O TERCEIRO SETOR NA ERA DA CIBERCULTURA E

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“Amazônia e o direito de comunicar”
20 a 22 de outubro de 2011 - Belém/PA
O TERCEIRO SETOR NA ERA DA CIBERCULTURA E DO MARKETING 2.0:
o caso Noolhar em Belém do Pará. 1
Heverton Gebson Oliveira SANTOS2
Cenira Almeida SAMPAIO3
Universidade da Amazônia - UNAMA, Belém, PA
RESUMO
Este artigo analisa como as Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, através dos
conceitos de Marketing 2.0, Web 2.0 e da cibercultura podem auxiliar em organizações
pertencentes ao Terceiro Setor no que concerne a melhoria de suas ações, visibilidade e
obtenção de recursos tangíveis e intangíveis para suas causas, sustentando a hipótese de que a
partir destas ferramentas é possível dinamizar as estratégias de captação de recursos para
organizações não governamentais, sendo um campo fértil para estudos e atuação dos
profissionais de marketing e publicidade.
PALAVRAS-CHAVE
Terceiro Setor; Marketing 2.0; cibercultura; web 2.0.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo científico é fundamentado no trabalho de conclusão de curso homônimo
defendido na Universidade da Amazônia em junho de 2011. A escolha do tema surgiu a partir
da observação do crescimento do Terceiro Setor nas últimas décadas, impulsionado pelo
fortalecimento de associações e ONGs (organizações não governamentais), com engajamento
político, social e ambiental. Pelo movimento de democratização da informação proporcionado
pela evolução das TICs (Tecnologias da Informação e da Comunicação) e universalização da
internet, sustentando a hipótese de que a partir do Marketing 2.0 como ferramenta da Web 2.0
é possível dinamizar as estratégias de captação de recursos, visibilidade e representatividade
do Terceiro Setor no Brasil e no mundo.
1
Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho da II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira de Mídia
Cidadã.
2
Bacharel em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pela UNAMA, email: [email protected]
3
Orientadora do projeto de pesquisa com Doutorado em Ciências Agrárias pela UFRA, email: [email protected]
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A importância deste estudo revela-se devido a popularização dos debates entre
governos, empresas, sociedade civil e profissionais da comunicação no que tange aos temas
ligados ao meio ambiente, qualidade de vida, produção energética limpa e alternativas para a
redução do consumo humano. Tais temas utilizados muitas vezes como razão existencial de
instituições do Terceiro Setor.
O objetivo principal deste estudo está em analisar como as Novas Tecnologias da
Informação e da Comunicação, especialmente o Marketing 2.0 através da Web 2.0 podem
ajudar no fortalecimento de organizações do Terceiro Setor para que estas consigam obter
recursos tangíveis e intangíveis4 para as suas causas sociais e ambientais.
Para a comprovação das hipóteses sustentadas, buscou-se a ONG ambientalista e sem
fins lucrativos Noolhar, situada em Belém do Pará desde 2005. Analisada pelo autor como
melhor usuária destas novas ferramentas da comunicação, e que possui um público
heterogêneo, o que contribui para uma análise global do estudo.
2 TERCEIRO SETOR: ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS
O Terceiro Setor é assim denominado porque engloba instituições com fins públicos,
porém de caráter privado, que não se enquadram, portanto, no Primeiro Setor (Estado), nem
no Segundo (Mercado), ou seja, fazem parte do denominado “espaço público não estatal”.
Qualificam-se como entidades do Terceiro Setor as ONGs, associações, fundações, entidades
de assistência social, educação, saúde, esporte, meio ambiente, cultura, ciência e tecnologia,
entre outras organizações da sociedade civil.
Albuquerque (2006, p. 21) descreve que as organizações sociais que hoje compõem o
Terceiro Setor não são uma criação dos séculos XX e XXI. Na Europa, na América do norte e
mesmo na America latina, os movimentos associativos tiveram origem nos séculos XVI e
4
Recursos Tangíveis: Tudo o que é palpável, possível de ser medido (recursos materiais, financeiros, humanos etc).
Recursos Intangíveis: O que não pode ser medido, tocado (profissionalização de pessoal, habilidades pessoais, ações de
empresas, marcas, patentes), muitas vezes utilizam-se dos recursos tangíveis para serem conseguidos.
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XVII, inicialmente com caráter religioso ou político. As dissidências religiosas ocorridas na
Europa propiciaram que o trabalho organizado socialmente estivesse intimamente relacionado
com o trabalho religioso. Nesse período inicial, as organizações sociais também foram
influenciadas pelos sistemas de governo e pelas políticas nacionais vigentes. Conforme
Albuquerque (2006)
A partir dos anos 1800 surgem as associações patronais e os sindicatos de trabalhadores.
A relação da sociedade civil e do setor privado com o Estado e com o governo
intensificou-se e diversificou-se. Durante esse período, os movimentos associativos
adotaram uma forma particular de atuação, em que a Igreja e o Estado determinavam os
limites, os horizontes e as atividades da sociedade civil organizada. Assim, por seus
vínculos com o Estado e a Igreja, as associações acabaram por adquirir características
presentes nessas duas instituições: participação massiva e politizada e uma hierarquia
centralizadora e controladora.
Durante as décadas de 1970 e 1980, ditaduras militares foram as formas de governo
de diversos países da América Latina, o que provocou dentre inúmeros efeitos, a redução da
participação civil no Estado e nas empresas. A impossibilidade de dialogar com esses setores
levou os movimentos associativos latino-americanos a atuar no âmbito local, voltando-se para
as comunidades.
Entretanto, é com a Teologia da Libertação que ocorrerá o grande impulso no
movimento do ativismo social durante a década de 1970 na América Latina. Essa doutrina da
Igreja Católica pregava que o Evangelho reflete uma opção preferencial pelos pobres. Essa
escolha foi oficialmente manifestada pelos bispos latino-americanos durante reunião na
Colômbia, em 1968.
Na América latina a criação de novos atores políticos se misturou com atores que já
ocupavam a cena, trazendo algo curioso. Uma colaboração entre partidos políticos
clandestinos, movimentos sociais e a Igreja Católica. Tendo assim, um momento de
unificação da opinião e do trabalho dos diferentes atores sociais que lutavam por algo
em comum: a liberdade da opinião pública. (CARDOSO, informação verbal) 5
A intensidade desse movimento nos diversos países latinos variou, havendo casos em
que chegou a atingir âmbito nacional, como no Brasil. Entretanto, independentemente de sua
amplitude ou de suas influencias variáveis, apareceram representantes da Teologia da
5
Ciclo de Debates, Estado e Sociedade. “A Importância do Terceiro Setor”. 2006
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Libertação em diversos países da América latina: Gustavo Guttierez (Peru), Leonardo Boff
(Brasil), Pablo Richard (Chile e Costa Rica), Otto Maduro (Venezuela), Juan Luís Segundo
(Uruguai) e outros.
Assim, a Igreja Católica foi uma das, senão a, instituição de maior importância
dentro do processo de surgimento de movimentos civis organizados na América latina e
principalmente no Brasil.
3 COMUNICAÇÃO E TERCEIRO SETOR
É a partir da comunicação que se constrói a imagem das organizações, esta é
responsável por passar credibilidade, valores e estabelecer o diálogo com seu público externo
e interno. Sobre isto, acrescenta-se que, “a função da comunicação é atuar na imagem,
ampliar a base de consumidores e o mercado, no caso do Terceiro Setor é fazer conhecer,
aumentar a base de colaboradores e usuários e ampliar seu foco”. (MANZIONE, 2006, p.
113)
Neste sentido, nota-se que a comunicação está presente em todos os tipos de
organizações, e no Terceiro Setor esta é de suma importância para o estreitamento de relações
entre colaboradores, voluntários, funcionários e demais atores participantes.
A credibilidade não se constrói da noite para o dia, ela é resultado de um trabalho
contínuo da atividade de comunicação com o público interno e externo, através dos
profissionais multidisciplinares trabalhando junto, buscando um único objetivo que é o
de contribuir para a manutenção da boa imagem e solidificação da reputação da
empresa. (LEÃO 2008, p. 21)
Se o Terceiro Setor é um campo fértil para a comunicação, porque as organizações
que dele fazem parte não adotam estratégias que além de difundir suas causas, atinjam
funcionários, voluntários, clientes, fornecedores, empresas do setor, governos, imprensa, em
geral seu público externo e interno? Sobre essa questão, Manzione (2006) relata que “a
dificuldade de planejamento estratégico dentro do Terceiro Setor existe basicamente porque
as pessoas estão tão envolvidas com a causa defendida pela organização que não tem tempo
para investir sua boa vontade em outros setores”. Assim, o que poderia se tornar um vasto
4
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campo de pesquisa, estudos e aprendizado torna-se invisível aos olhos de profissionais,
governos e da sociedade civil organizada.
4 O MARKETING 2.0 COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO PARA
O TERCEIRO SETOR
Vivemos num mundo 2.0. Termos como Trabalho 2.0, Sustentabilidade 2.0, Gestão
2.0 e Web 2.0 já fazem parte de nossas rotinas e por mais desconhecidos que pareçam vieram
para ficar. O digital hoje tem permeado todas as áreas do conhecimento, incluindo o
marketing, e vem trazendo várias mudanças no modo como esses profissionais atuam.
O marketing 2.0 surgiu na atual era da Informação – cujo núcleo é a Tecnologia da
Informação. A tarefa do marketing já não é tão simples. Os profissionais de hoje tem
que chegar ao coração e à mente do consumidor. Tal é a visão do Marketing 2.0 ou a era
orientada para o cliente. (KOTLER 2010, p. 4)
Elucida Ribeiro (2009, online) que o Marketing 2.0 se baseia em dois pilares:
conteúdo e relacionamento. Essa ferramenta é resultado do barateamento das Tecnologias de
Informação (computadores, celulares, acesso à Internet banda larga) responsáveis por uma
revolução no marketing tal como era concebido até a década passada.
Através do Marketing 2.0 pode-se conceber uma rede efetiva de relacionamento
entre a organização com o público que lhe interessa. Além disso, pode-se medir, com maior
precisão o feedback dado a ações de marketing feitas pela organização.
Enquanto que no marketing tradicional (1.0) as plataformas utilizadas eram
tradicionais e analógicas, hoje se tem uma gama de plataformas digitais que podem ser
incorporadas nas estratégias de marketing e as que funcionam melhor são as que utilizam os
dois em conjunto (marketing e o digital). Podemos contar hoje com tecnologias móbile, sms,
bluetooth, realidades mistas e aumentadas, redes sociais, vídeos compartilhados, plataformas
de buscas e etc. E como os profissionais de comunicação e de marketing saberão utilizar esse
leque de opções é um dos desafios deste novo mundo.
5
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5 WEB 2.0: A INTERNET COMO FERRAMENTA DE FORTALECIMENTO
DAS ORGANIZAÇÕES
Para Ribeiro (2009) a evolução da tecnologia para o que conhecemos como Web 2.0,
se tornou um fenômeno muito mais social do que o aspecto puramente tecnológico. As
pessoas puderam começar a se relacionar e interagir de forma semelhante ao que acontece na
vida real, fazendo e recebendo comentários, recomendações, idéias e opiniões. Enfim,
podendo interagir com outras pessoas. Afinal o homem é uma criatura social.
Nas “redes sociais” – que não tem esse nome por acaso -, assuntos ligados ao
Terceiro Setor como meio ambiente, sustentabilidade, inclusão social, cidadania, justiça
social, rede de trocas solidárias, empreendedorismo, direitos humanos, marketing,
responsabilidade social e cultura são bastante pertinentes e nos dão uma idéia do potencial
que essas ferramentas têm seja para divulgar assuntos ou unir pessoas em torno de uma causa.
É o melhor exemplo de rede colaborativa.
Lévy (1998, pg. 103) sustenta que o mundo virtual pode desvendar inéditas galáxias
de linguagem, fazer vir à tona temporalidades sociais desconhecidas, reinventar o laço social,
aperfeiçoar a democracia, abrir entre os homens trilhas de saber desconhecidas.
A Web é uma criação mais social que técnica. Eu a construí para um efeito social ajudar
as pessoas a trabalharem juntas- e não como um brinquedo tecnológico. A finalidade
última da Web é ajudar a melhorar a “teia” de nossa existência no mundo. Nós nos
agrupamos em famílias, associações e empresas. [...] O que acreditamos, endossamos e
aceitamos é representável e, cada vez mais, representado na Web. (Tim Berners, online).
Na busca de viabilização de seus propósitos as organizações do Terceiro Setor são
levadas à exploração das novas tecnologias, ajustando-se ao uso estratégico inovador que
podem proporcionar e preservando, a medida do possível, a sua integração com os sistemas
legados. Este fenômeno perpassa necessariamente pelo crescimento explosivo da Internet.
Para Periotto e Theodoro (2002, p. 34) as organizações do Terceiro Setor podem
empregar diretamente a Internet em pelo menos cinco tipos de atividades:
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Comunicação: a partir da internet a comunicação torna-se de baixo custo e alta velocidade,
possibilitada pela troca de emails, grupos de discussão e os chats, além facilitar a interação e a
colaboração entre pessoas e organizações possibilitando também a realização de consultas e a
participação em processos decisórios.
Informação: a partir do momento em que possibilita o acesso a baixo custo a uma imensa
quantidade de informações, como banco de dados, estudos, relatórios e documentos que até
então eram indisponíveis para a maior parte dessas entidades.
Visibilidade: propicia diferentes formas para a organização divulgar informações e aumentar
a visibilidade junto a organizações parceiras, a financiadores e à população. Para alcançar esta
visibilidade as organizações podem criar um website, produzir e distribuir boletins eletrônicos
(webmails) e participar de discussões.
Colaboração: as listas de discussão e as comunidades virtuais são recursos que propiciam a
colaboração entre organizações e pessoas, possibilitando a comunicação entre um grande
número de pessoas e eliminando barreiras geográficas. Através desses recursos,
“comunidades virtuais” e redes de organizações dispõem de meios para compartilhar
informação e realizar trabalhos coletivos, como elaboração de propostas e relatórios,
organização de eventos e busca de soluções para problemas comuns.
Gestão: possibilita aperfeiçoar as atividades e programas já desenvolvidos, mediante a
incorporação de novas formas de comunicação, interação e disseminação das informações.
6 CIBERESPAÇO, TERCEIRO SETOR E CIBERATIVISMO
Entende-se por ciberespaço como um nome genérico para se referir a “um conjunto
de tecnologias diferentes, algumas familiares, outras só recentemente disponíveis, mas que
têm em comum a habilidade para simular ambientes dentro dos quais os humanos podem
interagir.” SANTAELLA (2003. p. 99)
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Atualmente, não obstante o grande número de opções que se abrem ao usuário, o
ambiente ciberespacial codificou-se em rotas e sítios sinalizados com uma organização
interna. A autora conclui que “as comunidades virtuais do ciberespaço têm crescido e se
diferenciado com tal intensidade que produziram o aparecimento de uma nova forma de
cultura do ciberespaço ou cibercultura.” SANTAELLA (2004, p. 44).
No início de 2011 o Greenpeace em parceria com a agência de publicidade
DDB/Paris lançou uma campanha veiculada somente no ambiente virtual com o objetivo de
arrecadar fundos para a construção de um navio cujo nome - Rainbow Warrior remete ao do
primeiro navio da ONG, naufragado em 1985. A ação consistiu na criação de uma plataforma
em 3D do navio a ser construído.
Figura 1 - Home Page do site criado pela agência DDB/Paris. Adaptado por Heverton Oliveira 2011
Fonte: www.anewwarrior.greenpeace.org/?lang=en
No projeto estão diversos objetos que serão utilizados quando o navio estiver pronto,
como cordas, radares, sofás, utensílios domésticos e etc, que poderão ser “comprados” por
internautas por um valor específico. O dinheiro arrecadado vai para a construção verdadeira
do navio, e ao término da campanha todos os internautas que contribuíram terão seus nomes
gravados no navio. É um ótimo exemplo de estratégia de marketing digital com reflexos reais
para o cliente.
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A partir deste exemplo vê-se que as organizações que compõem o chamado Terceiro
Setor não estão alheias as tecnologias da informação e ao ciberespaço, e que como coloca
Santaella (2004, p.29) vivemos a “época em que as formas de experimentar e sentir a
realidade e a vida sofreram inflexões agudas.”
Neste contexto de mudanças vemos emergir no Terceiro Setor um conceito
diferenciado de ativismo online ou um ciberativismo6. Que convida o internauta a produzir,
compartilhar e dividir conteúdos, protestar nas “ruas” da internet e democratizar informações
na rede. E essas fronteiras, cada vez menos demarcadas permitirão que organizações do
Terceiro Setor possam ser vistas cada vez mais como modificadoras da realidade, mesmo que
este movimento se inicie no âmbito virtual.
7 MARKETING 2.0 E ONG NOOLHAR.
A ONG Noolhar foi escolhida como laboratório de estudo desta pesquisa por ser
localizada na cidade de Belém e possuir certa participação quando se fala em ciberespaço e
tecnologias da informação. A ONG possui um website, perfis em redes sociais e é bastante
presente nas mídias em geral. Uma rápida pesquisa no buscador Google com as palavras
“noolhar ong”, mostra esta como primeira opção de site, com resultados de diversos projetos,
ações e eventos realizados na cidade, como pode ser melhor compreendido na Figura 2.
6
Ativismo realizado através da Internet ou ciberespaço. Este tipo de ativismo pode ser visto como a forma contemporânea de
retomada da “coisa pública”, que pode transformar questões locais em causas de alcance global. Teve início no ano de 1994
no México com o sub-comandante Marcos que articulou através da Internet um movimento de apoio à luta do povo da região
da Chiapas, durante o movimento Zapatista.
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Figura 2 - Resultados da pesquisa sobre a ONG. Adaptado por Heverton Oliveira 2011
Fonte: www.google.com.br
- Sobre a Missão:
Atuando desde 2005 em Belém, a Noolhar tem como missão a educação ambiental em toda a
sua amplitude, contribuindo para o desenvolvimento sustentável através de ações educativas
que fortaleçam o despertar socioambiental para conservação do meio ambiente. Isto é possível
a partir da geração de renda com a confecção de produtos que tem como matéria-prima
materiais descartáveis, principalmente a garrafa pet. Por meio da ONG o que era lixo se
transforma em produtos diversificados como pufes feitos de pet e sacolas ecológicas.
- Sobre os Dirigentes e Colaboradores:
Marcos é natural de Franca, interior de São Paulo. Formado em Administração com
especialização em Marketing. Patrícia Gonçalves é de Porto Alegre (RS). Também concluiu
Administração, com especialização em Educação Ambiental.
Segundo o coordenador Marcos, a Noolhar só tem um funcionário cadastrado e mais quatro
pessoas que trabalham na administração com projetos nos quais as pessoas das comunidades
ensinam, por exemplo, biscuit, desenho, artesanatos com garrafa pet e etc.
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- Sobre a Obtenção de recursos:
O coordenador coloca que a ONG obtém recursos financeiros de parcerias com empresas
privadas e órgãos públicos, sendo a própria empresa dele uma contribuinte. Ainda segundo
Marcos, a ONG é apartidária e não recebe recursos financeiros federais, estaduais ou
municipais, desta maneira ela tem liberdade para projetos de Estado, não de governos.
- Sobre a Comunicação da ONG:
Além de website produzido pela empresa R.A. Tecnologia a ONG dispõe de perfil em redes
sociais (Twitter, Orkut, Facebook). Marcos enfatiza o poder de ações que gerem mídia
espontânea. Com formação na área de Marketing, ele acredita que desta forma as pessoas são
muito mais atingidas e os resultados são melhores do que a distribuição de folhetos
informativos, por exemplo.
A pesquisa aplicada foi do tipo qualitativa com características de estudo de caso, onde
foram realizadas entrevistas nos diversos públicos com aplicação de questionários. Realizada
no período de 5 a 15 de Abril de 2011, de acordo com a disponibilidade dos entrevistados.
Estes foram escolhidos pela experiência com trabalhos e atividades junto a ONG Noolhar. O
objetivo principal foi o de coletar dados que comprovassem a hipótese de que o marketing 2.0
e a web 2.0 são ferramentas importantes para a divulgação de causas ambientais,
estreitamento da relação entre a ONG, seu(s) público(s)-alvo(s) e colaboradores, obtendo
assim recursos tangíveis e intangíveis para as organizações que compõem o Terceiro Setor de
um modo geral.
Os entrevistados desenvolvem ou desenvolveram algum tipo de atividade, prestação
de serviços ou parceria com a ONG, sendo listados na Tabela abaixo:
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Nome
Liana Maia Nascimento
Elisabeth Mendonça de
Vasconcellos
William Monteiro Rocha
Christiene Quaresma
Daniel Leal Mescouto
Ramo de atuação
Gerente
de
Recursos
Humanos dos Jornais O
Liberal e Amazônia em
Belém.
Relação com a ONG
Desenvolve junto a ONG um
projeto de coleta seletiva de
lixo e resíduos no prédio do
jornal O Liberal.
Executiva da Agência de
propaganda Ca No Media,
Consultora em Comunicação
e Professora da Graduação e
Pós-Graduação
da
Universidade da Amazônia.
Desenvolve junto a ONG
serviços de parceira e
prestação de serviços para
empresas interessadas em
ecoprodutos para divulgação
de ações de Marketing e
publicidade.
Profissional de Relações
Internacionais
e
Desenvolvimento Sustentável
e coordenador do GADE –
Grupo
de
Ação
pelo
Desenvolvimento.
Em parceira com a ONG
desenvolve
ações
que
busquem conscientizar as
pessoas para os 8 objetivos
do milênio, estabelecidos
pela ONU.
Coordenadora de Marketing
do Shopping Pátio Belém e
representante do Condomínio
Voluntário Pátio Belém.
Coordena em parceira com a
ONG projetos anuais que
utilizam as dependências do
Condomínio Voluntário Pátio
Belém como local de
realização.
Voluntário da ONG e
coordenador da Com-Vida
Comissões
de
Meio
Ambiente e Qualidade de
Vida nas Escolas.
Estudante e voluntário da
ONG
que
aplica
os
conhecimentos
adquiridos
sobre meio ambiente junto a
estudantes
de
escolas
públicas de Belém.
Tabela 1: Público entrevistado que compõe o espaço amostral da pesquisa 2011
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Os resultados foram tabulados e transformados em gráficos que facilitam a
compreensão da leitura para um público leigo. A pesquisa contou com a participação de um
público heterogêneo, o que não diminui, no entanto, a validade da mesma.
Dos entrevistados 40% declararam-se parceiros da ONG, o que demonstra que esta
desenvolve suas ações com seriedade, caso contrário essa porcentagem seria menor. Além
disto, estes mesmos parceiros também têm outros vínculos, tais como clientes e prestadores
de serviços.
Quando questionados sobre como conheceram a ONG Noolhar 20% respondeu através
de ações, 20% através de amigos, 20% através dos meios de comunicação de massa (MCM) e
40% através de outros meios, o que abre um espaço para a inserção de outras formas de
comunicação entre ONG e seus diversos públicos alvos.
Para 100% dos entrevistados, a questão socioambiental, da qual a ONG justifica sua
razão de existir, é muito importante. O que demonstra em unanimidade que todos estão
dispostos a compartilhar conhecimentos e ajudar na construção de um futuro com melhor
qualidade de vida para todos.
Na questão sobre se a ONG deveria promover mais ações que lhe dessem maior
visibilidade perante a sociedade, a resposta foi 100% positiva.
Sobre a Internet ser um importante meio para a ONG estreitar laços com
colaboradores, clientes, voluntários, fornecedores e prestadores de serviço, também houve
100% de concordância entre os entrevistados, o que confirma umas das hipóteses desta
pesquisa.
Sobre as formas de divulgação através da Internet, 20% dos entrevistados respondeu
que é a favor desta divulgação feita através de redes sociais e vídeos online, com vistas a
provocar uma maior discussão em torno da questão socioambiental defendida pela ONG,
enquanto que os outros 80% declararam ser a favor de, além destas formas, o incremento de
recursos interativos no site da Noolhar e envio de webmails informativos para todos os
colaboradores e parceiros.
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Por fim, questionou-se sobre a Internet ser um meio propício para a divulgação de
causas socioambientais e ecoprodutos produzidos pela ONG e obteve-se um resultado
unânime entre os entrevistados. Ainda sobre essa questão Liana Nascimento, gerente de
recursos humanos do jornal O Liberal ressaltou as redes sociais como ferramentas importantes
para as organizações, uma vez que unem a rapidez e a interatividade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As organizações sejam elas privadas, públicas, entidades de classe ou sem finslucrativos despertaram para a importância de uma comunicação organizada mediante a ação
conjugada de todas as áreas que produzem, emitem e veiculam mensagens para os mais
diferentes públicos.
Neste sentido, entende-se que as áreas de propaganda, imprensa, relações públicas,
promoção de vendas, merchandising, marketing e etc, não podem estar desvinculadas do
contexto das organizações e de seu planejamento global de comunicação, elas tem de
trabalhar o mais harmoniosamente possível para que a comunicação da organização flua sem
ruídos até chegar ao seu público-alvo.
A introdução do marketing 2.0 como parte deste mix comunicacional é de grande
importância. Uma vez que é sabido que as tecnologias da informação e comunicação
permeiam todas as áreas do conhecimento atual e tem grande relevância na construção de
organizações sólidas com marcas fortes, pois dialogam com vários públicos de forma
dinâmica e direcionada.
O Terceiro Setor valendo-se desse tipo de ferramenta para divulgar suas ações pode
entrar finalmente na era científico-informacional, do qual não se pode fugir. Estabelecer uma
rede de relacionamento permanente com o público através do ambiente virtual é o que
organizações do Segundo Setor já fazem com a intenção de fidelizar clientes para seus
produtos e serviços. Por que também não se trabalhar este conceito no Terceiro Setor, visto
que ele lida com causas mais nobres?
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15
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