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VERIFICAÇÃO DA CURVA GLICÊMICA EM CÃES NÃO
DIABÉTICOS COM DIFERENTES TIPOS DE
ALIMENTAÇÃO
Anhanguera Educacional S.A.
Correspondência/Contato
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Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Publicação: 09 de março de 2009
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE
Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008
RESUMO
Miguel Antônio do Nascimento
Profa. Ms. Renata Maria Consentino
Conti
Curso: Medicina Veterinária
CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA LEME
ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.
A Diabetes Mellitus é definida por um tipo de distúrbio que
resulta na incapacidade das ilhotas pancreáticas de
secretarem insulina e/ou de uma ação deficiente da insulina
nos tecidos, acometendo tanto a população canina quanto a
felina. A Diabetes Mellitus pode ser classificada em Diabetes
Mellitus do tipo 1 (Diabetes Mellitus insulino-dependente
DMID); Diabetes Mellitus do tipo 2 (Diabetes Mellitus nãoinsulino-dependente DMNID) e Diabetes Mellitus do tipo 3 ou
secundária. A maior parte dos cães sofrem de Diabetes
Mellitus do tipo 1. Independente da terapia escolhida deve-se
instituir uma terapia dietética com o objetivo da manutenção
do peso corporal, pois a obesidade tende a ser um agravante.
Foram utilizadas 6 cadelas adultas, de pequeno porte,
divididos em dois grupos Controle e Tratamento. Os animais
controle receberam ração comercial comum (Bravo) e os
animais tratamento ração comercial para animais diabéticos
(Royal Canin Diabetic 30). O fornecimento ocorreu duas vezes
ao dia. Os parâmetros analisados foram peso do animal
(ganho de 67 gramas para controle e perda de 175 gramas
para tratamento), teor de glicose sanguínea, não
apresentando diferença significativa 5 % e ingestão alimentar
de 87,3% para Controle e 82% para tratamento. Realizou-se
Teste F para aceitação ou não de teste de hipóteses para
média e em seguida aplicou-se o teste T nas amostras.
Palavras-Chave: curva glicêmica, alimentação, cães diabéticos.
Trabalho realizado com o incentivo e fomento da
Anhanguera Educacional S.A.
240
Verificação da curva glicêmica em cães não diabéticos com diferentes tipos de alimentação
1.
INTRODUÇÃO
A Diabetes Mellitus é definida por um tipo de distúrbio que resulta na incapacidade das
ilhotas pancreáticas de secretarem insulina e/ou de uma ação deficiente da insulina nos
tecidos [4].
A Diabetes Mellitus pode ser classificada da seguinte forma: Diabetes Mellitus do
tipo 1 (Diabetes Mellitus insulino-dependente DMID) é um estado no qual a secreção
endógena de insulina nunca é suficiente para evitar a produção de cetonas.
Diabetes Mellitus do tipo 2 (Diabetes Mellitus não-insulino-dependente DMNID)
proporcionam um quadro diabético no qual a secreção de insulina é geralmente suficiente
para evitar uma cetose, contudo não é suficiente para evitar hiperglicemia.
A Diabetes Mellitus do tipo 3 ou secundária, resulta de outra doença primária ou
terapia
com
drogas
que
produz
resistência
a
insulina,
por
exemplo,
hiperadrenocorticismo, hipertireoidismo, acromegalia, progestágenos ou destruição do
tecido pancreático (prancreatite). A diabetes secundária é comum tanto nos cães
(pancreatite) quanto nos gatos (drogas, endocrinopatias, pancreatite).
A incidência desta enfermidade na clínica de animais de pequeno porte nas
últimas décadas aumentou, principalmente na população canina e felina [12].
A maior parte dos cães sofrem de Diabetes Mellitus do tipo 1 ou DMID [9].
O tratamento de cão diabético é realizado por fluidoterapia, insulinoterapia e por
terapia dietética.
Independente da terapia escolhida deve-se instituir uma terapia dietética, tendo
como objetivo proporcionar calorias suficientes para manter o peso ideal e minimizar a
hiperglicemia pós-prandial e facilitar a absorção de glicose [9]. A obesidade tende a ser um
agravante [5].
Este trabalho avalia a eficiência da ração dietética, por meio da resposta glicêmica
[11] em cães saudáveis Este artigo está organizado em seções. A primeira seção é essa
introdução, a seção 2 apresenta os objetivos da pesquisa. A metodologia utilizada na
realização é apresentada na seção 3. As informações relacionadas ao desenvolvimento da
pesquisa como revisão de literatura, o problema abordado, a solução proposta e
implementada são mostradas na seção 4. A forma de abordar o experimento, os resultados
e as discussões são descritos na seção 5. Por fim as considerações finais estão apresentadas
na seção 6.
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2.
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OBJETIVO
Verificar alteração na curva glicêmica de cães saudáveis, alimentados com ração para cães
diabéticos.
3.
METODOLOGIA
As rações utilizadas foram Bravo® e Royal Canin Weight Control diabetic 30®,
administradas conforme a especificação do fabricante, para os grupos controle e
tratamento, respectivamente.
Os cães permaneceram no mesmo canil, sob as mesmas condições. O sangue foi
coletado por punção da veia cefálica [1] para determinação dos teores de glicose por meio
da utilização do glicosímetro portátil e teste colorimétrico laboratorial.
Para análise estatística foi utilizado o Test T.
Utilizou-se 06 fêmeas adultas (03 da raça pinscher miniatura, 01 poodle
miniatura, 01 Teckel miniatura, 01 Shi tzu) com peso médio de 3,738 Kg , distribuídas
aleatoriamente em dois grupos: controle (C) e tratamento (T). A ração foi fornecida duas
vezes ao dia (8:00 e 18:00 h) e as sobras pesadas. O acompanhamento dos pesos das
cadelas ocorreu no 1º,11º e 21° dias, através de balança digital. No 1º, 11º e 21º dia
realizaram-se colheitas de sangue antes do inicio da alimentação (0 minuto) e 70, 140, 250 e
360 minutos após alimentação [3]. No 11º dia a alimentação dos grupos foi invertida e no
dia 21° realizou-se a segunda colheita sanguínea.
4.
DESENVOLVIMENTO
4.1. Revisão de literatura o mercado pet
O mercado “pet foods” apresenta um crescimento grandioso nos últimos anos. Tem-se uma
grande variedade de alimentos como rações para filhotes, gestantes, linha específica para
cada raça, idosos e a linha terapêutica, dedicadas a medicina veterinária como alimentos
para cães diabéticos, nefropatas, hipersensibilidade a alimentos, entre outros.
Estima-se que atualmente existam no Brasil 29,7 milhões de cães e 14 milhões de
gatos, com uma projeção estimada em 1,916 milhões de toneladas de alimentos para esses
animais totalizando um faturamento de US$ 3,3 bilhões em 2007 segundo dados da
ANFAL PET (Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de
Estimação)[2].
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Verificação da curva glicêmica em cães não diabéticos com diferentes tipos de alimentação
Dois fatores tiveram um importante peso na expansão do segmento; poder de
compra da população dos grandes centros e a sofisticação dos padrões de consumo. Bem
como a evolução dos hábitos em favor de alimentos industriais associados a um conjunto
de fatores cada vez mais difundidos; praticidade, alimentação equilibrada e logo vida
saudável, grandes variedades e marcas de alimentos [2].
De acordo com a legislação brasileira a proteína, o extrato etéreo e o fósforo são
nutrientes com um valor econômico mais elevado na formulação da ração e devem ser
garantidos em quantidades mínimas. Em contra partida, a taxa de umidade, fibra, matéria
mineral e cálcio poderiam depreciar o valor do alimento se fossem exigidos em valores
máximos, por terem valor econômico mais baixo. Desta forma as empresas de alimentos
para cães não expressam estas concentrações nutricionais nos rótulos das embalagens de
ração, mas apenas um panorama geral da composição centesimal da ração [2].
Em relação à regulamentação do mercado pet food, o ministério da agricultura,
pecuária e Abastecimento do Brasil fixou e identificou os valores mínimos de qualidade a
que devem obedecer os alimentos especiais e completos para cães, observado na Tabela 1.
Tabela 1. Valores exigidos de garantia para alimentos completos para cães na fase adulta. Ração normal.
Componentes
Umidade (máx.)
Proteína bruta (mín.)
Extrato etéreo (mín.)
Matéria fibrosa (máx.)
Matéria mineral (máx.)
Cálcio (máx.)
Fósforo (mín.)
Valores do alimento seco
12,0%
16,0%
4,5%
6,5%
12,0%
2,4%
0,6%
Fonte: [2]
4.2. Os principais nutrientes da ração
Os principais nutrientes da ração são os carboidratos, lipídeos, as fibras, as proteínas, as
vitaminas e os minerais.
O amido pode ser utilizado na confecção da ração desde que tenha sofrido
tratamento térmico, sendo encontrados em até 65% na ração canina [1].
Os carboidratos são poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas, ou seja, substâncias
que por hidrólise formam compostos como os monossacarídeos [3].
Os monossacarídeos são açúcares simples composto de 03 à 09 átomos de
carbono, sendo a principal fonte de energia dos seres vivos. As mais freqüentes são a
glicose, frutose, e galactose todas com seis átomos de carbono [3].
Os oligossacarídeos são formados através de ligações glicosídicas de dois até dez
monossacarídeos, enquanto os polissacarídeos possuem mais de dez unidades [3].
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O amido é o principal polissacarídeo da dieta. Tem em sua composição um
mistura de dois polissacarídeos: amilose e amilopectina. O glicogênio é considerado a mais
importante forma de polissacarídeo de armazenamento para a glicose nos animais [3].
A dieta é afetada pelo tamanho das partículas dos ingredientes, ou seja, pequenas
granulometrias permitem maior gelatinização do amido e uma maior ação das enzimas
que agem nos nutrientes melhorando sua digestão. Em contrapartida pode levar a um
aumento na taxa de passagem do alimento pelo sistema digestivo, ocasiona uma redução
no tempo de ação das enzimas digestivas sobre os nutrientes [2].
Dentre os nutrientes, o que mais apresenta alteração da onda pós-prandial de
glicose sanguínea e resposta insulínica é o amido. Com isso quanto mais veloz e completa
a digestão do amido, mais rápida e intensa será curva glicêmica [2].
Os lipídios são a principal fonte de energia para a espécie canina, pois é
importante na absorção de vitaminas lipossolúveis e doação do ácido linoléico, sintetizado
pelo organismo, permite a síntese do ácido araquidônico, essencial para oxidação
enzimática por produzir vários metabólitos como prostaglandinas e leucotrienos [1].
Não se deve utilizar os ácidos graxos saturados, por não carrearem ácido
linoléico, sofrendo peroxidação e consequentemente a perda de nutrientes como a
vitamina A, a vitamina E e a biotina. Por fim, causam na ração a rancificação e por esse
motivo são utilizados antioxidantes, como a vitamina E [1].
As fibras utilizadas devem ser moderamente fermentadas, sendo que a mais
utilizada é a polpa de beterraba por facilitar a digestão, mesmo que seja para efeito
regulador do trânsito intestinal. Podem também ser provenientes da fermentação
bacteriana no intestino grosso contribuindo para o equilíbrio do trafego intestinal. Os
alimentos formulados com quantidades elevadas de matérias primas de origem vegetal,
ricas em fibras e fitatos, podem desencadear uma carência de nutrientes, uma vez que os
minerais interagem entre si, mas a absorção fica prejudicada [2].
Os componentes protéicos representam cerca de 30% na dieta canina, mas deve-se
levar em consideração além do aspecto quantitativo, principalmente o aspecto qualitativo,
ou seja, o valor nutritivo oferecido a dieta canina [2]. Deve-ser salientar que somente 10
aminoácidos são essenciais [1].
A espécie canina é dependente de fontes exógenas de vitaminas mesmo sendo
capaz de realizar uma síntese microbiana intestinal para a grande maioria de vitaminas do
complexo B e vitamina K [1].
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Verificação da curva glicêmica em cães não diabéticos com diferentes tipos de alimentação
O cálcio em excesso diminui a disponibilidade de micro-elementos como o iodo,
fósforo e o zinco em um menor aproveitamento dos minerais e deficiências nutricionais
[1].
4.3. Glicose
A glicose é o mais importante substrato oxidável para a maioria dos organismos, e sua
utilização como fonte de energia é universal [5].
Os mecanismos que regulam a glicemia são 70% remoção pelo fígado por meio da
glicose transportada via circulação porta. Uma quantidade de glicose é estocada na forma
de glicogênio para serem consumidos no período de jejum. Os mecanismos reguladores
são glicólise, glicogenólise, gliconeogênese e glicogênse [3].
Parte do excesso de glicose pode ser convertido em triglicerídeos incorporados às
lipoproteínas de densidade baixa e transportados e estocados no tecido adiposo [3].
4.4. Análise da glicose
Na dosagem da glicose a glicemia deve ser medida após passar por um período de jejum,
pois a glicemia se eleva após 2 a 4 horas após consumo de alimentos em monogástricos.
Cães necessitam de um jejum de 12 horas para que se evite a variação pós prandial [6].
O plasma ou soro destinado à analise de glicemia devem ser separado dos
eritrócitos em até 30 minutos, isso porque a glicólise acarreta uma perda de 10% do
conteúdo de glicose na amostra. Para a obtenção do plasma utiliza-se o fluoreto de sódio
para impedir a glicólise [6].
Em animais excitados que produzem grandes concentrações de catecolaminas,
pode-se observar uma hiperglicemia [6].
Na rotina veterinária, cada vez mais, torna-se imprescindível métodos ou
aparelhos que auxiliem o médico veterinário a diagnosticar níveis glicêmicos de forma
mais segura e rápida, sendo difundido o uso de sensores portáteis para essa mensuração,
especialmente em animais de estimação [7].
O glicosímetro portátil determina a glicemia por meio da amperagem, ou seja,
medem a variação elétrica originada depois da reação da glicose realizada pela enzima
glicose desidrogenase, presente na tira teste reagente do aparelho [7]
A corrente elétrica originada é proporcional a quantidade de glicose encontrada
na amostra contida na tira teste reagente [7].
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4.5. Diabetes Mellitus
A Diabetes Mellitus é uma das doenças mais comuns nos animais domésticos, sendo os cães
muitas vezes afetados por essa enfermidade, ela pode ser fatal se não tratada [8].
A etiologia da doença ainda não é muito caracterizada, todavia é considerada
multifatorial,
algumas
causas
como
o
glucagon,
hormônio
do
crescimento,
glicocorticóides, adrenalina, estro, prenhez, predisposição genética e obesidade estão
relacionadas com a doença [8].
4.6. Tratamento
De acordo com [4], deve-se empregar uma fluidoterapia, insulinoterapia e a terapia
dietética.
Um dos objetivos principais é proporcionar uma adequada insulinoterapia de
acordo com necessidade de cada paciente a fim de normalizar o metabolismo
intermediário, corrigir as perdas eletrolíticas e hídricas, corrigindo um quadro de acidose
metabólica. [4]
Na terapia dietética deve-se reduzir o peso dos animais que não estejam dentro
dos parâmetros normais da raça, manter uma regularidade e diminuir as variações pós
prandiais [4].
A constituição de uma dieta equilibrada para cães diabéticos deve conter fibras
insolúveis e solúveis. Dietas com alto teor de fibras auxiliam a promover a perda de peso e
uma melhor absorção de glicose lenta a nível intestinal e reduzir as variações pós
prandiais de glicemia ajudando a controlar a hiperglicemia [4].
A obesidade é um fator agravante no desenvolvimento da Diabetes Mellitus não
insulino dependente (DMNID). O cão obeso pode levar a um antagonismo periférico do
hormônio insulina e também em uma hiperinsulinemia inicial [8].
Com a obesidade, a insulina tem sua secreção prejudicada causando uma
resistência, baixa regulação dos receptores de insulina, defeitos pós-receptores e no
transporte sistêmico da glicose.[8]
A obesidade interfere tanto na homeostase da glicose quanto da insulina[8].
4.7. Desenvolvimento
Utilizou-se 06 cadelas adultas com idade média de 36 meses de raças de porte pequeno,
(03 Pinscher miniaturas, 01 Shit zu, 01 Poodle miniatura e 01 Teckel miniatura).
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Foi realizado uma avaliação da saúde das cadelas, comprovando-se que todas
estavam sadias, vacinadas e desverminadas (Figura 1), não castradas contudo foi
analisado e calculado a data do cio e o experimento foi realizado nos dias em que as
cadelas estavam em anestro. Apresentaram com peso médio de 3,738 Kg. Na Tabela 2
encontra-se a descrição dos animais.
Figura 1. Avaliação da saúde das cadelas.
Tabela 2. Descrição dos animais.
Animal
Branca e preta
Caramelo
Preta
Poodle
Raissa
Teckel
Raça
Pinscher miniatura
Pinscher miniatura
Pinscher miniatura
Poodle miniatura
Shih tzu
Teckel miniatura
Idade (meses)
36
36
36
18
72
18
Fonte: arquivo pessoal, 2008.
As cadelas foram alojadas em duas baias paralelas, sendo três cadelas por baia,
escolhidas aleatoriamente. Provenientes de um canil particular, localizado na cidade de
Leme, estado de São Paulo.
Não houve variação na atividade física dos animais e nem nas condições
climáticas entre os grupos.
No experimento foi utilizada a ração comercial Bravo® da indústria Supra que já
era fornecida aos animais pelo proprietário antes do experimento, em que valores
nutricionais se encontram na Tabela 3.
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Tabela 3: Valores nutricionais da ração comercial Bravo®, especificada na embalagem.
Componentes
Umidade (max.)
Proteína bruta (mín.)
Extrato etéreo (mín.)
Matéria fibrosa (max.)
Matéria mineral (máx.)
Cálcio (máx.)
Fósforo (mín.)
Saponina
Dados da embalagem
10%
30%
13%
3,5%
10%
1,6%
0,8%
100 mg
Fonte: Rótulo da embalagem da ração comercial Bravo®.
A ração comercial Bravo®, apresentou os seguintes ingredientes: Farinha de carne
e ossos, farinha de vísceras, farinha de peixe, leite em pó integral, óleo de frango,
hidrolizado de frango, arroz integral, milho pré gelatinizado, farinha de trigo, polapa de
beterraba, extrato de yucca, leveduras, cloreto de sódio (sal comum), premix vitamínico
mineral, bht.
Foi utilizada a ração Weight Control diabetic 30® da indústria Royal Canin, seus
valores nutricionais especificados na Tabela 4.
Tabela 4. Valores nutricionais da ração Weight Control diabetic 30®, especificada na embalagem.
Componentes
Proteína
Gordura
Amido
Fibras alimentares
Matéria fibrosa
Energia metabolizável
L-cartinina
Sulfato de conroitina + glucosamina
Ômega 6
Ômega 3
EPA+DHA
Cálcio
Fósforo
Ácido linoléico
Complexo de antioxidantes com ação sinérgica
Vitamina E
Vitamina C
Taurina
Luteína
Dados da embalagem
30%
10%
27,6%
16,9%
8,6%
3157 Kcal/Kg
200mg/Kg
500 mg/Kg
2,26%
0,41%
0,17%
1,1%
0,8%
2,2%
600mg/Kg
200mg/Kg
2100 mg/Kg
5 mg/Kg
Fonte: rótulo da embalagem da ração Weight Control diabetic 30®.
Os ingredientes observados na ração Weight Control diabetic 30® foram: farinha
de carne de aves desidratadas, cevada, arroz quebrado, glúten de milho, celulose em pó,
polpa de beterraba, gordura de frango, levedura seca de cervejaria, psyllium em grão, Lcartinina, fruto-ologossacarídeo, ácido linoléico conjugado, taurina, hidrocloreto de
glicosamina, sulfato de condroitina, extrato de garnicia cambodgia, óleo de peixe refinado,
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Verificação da curva glicêmica em cães não diabéticos com diferentes tipos de alimentação
extrato de rosa da índia, palatabilizante, premix micromineral transqueletado, premix
vitamínico-mineral.
As rações foram pesadas e embaladas em sacos plásticos e identificadas com o
nome do animal, data, período do dia (manhã ou tarde) na quantidade especificada pelo
fabricante e as sobras de ração foram ensacadas e pesadas Figura 2.
Figura 2. Ração ensacada, identificada e pesada.
A alimentação foi oferecida duas vezes por dia sendo às 08:00 e 18:00 horas e a
água fornecida ad libitum [4].
No dia de cada colheita, os animais foram pesados individualmente para
acompanhamento do peso corporal.
As colheitas de sangue para o teste de glicemia foram realizadas sempre no
período da tarde, com as cadelas em jejum (momento 0 minuto) e logo após o
fornecimento da dieta, o restante das colheitas 70, 140, 250 e 360 minutos.
As colheitas foram no 1º, 11º e 21º dias de experimento e os animais contidos no
colo do proprietário ou do ajudante de modo que não houvesse estresse. A amostra foi
coletada por punção da veia cefálica da pata, com uma seringa e agulha de insulina para
as cadelas com peso inferior a 3 kg e para as cadelas com peso superior a 3 kg agulha
25x08 e seringa de 3 ml. Na seqüência, uma gota de sangue era colocada na tira teste para
preencher a parte da absorção por completa e sem excesso. As tiras teste com excesso de
sangue e as tiras com pequena quantidade foram descartadas e uma nova tira era testada.
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O tempo para colocar a tira teste no sensor foi respeita, sendo sempre menor que
quinze segundos de acordo com o fabricante (ACCU-CHEK – Advantage).
O restante do sangue foi colocado em tubos contendo fluoreto de sódio e
acondicionado em caixa de isopor com gelo. No final de cada coleta do dia (0,70, 140, 250 e
360 minutos), as amostras eram enviadas ao laboratório multidisciplinar, centrifugadas e o
plasma colocado em tubos ependorf, devidamente etiquetado e levados para o freezer,
para que fossem analisadas posteriormente.
Após o término do experimento, as amostras foram descongeladas e analisadas
pelo método enzimático-colorimétrico.
Para as análises foi utilizado kit de glicose da Celm, Linha SL Método enzimáticocolorimétrico, segundo Trinder para determinação de glicose no sangue e outros fluídos
corporais, sendo do LOTE 609541.
No procedimento para preparação dos reagentes, quantidades de amostra foram
seguidas as determinações do fabricante. Para a leitura utilizou-se espectrofotômetro
CELM modelo E 225-D e comprimento de onda calibrado conforme o kit da celm.
5.
RESULTADOS
O primeiro parâmetro analisado foi o peso dos animais em relação à ração normal, a qual
observou-se ganho em média de 67 gramas para animais controle e perda de 175 gramas
para animais tratamento. Na Tabela 5 encontram-se os resultados da pesagem dos animais
de cada dia de colheita de dados.
Tabela 5. Peso dos animais.
Animal
Branca e preta
Caramelo
Preta
Poodle
Raissa
Teckel
1º dia (kg)
2,790
2,250
2,790
3,800
5,950
4,850
11º dia (kg)
2,620
2,110
2,200
3,800
5,950
5,100
21º dia (kg)
2,640
2,140
2,300
3,700
5,750
5,250
Fonte: arquivo pessoal, 2008.
Como parâmetro ingestão alimentar os valores obtidos foi de 87,3% para Controle
e 82% para tratamento. Na Tabela 6 observa-se os valores para o grupo controle e
tratamento
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Verificação da curva glicêmica em cães não diabéticos com diferentes tipos de alimentação
Tabela 6. Total ingerido.
Grupo
Ração fornecida (kg)
7,50
6,75
Normal
Dietético
Sobra (%)
12,7
18,0
Fonte: arquivo pessoal, 2008.
O teor de glicose sanguínea revelou diferença significativa 5%. Realizou-se o
Teste F para aceitação ou não de teste de hipóteses para média e em seguida aplicou-se o
teste T nas amostras.
Comprovou que não houve diferença significante na curva glicêmica das rações
controle e tratamento como visualizadas nos Gráficos 1 e 2.
m g/dl
90
Poodle
80
Teckel
70
Shit-zu
Preta
60
Caramelo
50
b.Preta
40
0mim
70mim
140mim
250mim
360mim
minutos
Gráfico 1. Curva glicêmica de cadelas alimentadas com ração normal.
80
75
Poodle
m g /d l
70
Teckel
65
Shit-zu
60
Preta
55
Caramelo
50
b.Preta
45
40
0mim
70mim
140mim
250mim
360mim
Minutos
Gráfico 2. Curva glicêmica de animais alimentados com ração dietética.
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6.
251
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com relação ao peso dos animais, a ração dietética cumpriu sua função de manter o peso
ou reduzi-lo [8].
Os três animais com menos de 3 kg ingeriram 61,08 % da ração dietética enquanto
o restante ingeriu 95,98%. Isso pode ser explicado pelo fato de que as cadelas maiores
(acima de 3 kg) não apresentarem dificuldade em apreender e mastigar os peletes da ração
dietética. A ração comum não apresentou essas diferenças em relação ao consumo.
A ração não dietética apresenta grânulos bem menores e maior palatabilidade e
fácil mastigação pelas cadelas com peso inferior a 3 Kg.
Com relação ao peso, a cadela preta chegou a perder 20% de peso corporal na fase
tratamento, ou seja quando lhe foi fornecida a ração dietética. Este fato refletiu na curva de
glicêmica deste animal, como observa-se no Gráfico 2.
PARECER DE APROVAÇÃO DE COMITÊ
Pesquisa autorizada pelo comitê de Ética no uso de animais da Anhanguera Educacional
S/A CEUA/AESA- em 25/06/08 por meio do parecer: 2-0010/08.
REFERÊNCIAS
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São Paulo: Nobel, 1983.
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