Coletânea reunindo alguns estudos sobre o Catolicismo Romano extraídos do site do CACP (Centro Apologético Cristão de Pesquisas) No site, podem ser encontrados muitos outros artigos e estudos sobre o Catolicismo e muitas outras religiões e seitas. Visite: www.cacp.org.br TRADIÇÃO: SUPORTE DO PAPADO? por Paulo Cristiano da Silva “ NÃO REFUTAREI APENAS AS ACUSAÇÕES LEVANTADAS CONTRA NÓS; FAREI COM QUE ELAS SE VOLTEM CONTRA SEUS PRÓPRIOS AUTORES ” (Tertuliano, 220 d. C.) A IMPORTÂNCIA DA TRADIÇÃO NO CATOLICISMO O Concilio de Trento define a tradição como o “conjunto de doutrinas reveladas referentes à fé e a moral, não consignadas nas Escrituras Sagradas, mas oralmente transmitidas por Deus à Igreja” (Sessão IV, de 8 de Abril de 1546) “A Sagrada Tradição”, afirma O Concílio Ecumênico Vaticano II através de sua Constituição Dogmática Dei Verbum “a Sagrada Tradição...transmite integralmente aos sucessores dos apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos...” A teologia da idade Média escampada pelos Concílios Ecumênicos de Trento, do Vaticano I e do Vaticano II, impingiu a tese de que o consenso unânime dos pais da Igreja se constitui em legitima revelação. Ele é imprescindível e fundamental na Tradição. A tradição é a fonte primordial de todas as doutrinas extrabíblica encontrada no bojo dogmático do catolicismo e o papado é uma delas. Por isso que somente após o concílio tridentino da contra-reforma, foi que apareceram as primeiras coleções de obras patrísticas o primeiro órgão da Tradição - fazendo frente à reforma protestante levada a cabo por Martinho Lutero. Era necessário dar um status de autoridade à tradição a fim de dar suporte às heresias papais. O teólogo católico Van Iersel, em seu artigo: “O uso da Bíblia na Igreja Católica”, inserido no vol. V, de Temas Conciliares na página 17, confessa: “...em oposição à reforma deu-se um lugar à Tradição ao lado da Escritura, o que tornava muito relativo o valor da Bíblia”.(ênfase acrescentada) Foi assim que a tradição ganhou força junto às Escrituras, sendo até mesmo superior a esta pois, “Pela mesma Tradição...as próprias escrituras são nela cada vez melhor compreendidas...” sublinha o Concílio Vaticano II. MALOGRO ROMANISTA A assertiva da cúria papal de que havia unanimidade e consenso de opinião entre os pais da igreja, tornou-se um tanto utópica, quando se constatou que só numa coisa êles concordavam: - é que discordavam em quase tudo. Forjar a necessária concordância unânime era preciso! Com esse propósito, o papa Leão X, em 28 de Abril de 1515, como produto da 10ª Sessão do 5º Concílio de Latrão, emitiu a Bula “Inter Multiplices”, estabelecendo os Índices Expurgatórios, cujo objetivo consistia em examinar as obras patrísticas existentes. Muitas obras dos seis primeiros séculos dos pais da igreja foram repudiadas. Em 8 de Abril de 1546, na 4ª Sessão do Concílio de Trento, foi levado a cabo o trabalho de “expurgo”, anteriormente estabelecido pelo papa Leão X no Concilio de Latrão. Trechos inteiros contra as pretensões (doutrinárias) romanistas refutadas pelos reformadores, foram extraídos e houve muito enxerto...muitas frases e palavras foram interpoladas no intuito de se transformar o significado dos textos ao sabor das interpretações desejadas. Como disse certo professor de seminário (católico) a um de nossos apologistas: “a interpretação dessas obras depende muito de quem as traduzem!”. Todavia é importante salientar que nem mesmo as passagens que são amiúde invocadas pelos apologistas católicos com o fito de angariar apoio ás pretensões da origem e desenvolvimento do papado, não são tão relevantes assim, e muitas são até mesmo distorcidas e deslocadas do seu contexto. Muita dessa tradição entra em contradição não só com a Bíblia mas mesmo entre si como veremos. A IGREJA PRIMITIVA Ao contrário do que afirma a Igreja Católica, o cristianismo primitivo não estava dividido hierarquicamente. Ademais, é um fato incontestável que não houve episcopado monárquico no primeiro século. As igrejas eram governadas por colegiados de bispos ou presbíteros que eram termos usados de modo intercambiável (ver Atos 20.17 e 28; Tito 1.5 e 7). O teólogo católico José Comblin, em seu livrete intitulado “Hierarquia”, na página 18 é concorde em dizer que: “No meio deles, Pedro tem um papel de porta-voz.”, entretanto, alerta: “Mas ele não é como o superior. São todos iguais.(ênfase acrescentada). Afirma ainda que nas primeiras comunidades cristãs não havia hierarquia, pois todos estavam unidos no colegiado apostólico e “cada igreja agia de modo independente” (pág. 19). Portanto, a tal supremacia de Pedro sobre os demais são argumentos inconsistentes, pueris que veio à tona apenas 200 anos depois da morte de Cristo, e que posteriormente foi usado para promover a doutrina do papado. Há de se ressaltar que em meados do século II, borbulhavam, muitas obras apócrifas contendo histórias sobre este apóstolo, tais como: Os Atos de Pedro, Evangelho de Pedro, Apocalipse de Pedro e outras. Isto posto, declaramos que não há indício algum de que Cristo tenha feito de Pedro o chefe, ou como costuma dizer o hierarca romano: o príncipe dos apóstolos. Tudo isto é argumento gratuito. ENTÃO COMO SE DEU A ORIGEM DO PAPADO ? Seja como for, uma coisa é certa: ela não se deu da noite para o dia. O desenvolvimento da sé romana e a supremacia de seu líder se deram paulatinamente. A primeira menção desta igreja aparece na epístola do apóstolo Paulo dirigida aos cristãos ali congregados. Algo que merece nossa atenção é que nesta epístola, Paulo manda saudações a diversos irmãos, mas em nenhum momento menciona o suposto papa “São Pedro” ou sua primazia. Contudo, muitos fatores contribuíram para dar vida ao papado no cenário mundial; eis alguns deles: AS TRADIÇÕES: No segundo século surgiu uma tradição propalada por Irineu de que tanto Paulo como Pedro, haviam fundado e dirigido àquela igreja, posteriormente diz outra “tradição” levada a cabo por Orígenes de que os dois haviam sido martirizados naquela cidade. Jerônimo chega a dizer que Pedro governou esta igreja durante 25 anos. Assim, mais e mais foi se solidificando a lenda de que Pedro havia fundado a igreja em Roma e transferido para lá o seu pontificado, sem ter contudo apoio bíblico. Este foi apenas o embrião da supremacia da igreja de Roma. Outrossim, visto à grosso modo, muitos pais da igreja como Cipriano e Irineu deram a entender que a sé romana tinha algum tipo de supremacia sobre as demais, ainda que limitada. AUMENTO DO PODER: Além disso, já numa época remota, a igreja de Roma tornou-se a maior, a mais rica e a mais respeitada de toda a cristandade ocidental. Outro fator que contribuiu para a ascendência da igreja romana e do seu líder foi a própria centralidade e importância da capital do Império Romano. Logo apareceram cinco cidades que se destacaram como metrópoles: Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém, os bispos destas regiões receberam o título de “Patriarcas”. Apesar dos bispos das igrejas serem iguais uns aos outros na administração dos ritos litúrgicos e na doutrina, eles começaram a distinguir-se em dignidade de acordo com a importância dos lugares onde estavam localizadas suas dioceses. Ao Bispo de Roma foi concedida a precedência honorária simplesmente porque Roma era então a capital política do mundo, ele foi considerado “o primeiro entre os iguais”. PREDOMINÂNCIA DO BISPO ROMANO (I) : Outro elemento importante é que desde cedo a igreja romana e os seus líderes reivindicaram direta ou indiretamente, certas prerrogativas especiais.. No fim do segundo século, o bispo Vítor (189-198) exerceu considerável influência na fixação de uma data comum para a Páscoa, algo muito importante face à centralidade da liturgia na vida da igreja. Relevante também foi o alvitre de S. Irineu (202) o qual, como ele mesmo confessa, procurou conscienciosamente um bispo que pudesse ser aceito pela maioria do episcopado, para desempenhar a missão de árbitro nas questões disciplinares e nas dúvidas e controvérsias doutrinárias, que surgiam freqüentemente entre os bispos das várias igrejas. Esta proposta foi aceita quase imediatamente pela quase totalidade das igrejas, e fez que o Bispo de Roma começasse a ser consultado com freqüência, o que muito contribuiu para aumentar a sua autoridade, embora a primeira decretal oficial (carta normativa de um bispo de Roma em resposta formal à consulta de outro bispo) só tenha surgido em 385, com Sirício. Por volta de 255, o bispo Estêvão utilizou a passagem de Mateus 16.18 para defender as suas idéias numa disputa com Cipriano de Cartago. E Dâmaso I (366-84) tentou oferecer uma definição formal da superioridade do bispo romano sobre todos os demais. Essas raízes da supremacia eclesiástica romana foram alimentadas pelas atividades capazes de muitos papas. No quinto século destaca-se sobremaneira a figura de Leão I (440-61), considerado por muitos na verdade"o primeiro papa". Leão exerceu um papel estratégico na defesa de Roma contra as invasões bárbaras e escreveu um importante documento teológico sobre a pessoa de Cristo (o Tomo) que exerceu influência decisiva nas resoluções do Concílio de Calcedônia (451). Além disso, ele defendeu explicitamente a autoridade papal e usou muito o titulo “papa” (mais tarde Gregório VII, reivindicou para a sé romana este título com exclusividade) articulando mais plenamente o texto de Mateus 16.18 como fundamento da autoridade dos bispos de Roma como sucessores de Pedro. Seu sucessor Gelásio I (492-96) expôs a teoria das duas espadas: dos dois poderes legítimos que Deus criou para governar no mundo, o poder espiritual – representado pelo papa – tinha supremacia sobre o poder secular sempre que os dois entravam em conflito.O Sínodo de Sárdica declarava que se um bispo fosse deposto pelo sínodo de sua província, este poderia apelar para o bispo de Roma. Já o Sínodo de Palma declarava que o bispo de Roma não estava submisso a nenhum tribunal humano. O máximo de pretensão papal de supremacia se encontra no artigo 22 do Dictatus do papa Gregório VII em que se afirma que jamais houve erro na Igreja Romana. Já Inocêncio III cria ser o papa, o verdadeiro “Vigário de Cristo” na terra. O imperador Valentiniano III num edito de 445, reconhece a supremacia do bispo de Roma: “Para que uma tola perturbação não venha a atingir as igrejas ou ameace a paz religiosa, decretamos - de forma permanente - que não apenas os bispos da Gália mas também os das outras províncias, não venham a atentar contra o antigo costume [de submeter-se à] autoridade do venerável padre (papa) da Cidade Eterna. Assim, tudo o que for sancionado pela autoridade da Sé Apostólica será considerado lei por todos, sem exceção. Logo, se qualquer um dos bispos for intimado a comparecer perante o bispo romano, para julgamento, e, por negligência, não comparecer, o moderador da sua província deverá obrigá-lo a se apresentar.” PREDOMINANCIA DO BISPO ROMANO (2) : Comitantemente às reivindicações eclesiásticas cresceu também o poder temporal dos papas devido ao declínio dos principais rivais de Roma. O bispo de Jerusalém perdeu o poder após a destruição pelos romanos. O bispo de Éfeso perdeu o poder quando foi sacudida pelo cisma montanista. Alexandria e Antioquia declinaram logo também, deixando Roma e Constantinopla como as maiores sedes do cristianismo primitivo. Todavia as guerras teológicas e os inúmeros cismas juntamente com as invasões dos mulçumanos, aos poucos foram minando a unidade dos orientais, deixando isolado o bispo de Roma. Este foi se solidificando cada vez mais no Ocidente como o “pai” dos cristãos. Coube a ele defender Roma dos ataques bárbaros. Muito ajudou, a conversão destes povos para o cristianismo romano; no que mais tarde iria desembocar no famigerado poder temporal. FALSOS DOCUMENTOS : Essas teorias fictícias, que foram destinadas a ser reconhecidas como verdadeiras por alguns séculos - entretanto mais tarde identificadas claramente como as fraudes mais habilmente forjadas - são duas: as Pseudo-Clementinas e os Decretos do Pseudo-Isidoro. Os Escritos Pseudo-Clementinos - A Tentativa de Promover Pedro e a Sé de Roma ao Poder Supremo. Os escritos Pseudo-Clementinos eram "Homílias" (discursos) espúrios erroneamente atribuídos ao Bispo Clemente de Roma (93-101), que tentavam relatar a vida do Apóstolo Pedro. O objetivo era um só: a elevação de Pedro acima dos outros Apóstolos, particularmente o Apóstolo Paulo, e a elevação da Sé de Roma diante de qualquer outra Sé episcopal. "Pedro", era alegado, "que foi o mais hábil de todos (os outros), foi escolhido para iluminar o Ocidente, o lugar mais escuro do Universo". As "Homilias" foram escritas para amoldar a interpretação equivocada de Mateus 16:18-19, que "tu és Pedro, e sobre esta rocha edificarei minha igreja . . . e dar-te-ei as chaves do reino do céu". É equivocada porque a palavra "rocha" não se refere a Pedro, mas à fé em que "Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo" (v. 16). Não há mencionado na Bíblia um só sinal da primazia de Pedro sobre os outros Apóstolos e, se uma primazia era pretendida, uma decisão de tal importância e magnitude certamente teria sido mencionada na Bíblia em linguagem inequívoca. Em muitos casos o contrário é verdadeiro; Paulo escreveu aos Gálatas, "eu me opus a ele (Pedro) em rosto, porque ele estava sendo censurável" (2,11); além disso, é bem sabido que Pedro negou Cristo por três vezes. Pedro não fundou a Igreja de Roma; ele efetivamente permaneceu em Antioquia por vários anos antes de chegar a Roma. Dizer que, assim como Cristo reina no Céu, Pedro e seus sucessores os papas governam a Terra, é uma afirmação contrária ao espírito do Evangelho e ao entendimento da Igreja antiga. Cristo era e é a pedra angular e a Cabeça da Igreja, que consiste de todos os membros de Seu Corpo (cf. Col.1:24). As Pseudo-decretais ou decretais pseudo-isidorianas (754 – 852). Eram falsificações entre as quais se encontrava a tal “doação de Constantino”. Neste documento constava uma suposta dádiva que o imperador fizera ao bispo de Roma, doando-lhe todas as terras do império em recompensa de uma cura recebida. Colocava o bispo de Roma como”caput totius orbis” (cabeça de toda a terra), tanto sobre a igreja (poder espiritual) como sobre os territórios (poder temporal). Esta falsificação foi considerada autentica até o século XV, e ajudou muito o bispo romano reforçar o primado papal, dando um aparente fundamento jurídico às pretensões dos papas. Os papas usaram e abusaram destes falsos documentos! ELEVAÇÃO DO BISPO Se existe algo que a história da Igreja ensina, este algo é que às vezes um forte zelo pela doutrina ou ênfase demasiada em certos aspectos da vida desta que fora esquecido e tornou a ser resgatado, pode levar uma pessoa ou igreja voluntariamente ao erro. Um exemplo registrado nos anais da história é de Sabélio, que chegou a negar a Trindade ao tentar salvaguardar a unidade de Deus, Ário descambou para uma interpretação anti-biblica do relacionamento de Cristo com o Pai em sua tentativa de evitar aquilo que ele considerava ser o perigo do politeísmo. A doutrina romana da “Sucessão Apostólica” e da elevação do poder do bispo sai igualmente deste molde. Tentando defender a fé ortodoxa das heresias vigentes da época, alguns pais da igreja criaram um mecanismo de defesa contra os hereges (gnósticos) centralizado no poder dos bispos e a elevação deste sobre os presbíteros. Isto mais tarde foi deturpado e alargado pelo bispo de Roma. Por volta do ano 110, Inácio bispo de Antioquia na Síria escreve sobre a importância do bispo na igreja, diz ele: “ Cuidado para que todos obedeçam ao bispo, como Jesus Cristo ao Pai, e o presbiterato como aos apóstolos, e prestem reverência aos diáconos como sendo instituição de Deus. Que os homens não façam nada relacionado à Igreja sem o bispo. Que seja considerada uma apropriada Eucaristia àquela que é (celebrada) seja pelo bispo, seja por alguém a quem ele a confiou. Onde o bispo estiver, ali esteja também a comunidade (dos fiéis); assim como onde Jesus Cristo está, ali está a Igreja Católica. Não é legal sem o bispo batizar ou celebrar festa de casamento; mas tudo o que ele aprovar, isso será aprovado por Deus, de modo que qualquer coisa que seja feita, seja segura e válida" (Inácio de Antioquia, Epístola à igreja em Esmirna 8). Nesta mesma época Clemente de Roma escreve sua carta aos Coríntios para corrigir os cismas que estava havendo entre eles, pois estes haviam chegado a ponto de expulsarem os presbíteros da igreja. Clemente escreve-lhes para impor a importância da hierarquia dos bispos. Mais tarde, Irineu, em sua obra apologética, “Contra Heresias”, uma refutação aos argumentos gnósticos, que haviam apelado para a tradição, desenvolve uma linhagem histórica de sucessão episcopal desde os apóstolos até os bispos atuais, tomando como exemplo a Igreja de Roma, por ser a mais conhecida entre todas. Já no ano 200 existe um bispo em cada cidade se declarando cada qual sucessores dos apóstolos. Cada um procura mostrar que o primeiro da lista foi um apóstolo, assim temos as listas das principais igrejas da época: Jerusalém: 1. Tiago, irmão de Jesus 2. Simeão 3. Justo 4.Zaqueu 5. Tobias... Antioquia: 1. Pedro Evódio 2. Inácio 3. Heros 4. Cornélio 5. Eros... Alexandria: 1. Marcos (evangelista) 2. Aniano 3. Abílio 4. Cerdo 5. Primo... Roma: 1. Pedro e Paulo (?) 2. Lino 3. Anacleto ou Cleto 4. Clemente 5. Evaristo... Nesta época a hierarquia já era constituída por 1º- Bispo, 2º- Presbítero, 3º Diáconos. Mais tarde o Concílio de Nicéia estabelece um bispo para cada cidade. No entanto, apesar desta gradual elevação do cargo do bispo, ainda não se fala em supremacia do Bispo de Roma sobre os demais, nem de papa, pois todos eram iguais e independentes, havendo uma união fraternal entre as várias igrejas. Se às vezes a sé romana parece elogiada em demasia é devido à sua posição política e territorial; é devido unicamente ao seu status de capital do Império. ALEGAÇÕES CATÓLICAS Os católicos quando são pressionados pelos argumentos bíblicos esposados pelos evangélicos contra o primado do papa, não conseguindo dar uma resposta bíblica satisfatória, vão se socorrer na chamada “Tradição”. É preciso lembrar que a “Tradição” para o católico é a junção das obras patrísticas e o moderno “Magistério Eclesiástico” que é uma decorrência da infalibilidade da igreja, estabilizada na pessoa do romano pontífice através do Concílio Vaticano I. Desde já, rejeitamos totalmente o “Magistério Eclesiástico” por ser este muito posterior aos pais da igreja, produto do catolicismo estruturado e organizado. Ficamos entretanto, com a “Patrística”, todavia, somente com os escritos dos pais pré-nicenos, pois ainda a igreja de Roma não havia ainda se tornado Igreja estatal, tendo sua riqueza e autoridade multiplicada pelas concessões de Constantino o que a tornou mais corrupta ainda. Os ditos pais pós-nicenos não possui a mínima autoridade em matéria de fé pois muitos deles já estavam contaminados com as heresias romanas. A primeira alegação é a que aponta a suposta autoridade do bispo de Roma nos escritos dos pais da igreja, querendo dar uma certa autoridade à tese do primado do bispo de Roma. Dizem nossos antagonistas: “As citações seguintes testemunham o que os primeiros cristãos pensavam sobre a primazia da Igreja de Roma (e, conseqüentemente, a primazia do papa, sucessor direto de São Pedro) sobre as demais.” (Fonte: Agnus Dei) Clemente de Roma "Se, porém, alguns não obedecerem ao que foi dito por nós, saibam que se envolverão em pecado e perigo não pequeno" (Clemente de Roma, +100, Carta aos Coríntios 59,1). Eles pretendem que a frase acima é alguma imposição de Clemente aos Coríntios. Nada mais longe da verdade! O teor da carta não deixa tal conclusão. O que Clemente fez foi ajudar aquela igreja que estava sem líderes, já que a igreja de Roma, era nesta época, bem estruturada e podia auxiliar a sua co-irmã na fé. Tanto é que ele prossegue dizendo: 2“Contudo, nós seremos inocentes deste pecado e pediremos em súplica e oração constante para que o Criador de tudo conserve intacto o número dos que foram contados entre Seus escolhidos em todo o mundo, por seu Filho mui amado, Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual nos chamou das trevas para a luz, da ignorância para o conhecimento da glória de seu nome.” Não há nenhuma imposição ou supremacia papal ! Teoricamente, nesta época, o apóstolo João ainda estava vivo e se Clemente estivesse impondo algo sobre a igreja, certamente João o teria repreendido como fez com certo Diótrefes, que gostava de exercer a primazia na igreja (III João 9). Inácio de Antioquia "Inácio... à Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser chamada 'feliz', digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza, que preside ao amor, que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai, eu a saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos [Prólogo]). "Nunca tiveste inveja de ninguém; ensinastes a outros. Quanto a mim, desejo guardar aquilo que ensinais e preceituais" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos 3,1). "Em vossa oração, lembrai-vos da Igreja da Síria que, em meu lugar, tem Deus por pastor. Somente Jesus Cristo e o vosso amor serão nela o bispo" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos 9,1). Novamente perguntamos: onde está a supremacia do papa nesta carta? Ora, o prólogo é um elogio ardoroso de Inácio. Ele também usou estes mesmos elogios aos Magnésios: “Inácio, também chamado Teóforo, à Igreja abençoada na graça de Deus Pai, em Jesus Cristo nosso Salvador, com quem eu saúdo a Igreja que está na Magnésia, próxima ao [rio] Meandro, e desejo a ela grande alegria em Deus Pai e em Jesus Cristo, nosso Senhor, em quem vocês poderão encontrar grande alegria.” E mais, “Que eu possa alegrar-me convosco em todas as coisas, se o merecer! Mesmo acorrentado, não sou digno de ser comparado a qualquer de vós que estais em liberdade.” ou aos efésios : “Inácio, também chamado Teóforo, àquela que é bendita em grandeza na plenitude de Deus Pai, predestinada antes dos séculos a existir em todo o tempo, unida para uma glória imperecível e imutável, e eleita na Paixão verdadeira, pela vontade do Pai e de Jesus Cristo nosso Deus à Igreja digna de bem-aventurança, que vive em Éfeso da Ásia, todos os bens em Jesus Cristo e os cumprimentos numa alegria impoluta.” Se seguirmos esta linha de pensamento, não é justo também colocarmos os Magnésios e os efésios em pé de igualdade aos Romanos ? Demais disso, Inácio diz algo que vai ao encontro do argumento da primazia jurisdicional, pois no início de suas saudações ele põe a igreja de Roma em sua devida jurisdição quando diz: “à Igreja que preside na região dos romanos” (ênfase acrescentada) mostrando que esta igreja tinha sua própria jurisdição territorial e não possuía nenhum poder sobre as demais igrejas como querem os romanistas. IRENEU . "Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2). Este trecho de Ireneu é muito usado pelos católicos como prova de que a igreja de Roma tinha a primazia entre as outras. Entretanto é preciso escoimar tal alegação. Alarmado pelo pulular de heresias e de interpretações absurdas da Bíblia propaladas pelos seitários da época como Valentino, Marcião, Menander, Cerinto, Basílio e outros, procurava ele pôr um dique a tamanha calamidade, propondo uma Igreja que pudesse tornar-se como que o padrão, seguindo meticulosamente, a sucessão apostólica das mais importantes dioceses então existentes, pesquisando ao mesmo tempo a conservação da Doutrina e das tradições apostólicas, em cada uma delas. E conclui propondo como exemplar a Igreja de Roma, por ser de maior autoridade, isto é, por ser a da Capital do Império. É necessário salientar que esta questão de sucessões apostólica juntamente com a tradição foi um arranjo levantado como alternativa para combater os Gnósticos de então. Como diz Ireneu “Quando estes são argüidos a partir das Escrituras, põem-se a acusar as próprias escrituras...”. Os gnósticos com o fito de defenderam suas heresias em relação a Deus e a Cristo como Demiurgo (criador), apelavam para as escrituras. Todavia quando eram refutados pelos apologistas através das próprias escrituras, apelavam para a chamada “tradição”. Prosseguindo Ireneu diz: “...é impossível achar neles (nos textos bíblicos) a verdade se se ignora a tradição. Porque – (prosseguem dizendo) – essa verdade não foi transmitida por escrito e sim de viva voz...”, o principal texto dos gnósticos era o de ICo. 2.6. Ireneu deixou-se levar pelo mesmo raciocínio inventando uma defesa de modo inverso, “Quando”, afirma ele, “...então passamos a apelar para a tradição que vem dos apóstolos e se conserva nas igrejas pelas sucessões dos presbíteros, opõem-se à tradição.” Os gnósticos diziam que sua doutrina era muito antiga e que havia recebido do próprio Jesus Cristo. Ireneu por sua vez repele tal asseveração dizendo que se havia uma doutrina pura e perfeita, esta forçosamente tinha que estar com as igrejas fundadas pelos apóstolos as quais (pelo menos em teoria) foram transmitidas aos seus sucessores. Desta maneira Roma entrou de contra golpe por vários motivos que nem de longe tem a ver com a tal primazia do papa. Vejamos: 1. Ireneu apela para o elo de sucessão de TODAS as igrejas e não somente de Roma. A razão ele mesmo da ao dizer que “...seria demasiadamente longo, num volume como este, enumerar as sucessões de todas as igrejas...” , tanto é que mais adiante ele cita como exemplo Policarpo, bispo de Esmirna, e seus sucessores. 2. Irineu escolheu Roma justamente, por que como já dissemos, era a principal Igreja do Império, a mais rica e por isso a mais conhecida. 3. Outra razão era que muitos apócrifos petrinos (principalmente de origem gnóstica) circulavam em sua época, haja vista que os líderes hereges mencionados acima espalharam suas heresias em Roma no ministério de bispos como Higino, Pio e Aniceto; Ireneu apela (mesmo contra o depoimento das escrituras) para tais tradições e arbitrariamente atribui a fundação desta Igreja a Pedro e Paulo, lançando o prestígio que Pedro possuía entre eles contra os mesmos, tentando assim, um contra golpe nos argumentos gnósticos. Vale a pena ressaltar que a frase do trecho acima recolhido no site católico é deveras tendenciosa quando traduz, “Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade...” No livro “Antologia dos Santos Padres” de Cirilo Folch Gomes, OSB – ed. Paulinas, traduz “ Porque é com esta igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve...” (ênfase acrescentada) Não há nenhum indício de superioridade devido a um suposto papa nela residente. Outrossim, Ireneu apela não para a igreja de Roma como autoridade final, mas para a igreja “Católica”, ou seja, UNIVERSAL espalhada pelo mundo todo, a comunidade de cristãos. Se de fato o apologista reconhecesse alguma superioridade, primazia jurisdicional, temporal ou espiritual no bispo de Roma; e neste como o sucessor de São Pedro com todas as regalias e autoridade que os papas modernos se auto intitulam, teria no livro III 24:1 de “Contra as Heresias”, a preciosa oportunidade de afirmar que eles (os gnósticos) estavam separados da ROCHA que é Pedro. Entretanto, observe o que ele diz: “Porque não estão fundados sobre a única rocha, mas sobre a areia, a areia dos muitos saibros”, com certeza uma referencia à passagem de Mateus 7:24-26. Infelizmente todo o silogismo de Ireneu acabou numa apagogia! CIPRIANO "O Senhor diz a Pedro: "Eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus... O Senhor edifica a sua Igreja sobre um só, embora conceda igual poder a todos os apóstolos depois de sua ressurreição, dizendo: "Assim como o Pai me enviou, eu os envio. Recebei o Espírito Santo, se perdoardes os pecados de alguém, ser-lhes-ão perdoados, se os retiverdes, ser-lhes-ão retidos. No entanto, para manifestar a unidade, dispõe por sua autoridade a origem desta mesma unidade partindo de um só. Sem dúvida, os demais apóstolos eram, como Pedro, dotados de igual participação na honra e no poder; mas o princípio parte da unidade para que se demonstre ser única a Igreja de Cristo... Julga conservar a fé quem não conserva esta unidade da Igreja? Confia estar na Igreja quem se opõe e resiste à Igreja? Confia estar na Igreja, quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?" (São Cipriano, +258, bispo de Cartago, Sobre a Unidade da Igreja). À princípio devemos admitir que Cipriano cria que Roma era a cátedra de Pedro e assegurava naquela época a unidade das igrejas, pois havia um vinculo de fraternidade entre todas elas como bem atesta Tertuliano, " ... Foi inicialmente na Judéia que [os apóstolos] estabeleceram a fé em Jesus Cristo e fundaram igrejas, partindo em seguida para o mundo inteiro a fim de anunciarem a mesma doutrina e a mesma fé. Em todas as cidades iam fundando igrejas das quais, desde esse momento, as outras receberam o enxerto da fé, semente da doutrina, e ainda recebem cada dia, para serem igrejas. É por isso mesmo que serão consideradas como apostólicas, na medida em que forem rebentos das igrejas apostólicas. É necessário que tudo se caracterize segundo a sua origem. Assim, essas igrejas, por numerosas e grandes que pareçam, não são outra coisa que a primitiva Igreja apostólica da qual procedem. São todas primitivas, todas apostólicas e todas uma só. Para atestarem a sua unidade, comunicam-se reciprocamente na paz, trocam entre si o nome de irmãs, prestam-se mutuamente os deveres da hospitalidade: direitos todos esses regulados exclusivamente pela tradição de um mesmo sacramento” ( Da Prescrição dos Hereges XIIIXX ).Contudo, cada igreja era autônoma e possuía seus próprios patriarcas, o bispo de Roma não era o cabeça da cristandade como mais tarde veio a ser cada vez mais reivindicado pelos papas. Seja como for, uma coisa é certa, “Ele admitia a seu modo o primado romano” ( A. Hamman, “Os Padres da Igreja” – Ed. Paulinas). Ainda dizia Cipriano que a Sé de Pedro pertence ao Bispo de cada igreja local. Algo que vem a corroborar para a derrocada romanista é o fato de que este trecho em outras versões não deixa tanto em relevo o primado de Roma. Onde uma traz, “Confia estar na Igreja, quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?”, a outra se reserva aos dizeres: “ Confia estar na Igreja quem se opõe e resiste à Igreja?” (ibdem) Deve-se notar ainda que Cipriano escreveu esta carta para combater e rechaçar o cisma promovido por Felicíssimo em Cartago e concomitantemente enviou-a a Roma para combater o cisma que Novato criara na disputa do episcopado com Cornélio. O motivo principal do contraste entre Cornélio e Novato foi a atitude oposta em relação aos "lapsos", isto é, os cristãos que, por temor das perseguições, tinham renunciado a própria fé e que, passadas as perseguições, pediam para ser readmitidos na comunhão da Igreja. Norteando-nos por este contexto podemos compreender o “porque” de Cipriano insistir na unidade da Igreja. Ele não estava exaltando o bispo de Roma, mas combatendo os cismas em Roma e em Cartago, onde era bispo. SUJEIÇÃO AO BISPO DE ROMA, ONDE ? Não obstante a história mostrar muitos bispos de outras igrejas estarem unidos a Roma e considerar de algum modo sua preeminência, no entanto eles não titubeavam em repreendelo quando necessário. Posto que se trata de questões de primazia, é cabível acreditarmos que o Bispo romano apesar de reivindicar uma posição privilegiada não possuía nenhum poder maior sobre as demais igrejas. Algumas querelas que ficaram nos anais da história mostram isto de forma inequívoca. Na verdade muitos bispos romanos se curvaram perante a posição de alguns pais. TERTULIANO Não se sabe ao certo quando se estabeleceu essa presunçosa aspiração do bispo de Roma. Entretanto, já em 220 A.D, Tertuliano em sua obra De Pudicitia, emprega o termo (papa) de maneira sarcástica – como era seu estilo – ao referir-se a vários bispos da Igreja primitiva, com a qual rompera anos antes. Já nesta época por exemplo, Tertuliano acusava o bispo Calixto de querer ser o bispo dos bispos. Este título ao contrário do que muitos pensam, não era monopólio do bispo romano, muitos como Policarpo, Cipriano, Heraclas, Atanásio de Alexandria foram denominados de “ PAPAS ”. Tertuliano acabou rompendo por final com a Igreja de Roma. POLICARPO E IRENEU No ano 155 o Bispo Policarpo de Esmirna visitou o Bispo Aniceto de Roma e teve com ele algumas desavenças sobre algumas questões, e também a fim de persuadi-lo a aceitar a tradição estipulada pelo Apóstolo João de observar a Páscoa (Pascha), no dia judaico 14 de Nissan ou Passover, seja qual fosse o dia da semana. O bispo romano havia recebido uma tradição diferente através de Pedro e dos evangelhos sinópticos, de acordo com a qual a Páscoa deve ser sempre celebrada no Domingo, o primeiro (ou oitavo), dia da semana judaica após Nissan 14. Diz Eusébio citando Ireneu em sua História Eclesiástica (Livro V cap. XXIV) que nem Policarpo conseguiu persuadir Aniceto e nem este a Policarpo. No final ele acrescenta que “Aniceto cedeu a Policarpo”. Mais tarde porém, o bispo Victor de Roma sofreu severas criticas por parte de Ireneu e outros bispos quando arbitrariamente quis impor sua autoridade desligando as Igrejas da Ásia por causa da tão chamada controvérsia “Quartodécima”. Prossegue Eusébio relatando que o bispo romano foi, por muitos, duramente repreendido, “Também restam as expressões que empregaram para pressionar com grande severidade a Vitor. Entre eles também estava Ireneu...”(ibdem). CIPRIANO Estêvão I (254-357), romano, sucedeu a Lúcio I depois de uma vacância de dois meses. Afirmou insistentemente o primado, sobretudo nos contrastes com Cipriano, o influente bispo de Cartago, por problemas que se relacionavam com a disciplina eclesiástica ou questões teológicas, como a da validade do batismo administrado por heréticos. Estêvão, que representava a tradição de Roma, Alexandria e Palestina, acreditava que esse batismo era válido, contrastado nisso também pelo bispo Cipriano que seguia a mesma linha de Tertuliano e juntamente com os bispos da Ásia Menor, havia convocado dois sínodos para afirmar a não validade do batismo dos heréticos. Naquela ocasião, Estevão recusou-se até mesmo a receber os enviados de Cipriano. Rebatizar segundo ele era contrário à tradição e isso não podia ser tolerado. Por sua vez Cipriano retrucou com a igreja romana apelando para a tradição de sua igreja. Convocando um novo Sínodo Cipriano pediu aos bispos que manifestassem suas opiniões, dizia ele: “Vamos, cada um por sua vez, declarar nosso sentimento em face deste problema, sem pretender julgar ninguém NEM EXCOMUNGAR os que forem de parecer diferente” (ênfase acrescentada). Duas coisas ficam evidentes nesta questão: A alusão ao autoritarismo de Estevão; e o mesmo direito que o bispo romano possuía para “excomungar”, Cartago o tinha igualmente. Também pela mesma época, dois bispos espanhóis depostos por um sínodo espanhol, apelaram para Estevão e foram reintegrados a comunhão. Mas um sínodo, reunido por Cipriano na Metrópole da África, anulou o ato de Estevão, confirmando o sínodo espanhol. Ao que parece a unidade da Igreja Católica (Universal) , tão propalada pelo bispo Africano em sua “De Unitate Catholicae Ecclesiae” estava sendo rompida. No ano de 418, reuniu-se em Cartago um Concílio de todos os bispos africanos, no qual foi sancionado o seguinte Cânon: “Igualmente decidimos que os Presbíteros, Diáconos e outros Clérigos inferiores, nas causas que surgirem, se não quiserem se conformar com a sentença dos bispos locais, recorram aos bispos vizinhos, e com eles terminem qualquer questão... E que, se ainda não se julgarem satisfeitos e quiserem apelar, não apelem se não para os Concílios Africanos, ou para os Primazes das próprias Províncias: - e que, se alguém apelar para a Sé Transmarina (de Roma) não seja mais recebido na comunhão...” Por esta Regra Conciliar se vê que os Bispos Africanos não aceitavam e não admitiam que fosse aceita a jurisdição do bispo de Roma! AS CONTRADIÇÕES DAS TRADIÇÕES Dizia Gregório de Nissa : “Se um problema é desproporcional ao nosso raciocínio, o nosso dever é permanecer bem firmes e irremovíveis na Tradição que recebemos dos Pais" Contudo, Deus não confiou na chamada “tradição oral”, tanto é que mandou seus servos escreverem seu verbum sacrum em livros. A tradição com o passar do tempo corrompe o significado real das coisas. Muitas tradições aceita pelas igrejas entravam em flagrante contradição quando confrontadas umas com as outras, a titulo de ilustração temos o celebre caso da grande controvérsia sobre a páscoa já citada neste estudo. De um lado estava as igrejas da Ásia sustentada por certa tradição recebida segundo eles pelo apostolo João de que a páscoa tinha de ser celebrada no 14 Nisan, já as do Ocidente alegavam que haviam recebido uma tradição diferente dada pelo apostolo Pedro e Paulo de que deveria ser no domingo. Cada qual defendia ardorosamente sua posição. Será que Pedro e João transmitiram “tradições” diferentes a estas igrejas ? Quem estava certo ? Veja que tais tradições não passam de meras contradições! As interpretações equivocadas e muitas vezes forçadas de alguns dos pais e escritores da igreja primitiva, começaram a ser transformadas em regras de fé pelos Concílios através dos séculos. Estes dogmas que existem hoje em dia na igreja Católica, foi apenas outrora a interpretação particular de alguns dos pais da igreja e não a regra de fé e prática de toda a igreja cristã, prova disso é que não havia unanimidade entre eles sobre vários assuntos. Por exemplo, Tertuliano era radicalmente contra o batismo infantil, já Orígenes era a favor, Anselmo afirmava que Maria nasceu com a mancha do pecado original, Jerônimo era ao que parece contra a chamada “tradição oral”, Hegesipo e Ireneu e Tertuliano afirmavam que Maria teve filhos com José, Jerônimo defendia arduamente a virgindade perpétua de Maria, muitos eram a favor de que Pedro era o fundamento da igreja em Mateus 16:18, mas um número maior ainda era contra essa interpretação, como por exemplo, Agostinho, bispo de Hipona, o decreto Gelasiano afirmava que o livro intitulado “o pastor de Hermas” era apócrifo e promulgava que não deveria meramente ser rejeitados mas também “eliminados de toda a Igreja Católica e Apostólica romana, sendo que os autores e seguidores desses autores devem ser amaldiçoados com a corrente inquebrável do anátema eterno.” Já Atanásio admoestava que era útil para a leitura não havendo menção a ele como apócrifo. Muitas posições teológicas defendidas por uns, eram rejeitadas por outros, não havia um consenso geral como querem nos fazer crer os estudiosos católicos! A igreja começou a transformar essas incongruências em dogmas somente após o século IV, por isso o Padre Benhard em 1929 escreveu: “...A Bíblia em si mesma, não é mais do que letra morta, esperando por um intérprete divino... Certo número de verdades reveladas têm chegado a nós, somente por meio da tradição divina.” Ora, Jesus afirmou que a palavra de Deus é que é a verdade! Se há outras verdades que não são reveladas pelas escrituras que é a depositária de toda a verdade, então não são verdades, mas tão somente inverdades! MAIS CONTRADIÇÕES Vejamos ainda o “Decreto Gelasiano” que ao se referir sobre a morte de Pedro e Paulo afirma que os dois foram martirizados ao mesmo tempo: “Acrescente-se também a presença do bem-aventurado apóstolo Paulo, "o vaso escolhido", que não em oposição como afirmam as heresias dos tolos - mas na mesma data e no mesmo dia, foi coroado com a morte gloriosa juntamente com Pedro, na cidade de Roma, padecendo sob Nero César; e igualmente eles fizeram a supra mencionada Santa Igreja romana especial para Cristo, o Senhor, e deram preferência de suas presenças e triunfos dignos de veneração perante todas as demais cidades existentes sobre a Terra.” Dionísio é concorde com isto pois afirma: “ Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente" (Dionísio de Corinto, ano 170, extrato de uma de suas cartas aos Romanos conforme fragmento conservado na "História Eclesiástica" de Eusébio, II,25,8). Entretanto Paulo diz o contrário, “Só Lucas está comigo. Toma a Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério.” A tradição diz que Pedro estava com ele mas Paulo desmente afirmando que só Lucas permanecia junto a ele antes de sua morte! PERGUNTAS QUE OS CATÓLICOS PRECISAM RESPONDER Mostraremos aqui algumas perguntas que são barreiras insuperáveis à tese católica da fundação, estadia, governo e a morte de Pedro em Roma. 1. Se Pedro esteve em Roma, então por que a Bíblia não diz nada sobre isto, já que menciona muitas cidades por onde passou como Jerusalém, Samaria, Lida, Jope, Cesaréia, Coríntios, Antioquia... mas sobre Roma no entanto, não diz nada?! 2. Porque Lucas “o historiador” não se preocupou em registrar nada sobre o “príncipe dos apóstolos” e seu episcopado em Roma, pelo contrário voltando-se quase exclusivamente ao ministério de Paulo?! 3. Paulo escreveu sua epistola aos Romanos (56-58) enviando saudações a 26 pessoas mas o nome do “Papa São Pedro” sequer é mencionado. Porventura deixaria Paulo de mencionar Pedro, caso estivesse ele em Roma e ai fosse bispo? Outrossim, Paulo ao enviar as “cartas do cativeiro”, escritas em Roma envia saudações citando nominalmente 11 irmãos. Se Pedro estivesse em Roma teria Paulo omitido seu nome em todas as quatro cartas? Creio que não! 4. Demais disso, não teria Paulo invadido o território jurisdicional de Pedro ao enviar uma carta de instruções corretivas àquela Igreja ? Onde estava Pedro que não instruía os romanos sobre a justificação pela fé ? 5. Entre os anos 60-61 Paulo chega preso em Roma (At. 28:11,31), Lucas registra que os irmãos foram vê-lo (At. 28:15). Mas onde estava Pedro que não foi receber seu colega de ministério? 6. Suetonius Tranquillus, pagão, na Biografia do Imperador Cláudio, diz: “Judacos, impulsore Cresto, assidue tumultuantes Roma expulit”. Quer dizer: - O Imperador Cláudio expulsou de Roma os Judeus que viviam em contínuas desavenças por causa de um certo Cresto (Cristo). Ora, Cláudio foi Imperador desde o ano de 41 até 54. Logo, durante esses treze anos não era possível que S. Pedro residisse em Roma. No Capítulo 18 dos Atos dos Apóstolos, lemos que Paulo, depois do célebre discurso no Areópago, seguiu para Corinto, onde se encontrou com Áquila e sua esposa Priscila, recentemente chegados de Itália, pelo motivo de Cláudio Imperador ter mandado sair de Roma a todos os judeus. Ora, este encontro do Apóstolo deu-se no correr da sua segunda viagem apostólica, isto é, entre os anos de 52 a 54. Logo, ainda nesses anos Cláudio não permitia a permanência de judeus em Roma. Como ficaria lá São Pedro, que, como Apóstolo, devia necessariamente chamar a atenção geral sobre sua pessoa? 7. Se Pedro estivesse em Roma no ano 60 como se afirma a tradição, como então deve se entender as palavras de Jesus a Paulo em Atos 23:11 que diz: “Importa que dês testemunho de Mim também em Roma.” Ora, onde estava Pedro “o Papa” da cristandade que não tornava conhecido o nome de Jesus nesta cidade ? 8. Paulo foi a Roma a primeira vez prisioneiro, em virtude de haver apelado para o Tribunal de César, pelos anos de 60 ou 61, lá não encontrando cristãos entre os judeus. Ora, se S. Pedro estivesse em Roma pregando exclusivamente aos judeus como nos garante Eusébio, como se pode explicar a ignorância dos principias judeus de Roma, que disseram a Paulo: “Quereríamos ouvir da tua boca o que pensas, porque o que nós sabemos desta Seita (dos Cristãos) é que em toda parte a combatem”. Então Pedro, durante dezoito anos, poderia permanecer desconhecido dos principais judeus de Roma? Ele, a quem fora confiado o Ministério aos circuncidados no dizer de Paulo (Gal. 3,7-10) e de Eusébio Pámphili? 9. Ora, mas se Pedro estivesse preso, não seria esta a razão de sua omissão? Neste caso Paulo seria relapso em não registrar este fato como fez com seus demais companheiros de prisão (cf. Colossenses 4:10 – Filemon 23). 10. Diz os estudiosos católicos que Pedro morreu no reinado de Nero em 69 d.c, outros coloca o ano de 67, e ainda outros 64. A tradição diz que ele exerceu o episcopado durante 25 anos. Subtraindo 25 de 69 chegamos ao ano de 44 onde afirma a tradição que Pedro chegou a Roma (Hist. Ecl. II – XIV) Esta tese encontra duas grandes dificuldades: A primeira é que o edito de Nero expulsando os judeus durou de 42 até 54, motivo também da expulsão de Áquila e Priscila. Pedro não seria exceção tampouco! A segunda é que no ano 45, Pedro escreve sua primeira epistola, e que por sinal não era de Roma mas de “Babilônia”, cidade existente naqueles dias (I Pedro 5:13). 11. Se Roma tem a primazia por ser supostamente considerada a cidade em que Pedro alegadamente exerceu seu ministério, então razão maior deveria ser dada a Antioquia pois diz a mesma tradição que antes de Pedro ir para Roma exerceu primeiro seu episcopado em Antioquia deixando lá seus sucessores: Evódio e Inácio. 12. Porque estudiosos católicos como Rivaux, Fank, Hughes e Daniel Rops se contradizeram ao fazer as listas dos bispos de Roma já que usaram a mesma tradição como fonte? DESLIZES DOS SUPOSTOS PAPAS O papa Marcelino entrou no templo de Vesta e ofereceu incenso à deusa do paganismo Foi, portanto, idólatra; ou,pior ainda; foi apóstata! Libório consentiu na condenação de Atanásio; depois, passou-se para o arianismo, fato este confirmado até por Jerônimo. Honório aderiu ao maniqueísmo. Gregório I chamava Anticristo ao que se impunha como Bispo Universal; e, entretanto, Bonifácio III conseguiu obter do parricida imperador Focas este título em 607. Pascoal II e Eugênio III autorizavam os duelos, condenados pelo Cristo; enquanto que Júlio II e Pio IV os proibiram. Adciano II,em 872, declarou válido o casamento civil; entretanto, Pio VII, em 1823, condenou-o. Xisto V publicou uma edição da Bíblia e, com uma, recomendou a sua leitura; e aquele Pio VII excomungou a edição. Clemente XIV aboliu a Companhia de Jesus, permitida por Paulo III; e o mesmo Pio VII a restabeleceu. Vergílio comprou o papado de Belisário, tenente do imperador Justiniano. Por isso, foi condenado no segundo concílio de Calcedônia, que estabeleceu este cânone: O bispo que se eleve por dinheiro será degradado. Sem respeito àquele cânone, Eugênio III, seis séculos depois, fez o mesmo que Vergílio, e foi repreendido por São Bernardo. Deveis conhecer a história do papa Formoso: Estevão XI fez exumar o seu corpo, com as vestes pontificais; mandou cortar-lhes os dedos e o arrojou ao Tibre. Estêvão foi envenenado; e tanto Romano como João, seus sucessores, reabilitaram a memória de Formoso. Barônio o Cardeal chega a dizer que as poderosas cortesãs vendiam, trocavam e até se apoderavam dos bispados; e, horrível é dizê-lo, faziam papas aos seus amantes! Genebrardo sustenta que, durante 150 anos, os papas, em vez de apóstolos, foram apóstatas. Deveis saber que o papa João XII foi eleito com a idade de dezoito anos tãosomente, e que o seu antecessor era filho do papa Sérgio com Marózzia. Que Alexandre XI era... nem me atrevo a dizer o que ele era de Lucrécia; e que João, o XXII, negou a imortalidade da alma, sendo deposto pelo concílio de Constança. O papado continuou tendo seus períodos sombrios, marcados por imoralidade e corrupção. Um desses períodos ocorreu entre o final do século IX e o início do século XI, quando a instituição papal foi controlada por poderosas famílias italianas. A história revela que um terço dos papas dessa época morreu de forma violenta: João VIII (872-882) foi espancado até a morte por seu próprio séquito; Estêvão VI (885-891), estrangulado; Leão V (903-904), assassinado pelo sucessor, Sérgio III (904-911); João X (914-928), asfixiado; e Estêvão VIII (928-931), horrivelmente mutilado, para não citar outros fatos deploráveis. Parte desse período é tradicionalmente conhecida pelos historiadores como "pornocracia", numa referência a certas práticas que predominavam na corte papal. HISTÓRIAS QUE OS CATÓLICOS NÃO SABEM Ora, a sucessão do bispado de Roma foi interrompida por mais de uma vez, como se convencerá o Leitor pela narração da História Eclesiástica do Cardeal Hergenroeter, completada pelo Mons. J P Kirsch e traduzida para italiano pelo P. Enrico Rosa, jesuíta. Eis quanto nos contam esses conspícuos personagens, romanos como os que mais o sejam. No Terceiro Volume da Soterrai dela Cheias, edição da Liberaria Fiorentina, de 1905, páginas 247 e seguintes: Com a morte do papa Formoso, a 4 de abril de 896, começou uma era de profunda depressão para a Sé romana, como nenhuma houve antes, nem depois... As facções políticas dela se apossaram, ameaçando de arrastá-la a barbárie dos tempos. Dentro de oito anos (896-904) sucederam-se nove Pontífices, BONIFÁCIO VI, eleito tumultuariamente, só reinou por quinze dias, pois que o partido Spoletano entronizou um dos seus - ESTEVÃO VI (propriamente VII). Este ultrajou a memória de Formoso com cego furor... Mandou desenterrar seu cadáver e apresentá-lo perante um Tribunal Eclesiástico, que o declarou papa ilegítimo, e nula sua eleição! Em seguida atiraram o cadáver no Rio Tibre... Em uma arruaça, Estevão foi apanhado e estrangulado no cárcere, em Junho ou Julho de 897* Sucedeu-lhe um sacerdote ancião de nome Romano, o qual só pontificou quatro meses. Assumiu então o papado THEODORO II. Que só durou vinte dias. JOÃO IX ficou até o estio de 900. BENTO IV até 903. LEÃO V foi, antes de um mês de pontificado precipitado por CRISTÓVÃO, e este, no fim de Maio de 904, teve o mesmo fim às mãos de SÉRGIO III. Este (Sérgio) já desde o reinado de Teodoro II havia tentado apoderar-se do trono pontifício, sendo, porém, expulso e exilado. Depois de sete anos de exílio, chegou finalmente ao termo de suas ambições. Ele havia sido sagrado bispo de Cere pelo papa formoso, o qual assim tentara afastá-lo da Corte romana, por ser elemento indesejável. Entretanto, tão logo assentado na curia pontifícia, declarou ilegítimas todas as ordenações conferidas por Formoso (portanto também a própria sagração episcopal!) perseguindo com ódio feroz a quantos daquele houvessem recebido a imposição das mãos. Sérgio III faleceu em Agosto de 911. Paremos um momento para... respirar. Estes senhores que se sucederam mediante o assassinato uns dos outros; estes senhores que foram eleitos (?) à força de traições, de violências inqualificáveis; estes serão sucessores legítimos dos santos mártires Lino, Cleto e Clemente? OH! NÃO! O bispado de Roma vagou nesse tempo, e os bispos posteriores já não podem ser considerados sucessores de aqueles aos quais os Apóstolos Pedro e Paulo confiaram a cura espiritual da Igreja Romana. A Sérgio III sucedeu Anastácio III de Agosto de 911 a Outubro de 913; depois veio LANDÃO, até Abril de 914, e JOÃO X , filho da DITADORA MARÓCIA e do papa SÉRGIO III, primo do primeiro marido dela, o Príncipe ALBERICO, Marócia casara-se no ano de 905 em primeiras núpcias com este Príncipe da linhagem dos Condes de Túsculo, liquidando-o no mesmo ano, para se casar com GUIDO, Marquês de Toscana, JOÃO X, que passava por filho do primeiro leito de Marócia, não podia ter mais de dez anos de idade, quando recebeu a sagração suprema, em 914. Durante 14 anos empunhou o Báculo Pastoral, até que, tendo veleidades de independizar-se, foi metido no cárcere, onde expirou em Junho de 928. No ano seguinte Marócia liquidou o segundo marido, e se fez reconhecer como SENADORA E PATRICIA, imperando sozinha. A João x sucedeu LEÃO VI, e, sete meses depois, ESTEVÃO VII. Em 931, outro filho de Marócia subiu ao trono, com o nome de JOÃO XI. Em 932, Marócia casou-se com o Rei Hugo, irmão de seu segundo marido. João XI foi liquidado em 936, sucedendo-lhe LEÃO VII (936-939). ESTEVÃO VIII (propriamente IX), de 939-942; MARINO II, de 943-946; AGAPITO II, de 946-956; e finalmente OTAVIANO, neto de Marócia, e que foi o primeiro a mudar de nome ao galgar o trono papal. Tinha ele 18 anos de idade, e tomou o nome de JOÃO XII. Em toda primeira metade do Século X, tudo parecia fora dos eixos; a corrupção do século inundará a igreja (romana) e nesta não mais existia disciplina... Roma, então envelhecida como Capital de um pequeno Principado, devia retornar pouco a pouco à sua antiga dignidade de Capital do Mundo e à sua sublime Missão - É o que se lê à página 252 do Volume acima citado da STORIA DELLA CHIESA. Pois bem, assim com o OTÃO I, (Imperador desde o ano de 936) não se pode considerar sucessor de Constatino o Grande, e nem mesmo de Carlos Magno; assim, os bispos que se seguiram a estes, não podem razoavelmente ser tidos e havidos como legítimos sucessores dos Bispos de Roma dos tempos apostólicos. Leiamos agora a página 271 do mesmo Volume da STORIA: - *JOÃO XIX, acusado de negligente e de avaro, reinou até 1032. A maior desgraça da igreja (romana) era que a sua família (dos Condes de Túsculo) mostrava-se convencida de que para sempre o pontificado (romano) era um bem hereditário de sua propriedade. E sem atender ao mérito de quem o ocupasse, esforçava-se por conservá-lo. Desta progênie haviam já saído seis papas, e agora o sétimo, rapaz ainda não de vinte anos, filho de Alberico, e irmão dos papas anteriores, chamava-se TEOFILACTO. Não foram ouvidos os Cardeais, e o povo (que então tinha voz ativa nas eleições) foi comprado por bom dinheiro, sendo assim eleito em modo totalmente tumultuário, esse jovem licencioso, que com o nome de BENTO IX, devia por onze anos (desde 1033 a 1044) ser o vitupério da igreja (romana) *. Até aqui os nossos Autores (os parênteses são nossos). Agora vamos resumir a história. TEOFILACTO que, ao ser eleito (?) papa em 1033, contava apenas 12 anos de idade, só veio a morrer em 1065, com 44 anos. Em 1044, rebentou uma revolta geral contra ele, BENTO IX se escapuliu, e em seu lugar foi coroado papa, JOÃO, bispo de Sabina, que tomou o nome de SILVESTRE III. Mas, em Abril do mesmo ano, BENTO IX conseguiu voltar ao trono e excomungou todos os rebeldes, mandando muitos deles para o outro mundo. Vendo-se, porém, em perigos contínuos, renunciou, no dia 1 de Maio de 1045, deixando a Cátedra de S. Pedro (incrível, mas verdadeiro!) a um Arcipreste chamado João Graciano, o qual tomou o título de GREGÓRIO VI, e gratificou com *Grossa somma di dinaro* ao seu abnegado e digno Antecessor! (Graciano era um consumado jurista, e conhecia perfeitamente o valor dos argumentos áureos!)* BENTO IX, com a bolsa bem recheada, se retirou para um dos Castelos de sua nobre família, depois de assinar renúncia formal da Santa Sé. Pouco depois, porém, se arrependeu do mau passo e, apoiado pelos seus poderosos parentes, pretendeu voltar ao Trono. Nada mais natural! Rapaz de 22 anos, cheio de vida e de santidade papal, que renunciara ao seu sublime Cargo não tanto pelo dinheiro (que lhe sobrava), quanto pelo amor de uma filha do Conde Gerardo de Sasso (que lhe fazia muita falta) nada mais natural, digo, - que pretendesse reassumir a Tiara, para repartir os graves encargos da mesma com a sua direitíssima e digníssima Amásia, com a qual tentara se casar quando ainda era papa. Mas os cardeais o impediram. Assim ficou a Cátedra de S. Pedro com três Titulares: BENTO IX, que retirara a renúncia; SILVESTRE III, que recusava renunciar; e GREGÓRIO VI, que havendo adquirido por *grossa soma di dinaro* o Sólio Pontificio, julgava-se de pleno direito senhor do mesmo. A ÁGUIA DA GERMANIA (o Rei Henrique III) olfatando fácil e pingue presa, desceu em amplo remigio até a Itália, e se fez coroar Rei da Lombardia a 25 de Outubro de 1046, em Pavia, solicitando de Gregório VI uma entrevista em Placência. Desta cidade seguiram ambos com grande pompa para Sutri, onde se reuniu um Concílio sob a Alta Direção de Henrique III. Neste Concílio, Gregório VI renunciou ( espontaneamente, já se vê!); de Bento IX não se disse palavra (para não magoar sua nobre família, certamente!); e Silvestre III foi aprisionado e recolhido ao aljube de um Mosteiro, em castigo do seu pecado de simonia. Henrique III mandou então a Suidgero de Bamberga, que subiu a Cátedra de S. Pedro com o título de CLEMENTE II. Este foi o segundo papa alemão. No mesmo dia da sua Coroação, 25 de Dezembro de 1046, CLEMENTE II, coroou a Henrique III e sua esposa Inês Imperadores do restaurado Sacro Romano Impero. Reflitamos um momento. Ou a venda da Cátedra de S. Pedro, feita por bento IX a Graciano foi válida, ou não foi. Se foi válida, já ninguém pode falar em pecado de simonia; e ficam plenamente justificadas as compras de bispados e as vendas das melhores Paróquias e dos Santuários (Aparecida do Norte, Bom-Fim de Salvador, etc) a frades estrangeiros, que se negociam em vários países (menos no Brasil!) Se aquela negociata de Bento IX não foi válida, segue-se que BENTO IX continuou papa legítimo, havendo sido injustamente esbulhado por seis papas intrusos, postos na Sé Romana pelo Imperador Henrique III, durante a vida de Bento IX. Mais outra: - Ou o Imperador tinha direito de nomear os papas, ou não! Se sim! Então houve ocasião em que muitos eram papas legítimos ao mesmo tempo. Se não! Houve tempos em que a Cátedra de S. Pedro ficou vacante, não obstante estar ocupada por vários apaziguados do Imperador. Com Henrique III viera o MONGE BENEDITINO ainda simples HILDEBRANDO, o qual desde então foi o verdadeiro Chefe da igreja Romana manobrando a seu bel-prazer meia dúzia de papas-titeres, e fazendo-se aclamar papa somente em 1078. Foi o celebérrimo GREGÓRIO VII, santo canonizado romano. HILDEBRANDO, porém, não obstante dotado de notável senso político e de admirável audácia, não possuía o poder de afugentar a MORTE! Bento IX, Conde de Túsculo, fazia desaparecer a todos os alemães indicados por Hildebrando e entronizados por ordem de Henrique III, na Cátedra de S. Pedro. CLEMENTE II morreu a 9-10-47. Bento IX se prontificou para reassumir o Pontificado, mas os romanos, depois de terem conhecimento dos desejos de Henrique III, de reservar o Pontificado a seus súditos alemães, lhe pediram que houvesse por bem mandar sagrar um novo papa por ele escolhido livremente, Henrique III enviou da Alemanha a POPPONE, bispo de Brixen. Depois de muitas peripécias suscitadas pela oposição da família de Bento IX, Poppone foi entronizado em Julho de 1048, com o nome de DAMÁSIO II. Mas... faleceu repentinamente, por esse tempo, na Alemanha. Henrique III viu-se então em talas para encontrar um novo papa... Nenhum alemão queria aceitar a honra de ser Sucessor de S. Pedro!... O Imperador nomeou então a BRUNO, bispo de Toul, e seu parente (da família dos Condes de NORDGAU, na Alsácia). Este só se resignou a ser papa, com a condição de ser aceito pelos romanos em eleição popular, livre e pacífica. De Toul, seguiu ele para Besanón, onde recebeu a guarda toda poderosa de Hildebrando, que se lhe fez companheiro de viagens desde Cluny até Roma. Entrou ele na Cidade a pé, descalço e com túnica de peregrino, sendo muito bem recebido, e coroando-se Sumo Pontífice com o nome de LEÃO IX. Em Maio de 1053, São Leão IX, Papa, envergando a farda de General, pôs-se a testa de aguerrido exército para combater os Normandos, que haviam invadido o Sul da Itália. A 18 de Junho seu exército foi totalmente derrotado e desbaratado, e o Sumo Pontífice, apesar de santo e general, caiu prisioneiro. Nessa condição ficou detido em Benevento até que cedesse a todas as imposições dos seus vencedores. Depois de completa Capitulação, foi posto em liberdade a 12-8-1054, reentrando no Palácio do Latrão a 3 de Abril. A 18 do mesmo mês pontificou solenemente na Basílica de S. Pedro, mas... no dia seguinte faleceu misteriosamente!... Assim foi-se São Leão IX, Patrono dos Generais derrotados! Bastem estes fatos. Não é aqui o lugar de rememorar todos os casos em que a Sede Romana esteve em desordem; por exemplo, no começo do século 15, em que quatro papas legítimos excomungavam; cada um deles excomungava três papas legítimos, e era declarado excomungado por cada um de seus três colegas Sucessores de São Pedro, infalíveis, Vigários de Cristo, etc, etc... (Veja o II Apêndice). Responda agora o Leitor: - Será o papa Pio XII legítimo Sucessor de S. Pedro? (Poderá ser legitimamente eleito papa, quem se acha incurso na excomunhão fulminada pelo Canon 2335? O PAPA É INFALÍVEL? Uma análise na doutrina da infalibilidade papal Por Paulo Cristiano, do CACP Esta é uma das doutrinas mais controvertidas criada pela igreja católica romana. Foi proclamada como dogma de fé em 1870 no Concílio Vaticano I pelo então papa João Maria Mastai Ferretti, Pio IX (1846-1878), através da Bula "Pastor Aeternus". Segundo a teologia católica essa prerrogativa é exercida quando o Papa, como sucessor de Pedro, se pronuncia "ex- cathedra"[1], em matéria de fé e moral. Em outras palavras: o Papa não erra, pois é infalível quando fala ao povo católico. Sem ela a igreja perde sua reivindicação de autoridade apostólica e de guardiã da verdade. Mas seria essa uma doutrina genuinamente cristã? Quais são seus fundamentos e verdadeiras intenções? Eles resistem ao escrutínio das Escrituras e da história eclesiástica? Esse será o foco de nossa análise neste artigo sobre a "infalibilidade papal". Antecedentes históricos Não são poucos os protestantes que pensam ser este dogma uma criação ex nihilo[2] de Pio IX. Muito embora algumas mentes ultramontanas da época já convergiam para isso, podemos encontrar proponentes anteriores ao Vaticano I . Diz o teólogo católico Hans Kung [3] que Peter Olivi [falecido em 1298], padre franciscano, foi o primeiro a propor que os pronunciamentos dos papas fossem considerados infalíveis. Isso porque o papa Nicolau III havia favorecido os franciscano ao declarar que "a renuncia aos bens materiais era um caminho a salvação". Outros porém, afirmam que foram os jesuítas em 1661. Seja como for, a questão é: O que teria levado Pio IX a propor um dogma tão ousado assim? Parece que as razões do Papa eram mais políticas que religiosas. Vejamos alguns motivos que o levaram a propor uma doutrina sem precedentes na história da igreja: Um dos motivos para o estabelecimento definitivo do dogma foi para combater o "galicanismo"[4]. Essa teoria já havia assombrado o pontificado de Inocêncio XI. O contexto da época era propício às aspirações de Pio IX. Ele estava assistindo em seu pontificado a queda do poder temporal que tanto ardentemente defendia. Os domínios papais começaram a perder para a Itália a Romanha (1859), a região da Úmbria, Marcas (1860) e finalmente Roma (1870). A situação não era nada fácil. O Papa agora estava restrito ao Estado do Vaticano e a igreja romana não era mais a senhora de mão-de-ferro da Europa. Sem falar é claro dos fortes conflitos doutrinários que dividiam os teólogos de escolas opostas e as novas idéias seculares que emergiam - as quais o Papa condenou como "erros modernos". Já que a igreja, considerada infalível, estava experimentando sua derrocada, a solução então era consolidar o resto do poder que ainda existia nas mãos de um agente único - o Papa - o qual mais que depressa convocou um Concílio. Nos bastidores do Concílio Vaticano I é estereotipado como um concílio de "cartas marcadas". Antes mesmo dos debates começarem tudo já havia sido arranjado para a doutrina da "infalibilidade" ser aceita. Durante o tempo transcorrido (1869-1870) as reuniões foram marcadas por violentas controvérsias até que os conciliares se dividiram em dois grupos: os antiinfalibilistas (que não apoiavam o dogma) e os infalibilistas (que apoiavam o dogma), liderado pela famigerada ordem dos Jesuítas. Mas mesmo entre estes últimos havia sérias divergências quanto aos limites e natureza desta infalibilidade. Enquanto isso a mídia controlada pelo Papa e os jesuítas, tentava passar uma imagem de unidade, apontando que em breve a aclamação do dogma se faria por unanimidade. A pressão dos infalibilistas pesou na votação e o tema foi adiantado. Muitas alterações foram feitas durante o Concílio de modo a favorecer esse grupo ultramontanista. [5] A esta altura a corrente favorável e intransigente propôs que o grupo contrário ao dogma fossem excluídos como hereges. Dentre essas alterações devemos destacar aqui o fato de que havia sido limitada a liberdade de expressão a ponto de cassar a palavra daqueles que se alongassem no debate como fizeram com Strossmayer. Finalmente depois de muitas contradições, ameaças, intrigas e pressões do partido infalibilista, , foi definido o famigerado dogma da seguinte maneira: "...definimos como dogma divinamente revelado que o Romano Pontífice, quando fala ex cathedra, isto é, quando, no desempenho do ministério de pastor e doutor de todos os cristãos, define com sua suprema autoridade apostólica alguma doutrina referente à fé e à moral para toda a Igreja, em virtude da assistência divina prometida a ele na pessoa de São Pedro, goza daquela infalibilidade com a qual Cristo quis munir a sua Igreja quando define alguma doutrina sobre a fé e a moral; e que, portanto, tais declarações do Romano Pontífice são por si mesmas, e não apenas em virtude do consenso da Igreja, irreformáveis. Se, porém, alguém ousar contrariar esta nossa definição, o que Deus não permita, - seja excomungado" [Concílio Vaticano I, "Primeira Constituição dogmática sobre a Igreja de Cristo" - sessão IV, cap. IV (18-7-1870)] E foi assim que a 18 de julho de 1870 o Papa se tornou infalível! Os critérios da infalibilidade Muitos pensam que qualquer pronunciamento do Papa é automaticamente infalível. Não é bem assim. Os teólogos católicos tiveram o cuidado de cercar cuidadosamente com alguns critérios o uso desta prerrogativa. Elas são tiradas do próprio documento transcrito acima: Primeiramente, o papa só é infalível quando se pronuncia "ex-cathedra", isto é, usando os poderes da cadeira de Pedro como Pastor e doutor da igreja, isto define o cargo de ação do dogma. Por sua vez o objeto desta infalibilidade está restrito tão somente a temas concernente à fé e moral. Outrossim, que o sumo pontífice intencione pronunciar sentença definitiva sobre o assunto focalizado, decidindo o que é certo e condenando com um anátema quem se posicione contra. E por último que ele queira ensinar a igreja inteira. Segundo os estudiosos católicos, em qualquer documento papal (bulas, constituição apostólica, encíclica) estas condições precisam ser preenchidas para ser infalíveis. Por exemplo, temos um pronunciamento ex-cathedra quando João Paulo II na encíclica Veritatis Splendor se pronunciou dizendo que estava usando os poderes de Pedro para aplicar aquelas proposições. Por outro lado, quando ele asseverou na encíclica Fides et Ratio que estava fazendo "considerações filosóficas" não é para todos os efeitos objeto de infalibilidade. Enfim, quando o Papa se pronuncia como filósofo, ou doutor em outras áreas humanas e não como Papa, suas decisões não estão no campo da infalibilidade, asseguram os defensores do dogma. Curiosamente o Concílio Ecumênico Vaticano II não é considerado infalível, pois tão somente reafirmou sentenças de concílios anteriores e não impôs nenhum anátema. Dizem os teólogos católicos que este poder foi exercido poucas vezes, apenas doze, durante todo o pontificado dos papas. Todavia, é gritante a fragilidade deste critério. Este dispositivo foi criado logicamente, para proteger o dogma de suas implicações lógicas, de um impacto direto que ele poderia causar, se fosse aplicado, na prática, na vida de muitos papas ao longo destes séculos. Os alegados fundamentos dessa doutrina Analisando as proposições da sessão IV do "Pastor Aeternus", fica patente que este dogma é extraído de outras duas doutrinas a saber: o primado de Pedro e a sucessão apostólica. Primeiro era necessário transforma Pedro em chefe da igreja cristã universal e depois coroa-lo com a infalibilidade. Assim a última engrenagem faltante era colocar os papas na linha de sucessão do apóstolo fazendo-os infalíveis. Além das questões neotestamentarias, os católicos apelam para a história da igreja, reivindicando a supremacia da igreja de Roma sobre as demais e o apelo que muitas igrejas faziam aos papas em questões de fé e doutrinas. As passagens amiúde citadas são: "o poder de ligar e desligar" (Mateus 16.19), "o poder de apascentar o rebanho" (João 21.15-17) e "o poder de ensinar" (Lucas 22.31,32). Em todas elas os teólogos católicos dizem estar implícita a infalibilidade. Objeções à infalibilidade Dado ao pouco espaço que temos neste artigo, impossível refutar de modo completo tal doutrina. Por isso teceremos alguns comentários e refutações em suas principais bases. O dogma peca sob diversos pontos: Primeiro, quanto às provas bíblicas, não resiste a uma hermenêutica mais cuidadosa. Segundo, carece de apoio histórico consistente e por último, de todos os pontos de vistas lógico, é desnecessário. 1º - Carece de apoio unânime: De início ressalta-se que a palavra "infalibilidade" está ausente tanto na literatura cristã primitiva como na Bíblia. Apesar de Pio IX dizer que ela "foi sempre admitida pela igreja católica", os anais da história mostram fatos totalmente opostos a isto e provam que na verdade, ela nunca existiu na pessoa de um líder eclesiástico. Quando o embrião desta funesta doutrina começou a ser desenvolvido na idade média, não faltaram adversários que a combatessem ferozmente.[6] Muitos papas como Inocêncio III, Clemente IV, Gregório XI, Adriano VI, Paulo IV - rejeitaram a doutrina da infalibilidade papal! As igrejas da França e da Gália sempre se opuseram a ela, reafirmando a independência para com a igreja romana. A elas seguiram-se depois as igrejas inglesas e irlandesas. No Concílio Vaticano I, líderes católicos gabaritados da envergadura do teólogo e historiador alemão Ignaz von Döllinger (principal adversário e líder da oposição a essa doutrina), Schwarzemberg, Maret, Rauscher, Simor, Dupanloup, Hefele, Ketteler, Acton, Strossmayer formavam a frente de oposição quanto ao novo dogma. Principalmente Döllinger e Maret ambos, respeitados estudiosos eclesiásticos sabiam mais do que todos que pela história da igreja o dogma era indefensável. Os livros de Döllinger e o discurso eloqüente de Strossmayer no Concílio atestam este fato. Depois disto, muitos não só abandonaram o Concílio antes da votação, como também a própria igreja romana formando a igreja dos "Velhos Católicos". 2º - Carece de apoio histórico: A alegação de que algumas igrejas apelavam para Roma em algumas decisões não é prova de que o bispo romano fosse infalível. Outras sés episcopais receberam a mesma honra. Podemos citar a igreja de Alexandria resolvendo questões de disciplinas nas igrejas espanholas, além de sua jurisdição. Era comum as igrejas primitivas recorrerem umas às outras para estabelecer decisões em questões polêmicas. Contudo, muitas vezes as igrejas não admitiram a intromissão de Roma em assuntos de suas jurisdições como no caso das igrejas Africanas. Nota-se ainda que as apelações eram feitas à igreja e não ao papa como infalível. Nos primeiros dez séculos de Cristianismo nenhum dos pais da igreja ou algum Concílio ecumênico jamais se posicionou a favor da idéia da infalibilidade residir na pessoa do bispo romano. É vão o malabarismo exegético praticado pelos romanistas nesse sentido. Apesar de quererem reescrever a história em causa própria, os fatos são gritantes contra esse dogma. Nenhum dos primeiros concílios ecumênicos foram convocados pelos papas e nenhuma sentença importante por parte deles foi emitida como infalível por estes concílios. As principais decisões dogmáticas do cristianismo foram tomadas pelos Concílios e não pelos papas. Na verdade, muitos papas estavam sujeitos aos Concílios. Não obstante, apela-se para a frase de Agostinho "roma locuta , causa finita est !", isto é, Roma falou, está encerrada a questão. Todavia, quando Agostinho disse isso a respeito da opinião do Papa contra Pelágio (seu adversário), esta questão já havia sido decidida por dois Concílios. Agostinho era da opinião de que só o julgamento de Roma não era definitivo se não tivesse o assentimento de um concilium plenarium. Isto ele deixou claro na questão do batismo dos hereges, no qual foi contra a decisão de Estevão e a favor dos Concílios africanos. Não menos controvertida é a frase de Ireneu apelando para a sé romana fazendo menção de sua "importantíssima primazia". Mas Ireneu não apelara para o papa de Roma , mas para a igreja UNIVERSAL como um todo, ele apenas escolheu a romana por ser a mais conhecida, pois ficava na capital do império. Nada diz Ireneu sobre uma suposta infalibilidade papal. Isto estava com certeza, fora de cogitação. 3º - Carece de apóio bíblico: Os argumentos freqüentemente empregados pelos católicos para substanciar biblicamente a infalibilidade são espúrios. Se não vejamos: Mateus 16.19 - Além de reivindicarem uma suposta jurisdição de Pedro sobre as demais igrejas, alegam que ele promete a infalibilidade pelo simbolismo das chaves. Contudo, a interpretação de que Pedro é a "Pedra", além de não provar nenhuma supremacia de Pedro, não mostra também que seus supostos sucessores tivessem a primazia sobre os demais. Além do mais, de todos os pais da igreja poucos foram os que interpretaram que Pedro fosse de fato a Pedra. Outrossim, o simbolismo das chaves foi dado não somente a Pedro, mas a todos os apóstolos (18.18). Se os apologistas católicos querem ver alguma infalibilidade neste trecho terão que estende-la também aos outros. Ademais, o poder das chaves era exercido apenas na evangelização e não na jurisdição. O que de fato Pedro e os demais exerceram de modo eficaz. Nada de infalibilidade. João 21.15-17 e Lucas 22.31,32 - A prerrogativa dada a Pedro de "apascentar seus irmãos", não era privilégio somente de Pedro. Outros como Paulo disseram a mesma coisa (At. 14:22 - 15:32,41). Este e o próprio Pedro admitiam que isto não era exclusividade suas (Atos 20.28 - I Pedro 5.1,2). Com certeza Pedro lembrando-se das palavras do mestre em Lucas 22.24-26 (cf. Mat. 20.25-27), soube aconselhar o rebanho tempos depois afim de que ninguém exercesse a primazia sobre as igrejas I Pedro 5.1-3. A simples tarefa de apascentar e confirma não traz inerentemente nenhum mérito de infalibilidade, pois Jesus já havia rogado por eles todos (João 17.11,12). Conclusão O cuidado em proteger essa doutrina com subtilezas de termos cuidadosamente arranjados, encontra sua razão na história desastrosa do papado durante todos estes séculos. Poderíamos falar extensamente de papas condenados como hereges tais como Honório, Libério, Hildebrando. Ora, se ensinaram heresias está claro que não eram infalíveis. Houve papas que anularam os decretos de outros, tido como dogmáticos. E o que dizer de vários papas tidos ao mesmo tempo como legítimos?[7] Sem falar na vida imoral que muitos deles levavam. Seria correto papas imorais não errarem em questões morais? Seriam estes também infalíveis? Claro que não! Isto posto, a infalibilidade foi um estratagema que não deu certo, antes aumentou mais um erro no bojo dogmático do catolicismo. Ela não só perverte a doutrina cristã como contraria os fatos da história. Definitivamente o Papa não é infalível, isso cabe somente a Deus e a sua Palavra - a Bíblia. Obras Consultadas O Papa e o Concílio - Janus - Obras Completas de Ruy Barbosa Vol. IV Tomo I,II 1877, Ministério da Educação e Cultura (fundação Casa de Ry Barbosa - Rio de Janeiro - 1978) Collete, Carlos Hastings. Inovações do Romanismo. Ourinhos: Edições Cristãs, 1ª ed. 2001. Almeida, Abraão de. Babilônia, Ontem e Hoje. Rio de Janeiro, CPAD - 1979. Hunt, Dave. A Mulher Montada na Besta: a Igreja Católica Romana e os últimos dias. Vol. I. Porto Alegre, Actual edições, 2001. Silveira, Horácio. Santos Padres, Santos Podres. Existem ambos? Belo Horizonte: Dynamus, 2001. Obras católicas Alberigo, Giuseppe. História dos Concílios Ecumênicos. São Paulo: Paulus, 1995 2ª ed. Grasso, Dominico. O Problema de Cristo, São Paulo: Ed. Loyola 1967. Catecismo da Igreja Católica, São Paulo: Ed. Loyola, 1999. Pintonello, Aquiles. Os Papas: síntese histórica, curiosidades e pequenos fatos. São Paulo Ed. Paulinas 1986. Notas [1] expressão latina que significa "da cadeira" referindo-se a cadeira de Pedro. [2] Criação do nada - referente ao ato criativo de Deus em Gênesis. [3] teólogo jesuíta suíço que foi excluído por João Paulo II a mando de Ratzinger por apoiar a teologia da libertação e outras idéias teológicas. [4] Originada na França, propunha a diminuição da autoridade papal e o aumento do poder do Estado sobre a igreja. As 4 proposições do Galicanismo eram: 1) Total independência do rei em assuntos temporais em relação ao papa; 2)a autoridade papal é inferior à do Concílio; 3)obrigação por parte do papa de respeitar as antigas tradições da igreja francesa; 4) necessidade de consentimento da Igreja Universal para a ratificação dos dogmas proclamados pelo papa. [5] partido que defendia a infalibilidade papal e a supremacia da sé romana. Era a antítese do galicanismo. [6] Segundo pesquisa de opinião pública divulgada pela Folha de S. Paulo, em 1997, quase dois terços dos católicos brasileiros (74%) não crêem na infalibilidade papal. Só 22% acreditam nela. O assunto voltou a ser muito discutido no meio religioso e acadêmico em 1998, com a publicação da encíclica "Fé e Razão". [7] No início do século XV havia 3 homens afirmando ser o papa, é a chamada controvérsia de Avignon. Esse dilema foi resolvido por um Concílio, o de Constança. RENDAS DO VATICANO E DAS IGREJAS Sem um sustento legitimo, pôr estarem desacreditados, os papas sancionaram o blefe... Durante grande período da história canalizaram para seus cofres quantias fabulosas com vendas de Cardinalatos, Indulgências, Cargos Eclesiásticos e legados" Naqueles tempos essas posições valiam fortunas! O papa João XXIII, ano 1410, (não confundir com o João XXIII mais recente, não sabemos porque um papa posterior decide adotar o nome de um anterior tão imoral) o dito cujo chegava a cobrar impostos das prostitutas incorporando-as no orçamento. (O Papa e o Concílio. Vol. II. pág. 35). O dominicano João Tétzel tomou-se famoso vendedor de indulgências: Negociava uma que "dava direito antecipado de pecar!" Vendia outra incrível que dizia: "Ainda que você tenha violado Maria, mãe de Deus, descerá para casa perdoado e certo do paraíso!" (Ver Taine: Hist. da Literatura Inglesa, coroada pela Academia Francesa). Em 1.471 começaram um "Comércio" rendoso cuja mercadoria é ainda hoje a alma humana, prometendo com Missas pagas libertá-las de um suposto Purgatório. Esse comércio imoral instituído pelo Papa Sixto IV ainda perdura enganando os povos católicos. Em 1.513 o Papa Leão X continuou com esse blefe: Necessitando restaurar a Igreja de S. Pedro que rachava usou grandes cofres com dizeres absurdos que dizia: "Ao som de cada moeda que cai neste cofre uma alma desprega do Purgatório e voa para o paraíso" (Taine, vide infra). Antes do Papa Sixto IV ninguém ia para o purgatório porque não existia, surgiu com um "decreto". Nos países protestantes e nas outras igrejas Cristãs não há esse perigo. Criaram-no só para almas católicas... A Igreja e o Vaticano nunca informam quando uma determinada alma deixa o tal purgatório. Pôr anos seguidos celebram missas pôr uma mesma pessoa falecida sempre que haja um simplório para pagar. O escritor Rocha Pombo disse que o purgatório é a "galinha dos ovos de ouro da ígreja". O Dr. Humberto Rhoden, ex-padre e filósofo disse que as missas de intenção e outros arranjos do catolicismo "rendem milhões de dólares pôr dia em todo o mundo! Os Confissionários ainda servem para vários fins, inclusive para conseguirem "legados e doações" de viúvas chorosas e beatos, que buscando "absolvição" podem ser aliciados e cederem a chantagem, entregando terras e até fazendas. ".4 Igreja Católica no Brasil tem um vultuoso patrimônio imobiliário". (Est. S. Paulo 26-2-80). São Bernardo, doutor da Igreja se exprimia com amargura: "O Clero se diz pastores, mas o que são é roubadores; não satisfeitos com a lã das ovelhas, bebem o sangue". (Roma a Igreja e o Ante-Cristo pag. 178). Hoje não se preocupam com migalhas. O Vaticano e a Igreja vêm aplicando o dinheiro desse "comércio" de tal forma, que possuem edifícios, bancos, fazendas e participam das altas finanças internacionais, sem publicarem balanços completos nem darem satisfação aos seus súditos. A "Igreja" que os papas criaram é descrita no Apocalipse de João como rica e poderosa, mas falsa e infiel: "Vestida de púrpura e escarlate e adornada de ouro e pedras preciosas... gaba-se: Estou assentada como rainha, não sou viúva e não verei o pranto!" (Caps. 17 e 18). Bem situada fez "opção pêlos pobres" e luta para distribuir entre eles as riquezas dos outros sem tocar nas suas. DIVERGÊNCIAS E CONTRADIÇÕES Se os papas não ambicionassem a "infalibilidade" não haveria razão para citações de suas contradições e divergências; como pôr exemplo o Papa Gregório I que condenava a idéia de um "Sacerdócio Universal nas mãos de um só homem”. Mas foi o que fizeram. Sobre o cisma do ocidente, vejam o que nos diz certo livro católico: RETORNO DOS PAPAS A ROMA O retorno dós papas a Roma não foi suficiente para que a paz fosse alcançada. Uma dura luta, incentivada pelo clero e pelos mesmos cardeais, criara graves dificuldades no seio da Igreja, levando-a ao grande Cisma do Ocidente (de 1378 a 1418). Nesses quarenta anos a história do papado atravessara um período obscuro, marcado por lutas entre papas e antipapas que se excomungavam mutuamente, usando qualquer subterfúgio para derrotar o adversário, chegando até ao emprego da guerra e do crime político. O poder papal, nessa época, está assim representado: Em Roma : — — Urbano VI (1378-1389) — Bonifácío IX(1389-1404) — Inocêncio VII (1404-1406) Gregório XII (1406-1417) (destituído no Concílio de Pisa, em 1409, abdicou no Concílio de Constança, em 1415) Em Avinhão : — Clemente VII (1378-1394) — Bento XIII (1394-1424) — (destituído no Concílio de Pisa, em 1409, e novamente em Costança em 1415) Antipapas: _Clemente VIII (1423-1429) — Bento X1V (1425-1430) Em Pisa - Alexandre V: (14O9-141O) - João XXIII (1410 – 1419) (Destituído no Concílio de Constança em 1415). Para se ter uma idéia da confusão que reinava na época entre os cristãos, basta lembrar que vários santos apoiaram papas considerados ilegítimos. S. Catarina de Sena, por exemplo, apoiava o papa de Roma, enquanto S. Vicente Ferrer e o Beato Pedro de Luxemburgo defendiam o papa de Avinhão. A Igreja acabou considerando legítimos somente os quatro papas romanos e antipapas os de Avinhão e Pisa. O Concílio de Constança (1414-1418) pôs fim ao grande Cisma com a eleição de Martinho V. (EXTRAÍDO DO LIVRO CATÓLICO: OS PAPAS, A. PINTONELLO, EDIÇÕES PAULINAS. Tivemos também o Papa Leão X contemporâneo de Lutero que não cria na eternidade... Os Papas S Clemente e Gelasio I nunca aceitaram a Transubstanciação, diziam que "A natureza do pão e do vinho não se alteram". Mas o Papa Inocêncio III, ano 1198, forçou e "decretou' a transubstanciação! Como não é possível acarear esses papas os padres de hoje deveriam estudar a Bíblia pôr si mesmos. Entre centenas de teólogos católicos que discordaram da transubstanciação temos o Abade de Fulda, Rubano Mauro e o Monge Ratramno do mosteiro de S. Pedro que diziam "A benção não altera a substância." Também S. João Crisóstomo resistia e Santo Agostinho parecia zombar quando escreveu. "Não se pode engolir Aquele que subiu vivo para o Céu". Mas a ignorância tomou-se moléstia geral Muitos bispos e padres divergem de muitos dogmas que se fossem abolidos aplaudiriam, ensinam pôr Ofício. Necessitam da transubstanciação. Do Culto às imagens, do Purgatório e outras crendices para manter o sistema em pé. Se forem removidas, o catolicismo cai! Divorciada dos Evangelhos a Igreja não consegue gerar seus próprios sacerdotes. "No Brasil a metade dos padres são estrangeiros" informa dom Luciano na Revista Veja de 30 de janeiro de 1980. O Estado do Vaticano é contra o divórcio, ficam "angustiados" quando ele é votado nos países católicos mas mantém o "Tribunal de Rota" que anula casamentos de casais ilustres pôr grandes somas de dinheiro. Induzem consciências sensíveis escravizando-as. Ha centenas talvez milhares de moças e senhoras, sem identidade, envelhecendo enclausuradas em lúgubres conventos devido a fé falsa que receberam. Ninguém sabe que tipo de tratamento recebem. O Catolicismo deveria recuperar suas mentes distorcidas, abrir os portões, devolvendo-as à sociedade. Cristo nunca propôs uma instituição assim. Ele disse que "Não se deve esconder uma luz". (Evangelho de Lucas 11:33) Também o Vaticano não está em condições de falar sobre "Direitos Humanos" pôr conflitar com a história da Igreja. Falta espaço para comentar esse assunto, mas presentemente estão bloqueando o pedido insistente de 6 mil padres que desejam deixar a batina. (Est.S. Paulo 13-2-80). Mesmo assim, 1.264 padres deixaram a batina em 1982 e nos últimos 8 anos em todo mundo 34.144 padres desertaram. (Inf. o Vaticano, Est. S. Paulo de 11-9-84). O afã de apresentarem-se como Estado político e religioso os tem levado a contradições: Temendo o Comunismo abrigam-se no Ocidente, mas pôr desgraça, se houver uma reviravolta na política, esperam sobreviver porque "jogam nos dois times... " Nunca se ajeitaram com Democracia e Liberdade. Reclamam esse direito somente nos países onde não dominam. Pio IX disse que "A Liberdade de Consciência foi o mais pestilento de todos os erros". (Encic. de 15-8-1954). ANÁLISE BÍBLICA DOS 7 SACRAMENTOS INTRODUÇÃO Diz a Igreja Católica: "Pela palavra sacramento entende-se um sinal sensível e eficaz da graça instituído por, Jesus Cristo, para santificar nossas almas" ("Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã", Editora Vera Cruz Ltda., 1a edição, agosto de 1976, p. 100, resposta à pergunta 516). Contudo, em nenhum lugar da Bíblia encontramos o ensino de que rituais externos conferem graça e salvação ao pecador. Diz a Igreja Católica: "Os sacramentos são sete: Batismo, Confirmação ou Crisma, Eucaristia, Penitência, Extrema-unção, Ordem e Matrimônio" ("Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã", Editora Vera Cruz Ltda., 1a edição, agosto de 1976, p. 101, resposta à pergunta 519). Não obstante, a Bíblia declara que Jesus instituiu somente duas ordenanças: santa ceia e batismo. Demais disso, o nº de 7 sacramentos só veio a ser aceito na idade média. I - Quais são os sacramentos mais necessários para nossa salvação? Os sacramentos mais necessários para nossa salvação são dois: o batismo e a penitência; o batismo é necessário absolutamente para todos, e a penitência é necessária para todos aqueles que pecaram mortalmente depois do batismo. A Bíblia não afirma em lugar algum que o batismo é necessário à salvação, caso contrário, o ladrão da cruz nunca poderia ter entrado no paraíso prometido por Jesus. II - Qual é o maior de todos os sacramentos? O maior de todos os sacramentos é o sacramento da Eucaristia, porque contém não só a graça, mas também o mesmo Jesus Cristo, autor da graça e dos sacramentos ("Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã", Editora Vera Cruz Ltda., 1 a edição, agosto de 1976, p. 104). ANÁLISE BÍBLICA 1. BATISMO O batismo é o sacramento pelo qual renascemos para a graça de Deus e nos tornamos cristãos. O sacramento do batismo confere a primeira graça santificante, que apaga o pecado original e também o atual, se o há; perdoa toda a pena por eles devida; imprime o caráter cristão; faz-nos filhos de Deus, membros da Igreja e herdeiros do Paraíso, e torna-nos capazes de receber os outros sacramentos. O batismo é absolutamente necessário para a salvação, porque o Senhor disse expressamente: Quem não renascer na água e no Espírito, não poderá entrar no reino dos céus ("Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã", Editora Vera Cruz Ltda., 1a edição, agosto de 1976, pp.105-106,108 resposta às perguntas 549-550, 564). Resposta Apologética: O batismo é uma ordenança de Jesus, mas não um sacramento. Batizamo-nos porque somos salvos e não nos batizamos para sermos salvos (Mt 28.19; Mc 16.15-16). O versículo 16 declara que quem não crer será condenado e não quem não for batizado (Lc 5.24-34, 23.43; At 16.30-31) Jesus ensinou sobre as crianças que elas não se perdem (Mt 18.1-4; 19.13-14). 2. CONFIRMAÇÃO OU CRISMA A Confirmação, ou Crisma, é um sacramento que nos dá o Espírito Santo, imprime na nossa alma o caráter de soldados de Cristo, e nos faz perfeitos cristãos ("Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã", Editora Vera Cruz Ltda., 1a edição, agosto de 1976, resposta à pergunta 575, p. 110). Resposta Apologética: O Espírito Santo é dado ao que aceita o Senhor Jesus como Salvador (Jo 16.79;14.16-18-26;16.13-14) e não a incrédulos. Como confirmar o batismo de alguém que não foi biblicamente batizado? A fé precede o batismo (At 8.36-38) e o batismo precede a fé. Uma criança recém-nascida não tem condições de crer e confessar Jesus como Salvador. 3. EUCARISTIA: Ensinando sobre a Eucaristia, diz a Igreja Católica: A Eucaristia é um sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu precioso sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual. Ensina que na Eucaristia está o mesmo Jesus Cristo que está no céu. Esclarece ainda que essa mudança conhecida como transubstanciação ocorre no ato em que o sacerdote, na santa Missa, pronuncia as palavras de consagração: Isto é o meu Corpo; este é o meu sangue. Deve-se adorar a Eucaristia? A Eucaristia deve ser adorada por todos, porque ela contém verdadeira, real e substancialmente o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor ("Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã", Editora Vera Cruz Ltda., 1a edição, agosto de 1976, resposta à pergunta 619). Resposta Apologética: Esta doutrina é contrária ao bom senso e ao testemunho dos sentidos - o bom senso não pode admitir que o pão e o vinho oferecidos pelo Senhor aos seus discípulos, na Ceia, fossem a sua própria carne e o seu sangue, ao mesmo tempo em que permanecia em pé diante deles vivo, em carne e osso. E manifesto que Jesus, segundo seu costume, empregou uma linguagem simbólica, que queria dizer: este pão que parti representa meu corpo que vai ser partido por vossos pecados; o vinho neste cálice representa meu sangue, que vai ser derramado para apagar os vossos pecados. Não há ninguém, de mediano bom senso, que compreenda, no sentido literal, estas expressões simbólicas do Salvador: Eu sou a porta, eu sou a videira, eu sou o caminho. A razão humana não pode admitir tampouco o pensamento de que o corpo de Jesus, tal qual se encontra no céu (Lc 24.39; Fp 3.20), esteja nos elementos da Ceia. Como se admitir que Jesus desça aos altares romanistas revestido do corpo que teve sobre e terra, a se deixe prender nos altares católicos. A Ceia é uma ordenança e não Eucaristia; era usado pão e não hóstia; é um memorial como se lê em 1 Coríntios 11.25-26; o Senhor Jesus usou muitas palavras de forma figurada: Eu sou a luz do mundo (Jo 8.12); Eu sou a porta (Jo 10.9); Eu sou a videira verdadeira (Jo 15.1). Jesus chamou na última Ceia os elementos de pão e vinho, sem dar qualquer motivo para se crer na transubstanciação. Adorar a Eucaristia é um ato de idolatria. 4. PENITÊNCIA: A penitência, chamada também confissão, é o sacramento instituído por Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do batismo. Depois de feito o sinal da Cruz, o católico deve dizer: Eu me confesso a Deus todo poderoso, à bem-aventurada sempre Virgem Maria, a todos os Santos, e a vós, Padre, porque pequei. As obras de penitência podem reduzir-se a três espécies: à oração, ao jejum, à esmola. Os que morrem depois de ter recebido absolvição não vão logo para o céu vão para o purgatório, para ali satisfazer a justiça de Deus e se purificarem inteiramente. As almas podem ser aliviadas no Purgatório com orações, com esmolas, com todas as demais obras boas e com as indulgências, mas, sobretudo, com o Santo Sacrifício da missa. ("Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã",Editora Vera Cruz Ltda., 1ª edição, agosto de 1976, resposta à pergunta 788, p. 144). Resposta Apologética: Não há um só caso de alguém que tenha confessado os seus pecados a homens ou mesmo aos apóstolos. Em 1 João 1.7-9, João ensinou que devemos confessar nossos pecados a Jesus e que Ele é suficiente para perdoar. Se Pedro estivesse investido do poder de perdoar pecados, por que não pediu a Simão que se ajoelhasse em confissão, para resgate do seu pecado? Exortou a Simão que recorresse a quem tinha tal poder de perdoar pecados (At 8.22). Jesus disse à mulher pecadora, perdoados são os teus pecados (Lc 7.48), não ouviu Ele a confissão da mulher. Jesus ensinou a oração do Pai-nosso ao dizer: Perdoa-nos as nossas dívidas, assim, como nós perdoamos aos nossos devedores (Mt 6.12). Na celebração da Ceia, Paulo recomendou que cada um de nós fizesse exame introspectivo (1 Co 11.28). 5.EXTREMA-UNÇÃO A extrema-unção é o sacramento instituído para alívio espiritual e também temporal dos enfermos em perigo de vida ("Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã", Editora Vera Cruz Ltda., 1a edição, agosto de 1976, resposta à pergunta 805, p. 147). Resposta Apologética: Em Tiago 5.14-16, se recomenda chamar o presbítero para orar pelo enfermo para sua cura e não receber extrema-unção como uma recomendação do corpo sem a qual não se procede ao sepultamento cristão do corpo. 6. ORDEM: A ordem é o sacramento que dá o poder de exercitar os ministérios sagrados que se referem ao culto de Deus e à salvação das almas, e que imprime na alma de quem o recebe o caráter de Deus ("Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã", Editora Vera Cruz Ltda.,1a edição, agosto de 1976, resposta à pergunta 811, pp. 148-149). Resposta Apologética: No Antigo Testamento, o sacerdócio era exercido por uma classe especial de homens que eram os descendentes de Arão. Hoje no Novo Concerto o sacerdócio é exercido por todos os cristãos e não por uma classe sacerdotal intermediária entre Deus e os homens. O apóstolo Pedro escreveu que como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrificios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo (1 Pe 2.5). Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9). 7. MATRIMÔNIO: O matrimônio é um sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, que estabelece uma união santa e indissolúvel entre o homem e a mulher, e lhes dá a graça de se amarem um ao outro santamente, e de educarem cristãmente seus filhos ("Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã", Editora Vera Cruz Ltda., 1a edição, agosto de 1976, resposta à pergunta 826, p. 151). Resposta Apologética: O casamento é uma instituição divina e não um sacramento (Gn 2.18-24; Mt 19.46). Pedro foi considerado o primeiro papa e, entretanto, era casado (Mt 8.14-15). Paulo recomenda que o ministro seja casado (1 Tm 3.1-3). PERGUNTAS DE UM LEIGO CRISTÃO AOS ROMANISTAS 1. Os cristãos bíblicos tinham a plenitude da graça de Deus somente com os escritos apostólicos, sem os "pais antigos" e a Tradição medieval ? 2. A qual Evangelho Paulo se referiu como "poder" e "salvação" do crente (Romanos 1:16), visto que o romanismo considera o "Evangelho" como incompleto sem a Tradição e às sucessivas interpretações do Magistério ao longo da História ? 3. O seguinte texto : "Oh! quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia. Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação." (Salmo 119:97,99) por acaso não fere a divina inspiração da Tradição e autoridade da Igreja, descartando perigosamente o Magistério ? 4. Onde estava o Magistério da igreja de Beréia, onde os próprios cristãos julgavam o ensino de Paulo "para ver se as coisas eram de fato assim" (Atos 17:11), e que estranhamente mereceu o elogio do apóstolo ? 5. Se Roma tem a primazia por ser supostamente considerada a cidade em que Pedro exerceu seu ministério, então por que não foi dada razão maior a Antioquia, pois diz a mesma tradição que antes de Pedro ir para Roma ele exerceu primeiro seu episcopado em Antioquia, deixando lá seus sucessores Evódio e Inácio? 6. Não teria Paulo invadido o território episcopal de Pedro, o papa, ao enviar uma carta de instruções corretivas àquela Igreja, pois onde estava Pedro que não instruía os romanos sobre a doutrina? Pois Cristo disse a ele: "confirma teus irmãos na fé" (Lucas 23:32). 7. É propagado nos meios de comunicação que, sendo a Igreja o amor de Deus na Terra, ela jamais praticou o mal, mas sim "pessoas da Igreja" praticaram o mal. Como devo, então, interpretar a Inquisição e as Cruzadas ? Como um ato de "pessoas da Igreja" (crueldade), ou como um ato da "Igreja" (amor) ? 8. Os papas medievais representavam a "Igreja" ou eram apenas "pessoas da Igreja" ? 9. Supondo que a violência medieval tenha sido um ato de "pessoas da Igreja", por que o papa atual pede perdão em nome da Igreja, ou ainda responsabilizandose por erros pessoais de outros ? 10. Visto que é impossível uma casa permanecer de pé se o seu alicerce estiver podre, como a Igreja permaneceu de pé, apesar da devassidão de sua suposta pedra fundamental (o papa) durante vários períodos? 11. Como pode o inferno não ter prevalecido contra a Igreja, mas ao mesmo tempo - num lapso da parte de Deus, quem sabe - ter prevalecido contra a pedra fundamental de sua estrutura (o papa) ? 12. A infalibilidade dos papas (Cânon 891 do Catecismo) poderia também abranger Pedro, mesmo que este tenha sido repreendido publicamente por Paulo, e ainda acusado de dissimular junto com os cristãos judaizantes (Gálatas 2:11-14) ? 13. A Igreja é a coluna e sustentáculo da verdade (1 Timóteo 3:15) ou é a própria verdade ? 14. O papa Pio IX, declarado infalivel, disse que a liberdade de consciência e de culto são uma loucura. Declarou ainda que os não católicos que vivem nos países católicos não deveriam ter permissão de praticar publicamente a sua religião. Já o Concílio Vaticano II (1962-1965) elaborou um documento intitulado "Declaração Sobre a Liberdade Religiosa", o qual declara que todas as pessoas têm direito à liberdade de religião ("Dignitatis Humanae"). Em qual documento devo acreditar ? 15. Se Pedro repreendeu Cornélio quando este se lançou aos seus pés (Atos dos apóstolos 10:25,26), qual a razão da cerimônia milenar do "beija-pés", quando os cardeais beijavam os pés do papa ? 16. Onde se encontra a distinção entre "o poder de ligar" (exclusivo ao papa) em Mateus 16:19 e o "poder de ligar" (relativo aos sacerdotes comuns) em Mateus 18:18 ? 17. Onde se encontra a distinção entre clero e leigos nas passagens de Mateus 19:12 e 1 Coríntios 7:25-27, no que diz respeito às virtudes do celibato ? 18. Onde se encontra a distinção entre leigos e clero na passagem de Gênesis 2:18,24, no que diz respeito à solidão e à consequente necessidade do matrimônio ? 19. Um padre criminoso tem o poder de absolver os pecados de outrem ? 20. Por que o mesmo Espírito que inspiraria e capacitaria um padre a perdoar ou reter o pecado de outra pessoa não preservaria sua própria alma de pecar, ou pelo menos absolveria a si próprio ? 21. Ao prometer o paraíso ao ladrão na cruz, Deus abriu uma excessão em sua própria determinação fazendo assim acepção de pessoas, ou Tiago errou ao afrirmar que em Deus "não há mudança nem sombra de variação" (Tiago 1:17) ? 22. Supondo que Deus tenha aberto exceção em sua própria regra quanto ao Batismo (Ele poderia ter aberto outras, quem sabe), por que o Catecismo Romano estabelece o sacramento do Batismo como algo absolutamente necessário à salvação (Cânon 1257)? 23. Como Cornélio recebeu o Espírito Santo sem ter sido batizado (Atos dos apóstolos 10:44-48) ? 24. Agostinho, declarado santo, zombou da Transubstanciação. Por que a Igreja não o considera como herege blasfemador e execra todos os seus escritos por discordar e zombar de uma doutrina tão fundamental ? 25. Por que a hóstia consagrada vem a estragar, se Pedro disse que o corpo de Cristo jamais viu corrupção (Atos dos apóstolos 2:31) ? 26. Como é possível afirmar que uma obra resulta em acréscimo de graça, e ao mesmo tempo negar que no fim deste mesmo processo estas mesmas obras não tenham comprado a própria salvação ? 27. A passagem de Mateus 5:25,26 poderia se referir a alguma purificação complementar de pecados além túmulo (Purgatório), ou na verdade se trataria do perdão total do pecado do ódio (visto que este é comparado ao homicídio e à ira nos versos 21-24 do mesmo texto), contrariando assim 1 Coríntios 6:9,10 e Apocalipse 21:8 e 22:15, além do próprio conceito de "pecado mortal" (pecado da ira) do catolicismo ? 28. Onde está a divina inspiração nestes versos de 2 Macabeus: "... também eu, aqui porei fim ao meu relato. Se o fiz bem, de maneira conveniente a uma composição escrita, era justamente isso que eu queria; se vulgarmente e de modo medíocre, é isso o que me foi possível." (2 Macabeus 15:37,38 Bíblia de Jerusalém) ? 29. Na passagem de Lucas 1:34 Maria responde ao anúncio do anjo: "Como se dará isto, se não conheço varão ?". No comentário dessa passagem, na versão católica "Matos Soares", consta: "Por estas palavras vê-se que Maria Santíssima tinha feito voto de virgindade perpétua, o qual estava resolvida a aceitar, não obstante o matrimônio". No comentário da mesma passagem de Lucas, já a católica Bíblia de Jerusalém declara: "A virgem Maria é apenas noiva (v.27) e não tem relações conjugais (sentido semítico de "conhecer", cf. Gn 4.1; etc.). Esse fato, que parece opor-se ao anúncio dos vv. 31-33, induz à explicação do v. 35. Nada no texto impõe a idéia de um voto de virgindade". Perguntaria quais dessas Bíblias é nociva à fé católica, devido a algum destes comentários ser herético ? 30. Eu preciso crer em Maria para ser salvo ? 31. Como pode Maria ouvir milhões de súplicas ao mesmo tempo, visto que somente Deus possui o atributo da onisciência e onipresença ? 32. Se Maria é Advogada dos Homens (Cânon 969 do Catecismo), não seria inconcebível uma advogada advogar perante um outro Advogado - Jesus (1 João 2:1) - ou, pior, Maria advogar perante o Juiz, Deus Pai, tornado Jesus um advogado dispensável ? 33. João não viu ninguém digno de abrir o livro da Revelação (o destino da Humanidade) "nem nos céus, nem sobre a terra" (Apocalipse 5:1-5). Não seria estranho o fato do apóstolo não ter visto Maria, preservada de qualquer mancha de pecado ao longo da vida (Cânon 491,493,494 do Catecismo) além de ser considerada a Senhora e Rainha do Universo (Cânon 966 do Catecismo) ? 34. Jesus morreu por Maria também ? 35. No livro de Isaías 42:8, na tradução Pe.Matos Soares, consta: "Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem consentirei que se tribute aos ídolos o louvor que só a Mim pertence.". Se o louvor e a glória são exclusivamente divinas, por que Maria é coroada e louvada em procissão e em outras solenidades, ou então coroa não significaria glória e domínio ? 36. Não haveria um erro gramatical na narrativa de João, quando se diz "eis aí tua mãe... eis aí teu filho" (João 19:26, 27), ao invés de "eis aí vossa mãe... eis aí vossos filhos...", visto que João não estava só, mas acompanhado de Madalena e Maria de Clopas (verso 25), além de uma multidão ? 37. Durante a festa dedicada a João Paulo II em outubro de 1997 no Maracanã, foi dedicado ao Pontífice uma canção que dizia; "Ave Maria, NOS SEUS ANDORES, rogai por nós pecadores", interpretada por Fafá de Belém. Tal canção não seria digna de grave censura, já que sabemos que estátuas não rogam e nem Maria vive em andores, perguntaria se o que caracteriza a idolatria não é precisamente o fato de ver o símbolo como sendo o próprio simbolizado ? 38. O que significam as expressões "uma vez por todas" e "uma vez" no livro de Hebreus, ao referir-se ao sacrifício de Cristo ? 39. Os cristãos ortodoxos (excomungados em 1054) e os cristãos protestantes (excomungados no Concílio de Trento, 1546-1563) que morreram antes do Concílio Vaticano II (1965) foram para o inferno ? SUPERSTIÇÃO E LENDA Os santos católicos que nunca existiram Nem todos os santos venerados são realmente considerados históricos por teólogos católicos. Um exemplo típico é o Santo Expedito, que aparece em primeiro lugar nos postes e muros da cidade, bem como galardoado com faixas. Contudo, tem sua história questionada por teólogos católicos. Conta-se que ele era comandante de uma legião de soldados romanos e foi sacrificado em 19 de abril de 303, por ordem do imperador Diocleciano, ao lado dos companheiros Caio, Gálatas, Hermógenes, Aristarco e Rufo. Isso porque teria aderido à fé cristã. Segundo a tradição, no momento de sua conversão apareceu um corvo que lhe disse crás (amanhã, em latim). Imediatamente, o soldado esmagou o corvo com o pé e gritou hodie (hoje), razão pela qual se tornou aquele a quem se recorre quando não se pode deixar nada para amanhã. Contudo, o padre Charles Foucauld, responsável pelo "anuário dos santos católicos", da editora Paulus, comenta: "a mensagem dele esmagando o corvo não me parece muito cristã. E, para mim, ELE É LENDÁRIO, NÃO EXISTIU DE FATO... mas se você disser que ele não existiu, o pessoal que o procura pode ficar bravo". Santo Expedito, para o desconforto de seus fiéis, não aparece no anuário da editora Paulus. No livro "As Catacumbas de Roma" ed. CPAD Benjamin Scott, nos conta a história de muitos "santos" que foram forjados como mártires e entregue a devoção popular. Tudo isso atestado pela "Congregação das Relíquias". Uma outra Santa Forjada num erro de tradução de palavras é a tal "Santa Verônica" cujo nome deriva das palavras Vera Icon que significa "retrato verdadeiro". Eram cópias de retratos de Cristo que com o tempo vieram chamar-se Veronicoe. Com o tempo Roma construiu várias lendas baseadas no uso errado do nome Veronicae. Ainda o ex-padre Agrício do Vale em seu livro "Porque estes padres deixaram a batina" acrescenta que Santa Catarina, Santo Aleixo, São Cristovão e Santa Filomena é "tudo lenda" (pág. 161) A IMPORTÂNCIA DA TRADIÇÃO NO CATOLICISMO No conceito católico, “Tradição” é um termo empregado para designar supostos ensinamentos que Cristo e os apóstolos transmitiram de viva voz de geração à geração à igreja. Ela é formada pelos escritos dos “santos padres” e as declarações oficiais dos Concílios através dos tempos. O concilio da contra-reforma (Concilio de Trento) dizia: “A revelação sobrenatural está nos livros escritos e nas tradições não escritas...” “A Sagrada Tradição”, afirma o Concílio Ecumênico Vaticano II através de sua Constituição Dogmática Dei Verbum “a Sagrada Tradição...transmite integralmente aos sucessores dos apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos...” A tradição é a fonte primordial de todas as doutrinas extrabíblica encontrada no bojo dogmático do catolicismo. Por isso que somente após o concílio tridentino, foi que apareceram as primeiras coleções de obras patrísticas - o primeiro órgão da Tradição fazendo frente à reforma protestante levada a cabo por Martinho Lutero. Era necessário dar um status de autoridade à tradição a fim de dar suporte às heresias romanistas. O teólogo católico Van Iersel, em seu artigo: “O uso da Bíblia na Igreja Católica”, inserido no vol. V, de Temas Conciliares na página 17, confessa: “...em oposição à reforma deu-se um lugar à Tradição ao lado da Escritura, o que tornava muito relativo o valor da Bíblia”.(ênfase acrescentada) Foi assim que a tradição ganhou força junto às Escrituras, sendo até mesmo superior a esta pois, “Pela mesma Tradição...as próprias escrituras são nela cada vez melhor compreendidas...” sublinha o Concílio Vaticano II. Enquanto a tradição sempre é empregada para determinar o que diz a Bíblia, em contrapartida nunca é permitido à Bíblia julgar a tradição. A FRAGILIDADE DAS TRADIÇÕES A grande maioria das religiões pagãs como o hinduismo, religiões tribais indígenas e orientais têm nas suas tradições religiosas, transmitidas de boca a boca, uma fonte de autoridade igual a dos livros sagrados de outras religiões. Entretanto, esta tendência em ver a tradição como autoridade suprema não é exclusividade das religiões pagãs politeístas. Por exemplo, a lei Islâmica (Sharia) é baseada principalmente em duas fontes: O Alcorão e o Hadith, que são os volumes que contem a “Tradição Viva” ou Sunnah. Ela compreendia tudo que Maomé fez e disse à parte do Alcorão. Outrossim, o Judaísmo tradicional segue o mesmo padrão, Bíblia-tradição. Os livros do Antigo Testamento são visto como a Bíblia dos judeus , mas a ortodoxia judaica está realmente definida por uma coleção de tradições rabínicas antigas, conhecida como o Talmude. Em efeito, as tradições do Talmude levam uma autoridade igual ou maior que a da Bíblia. O Talmude, segundo a terminologia adotada na edição de Basiléia (1578-1581), compreende a Mischná (conjunto de toda a lei oral admitida) e o Guemará (“aprendizado” ou “ensino” em aramaico, conjunto de comentários feitos por doutores da lei sobre a Mischná e outras coletâneas de leis orais). Os judeus da época de Jesus também colocaram a tradição em pé de igualdade com a Bíblia. Na verdade eles fizeram as suas tradições superiores à própria Bíblia, porque esta, fora interpretada através das tradições. Sempre que a tradição é elevada a um nível tão alto de autoridade, fica inevitavelmente prejudicada a autoridade da Bíblia. Jesus fez esta mesma observação quando ele confrontou os líderes judeus. Ele mostrou de fato com isso que em muitos casos as tradições dos judeus haviam anulado a palavra de Deus – a Bíblia. Ele os reprovou então da maneira mais severa possível: “Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?” Mt. 15:3 “Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens.” Mc. 7:8 “Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar o mandamento de Deus, para guardardes a vossa tradição.” Mc 7:9 “invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição que vós transmitistes; também muitas outras coisas semelhantes fazeis.” Mc. 7:13 A Igreja católica tem seu próprio corpo de tradição que funciona em particular precisamente como o Talmude judeu: é o padrão pelo qual a Bíblia é interpretada. Com efeito, a tradição acaba por suplantar a voz da Bíblia. Ora, onde o ensino sobre a intercessão dos santos e anjos, a doutrina de Maria como a Conceição Imaculada, a suposição de que Maria é co-redentora com Cristo ? Nenhuma dessas doutrinas pode ser substanciada através da Bíblia. Elas são o produto da tradição católica romana. O QUE É SOLA SCRIPTURA ? O princípio da Reforma de sola Scriptura é pouco ou mal compreendido pelos católicos. Ela tem a ver com a suficiência da Bíblia como nossa autoridade suprema em todos os assuntos espirituais. Sola Scriptura demonstra simplesmente que toda a verdade que é necessária para nossa salvação e vida espiritual é ensinada explicitamente ou implicitamente na Bíblia. Não é uma reivindicação de que todo tipo de verdade tem de ser forçosamente encontrada na Bíblia. Os apologistas católicos reivindicam a necessidade da tradição, alegando que a Bíblia não registra tudo em matéria de fé. Isto simplesmente não é verdade. Mas por outro lado, a sugestão da tradição como forma de solucionar esta lacuna não resolve o problema, pois semelhantemente ela não é exaustiva. Por exemplo, a Bíblia não dá detalhes exaustivos sobre a história da redenção, ou sobre certas verdades científicas, dinossauros etc. Em João 21:25 diz que nem tudo aquilo que Jesus fez estão registrados no livro, e realmente todos os livros do mundo não seriam suficientes o bastante para aquele propósito. Mas a Bíblia não tem de ser exaustiva para funcionar como a regra exclusiva de fé do cristão. Nós precisamos de conhecimento necessário e não de conhecimento exaustivo. Tudo aquilo que Deus requer de nós é dado na Bíblia e Ele nos proíbe exceder aquilo que está escrito (Dt. 4:2 ; 12:32 - 1 coríntios 4:6). Outrossim, Sola Scriptura não é uma negação da autoridade da igreja para ensinar a revelação de Deus. A Igreja é “o pilar e fundação da verdade” (Timóteo 3:15) porque apóia e ensina a Palavra de Deus que é a verdade João 17:17. Porém, a igreja não pode ensinar doutrinas de origem humana ou pode contradizer o que a Bíblia diz. A autoridade da igreja é subordinada à autoridade da Bíblia. E por último, sola Scriptura não é uma negação que historicamente a Palavra de Deus veio em forma oral. Antes de escrever a sua mensagem, Deus falou pelos apóstolos e profetas, e pessoalmente a Jesus Cristo (Hebreus 1:1). Durante o mesmo tempo o Espírito Santo moveu os homens santos para escrever a palavra Dele para ser o registro inspirado permanente de sua mensagem na era pós-apostólica. Os apóstolos e profetas são a fundação da igreja (Efésios 2:20) mas eles estão ausentes, nós ainda podemos construir nossa vida baseada no ensino deles que é registrado na infalível palavra de Deus. A SUFICIÊNCIA DAS ESCRITURAS O senhor nunca quis se fiar na tradição oral, tanto é que mandou seus servos escrever a sua santa palavra. 1. Ele mesmo deu exemplo escrevendo as tábuas da lei Êxodo 24:12. 2. A Moisés ordenou que escrevesse suas leis Êxodo 31:24-26 ; 34:27. 3. Josué também escreveu, Josué 24:26. 4. Os profetas como Isaias 8:1 30:8, Jeremias 30:2 ; 36:1-4, Daniel 7:1, Habacuque 2:2 e outros também registraram em forma escrita as palavras de Deus logo que as receberam! Não encontramos no Antigo Testamento qualquer base remota que endosse a possibilidade de uma fonte doutrinária chamada “Tradição Oral”! Jesus e os apóstolos sempre se valeram da palavra escrita de Deus, ela sempre foi o veículo transmissor da revelação Divina! O texto de 2 Timóteo 3:15-17 é enfático em demonstrar que a Bíblia e ela somente é suficiente para nos guiar, vejamos: “e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em Cristo Jesus. Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.” Sendo assim, Lucas poderia de fato elogiar os crentes de Beréia como sendo “mais nobres” que os outros pois não confiaram na transmissão oral do evangelho dada por Paulo, mas submeteram-na ao crivo das escrituras (Atos 17:11). A palavra escrita segundo Paulo é segurança, “Não me é penoso a mim escrever-vos as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança.” (Filipenses 3:1) A TRADIÇÃO ORAL TEM SUPORTE BÍBLICO ? Os apologistas católicos argumentam que existem certos trechos na Bíblia que dão suporte à tradição. Até mesmo nas versões das Bíblias protestantes fala de uma certa “tradição” que seria recebida e obedecida com reverência inquestionável. O que dizer destes versos?. Vamos examinar agora alguns destes versículos que são citados com o fito de embasar seus ensinos extrabíblico de, “verbum de sola Dei”, somente a palavra de Deus, que no entendimento católico é Bíblia + tradição. Colocamo-nos ao lado do apóstolo Pedro em reconhecer que nos ensinos de Paulo há certos “...pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição.” (II Pedro 3:16) Alguns evangélicos se mostram tímidos em responder o que o apostolo Paulo queria dizer com a palavra “tradição”. Entretanto, um exame minucioso do versículo pode dissipar quaisquer dúvidas a este respeito. Existem vários outros pontos que são invocados pelos católicos para fundamentar sua doutrina, mas o espaço não nos permite ser prolixos, iremos aqui analisar apenas os principais. “e o que de mim ouviste de muitas testemunhas, transmite-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.” II Timóteo 2:2 Os católicos teimam em dizer que este versículo é uma prova da transmissão das tradições através duma suposta sucessão apostólica. Será? Aqui o apóstolo Paulo instrui Timóteo a treinar outros homens fiéis para a tarefa de liderança na igreja. Nem de longe há alguma sugestão de sucessão apostólica neste verso, nem dá margem para afirmar que ele estaria passando uma suposta tradição infalível com autoridade igual à palavra de Deus. Pelo contrário, o que este verso descreve simplesmente é o processo de discipulado. Longe de dar a estes homens um pouco de autoridade apostólica que garantiria a infalibilidade deles, Timóteo deveria escolher homens que tivessem provado terem sido fieis, para lhes ensinar o evangelho, e os equipar nos princípios de liderança da igreja. que ele tinha aprendido de Paulo. Timóteo deveria confiar a eles a verdade essencial que o próprio Paulo tinha pregado “na presença de muitas testemunhas”. O que era esta verdade? Seria ela alguma misteriosa tradição sobre Maria que permaneceu desconhecida há séculos até que certo papa “infalível” falando ex-catedra a impusesse como regra de fé ? Não. Essa verdade era simplesmente a mesma mensagem que aparece na Bíblia e que Paulo declarou que era suficiente para salvar II Timóteo 3:16 – 4:2. Nada há que indique o contrário! “Assim, pois, irmãos, estai firmes e conservai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.” II Tessalonicenses 2:15 Este é talvez o versículo favorito dos católicos quando eles querem apoiar a doutrina da tradição, porque o verso delineia claramente entre a “palavra escrita” e as “tradições orais”. Concluem dizendo que uma boa parte de seu ensino foi oral, e que chegou até nós somente através da tradição. A palavra grega traduzida aqui para “tradição” é paradosis. Há de observar que tradição neste texto não é sinônimo da “Tradição” no conceito católico! O apóstolo está falando de doutrina ou ensinamentos. E não há de se supor que esta doutrina não seja a verdade inspirada de Deus que ele expôs a todos os fiéis nas páginas do Novo Testamento. Novamente, o contexto é essencial para uma boa compreensão do que Paulo estava querendo dizer! Os Tessalonicenses tinham sido enganados evidentemente por uma carta forjada (supostamente escrita pelo apóstolo Paulo), falando que o dia do Senhor já tinha chegado (2 Tessalonicenses 2:2). A igreja inteira tinha ficado aparentemente perturbada com isto, e o apóstolo Paulo estava ansioso para os encorajar. Então ele passa a lhes contar como reconhecer uma epístola genuína sua, teria a marca de sua assinatura (3:17). Isto garantiria uma segurança contra as epístolas espúrias em nome dele. Mas até mesmo mais importante que isto , ele queria que eles se despertassem para os mesmos ensinamentos que eles já haviam recebido dele. Por exemplo, ele já tinha lhes falado que o dia do Senhor seria precedido pelo anticristo. Dizia ele: “Não vos lembrais de que eu vos dizia estas coisas quando ainda estava convosco?” (2:5) Não havia nenhuma desculpa para eles, pois haviam sido instruídos sobre isto pela própria boca dele, ou seja, de forma oral ! Não devemos nos esquecer também que esta é a segunda epístola dele aos Tessalonicenses. Assim, a mera referência a respeito de “tradições orais” recebidas diretamente do próprio Paulo é irrelevante como base para a posição católica, pois nada aqui sugere que a tradição que Paulo entregou aos Tessalonicenses (oralmente) é algo diverso do que esteja nas cartas neotestamentaria dele. Paulo não está encorajando os Tessalonicenses a receber alguma tradição que tinha sido entregada a ele por terceiros, mas eram as mesmas doutrinas que havia recebido por inspiração do próprio Deus (Gálatas 1:11,12). Invocamos aqui um episódio análogo em que Ireneu, um dos pais da igreja ( 202 AD), em sua obra “Contra as Heresias – Lv. III”, numa refutação aos gnósticos de então, usa as escrituras para combatelos, entretanto, estes como meio de escape repelem as escrituras como espúria: “Quando estes são argüidos a partir das Escrituras, põem-se a acusar as próprias escrituras...”. Todavia, quando eram refutados pelos apologistas através das próprias escrituras, apelavam para a chamada “tradição Oral”. Prosseguindo, Ireneu reproduz em poucas palavras o álibi apresentado por eles como escape: “...é impossível achar neles (nos textos bíblicos) a verdade se se ignora a tradição. Porque – (prosseguem dizendo) – essa verdade não foi transmitida por escrito e sim de viva voz...”, “Quando”, afirma Ireneu, “...então passamos a apelar para a tradição que vem dos apóstolos e se conserva nas igrejas pelas sucessões dos presbíteros, opõem-se à tradição.” A princípio parece que Irineu ensinava a tal chamada “Tradição Oral” nos moldes católico romano. Mas observando o texto com mais perspicácia, concluimos que o conteúdo de tal “tradição” nada mais era do que as próprias escrituras. Ele joga mais luz na questão quando apela para a carta de Clemente aos Coríntios dizendo que Clemente tinha anunciado aos Coríntios“...a tradição que tinha recebido recentemente dos apóstolos...”. Vamos ler agora o que seria tal tradição: ele elucida que os bispos ensinavam como tradição que há “um só Deus Onipotente, Criador do céu e da terra, que modelou o homem, produziu o dilúvio, chamou a Abraão, fez sair seu povo do Egito, falou a Moisés, estabeleceu o regime da lei, enviou os profetas, preparou o fogo para o diabo e seus anjos...todos os que quiserem podem verificar segundo o mesmo documento” e “Podem assim conhecer a tradição apostólica da Igreja...” Veja que nada que é citado como tradição, não difere substancialmente em nada do que está nas escrituras, vejamos: “Com efeito, não tivemos conhecimento da economia de nossa salvação por outros que não os pregadores do Evangelho. Este Evangelho, que eles primeiramente pregaram depois, pela vontade de Deus, eles nos transmitiram em Escrituras a fim de se tornar o fundamento e a coluna de nossa fé” e mais “E se os apóstolos não tivessem deixado quaisquer Escrituras, não se haveria de seguir a ordem da tradição que eles legaram aos mesmos aos quais confiaram as igrejas ?” O que Ireneu queria dizer aqui é o que J. Harold Greenlee citado por Mcdowell com muita propriedade afirma: “são em número tão grande (as citações das escrituras pelos pais primitivos) que é virtualmente possível reconstituir o Novo Testamento a partir dessas citações, sem fazer uso dos manuscritos do Novo Testamento” Isto posto, afirmamos que a “tradição” que os primeiros apologistas patristicos ensinavam, podiam com segurança ser encontradas nas escrituras. Ambas não entravam em conflito! O mesmo já não podemos dizer da Tradição católica romana, que por vezes promulga ensinamentos extrabíblicos em nome dessa tal “Tradição Oral”! “E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem.” João 21:25 Dizem os católicos que muitas doutrinas foram transmitidas oralmente à igreja e não foram registradas nas escrituras. No entanto se olharmos com mais cuidado este verso veremos que ele não fala de ensinamentos ou doutrinas, mas de coisas (milagres) que Ele fez pois “Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (20:30,31) Este verso não é alicerce para a doutrina espúria da chamada “Tradição Oral” e sim uma demonstração de que aquilo que foi escrito é mais do que necessário e suficiente para nossa salvação! DERRUBANDO SOFISMAS Os católicos ávidos por acharem vestígios de certas “tradições orais” nos escritos neotestamentario acabam por deixar seus pressupostos serem os árbitros na exegese do texto bíblico. O que segue abaixo são algumas das objeções levantadas por apologistas católicos enviadas a nós; “Em 1Cor 10,4, São Paulo nos conta uma interessante história que mostra como a Tradição Oral e a Escrita estavam situadas no mesmo nível: escrevendo sobre os sentidos figurados do Antigo Testamento, tomou um exemplo que não está escrito nele: a rocha da qual manava água (Ex 17,1-7; Num 20,2-13) e que acompanhava os Judeus no deserto. Não há nada nas Escrituras sobre uma pedra andando junto com os judeus!” Refutação: Paulo estava familiarizado com trabalhos da literatura judaica, inclusive trabalhos do período interbíblico que tornaram-se parte da literatura apócrifa. Esta passagem pode ser encontrada em Philo. Ele estava igualmente familiarizado com a filosofia e mitologia grega, e certamente utilizou destas fontes. Quanto a isto não temos dúvidas. O caso é, a familiaridade de Paulo com tais fontes significa que elas são divinamente inspiradas, autorizadas, e infalíveis ? Claro que não! Será que está passagem é alguma interpretação oral da Bíblia desde Philo até Moisés aplicando-se aos cristãos hoje? Novamente não. A Bíblia usa às vezes fontes não inspiradas (cf. Nm. 21:14 Js. 10:13 I Rs 15:31) Por três vezes Paulo cita pensadores não cristãos como Arato, Menânder e Epimênides (At. 17:28 I Co. 15:33 Tt. 1:12). A Bíblia porém nunca faz tais citações como tendo autoridade da parte de Deus. As frases usuais de autenticação divina tais como “assim diz o Senhor” ou “está escrito” nunca são encontradas quando há citações destas obras pseudepigráficas. Na interpretação alegórica de Philo sobre a lei, o maná e a bebida (ou fonte da bebida) é comparada a sabedoria de Deus. Paulo interpreta estas identificações em termos da sabedoria do Judaísmo helenístico aplicando-as a Cristo. Isto não significa que ele desejou dizer sobre Cristo tudo aquilo que o Judaísmo helenístico disse sobre a sabedoria. Agora os católicos dizem que Paulo tirou isto da “Tradição Oral”. Sim, ele tirou de fontes extra-biblica, mas o que isto prova? Prova somente que ele tirou ilustrações e terminologias de todos os tipos de lugares. Da mesma maneira, como já dissemos, ninguém discutiria que ele fez uso de filósofos gregos, e nenhum cristão diria que tais fontes são infalíveis, inspiradas, ou em qualquer aspecto espiritualmente autorizada para nós. “Também quando São Judas nos diz que São Miguel não quis julgar a blasfêmia de Satanás, quando estavam lutando pelo corpo de Moisés, mas deixou-o ao Julgamento de Deus, não ousou julgar a blasfêmia, mas disse: "Cabe a Ti, Senhor". Ele estava também citando a Tradição Oral. Ou alguém consegue encontrar esta passagem na Bíblia? Estes elementos usados pelos apóstolos que não se encontram no Antigo Testamento vêm da Tradição Divina que era mantinha o mesmo pé de igualdade com as Escrituras (Torah, Profetas, Livros de Sabedoria e os Salmos)”. Refutação: Devemos esclarecer algumas coisas de antemão. Semelhantemente a Paulo, Judas usa fontes extra-bíblicas, como no verso 9, um trecho tirado do livro “A ascensão de Moisés” e no verso 14 do livro de “Enoque”, ambas literaturas apócrifas. Porém, é bom lembrar que nem a Igreja Católica aceita estes livros como inspirados. Se os católicos advogam esta passagem para fundamentar sua tese da “Tradição Oral” então, para serem coerentes, terão de aceitar todo o resto do livro. Mas é claro que eles não farão isso! Sola Fide, Sola Scriptura, Sola Gratia, Solo Cristo e Soli Deo Gloria OBRAS CONSULTADAS Encyclopédia Britannica do Brasil Publicações Ltda. O Vaticano e a Bíblia, Dr. Aníbal P. Reis – Edições Caminho de Damasco http://www.christiantruth.com/bahnsen.html Revista Defesa da Fé, Edições de 2000 e 2001 Evidência que exige um Veredito, Josh Mcdowell – Editora Candeia Antologia dos Santos Padres, Cirilo Folch Gomes – Edições Paulinas O VATICANO EM SEUS CONCÍLIOS ALTERA AS DOUTRINAS CRISTÃS Os papas sempre desejaram uma linha de sucessão com S. Pedro, interpretando que Cristo edificou Sua Igreja sobre esse apóstolo. Para isso, embaralharam as palavras gregas 'Petra e Petros" (ver Mat. 16:18), fizeram uma péssima exegese e trapacearam na interpretação confundindo a Cristandade. "Petros" quer dizer fragmento de pedra e "Petra" significa rocha (que no texto e no contexto é Cristo. Jesus disse a Pedro: "Sobre ESTA "Petra" edificarei Minha Igreja" e não disse. Sobre ESSA pedra, "petros". Nenhum autor grego jamais empregou a palavra "petra" no sentido de "petros". (H. Liddel, Grek English Lexicon, in loco). Cristo edificou Sua Igreja sobre Si mesmo e não sobre Pedro. EMBAIXO AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NAS DOUTRINAS CRISTÃS 1950 - “Decretaram" a Assunção de Maria. 1870 - Infalibilidade do papa. 1854 - Dogma da Imaculada Conceição. 1546 - acrescentaram livros apócrifos nas Sagradas Escrituras. 1229 - proibiram a leitura da Bíblia. 1215 - instituída a Transubstanciação. 1216 - iniciaram a "confissão auricular" (confissão de pecados aos padres). 1200 - instituíram a hóstia ao invés da Ceia do Senhor que Cristo deixou. 1190 - venda de indulgências, (perdão de pecados por dinheiro). 1184 - instituída a Inquisição. A Igreja faz milhares de vítimas. 1074 - "decretam" o celibato sacerdotal. 933 - instituem a "Canonização de santos". 830 - começam usar "água benta e ramos bentos". 783 - instituem o culto às imagens. 503 - "decretam" o Purgatório. 431 - instituído o Culto a Maria. 416 - iniciam pela primeira vez o Batismo infantil. 394 - substituem o Culto Cristão por missas. 325 - Imperador Constantino celebra o primeiro Concilio. 320 - começam a usar velas nas Igrejas. 310 - instituído a "reza pelos mortos". O Estado do Vaticano para ser honesto, deveria selecionar os Santos que exibe nos Calendários, não mencionando como católicos, os que viveram antes das alterações das doutrinas. São Genaro, pôr exemplo, tão festejado, viveu no 3.o Século e não podia supor que os papas iriam decretar as vendas de indulgências, a Transubstanciação, o Celibato, a inquisição e os dogmas de Maria. Se ele e centenas de outros, do Calendário estivessem entre nós, fariam opção pôr outras Igrejas Cristãs, pois viveram a fé genuína tendo como regra os mesmos textos bíblicos que elas praticam. Fica claro que a Igreja Católica não é legítima, pois os Santos, os "pais da Igreja" e os apóstolos jamais cultuaram Maria e as imagens, não ensinaram transubstanciação, purgatório nem foram Celibatários VATICANO E O PEDESTAL DE MARIA Papas, bispos e padres conseguiram gradativamente destronar Deus e Cristo do coração dos católicos substituindo-os pela devoção às imagens e pelo Culto à Maria "Honrando mais a criatura que ao Criador". (Romanos l :25). Maria, mãe do corpo físico de Jesus e não "mãe de Deus" como ensinam, viveu a fé que Cristo seu filho deixou e morreu como todos os Cristãos. Mas a partir do século IV observaram que o nome de Maria sensibilizava as mulheres, então passaram a atribuir-lhe honrarias e atributos que se estivesse no mundo recusaria. Eis a escalada: 1- No Concilio de Efeso, ano 431, decidiram chamá-la "Mãe de Deus". 2- No Concílio de Latrão, ano 649, proclamaram sua virgindade. (A Bíblia no entanto registrou que José não coabitou com Maria sua esposa somente "ATÉ" nascer Jesus. (Mateus l .25). Os primeiros cristãos e muitos "pais da Igreja", como Tertuliano, Euzébio, Santo Irineu, Epifaneo, Hegesipo, Helvidio e tantos outros confirmavam que Maria teve outros filhos no seu matrimónio com José. Afinal, casar-se e ter filhos não desmerece; o casamento é Instituição Divina e ter filhos é ordem do Criador; o que desmerece e muito é a condição de celibatário. 3- No Cone. de Nicéa, 787, instituíram o Culto à Maria, anti-biblico. Esse culto não chega a ela, pois Maria e os Santos não são Onipresentes. 4- Imaculada Conceição. Na Bíblia não há nem cheiro dessa "concepção" milagrosa de Maria. Mas Pio IX decretou essa inverdade no ano 1854. 5- Cem anos depois, ano 1950, de maneira espectacular a velha Igreja Católica escorrega de novo deixando a cristandade perplexa. Baseado numa lenda de 15 séculos atrás, decreta a Assunção de Maria. A bem conhecida reza "Ave Maria" é uma mistura de textos bíblicos e doutrina espírita. pois a expressão "Rogai pôr nós" não está na Bíblia. Os cristãos jamais apelaram para as pessoas santas que morreram. Cogitam aumentar o "peso da coroa" proclamando-a Rainha do Céu e Mãe de todas as graças. Há cidades e igrejas com o nome de "medianeira" contrariando frontalmente a Bíblia que adverte: Só há um mediador entre Deus e o homem: Jesus Cristo, o Justo". (I Timóteo 2:5). A caduquice da Igreja de Roma pode aumentar: Já há quem deseje uma posição de Maria na Santíssima Trindade. Abyssus Abyssum invocat. No Brasil, em 1717, em Aparecida do Norte, o José Alves, o Domingos Garcia e o Felipe Pedroso "pescaram" no Rio Paraíba uma imagem de Maria em dois pedaços. O padre Vilela não perdeu tempo e fizeram uma capela; queimaram velas, incentivaram crendices e surgiu uma igreja. Mais engano e simulação e construíram uma "basílica" onde recolhem fortunas com porcentagens para bispados e Vaticano, explorando a credulidade do povo. Mas pôr que tanto exagero para com o nome de Maria? Antigamente os teólogos católicos acalmavam os cristãos dizendo que o Culto a Maria servia para "contrabalançar" com o paganismo que desfilava com formosas deusas... Mas os Jesuítas explicam melhor: Eles dizem que "a mulher é um grande instrumento, é a chave com a qual se entra nas famílias, pôr elas consegue-se grandes séquitos, as festas se tomam pomposas e ajudam a Igreja a manejar as plebes". Sabem que usando o nome de Maria sensibilizam o sexo feminino que pôr sua vez atraem os jovens e os esposos para as festas romanistas dos "santos e padroeiros". (Prof. de teologia, Borba do Liceu de Braga, Portugal). APARECIDA: PADROEIRA DO BRASIL? O Padre Júlio J. Brustoloni, missionário redentorista, no seu livro História de Nossa Senhora da Conceição Aparecida — A Imagem, o Santuário e as Romarias - p. 115, após achar que a imagem é motivo de contradição para muitos crentes (protestantes, evangélicos, especialmente Pentecostais), diz: O mais grave não é negar o culto à imagem de Nossa Senhora Aparecida, mas sim não aceitar o papel de Maria no plano de salvação estabelecido por Deus. Eles aceitam que o seu Filho nasceu de uma mulher, Maria, mas não reconhecem o culto devido àquela Mulher que esmagou com sua descendência a cabeça do demônio, e que, por vontade de Deus, foi colocada em nosso caminho de salvação para interceder por nós. Com um único versículo da Bíblia, provavelmente muito conhecido pelo padre, sua teoria é desmontada: Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto (Mt 4.10b). Além do mais, não acreditamos que aquela imagem de barro, intitulada Nossa Senhora da Conceição Aparecida, seja um retrato de Maria, mãe do Senhor Jesus Cristo, conforme nos revela a Bíblia Sagrada. São declarações como as do padre Júlio J. Brustoloni, ou o espantoso livro de S. Afonso de Ligório "As Glórias de Maria", que transferem, sem a menor cerimônia, todos os atributos e honras que pertencem exclusiva-mente ao Senhor Jesus para Maria ou a tentativa malabarista da CNBB com o livreto "Com Maria, Rumo ao Novo Milênio" -uma forçosa tentativa de justificar o culto mariano, é que nos faz pronunciar, mostrando um outro caminho, aquele da Bíblia, sem retórica ou esforço, um caminho cândido, sereno e verdadeiro, com todo respeito e amor aos católicos romanos, que todo cristão deveria ter, apresentando-se firmes no tocante a sã doutrina (2 Tm 4.1-5). Trata-se de uma pequena imagem de barro, medindo 39 centímetros e pesando aproximadamente 4,5 kg, sem o manto e a coroa, que foram acrescentados1. As Anuas dos Padres Jesuítas de 15 de janeiro de 1 750, dizem que, aquela imagem foi moldada em barro, de cor azul escuro; é afamada por causa dos muitos milagres realizados2. Dr. Pedro de Oliveira Neto, que estudou a imagem, apresentando o resultado em 13 de abril de 1967, afirma, em contrapartida: A imagem encontrada pelos pesca-dores junto ao Porto de ltaguaçu, e que hoje se venera na Basílica Nacional, é de barro cinza claro, como constatei, barro que se vê claramente em recente esfola-dura no cabelo3. A mesma conclusão chegaram os artistas do MASP — Museu de Artes de São Paulo - em 1978, declarando: Constatamos pelos fragmentos da Imagem em terracota, que ela é da primeira metade do século XV!!, de artista seguramente paulista, tanto pela cor como pela qualidade do barro empregado e, também, pela própria feitura da escultura (4) . Essa pequena imagem feita de barro representa Maria para o catolicismo romano. Segundo o Dr. Pedro de Oliveira Neto, a imagem de barro foi feita por um discípulo do Frei Agostinho da Piedade: A Imagem de Nossa Senhora Aparecida é paulista, de arte erudita, feita provavelmente na primeira metade de 1600, por discípulo, mas não pelo próprio mestre, do beneditino Frei Agostinho da Piedade. Os estudiosos, observando o estilo da imagem, concluíram que o autor da imagem foi o Frei Agostinho de Jesus, sendo provavelmente esculpida em 1650, no mosteiro beneditino de Santana de Parnaíba, SP (5). Apresentaremos algumas hipóteses razoáveis, embora nunca tenhamos a certeza do fato. Nossa análise levará em consideração apenas as possibilidades culturais, religiosas e históricas. O livro de Gilberto Aparecido Angelozzi, Aparecida a Senhora dos Esquecidos, Ed Vozes; Capítulo III — p. 55-66, expõe alguns possíveis motivos sobre o assunto em questão. Partindo do princípio de que realmente os pescadores acharam a imagem da Conceição Aparecida no rio, podemos então desenvolver as seguintes idéias: A teoria de que a imagem foi trazida pelos colonizadores brancos • Por famílias que se instalaram no vale do Paraíba; pelos bandeirantes, pois eles carregavam imagens de Maria por onde quer que passassem; • pelos missionários carmelitas, franciscanos e jesuítas que passaram por aquela região; por algum comerciante ou vendedor ambulante e ter sido quebrada em sua bagagem; poderia fazer parte de um oratório familiar e, ao ter sido quebrado o pescoço da imagem, ter sido lançada ao rio. A teoria de que a imagem foi lançada no rio por escravos negros Algum escravo negro, devido ao sincretismo religioso, poderia associar a imagem à de algum orixá, especialmente aos que estão associados às águas; poderia ter lançado a imagem nas águas como um oferecimento a algum orixá, fazendo pedidos relacionados à saúde: engravidar, gravidez de risco, proteção à criança etc; poderia ter sido lançado nas águas para se obter riquezas ,ouro, dinheiro, pedras preciosas etc. A teoria das lendas indígenas Uma lenda indígena relata que eles criam na grande cobra que habitava nos rios a Cobra Norato. Durante o dia era uma terrível cobra e à noite era um jovem que dançava com as moças. Algum padre teria lançado a imagem para proteger os índios; Outra lenda diz que, na cidade de Jacareí, apareceu uma grande cobra e alguém a enfrentou lançando a imagem da Imaculada Conceição ao rio, fazendo com que a cobra fugisse. A teoria oficial da Igreja Católica Romana O catolicismo romano possui duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida (1 Livro do Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá) e no Arquivo Romano da Companhia de Jesus, em Roma (Annuae Litterae Provinciae Brasilíanae, anni 1748 et 1749)6. A narrativa diz basicamente que, no ano de 1719, os pescadores Domingos Martins García, João Alves e Filipe Pedroso lançavam suas redes no Porto de José Corrêa Leite, prosseguindo até o Porto de ltaguassu. Lançando João Alves a sua rede de rastro neste porto, tirou o corpo da Senhora, sem cabeça. Lançando mais abaixo outra vez a rede, conseguiu trazer a cabeça da mesma Senhora. Não tinham até aquele momento apanhado peixe algum. A partir de então, fizeram uma copiosa pescaria que encheu as canoas de peixes. Após esse milagre, surgiram outros relacionados à imagem. A explicação do Dr. Aníbal Pereira dos Reis Segundo o Dr. Aníbal Pereira dos Reis ex-sacerdote, ordenado em 1949, formado em Teologia e Ciências Jurídicas pela Pontifica Universidade Católica de São Paulo, em seu livro A Senhora Aparecida, Edições Caminho de Damasco Ltda, SP, 1988; trata-se de uma grande armação do padre José Alves Vilela , pároco da matriz local. Segundo suas investigações, foi o padre José Alves Vilela quem colocou a imagem no rio e iniciou planejadamente a divulgação dos supostos milagres, além de estar manipulando todo tempo a imagem e divulgando seus supostos milagres. Pequena cronologia da Imagem 1717— Pescadores apanharam no rio a Imagem da Conceição Aparecida 1745-1903 — A festa principal da Conceição Aparecida é celebrada em 08 de dezembro; 1888 — No dia 06 de novembro, a princesa Isabel visita pela segunda vez a basílica e deixa como ex-voto uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis; 1929 — Celebração dos 25 anos da Coroação de Maria em um Congresso Mariano; 1930— No dia 16 de julho, o Papa Pio XI assina o decreto, declarando Conceição Aparecida a Padroeira do Brasil; 1931 — No dia 31 de maio, a imagem de barro da Conceição Aparecida é declarada, oficialmente, na Capital Federal a Padroeira do Brasil. Getúlio Dornelles Vargas, era o presidente naquela época. Segundo o padre Júlio J. Brustoloni, Na Esplanada do Castelo, outra multidão aguardava a chegada da Imagem Milagrosa. No grande estrado, junto do altar da Padroeira, encontravam-se o Presidente da República, Dr. Getúlio Dornelles Vargas, Ministros de Estado, membros do Corpo Diplomático credenciados junto do nosso governo, e outras autoridades civis, militares e eclesiásticas. O Sr. Núncio Apostólico, Dom Aloísio Masella, estava ao lado do Presidente e sua família. Na Esplanada, a Imagem percorreu as diversas quadras para que o povo pudesse vê-la de perto, e, ao chegar ao altar, Dom Leme deu-a a beijar ao Presidente e sua família. Um silêncio profundo invadiu a Esplanada, quando a Imagem foi colocada no altar. Após o discurso de saudação, Dom Leme iniciou o solene ato da proclamação de Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil7. Segundo relata o padre Júlio, após a cerimônia, o povo católico romano gritou: Senhora Aparecida, o Brasil é vosso! Rainha do Brasil, abençoai a nossa gente. Paz ao nosso povo! Salvação para a nossa Pátria! Senhora Aparecida, o Brasil vos ama, o Brasil em vós confia! Senhora Aparecida, o Brasil vos aclama, Salve Rainha!8 O QUE É IDOLATRIA Vejamos algumas definições: Ídolo. S.m. 1. Estátua ou simples objeto cultuado como deus ou deusa, 2. Objeto no qual se julga habitar um espírito, e por isso venerado. 3. Fig. Pessoa a quem se tributa respeito ou afeto excessivo. Idólatra. Adj. 2 g. 1. Respeitante à, ou próprio da idolatria. 2. Que adora ídolos. 3. Idolátrico (2). * s. 2 g. 4. Pessoa que adora ídolos; Idolatrar. V t. d. 1. Prestar idolatria (1) a; amar com idolatria (1); adorar, venerar. 2. Amar com idolatria (2), com excesso, cegamente. Int. 3. adorar ídolos; praticar a idolatria (1). Idolatria. SE. 1. Culto prestado a ídolos. 2. Amor ou paixão exagerada, excessiva9. Idolatria- 1. Essa palavra vem do grego, eídolon, ídolo, e latreúein, adorar. Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição etc, que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos ( 10). O culto à imagem esculpida, deuses de fundição, imagem de escultura, estátua, figura de pedra, imagens sagradas ou ídolos é idolatria e profanam a ordem divina. Não farás para ti imagens esculpidas, nem qualquer imagem do que existe no alto dos céus, ou do que existe embaixo, na terra, ou do que existe nas águas, por debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto (Ex 20.4) Não vos voltareis para os ídolos, nem fareis para vós deuses de fundição. Eu sou o Senhor vosso Deus (Lv 19.4) Não fareis para vós ídolos, nem para vós levantareis imagem de escultura nem estátua, nem poreis figura de pedra na vossa terra para inclinar-vos diante dela. Eu sou o Senhor vossoDeus (Lv26.1) Confundidos sejam todos os que adoram imagens de esculturas, que se gloriam de ídolos inúteis... (SI 9 7.7) Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos do homem. Têm boca, mas não falam, têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem, têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam, têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta; Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem, e todos os que neles confiam. (SI .115.4-9 e 135.15-18) A tua terra está cheia de ídolos, inclinaram-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos. Pelo que o homem será abatido, e a humanidade humilhada; não lhes perdoes! (Is 2.8-9) ... Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás (Mt 4.11; Lc 4.8) O principal de todos os mandamentos é: Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor! Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a sua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças (Mc .12.29-30; Mt 22.37). Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (Jo.4.23-24) Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em si mesmo vendo a cidade tão entregue à idolatria (At 1 7.16) Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus (1 Co 6.10-11; Ef5.5) Não vos façais idólatras, como alguns deles; como está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar (1 Co 10.7). E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Pois vós sois santuários do Deus vivente... (2 Co 12.2) As obras da carne são conhecidas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras pelejas, dissensões, facções, invejas, bebedices, orgias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos preveni, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus (GI 5.5) Filhinhos, guardai-vos dos ídolos(1 Jo5.21) * Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda morte (Ap 21.8) Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo aquele que ama e pratica a mentira (Ap. 22.1 5). Deus proibiu ao seu povo a confecção e o culto a imagens, estátuas etc, visto que os povos pagãos atribuíam a esses artefatos de barro, madeira ou outro material corruptível, um caráter religioso. Acreditavam, além do mais, que a divindade se fazia presente por meio dessa prática. O Deus Todo-Poderoso ensinou seu povo a não cultuar imagens. Sua palavra era tão poderosa no coração do seu povo, que, embora muitos homens santos, profetas e sacerdotes, homens exemplares, com todas as virtudes para serem canonizados (os heróis da Bíblia), não foram pretextos para serem adorados ou cultuados, nem fizeram suas imagens e nem lhes prestaram culto. Deus proibiu seu povo de fabricar imagens de escultura, de fundir imagens para cultuá-las (Ex 20.23 e 34.1 7). Algumas imagens que Deus mandou fazer não tinham por objetivo elevar a piedade de Israel e nem serviam de modelo para reflexão ou conduta. Eram apenas símbolos decorativos e representativos. Deus mandou fazer a Arca da Aliança; mandou fazer figuras de querubins no Tabernáculo e no Templo, entre outros utensílios (1 Rs 6.23-29; 1 Cr 22.81 3; 1 Rs 7.23-26) , além de outros ornamentos (1 Rs 7.23-28). Essas figuras, porém, jamais foram adoradas ou veneradas, ou vistas como objeto de culto. Se os filhos de Israel tivessem adorado, cultuado ou venerado esses objetos, sem dúvida, Deus mandaria destruílos. Foi isso o que aconteceu com a serpente de bronze, levantada por Moisés no deserto, quando se tornou objeto de culto (2 Rs 18.4). Quando analisamos esta questão na história da nação de Israel, o povo que recebeu os mandamentos de Deus e a preocupação dos judeus religiosos em manter-se fiéis, podemos entender que, apesar do Antigo Testamento proibir a confecção de imagens relativamente, no entanto a adoração ou culto a imagens era absolutamente proibido: Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto (Ex 20.4b). Em algumas sinagogas do século III e até hoje encontramos pinturas de heróis da fé em seus vitrais etc, jamais, entretanto, veremos judeus orando, cultuando ou invocando Moisés, Abraão ou Ezequiel. Não encontramos argumento algum que justifique o culto, veneração ou a fabricação de imagens no Novo Testamento. • A Bíblia mostra que Paulo sofria por ver o povo entregue a idolatria: Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria (At 1 7.1 6). • Paulo foi atacado pelos artífices, ourives e comerciantes de imagens: Certo ourives, por nome Demétrio, que fazia de prata miniaturas do templo de Diana, dava não pouco lucro aos artífices. Eles os ajuntou, bem como os oficiais de obras semelhantes, e disse: Senhores, vós bem sabeis que desta indústria vem nossa prosperidade. E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que fazem com as mãos. Não somente há perigo de que a nossa profissão caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo veneram. Ouvindo isto, encheram-se de ira, e clamaram: Grande é a Diana dos efésios! (Atos 19.24-28) O culto aos santos só começa a partir de cem anos, aproximadamente, depois da morte de Jesus, com uma tímida veneração aos mártires11. A primeira oração dirigida expressamente à Mãe de Deus é a invocação Sub tuum praesidium, formulada no fim do século III ou mais provavelmente no início do 1V12. Não podemos dizer que a veneração dos santos — e muito menos a da Mãe de Cristo — faça parte do patrimônio original13. Se o culto aos santos e a Maria fosse correto, João, que escreveu o último evangelho, aproximadamente no ano 100 d.C. , certamente falaria sobre o assunto e incentivaria tal prática. Ele, porém, nos adverte: Filhinhos, guardai-vos dos ídolos (1 Jo 5.21). Na luta para justificar o culto às imagens, bem como seu uso nas Igrejas, os católicos apresentam a teoria da pedagogia divina. D. Estevão Bettencourt resume assim a teoria: . . .0s cristãos foram percebendo que a proibição de fazer imagens no Antigo Testamento tinha o mesmo papel de pedagogo (condutor de crianças destinado a cumprir as suas funções e retirar-se) que a Lei de Moisés em geral tinha junto ao povo de Israel. Por isto, o uso das imagens foi-se implantando. As gerações cristãs compreenderam que, segundo o método da pedagogia divina, atualizada na Encarnação, deveriam procurar subir ao Invisível passando pelo visível que Cristo apresentou aos homens; a meditação das fases da vida de Jesus e a representação artística das mesmas se tornaram recursos com que o povo fiel procurou aproximarse do Filho de Deus14. Assim criaram a idéia de que, nas igrejas as imagens tornaram-se a Bíblia dos iletrados, dos simples e das crianças, exercendo função pedagógica de grande alcance. E o que notam alguns escritores cristãos antigos: O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas e ajuda grandemente (S. Gregório de Nissa, Panegírico de S. Teodoro, PG 46,73 7d). O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é para os iletrados (São João Damasceno,De imaginibus 1 1 7 PG 94, 1 248c)5 Levando-se em consideração que um dos objetivos da Igreja Católica Romana é ensinar a Bíblia ao povo através das imagens, especialmente aos menos alfabetizados, surge-nos algumas perguntas: Por que se faz culto a elas, se o objetivo é ensinar a Bíblia? Por que após passar dezenas de anos, com milhares de católicos alfabetizados, ainda insistem em cultuar imagem? Se realmente a imagem fosse o livro daqueles que não sabem ler, por que os católicos alfabetizados são tão devotos e apegados às imagens? Será que podemos desobedecer a Bíblia para superar uma deficiência de entendimento? Onde está a base bíblica para esta Teoria da Pedagogia Divina? Será que a encarnação do verbo poderia servir de base para se fazer imagens dos santos e cultuá-los? A Igreja Católica Romana apresenta basicamente duas fontes para justificar o culto às imagens: a tradição e as opiniões de seus líderes. Em resumo: opinião dos homens. Citam a Bíblia quando existe alguma possibilidade de apoio às suas doutrinas. Esquecem o ensino do famoso clérigo católico romano, Padre Vieira: As palavras de Deus pregadas no sentido em que Deus as disse, são palavras de Deus; mas pregadas no sentido em que nos queremos, não são palavras de Deus, antes podem ser palavras do demônio16. A Palavra de Deus condena o culto às imagens. Os argumentos do catolicismo romano a favor do culto às imagens fazem-nos lembrar de um rei na Bíblia, chamado Saul, que quis agradar a Deus com sua opinião, mesmo contrariando frontalmente a Palavra de Deus (1 Sm 15.1-23). O catolicismo romano, de modo semelhante, contrariando a Bíblia, entende que a imagem é o livro daqueles que não sabem ler. O rei Saul, achava que oferecer sacrifícios era melhor, mais lógico, mais correto, mais racional. Acreditava que estava prestando um grande serviço a Deus (1 Sm 15.20-21). Deus, no entanto, o reprovou, dizendo: Tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à sua palavra? Obedecer é melhor do que sacrificar, e atender melhor é do que a gordura de carneiros (1 Sm15.22). Deus proíbe terminantemente o culto a ídolos e imagens (Ex 20.1 -6; Lv 26.1; Nm 33.52; Dt.27.15; 2 Rs .21.11; Sl115.3-9; 135.15-18; 1s2.18; 41.29; Ez 8.9-12; Mt4.1 1; At 15.20; 21.25; 2 Co 6.16). O catolicismo romano ensina o culto à imagem inventando uma teoria, contrária à Bíblia e insiste em dizer que está fazendo isso para ajudar a obra de Deus. Ainda que Saul pensasse estar prestando um serviço a Deus, como fazem aqueles que prestam culto à imagem da Conceição Aparecida, seu ato foi uma desobediência à Palavra de Deus, e isso é considerado rebelião (1 Sm 15.21-26).A Bíblia diz: rebelião é como pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a iniqüidade de idolatria. Porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou... (1 Sm 1 5.2 3). Prezado leitor, o culto às imagens será sempre uma abominação a Deus. E a marca e a continuidade do paganismo. Cristianismo é a fé exclusiva na obra do Senhor Jesus (Jo.3.1 6; Rm5.8; Ef2.8-9;1 Tm2.5;Tt2.11).E adoração exclusiva a Deus: .. Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás (Mt 4.11; Lc 4.8). O principal de todos os mandamentos é Ouve, á Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor! Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a sua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças (Mc 1 2.29-3Q~ Mt 92 37). Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.23-24). ENTENDENDO A ESTRUTURA PIRAMIDAL DO CULTO DA IGREJA CATÓLICA LATRIA HIPERDU LIA ADORAÇÃO - DEVOÇÃO DULIA- DEVOÇÃO AOS SANTOS E AOS ANJOS A DEUS Á MARIA A Dificuldade do Catolicismo Romano para justificar essa Teoria. Se os católicos romanos se limitassem a exaltar os heróis da fé, e a propô-los como modelo a ser seguido, não haveria nenhum problema. Assim agem também os cristãos genuínos. Infelizmente, não é isso que acontece. Por mais que o líderes católicos romanos se esforcem em suas infindáveis apologias ou explicações, elas não passam de tentativas vãs e superficiais. Exemplo dessa tentativa é a teoria de três tipos de devoção: a dulia, a hiperdulia e a latria. Perguntamos: qual a diferença que pode haver entre a dulia e a hiperdulia? Qual a diferença das duas com a latria? A verdade é que os três termos se confundem. Os dois termos (dulia e hiperdulia) podem estar envolvidos com a latria e tudo se torna uma distinção que não distingue coisa alguma. As pessoas que se prostram diante de uma imagem da Conceição Aparecida, ou de São João, ou de São Sebastião ou de Jesus sabem que estão cultuando em níveis diferentes? Para elas não seria tudo a mesma coisa? Imagine um católico romano bem instruído que vai para o culto. Primeiramente ele pretende cultuar São João. Dobra então seus joelhos diante da imagem de São João e pratica a dulia. Depois, irá prestar culto a Maria, deixando, nesse momento, de praticar a dulia e passando a praticar a hiperdulia. Finalmente, com intenção de cultuar a Deus, ele começa a praticar a latria. Não acreditamos que o povo católico romano saiba diferenciar a dulia, a hiperdulia e a latria, e mesmo que soubesse diferenciá-las, dificilmente conseguiria respeitar os limites de cada uma. Qual é a diferença? Adoração e Veneração. Há diferença entre adorar e prestar culto? Se prostrar-se diante de um ser, dirigir-lhe orações e ações de graça, fazer-lhe pedidos, cantar-lhe hinos de louvor não for adoração, fica difícil saber o que o catolicismo romano entende por adoração. Chamar isso de veneração é subestimar a inteligência humana. Culto aos santos. Analisando essas práticas católicas à luz da Bíblia e da história, fica claro que são práticas pagãs. O papa Bonifácio IV, em 610, celebrou pela primeira vez a festa a todos os santos e substituiu o panteão romano (templo pagão dedicado a todos os deuses) por um templo cristão para que as relíquias dos santos fossem ali colocadas, inclusive Maria. Dessa forma o culto aos santos e a Maria17 substituiu o culto aos deuses e as deusas do paganismo. Maria é deusa para os católicos? Os católicos manifestam um sentimento de profunda tristeza quando afirmamos que Maria é reconhecida como deusa no catolicismo. Dizem que não estamos sendo honestos com essa declaração, mas os fatos falam por si mesmos.O livro Glórias de Maria, publicado em mais de 80 línguas, da autoria de Afonso Maria de Ligório, canonizado pelo Papa, atribui à Maria toda a honra e toda a glória que a Bíblia confere ao Senhor Jesus Cristo. Chama Maria de onipotente, além de mencionar outros atributos divinos: Sois onipotente, á Maria, visto que vosso Filho quer vos honrar, fazendo sem demora tudo quanto vós quereis18. .Os pecadores só por intercessão de Maria obtém o perdão19..., O mãe de Deus vossa proteção traz a imortalidade; vossa intercessão, a vida20. Em vós, Senhora, tendo colocado toda a minha esperança e de vós espero minha salvação, . . . Maria é toda a esperança de nossa salvação, acolhei-nos sob a vossa proteção se salvos nos quereis ver; pois só por vosso intermédio esperamos a salvação21. Os querubins. A passagem bíblica dos querubins do propiciatório da arca da aliança (Êx 25.18-20), advogada pelos teólogos católicos romanos, não se reveste de sustentação alguma, pois não existe na Bíblia uma passagem sequer em que um judeu esteja dirigindo suas orações aos querubins, ou depositando sua fé neles, ou lhes pagando promessas. Esse propiciatório era a figura da redenção em Cristo (Hb 9.5-9). A Bíblia condena terminantemente o uso de imagem de escultura como meio de cultuar a Deus (Êx 20.4, 5; Dt 5.8, 9). O culto aos santos e a adoração à Maria, à luz da Bíblia, não apresentam o catolicismo romano como religião cristã, mas como idolatria (1 Jo 5.21). Jesus disse: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás (M t 4.10). O anjo disse a João: Adora somente a Deus (Ap .19.10; 22.9). Pedro recusou ser adorado por Cornélio (At.10.25,26). Embora a Igreja Católica Apostólica Romana tenha declarado que a imagem de barro da Conceição Aparecida seja a Padroeira e Senhora da República Federativa do Brasil, consagrando o dia 12 de outubro a esse culto estranho às Escrituras Sagradas, os cristãos evangélicos, alicerçados na autoridade da Bíblia Sagrada, declaram como Paulo: E toda língua confesse que JESUS CRISTO E O SENHOR, para glória de Deus Pai(Fl 2.11). Notas: 1 Aparecida, Capital Mariana do Brasil. Autor Professor. Oswaldo Carvalho Freitas, Editora: Santuário. Aparecida-SP p.85. 2 História de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Autor: Júlio j. Brustoloni, Editora: Santuário. Aparecida-SP p. 20 3 Mesmo livro citado, p. 20-21 — nota de rodapé 5. 4 Mesmo livro citado, p. 21 — nota de rodapé 6. 5 Mesmo livro citado, p. 21-22. 6 Mesmo livro citado, p. 43. 7 Mesmo livro citado, p. 346. 8 ldem — p. 347. 9 Dicionário Aurélio de Holanda Ferreira. 10 Enciclopédia de Norman Champlin e Paulo-SP. Vol 3, p. 206. 11 O Culto a Maria Hoje. Autores: Vários. Sob a direção de Wolfgang Beinert. Editora: Paulinas. São Paulo-SP p.33. 12 O mesmo livro citado. p. 33. 13 O mesmo livro citado. p. 33. 14 Diálogo Ecumênico. Autor: Estevão Bettencourt . Editora: Lúmen Caristi. Rio de Janeiro-Ri. p. 231. 15 Mesmo livro citado, p. 232. 16 Sermões. Autor: Padre Antonio Vieira. Editora: Lello & Irmãos. Porto —Portugal. 1 7 Atlas Histórico do Cristianismo. Autora: Andréa Dué. Editoras: Santuário / Vozes. São Paulo-SP p.72. 18 Glórias de Maria. Autor: Afonso Maria de Ligório. Editora: Santuário. Aparecida-SP p. 100 19 Mesmo livro citado, p.76. 20 Mesmo livro citado, p.2’7. 21 Mesmo livro citado, p.l47. EXTRAÍDO REVISTA DEFESA DA FÉ - NÚMERO 26 - www.icp.com.br E Maria, pecou? A Igreja Católica ensina que Maria foi concebida sem pecado e nasceu sem mancha de pecado original, ou seja, que Maria foi gerada pelo seu pai, porém o seu nascimento foi imaculado. Esta é a fórmula de dogma de fé que Pio IX proclamou a oito de dezembro de 1854, na bula ineffabilis: "É de Deus revelada, a doutrina que mantém que a bem-aventurada Virgem Maria no primeiro instante do seu nascimento, pela singular graça e privilégio do Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original". Os cristãos protestantes manifestam que este dogma não tem nenhum fundamento bíblico. Pio IX separa Maria da sua condição humana, e a faz uma exceção ao lado de Jesus. A Bíblia, que cremos ser a Palavra de Deus, declara que todos somos pecadores: "... todos estão debaixo do pecado. Como está escrito: não há um justo, nem um sequer" (Romanos 3.9-10). Como se atreve o apóstolo Paulo a garantir que não há sequer um justo, se existia a exceção de Maria? Como é que Deus escreveu por meio dos seus santos profetas e apóstolos, colunas da verdade revelada, que não há nem um só justo, se estava a Virgem Imaculada concebida sem pecado? A Bíblia não ensina que Maria estivesse livre do pecado original, por uma graça especial, desde o mesmo instante do seu nascimento. Maria não reclamou para si o privilégio de ser sem pecado. A própria Maria não cria porque no seu magnificat, reconhece ser pecadora e faz menção do seu Salvador. A virgem Maria, a mais bem-aventurada entre todas as mulheres, falou de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, como "Meu Salvador", ao dizer: "A minha alma engrandece ao Senhor; e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador" (Lucas 1.46-47). Se ela não fosse pecadora, não teria a necessidade de um Salvador. Ao falar nesses termos de bendita virgem, não queremos dizer que a escolhida por Deus não fosse a melhor e mais pura entre as mulheres. Porém, não era imaculada, pois ela mesma declara levar como todos nós, a marca do pecado quando invoca a Deus, chamandolhe "Meu Salvador". Por que chamou assim a Deus? Por que ela, do mesmo modo que todos os homens, necessitou se salvar e obter a vida eterna através do arrependimento e fé. A Bíblia é igualmente clara em mostrar a doutrina da universidade do pecado: "Certamente em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu a minha mãe" (Salmos 51.5); "Não há homem justo sobre a terra, que faça o bem e nunca peque" (Eclesiastes 7.20); "Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Romanos 3.23). Nessas passagens não se indica a exceção de Maria; ela como descendente de Adão, participou não só das conseqüências da queda, senão também do pecado; "Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram... assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens" (Romanos 5.12-18). O argumento que usam alguns católicos, de que Jesus não podia ser imaculado (ou seja, sem pecado original), se a que Lhe concebeu não tivesse sido, está carente de razão. Vejamos: 1º) Porque Jesus nasceu por obra do Espírito Santo, não de um varão, porém a virgem foi filha em verdade de Ana e Joaquim. 2º) Porque Jesus é Deus, na qualidade de Segunda Pessoa da Trindade, mas Maria era humana. Cristo não tinha necessidade de que a sua mãe fosse santa, porque foi concebido pelo Espírito Santo; Ele é santo ainda que nascido de uma mulher pecadora, porque no seu corpo "havia a plenitude da Divindade". 3º) Se todos os homens herdam a mancha do pecado, os pais da virgem Maria também a herdaram, e os seus filhos foram igualmente herdeiros da natureza pecaminosa do homem. Não há nenhuma base para crer que alguns dos seus filhos a herdaram, enquanto que a sua filha Maria não a herdou. 4º) Porque, pela mesma razão, tinha sido necessário que fossem imaculados os seus pais Joaquim e Ana, para que pudesse ser a virgem, e as avós para que o fosse Ana; assim sucessivamente, e assim deveríamos estabelecer que foi uma cadeia ininterrupta de mulheres, desde Eva. Esses argumentos não lhe soam ridículos? Se em algum caso tinha que operar-se o milagre de nascer um imaculado, seja quem for, deveria ter sido Jesus, que era divino. Respeitamos Maria com o mesmo respeito com que o fizera o anjo da Anunciação. Sentimos por ela um profundo carisma ao ver que foi eleita providencialmente por Deus para ser mãe, segundo a carne, do Salvador. E cremos que é bem-aventurada entre as mulheres não porque seja uma semi-deusa, senão como membro da comunidade dos remidos, como Paulo, Pedro, João e etc. :: Jesus teve irmãos? :: Por Paulo Cristiano da Silva Indubitavelmente, este é um assunto já resolvido no meio protestante tradicional devido à abundância de textos nas Escrituras neotestamentária que o elucidam. Poderíamos até considerá-lo obsoleto se não fosse pelo mariocentrismo, doutrina da Igreja Católica Romana que teima em admitir que Maria permaneceu virgem após o parto (virginitas post partum), o que torna parte dessa teologia um verdadeiro desvario e um grande óbice ao verdadeiro cristianismo ortodoxo. Durante séculos, a mariologia tem sofrido evoluções cada vez mais ousadas, e o tempo é testemunha disso: • Em 400 d.C, Maria foi proclamada “Mãe de Deus”; • Em 1854, a “Imaculada Conceição de Maria” torna-se dogma; • Em 1950, a “Assunção de Maria” vira artigo de fé. Hoje, cogita-se em colocar Maria junto à Trindade divina, formando assim uma quaternidade. O catolicismo está criando cada vez mais uma Maria totalmente diferente daquela apresentada pelos evangelhos. Ao inventarem supostos pais para Maria, Santa Ana e São Joaquim, baseados em livros apócrifos, os católicos ao mesmo tempo omitiram a verdadeira família de Maria e roubaram-lhe a nobre missão de mãe. Origens dessa doutrina Não se sabe ao certo onde e como começou a acreditar-se que os irmãos de Jesus, de quem tanto a Bíblia fala e “de modo explícito”, eram apenas seus primos ou irmãos em sentido espiritual (versão Romana) ou meio-irmãos de um casamento anterior de José (versão Grega). Parece que isso surgiu com uma deturpação da resposta de um soldado romano chamado Pantera aos judeus que acusavam Maria de cometer adultério (Atos de Pilatos 11.3 e Talmud, séc. II). No ponto de vista judaico, Jesus seria um filho bastardo desse suposto soldado. O fato é que essa doutrina ganhou força somente após o século IV, com Jerônimo. Até então, era praticamente desconhecida pelos antigos escritores pré-niceno. Como de praxe, é mais uma das invencionices da Igreja Católica. Um dos pais primitivos que mais colaborou para que essa distorção criasse corpo foi Orígenes, que se baseou em duas obras apócrifas: o “Proto-Evangelho de Tiago” e o “Evangelho de Pedro”, de meados do século II. Não demorou muito, Epifânio seguiu os passos de Orígenes e acabou abraçando tal idéia. É interessante notar que Orígenes, Epifânio e Jerônimo eram adeptos do ascetismo e da vida monástica que incluía a castidade. Orígenes, segundo alguns historiadores, chegou a castrar-se! Mais tarde, porém, essa teoria sobre os irmãos de Jesus foi desenvolvida e aperfeiçoada. Empacotada de modo sofismável pelos teólogos católicos, é agora um dos dogmas do catolicismo romano. O que muitos protestantes talvez não saibam é que até mesmo os primeiros reformadores como Lutero e Calvino criam na virgindade perpétua de Maria. Mas, por outro lado, é bom frisarmos que muitos pais primitivos como Hegesipo, Tertuliano, Irineu e, posteriormente, Eusébio e Helvídio defendiam a idéia de que os irmãos de Jesus eram de fato seus irmãos carnais. A mesma defesa é feita atualmente por uma maioria esmagadora de protestantes e também por alguns teólogos católicos. Analisando o evangelho de Mateus O texto de Mateus 1.25 afirma o seguinte: “e não a conheceu enquanto (até que) ela não deu à luz um filho; e pôs- lhe o nome de Jesus”. Para os protestantes, a referência bíblica em apreço parece ser, a princípio, uma fortaleza inexpugnável, e não é para menos, pois diz categoricamente que José não a conheceu “até” ou “enquanto” (heos, hou) ela não deu à luz. Ora, o que depreende e subentende-se é que, após o parto, Maria teve relações sexuais com seu marido como qualquer casal judeu normal de seu tempo! Parece ser esta a preocupação principal do evangelista ao transmitir sua mensagem. Mas, por outro lado, devemos concordar com nossos antagonistas romanos em que há casos em que Mateus usa a preposição “até” para dizer que não houve mudança após a ocorrência de determinado evento. Por exemplo, “Não esmagará a cana quebrada, e não apagará o pavio que fumega, até que faça triunfar o juízo” (Mt 12.20). É claro que o texto não está dizendo que o manso Messias será um ditador cruel após o triunfo do juízo. Outros textos bíblicos, além de Mateus, podem ser usados como exemplo: Salmo 110.1 e 1 Timóteo 4.13. Mas podemos ver Mateus usando a preposição “até” (que indica um limite de tempo, nos espaços, ou nas ações) quando o contexto diz claramente que há mudança. Vejamos: “E, havendo eles se retirado, eis que um anjo do Senhor apareceu a José em sonho, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e ali fica até que eu te fale; porque Herodes há de procurar o menino para o matar” (Mt 2.13). Assim, tomar este trecho de forma isolada não é de modo nenhum conclusivo para ambas as partes; não resolve o problema. Se quisermos obter uma idéia mais clara do assunto teremos de nos voltar para um contexto maior e achar algo fora desse trecho que complete esta lacuna e dirima a incógnita. Será que Mateus usou a preposição “até” para indicar mudança ou não? Resolveremos isso usando dois princípios de interpretação: o contexto imediato e o contexto mais lato. É notório que os casamentos orientais da época de Jesus eram, sem sombra de dúvida, bem diferentes dos do nosso tempo. Mateus declara que Maria estava desposada (entenda-se noiva) com José. Diz ainda que ele não a “conheceu até” (Mt 1.18). Algumas vezes a palavra “conhecer” é usada na Bíblia de modo figurado, significando relação sexual (Gn 4.25), e, neste caso, o contexto apóia este sentido. A voz dos outros evangelistas Outro fator que corrobora com a interpretação acima é o fato de Lucas ter usado a expressão grega prototokos, que significa “Primogênito”, em relação ao nascimento de Cristo: “e teve a seu filho primogênito...” (Lc 2.7). Se Lucas quisesse dizer que Jesus foi o único filho de Maria, teria usado, de modo inequívoco, a expressão monogenes (unigênito, em português) que significa “[filho] único gerado”, como acontece em João 3.16. Mas não, ele usou, de modo consciente, o termo certo: “primogênito”, indicando que Jesus foi apenas o “primeiro” filho de Maria, e não o “único”. Se Jesus tivesse sido o único filho de Maria, os evangelistas mostrariam isso, de modo explícito, em seus escritos. Mas não é isso que constatamos no Novo Testamento. O que diz o Novo Testamento Uma leitura superficial do Novo Testamento, em especial dos evangelhos, mostrará, sem sombra de dúvida, que Jesus Cristo teve irmãos e irmãs (Mt 12.46,47, 13.55-56; Mc 6.3). E ainda nos dão os nomes dos irmãos: Tiago, José, Simão e Judas. E essas pessoas aparecem sempre relacionadas com Maria, mãe de Jesus, o que nos dá a impressão de que os escritores e os evangelistas quiseram nos transmitir o quadro de uma família composta por mãe e filhos. Vejamos: “Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe. Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo” (Mt 12.46-47). Depois do milagre em Caná, Maria e os irmãos do Senhor aparecem juntos: “Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias” (Jo 2.12). Em outra ocasião, Maria e seus irmãos mandam chamá-lo: “Chegaram então sua mãe e seus irmãos e, ficando da parte de fora, mandaram chamá-lo” (Mc 3.31). João acrescenta que nem os seus criam em Jesus: “Pois nem seus irmãos criam nele” (Jo 7.5). E, por último, os irmãos de Jesus aparecem no cenáculo orando com Maria: “Todos estes perseveravam unanimemente em oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele” (At 1.14). Resposta a um suposto argumento Não conseguindo desmentir o consenso cristalino das Escrituras, os mestres romanistas acabam forjando sofismas cada vez mais mascarados de piedade que, aos poucos, vão alcançando a mente e o coração dos adeptos católicos. Todavia, quando confrontados com a Bíblia, tais disparates revelam ser apenas paliativos ardilosos que, por vezes, acabam sendo pulverizados diante dos fartos argumentos bíblicos. Na tentativa de esquivar-se dos argumentos protestantes, os líderes católicos desenterram, das ruínas medievais, teses falaciosas floreadas com terminologias teológicas modernas para causar impressão. Uma dessas teses tenta transferir os irmãos de Jesus para uma outra Maria e, para alcançar esse objetivo, faz verdadeiro malabarismo com os nomes bíblicos. Consegue fazer uma combinação engenhosa com os textos de Marcos 6.3, 3.18, 15.14, 16.1 e João 19.25. Diz que Maria, mãe de Tiago (o menor) e de José é irmã de Maria (a mãe de Jesus) e mulher de Cleofas, a quem confundem com Alfeu. Resumindo: esses “irmãos” (Tiago e José) de Marcos 6.3, segundo essa teoria, na verdade seriam primos de Jesus. Uma explicação plausível e uma suposta base “bíblica” para a questão. Ledo engano! Um argumento de fácil refutação Contudo, não há nada no texto que insinua ser Alfeu cunhado de Maria! Naquela época, esses nomes eram comuns! Demais disso, a Bíblia não relata o nome da irmã de Maria, e é pouco provável que duas irmãs tivessem o mesmo nome. Suponhamos, por um momento, que isso fosse verdade! Não é estranho que esses personagens apareçam sempre junto a Maria, sua “tia”, e nunca junto à sua verdadeira mãe ?! Outros ainda insistem no fato de que aqueles irmãos de Jesus na verdade seriam seus discípulos, simplesmente porque na igreja todos os discípulos de Cristo são chamados de “irmãos”. Esse parece ser o argumento mais inócuo, pois a Bíblia faz nítida distinção entre ‘seus discípulos” e os “irmãos” do Senhor (Jo 2.12; At 1.13,14). Todavia, a maior dificuldade enfrentada por esse argumento é que o texto diz que nem “seus irmãos criam nele” (Jo 7.3,5,10). Ora, como então poderiam ser seus discípulos?! O significado de irmãos na Bíblia Em Mateus 12.47, na Bíblia católica, versão dos “Monges Maredsous”, o tradutor teceu o seguinte comentário sobre os “irmãos” de Jesus no rodapé da página: “Irmãos: na língua hebraica esta palavra pode significar também ‘parentes próximos’ ou ‘primos’, como neste caso. Exemplo: Abraão, tio de Lot, chama-o com a designação de irmão (Gn 11.27; 13.8)”. Outro estudioso católico afirma: “Assim sendo, é possível que por detrás dos ‘irmãos’ e ‘irmãs’ de Jesus estejam seus ‘primos’ ou ‘parentes’1. Refutação bíblica: Não existe um só caso na Bíblia, e principalmente no Novo Testamento, em que a palavra grega adelphós (irmão) é traduzida por primo ou parente. Das 343 vezes em que o N.T usa o termo adelphós, ele apresenta dois sentidos para a palavra “irmão”: a de irmão legítimo (carnal) e o metafórico. Sentido metafórico: Neste sentido, enquadram-se todos os textos sobre os seguidores de Jesus (Mc 3.35), os cristãos da igreja (1Co 1.1), os judeus (Rm 9.3) e os seres humanos em geral (Hb 2.11,17). É obvio que as referências nos evangelhos e nas epístolas aos “irmãos” (filhos de Maria) de Jesus não se enquadram nesta categoria. Sentido literal: É justamente neste sentido que a palavra irmãos (no plural) é usada, em sua grande maioria, na Bíblia. Nenhum estudioso católico jamais traduziu esta palavra como primos ou irmãos espirituais. As Escrituras não deixam nenhuma dúvida quanto a esse assunto. Duvido que alguém leia os textos que seguem e consiga empregar o sentido de primo ou irmão espiritual onde aparece a palavra irmãos. “E, passando mais adiante, viu outros dois (irmãos) Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes; e os chamou” (Mt 4.21). “E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna” (Mt 19.29). A Bíblia deixa patente que quando a palavra “irmãos” aparece junto aos termos “pai” e “mãe” ela denota filiação legítima de sangue, e isto ninguém consegue eclipsar. Compare: “Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas?” (Mt 13.55). Nas quinze ocorrências em que é empregado o termo adelphós em relação a Jesus o sentido básico é de irmãos legítimos. Mas alguns podem objetar dizendo que a palavra hebraica ah (irmão) aparece várias vezes significando irmãos não de sangue, mas primos ou sobrinhos. É verdade que a língua hebraica tinha um vocabulário um pouco pobre e, por isso, não possuía uma palavra específica para primos ou parentes. Então utilizava a expressão “irmão” de modo lato (Gn 29.12, 24.48) Esse artifício, no entanto, não é suficiente para que os católicos se esquivem da derrocada teológica! A palavra “irmão”, no hebraico, pode significar primo, mas, mesmo neste caso, temos de tomar cuidado. Geralmente, quando a palavra “irmão” é empregada no sentido de parente próximo o contexto esclarece a questão (1Cr 23.21-22). Além disso, o Novo Testamento foi escrito em grego, e não em hebraico. Será que no grego Coiné, língua na qual foi escrito o Novo Testamento, existia esta distinção praticamente ausente no hebraico? Vejamos. Termos do Novo Testamento para irmãos e primos Não devemos nos esquecer de que quando o Novo Testamento faz referências aos irmãos de Jesus o contexto não traz nenhum tipo de esclarecimento adicional, como acontece no Antigo Testamento. Além disso, os escritores sabiam a diferença entre os termos irmão (adelphós), primo (anepsiós) e parentes (sungenes). Mesmo Paulo, que usava bastante metáfora, sabia usar com distinção essas palavras. Tanto é que escreveu sobre os “irmãos” de Jesus sem deixar nenhuma dúvida ao laço carnal entre o Senhor e seus irmãos. Vejamos: “Não temos nós direito de levar conosco esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?” (1Co 9.5). “Mas não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor” (Gl 1.19). Como já falamos, e isso é interessante, o apóstolo Paulo sabia perfeitamente usar a palavra correta para primo (anepsiós) e parente (sungenes) em suas epístolas. Não havia motivo de confusão! “Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, o primo de Barnabé...” (Cl 4.10). “Saudai a Herodião, meu parente” (Rm 16.11). Caso a tese católica estivesse correta, o apóstolo poderia muito bem ter usado a expressão hoi anepsiós Kyriou (primos do Senhor), e não adelphói tou Kyriou (irmãos do Senhor), até porque os irmãos de Jesus estavam vivos quando o apóstolo escreveu as duas epístolas. Argumentos contraproducentes Diante do exposto, a única consideração plausível a que podemos chegar é que os “irmãos” de Jesus eram realmente seus irmãos legítimos. É justamente esse o sentido do termo adelphós no Novo Testamento. Apesar de todo o esforço empregado pelos católicos para defender a virgindade perpétua de Maria, seus argumentos são totalmente contraproducentes. O Salmo 69 é um texto profético com força suficiente para desmantelar o arcabouço erigido pelas artimanhas teológicas católicas. Qualquer exegeta que ler esse salmo terá de admitir que se trata de um salmo messiânico, ou seja, um salmo que fala sobre o ministério e a vida de Jesus, o Messias. No verso 8, o autor descreve perfeitamente a família de Jesus sem deixar dúvidas quanto à legitimidade carnal de parentesco entre eles. Vejamos: “Tornei-me como um estranho para os meus irmãos, e um desconhecido para os filhos de minha mãe”. Quando, então, comparado com alguns textos do Novo Testamento, João 7.3-8 por exemplo, o Salmo 69 torna-se um argumento esmagador contra a teoria católica. “Disseram-lhe, então, seus irmãos: Retira-te daqui e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque ninguém faz coisa alguma em oculto, quando procura ser conhecido. Já que fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Pois nem seus irmãos criam nele. Disse-lhes, então, Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo; mas o vosso tempo sempre está presente. O mundo não vos pode odiar; mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más. Subi vós à festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda não é chegado o meu tempo”. Compreendemos agora, por meio desse texto, o porquê de Jesus ter deixado sua mãe aos cuidados de João, e não de seus irmãos! Nota Tire Suas Dúvidas Sobre a Bíblia – José Bortolini pág. 100, editora Paulus. Obras consultadasO Catolicismo Romano. Adolfo Robleto Novo Testamento Trilíngüe. Vida Nova Concordância Fiel do Novo Testamento, Vols. I e II. Fiel História Eclesiástica. Eusébio de Cesaréia.CPAD. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. Norman Geisler & Thomas Howe. Mundo Cristão Culto a deusa Mãe Por Eguinaldo Hélio de Souza “...todos unanimemente levantaram a voz, clamando por espaço de quase duas horas: Grande é a Diana dos efésios” (At 19.34) Ém dado momento, abrem-se par em par as portas de cipreste do templo. As multidões que convergiam de todas as partes da Ásia Menor, da Galácia, da Capadócia, da Macedônia e da Acaia, tanto sãos como enfermos, aleijados com as suas muletas, cegos guiados por crianças, paralíticos carregados em padiolas, se comprimem entre as colunas fronteiras à fachada. Todos esperam o momento de erguer-se o véu da deusa. Pintura de Fan Provost II de 1524 retrata Maria mãe de Jesus em relação à trindade “Um longo clangor de trombeta, um rápido estrurgir de tambores e, em seguida, um intervalo de silêncio. Uma nuvem de incenso paira na praça. Dentro e fora do templo os fiéis se prosternam retendo o fôlego. O véu de seda é lentamente retirado. Sobre o pedestal de mármore negro, cercado de misteriosos hieróglifos indecifráveis, ergue-se a deusa Diana de Éfeso, que Apolo enviou do céu à terra. “No momento em que foi desvendado, um brado comovido se propagou do salão para o pórtico e do pórtico para a praça, onde milhares de fiéis estavam prostrados em terra. - Viva a grande Diana dos efésios! “Um êxtase de esperança e de temor dominou a multidão que se quedou de olhos fechados, lábios contraídos e frontes a se tocarem uma nas outras... Levantando-se então os fiéis seguiram de roldão para as portas do templo. Os cegos, os coxos e os enfermos avançavam como podiam, com os pés ou de rastos, em direção à deusa que não viam, amparando-se uns aos outros e gritando suas orações. Aqui e ali vozes delirantes soavam: – Milagre! Milagre! O coxo está caminhando! O enfermo desceu da cama! “A esses brados saía do templo um grupo de sacerdotes e, atravessando a multidão, eles reuniam as muletas jogadas fora, para pendurá-las como troféus nas paredes do templo, em homenagem à grande deusa Diana”.1 Com essas palavras, o escritor judeu-cristão polonês, Sholem Asch, descreveu o culto à deusa Diana, tão popular na região da Ásia Menor, nos primórdios da Era Cristã. Como podemos conferir, qualquer semelhança com os cultos modernos às chamadas “Nossas Senhoras” não é mera coincidência, mas perpetuação de uma milenar tradição de culto a deusas, hoje disfarçada com matiz cristã. E não estamos falando de uma pequena seita obscura, existente em algum povo atrasado em um país exótico, mas de uma religião que possui milhões de adeptos, com uma força de devoção que chega à beira da loucura: o “marianismo”. E não é preciso ser teólogo para perceber isso. Qualquer conhecedor de História pode constatar. Em uma revista de circulação nacional foi publicada uma matéria com o título: “No princípio, eram as deusas”. O texto se desenvolve da seguinte forma: “As deusas só foram destronadas com o advento das religiões monoteístas, que admitem um só deus, masculino. Com a difusão do cristianismo, as antigas deusas são banidas do imaginário popular. No Ocidente, algumas acabaram associadas à Virgem Maria, mãe do Deus dos cristãos, outras se transformaram em santas... Nos primeiros séculos cristãos, Ísis passou a ser identificada com Maria”. O historiador Will Durant em sua História da Civilização diz: “O povo adorava-a (Isis) com especial ternura e erguia-lhe imagens, consideravam-na Mãe de Deus; seus tonsurados sacerdotes exaltavam-na em sonoros cantos...e mostravam-na num estábulo, amamentando um bebê miraculosamente concebido...Os primitivos cristãos muitas vezes se curvavam diante das estátuas de Ísis com o pequeno Hórus ao seio, vendo nelas outra forma do velho e nobre mito pelo qual a mulher , criando todas as coisas, tornou-se por fim a Mãe de Deus (grifo do autor) 2 ”. Status de deusa O paganismo não se conformou em ficar sem suas deusas. Assumindo características culturais e étnicas de cada nação, o culto à deusa Maria foi se adaptando à devoção popular com uma versatilidade incrível. Desde suntuosos santuários até silhuetas em vidros e grãos de milho, inúmeras aparições no mundo inteiro dão status de deusa a estas supostas aparições, incorporando-as ao acervo popular de inúmeras nações. Estátua da deusa grega Vênus de Milo exposta no museu de louvre em Paris No Brasil, a chamada “Senhora Aparecida” possui traços raciais negros e seu culto está muito ligado à cultura afro. Seu santuário, na cidade de Aparecida, chega a receber 6,5 milhões de visitantes por ano. Em Portugal, a deusa Maria, conhecida como “Senhora de Fátima”, assume características raciais européias, bem como a “Senhora de Lourdes”, na França. Elas recebem, respectivamente, cerca de 4,2 milhões e 5,5 milhões de visitas por ano. Entre outras divindades nacionais, ainda podemos citar a “Senhora de Guadalupe”, no México, e a “Senhora da Estrela da Manhã”, no Japão. Não é óbvio presumirmos que as antigas divindades tutelares reverenciadas no passado apenas mudaram de nome? Diana para os efésios, Nun para os ninivitas, Ishtar para os babilônios, Kali para os hindus e, assim, continuam sendo cultuadas por meio de um pseudocristianismo. Além de divindades nacionais, o marianismo assume características regionais e funcionais, assenhoreando-se de cidades e regiões, assumindo diferentes nomes e funções. Assim, temos no Brasil a “Nossa Senhora do Monte Serrat”, “Nossa Senhora do Rosário”, “Nossa Senhora das Dores”, “Nossa Senhora das Graças” e “Nossa Senhora do Parto”, entre outras. Na verdade, muito do que as estatísticas chamam de cristãos não passam de grosseiros pagãos, aprisionados por superstições e servindo a falsos deuses. Curiosa é a descrição da deusa Diana feita por R.N. Champlin. Esse renomado teólogo diz que a deusa Diana e a deusa Maria se confundem, o que torna difícil encontrar a diferença entre a “Diana dos efésios” e a “Maria dos efésios”. Em 431 d.C., a idolatria tornava a entrar pela porta de onde saíra: “Em Éfeso ela recebeu as mais altas honrarias. De acordo com uma inscrição existente no local, ela trazia estes títulos: Grande Mãe da Natureza, Patrocinadora dos Banquetes, Protetora dos Suplicantes, Governanta, Santíssima, Nossa Senhora, Rainha, a Grande, Primeira Líder, Ouvidora...”2 (grifo do autor). A ascensão de Maria Segundo o catolicismo, “finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste. E para que mais plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo Senhor como Rainha do universo. A assunção da Virgem Maria é uma Estátua da deusa Lakshmi: participação singular na ressurreição de imagem adorada pelo hinduísmo seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos”.3 Qualquer conhecedor das Escrituras fica aborrecido diante de tamanha distorção. A humilde camponesa de Belém, que singelamente aceitou sua missão de ser a mãe de Jesus, foi, ao longo dos séculos, transformada em uma divindade pagã. Em toda a Bíblia, a figura de Maria não recebe qualquer posição especial com relação a Jesus ou ao plano de salvação: • Jesus não a chamava de mãe, mas de mulher (Jo 4.4; 19.26); • Aos que a definiram como sua mãe Ele fez questão de mostrar que seus familiares são os seus seguidores (Mt 12.46-50); • Quando quiseram atribuir alguma honra a Maria pelo fato de ter dado à luz a Jesus, Ele fez questão de mostrar que há honra maior em obedecer a Deus (Lc 11.27-28); • Nenhum dos apóstolos fez qualquer menção a ela, seja Paulo, Pedro, Tiago, João ou Judas. Mas quando olhamos para o marianismo, não vemos apenas uma ascensão física, mas uma ascensão de importância que vem, através dos séculos, transformando a mãe de Jesus na figura central do Catolicismo e, conseqüentemente, da fé popular. Como isso foi possível? Como a Igreja Católica pôde transformar uma figura que não recebeu nenhum destaque no Novo Testamento na peça mais importante de sua religião? Como essa igreja conseguiu, em nome do Cristianismo, desobedecer ao mandamento tão claro: “Não terás outros deuses diante de mim?” (Êx 20.3). A tolerância, no entanto, é uma faca de dois gumes que, se exagerada, pode permitir que uma virgem se torne uma meretriz: “Mas tenho contra ti que toleras a Jezabel, mulher que se diz profetisa. Com o seu ensino ela engana os meus servos, seduzindoos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas aos ídolos” (Ap 2.20). Quando os verdadeiros crentes precisaram tomar uma atitude mais severa, eles se calaram e a conseqüência disso foi a forte idolatria que se camuflou com o título de cristianismo. Assim, com o passar dos anos Maria foi acumulando títulos, adquirindo mais prestígio do que a própria Trindade. Além da conhecida designação de “Nossa Senhora”, ela recebeu outras nomeações, como Medianeira, Imaculada (sem pecado), Mãe dos Homens, Mãe da Igreja, Rainha dos Céus, Co-redentora etc. A força de seu culto supera qualquer outro movimento dentro do Catolicismo A mariolatria continua mais forte do que nunca A devoção às deusas do catolicismo cresceu nas últimas décadas e continua crescendo. Por meio de abaixo-assinado na internet para pressionar o papa João Paulo II a conceder a Maria de Nazaré o que os católicos chamam de “Quinto Dogma”, cinco milhões de assinaturas já foram levantadas. O “Quinto Dogma”, título oficial de co-redentora da humanidade, confere à santa a posição de quarta pessoa da Trindade. Estátua da deusa Branca Tara: venerada e considerada a mãe dos Budas O movimento que busca essa “conquista” chama-se Vox Populi Mariae Mediatrice e é liderado pelo “teólogo” Mark Miravalle, professor da Universidade Franciscana de Steubenville, no estado de Ohio, EUA. Pelo menos 500 bispos e 42 cardeais já assinaram o abaixo-assinado, conforme matéria publicada pela revista Tudo em setembro de 2001. O papa atual foi e é um dos grandes fomentadores desse culto idólatra. O lema de seu brasão de pontificado, Totus tuus, significa sua entrega total a Maria. Sua primeira viagem, 13 dias após a eleição, foi a um santuário mariano nas proximidades de Roma. Desde então, o papa não perde a oportunidade de reafirmar seu culto à mãe de Jesus e de lembrar que foi “Nossa Senhora de Fátima” quem o salvou do atentado a tiros que sofreu em 1981. No século XX, foram registradas em todo o mundo cerca de 200 supostas aparições da virgem Maria. Os dogmas da imaculada conceição e da assunção de Maria, proclamados no século XIX, colaboraram para todo esse entusiasmo. Lamentamos o fato de que a humilde Maria não tem nenhuma culpa em toda essa idolatria cometida em seu nome. Com certeza, as rezas, os cânticos, os sacrifícios e as promessas não vão para ela que, assim como os demais servos do Senhor, também está aguardando a ressurreição dos mortos. A história do concílio de Éfeso Imagem da deusa católica Nossa Senhora da Rosa Mística O concílio de Éfeso não instituiu a adoração a Maria, apenas sancionou-a. Até então se tratava de um sentimento religioso popular. Depois disso, passou a ser matéria teológica. Pior que uma prática idólatra permitida é uma prática idólatra teologicamente defendida. E foi justamente isso que esse concílio significou para o cristianismo: o passaporte de entrada da deusa Diana para dentro da Igreja Cristã. Hoje, fala-se muito do concílio de Éfeso como “uma questão cristológica”. O que estava em jogo não era se Maria deveria ser chamada de mãe de Deus ou não, mas se o Filho nascido dela possuía apenas a natureza humana ou as duas naturezas: a humana e a divina. O resultado positivo foi o estabelecimento da natureza hipostática de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Mas a deturpação veio de carona. Todo o ambiente que cercou esse Concílio foi repleto de intrigas, corrupções, ódios e idolatria, mais especificamente idolatria mariana. O historiador Edward Gibbon referiu-se ao concílio de Éfeso como um “tumulto episcopal, que na distância de treze séculos assumiu o venerável aspecto de Terceiro Concílio Ecumênico”.4 Nestor, patriarca de Constantinopla, se recusava a conferir o título de “Mãe de Deus” a Maria. “Na Síria, a escola de Nestor tinha sido ensinada a rejeitar a confusão das duas naturezas, e suavemente distinguir a humanidade de seu mestre Cristo da divindade do Senhor Jesus. A bendita virgem era honrada como a mãe do Cristo, mas os seus ouvidos foram ofendidos com o irrefletido e recente título de Mãe de Deus, que tinha sido insensivelmente adotado desde a controvérsia ariana. Do púlpito de Constantinopla, um amigo do patriarca e depois o próprio patriarca, repetidamente pregou contra o uso, ou o abuso, de uma palavra desconhecida pelos apóstolos, não autorizada pela igreja, e que apenas tendia a alarmar os tímidos”, diz Gibbon (grifo do autor). Cirilo, então bispo de Alexandria, acusou-o de heresia e tratou rapidamente de convencer Celestino, bispo de Roma, de seu ponto de vista. Para resolver a questão, foi então decidido um Concílio Universal, sediado na cidade de Éfeso, na Ásia Menor, que ficaria acessível tanto por mar quanto por terra, para ambas as partes conflitantes. Cirilo usou todos os artifícios para persuadir o povo a tomar seu partido. Vejamos o que disse Gibbon a respeito: “O despótico primado da Ásia (Cirilo) dispôs prontamente de trinta a quarenta votos episcopais: uma multidão de camponeses e os escravos da Igreja foram derramados na cidade para sustentar com barulhos e clamores um argumento metafísico; e o povo zelosamente afirmou a honra da Virgem, de quem o corpo repousava dentro dos muros de Éfeso. O navio que havia transportado Cirilo de Alexandria foi carregado com as riquezas do Egito; e ele desembarcou um numeroso corpo de marinheiros, escravos e fanáticos, aliciados com cega obediência sob a bandeira de São Marcos e a mãe de Deus. Os pais e ainda os guardas do concílio estavam receosos devido àquele desfile esplendoroso de roupas guerreiras; os adversários de Cirilo e Maria foram insultados nas ruas ou destratados em suas casas; sua eloqüência e liberalidade fizeram um acréscimo diário ao número de seu aderentes... “Impaciente com uma demora que ele estigmatizou como voluntária e culpável, Cirilo anunciou a abertura do Sínodo dezesseis dias após a Festa do Pentecoste. A sentença, maliciosamente escrita para o novo Judas (isto é, Nestor), foi afixada e proclamada nas ruas de Éfeso: os cansados prelados, assim que publicaram para a igreja com respeito à mãe de Deus, foram saudados como campeões, e sua vitória foi comemorada com luzes, cantos e tumultos noturnos. “No quinto dia, o triunfo foi obscurecido pela chegada e indignação dos bispos orientais (do partido de Nestor). Em um cômodo da pensão, antes que ele tivesse limpado o pó de seus pés, João de Antioquia tinha dado audiência para Candidian, ministro imperial, que relatou seus infrutuosos esforços para impedir ou anular a violenta pressa dos egípcios. Com igual violência e rapidez, o Sínodo Oriental de cinqüenta bispos degradou Cirilo e Memnon de suas honras episcopais; condenou, em doze anátemas, o mais puro veneno da heresia apolinária; e descreveu o primado alexandrino (Cirilo) como um monstro, nascido e educado para a destruição da igreja. “Pela vigilância de Memnon, as igrejas foram fechadas contra eles, e uma forte guarnição foi colocada na catedral. As tropas, sob o comando de Candidian, avançaram para o assalto; as sentinelas foram cercadas e mortas à espada, mas o lugar era inexpugnável; os sitiantes retiraram-se; sua retirada foi perseguida por um vigoroso grupo; eles perderam seus cavalos e muitos soldados foram perigosamente feridos com paus e pedras. Éfeso, a cidade da virgem, foi profanada com ódio e clamor, com sedição e sangue; o sínodo rival lançou maldições e excomunhões de sua máquina espiritual; e a corte de Teodósio ficou perplexa pelas narrativas diferentes e contraditórias dos partidos da Síria e do Egito. Durante um período tumultuado de três meses o imperador tentou todos os meios, exceto o mais eficaz, isto é, a indiferença e o desprezo, para reconciliar esta disputa teológica. Ele tentou remover ou intimar os líderes por uma sentença comum de absolvição ou de condenação; ele investiu seus representantes em Éfeso com amplos poderes e força militar; ele escolheu de ambos os partidos oito deputados para uma suave e livre conferência nas vizinhanças da capital, longe do contagioso frenesi popular. “Mas os orientais se recusaram a ceder e os católicos, orgulhosos de seu número e de seus aliados latinos, rejeitaram todos os termos de união e tolerância. A paciência do manso imperador Teodósio foi provocada, e ele dissolveu, irado, este tumulto episcopal, que na distância de treze séculos assumiu o venerável aspecto de Terceiro Concílio Ecumênico. ‘Deus é minha testemunha’, disse o piedoso príncipe, ‘que eu não sou o autor desta confusão. Sua providência discernirá e punirá o culpado. Voltem para suas províncias, e possam suas virtudes privadas reparar o erro e o escândalo deste encontro’. “(...) os abades Dalmácio e Êutico tinham devotado seu zelo à causa de Cirilo, o adorador de Maria, e à unidade de Cristo. Desde o primeiro momento de sua vida monástica eles nunca tinham se misturado com o mundo ou pisado no chão profano da cidade. Mas neste terrível momento de perigo para a igreja, seus votos foram superarados por um mais sublime e indispensável dever. À frente de uma ordem de eremitas e monges, carregando archotes em suas mãos e cantando hinos à mãe de Deus, eles foram de seus mosteiros ao palácio do imperador”5 (grifo do autor). Longe de ser uma disputa teológica, na qual a Palavra de Deus era o padrão da verdade, essa foi uma guerra política, ocasião em que Maria foi proclamada a “mãe de Deus”, iniciando uma ascensão que fez dela a deusa que é hoje. Nem todas as sutilezas teológicas produzidas pelo catolicismo terão poder de inocentar os milhões apri-sionados na idolatria mariana. Nenhum longo tratado, nenhuma citação da patrística e nenhuma alegação da tradição serão suficientes para apagar dessas almas manchadas o envolvimento com essas entidades que se intitulam “Senhoras”. São mais de quinze séculos de práticas pagãs, justificadas por argumentos ilegítimos, tentando tornar aceitável o inaceitável. Mas o fundamento de Deus permanece. “Não terás outros deuses diante de mim”, diz o Senhor. E muito menos deusas! BIBLIOGRAFIA “O Novo Testamento interpretado versículo por versículo”. R.N. Champlin, Candeia. “O Apóstolo”. Sholem Asch. Companhia Editora Nacional. “Virgem Maria”. Aníbal Pereira dos Reis. Edições Caminho de Damasco. Decline and Fall of Roman Empire. Edward Gibbon. Encyclopaedia Britannica. INC. Vol II Revista “Tudo”. Setembro/2001 A História da Civilização – Nossa Herança Oritental. Will Durant, Ed. Record. Vol I. NOTAS 1 2 2 3 4 O Apóstolo. Sholem Asch, pp.386-387. Revista Super ieressante de agosto 1988. número 8, ano 2. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. R.N. Champlin. Candeia, p .431. CIC, p. 273, item 966. Declínio e Queda do Império Romano. Vol II. 5 Decline and Fall of Roman Empire. Edward Gibbon. Encyclopaedia Britannica. INC. Vol II, pp. 140-142. INSTRUMENTOS DE TORTURA DA IDADE MÉDIA Finalidades dos Instrumentos: No seu "Livro das Sentenças da Inquisição" (Liber Sententiarum Inquisitionis) o padre dominicano Bernardo Guy (Bernardus Guidonis, 1261-1331), "um dos mais completos teóricos da Inquisição", descreveu vários métodos para obter confissões dos acusados, inclusive o enfraquecimento das forças físicas do prisioneiro". Usava-se, dentre outros, os seguintes processos de tortura: a manjedoura, para deslocar as juntas do corpo; arrancar unhas; ferro em brasa sob várias partes do corpo; rolar o corpo sobre lâminas afiadas; uso das "Botas Espanholas" para esmagar as pernas e os pés; a Virgem de Ferro (vide figura 2) : um pequeno compartimento em forma humana, aparelhado com facas, que, ao ser fechado, dilacerava o corpo da vítima; 6. suspensão violenta do corpo, amarrado pelos pés, provocando deslocamento das juntas; 7. chumbo derretido no ouvido e na boca; 8. arrancar os olhos; açoites com crueldade; 9. forçar os hereges a pular de abismos, para cima de paus pontiagudos; 10. engolir pedaços do próprio corpo, excrementos e urina; 11. a "roda do despedaçamento (vide figura 8) funcionou na Inglaterra, Holanda e Alemanha, e destinava-se a triturar os corpos dos hereges; 12. o "balcão de estiramento" era usado para desmembrar o corpo das vítimas; 13. o "esmaga cabeça" (vide figura 10) era a máquina usada para esmagar lentamente a cabeça do condenado, e outras formas de tortura. 1. 2. 3. 4. 5. (fig. 1) Cadeira Inquisitorial (fig.2) "Virgem de Nuremberg" (fig.3) O machado ou "espada do carrasco" (fig.4) A Guilhotina (fig.5) A Serra (fig.6) Jaulas de correntes (fig7) . La cuna de Judas (fig.8) Roda de despedaçamento (fig.9) Látigos de Cadenas (fig.10) Esmaga-Cabeça (fig.11) Tronco (fig.12) Forquilha do herege (fig.13) Garras de Gato (fig.14) A Pera - oral, retal ou vaginal (fig.15) O Cinturão de castidade (fig.16) Esmaga-seios (fig.17) Máscara da Infâmia (fig.18) Máscara da Infâmia (fig.19) Máscara da Infâmia (fig.20) Cinturão de Santo Erasmo (fig.21) Esmaga-Polegares (fig.22) Esmaga-Polegares Fonte - figuras: site Boas Novas Fonte - texto: artigo pr. Airton Evangelista da Costa Copie – adapte – imprima – distribua estes artigos Mostre a verdade, tente arrebatar alguns das chamas, pois é para onde a maioria absoluta deles caminham.