociais, como a relação que as pessoas têm entre si e com os lugares, o que esses lugares representam, e qual a função dos mesmos, ou seja, passar a compreender o espaço, a ler o mundo como aborda Callai (2005): Como ler o mundo da vida? Sem dúvida, partindo do lugar, considerando a realidade concreta do espaço vivido. É no cotidiano da própria vivência que as coisas vão acontecendo e, assim, configurando o espaço, dando feição ao lugar (p. 234 -235). Partindo da finalidade em se trabalhar com o conteúdo contextualizado com o dia a dia do aluno como aborda os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) com a inclusão dos temas transversais, torna-se fundamental que dentro do ensino de geografia seja abordado a pluralidade cultural, tendo em vista que o estudo da diversidade entre pessoas e lugares, pode proporcionar aos discentes momentos de reflexão sobre a importância do respeito e valorização as diferenças com igualdade. 228 Temos por objetivo realizar uma pesquisa ação, na qual iremos abordar a pluralidade cultural, bem como a temática das relações étnico-raciais. A escolha do tema deve-se a necessidade de desenvolver e/ou resgatar nas crianças, valores socioculturais (individuais e coletivos) que estão vinculados à construção de uma sociedade menos desigual, que respeite as diferenças, preserve e garanta os direitos dos diversos grupos sociais e estimule o cumprimento dos deveres de todos os segmentos e classes da sociedade, patrocinando atitudes que contribuam para o exercício da cidadania plena. METODOLOGIA O presente trabalho esta sendo desenvolvido em uma escola pública do ensino fundamental, com alunos do primeiro ano. As discussões e atividades estão sendo feitas por meio de leituras de livros de literatura infantil, bem como leitura de imagem. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998. 436p; CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. CAD. Cedes, Campinas vol. 25, n.66, p. 227.247,maio/ago. 2005- Disponível em http://www.cedes.unicamp.br; 229 A MÚSICA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA: UMA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA NO 1º ANO “A” DA ESCOLA DE REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO DE GARANHUNS/PE Diana Cecília Souza Professora Mestra do Curso de Licenciatura em Geografia Universidade de Pernambuco/Campus Garanhuns [email protected] Fernando José Ferreira Leite Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia Universidade de Pernambuco/Campus Garanhuns [email protected] O presente resumo tem como objetivo relatar uma experiência vivenciada no 1º Ano “A” da Escola de Referência em Ensino Médio de Garanhuns – PE a partir da realização da disciplina Estágio Supervisionado III, do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade de Pernambuco/Campus Garanhuns, ocorrida no primeiro semestre de 2015. No decorrer do estágio, no contexto da observação da prática pedagógica e em conversas com a docente da disciplina de Geografia na referida turma, percebemos que, o lúdico, em especial, a música, não estava presente como uma ferramenta a ser explorada no processo de ensinoaprendizagem. A partir disto, ao realizarmos a regência no 1º Ano “A” enquanto estagiários, propusemos utilizar a música como uma ferramenta que colaborasse com a interdisciplinaridade entre a música e a Geografia no Ensino Médio, mostrando assim, novas metodologias que possam vir auxiliar na aprendizagem e no desenvolvimento dos discentes a partir do lúdico. Por meio de atividades motoras, o lúdico é uma atividade de entretenimento, que dá prazer, por meio da interação humana, por exemplo: jogos, ou de forma individual como: pintar, ouvir uma música, cantar, ou seja, todo movimento que tem como objetivo produzir prazer a pessoal que o realiza. No que se refere ao lúdico, Piaget (1975) enfatiza que por meio de jogos o discente constrói conhecimento sobre o mundo físico e social e que a partir da primeira infância, o discente já começa a desenvolver a parte do sensório-motor que permite a plenitude da experiência lúdica. Por sua vez, Santos (2010, p.2) ressalta que “o lúdico é uma estratégia insubstituível para ser usada como estímulo na construção do conhecimento humano e na progressão das diferentes habilidades operatórias”. As atividades lúdicas oferecem aos jovens uma vivência de experiências com a lógica e o raciocínio. Em se tratando do Ensino Médio, os objetivos de desenvolver habilidades por meio 230 de situações-problemas possam ser solucionados individualmente ou em grupo e facilitar a aprendizagem perpassa pela atividade lúdica. Nesta perspectiva, a música se insere como uma ferramenta importante no processo de ensino-aprendizagem da Geografia. Correia enfatiza que: A música é componente histórico de qualquer época. (...) Os estudantes podem apreciar várias questões sociais e políticas, escutando canções, música clássica ou comédias musicais. (...) A utilização de música, pode incentivar a participação, a cooperação, socialização, e assim destruir as barreiras que atrasam a democratização curricular do ensino. (CORREIA , 2003, p.84-85). A análise da letra da música com a época em que foi escrita poderá fazer com que a Geografia seja compreendida pelo indivíduo de maneira mais fácil e prazerosa, já que permitirá compreender os aspectos geográficos em comparação e análise de textos expressos em sala de aula. Segundo Silva (2014 p. 13) “A música não é somente um meio para distração e entretenimento, mas algo valioso para se usado como meio de aproximar o aluno dos conteúdos estudados em sala de aula”. Reconhecendo a importância da música como um recurso pedagógico, a nossa proposta de intervenção baseou-se em ministrar aulas utilizando a análise de letras de músicas em associação aos conhecimentos geográficos, bem como na execução de paródias pelos discentes. Inicialmente, explanamos sobre o Capitalismo nos dias atuais, que era o conteúdo que estava sendo vivenciado pelos discentes, logo em seguida entregamos a letra da música Homem Primata da Banda Titãs, para que os discentes ouvissem a música acompanhando com a letra, fazendo indagações aos discentes sobre o modo de produção capitalista que vivemos comparando com trechos da música, como por exemplo: [...] eu não sabia, que o homem criava e também destruía [...], fazendo alusão ao impacto causado ao ambiente que o homem vive. Cantando a música, percebemos a participação da turma, tornando a aula mais divertida tanto para os discentes como para o docente. Logo após a análise da música, foi pedido aos discentes que produzissem paródias musicais em cima do tema trabalhado em sala. Cada grupo trouxe uma paródia em cima do estilo musical que eram de suas preferências. Surgiram paródias que descreviam a transformação do meio ambiente devido ao avanço das fábricas, a expansão das cidades devido ao crescimento das indústrias e a poluição do meio ambiente, entre outros. Levando em consideração que era uma nova ferramenta de ensino a ser utilizada, os discentes entenderam o processo de evolução e consolidação do capitalismo e seus reflexos no espaço geográfico, tendo a música sido utilizada de forma lúdica para permear as reflexões em 231 torno desta temática, servindo como uma ferramenta auxiliar nos temas relacionados ao ensino de Geografia. Além da própria importância no desenvolvimento da prática de ensino como futuro docente, a atividade desenvolvida possibilitou retirar desta experiência do estágio que o acerto e o erro fazem parte do crescimento profissional e quando se trabalhar com jovens o lúdico permite ao docente ampliar a possibilidade de aprendizagem por parte dos discentes. REFERÊNCIAS CORREIA, Marcos Antonio. Música na Educação: uma possibilidade pedagógica. Revista Luminária, União da Vitória–PR, n. 6, p. 83-87. Publicação da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória. 2003. PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. (Cabral, A.; Oiticica, C.M., Trad.). 2a Ed. (1975). Rio de Janeiro: Zahar; Brasília. SANTOS, Élia Amaral do Carmo. O lúdico no processo ensino-aprendizagem. Universid Tecnológica Intercontinental. 2010. Disponível em: <http://editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/8c1b6fa97c4288a4514365198566c6fa.pdf.> Acesso em: 18/03/2015. SILVA, Maria Joseilda da. A importância da música nas aulas de geografia. Monografia do Curso Licenciatura em Geografia. Universidade Federal de Campina Grande – Campina Grande, 2014. 232 DESENHOS ANIMADOS: USO DE IMAGENS COMO ESTRATÉGIA DE LEITURA DA RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA NA EDUCAÇÃO INFANTIL José Maria de Barros Júnior Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadêmica de Garanhuns Alzenir Severina Silva UAG/UFRPE - [email protected] Com o avanço das tecnologias e da globalização, os desenhos animados vêm ganhando cada vez mais destaque e importância, tanto nos meios de comunicação quanto no cotidiano dos telespectadores. Em vista desse destaque, muitos desenhos animados estão sendo produzidos com função educativa e não apenas como uma forma de entretenimento. Em vista disso, acreditamos que atrelar os desenhos animados como ferramenta pedagógica a conceitos geográficos essenciais do ensino fundamental é uma forma de potencializar tais conhecimentos na construção do sujeito que a escola busca formar. É uma forma atrativa e eficaz de ensinar os conteúdos escolares. Tomando como ponto de partida esse caráter atrativo dos desenhos, assim como a relevância deles para criança, tivemos como objetivo mostrar que os desenhos animados podem ser um potente instrumento pedagógico no ensino de geografia, principalmente como uma estratégia de leitura da relação homem-natureza por meio do conhecimento construído por meio dele. Com esse objetivo, buscamos mostrar também o papel do professor em sala de aula como o mediador do conhecimento e como elemento favorecedor dar leitura de imagens e de mundo sob a ótica da geografia. Escolhemos a geografia porque ela é a principal responsável por despertar na criança o interesse pela leitura crítica do mundo em que vive e de analisar os fenômenos que acontecem ao seu redor, como afirma Kropotkin (1986) “é quase seguro que não existe outra ciência que possa torna-se tão atrativa para a criança como a geografia, e que possa se constituir num poderoso instrumento para o desenvolvimento geral do pensamento”. 233 Quanto a leitura de mundo, ela é importante para que a criança se situe no mundo como um ser micro que integra uma comunidade macro (a sociedade) e que suas ações refletem em mudanças; e que ao ampliar essa visão ela percebe que esses atos também podem ajudar a construir e modificar a sociedade em um aspecto bem mais amplo do que o que se percebia antes. Em vista disso, compartilhamos da ideia de Callai (2005, pg. 228) no que se refere à leitura de mundo: Fazer a leitura do mundo não é fazer uma leitura apenas do mapa, ou pelo mapa, embora ele seja muito importante. É fazer a leitura do mundo da vida, construído cotidianamente e que expressa tanto as nossas utopias, como os limites que nos são postos, sejam eles do âmbito da natureza, sejam do âmbito da sociedade (culturais, políticos, econômicos). Tomando como subsídio teórico essa citação, podemos afirmar que a leitura de mundo é algo amplo, não se limita a trabalhar um instrumento escolar como o mapa. A leitura de mundo se dar cotidianamente por meio de nossas vivências e experiências atreladas ao nosso conhecimento que foi construído gradativamente. E dessa forma, podemos compreender e ensinar a criança o porquê do homem mudar a natureza e os diversos espaços ao seu redor. Sendo assim, a geografia vem com o propósito de oferecer a compreensão dos atos humanos e de suas atitudes perante a natureza, assim como mostrar as contradições existentes entre sua busca por sobrevivência e a degradação daquilo que garante essa busca e sobrevivência: a natureza e seus recursos. Além disso, a geografia nos auxilia a entender a relações sociais, inclusive com a natureza, as dinâmicas sociais e as consequências dessas relações. Os desenhos animados podem repassar o conhecimento para o aluno e provocar reflexões neles. Para isso é necessário uma leitura crítica para que a assimilação das informações não seja feita passivamente, pois através dela o aluno pode relacioná-las tanto com os conteúdos propostos quanto com sua realidade. Não devemos enxergar o desenho ou a leitura de imagem como algo alheio a geografia, algo que está tentando entrar no seu campo. A geografia já trabalha com imagens desde sua consolidação como tal. Brasil (1998) afirma que “a geografia trabalha com imagens, recorre a diferentes linguagens na busca de informações e como forma de expressar suas interpretações, hipóteses e conceitos”. Dessa forma, ela também pode recorrer aos desenhos animados como uma dessas formas de linguagens para expressar suas atividades. E assim, podemos atrelar essa busca da geografia pelos desenhos como meio de formar na criança conceitos necessários para sua vida em sociedade. 234 Por ter ficado apenas no plano teórico, essa pesquisa traz resultados mais abstratos do que concretos. Por meio dela constatamos a relação homem-natureza construída através dos desenhos possibilita uma conscientização e mobilização da criança ou individuo em buscar soluções para os problemas com os quais se depara. Constatamos também que o desenho se configura como uma estratégia para despertar o interesse das crianças pelo ensino da geografia, responsável por ampliar o conhecimento da criança em torno de sua realidade e de lhe fazer refletir sobre as suas ações e sobre os mais variados fenômenos que acontecem na sua realidade. De forma geral, os desenhos animados são muito importantes para a construção social e cognitiva do individuo, já que através deles é possível desenvolver a criatividade e senso crítico. Sendo assim, usá-los em sala de aula é uma maneira de despertar o interesse dos alunos pelos conteúdos escolares e enriquecer as aulas; tornando a relação aluno-professor, e consequentemente homem-natureza, mais produtiva e agradável do ponto de vista pedagógico. Portanto, a geografia é o elo responsável por unir esses elementos na construção de um sujeito social que reage e age aos fenômenos sociais, políticos e culturais. Entendendo assim sua contribuição na sociedade na qual está inserido e contribuindo para que sua visão e seu conhecimento favoreça o desenvolvimento e a evolução de todos a sua volta, como uma forma de fazer a diferença por si e pelo próximo. Referências BRASIL, Secretaria de Educação. Parâmetros curriculares nacionais: geografia. Brasília, MEC, SEF, 1998. CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. Campinas, Cad. Cedes, vol. 25, n. 66, p. 227-247, maio/ago. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v25n66/a06v2566.pdf. Acesso em: 24/10/2015. KROPOTKIN, Piotr. O que a geografia deve ser. Seleção de textos – 13 Teoria e Método. São Paulo, AGB-SP, 1986. 235 PRÁTICA EM ESTÁGIO SUPERVISIONADO: UMA PROPOSTA DE OFICINA DECARTOGRAFIA PARA O 6º ANO “A” DA ESCOLA DE APLICAÇÃO PROFa. IVONITA ALVES GUERRA EM GARANHUNS-PE Jackson Fortunato Babosa de Oliveira Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia Universidade de Pernambuco/Campus Garanhuns [email protected] Macelle Soares Almeida Silva Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia Universidade de Pernambuco/Campus Garanhuns [email protected] Diana Cecília de Souza Professora Mestra do Curso de Licenciatura em Geografia Universidade de Pernambuco/Campus Garanhuns [email protected] Este texto tem como objetivo relatar uma experiência vivida a partir da realização do Estágio Supervisionado I no 5o período do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade de Pernambuco/Campus Garanhuns durante o 1o semestre de 2015. O referido estágio foi desenvolvido na Escola de Aplicação Professora Ivonita Alves Guerra, na cidade de Garanhuns, na qual inicialmente fizemos uma imersão no contexto escolar, baseada na realização de observações, coletas de dados e informações sobre a escola e na análise da prática pedagógica no ensino de Geografia nos primeiros anos do Ensino Fundamental II. No âmbito das observações em sala de aula, deparamo-nos com as dificuldades de aprendizagem dos discentes do 6º ano “A” em relação aos conhecimentos cartográficos e a necessidade de inserção de metodologias mais dinâmicas nas aulas de Cartografia que estavam sendo ministradas. A falta de exploração de recursos didáticos, tecnológicos e dinâmicos, foi um fator chave para pensar em nosso projeto de intervenção na escola campo de estágio. Partindo destas questões, procuramos desenvolver, juntamente com a docente da disciplina Geografia, que ressaltou a necessidade de atividades desta natureza nas aulas, uma oficina de cartografia para o 6º Ano “A”. 236 De acordo com OLIVEIRA (1978) a Cartografia escolar representa a interface entre Cartografia, Educação e Geografia. Como o mapa é a representação do espaço geográfico, ele implica em multiescalaridades e também em múltiplos conceitos como lugar, paisagem, região, território e espaço. O uso cartográfico se faz necessário a partir da necessidade que se tem de se localizar no espaço e representar os objetos que se encontram no mesmo. Segundo (SILVA, 2013), a Geografia nos revela um leque de opções que podem ser estudas, e no meio de tantas possibilidades, tem-se a Cartografia, que para muitos, ainda hoje, é um desafio. O aprendizado por meio de diferentes formas de representação e escalas cartográficas deverá estar contemplado, nesse momento, em que se inicia o aluno nos estudos geográficos. (PCN(S) – geografia, 1998). Para (SOUZA, 2009), o ensino nos níveis de ensino fundamental é sumariamente importante para despertar a percepção espacial, proporcionando à criança, o entendimento sobre o espaço físico que habita. A oficina de cartografia consistiu na confecção de maquetes que representassem um espaço da escola por parte dos alunos. Tínhamos como objetivo desenvolver as noções de escala, a compreensão da legenda, os vários tipos de visões (obliqua, vertical e horizontal), a orientação, a localização e os diferentes tipos de representação (maquetes, mapas e croquis) de uma maneira simples e dinâmica. Para tanto, inicialmente a oficina contou com a explanação do que devia ser realizado. Em seguida, a turma foi dividida em 5 grupos de 6 alunos que foram instruídos para que representassem, com o auxílio de caixas de papelão, cartolinas e objetos reutilizáveis (caixas de remédios, caixas de fósforos, palitos, tampinhas de refrigerantes etc), algum espaço da escola. Logo, iniciou-se a confecção das maquetes sem muitas dúvidas. Ao observarmos que as maquetes estavam prontas foi pedido para que dois representantes de cada grupo apresentassem para os demais o que haviam feito, detalhando as características do espaço escolhido. Após essa breve apresentação foi então questionado aos alunos o porquê daquelas confecções. Depois disso, foi explanadas noções de escala, de visões, de tridimensionalidade e bidimensionalidade a partir das maquetes. Posteriormente pedimos aos alunos para com papel celofane prendido à caixa, riscar os contornos dos objetos para depois passar para a cartolina e nesta produzirem um mapa, que deveria ser pintado, possuindo título, orientação e legenda. A partir disto, explicamos como desenvolver um mapa, destacando a questão bidimensional (Largura e profundidade), o significado da legenda e a orientação com o desenho das rosa-dos-ventos. 237 Com a realização da oficina, conseguimos fazer com que os alunos tivessem uma melhor compreensão dos conhecimentos básicos de Cartografia, cuja temática vinha sendo até então tratada de forma apenas teórica. Houve bom desenvolvimento e compreensão por parte dos alunos quanto às atividades propostas. Os alunos começaram a perceber a utilidade e a importância dos conhecimentos cartográficos para a análise, a interpretação e a representação dos vários aspectos que envolvem o espaço em que vivem - o espaço geográfico. Para nós estagiários, a experiência foi de suma importância, pois, quebrou a mística em relação a vivência em sala de aula no que diz respeito a “ser professor(a)”, na medida em houve uma aprendizagem mútua entre a comunidade que compõe a instituição educacional e os estagiários. REFERÊNCIAS Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998. SILVA, Lucas Conceição. O ensino lúdico em uma perspectiva cartográfica: Geografia depressão como uma proposição. In: III Simpósio de Cartografia para escolares. Salvador/BA. Anais do III Simpósio de Cartografia para escolares, 2013. SOUZA, Deuzimar da Conceição; RIOS, Ricardo Bahia. Ensino e aprendizagem da cartografia no Ensino Fundamental: Dilemas entre a teoria e a prática. In. 100 Encontro Nacional de prática em ensino de Geografia. Anais do ENPEG, 2009. OLIVEIRA, Livia de. Estudo metodológico e cognitivo de mapa. Universidade de São Paulo. Instituto de Geografia.1978 – 128 páginas. 238 UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A PROPOSTA DE UMA AULA DE CAMPO A PARTIR DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA Osmar Luiz Henrique de Lima Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia Universidade de Pernambuco/Campus Garanhuns [email protected] Expedito Paulino da Silva Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia Universidade de Pernambuco/Campus Garanhuns [email protected] Diana Cecília de Souza Professora Mestra do Curso de Licenciatura em Geografia Universidade de Pernambuco/Campus Garanhuns [email protected] A proposta de uma aula de campo foi desenvolvida na Escola Estadual São Cristóvão com os alunos do 8º ano “A” como uma das etapas do processo de estágio supervisionado do Curso de Licenciatura em Geografia, realizado durante o 2° semestre de 2014. A referida escola está inserida na Rua da Liberdade, no bairro Heliópolis, na cidade de Garanhuns-PE. O bairro se caracteriza por ser uma das áreas mais valorizadas da cidade, melhor dotada de serviços públicos, com vários estabelecimentos de comércio e serviços e residências de população mais abastada na sua parte central, contrastando com áreas periféricas carentes, com população de baixo poder aquisitivo, resultante de uma segregação sócio-espacial, a exemplo da Rua da Liberdade, que dá nome à comunidade na qual a Escola São Cristóvão está inserida e de onde vêm a maioria dos alunos que a frequentam. A comunidade e a escola ficam localizadas em uma borda de um vale com alto grau de erosividade, numa grande voçoroca, na qual os impactos sócio-ambientais são expressivos, visto que a área é bastante povoada. No contexto da disciplina de estágio, a partir da imersão no contexto escolar, pautada na realização de observações e coleta de dados e informações sobre a Escola São Cristóvão, realizamos uma geodiagnose da mesma e, posteriormente, analisamos a prática pedagógica no ensino de Geografia no 8º Ano “A" do Ensino Fundamental. Nesta perspectiva, a partir de observações em 239 sala de aula, percebemos, a partir da prática pedagógica, a necessidade de aproximar os conhecimentos geográficos vivenciados em sala e o cotidiano dos alunos. Diante disto, propusemos realizar uma aula de campo com a referida turma na própria comunidade onde a escola e os alunos estão inseridos, marcada pela presença da chamada “Voçoroca da Liberdade”, onde pudemos destacar vários problemas sócio-ambientais a ela relacionados, estabelecendo relações entre estes e os conteúdos ministrados em sala. A aula de campo permite uma compreensão da realidade e consegue aproximar com mais clareza os problemas existentes em determinada área, como e a problemática sócio-ambiental, aos conhecimentos que são vivenciados em sala de aula, tornando-se uma ferramenta no processo de ensino aprendizagem e auxiliando na formação crítica do aluno. Segundo Oliveira e Assis (2009 p.196): A aula de campo é uma atividade extra-sala/extra- escolar, que envolve concomitantemente, conteúdos escolares, científicos ou não, e sociais com a modalidade espacial, realidade social e seu complexo amalgamado material e imaterial de tradições/novidades. A aula de campo como uma método que ajuda no processo de ensino aprendizagem tem uma grande contribuição para os objetivos da educação, mais para ter uma boa eficácias é necessário que tenha um bom planejamento, segundo ( Alentejano e Rocha-Leão,2006,p.63). Se estas excursões forem previamente preparadas instigando os alunos a problematizar o que vão observar, pode representar uma importante contribuição para o processo de formação, destes como pesquisadores. E para tornar a aula de campo eficaz é muito interessante trazer a realidade cotidiana do alunos, segundo Fonseca e Caldeira (2008, p.71): Uma forma de realizar a apresentação de fenômenos naturais é utilizando, como recurso didático, aulas de campo em ambientes naturais principalmente aqueles que encontrados espacialmente próximos aos alunos por sua facilidade e pela possibilidade dos alunos possuírem experiência prévia com o ambiente objeto de estudo. A aula de campo tem sido descrita como uma forma de levar os alunos a estudarem os ambientes naturais, objetivando perceber e conhecer a natureza por meio dos diversos recursos visuais (Oliveira e Correia, 2012). A aula de campo se iniciou numa manhã, quando saímos da Escola São Cristóvão a um local da comunidade onde o processo erosivo é bastante intenso devido às ocupações habitacionais nas 240 áreas de encosta da voçoroca. Neste local, destacamos o processo histórico de povoamento da área, bem como a questão da especulação imobiliária e seus reflexos na condição das habitações da população pobre. Dando sequência, percorremos uma rua que fica na vertente da voçoroca, onde abordamos a morfologia do relevo, observamos a falta de esgotamento sanitário, com dejetos sendo despejados na encosta abaixo e, conseqüentemente, contaminando o lençol freático e a nascente existente no fundo dessa erosão. Em seguida, fomos em direção ao fundo da voçoroca, na área de nascente, uma das nascentes do Rio Mundaú, onde há um pequeno córrego que passa no fundo da voçoroca. Neste local, abordamos as questões da poluição e contaminação do lençol freático associadas aos despejos de entulhos e lixos jogados pela população. Finalizando a aula de campo, partimos para uma área onde o processo de erosão é menos intenso, já que nela foram construídas poucas moradias, apresentando características de menor problemática sócio-ambiental, possibilitando estabelecer relações com áreas mais densamente ocupadas visitadas anteriormente. Durante toda a aula de campo os alunos fizeram anotações, que posteriormente foram socializadas num outro momento em sala de aula. Nesta, divididos em grupos, os alunos realizaram uma discussão sobre os vários problemas sócio-ambientais da comunidade em que vivem a partir das observações e registros que fizeram, percebendo a importância dos conhecimentos geográficos aplicados à sua realidade e despertando o senso crítico quanto os problemas observados e o interesse para intervir nesta realidade. Diante do exposto, ressaltamos que a experiência didático-pedagógica a partir de uma aula de campo nos possibilitou perceber a importância da mesma para o processo de ensino aprendizagem da Geografia face à necessidade de fazer a transposição dos conhecimentos geográficos da sala de aula para o dia-a-dia dos alunos de forma prática. Sabemos que existem vários fatores que podem impossibilitar a realização da aula de campo nas escolas. No entanto, simples ações como a de realizar uma visita à própria comunidade onde vivem os alunos, estabelecendo uma correlação entre o que é vivenciado em sala de aula ao cotidiano deles, possibilitam uma aprendizagem mais significativa. REFERÊNCIAS ALENTEJANO, Paulo; Rocha – Leão, Olavio. Trabalho de campo: uma ferramenta essencial para os geógrafos ou um instrumento banalizado? Boletim paulista de Geografia, São Paulo, Jul/2006. FONSECA, G.; CALDEIRA, A. M. A. Uma reflexão sobre o ensino aprendizagem de ecologia em aulas práticas e a construção de sociedades sustentáveis. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, v. 1, n. 3, p.70-92, set./dez. 2008. 241 OLIVEIRA, A. P. L.; MORAIS, J. P. S.; SOVIERZOSKI, H. H.; CORREIA, M. D. Avaliação do Conhecimento dos Alunos de uma Escola Pública sobre o Ecossistema Manguezal no Litoral Norte do Município de Maceió – Alagoas. In: III Encontro Nacional de Ensino de Ciências e do Ambiente. Niterói, Anais eletrônicos, Niterói, UFF, 2012. OLIVEIRA, Christian Dennys Monteiro de; ASSIS, Raimundo Jucier Souza de. Travessias da aula de campo na geografia escolar: a necessidade convertida para além da fábula. Educação e pesquisa, São Paulo, v. 45, n. 1 p 195-2009. . 242 REFLEXÕES ACERCA DAS CONCEPÇÕES DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Ivaldo Eliziário dos Santos Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadêmica de Garanhuns Jamille Oliveira de Melo Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadêmica de Garanhuns Taís Melo da Silva Leonardo Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadêmica de Garanhuns Alzenir Severina Silva UAG/UFRPE - [email protected] INTRODUÇÃO Neste trabalho, propomos o conhecimento e reflexão acerca do que os professores que licenciam a disciplina de Geografia nas modalidades de Ensino Fundamental e Médio em escolas públicas da cidade de Garanhuns concebem da disciplina de Geografia, e a partir das discussões desenvolvidas, articularemos as concepções teóricas a respeito do objeto de estudo, tratando sobre aspectos referentes às práticas pedagógicas, uma vez que temos consciência de que tal concepção irá refletir diretamente nas práticas pedagógicas e metodológicas desenvolvidas em sala de aula, e consequentemente, no processo de aprendizagem dos discentes. Para tal efetivação propomos como objetivo geral: conhecer a concepção de professores de diferentes modalidades acerca do que concebem como geografia, refletir e analisar acerca das concepções relatadas pelos docentes entrevistados. REFERENCIAL TEÓRICO 243 O PCN sugere um tipo de metodologia e didática destinada aos professores de Geografia. Aqui esclarecemos respectivamente a nossa compreensão sobre a diferença entre metodologia e didática: a primeira, são as práticas educativas que o professor utilizará para que determinado conteúdo seja desenvolvido e aprendido com êxito pelos alunos, e a segunda, concomitante aos pensamentos de Luckesi, respeitado estudioso na área, é a ação de repensar a prática pedagógica em qualquer disciplina, não se restringindo apenas a Geografia. Acerca do ensino na disciplina de Geografia e os materiais utilizados pelos professores, o PCN de Geografia (1997) discute: Independentemente da perspectiva geográfica, a maneira mais comum de ensinar Geografia tem sido por meio do discurso do professor ou do livro didático. Este discurso sempre parte de alguma noção ou conceito-chave e versa sobre algum fenômeno social, cultural ou natural, descrito e explicado de forma descontextualizada do lugar em que se encontra inserido. Após a exposição, ou trabalho de leitura, o professor avalia, mediante exercícios de memorização, se os alunos aprenderam o conteúdo. (p. 29) É fato que poucos são os professores que voltam suas concepções e metodologias para uma reflexão, e por conseguinte contextualização com o público para o qual se dirige, uma das muitas consequências dessa “falha metodológica”, é justamente, que o aluno, assim como o professor, limitados à utilização do livro didático, apenas reproduzam o que lhes é apresentado, sendo assim, tal prática, desconfigura-se do que chamamos de ensino/aprendizagem, ou aprendizagem significativa. METODOLOGIA Elaboramos entrevistas semiestruturadas com dois professores de Geografia da rede pública de ensino na cidade de Garanhuns – PE. O primeiro professor, denominado como P1, desenvolve seu trabalho docente em turmas do ensino fundamental; o segundo professor, P2, no ensino médio. Investigamos qual a formação de ambos, o tempo que atuam na área, a concepção acerca do que é geografia, os recursos utilizados para o desenvolvimento das aulas, e por fim, as dificuldades encontradas quando desenvolvem os trabalhos pedagógicos na referida disciplina. RESULTADOS E DISCUSSÕES O P1 possui 11 anos de atuação, enquanto o P2, 13 anos. Quando questionados sobre a concepção do que é a geografia, o P1 afirmou que: “Apesar dos pesares, da descredibilidade das pessoas, é uma ciência social muito importante, a partir da qual, as pessoas que têm os 244 conhecimentos dela facilmente dominam o espaço no qual estão inseridos, logicamente domina as pessoas desse espaço. ” E o P2, de forma sucinta, disse: “Transformadora”. Perguntamos ainda, sobre os recursos utilizamos em sala de aula para planejar, desenvolver as atividades e avaliar, e o P1 disse que além do Livro Didático, utiliza também revistas e alguns textos da Revista “Carta Capital”, que, segundo o mesmo, são muito bons, mas por conta do horário que é muito corrido e carga horária que é muito curta, também pega alguns textos de internet, cria slides, etc, e utiliza, também, quadro. O P2 afirmou utilizar aulas interativas, vídeos e exercícios. Quanto as avaliações, ambos afirmaram que as desenvolvem de maneira contínua, percebendo os avanços de aprendizagem de alunos em diferentes momentos: atividades escritas, seminários e prova. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através dessa pesquisa, apreendemos concepções que norteiam e embasam o fazer pedagógico de alguns professores, apontando para diferentes realidades, formas de conceber a Geografia, contribuindo de forma significativa para a aprendizagem, reflexão e reformulação de conceitos que muitas vezes já estão pré-estabelecidos. REFERÊNCIAS MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia. Brasília. Secretaria de Educação Fundamental. : MEC/SEF,1998 156 p. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros para Educação Básica do Estado de Pernambuco: Parâmetros Curriculares de Geografia – Ensino Fundamental e Médio. Brasília. Secretaria de Educação Fundamental. : MEC/SEF,2013 68 p. LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem na escola e a questão das representações sociais. São Paulo, 2002. 245 NO MUNDO DA FANTASIA SE APRENDE GEOGRAFIA: A LITERATURA INFANTIL NA CONSTRUÇÃO DOS CONHECIMENTOS SÓCIO-ESPACIAIS E DO LETRAMENTO Paula Cavalcante de Melo [email protected] Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadêmica de Garanhuns Alzenir Severina Silva UAG/UFRPE - [email protected] O presente artigo corresponde a um recorte da pesquisa que está em andamento no Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Pedagogia na Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG – UFRPE), intitulado “No mundo da fantasia se aprende geografia: a literatura infantil na construção dos conhecimentos sócio-espaciais e do letramento”, Tal tema nos leva a questionar como a geografia de maneira interdisciplinar contribui para o processo de alfabetização e letramento proporcionando uma aprendizagem significativa, provocando o encanto da descoberta e experimentando diferentes modos de ler o mundo por meio da literatura infantil? A leitura de mundo, do ponto de vista da espacialidade, demanda da apropriação pelos estudantes de um conjunto de instrumentos conceituais de interpretação e de questionamento da realidade sócio-espacial. Não adianta transmitir conceitos previamente definidos, e sim propiciar condições para que possa formá-los ampliando e até mesmo re-significando o conhecimento geográfico construído pelo estudante desenvolvendo a competência leitora e a fruição estética própria de textos literários, respeitando aspectos específicos da geografia. Temos como objetivo geral analisar a importância de se trabalhar com atividades interdisciplinares no 1º Ciclo do Nível I envolvendo as obras de literatura infantil para a alfabetização e o letramento com a geografia. Ressaltamos que o conhecimento em qualquer área de ensino não se constrói sozinho, que para ler o mundo, interpretando-o e reconhecendo-o, são necessárias outras leituras, pois não é possível dar conta do todo reconhecendo apenas os aspectos geográficos. (COSTELLA E SCHAFFER, 2012). Além disso, reconhecer a geografia como protagonista para o letramento junto à literatura infantil nos anos iniciais, co-relacionando os conteúdos programáticos pertinentes a essa fase, Nível I do 1º Ciclo, com atividades interdisciplinares contextualizando com os conceitos das categorias de análise da Geografia na 246 construção dos conhecimentos sócio-espaciais será o caminho primordial para a realização da pesquisa. A metodologia escolhida para pesquisa é o método indutivo, com abordagem qualitativa. Segundo André (2001), o método indutivo constitui-se numa pesquisa naturalista, em que o pesquisador propõe a ir ao campo estabelecendo contato direto e prolongado, observando e interagindo com as pessoas, os eventos e o local que se encontra seu objeto de estudo. É um método condizente com aos objetivos deste trabalho que visa realizar um estudo sobre como trabalhar com livros de literatura infantil de forma interdisciplinar em uma sala de aula inserida em um contexto institucional. Para o desenvolvimento do projeto, optamos pela pesquisa-ação porque segundo Dionne (2007) é principalmente uma forma de intervenção coletiva inspirada nas técnicas de tomada de decisão, que associa atores e pesquisadores em procedimentos conjuntos de ação com vista a melhorar uma situação precisa, avaliada com base em conhecimentos sistemáticos da situação inicial e apreciada com base em uma formulação compartilhada de objetivos de mudança em um permanente e dinâmico movimento de pesquisar e educar. Os sujeitos da pesquisa serão alunos do 2º ano do 1º Ciclo de uma Escola Municipal de Garanhuns-PE. A escolha desse nível é por está inserido no processo de alfabetização e letramento, e com isso nos dará a oportunidade de adentrar nesse universo, colaborando para uma aprendizagem que incluirá: leitura, escrita e arte como também aprender a ler o mundo criando repertório que lhe permita interagir crítica e autonamente com a realidade que o cerca e os processos de produção e organização do espaço geográfico, fazendo uso da literatura infantil. Ensinar geografia por meio da literatura permite um abrir de cortinas nas janelas fechadas da sala de aula. Podemos ir além da leitura em si, podemos ilustrar as paredes brancas, aguçar a sensibilidade por meio da arte, e permitir uma leitura de mundo mais reflexiva. É nessa mesma direção que Lessan (2009) nos diz que geografia não é um recipiente inerte, não é uma caixa onde a história cultural ocorre, mas uma força ativa, que impregna o campo literário e o conforma em profundidade direcionando para o protagonismo e para a construção conjunta de conhecimentos. A pesquisa relacionada aos livros de literatura infantil direcionada para o 1º ciclo, buscando neles conteúdos relevantes da Geografia na expectativa de aprendizagem para o público do 2º Ano já foram concluídas, em um processo de observação e interação com os objetivos propostos pelos PCN e expectativas de aprendizagens dos Parâmetros Curriculares de Pernambuco para a 247 viabilização das atividades, cujas temáticas têm relação com o conteúdo programático proposto nos anos iniciais do Ensino Fundamental, com o objetivo de ampliar, expandir o tema, o assunto e/ou a problemática abordada em sala de aula e com isso traçar objetivos e atividades para cada tema proposto e os produtos adequados para os textos literários trabalhados especificando os conteúdos da geografia. Tornar explícita a ligação entre geografia e literatura, portanto – mapeá-la porque um mapa é exatamente isso, uma ligação que se torna visível – nos permitirá ver algumas relações significativas que até agora nos escaparam. Frente ao desafio de reunir conhecimentos científicos e conhecimentos escolares e equacionar de forma eficaz os pressupostos da ciência geográfica, seus conceitos referentes ao seu objeto de investigação, ou seja, relacionar ciência, imaginação, arte, letramento, leitura de mundo e prática escolar, ou, mais objetivamente, como tratar essa ciência em sala de aula. Acreditamos que as atividades propostas em nossa pesquisa facilitarão e estimularão a aprendizagem da geografia, por que propiciará o estímulo a criatividade, a sensibilidade e a curiosidade do aluno no universo da leitura, para que possam explorar os textos e aos poucos descobrir a geografia que está direta e indiretamente na literatura. Destacamos aqui uma frase de Coelho (2000, p. 14) todo professor tem que ser um leitor entusiasmado para poder transmitir aos alunos a paixão de ler. REFERÊNCIAS CASTROGIOVANNI. Antônio Carlos (org). CALLAI. Helena Copetti. KAERCHER. Nestor André; Ensino de geografia: Práticas e textualizações no cotidiano. 7 ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2009 COELHO. Nelly Novaes. Literatura Infantil: Teoria, análise e didática. São Paulo: Editora Moderna, 2000 GIL. Antônio Carlos. Método e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1999 LESSAN, Janine. Geografia no Ensino Fundamental. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2009 LÜDKE. Menga. ANDRÉ, Marli E. D. Pesquisa em educação: Abordagem qualitativa: São Pauço: EPU, 2012 THIOLLENT. Michel Jean Marie. Metodologia da Pesquisa-ação. 8 ed. São Paulo: Cortez, 1998 248 GT 8 - EDUCAÇÃO INCLUSIVA Coordenadora: Prof. Viviane Sarmento - UAG/UFRPE. 249 SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAL: UMA EXPERIÊNCIA ESPECIAL Márcia Fernanda Leite Galindo Justificativa Acolher e preparar estudantes com deficiência que tenham condições de desenvolver-se com autonomia é um dos principais objetivos da inclusão, segundo a Política de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (BRASIL, 2008), foi criado um espaço exclusivo para atender os estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. Em 2005, nosso município deu início ao funcionamento das salas de recursos multifuncionais e isso foi um grande avanço neste processo de inclusão escolar. Foi oferecido pela Secretaria de Educação deste município em 2008 um curso de AEE- Atendimento Educacional Especializado, para os professores que se identificassem com a sala, fui uma das contempladas, pude colocar a teoria na prática, pois já estava no atendimento. Nas escolas de ensino regular o AEE deve acontecer em salas de recursos multifuncionais, espaço este, organizado com materiais pedagógicos, didáticos, equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às necessidades educacionais especiais, projetadas para oferecer suporte necessário a estes estudantes, favorecendo o acesso ao conhecimento. (MEC, 2007). Ao assumir o papel de professora do AEE- Atendimento Educacional Especializado na Escola Municipal Artur Brasiliense Maia, onde iniciei meus trabalhos, me deparei com a inovação como diz MANTOAN (2003, p.81): “Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As grandes inovações estão muitas vezes na concretização do óbvio, do simples, do que é possível fazer, mas que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido por todos e aceito sem outras resistências, senão aquelas que dão brilho e vigor ao debate das novidades.” Hoje, depois das intervenções pedagógicas realizadas e respaldadas em conhecimentos adquiridos, através de palestra, cursos, estudos, trocas de experiências com outros profissionais e experiências próprias anteriores, foi possível escrever este trabalho, com o objetivo de relatar como se deu o processo de desenvolvimento, conquistas e avanços, a partir das atividades desenvolvidas pela sala de recursos multifuncionais , suas ações e funções, contribuindo para obter uma educação 250 de qualidade, inclusiva, onde todos os estudantes comunguem de um mesmo conhecimento, a partir de um atendimento adequado e especializado. Objetivo Contribuir para a qualidade da educação, garantindo aos estudantes com deficiência de natureza física, intelectual ou sensorial, participação plena e efetiva de interação em todas as ações escolares, visando uma escola para todos. Metodologia O trabalho realizado na sala de recursos multifuncionais. objetiva avanços na dimensão cognitiva, afetiva, social e motora dos estudantes com deficiência. São desenvolvidas atividades envolvendo habilidades na área de linguagem, percepção, coordenação motora, atenção, concentração, memória, raciocínio lógico, nomeação e formação de conceitos, atividades que envolvem questões comportamentais e que auxiliem na sala de aula, atividades de vida diária, comunicação alternativa, tecnologia assistiva, confecção de materiais pedagógicos para subsidiar o trabalho feito na sala de recursos. Inicia-se os trabalhos na sala de recursos, com um levantamento dos estudantes que seriam público alvo do AEE, este, feito pelos professores de sala de aula regular, em seguida é feita uma avaliação com os estudantes, ficando apenas para o atendimento os que tem laudos e ou apresentam alguma deficiência ou dificuldade visível, após esta avaliação é convocado os pais ou responsáveis para uma entrevista, onde obteremos mais informações sobre o histórico de desenvolvimento do estudante, feita estas observações organiza-se os horários e faz-se o plano de atendimento. Realiza uma reunião com os professores de sala de aula e apoios, para repassar os estudantes que serão atendidos e orientá-los com sugestões de atividades para serem trabalhadas com estes estudantes. São desenvolvidos vários projetos com participação de todos os professores, funcionários, coordenação, gestão e estudantes. Dentre os projetos realizados este ano na sala de recursos, ressalto o da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, onde houve uma mobilização significativa dos professores, em especial dos anos finais e seus respectivos estudantes, fizemos apresentações musicais, relatos de experiências de estudantes com deficiência, apresentação de faixas, cartazes, slides e dramatizações, envolvendo todos em uma só causa: igualdade, respeito e dignidade com todos os seres humanos. Considerações finais 251 Segundo Maria Teresa Mantoan (2003), a educação inclusiva preconiza um ensino em que aprender não é um ato linear, contínuo, mas fruto de uma rede de relações que vai sendo tecida pelos aprendizes, em ambientes escolares que não discriminam que não rotulam e que oferecem chances de sucesso para todos, dentro dos interesses, habilidades e possibilidades de cada um. Por isso, quando apenas avaliamos o produto e desconsideramos o processo vivido pelos estudantes para chegar ao resultado final realizamos um corte totalmente artificial no processo de aprendizagem. O processo de avaliação que é coerente com uma avaliação inclusiva acompanha o percurso de cada estudante, suas evoluções, habilidades e conhecimentos. “Sem o trabalho coletivo, dificilmente consegue-se alcançar os resultados propostos, pois é a integração do grupo que permite uma intervenção para que se definam os objetivos a serem realizados e que cada um assuma dentro da sua função a responsabilidade de pertencer ao grupo”. (ZANLOURENÇO, SCHNEKENBERG, 2008). O AEE tem grande importância para o estudante com deficiência se desenvolver na vida escolar, pessoal, social e favorecer a sua inclusão e autonomia no mundo. Muito se tem ainda a fazer, mas a semente já foi lançada, talvez no futuro próximo possamos colher os frutos das ações de uma escola inclusiva verdadeiramente para todos. Referências Bibliográficas MANTOAN, M.T.E. Inclusão escolar: o que é? Porque? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. ZANLOURENÇO, M. SCHNEKENBERG, M. Liderança e Motivação na Gestão Escolar: O Trabalho Articulador dos Diretores das Escolas Municipais, 2008. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÂO- SECRETARIA DE EDUCAÇÂO ESPECIAL: Atendimento Educacional Especializado: Aspectos Legais e Orientações Pedagógicas. (org)Eugênia Augusta, Luísa de MARILLAC, Maria Teresa Mantoan. São Paulo: MEC/SEESP, 2007 Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva. MEC/SEESP, 2008. 252 OS DESAFIOS E PRÁXIS PEDAGÓGICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA EM UMA SALA DE RECUSOS MULTIFUNCIONAIS EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DA CIDADE DO RECIFE-PE Isabella Júlia Santana da Silva Federal de Pernambuco-UFPE Universidade E-mail: [email protected] Robson Guedes da Silva Universidade Federal de Pernambuco-UFPE E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO A pesquisa foi desenvolvida em uma escola da rede municipal da cidade do Recife-PE, que atende cerca de 400 alunos divididos nos três turnos: diurno, vespertino e noturno. A mesma teve como foco inicial de observar a estrutura e o funcionamento do Atendimento Especializado na Sala de Recursos Multifuncionais, e no segundo momento, descrever o que foi observado, levando em conta as dificuldades físicas e a relação família-escola dos alunos que necessitam do atendimento especializado. SALA DE RECURSOS A partir das necessidades e dificuldades de alunos, a coordenação pedagógica junto à direção, perceberam a necessidade de um atendimento especializado para esses alunos. Mesmo com a falta de verba específica para montar a sala de recursos e colocar em prática esse atendimento, a escola se prontificou a solucionar essa situação. O espaço utilizado hoje como a Sala de Recursos da referida escola foi um espaço improvisado, pois era utilizado como depósito do almoxarifado. Trata-se de um espaço pequeno, 253 bem estreito. Inicialmente foi feito uma pequena reforma, como a pintura, a instalação do arcondicionado, e se tentou aperfeiçoar ao máximo o espaço. A Sala de Recursos é do tipo I e conta com um armário, três prateleiras, um computador, software para comunicação, fones de ouvido, microfones, uma impressora, uma mesa, três cadeiras, materiais e jogos pedagógicos (de disciplinas específicas e também jogos interdisciplinares), com o intuito de que esses recursos pedagógicos possam facilitar a acessibilidade e a aprendizagem. O atendimento é realizado no contra turno do horário de aula, a grade dificuldade existente, é que esse atendimento só está disponível no turno da tarde e mesmo com todo esforço acaba deixando os alunos da tarde sem atendimento. Outra questão é que a escola possui alunos do EJA – Educação para Jovens e Adultos, do turno da noite que também necessitam desse atendimento, no entanto, ocorre um dilema, pois muitas vezes os alunos não possuem disponibilidade para frequentar a sala ou simplesmente não se interessam em frequentar. Por ser muito estreita, os alunos que utilizam cadeira de rodas sentem dificuldades para se movimentar dentro da sala, sendo assim, sempre necessitam de auxilio de outra pessoa. E mesmo com todas as barreiras impostas pela burocracia da administração governamental, a escola tem conseguido fazer esses atendimentos na sala de recursos, ate porque esse trabalho mais minucioso com os alunos da educação especial já acontecia mesmo sem terem um espaço especifico. Segundo o Caderno de Educação Especial (ASFORA, 2012 p.34-35), existe um público-alvo que depende do AEE para desenvolver de forma satisfatória sua aprendizagem educacional. Esse público característico diz respeito às pessoas/alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora a Sala de Recursos seja de suma importância dentro de uma instituição para que a inclusão social aconteça, o Atendimento Educacional Especializado é muitas vezes banalizado e deixado pra trás. É necessário que as instituições, a família dos alunos que necessitam desse atendimento e o governo se conscientizem sobre a importância do atendimento para o desenvolvimento do aluno enquanto ser humano como ser social. 254 A questão está na contradição que encontramos quando colocamos frente a frente o que diz a lei e no que realmente acontece dentro das escolas. A princípio, se excluía as pessoas que possuíam necessidades especiais, o que caracterizava fortemente a segregação. E agora, a perspectiva está em uma educação de caráter inclusiva, mas é preciso nos questionar se essa displicência com a real situação da educação especial brasileira pode se chamar “Educação Inclusiva”. O que se viu no Campo foi uma tentativa de auxiliar os alunos que possuem necessidades especiais, e que aconteceu com êxito da instituição, uma vez que o atendimento está acontecendo na unidade de ensino, no entanto, há falta estrutura física no que se diz respeito da Sala de Recursos, sendo de responsabilidade dos órgãos competentes. No geral a experiência de conhecer o espaço da Sala de Recursos, e como funciona o AEE – Atendimento Educacional Especializado foi fundamental indispensável na nossa formação enquanto futuras pedagogas e educadoras. A gestão pedagógica mostrou que apesar das dificuldades no caminho, é possível encontrar meios e alternativas para que a Inclusão realmente aconteça no âmbito educacional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASFORA, Rafaela. O atendimento Educacional Especializado nas Salas de Recursos Multifuncionais. In: Brasil. Ministério da Educação. Caderno de Educação Especial. A alfabetização de crianças com deficiência: uma proposta inclusiva. Brasília: MEC.SEB. 2012 p. 3337 Grupo de trabalho da política nacional de educação especial. Política nacional da educação especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília. MEC:2008. Disponível em: http://peei.mec.gov.br/arquivos/politica_nacional_educacao_especial.pdf Acesso em: 30/10/2015. 255 RELATO DE EXPERIÊNCIA DO CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO PARA ATENDIMENTO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL (CAP). Lenice Maria Couto46, Mary Jane de Oliveira Liberato47, Ana Claudia Barreto de Arruda Araújo48. INTRODUÇÃO. O CAP49 é uma organização governamental voltada para a prestação de serviços e apoio pedagógico às pessoas cegas e com baixa visão, tendo como principal finalidade, apoiar estas pessoas no curso de processo de sua escolarização, assegurando o desenvolvimento de programas nas seguintes áreas: Suplementação Escolar, Produção Braille, estimulação, Lazer e Capacitação de Recursos Humanos na área de Tiflologia. Filosofia Compreende a Educação Especial como um conjunto de serviços, institucionalmente organizado, para apoiar, complementar e suplementar a Base Nacional Comum a Parte Diversificada do Projeto Curricular da Educação Básica e Superior, por meio do Atendimento Educacio9nal Especializado, o qual deve transitar pela Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação de Jovens e Adultos, pelo Mundo do Trabalho, pela Graduação e Pós-Graduação. Objetivo Geral Realizar o Atendimento Educacional Especializado para pessoas cegas e com baixa visão, tendo na parceria pública – privada, condição essencial para a construção de uma sociedade inclusiva. 46 Primeira Autora é gestora do CAP em Garanhuns 47 A segunda Autora é Professora Brailista do CAP em Garanhuns 48 A Terceira Autora é Professora Brailista do CAP em Garanhuns 49 Texto referenciado pelo site <http://www.fcee.sc.gov.br/index.php? option=com_content&task=view&id=13&Itemid=30> 256 Objetivos Específicos Apoiar a pessoa com Deficiência Visual e seus familiares; Orientar a Escola quanto à Intervenções pedagógicas que contemplem a diversidade da turma em que o aluno com deficiência visual encontra-se incluso; Disponibilizar recursos ópticos específico para esse seguimento populacional; Ofertar complementações e suplementações curriculares para o aluno com deficiência visual; Democratizar o acesso ao conhecimento e á informação; Qualificar inicialmente para o mundo do trabalho; Esclarecer a comunidade da região do Agreste Meridional de PE em relação ao potencial deste seguimento populacional. Adaptação de material pedagógico; Editoração, reprodução e impressão de texto, apostilas e livros em Braille Núcleo de Convivência Gerenciamento da Biblioteca; Programa de valorização do Sistema Braille; Programa de eventos recreativos e culturais. Núcleo de Apoio Didático Pedagógico Programa de treinamento de Orientação e Mobilidade; Programa de Estimulação/Reeducação Visual; Programa de Treinamento da Escrita Cursiva; Programa de Apoio à Educação de Jovens e Adultos com Múltiplas Deficiências; Confecção de Materiais em Alto-relevo (mapas táteis, livros sensoriais, caderno para escrita ampliada; Programa Sistemático de Capacitação em Tiflologia; Programa de Banca de Estudo; Programa de Orientação Dirigida às famílias de educando cegos e com baixa visão. Localização/Funcionamento O CAP/Garanhuns está localizado á Travessa Belarmino Dourado, Nº35 Garanhuns-PE, Telefone (87) 3762-7057 CEP 55290-000 email [email protected] REFERÊNCIAS Brasil, MEC. Fundação Catarinense de Educação Especial, Brasília, 2015. Disponível em:< http://www.fcee.sc.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=13&Itemid=30> acesso em 16 de novembro de 2015. ______, MEC. Educação Inclusiva e Atendimento Educacional Especializado. Brasília, 2015. Disponível em:< http://portal.inep.gov.br/web/educacenso/duvidas-educacao-especial> Acessom em 16 de Novembro de 2015. ______, MEC. RESOLUÇÃO Nº 4, DE 2 DE OUTUBRO DE 2009. Brasília, 2015. 257 258