Wendy Marina Toscano Queiroz de Medeiros

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
Síntese e caracterização de complexo tetranuclear de cobre
com o ligante resorcinareno
Wendy
Marina Toscano Queiroz de Medeiros
_______________________________________
Dissertação de Mestrado
Natal/RN, julho de 2014
1
WENDY MARINA TOSCANO QUEIROZ DE MEDEIROS
SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE COMPLEXO TETRANUCLEAR DE COBRE COM
O LIGANTE RESORCINARENO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Química, como um dos requisitos para obtenção do
grau de Mestre em Química, pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte.
Orientador (a): Prof.ª Dra. Ana Cristina Facundo de Brito
Pontes
Co-orientador: Prof. Dr. Daniel de Lima Pontes
NATAL, RN
2014
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN
Biblioteca Setorial do Instituto de Química
Medeiros, Wendy Toscano Queiroz de
Síntese e caracterização de complexo tetranuclear de cobre com o ligante
resorcinareno / Wendy Marina Toscano Queiroz de Medeiros. - Natal, RN, 2014.
204 f. : il.
Orientadora: Ana Cristina Facundo de Brito Pontes.
Co-orientador: Daniel de Lima Pontes.
Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em
Química. Afetividade. Química. Aulas experimentais.
1. Fenantrolina. - Dissertação. 2. Compostos de Coordenação - Dissertação.
3. Cobre - Dissertação. 4. Resorcinareno – Dissertação. I. Pontes, Ana Cristina
Facundo de Brito. II. Pontes, Daniel de Lima. III. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. III. Título.
RN/UFRN/BSE- Instituto de Química
CDU 546 (043)
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a DEUS, por me abençoar e iluminar os meus passos a cada
dia, sempre me dando forças para superar os obstáculos que encontro ao longo de minha
caminhada. Obrigada meu Deus por mais uma vitória alcançada em minha vida.
Aos meus pais, Joana Queiroz e Francisco Toscano, meu infinito agradecimento. Vocês
são a minha referência, minha fonte de inspiração, meu porto seguro. Obrigada por toda
confiança, por me ensinarem a lutar pelos meus ideais e pelo amor incondicional.
Às minhas irmãs Tuyanne Medeiros e Sayama Toscano, que me dão força e me ajudam
quando preciso.
Ao meu namorado Michell Nascimento, por seu amor, carinho, apoio e compreensão
nos momentos em que estive ausente para me dedicar a este trabalho. Obrigada pela confiança
que você sempre depositou em mim.
Ao Prof. Dr. Daniel Pontes, por todos os ensinamentos, orientações, contribuições, e
pela paciência que teve ao longo destes dois anos de trabalho, um exemplo como orientador e
pesquisador.
Aos professores Dra. Ana Cristina, Dr. Ótom Anselmo de Oliveira e Dr. Francisco
Ordelei pelos conselhos, sugestões e colaborações no desenvolvimento deste trabalho.
A todos que fazem parte do Laboratório de Química de Coordenação e Polímeros:
Verônica, Anallicy, Ana Carolina, Nayara, Francimar, Aimée, Mayara, Dayana, Thuanny,
Luciana e Alexsandro, obrigada por toda ajuda e muito incentivo que recebi de vocês ao longo
destes anos, pelas trocas de experiências e momentos de descontrações.
Ao Professor Kássio Michell, pela estima e consideração.
A todos os meus amigos que contribuíram para a realização deste trabalho, dando apoio
e torcendo junto comigo. Em especial, a Fernanda Saadna: Obrigada pela sua confiança, por
sua amizade, paciência em ouvir meus “choros” e por toda força que você me deu ao longo
desta jornada.
Ao Laboratório de Bioinorgânica e Catálise da Universidade Federal do Paraná, na
pessoa da professora Dra. Shirley Nakagaki, pela contribuição com as análises de EPR.
Ao Professor Dr. Valter Ferreira do Centro de Biociências da UFRN, pela parceria com
os ensaios biológicos realizados.
4
À central analítica, na pessoa do técnico Joadir e a todos do Instituto de Química da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte que contribuíram direta ou indiretamente para a
realização deste trabalho.
Ao programa de Pós-Graduação em Química da UFRN e a CAPES pela ajuda
financeira, com a concessão de bolsa de estudo.
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram no processo de desenvolvimento
desse trabalho.
5
RESUMO
Com o presente trabalho tem-se como objetivo contribuir para o desenvolvimento da
química de coordenação de macromoléculas como o resorcinareno, com a síntese e
caracterização de novos complexos de cobre com os ligantes cloretos, vanilina e resorcinareno,
todos eles coordenados à fenantrolina, uma molécula que é biologicamente ativa e possui
importantes propriedades em sistemas biológicos. O complexo [(Cu(phen))4(resvan)],
sintetizado a partir da reação direta do resorcinareno com metais, gera várias possibilidades de
coordenação, o que dificulta sua caracterização. Por isso, com o objetivo de limitar os sítios de
coordenação do ligante, o complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 foi formado a partir de uma nova
metodologia
de
síntese.
Os
complexos
cis-[Cu(phen)Cl2],
cis-[Cu(phen)(van)]Cl,
[(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 foram caracterizados pelas técnicas
espectroscópicas de IV, Uv-Vis e EPR. Através do infravermelho foi possível comprovar a
presença do ligante fenantrolina em todos os complexos sintetizados, bem como a presença do
ligante vanilina no complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl e do ligante resvan no complexo
[(Cu(phen))4(resvan)], além de indicar a formação do resorcinareno no complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4. Os espectros eletrônicos dos compostos de coordenação obtidos
indicaram a presença do ligante fenantrolina, através de suas bandas intensas na região do
ultravioleta. Para o complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl esta técnica indicou ainda a presença do
ligante vanilina, a partir das bandas intraligante da vanilina e de transferência de carga, LMCT.
Além disso, os espectros apresentaram bandas d-d, confirmando a presença de metais nos
compostos formados. A quantidade de átomos de cobre presentes no complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 foi estimada, a partir da análise comparativa das absorbâncias de
soluções de mesma concentração de [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 e cis-[Cu(phen)(van)]Cl, a qual
indica que estes compostos possuem em suas estruturas átomos de cobre na proporção 4:1. Os
espectros
de
EPR
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
dos
compostos
apresentaram
cis-[Cu(phen)Cl2],
perfis
axiais,
cis-[Cu(phen)(van)]Cl
enquanto
que
o
e
complexo
[(Cu(phen))4(resvan)] apresentou perfis axial e rômbico, indicando uma mudança no ambiente
de simetria do Cu(II) para este complexo. Os ligantes vanilina e resvan foram submetidos a
ensaios biológicos com resultados satisfatórios, ambos apresentando atividade antioxidante e
baixa toxicidade, além da vanilina apresentar certo caráter antitoxoplásmico.
Palavras chave: Compostos de coordenação. Cobre. Resorcinareno. Fenantrolina.
6
ABSTRACT
The main objective of the present work is to contribute to the development of the
coordination chemistry of macromolecules such as resorcinarene with the synthesis and
characterization of new copper complexes with chloride, vanillin and resorcinarene binders, all
coordinated to phenanthroline, a biologically active molecule with important properties in
biological systems. The complex [(Cu(phen))4(resvan)], was synthesized from the direct
reaction of the metals with resorcinarene and generates several possibilities for coordination,
which hinders its characterization. Therefore, in order to limit the coordination sites of the
ligand, the complex [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 was formed from a new synthetic methodology.
The
complex
cis-[Cu(phen)Cl2],
cis-[Cu(phen)(van)]Cl,
[(Cu(phen))4(resvan)]
and
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 were characterized by spectroscopic techniques such as IR, UV-vis
and EPR. By using infrared it has been possible to demonstrate the presence of the
phenanthroline ligand in the synthesized complexes, and vanillin in the complex cis[Cu(phen)(van)]Cl and resvan ligand in the complex [(Cu(phen))4(resvan)], besides this
indicating the formation of resorcinarene in the complex [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4. The
electronic spectra of these coordination compounds indicated the presence of the
phenanthroline ligand, by its intense bands in the ultraviolet region. For the complex cis[Cu(phen)(van)]Cl it still indicated the presence of the ligand vanillin based on intraligand
bands of vanillin and charge transfer, LMCT. Furthermore, the spectra showed d-d bands,
confirming the formation of metal compounds. The amount of copper atoms present in the
complex [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 was estimated from a comparative analysis of the
absorbances of solutions of the same concentration of [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 and cis[Cu(phen)(van)]Cl, which indicates that these compounds have copper atoms in the ratio 4:1.
The
EPR
spectra
of
the
complex
cis-[Cu(phen)Cl2],
cis-[Cu(phen)(van)]Cl
and
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 showed axial profiles, while the complex [(Cu(phen))4(resvan)]
showed of axial and rhombic profiles, indicating a change in the symmetry of the Cu (II) to this
complex environment. The binders vanillin and resvan underwent biological assays with
satisfactory results, both exhibited antioxidant activity and low toxicity, as well vanillin present
antitoxoplásmico character.
Keywords: Coordination compounds. Copper. Resorcinarene. Phenanthroline.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 -
Figura 17 Figura 18 Figura 19 Figura 20 Figura 21 Figura 22 Figura 23 Figura 24 Figura 25 Figura 26 Figura 27 Figura 28 Figura 29 Figura 30 Figura 31 Figura 32 Figura 33 Figura 34 Figura 35 Figura 36 Figura 37 -
Estrutura química do Resorcinol..............................................................
Estrutura do composto 4-hidroxi-3-metoxibenzaldeído...........................
Reação de condensação para formação da base de Schiff........................
Estrutura dos compostos vanilina, capsaicina, eugenol e ácido ferúlico,
com destaque ao grupo vanilóide.............................................................
Estrutura química da base de Schiff Valen...............................................
Esquema de formação dos calixarenos.....................................................
Derivados de calixarenos..........................................................................
Complexos com o ligante calixareno.......................................................
Mecanismo da condensação ácido catalizada entre resorcinol e aldeído.
Estrutura geral do Resorcinareno.............................................................
Diferentes conformações possíveis para resorcinarenos e indicação dos
respectivos grupos pontuais......................................................................
Esquema de síntese da cavidade do resorcinareno modificado com
tetraquinoxalina........................................................................................
Possibilidades de modificações estruturais do resvan..............................
Geometrias propostas para complexos de cobre I e II..............................
Principais processos biológicos envolvendo o cobre no organismo........
Sistema da proteína hemocianina nas formas (a) desoxihemocianina,
sem oxigênio e (b) oxihemocianina, após a coordenação do oxigênio aos
átomos de Cu......................................................................................
Estrutura do complexo [Cu(phen)2]+........................................................
Estrutura do complexo cis-[Cu(phen)Cl2]................................................
Ciclo do Toxoplasma gondii.....................................................................
Estrutura dos fármacos pirimetamina, sulfadiazina e leucovorina..........
Comportamento dos spins na ausência de campo magnético (esquerda)
e na presença de campo magnético (direita).............................................
Rotação de uma partícula eletrizada em torno do seu próprio eixo e o
dipolo magnético gerado devido a esta rotação........................................
Direção dos dipolos magnéticos: direções aleatórias (esquerda) direções
alinhadas devido à ação do campo magnético (direita).............
Tipos de interações magnéticas que podem ocorrer no EPR...................
Perfis de espectros de EPR idealizados para diferentes simetrias...........
Espectros de EPR dos compostos 1-4 em DMSO, a 43K (a) simulação
do espectro de EPR...................................................................................
Espectro de EPR experimental (- - - ) e simulado (-.-.-.-)........................
Espectro de EPR do complexo [Cu(pabh)2] em pó à 298K.....................
Espectro de EPR do complexo [Ni(NH3)6]2+ em solução de amônia a
77K...........................................................................................................
Fluxograma da síntese do complexo de partida cis-[Cu(phen)Cl2].........
Estrutura proposta para o complexo de partida cis-[Cu(phen)Cl2]..........
Fluxograma da síntese do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl...................
Estrutura proposta para o íon complexo cis-[Cu(phen)(van)]+................
Fluxograma de síntese do resvan..............................................................
Estrutura proposta para o resvan..............................................................
Fluxograma de síntese do C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno.................
Estrutura proposta para o C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno.................
25
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56
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8
Figura 38 Figura 39 Figura 40 Figura 41 Figura 42 Figura 43 Figura 44 Figura 45 Figura 46 Figura 47 Figura 48 Figura 49 -
Figura 50 -
Figura 51 -
Figura 52 -
Figura 53 Figura 54 Figura 55 Figura 56 -
Figura 57 -
Figura 58 -
Figura 59 Figura 60 -
Fluxograma da síntese do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]....................
Estrutura proposta para o complexo [(Cu(phen))4(resvan)] obtido
através do procedimento de síntese usual.................................................
Fluxograma de síntese do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4...............
Estrutura proposta para o complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 obtido
através do novo procedimento de síntese desenvolvido neste trabalho...
Fluxograma do esquema experimental para os testes biológicos.............
Espectro de absorção na região do infravermelho da Vanilina na região
de 4000 a 400 cm-1...................................................................................
Espectro de absorção na região do infravermelho da Vanilina na região
de 1800 a 400 cm-1...................................................................................
Espectro de absorção na região do infravermelho do Resorcinol na
região de 4000 a 400 cm-1........................................................................
Espectro de absorção na região do infravermelho do Resorcinol na
região de 1750 a 400 cm-1........................................................................
Espectro de absorção na região do infravermelho do resvan na região de
4000 a 650 cm-1 (obtido através de ATR)..........................................
Espectro de absorção no infravermelho do resvan na região de 1750 a
650 cm-1 ..................................................................................................
Sobreposição dos espectros de absorção na região do infravermelho dos
compostos vanilina (preto), resorcinol (vermelho) e resvan (verde) na
região de 1750 a 400 cm-1....................................................................
Sobreposição dos espectros de infravermelho da vanilina (preto) e do
resvan (vermelho) enfatizando a presença das bandas referentes aos
modos vibracionais do grupo metóxido nos dois compostos...................
Sobreposição dos espectros de infravermelho da vanilina (preto) e do
resvan (vermelho) enfatizando a ausência das bandas referentes aos
modos vibracionais do grupo aldeído no espectro do resvan...................
Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo cis[Cu(phen)Cl2] na região de 4000 a 400 cm-1, obtido em pastilhas de
KBr...........................................................................................................
Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo cis[Cu(phen)Cl2] na região de 1750 a 400 cm-1............................................
Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl na região de 4000 a 400 cm-1.....................................
Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl na região de 1750 a 400 cm-1.....................................
Sobreposição dos espectros de infravermelho dos complexos cis[Cu(phen)(van)]Cl (preto) e cis-[Cu(phen)Cl2] (vermelho) na região de
1750 a 520 cm-1...................................................................................
Sobreposição dos espectros de infravermelho dos compostos cis[Cu(phen)(van)]Cl (preto) e vanilina (vermelho) na região de 1750 a
1000 cm-1..................................................................................................
Sobreposição dos espectros de infravermelho dos compostos cis[Cu(phen)(van)]Cl (preto) e vanilina (vermelho) na região de 1050 a 500
cm-1....................................................................................................
Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)] na região de 4000 a 400 cm-1................................
Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)] na região de 1750 a 400 cm-1................................
59
59
60
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65
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9
Figura 61 -
Figura 62 -
Figura 63 Figura 64 Figura 65 -
Figura 66 Figura 67 Figura 68 -
Figura 69 Figura 70 Figura 71 Figura 72 Figura 73 Figura 74 Figura 75 Figura 76 -
Figura 77 -
Figura 78 Figura 79 -
Figura 80 Figura 81 -
Sobreposição dos espectros de absorção na região do IV dos compostos
resvan (preto), cis-[Cu(phen)Cl2] (vermelho) e [(Cu(phen))4(resvan)]
(verde) na região de 4000 a 400 cm-1...................
Sobreposição dos espectros de absorção na região do infravermelho do
resorcinareno,
complexo
cis-[Cu(phen)Cl2]
e
complexo
-1
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 na região de 1800 a 400 cm ...........................
Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 na região de 4000 a 650 cm-1...........................
Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 na região de 1750 a 650 cm-1...........................
Sobreposição dos espectros de IV dos compostos cis-[Cu(phen)(van)]Cl
(preto) e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 (vermelho) enfatizando a ausência
das bandas referentes aos modos vibracionais do grupo aldeído no
espectro do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4....
Sobreposição dos espectros de infravermelho dos complexos
[(Cu(phen))4(resvan)] (preto) e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 (vermelho)....
Espectro Eletrônico da vanilina obtido em meio aquoso, concentração
5,85. 10-5 mol L-1......................................................................................
Sobreposição dos espectros da vanilina obtidos em meio aquoso, em
DMF e em metanol, na região de 270 a 800 nm, representados em preto,
vermelho e verde, respectivamente................................................
Equação de equilíbrio da vanilina............................................................
Alteração espectral da vanilina (concentração 1,06. 10-4 mol L-1) em
decorrência da variação do pH (3,0 a 9,5)...............................................
Sobreposição dos espectros da vanilina (preto) e do íon vanilínico
(vermelho), obtidos em meio ácido e alcalino, respectivamente..............
Sobreposições dos espectros de vanilina obtidos a partir da redução com
amálgama de zinco...........................................................................
Sobreposição do íon vanílico gerados pela variação do pH (preto) e
redução (vermelho)...................................................................................
Espectro eletrônico do resorcinol obtido em meio aquoso, concentração
2,26. 10-5 mol L-1......................................................................................
Sobreposição dos espectros do resorcinol em água, DMF e metanol,
representados em preto, vermelho e verde, respectivamente..................
Espectro eletrônico obtido em água do resvan, concentração 5,45. 10-5
mol L-1 (a) na região de 190 a 800 nm (b) na região de 215 a 315 nm e
(c) na região de 305 a 780 nm..................................................................
(a) Sobreposição dos espectros do resorcinareno em água, DMF e
metanol, representados em preto, vermelho e verde, respectivamente.
Espectro em (b) água (c) DMF e (d) metanol...........................................
Espectro eletrônico do C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno, obtido em
DMF.........................................................................................................
Sobreposição dos espectros dos compostos C-Tetrafenilcalix[4]resorcinareno (preto) e C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno
(vermelho), obtidos em DMF...................................................................
Sobreposição dos espectros de resvan em meio aquoso, concentração
3,98.10-5 mol L-1, com variação de pH na faixa de 11,45 a 2,61..............
Sobreposição dos espectros de resvan com variação de pH na faixa de
11,45 a 2,61 na região de 212 a 400 nm...................................................
98
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Figura 82 Figura 83 -
Figura 84 -
Figura 85 -
Figura 86 -
Figura 87 Figura 88 -
Figura 89 -
Figura 90 -
Figura 91 -
Figura 92 -
Figura 93 Figura 94 -
Figura 95 Figura 96 -
Figura 97 Figura 98 -
Sobreposição dos espectros de resvan com variação de pH na faixa de
8,87 a 2,30 com pontos isosbésticos em destaque....................................
Gráfico de Absorbância versus pH para a banda em 326nm com
representação da curva através de dados experimentais (pontos) e dados
com correções dos erros experimentais (linha)..............................
Gráfico de Absorbância versus pH para a banda em 326nm com
representação da curva através de dados experimentais (pontos) e dados
com correções dos erros experimentais (linha)..............................
Gráfico de Absorbância versus pH para a banda em 500 nm com
representação da curva através de dados experimentais (pontos) e dados
com correções dos erros experimentais (linha)..............................
Gráfico de Absorbância versus pH para a banda em 247 nm com
representação da curva através de dados experimentais (pontos) e dados
com correções dos erros experimentais (linha)..............................
Estrutura de derivados da vanilina, destacando os hidrogênios fenólicos
que poderão sofrer desprotonações..........................................................
Sobreposição dos espectros eletrônicos da vanilina, resorcinol e
resorcinareno obtidos em água, concentração 5,85. 10-5 mol L-1, 2,26.
10-5 mol L-1 e 5,45. 10-5 mol L-1, representados em verde, vermelho e
preto, respectivamente..............................................................................
Espectros Eletrônicos do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] em meio aquoso,
concentração 5. 10-5 mol L-1, obtidos (a) na região de 190 a 800 nm (b)
com ampliação da região de 316 a 450 nm (c) com ampliação da região
de 525 a 892 nm.......................................................................................
Sobreposição dos espectros do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] em água,
DMF, DMSO, acetonitrila e metanol, representados em preto, vermelho,
verde, azul e rosa, respectivamente (a) na região de 190 a 800 nm (b) na
região de 358 a 892 nm e (c) espectro em solução concentrada de DMSO
na região de 345 a 550 nm..................................
(a) Sobreposição dos espectros do complexo precursor sob redução do
centro metálico (b) com ênfase à banda LMCT e (c) ênfase à banda
MLCT.......................................................................................................
Sobreposição dos espectros do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] em
acetonitrila obtidos antes da redução do metal (preto) e após a redução
do metal (vermelho).................................................................................
Espectro Eletrônico do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl obtido em
meio aquoso, concentração 1,5. 10-5 mol L-1............................................
Acompanhamento da redução do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl com
amálgama de zinco em acetonitrila nas regiões de (a) 190 a 900 nm (b)
190 a 400 nm e (c) 400 a 600 nm.............................................................
Sobreposição dos espectros do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl, em
acetonitrila, sob redução do amálgama de zinco......................................
Sobreposição dos espectros eletrônicos da vanilina (preto) e do
complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl (vermelho) após redução com
amálgama de zinco...................................................................................
Sobreposição dos espectros do complexo cis- [Cu(phen)(van)]Cl em
água (preto), metanol (vermelho), DMF (verde) e acetonitrila (azul)......
Espectros do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl em água (preto), metanol
(vermelho), DMF (verde) e Acetonitrila (azul).........................
129
130
131
132
133
134
135
138
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143
144
145
147
149
150
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152
11
Figura 99 Figura 100 Figura 101 -
Figura 102 Figura 103 Figura 104 Figura 105 Figura 106 -
Figura 107 Figura 108 Figura 109 Figura 110 Figura 111 -
Figura 112 Figura 113 Figura 114 Figura 115 Figura 116 -
Figura 117 Figura 118 Figura 119 Figura 120 Figura 121 -
Desdobramento do campo cristalino para um complexo de Cu2+ com
geometria quadrado planar.................................................................... ...
Espectro Eletrônico do complexo [(Cu(phen))4(resvan)] obtido em meio
aquoso, concentração 5. 10-5 mol L-1...............................................
Sobreposição dos espectros eletrônicos do resorcinareno, cis[Cu(phen)Cl2] e [(Cu(phen))4(resvan)], obtidos em meio aquoso,
representados em preto, vermelho e verde, respectivamente...................
Sobreposição dos espectros do complexo [(Cu(phen))4(resvan)] em meio
aquoso (preto) e DMF (vermelho)...................................................
Ampliação do espectro do complexo [(Cu(phen))4(resvan)] em
DMF.........................................................................................................
Espectro Eletrônico do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 obtido em
meio aquoso, 4,68. 10-6 mol L-1...............................................................
Sobreposição dos espectros do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 em
meio aquoso (preto) e metanol (vermelho)..............................................
Sobreposição dos espectros do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
(preto), [(Cu(phen))4(resvan)] (vermelho) e cis-[Cu(phen)(van)]Cl
(verde) obtidos em água...........................................................................
Sobreposição dos espectros do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 com
variação de pH na região de 318 a 415 nm......................................
Sobreposição dos espectros do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 com
variação de pH na região de 420 a 900 nm.......................................
Gráfico de concentração versus absorbância para o composto cis[Cu(phen)(van)]Cl....................................................................................
Gráfico
Concentração
versus
Absorbância
do
composto
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4..........................................................................
Sobreposição dos espectros dos complexos cis-[Cu(phen)(van)]Cl
(preto) e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 obtidos em meio aquoso, 5. 10-4 mol
L-1.............................................................................................................
Espectro de EPR do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] obtido em solução
DMF a 77K...............................................................................................
Espectro de EPR do complexo [Cu(qbsa)(phen)] obtido em sólido à
temperatura ambiente...............................................................................
Sobreposição dos espectros de EPR do complexo cis-[Cu(phen)Cl2]
obtidos em DMF (77K) (preto) e no estado sólido (vermelho)...............
Espectro de EPR do complexo cis-Cu(phen)(van)]Cl obtido em DMF...
Espectro de EPR do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl obtido em solução
de DMF à 77K (preto) e em sólido à temperatura ambiente
(vermelho)................................................................................................
Espectro de EPR do complexo [(Cu(phen))4(resvan)] obtido em DMF..
Espectro de EPR do complexo [(Cu(phen))4(resvan)] obtido em solução
de DMF à 77K (preto) e em sólido à T.A. (vermelho)................
Espectro de EPR do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 obtido em
DMF.........................................................................................................
Espectro de EPR do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 obtido em
solução de DMF à 77K (preto) e em sólido à T.A. (vermelho)...............
Espectros de EPR dos complexos cis-[Cu(phen)Cl2], cis[Cu(phen)(van)]Cl, [(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
obtidos em solução de DMF, à 77K.........................................................
154
155
156
158
159
161
162
164
165
166
168
169
170
172
172
174
175
176
177
178
179
180
181
12
Figura 122 Figura 123 Figura 124 -
Figura 125 -
Figura 126 -
Representação gráfica da viabilidade das células após o tratamento com
vanilina e resvan durante 24 horas...................................................
Atividade antioxidante do Ácido ascórbico, Vanilina e Resvan avaliada
pelo método de sequestro do radical DPPH.............................................
Curvas de sobrevivência de camundongos suíços após infecção e
tratados com Sulfadiazina (200mg/Kg), Resvan (500mg/Kg) ou
Vanilina (500mg/Kg)...............................................................................
Mudança no peso corporal em camundongos infectados com 25 cistos
de T. gondii e tratados com Sulfadiazina (200mg/Kg), Resvan
(500mg/Kg) ou vanilina (500mg/Kg).......................................................
Número de cistos cerebrais em camundongos suíços infectados e
tratados com Sulfadiazina (200mg/Kg), Resvan (500mg/Kg), Vanilina
(500mg/Kg)..............................................................................................
185
186
187
188
189
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 -
Tabela 7 Tabela 8 -
Tabela 9 -
Tabela 10 Tabela 11 Tabela 12 Tabela 13 Tabela 14 Tabela 15 Tabela 16 Tabela 17 Tabela 18 Tabela 19 Tabela 20 Tabela 21 -
Atribuições das principais bandas presentes no espectro de
infravermelho da vanilina ........................................................................
Atribuições das principais bandas presentes do espectro de
infravermelho do resorcinol.....................................................................
Atribuições das principais bandas presentes no espectro de
infravermelho do resvan...........................................................................
Atribuições das principais bandas presentes nos espectros de
infravermelho da vanilina, resorcinol e resvan.........................................
Atribuições das bandas do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] no espectro de
infravermelho...........................................................................................
Atribuições das bandas principais do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl
no espectro de infravermelho, comparadas aos compostos vanilina e cis[Cu(phen)Cl2].....................................................................................
Atribuições das bandas do complexo [(Cu(phen))4(resvan)] no espectro
de infravermelho.......................................................................................
Atribuições das principais bandas do resvan, complexo cis[Cu(phen)Cl2] e complexo [(Cu(phen))4(resvan)] presentes nos
espectros de infravermelho.......................................................................
Atribuições das principais bandas dos complexos cis[Cu(phen)(van)]Cl, [(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
presentes nos espectros de infravermelho................................................
Atribuições das bandas encontradas no Espectro Eletrônico da vanilina
em meio aquoso........................................................................................
Dados comparativos entre as bandas de absorção da vanilina utilizando
água e DMF como solventes....................................................................
Dados comparativos entre as bandas da vanilina e do íon vanílico gerado
pela variação do pH e redução......................................................
Atribuições das bandas encontradas no Espectro eletrônico do resorcinol
em meio aquoso.......................................................................
Dados comparativos entre as bandas de absorção do resorcinol quando
utilizado água e DMF como solventes.....................................................
Atribuições das bandas encontradas no Espectro Eletrônico do resvan
em meio aquoso........................................................................................
Dados comparativos entre as bandas de absorção do resorcinareno em
água, DMF e metanol...............................................................................
Valores de pKa determinados pelo monitoramento das bandas em 326 e
500 nm...................................................................................................
Valores de pKa para vanilina e seus derivados........................................
Atribuições das bandas encontradas no Espectro Eletrônico da vanilina,
resorcinol e resvan em meio aquoso.........................................................
Atribuição das bandas encontradas no espectro eletrônico do complexo
cis-[Cu(phen)Cl2] em meio aquoso..........................................................
Dados comparativos entre as bandas de absorção do complexo cis[Cu(phen)Cl2] utilizando água, acetonitrila, metanol, DMF e DMSO
como solventes.........................................................................................
73
75
79
83
86
94
97
100
106
108
110
115
117
118
120
122
132
135
137
139
142
14
Tabela 22 - Atribuição das bandas encontradas no espectro eletrônico do complexo
cis-[Cu(phen)(van)]Cl em meio aquoso...................................................
Tabela 23 - Dados comparativos entre os comprimentos de onda referentes à
transição LLCT.........................................................................................
Tabela 24 - Dados comparativos entre as bandas de absorção do complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl quando utilizado água, DMF, metanol e acetonitrila
como solventes ........................................................................................
Tabela 25 - Dados comparativos das transições eletrônicas presentes nos complexos
de cobre-phen obtidos na literatura........................................
Tabela 26 - Atribuição das bandas encontradas no espectro eletrônico do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)] em meio aquoso....................................................
Tabela 27 - Dados comparativos entre as bandas de absorção do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)] utilizando água e DMF como solventes..............
Tabela 28 - Atribuição das bandas encontradas no espectro eletrônico do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 em meio aquoso...............................................
Tabela 29 - Dados comparativos entre as bandas de absorção do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 quando utilizado água e metanol como
solventes...................................................................................................
Tabela 30 - Valores de absorbâncias das bandas em 665 e 691 nm para os compostos
cis-[Cu(phen)(van)]Cl e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, respectivamente, em
diferentes concentrações.........................................
Tabela 31 - Parâmetros magnéticos de complexos de cobre com o ligante
fenantrolina e derivados...........................................................................
Tabela 32 - Parâmetros magnéticos dos complexos cis-[Cu(phen)Cl2], cis[Cu(phen)(van)]Cl, [(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4...
Tabela 33 - Erro padrão dos experimentos de quantificação de cistos cerebrais em
camundongos infectados com 25 cistos...................................................
145
148
152
153
156
159
162
163
168
173
183
188
15
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
Abs
Bipy/Bpy
Cat
CWEPR
Dipica
DMF
DMSO
DNA
Dpp
DPPH
EPR
Et-Bzac
Glu
GSH
His-trp-ome
His-tyr-ome
IC50
IV
LABMAT
LLCT
LMCT
Me-Bzac
MLCT
MTT
OECD
Phen
Qbsa
Qui
Resvan
Threo
Uv-Vis
Valp
Van
α-naph.dtc
Absorbância
2,2-bipiridina
Catecol
Ressonância Paramagnética de Elétrons de Ondas Contínuas
Di(2-picolil)amina
Dimetilformamida
Dimetilsulfóxido
Ácido desoxirribonucleico
2,9-difenil-1,10-fenantrolina
2,2-difenil-1-picrilidrazil
Ressonância Paramagnética de Elétrons
2-Etil-1-fenil-1,3-butanodiona
Ácido glutâmico
Glutationa
Histidina- triptófano metil ester
Histidina-tirosina metil ester
Concentração Inibitória para 50% das células
Infravermelho
Laboratório de Biologia da Malária e Toxoplasmose
Transferência de Carga do Ligante para o Ligante
Transferência de Carga do Ligante para o Metal
2-Metil-1-fenil-1,3-butanodiona
Transferência de Carga do Metal para o Ligante
Brometo de 3-[4,5-dimetiltiazol-2il]-2,5-difenil
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
1,10-fenantrolina
N-quinolin-8-il-benzenosulfonamida
2-fenil-3-hidroxi-4-quinolinona
C-4-metoxifenilcalix-[4]resorcinareno
Threoninato
Ultravioleta e Visível
2-propilpentanoato
Vanilina
α-naftilamina ditiocarbamato
16
LISTA DE SÍMBOLOS


g‫װ‬
g﬩
σd
σh
σv
Deformação Angular
Frequência de estiramento
Fator-g paralelo
Fator-g perpendicular
Plano de reflexão diedral
Plano de reflexão horizontal
Plano de reflexão vertical
17
SUMÁRIO
1
2
2.1
2.2
3
3.1
3.2
3.3
3.3.1
3.4
3.4.1
3.4.2
3.5
3.5.1
3.5.2
3.6
4
4.1
4.1.1
4.1.2
4.1.3
4.1.4
4.1.5
4.2
4.2.1
4.2.2
4.2.3
4.2.4
4.2.5
4.2.6
4.2.7
4.2.8
4.3
4.3.1
4.3.2
4.3.3
4.3.4
5
5.1
5.1.1
5.1.2
5.1.3
INTRODUÇÃO...............................................................................................
OBJETIVOS....................................................................................................
OBJETIVOS GERAIS......................................................................................
OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................
RESORCINOL..................................................................................................
VANILINA.......................................................................................................
CALIXARENOS...............................................................................................
Resorcinarenos.................................................................................................
COMPOSTO DE COORDENAÇÃO DE COBRE..........................................
Química do Cobre...........................................................................................
Aplicações do cobre.........................................................................................
ATIVIDADES BIOLÓGICAS.........................................................................
Toxoplasmose..................................................................................................
Atividade antioxidante...................................................................................
ESPECTROSCOPIA DE RESSONÂNCIA PARAMAGNÉTICA DE
ELÉTRONS (EPR)...........................................................................................
PARTE EXPERIMENTAL...........................................................................
PROCEDIMENTOS DE SÍNTESES...............................................................
Síntese do complexo de partida cis-[Cu(phen)Cl2]......................................
Síntese do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl.................................................
Síntese do ligante C-4-metoxifenilcalix-[4]resorcinareno (Resvan)..........
Síntese do ligante C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno.................................
Síntese do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]..................................................
REAGENTES E SOLUÇÕES..........................................................................
Água.................................................................................................................
Amálgama de zinco.........................................................................................
Ácidos...............................................................................................................
Brometo de potássio........................................................................................
Cloreto de cobre (II).......................................................................................
Hidróxido de sódio..........................................................................................
Solventes orgânicos.........................................................................................
Ligantes............................................................................................................
EQUIPAMENTOS E TÉCNICAS EXPERIMENTAIS...................................
Espectroscopia Eletrônica na Região do Ultravioleta e Visível (UV-vis)...
Espectroscopia Vibracional na Região do Infravermelho..........................
Ressonância Paramagnética de Elétrons (EPR)...........................................
Testes Biológicos..............................................................................................
RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................
ESPECTROSCOPIA
VIBRACIONAL
NA
REGIÃO
DO
INFRAVERMELHO........................................................................................
Espectro de Infravermelho da Vanilina.......................................................
Espectro de Infravermelho do Resorcinol....................................................
Espectro de Infravermelho do ligante Resvan.............................................
20
23
23
23
25
25
26
29
32
36
36
37
41
42
43
44
53
53
53
54
55
57
58
61
61
61
61
62
62
62
62
63
63
63
64
64
65
69
69
69
73
76
18
5.1.4
Comparativo entre os Espectros de Infravermelho dos compostos
vanilina, resorcinol e resvan...........................................................................
5.1.5
Espectro de Infravermelho do complexo precursor cis-[Cu(phen)Cl2].....
5.1.6
Espectro de Infravermelho do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl................
5.1.7
Espectro de Infravermelho do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]................
5.1.8
Comparativo dos espectros de IV dos compostos resvan, cis[Cu(phen)Cl2] e [(Cu(phen))4(resvan)]..........................................................
5.1.9
Espectro de infravermelho do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4...........
5.2
ESPECTROSCOPIA ELETRÔNICA NA REGIÃO DO ULTRAVIOLETA
E VISÍVEL (UV-VIS).......................................................................................
5.2.1
Espectro Eletrônico da Vanilina....................................................................
5.2.2
Espectro Eletrônico do Resorcinol.................................................................
5.2.3
Espectro Eletrônico do C-4-metoxifenilcalix-[4]resorcinareno (Resvan)...
5.2.3.1 Estudo da influência do pH sobre o espectro eletrônico do resvan e
determinação dos valores de pKa.......................................................................
5.2.4
Comparativo entre os Espectros Eletrônicos dos compostos Vanilina,
Resorcinol e Resvan.........................................................................................
5.2.5
Espectro Eletrônico do complexo precursor cis-[Cu(phen)Cl2]...................
5.2.6
Espectro Eletrônico do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl.............................
5.2.7
Espectro Eletrônico do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]..............................
5.2.8
Espectro Eletrônico do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4........................
5.2.8.1 Comparativo entre os espectros eletrônicos dos complexos cis[Cu(phen)(van)]Cl, [(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4.............
5.2.8.2 Estudo da acidez do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4..................................
5.2.9
Determinação da proporção do metal dos complexos cis[Cu(phen)(van)]Cl e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4.............................................
5.3
RESSONÂNCIA PARAMAGNÉTICA DE ELÉTRONS (EPR).....................
5.3.1
Ressonância Paramagnética de Elétrons do complexo cis-[Cu(phen)Cl2]..
5.3.2
Ressonância Paramagnética de Elétrons do complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl............................................................................................
5.3.3
Ressonância
Paramagnética
de
Elétrons
do
complexo
[(Cu(phen))4(resvan)].......................................................................................
5.3.4
Ressonância
Paramagnética
de
Elétrons
do
complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4..................................................................................
5.3.5
Comparativo entre os espectros de EPR dos complexos cis-[Cu(phen)Cl2],
cis-[Cu(phen)(van)]Cl,
[(Cu(phen))4(resvan)]
e
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4..................................................................................
5.4
AVALIAÇÃO
TOXICOLÓGICA,
ANTIOXIDANTE
E
ANTITOXOPLÁSMICA DOS COMPOSTOS VANILINA E RESVAN........
5.4.1
Toxicidade Aguda.............................................................................................
5.4.2
Citotoxicidade...................................................................................................
5.4.3
Atividade antioxidante....................................................................................
5.4.4
Atividade antitoxoplásmica.............................................................................
6
CONCLUSÃO..................................................................................................
REFERÊNCIAS...............................................................................................
79
83
86
94
97
101
107
107
116
118
125
135
137
144
155
160
163
165
167
171
171
174
176
178
180
184
184
184
185
186
191
194
19
Introdução
20
1 INTRODUÇÃO
O estudo de novos compostos de coordenação vem se intensificando nas últimas
décadas, visando à obtenção de novos complexos com aplicações em diferentes áreas, tais como
medicamentos (HAAS; FRANZ, 2009) e catálise (WARD, et al., 2004).
Complexos com os mais variados tipos de ligantes apresentam relevantes aplicações em
sistemas biológicos, devido à interação de íons de metais de transição com moléculas de
sistemas biológicos. Dentre os diversos complexos metálicos que tornam esta área da química
de coordenação tão fascinante, pode-se destacar a hemoglobina, uma metaloproteína presente
no organismo de mamíferos responsável pelo transporte de oxigênio através do sistema
respiratório, além de diferentes fármacos e agentes quimioterapêuticos, como a cisplatina,
utilizada atualmente no tratamento de certos tipos de câncer, em especial o câncer de ovário e
testículo. (GUERRA, et al., 2007).
Complexos de cobre, especificamente, possuem uma série de aplicações na química
medicinal, devido principalmente à facilidade de interconversão entre os estados de oxidação
(I/II) apresentados por este metal. Compostos de coordenação de cobre com o ligante
fenantrolina apresentam atividades biológicas importantes, como por exemplo, atividades
antitumorais, antifúngicas, antibacteriana e antimicrobiana (OLIVER, et al., 2009). Tais
aplicações estão relacionadas à forte interação dos complexos de cobre-fenantrolina com o
DNA, ocasionando a clivagem do ácido desoxirribonucleico (LINDER, 2001).
Entre os ligantes que vem ganhando destaque na química de coordenação, estão às
macromoléculas denominadas resorcinarenos, que possibilitam a coordenação de vários íons
metálicos, com formação de complexos estáveis, além de permitirem uma série de modificações
estruturais ao se ligar com outras moléculas em suas extremidades, gerando novas aplicações
na área da catálise e da medicina (HOMDEN; REDSHAW, 2008).
Neste presente trabalho foi realizada a síntese, bem como ensaios biológicos do ligante
resorcinareno, um macrocíclo formado através da reação entre resorcinol – um composto com
relevante atividade antioxidante atribuída aos grupos fenólicos de sua estrutura (SPATAFORA;
TRINGALI, 2012) – e um aldeído, que neste trabalho é a vanilina – uma molécula que vêm
despertando bastante interesse em aplicações na área de bioinorgânica por apresentar fortes
ações como agente antioxidante e antimicrobiano (CHENG, et al., 2007). – Além disso, também
foram sintetizados novos complexos de cobre (II) com os ligantes vanilina e resvan, sendo este
último um complexo polinuclear constituído por quatro centros metálicos. Os compostos
21
obtidos foram caracterizados através das técnicas espectroscópicas de infravermelho, UvVisível e Ressonância Paramagnética de Elétrons. Além disto, foram realizados testes
biológicos com o ligante vanilina e seu derivado resvan.
22
Objetivos
23
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVOS GERAIS
O objetivo principal é contribuir para o desenvolvimento da química de coordenação de
compostos que possuam em suas estruturas ligantes macrocíclicos, como o resorcinareno, a
partir da síntese de um novo complexo tetranuclear, tendo átomos de cobre como centros
metálicos, coordenados ao ligante resvan, o qual possa ter aplicações relevantes em sistemas
biológicos.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Apresentar uma nova proposta de síntese para o complexo de cobre com o ligante
resvan;
 Sintetizar o novo complexo de cobre com o ligante vanilina, cis-[Cu(phen)(van)]Cl,
bem como o complexo tetranuclear [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4;
 Caracterizar os complexos obtidos através das técnicas de Espectroscopia Vibracional
na Região do Infravermelho, Espectroscopia Eletrônica na Região do Ultravioleta e
Visível e Espectroscopia de Ressonância Paramagnética de Elétrons;
 Estudar ações biológicas do ligante vanilina e seu derivado, resvan.
24
Revisão Bibliográfica
25
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 RESORCINOL
Sob o ponto de vista funcional orgânico e estrutural, o resorcinol é um fenol cristalino,
constituído por dois grupos hidroxilas localizados nas posições meta de um anel benzênico,
conforme apresentado na Figura 1. Este composto é também conhecido como resorcina, 1,3dihidroxibenzeno, meta-dihidroxibenzeno, 1,3-benzenodiol ou 3-hidroxifenol (DURAIRAJ,
2005).
Figura 1 – Estrutura química do Resorcinol
H
HO
OH
H
H
H
Fonte: Autora (2014).
Os grupos hidroxilas presentes no anel aromático conferem ao resorcinol uma elevada
reatividade, uma vez que os átomos de carbono localizados nas posições orto e para em relação
aos grupos hidroxilas são bastante reativos, ficando apenas o carbono na posição meta com
baixa reatividade. Isto torna a molécula bastante versátil e possibilita uma série de modificações
e reações químicas, proporcionando diversas aplicações nas áreas de físico-química e biologia.
Essa molécula é utilizada como material de partida na síntese de compostos orgânicos,
tais como borrachas, tinturas capilares e plásticos (BLANCO, et al., 2005), assim como no
desenvolvimento de produtos farmacêuticos, dentre eles, o 2,6-dihidroxiacetofenona, “Sódio
Cromolin”, 2,4-di-hidroxi-3-n-propilacetofenona e o leucotrieno B4 (DURAIRAJ, 2005).
O resorcinol, bem como muitos dos seus derivados, possuem caracterísiticas estruturais
que possibilitam suas utilizações no desenvolvimento de compostos com ações farmacológicas
eficazes no tratamento de doenças, tais como, alcoolismo, alergias, inflamações, Alzheimer,
26
anemia, asma, câncer, diabetes, osteoporose, úlceras gástricas, além de atuar como antisséptico
(DURAIRAJ, 2005).
3.2 VANILINA
A 4-hidroxi-3-metoxibenzaldeído, também conhecida como vanilina, possui em sua
estrutura um anel aromático 1,3,4-trisubstituído, tendo como substituintes os grupos funcionais
aldeído, éter e fenol, respectivamente, conforme observado na Figura 2.
Figura 2 – Estrutura do composto 4-hidroxi-3-metoxibenzaldeído
H
O
CH3
O
OH
Fonte: Autora (2014).
O grupo aldeído presente na estrutura da vanilina possui elevada reatividade e, como
consequência, muitos derivados da vanilina são originados por reações que têm este grupo como
centro reativo. As bases de Schiff, por exemplo, são moléculas formadas pela condensação de
uma amina primária com um composto que apresente um grupo carbonila, como é o caso da
vanilina. Na Figura 3 é apresentada a reação de condensação de uma amina com a vanilina para
formação da base de Schiff.
Figura 3 – Reação de condensação para formação da base de Schiff
Fonte: Autora (2014).
27
A vanilina possibilita uma série de reações como esta, formando bases de Schiff com
diversas aplicações na área da química e da biologia (SABAA, et al., 2009), com elevado
potencial em atividades antibacterianas e antitumorais (ZHANG, et al., 2010).
Além das bases de Schiff, outros derivados podem ser formados a partir de reações que
ocorrem através do grupo aldeído da vanilina, como por exemplo, os resorcinarenos, que são
macromoléculas formadas pela reação de condensação entre um resorcinol e um composto
aldeídico, como é o caso da vanilina. Este derivado possui aplicações na área da química e
biologia, com atividades em sistemas biológicos e catálise.
A vanilina também possui em sua estrutura o grupo vanilóide – constituído pelo anel
aromático e os grupos substituintes metóxi e fenol – o qual apresenta importantes atividades
em sistemas biológicos. Compostos que, semelhantemente à vanilina, possuem o grupo
vanilóide em suas estruturas normalmente favorecem a apoptose, além de apresentarem
importantes características antioxidantes e antimicrobianas. Alguns exemplos de derivados
vanilóides que possuem importantes aplicações biológicas como a capsaicina, o eugenol e o
ácido ferúlico são apresentados na Figura 4.
Figura 4 – Estrutura dos compostos vanilina, capsaicina, eugenol e ácido ferúlico, com destaque ao grupo
vanilóide em vermelho
Fonte: Autora (2014).
28
A capsaicina é um alcalóide incolor e inodoro, absorvido rapidamente pela pele, por ser
facilmente solúvel em gordura. Tal molécula é encontrada na pimenta e em sementes de
pimentões. A capsaicina tem se mostrado bastante eficaz em estudos relacionados ao tratamento
da obesidade e de patologias que envolvem dores agudas, tais como dor neuropática, neuropatia
diabética, psoríase e problemas musculares (DEVARI, et al., 2014). Estudos mostram que este
composto químico pode apresentar aplicações no tratamento do câncer, uma vez que ele ataca
o centro dos tumores, inibindo sua proliferação.
O 4-Alil-2-Metoxifenol, conhecido também como Eugenol é um composto presente no
cravo, na canela e na mirra. Esta substância possui efeitos medicinais que auxiliam no
tratamento de náuseas, flatulências, indigestão e diarreia. O eugenol, além de apresentar
atividades bactericidas e antivirais, é um forte antisséptico e anestésico, utilizado
principalmente em tratamentos odontológicos.
O ácido ferúlico possui propriedades bioquímicas importantes, tais como atividade
antibactericida e antioxidante, que são características do grupo vanilóide presente em sua
estrutura. O ácido ferúlico também possui atividade antitumoral, podendo atuar no tratamento
do câncer de mama e câncer de fígado (IBTISSEM, et al., 2012). Este composto pode ser
facilmente encontrado em componentes da parede celular das plantas, como arroz, aveia e trigo,
assim como em alimentos, como café, maçã e laranja.
Desta forma, tendo como base os exemplos acima de compostos vanilóides
apresentados, pode-se destacar a importância que este grupo possui para diversas atividades
biológicas no organismo.
A vanilina possibilita uma gama de aplicações em diversas áreas: é amplamente
utilizada nas indústrias de alimentos, bebidas, perfumaria e cosméticos (SHANG, et al., 2014),
além de possuir um vasto campo de aplicação na fabricação de produtos agroquímicos e
produtos farmacêuticos, atuando como um importante reagente de síntese.
Estudos
realizados
em
ratos
comprovaram
que a vanilina possui
efeito
quimiopreventivo em carcinogênese e mutagênese, atuando também como inibidora no
processo de migração de células cancerígenas (CHENG, et al., 2007).
A vanilina, o agente responsável pelo aroma da baunilha, tem sabor agradável e ação
bacteriana bastante significativa. Porém, sua principal característica consiste no elevado
potencial em atividade antioxidante no organismo, que ocorre por sequestro de radicais livres,
inibindo a fotossensibilização lipídica gerada pelo processo de oxidação e peroxidação de
29
proteínas (CHENG, et al., 2007). O alto teor antioxidante que este composto possui é
fundamental para sua utilização como conservante de alimentos naturais (SUN, et al., 2013).
As múltiplas possibilidades de aplicações da vanilina têm estimulado muitos
pesquisadores a realizar estudos sobre esta substância. Entre esses estudos pode-se destacar os
que envolvem compostos de coordenação, uma vez que cada um dos seus grupos funcionais aldeido, éter e fenol - dispõe de um par de elétrons livres, disponíveis para interagir com centros
metálicos.
Complexos metálicos com vanilina e seus derivados apresentam aplicações
farmacológicas, atuando como agentes antimicrobianos e antitumorais. Tais propriedades
também estão presentes na vanilina livre, porém, em muitas circunstâncias, a coordenação de
íons metálicos aumenta a ação destas atividades biológicas (REASH, et al., 2010), o que sugere
que o centro metálico modula a atividade biológica dessa molécula. Dentre os complexos
metálicos de vanilina e derivados, destacam-se os compostos de coordenação com a base de
Schiff Valen, que possuem propriedades luminescentes e atuam como agentes antioxidantes e
catalisadores. Na Figura 5 é apresentada a estrutura da base de Schiff Valen, molécula derivada
da o-vanilina, a qual possui atividade antibacteriana (LI, et al., 2014).
Figura 5 – Estrutura química da base de Schiff Valen
Fonte: Autora (2014).
3.3 CALIXARENOS
Calixarenos são macromoléculas obtidas a partir da reação de condensação de fenóis e
aldeídos, geralmente em meio ácido. Em 1872, Adolf Von Baeyer sintetizou o primeiro
calixareno, a partir da reação entre resorcinol e benzaldeído. (TIMMERMAN, et al., 1996). O
nome calixareno é derivado do grego, onde calix corresponde a “cálice ou vaso”, referente à
30
sua estrutura que possui a forma de um cálice, e arene significa “arila”, que são radicais
derivados do grupo aromático presente em sua estrutura. (GUTSCHE, 2008).
Calixareno corresponde a uma classe de compostos, que pode ser modificada
quimicamente dependendo da natureza dos grupos R, dos grupos aromáticos derivados do fenol,
e do número de grupos arila a partir do qual podem ser originados, conforme pode ser observado
no esquema de síntese proposto na Figura 6.
Figura 6 – Esquema de formação dos calixarenos
Fonte: Adaptado de Gutsche (1993).
Dentre
tais
calix[n]resorcinarenos,
compostos,
com
têm-se
“n”
como
significando
exemplos
o
o
números
p-tert-Butilcalixarenos,
de
grupos
arila,
dihomooxacalix[4]arenos, p-tert-butylphenol, entre outros (GUTSCHE, 2008). Na Figura 7
estão apresentados alguns exemplos de derivados de calixarenos.
Figura 7 – Derivados de calixarenos
Fonte: Gutsche (2008, p. 200).
31
Os calixarenos possuem pontos de fusão elevados, são normalmente insolúveis em água
e pouco solúveis em solventes orgânicos (GUTSCHE, 2008). A forma de cone do calixareno
origina uma cavidade hidrofóbica, com paredes aromáticas ricas em elétrons, e extremidades
hidrofílicas, que possibilitam a formação de várias ligações de hidrogênio. Eles possuem uma
habilidade única para reconhecer e se ligar a complexos catiônicos, aniônicos e moléculas
neutras, selecionando-os de acordo com seu tamanho e cargas adequadas à sua estrutura. Tais
características ampliam o campo de aplicação dos calixarenos em diferentes ramos da química,
física e principalmente da biologia, atuando também como bactericida, anticancerígeno,
antiviral, antitrombótico, bloqueador seletivo de enzimas e complexação de proteínas (RODIK,
et al., 2009).
A flexibilidade conformacional, a capacidade de coordenar simultaneamente numerosos
centros metálicos em várias posições e as possibilidades que esta classe de moléculas oferece
em termos de modificações estruturais e funcionais, proporcionaram desenvolvimentos
relevantes para a química de coordenação dos calix[n]arenos na última década (HOMDEN;
REDSHAW, 2008).
Os calixarenos podem formar complexos com vários metais do bloco d da tabela
periódica, tais como Cu2+, Zn2+ e Ag+, conforme observado em alguns exemplos apresentados
na Figura 8. O posicionamento dos metais no macrocíclico possibilita o desenvolvimento de
novos catalisadores (SORRELL, et al., 1994), bem como atua na busca de enzimas artificiais,
e na concepção de sensores para determinação de traços de íons metálicos, principalmente na
área ambiental. (SLIWA; DESKA, 2008).
Figura 8 – Complexos com o ligante calixareno
Fonte:Adaptado de Sliwa; Deska (2008, p. 95, 97 e 113).
32
3.3.1 Resorcinarenos
Resorcinarenos são moléculas macrocíclicas que pertencem à classe dos calixarenos,
obtidos a partir da condensação de resorcinol com aldeído, em meio ácido. (IWANEK;
WZOREK, 2009). São formados a partir da combinação de um número igual de moléculas de
aldeído e resorcinol, com perda de um número igual de moléculas de água. (TIMMERMAN, et
al., 1996).
Na Figura 9 é apresentado o mecanismo geral envolvido na reação de formação do
resorcinareno. A macromolécula formada não possui o grupo aldeído em sua estrutura e, em
seu lugar, permanece o grupo metino, unindo as moléculas entre si.
Figura 9 – Mecanismo da condensação ácido catalizada entre resorcinol e aldeído
Fonte: Gutsche (2008, p. 59).
Em 1872, Adolf Von Baeyer, sintetizou o primeiro composto pertencente à classe dos
resorcinarenos, utilizando benzaldeído e resorcinol como reagentes. Entretanto, a estrutura
deste composto foi proposta apenas em 1940 por Niederl e Vogel. A partir da determinação do
seu peso molecular e, ao realizar estudos entre os vários produtos obtidos através das reações
de condensação de aldeídos alifáticos e resorcinol, foi possível propor sua estrutura, cuja
33
comprovação ocorreu no ano de 1968 por Erdtman, através de análises de raios-X.
(TIMMERMAN, et al., 1996).
Na Figura 10 observa-se uma representação geral da estrutura macrocíclica dos
resorcinarenos, onde os grupos R podem variar, dependendo do aldeído utilizado no processo
de síntese. Na literatura já são relatados resorcinarenos com estruturas tendo como grupo R
desde grupos alquila, contendo apenas um átomo de carbono, até cadeias lineares com 12
carbonos, por exemplo. Espécies aromáticas como benzaldeído e vanilina são também
utilizadas para a formação de resorcinarenos (TIMMERMAN, et al., 1996).
Figura 10 - Estrutura geral do Resorcinareno
Fonte: McIldowie (2010, p.17).
Sabe-se que os resorcinarenos não apresentam uma estrutura planar, sendo possível a
obtenção de compostos com diferentes conformações, como pode ser observado na Figura 11,
sendo a simetria mais provável a C4v, pois, com esta conformação, as hidroxilas fenólicas
poderão fazer ligações de hidrogênio entre si, tornando a molécula mais estável.
34
Figura 11 – Diferentes conformações possíveis para resorcinarenos e indicação dos respectivos grupos pontuais
Coroa – C4v
Barco – C2v
Diamante – Cs
Cadeira – C2h
Sela – S4
Fonte: Iwanek; Wzorek (2009, p. 399).
Pelo fato de suas estruturas apresentarem cavidades que podem acomodar íons ou
moléculas, os resorcinarenos têm sido objeto de estudos que vêm se intensificando ao longo
dos anos (PETERSON, et al., 2003). Nesses estudos tem-se produzido compostos modificados
estruturalmente, cujas aplicações são bastante diversificadas, e as reações geradoras desses
produtos apresentam altos rendimentos.
Os resorcinarenos contribuem para a química supramolecular devido, principalmente,
às suas características de reconhecimento molecular, que são de grande importância para vários
processos biológicos em células vivas, tais como, formação de membranas e ribossomos,
reconhecimento do substrato pelas enzimas e processos estruturais complementares no DNA
(JASAT; SHERMAN, 1999). Muitos resorcinarenos são utilizados nas sínteses de receptores
que interagem com marcadores tumorais, além de possuírem várias aplicações na busca de
novos compostos farmacêuticos, pesticidas, gêneros alimentícios (IWANEK; WZOREK,
2009), bem como catálise e cromatografias (MCILDOWIE, et al., 2010), sensores
eletroquímicos, fotoresistência (HABA, et al ., 1999) e na adsorção de metais pesados
(FIRDAUS, et al., 2008).
A classe de compostos dos resorcinarenos, assim como outras macromoléculas que
possuam propriedades semelhantes, pode reagir entre si, formando cápsulas macromoleculares
capazes de envolver completamente moléculas ou íons hóspedes no seu interior, como é o caso
35
do resorcinareno tetraquinoxalina (resoqx), uma cavidade macromolecular que tem sido
amplamente utilizada para o estudo das interações existentes entre o hospedeiro e suas
moléculas hóspedes (CASTRO, et al., 2004). A quinoxalina é uma molécula fundamental na
construção de cavidades derivadas do resorcinareno, possui atividades biológicas e
farmacêuticas importantes, além de possibilitar interações com o DNA (BALLISTRERI, et al.,
2010). A cavidade resoqx é formada a partir de ligações entre os grupos hidroxilas dos
resorcinóis vicinais do resorcinareno com a quinoxalina (VINCENTI; IRICO, 2002). Na Figura
12 é apresentado o esquema de síntese para formação da cavidade do resorcinareno com a
quinoxalina.
Figura 12 – Esquema de síntese da cavidade do resorcinareno modificado com tetraquinoxalina
Fonte: Adaptado de Panahi (2012).
Os resorcinarenos podem também atuar como ligantes polidentados, podendo se
coordenar a alguns metais de transição, tais como paládio, níquel, zinco e cobre (JAIN;
KANAIYA, 2011). Os complexos formados com estas macromoléculas têm capacidade de agir
como moléculas seletivas quanto ao tamanho e a carga das moléculas vizinhas presentes no
meio, sendo estas polares ou apolares (SORRELL, et al., 1994), além de serem utilizados no
desenvolvimento de catalisadores.
O resorcinareno sintetizado a partir da reação de condensação entre resorcinol e
vanilina, neste trabalho identificado como resvan, possui uma estrutura com vários sítios ativos,
totalizando dezesseis átomos de oxigênio com elétrons disponíveis. Conforme apresentado na
Figura 13, o resvan apresenta algumas possibilidades de modificações estruturais importantes,
sendo estas através das reações que ocorrem entre as hidroxilas dos resorcinóis com outros
ligantes favoráveis, como a quinoxalina, assim como coordenações de centros metálicos através
dos átomos doadores de elétrons presentes em sua estrutura. Para este último caso, no entanto,
as coordenações podem ocorrer através das hidroxilas dos grupos fenólicos dos resorcinóis e/ou
dos átomos de oxigênios presentes nos grupos vanilóides, dependendo do método de síntese
36
utilizado. Devido à presença de vários sítios ativos nesta macromolécula, torna-se possível a
formação de complexos polinucleares, podendo ocorrer a coordenação de até oito íons
metálicos de forma bidentada na molécula.
Figura 13 – Possibilidades de modificações estruturais do resvan
Fonte: Autora (2014).
3.4 COMPOSTO DE COORDENAÇÃO DE COBRE
3.4.1 Química do Cobre
O cobre é um dos poucos metais que pode ser encontrado na sua forma pura na natureza.
Possui massa atômica igual a 63,6 e está localizado no grupo 11 da tabela periódica, sendo,
portanto, um metal de transição. A configuração eletrônica da camada de valência deste metal
é 3d10, 4s1, apresentando como principais estados de oxidação os valores +1 e +2.
Complexos de cobre (I) geralmente possuem números de coordenação (NC) pequenos,
com valências secundárias que variam entre 2 e 4. Estes complexos possuem geometrias linear
para número de coordenação 2, trigonal para número de coordenação 3 e tetraédrico para
número de coordenação 4.
Já o cobre (II) normalmente forma complexos com números de coordenação que variam
entre 4-8, geralmente com geometrias quadrado planar, para número de coordenação 4,
bipirâmide trigonal ou pirâmide de base quadrada, para número de coordenação 5 e octaédrica
(com distorção tetragonal) para número de coordenação 6. Na Figura 14 estão apresentadas as
37
geometrias que são preferencialmente utilizadas para os compostos de coordenação com os íons
de cobre (I) e (II).
Figura 14 – Geometrias propostas para complexos de cobre I e II
Fonte: Adaptado de Tisato (2010, p.711).
3.4.2 Aplicações do cobre
O cobre foi o primeiro metal utilizado pelas mais antigas civilizações da história da
humanidade, há mais de 10.000 anos, conforme alguns relatos bíblicos. Por volta de 6.000 anos
atrás, o cobre teve grande importância para produção de espadas, lanças e ferramentas, e, por
isso, este período ficou conhecido como idade do cobre. Atualmente, o cobre é um dos metais
de maior importância para a indústria moderna, na formação de ligas metálicas, assim como
para sistemas biológicos por se tratar de um elemento biologicamente ativo em organismos
vivos.
O cobre é um oligoelemento, ou seja, essencial para muitas formas de vida, sendo o
elemento principal em mais de 300 proteínas em humanos (CRISPONI, et al., 2010). Seu caráter
bioessencial foi descoberto em 1925 (LINDER, 1991), porém, sua importância biológica foi
reconhecida apenas nas últimas décadas, com o desenvolvimento da química bioinorgânica
deste metal (LIPPARD; BERG, 1994).
Por ser um elemento biologicamente ativo, possui aplicações biológicas relevantes,
estando à maioria delas diretamente relacionadas com a facilidade de interconversão entre os
38
seus estados de oxidação (I) e (II). O cobre, na forma de íon ou complexo, pode causar danos a
moléculas constituintes de células, modificando suas estruturas em processos como
fragmentação de DNA, induzindo mutações ou apoptose. Isso ocorre porque o cobre livre pode
reagir com moléculas de oxigênio, gerando radicais livres ou íons superóxiodos, tais como o
OH• e o O2-, que prejudicam as células dos organismos vivos. No caso de alguns complexos de
cobre este processo se intensifica, pois além do cobre formar radicais livres, determinados
ligantes conseguem aumentar a interação com as estruturas celulares, produzindo encaixes
perfeitos entre eles durante as modificações celulares.
Ao mesmo tempo, o cobre é um elemento de fundamental importância em mecanismos
de reações de várias enzimas, como, por exemplo, no transporte de elétrons (citocromo c
oxidase), na produção de melanina (tirosinase) e na quebra de radicais realmente perigosos
como superóxido (superóxido dismutase). Na Figura 15 estão representados os principais
processos que têm o cobre como elemento central nos organismos vivos (LINDER, 2001).
Figura 15 – Principais processos biológicos envolvendo o cobre no organismo
Fonte: Kaim (1996, p. 47).
Dentre as proteínas e enzimas de cobre apresentadas na figura acima, pode-se destacar
a hemocianina, uma metaloproteína que possui dois átomos de cobre como elementos centrais,
39
presente nos artrópodes e moluscos. Sua função principal é transportar oxigênio nestes animais,
atuando de forma equivalente a hemoglobina nos mamíferos.
Na Figura 16 são apresentadas as estruturas do sistema hemocianina nas formas
desoxihemocianina (a) e na forma oxihemocianina (b). Na Figura 16.a, observa-se que o cobre
está em seu estado de oxidação +1, o qual não possibilita transições d-d e, por isso, a
desoxihemocianina é incolor. À medida que o oxigênio se coordena à metaloproteína, ligandose em ponte aos dois centros metálicos, os átomos de cobre sofrem oxidação passando de Cu1+
 Cu2+ provocando assim a mudança de coloração da metaloproteína. A coloração azul do
sangue dos artrópodes é, portanto, característica da presença do cobre no seu estado de oxidação
II em tais proteínas sanguíneas.
Um fato a ser destacado neste sistema é a capacidade do cobre poder formar compostos
estáveis com diferentes números de coordenação. Na forma desoxihemocianina, por exemplo,
o cobre (I) faz três ligações, enquanto que na forma oxihemocianina, ao fazer pontes de
oxigênios, o cobre (II) faz cinco ligações. Estes processos geram mudanças na geometria dos
compostos, relacionadas com o estado de oxidação do metal, cujas estruturas sofrem distorções,
estabilizando o centro metálico.
Figura 16 – Sistema da proteína hemocianina nas formas (a) desoxihemocianina, sem oxigênio e (b)
oxihemocianina, após a coordenação do oxigênio aos átomos de Cu
Fonte: Disponível em (http://moray.ml.duke.edu/projects/magnus/images/).
O cobre é bastante utilizado na formação de vários complexos que possuem aplicações
importantes na química de coordenação, principalmente quando aplicados em sistemas
biológicos. Alguns complexos de cobre atuam como catalisadores na formação de radicais,
principalmente complexos de cobre (I), outros neutralizam os radicais, e há ainda complexos
metálicos de cobre que permanecem neutros (LINDER, 2001). Atualmente, vários estudos vêm
sendo realizados com o objetivo de desenvolver novos sistemas que suportem centros metálicos
40
cataliticamente ativos, como é o caso dos compostos de coordenação de cobre(II)-guanidinas,
que possuem um vasto potencial de aplicações em catálises oxidativas.
Complexos de cobre (II) com o ligante o-fenantrolina e seus derivados têm sido bastante
utilizados para provocar dano oxidativo ao DNA (LINDER, 2001), apresentando alta eficiência
nucleolítica (KUMAR, et al., 2008) e atividades biológicas importantes, tais como atividades
de nuclease química, antitumoral, antibacteriana, antifúngica e antimicrobiana (OLIVER, et al.,
2009). Palaniandavar e colaboradores relataram que os complexos de cobre (II) coordenados a
ligantes mistos diiminas possuem propriedade de clivagem do DNA e apresentam atividades
anticancerígenas, sendo estas mais eficientes do que a cisplatina (KANNAN; ARUMUGHAM,
2012).
O complexo [Cu(phen)2]+, por exemplo, apresenta excelente atividade de clivagem do
DNA, e por isso, é considerado um importante modelo biológico no estudo de fármacos
anticancerígenos, uma vez que a clivagem pode causar danos ao DNA de células cancerosas,
bloqueando sua replicação (SANTHAKUMAR; ARUMUGHAM, 2012).
Para que ocorra a clivagem do DNA, o complexo [Cu(phen)2]2+ é inicialmente reduzido
a [Cu(phen)2]+ que em seguida se liga ao DNA, com intercalante eficiente através da estrutura
planar rica em interações π do ligante fenantrolina. O cobre I reduz as espécies de oxigênio
presentes no meio, gerando radicais livres como superóxido e o radical hidroxila, e o complexo
[Cu(phen)2]+ é oxidado para [Cu(phen)2]2+. Estes radicais vão gerar um ataque oxidativo
clivando o DNA principalmente nas unidades C-1’, C-4’ ou C-5’ do 2-desoxirribose (TISATO,
et al., 2010).
O complexo [Cu(phen)2]+, cuja estrutura é representada na Figura 17, gera um certo
aumento na produção de espécies reativas de oxigênios (ROS) no organismo. No entanto,
estudos mostram que o complexo cobre-phen favorece a indução da apoptose de células
cancerígenas no fígado. Este mesmo complexo possui alta citotoxicidade com relação às células
leucêmicas humanas, podendo inibir até 90% do crescimento destas células (TISATO, et al.,
2010).
41
Figura 17 – Estrutura do complexo [Cu(phen)2]+
N
N
Cu
N
+
N
Fonte: Autora (2014).
Nas últimas décadas, vários estudos têm sido realizados (AWAD, et al., 2010) a partir
do complexo cis-[Cu(phen)Cl2], visando tanto a identificação de novas aplicações para esta
espécie quanto no desenvolvimento de novos complexos derivados apresentando este composto
como precursor. O complexo cis-[Cu(phen)Cl2] possui funções relevantes, como por exemplo,
condutividade de materiais ópticos e, devido sua coloração intensa é também utilizado como
corante, além de que, complexos como este possuem eficientes atividades antitumoral e de
clivagem do DNA (AWAD, et al., 2010).
O complexo cis-[Cu(phen)Cl2] possui geometria quadrado planar, tornando favorável a
substituição dos cloretos por novos ligantes em sua esfera de coordenação, sendo tal
propriedade bastante útil para a atuação deste composto em catálise. (AWAD, et al., 2010). Na
Figura 18 é representada a estrutura do complexo em questão.
Figura 18 – Estrutura do complexo cis-[Cu(phen)Cl2]
Fonte: Autora (2014).
3.5 ATIVIDADES BIOLÓGICAS
Tendo em vista os testes biológicos realizados ao longo deste trabalho, os quais são não
são desenvolvidos no presente Instituto de Química da UFRN, faz-se necessário uma pequena
42
introdução a respeito de algumas atividades biológicas que serão posteriormente apresentadas
como resultados.
3.5.1 Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma doença infecciosa, congênita e adquirida, causada pelo parasito
Toxoplasma gondii, que ocorre em seres humanos e animais de sangue quente, sendo
perigosamente virulenta em indivíduos imunocomprometidos e crianças congenitamente
infectadas (NEUMAYEROVÁ, et al., 2014).
A toxoplasmose pode causar doenças graves e, quando a infecção ocorre durante a
gravidez, os parasitas podem atravessar a placenta e infectar o feto, podendo gerar abortos e má
formação dos fetos, déficits neurológicos e cegueira na criança (KAYE, 2011). A principal
forma de transmissão é através da ingestão dos cistos teciduais, através de carnes cruas, frutas
ou verduras mal lavadas e ovo morno (FEITOSA; SAMPAIO, 2013).
Estima-se que a toxoplasmose ocorra em pelo menos um bilhão da população humana
mundial, com maiores taxas de infecção na América do Sul e América Central. No Brasil,
estatísticas do Ministério da Saúde afirmam que a Toxoplasmose é responsável por 90 óbitos
anuais. (BARBOSA, 2008). Estes índices aumentam principalmente em locais quentes e
úmidos, e com poucas condições sanitárias, uma vez que tais características tornam favorável
a maturação dos oocistos (ovos) depositados no solo pelos animais contaminados, conforme o
ciclo de vida do parasita apresentado na Figura 19.
Figura 19 – Ciclo do Toxoplasma gondii
Fonte: (file:///C:/Users/LQCPol/Downloads/exerc.-protozoarios-e-algas2010-a-2013.pdf).
43
Os principais fármacos utilizados no tratamento da toxoplasmose congênita são
pirimetamina, sulfadiazina e leucovorina, cujas estruturas são apresentadas na Figura 20. O uso
de tais medicamentos tem por finalidade diminuir a replicação do parasita e evitar mais danos
para os órgãos envolvidos. Entretanto, apesar de se mostrarem eficaz, estes medicamentos
possuem sérios efeitos colaterais, tais como, febre, inflamação de vasos sanguíneos, assaduras,
náuseas, vômitos, diarreia, convulsões, entre outros (KAYE, 2011) e, por isso, faz-se necessário
a busca por alternativas terapêuticas.
Figura 20 – Estrutura dos fármacos pirimetamina, sulfadiazina e leucovorina
Fonte: Autora (2014).
3.5.2 Atividade antioxidante
A geração de espécies oxidantes ocorre naturalmente na via aeróbica ou por alguma
disfunção biológica, gerando radicais livres, cujo elétron desemparelhado localiza-se nos
átomos de oxigênio ou nitrogênio (BARREIROS, et al., 2006). Os radicais livres estão
envolvidos em processos importantes no organismo, tais como, produção de energia, defesa
contra patógenos, sinalização intracelular, entre outros. Esses radicais livres estão em equilíbrio
com as enzimas antioxidantes, ou seja, moléculas capazes de retardar ou inibir a oxidação
biológica randômica, diminuindo a quantidade de radicais livres no organismo (PIENIZ, et al.,
2009).
No entanto, quando a produção de radicais livres for maior do que a capacidade
antioxidante no organismo, as espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio podem reagir com
44
lipídios, proteínas e com o DNA, gerando modificações nas enzimas, nas células e no material
genético (BARREIROS, et al., 2006). Tal processo, denominado de estresse oxidativo, pode
causar diversas doenças graves, como câncer, Parkinson, Alzheimer, doenças inflamatórias e
imunológicas, doenças cardiovasculares, entre outras (TOMEI; SALVADOR, 2007).
Por essas razões, várias pesquisas têm se voltado para o desenvolvimento de produtos
com atividades antioxidantes. Particularmente, compostos que possuem grupos fenóis em suas
estruturas têm propriedades antioxidantes, atuando como amenizador do estresse oxidativo
(SPATAFORA; TRINGALI, 2012). A vanilina é um exemplo de produto natural com forte
característica antioxidante.
3.6 ESPECTROSCOPIA DE RESSONÂNCIA PARAMAGNÉTICA DE ELÉTRONS (EPR)
A espectroscopia de ressonância paramagnética de elétrons não é uma técnica
comumente utilizada no laboratório de pesquisas da área de Inorgânica, do Instituto de Química
da UFRN e, por isso, faz-se necessário desenvolver uma breve introdução sobre EPR, de
maneira a esclarecer os principais conceitos e fundamentações a respeito desta técnica.
O EPR é uma técnica utilizada para caracterização de moléculas que possuam elétrons
desemparelhados, como por exemplo, os complexos que contém elementos dos blocos d e f, ou
espécies contendo radicais livres. Para compostos de coordenação, por exemplo, é possível
comprovar a presença do metal na amostra analisada, desde que ele seja paramagnético. Este
procedimento decorre da especialidade da técnica em gerar um sinal com intensidade
proporcional à quantidade de spins desemparelhados.
Nessa técnica, um campo magnético externo é aplicado sobre a amostra, e se nela
existirem elétrons desemparelhados, ocorrem interações, gerando-se novos estados energéticos,
cuja quantidade depende dos momentos angulares de spin na amostra. Como as diferenças
enrgéticas entre esses estados são da ordem de grandeza das microondas, ao se aplicar radiações
dessa faixa do espectro sobre a amostra podem ocorrer transições eletrônicas entre esses
estados, como é mostrado na Figura 21.
45
Figura 21 – Comportamento dos spins na ausência de campo magnético (esquerda) e na presença de campo
magnético (direita)
Fonte: Autora (2014).
O dipolo magnético do spin do elétron é gerado devido à rotação do elétron sobre o seu
próprio eixo, Figura 22. A direção deste dipolo é paralela ao eixo de rotação.
Figura 22 – Rotação de uma partícula eletrizada em torno do seu próprio eixo e o dipolo magnético gerado
devido a esta rotação
Fonte: Santos (2006, p.20).
Os compostos analisados devem possuir elétrons desemparelhados para que a resultante
do spin produza um dipolo magnético não nulo, uma vez que, quando os elétrons estão
emparelhados, eles rotacionam em sentidos opostos e o dipolo magnético resultante é nulo.
Antes de aplicar um campo magnético, os dipolos magnéticos possuem direções
aleatórias, no entanto, ao aplicar um campo magnético sobre a amostra, os dipolos magnéticos
adquirem uma direção preferencial, os quais se alinham à direção do campo magnético, como
ilustrado na Figura 23.
46
Figura 23 – Direção dos dipolos magnéticos: direções aleatórias (esquerda) direções alinhadas devido à ação do
campo magnético (direita).
Fonte: Santos (2006, p.21).
A aplicação desta técnica se fundamenta na análise do espectro de absorção da radiação
de microondas gerada pelos momentos de dipolo magnético do spin do elétron. Os espectros
experimentais são obtidos medindo-se a intensidade da radiação em função do campo
magnético. Com a finalidade de melhor analisar os resultados obtidos, os perfis dos espectros
de EPR apresentados correspondem à primeira derivada dos seus espectros de absorção
característicos.
No espectro de EPR, um dos prinicpais parâmetros considerados é o fator-g. Os valores
de g relacionam-se aos momentos angulares orbitais e de spin dos elétrons, sendo iguais a
2,0023 no elétron livre, e por isso, os momentos angulares eletrônicos pode gerar informações
sobre as estruturas eletrônicas (MABBS, 1993). O fator-g é característico para cada tipo de
composto, e os seus valores podem ser obtidos com o uso da equação:
g=h.ν/β.H
Com h = constante de Planck
ν = frequência
β = magnéton de Bohr
H = campo magnético.
Pela sua correlação com os momentos angulares eletrônicos, o fator-g é dependente da
orientação da amostra em relação a um referencial, que normalmente é a coordenada z. Assim,
os valores de gz são chamados de gǁ, enquanto que gx e gy são denominados de g﬩.
Além da ação de um campo magnético externo sobre o elétron (ou os elétrons)
desemparelhado(s), há ainda três tipos de interações que podem ocorrer no EPR, como ilustrado
na Figura 24.
47
Figura 24 – Tipos de interações magnéticas que podem ocorrer no EPR
Fonte: Adaptado de Duin (p.13).
A interação comumente observada nos espectros de EPR de compostos de coordenação
ocorre entre o elétron desemparelhado e o núcleo magnético, chamada de interação nuclear
hiperfina. Já a interação superhiperfina ocorre entre o elétron desemparelhado e os núcleos
vizinhos, a qual é normalmente observada na região perpendicular do espectro. A terceira
interação é denominada spin-spin, e ocorre entre dois elétrons desemparelhados de diferentes
átomos presentes em um mesmo composto.
O campo magnético efetivo que age sobre o elétron, é constituído da soma entre o campo
magnético externo e o campo magnético gerado pelo núcleo. Uma vez que o campo magnético
gerado pelo núcleo pode adquirir 2I + 1 valores possíveis, haverá 2I + 1 campos magnéticos
diferentes agindo sobre os elétrons desemparelhados, gerando 2I + 1 linhas de igual intensidade
no espectro, conhecidas como linhas de desdobramento hiperfino. A separação entre as linhas
é chamada de constante de desdobramento hiperfino, representada pela letra a, correspondente
à intensidade da interação entre o elétron e o núcleo.
Os valores do fator-g podem ou não coincidir com os valores do fator-A e, estas relações
podem gerar diferentes comportamentos ao espectro de EPR. Tais comportamentos estão
totalmente associados à simetria que o complexo apresenta. Na Figura 25 estão representados
os possíveis perfis que os espectros de EPR podem assumir, de acordo com os valores do fatorg apresentados.
48
Figura 25 – Perfis de espectros de EPR idealizados para diferentes simetrias
Fonte: Adaptado de Mabbs (1993, p. 314).
Conforme apresentado na figura acima, os espectros podem apresentar perfis
denominados de isotrópico, axial e rômbico. O espectro de EPR apresenta um perfil isotrópico
quando não são observadas hiperfinas e os valores do fator-g são iguais, ou seja, quando o
espectro é totalmente simétrico, com gxx = gyy = gzz (todos os eixos da molécula são iguais). O
espectro é caracterizado como rômbico quando todos os eixos da molécula são assimétricos.
Neste sistema não há nenhum tipo de isotropia, ou seja, gxx ≠ gyy ≠ gzz. Já o perfil axial pode
ocorrer de duas formas, a primeira apresentando hiperfinas do lado esquerdo do espectro, com
fator-g paralelo maior do que o fator-g perpendicular, indicando que os eixos x e y são
equivalentes e o eixo z é maior que os demais, e outro perfil com hiperfinas apresentadas do
lado direito do espectro, com o fator-g paralelo menor do que o fator-g perpendicular, indicando
um composto que apresente o eixo z menos alongado do que os demais. Desta forma, tais perfis
determinam as possíveis simetrias que o complexo em análise pode apresentar.
Como os complexos de cobre mononucleares ou polinucleares apresentam configuração
eletrônica d9, ou seja, possuem elétrons desemparelhados, a técnica de EPR surge como uma
ferramenta útil na caracterização destes compostos.
Os diversos compostos de coordenação com cobre (II) possuem diferentes geometrias,
tais como quadrado planar, pirâmide de base quadrada ou octaédrico com distorção tetragonal.
Apesar disso, apresentam espectros de EPR com perfis semelhantes, tendo vários sinais
49
eletrônicos paralelos característicos de simetria axial, com gǁ > g﬩. Na Figura 26, por exemplo,
são apresentados espectros de EPR de complexos de cobre com perfil axial, indicando simetrias
em que o eixo z seja mais alongado do que os eixos x e y, conforme observado em suas
estruturas representadas ao lado. Ainda nesta figura, pode-se observar um perfil idealizado para
compostos de cobre (II) (a), enfatizando as características espectrais que são próprias deste
metal, dentro destas condições estruturais apresentadas.
Figura 26 – Espectros de EPR dos compostos 1-4 em DMSO, a 43K (a) simulação do espectro de EPR
Fonte: Adaptado de Beckford (2012, p.226).
Além dos espectros axiais apresentados, os complexos de cobre também podem
apresentar outro tipo de simetria axial, neste caso, com fator-g perpendicular maior do que o
fator-g paralelo. Como exemplo, tem-se o complexo [Cu(bipy)2Cl]ClO4, que possui geometria
bipirâmide trigonal e apresenta um espectro axial, com g﬩ > gǁ, como pode ser observado na
Figura 27.
50
Figura 27 – Espectro de EPR experimental (- - - ) e simulado (-.-.-.-)
Fonte: Valko (1990, p. 810).
No entanto, este comportamento espectral pode ser modificado, de acordo com as
características estruturais que o complexo de cobre apresenta. O complexo hexacoordenado
[Cu(pabh)2], por exemplo, possui geometria tetragonal, proveniente do efeito Jahn-Teller, e
apresenta um perfil rômbico de EPR, conforme apresentado na Figura 28.
Figura 28 – Espectro de EPR do complexo [Cu(pabh)2] em pó à 298K
Fonte: Adaptado de Pal (2002, p.422).
Complexos que possuem geometria tetraédrica ou octaédrica perfeita, com todos os
ligantes iguais na esfera de coordenação e apresentando os mesmos comprimentos de ligações,
possuem um perfil isotrópico. No entanto, complexos de cobre dificilmente terão estas
características e, por isso, na prática este perfil é raramente observado (HATHAWAY, et al.,
1969). Desta forma, na Figura 29 é apresentado um espectro de EPR com perfil isotrópico,
referente ao complexo [Ni(NH3)6]2+, apenas à título comparativo.
51
Figura 29 – Espectro de EPR do complexo [Ni(NH3)6]2+ em solução de amônia a 77K
Fonte: Adaptado de Telser (2006, p.1507).
52
Parte Experimental
53
4 PARTE EXPERIMENTAL
4.1 PROCEDIMENTOS DE SÍNTESES
4.1.1 Síntese do complexo de partida cis-[Cu(phen)Cl2]
O complexo cis-[Cu(phen)Cl2] foi sintetizado a partir da reação entre 300 mg (1,76
mmol) de cloreto de cobre(II) dihidratado e 317 mg (1,76 mmol) de fenantrolina. Inicialmente
o cloreto de cobre (II) dihidratado foi dissolvido em 5 ml de metanol a 50°C e em seguida foi
adicionada a fenantrolina. O sistema reacional foi mantido sob agitação e aquecimento por 1
hora. Após este período, o sólido, com coloração verde, formado foi filtrado, lavado com
metanol e armazenado sob vácuo, tendo a reação, um rendimento de 92 %. O procedimento
para a síntese deste complexo é apresentado na Figura 30.
Figura 30 – Fluxograma da síntese do complexo de partida cis-[Cu(phen)Cl2]
CuCl2.2H2O
Metanol
Agitação e
aquecimento leve
Fenantrolina
Metanol
Solução com
precipitado verde
Agitação por
1h a 50°C
Resfriamento
Filtração a
vácuo
Cis-[Cu(phen)Cl2]
Fonte: Autora (2014).
54
Figura 31 – Estrutura proposta para o complexo de partida cis-[Cu(phen)Cl2]
Cl
N
Cu
N
Cl
Fonte: Autora (2014).
4.1.2 Síntese do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl
Para a síntese do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl foram dissolvidos 96,6 mg (0,64
mmol) do ligante vanilina em 5 mL de água destilada e posteriormente foram adicionadas gotas
de uma solução aquosa de NaOH (2 mol L-1) até que fosse atingido pH 8,0. Em seguida
adicionou-se 200 mg (0,64 mmol) do complexo de partida cis-[Cu(phen)Cl2], previamente
dissolvido em água destilada, deixando-se a solução sob agitação e aquecimento a 60oC por 2
horas. Após este período a solução foi resfriada até a temperatura ambiente. O sólido de
coloração verde escuro formado foi filtrado a vácuo e mantido em dessecador, tendo esta síntese
um rendimento de 87%. Na Figura 32 é apresentado o fluxograma da síntese para o complexo
cis-[Cu(phen)(van)]Cl.
55
Figura 32 – Fluxograma da síntese do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl
Vanilina
água
Solução NaOH
2 mol L-1
cis-[Cu(phen)Cl2
água
Solução com
precipitado verde
Agitação durante
2 horas a 60°C
Resfriamento
Filtração a
vácuo
Cis-[Cu(phen)(van)]Cl
Fonte: Autora (2014).
Figura 33 – Estrutura proposta para o íon complexo cis-[Cu(phen)(van)]+
H3C
O
N
O
Cu
N
H
O
Fonte: Autora (2014).
4.1.3 Síntese do ligante C-4-metoxifenilcalix-[4]resorcinareno (Resvan)
O ligante C-4-metoxifenilcalix-[4]resorcinareno, neste trabalho identificado como
resvan, foi sintetizado utilizando o procedimento de síntese descrito na literatura (SARDJONO,
et al., 2007), porém com algumas adaptações. Inicialmente foram dissolvidos 552 mg (5 mmol)
de resorcinol e 766 mg (5 mmol) de vanilina em 30 ml de etanol, seguido da adição de 0,5 ml
de ácido clorídrico concentrado a fim de catalisar a reação de condensação. A solução foi
56
submetida a refluxo (78oC) e sob agitação durante 15 horas. Após esse período, a suspensão foi
resfriada até atingir a temperatura ambiente e então o sólido obtido foi filtrado. O precipitado
de coloração rosa claro obtido, com rendimento de 72%, foi lavado com etanol e mantido sob
vácuo. Na Figura 34 é apresentado o procedimento da síntese.
Figura 34 – Fluxograma de síntese do resvan
Resorcinol
Vanilina
Etanol
Ácido
Clorídrico
Solução
vermelha
Refluxo por 15
horas a 78°C
Resfriamento
Filtração a
vácuo
resvan
Fonte: Autora (2014).
Figura 35 – Estrutura proposta para o resvan
Fonte: Autora (2014).
57
4.1.4 Síntese do ligante C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno
O ligante C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno foi sintetizado utilizando o procedimento
de síntese descrito na literatura (ITO, et al., 2008), com algumas adaptações. Foram dissolvidos
2 g (18,2 mmol) de resorcinol e 1,93 g (1,85 mL, 18,2 mmol) de benzaldeído em 50 ml de
etanol, seguido da adição de 1,82 ml de ácido clorídrico concentrado a fim de catalisar a reação
de condensação. A solução foi submetida em refluxo (78oC) e sob agitação durante 15 horas.
Após esse período, a solução foi resfriada até atingir a temperatura ambiente e então o sólido
obtido foi filtrado. O precipitado de coloração verde foi lavado com etanol e mantido sob vácuo.
Reação com rendimento de 85%. O fluxograma de síntese do ligante é apresentado na Figura
36.
Figura 36 – Fluxograma de síntese do C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno
Benzaldeído
Resorcinol
Etanol
Ácido
Clorídrico
Solução
amarela
Refluxo por 15
horas a 78°C
Resfriamento
Filtração a
vácuo
C-Tetrafenilcalix[4]resorcinareno
Fonte: Autora (2014).
58
Figura 37 – Estrutura proposta para o C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno
Fonte: Autora (2014).
4.1.5 Síntese do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]
Para a síntese do complexo tetranuclear do sistema cobre-fenantrolina tendo o
resorcinareno como ligante em pontes foram utilizados dois procedimentos distintos que
resultaram em produtos com propriedades diferentes. Assim, estes dois procedimentos serão
descritos como metodologias de síntese para este composto, sendo que uma é um método
bastante usual em síntese de compostos de coordenação onde se faz reagir um complexo
precursor diretamente com o ligante de interesse nas devidas proporções molares. Para o
segundo procedimento, inicialmente foi realizado a síntese do complexo tendo a vanilina como
ligante e posteriormente este complexo passa a substituir a vanilina na síntese do resorcinareno.

Método usual de síntese
O complexo [(Cu(phen))4(resvan)] foi sintetizado conforme procedimentos usuais de
síntese para compostos de coordenação, descritos na literatura (ROSTAING, et al., 1995).
Inicialmente foram dissolvidos 62 mg (0,064 mmol) do ligante resvan em uma solução
contendo 4,6 ml de solução de hidróxido de sódio 0,1 mol L-1 e 6 ml de água destilada, obtendose uma solução de coloração vermelho intenso. Em seguida, foram adicionados 78 mg (0,25
mmol) do complexo cis-[Cu(phen)Cl2], previamente dissolvidos em 10 ml de água destilada. A
solução foi mantida sob agitação a 60°C durante 2 horas e, logo após, resfriada a temperatura
ambiente. O material sólido de coloração marrom obtido através deste procedimento foi filtrado
a vácuo e lavado com etanol. A síntese teve rendimento de 90%. Na Figura 38 é apresentado o
procedimento de síntese por meio do fluxograma.
59
Figura 38 – Fluxograma da síntese do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]
Resvan
Solução NaOH
0,1 mol L-1
Cis-[Cu(phen)Cl2]
água
Solução com
precipitado marrom
Agitação por 2
horas a 60°C
Resfriamento
Filtração a
vácuo
[(Cu(phen))4(resvan)]
Fonte: Autora (2014).
Figura 39 - Estrutura proposta para o complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)] obtido através do procedimento de síntese
usual
Fonte: Autora (2014).
60

Novo método de síntese
O complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 foi sintetizado utilizando um novo procedimento
de síntese, ainda não descrito na literatura para a síntese de compostos de coordenação
envolvendo ligantes da classe dos calixarenos. Para esta síntese, foram dissolvidos 100 mg (0,23
mmol) do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl e 26 mg (0,23 mmol) de resorcinol em 30 ml de
etanol, seguido da adição de 0,012 ml de ácido sulfúrico concentrado a fim de catalisar a reação.
A solução foi mantida em refluxo (78oC) e agitação durante 15 horas. Após esse período, a
solução foi resfriada até atingir a temperatura ambiente e o sólido formado foi filtrado a vácuo.
O precipitado de coloração azul claro foi lavado com etanol e armazenado em dessecador.
Reação com rendimento de 87%. Na Figura 40 é demonstrado o procedimento de síntese do
complexo tetranuclear através do fluxograma.
Figura 40 – Fluxograma de síntese do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
Cis[Cu(phen)(van)]Cl
Resorcinol
Etanol
Ácido
sulfúrico
Solução azul
claro
Refluxo por 15
horas a 78°C
Resfriamento
Filtração a
vácuo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
Fonte: Autora (2014).
61
Figura 41 – Estrutura proposta para o complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4 obtido através do novo procedimento
de síntese desenvolvido neste trabalho
Fonte: Autora (2014).
4.2 REAGENTES E SOLUÇÕES
4.2.1 Água
Utilizou-se água destilada para realizar as sínteses dos complexos [Cu(phen)(van)]Cl e
[(Cu(phen))4(resvan)], bem como na preparação de soluções utilizadas na espectroscopia
eletrônica, a fim de retirar os íons presentes em solução.
4.2.2 Amálgama de zinco
Grânulos de zinco foram lavados em solução de ácido clorídrico 2,5 mol L-1 e
posteriormente, foram imergidos em mercúrio metálico P.A, 99,9%. Logo após, amálgama de
zinco foi mantido submerso em água destilada até ser utilizado.
4.2.3 Ácidos
Ácido Clorídrico P.A. 37%, fabricante Proquímios, foi utilizado na síntese do ligante
resvan, bem como na preparação de soluções de HCl 2,5 mol L-1 para preparação da amálgama
de zinco e utilização em espectroscopia eletrônica. O ácido sulfúrico P.A. 97%, fabricante CRQ,
foi utilizado para a síntese do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, sem tratamento prévio.
62
4.2.4 Brometo de potássio
Brometo de potássio grau espectroscópico 99,0%, fabricante Sigma Aldrich, foi
utilizado para preparar pastilhas de KBr, juntamente com as amostras em questão, para análise
espectroscópica na região do infravermelho.
4.2.5 Cloreto de cobre (II)
O cloreto de cobre (II) dihidratado P.A., fabricante Vetec, foi utilizado para sintetizar o
complexo de partida cis-[Cu(phen)Cl2], sem nenhum tratamento prévio.
4.2.6 Hidróxido de sódio
Hidróxido de sódio P.A. granulado, fabricante Vetec, foi utilizado para preparar
soluções de NaOH 0,1 e 2,5 mol L-1, utilizadas nas sínteses do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]
e [Cu(phen)(van)]Cl, respectivamente, bem como em análise de espectroscopia eletrônica.
4.2.7 Solventes orgânicos
Álcool Etílico Absoluto P.A. 99,5%, fabricante Vetec, foi utilizado nas sínteses do
ligante resvan e dos complexos [(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4. O Álcool
Metílico P.A. 99,5%, fabricante Vetec, foi utilizado na síntese do complexo cis-[Cu(phen)Cl2].
Os solventes Acetonitrila 99,9%, grau HPLC, fabricante Panreac, Dimetilformamida
(DMF) P.A. 99,8%, fabricante Vetec, e Dimetilsulfóxido (DMSO) P.A. 99,9%, fabricante
Vetec, bem como os demais solventes orgânicos citados, foram utilizados na preparação de
soluções para análises de espectroscopia eletrônica, sem tratamentos prévios.
4.2.8 Ligantes
1,10 – fenantrolina
63
O ligante 1,10 – fenantrolina P.A. 99,5%, fabricante Vetec, foi utilizado na síntese do
complexo de partida cis-[Cu(phen)Cl2].
Resorcinol
O ligante Resorcina (Resorcinol) P.A. 99,0-100,5%, fabricante Vetec, foi utilizado nas
sínteses do ligante resvan e do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4.
Vanilina
O ligante vanilina P.A. 99,5%, fabricante PROQUÍMIOS, foi utilizado nas sínteses do
ligante resvan e do complexo [Cu(phen)(van)]Cl.
4.3 EQUIPAMENTOS E TÉCNICAS EXPERIMENTAIS
4.3.1 Espectroscopia Eletrônica na Região do Ultravioleta e Visível (UV-vis)
Os espectros eletrônicos na região do ultravioleta e visível (UV-vis) foram obtidos na
temperatura ambiente a partir da dissolução das amostras (ligantes e complexos) nos solventes
de interesse, em cubetas de quartzo com caminho óptico de 1 cm, com posterior leitura em
espectrofotômetros Uv-visível Agilent, modelo 8453, e Uv-visível 1800, da Shimadzu.
Todos os espectros foram obtidos na região de 190 a 1100 nm e os coeficientes de
absortividade molar das principais bandas foram determinados a partir da lei de Lambert-Beer,
através de valores de absorbância obtidos nos espectros das soluções de amostras com
concentrações definidas.
Esta técnica foi também utilizada para o acompanhamento das alterações nos espectros
eletrônicas dos compostos vanilina, cis-[Cu(phen)Cl2] e [Cu(phen)(van)]Cl provocadas pela
redução dos mesmos com amálgama de zinco. Para este acompanhamento a amálgama de zinco
foi colocada na cubeta contendo a solução do composto de interesse e em seguida foram obtidos
espectros eletrônicos desta solução em intervalos de tempo até não se observar mais alterações
relevantes no espectro.
A espectroscopia eletrônica foi também utilizada para estudo de pH dos ligantes resvan
e vanilina, a fim de determinar o pKa destes compostos e analisar seu comportamento após
possíveis desprotonações. Para monitorar a variação de pH destes ligantes, foram preparadas
500 mL de soluções aquosas de resvan e vanilina, com concentrações 3,98.10-5 mol L-1 e
64
1,06.10-4 mol L-1, respectivamente. As análises das amostras foram realizadas em várias faixas
de pH, em intervalos entre 2,5 a 11,5 para o resvan, e 3,0 a 9,5 para a vanilina, através do
espectrofotômetro UV-vis. Para cada leitura realizada, foram adicionados pequenos volumes
(µL) de uma solução de hidróxido de sódio 2,5 mol L-1, seguido da determinação do pH com o
auxilio do pHmetro de bancada (modelo EEQ-9025). Após atingir o pH alcalino em 11,5 e 9,5
para o resvan e a vanilina, respectivamente, foram adicionados 1 mL de ácido clorídrico 2,5
mol L-1 em cada solução, a fim de avaliar o comportamento destas moléculas em meio ácido e
comprovar que após a desprotonação de alguns grupos fenólicos, não houve degradação destas
substâncias.
4.3.2 Espectroscopia Vibracional na Região do Infravermelho
Os espectros vibracionais na região do infravermelho foram obtidos por meio das
amostras em estado sólido, na forma de pastilhas. As amostras foram diluídas em brometo de
potássio espectroscópico (KBr), maceradas em pequenas quantidades em um almofariz e
prensadas para obtenção de pastilhas.
A leitura foi realizada utilizando um espectrofotômetro de Infravermelho, série
IRAffinity-1, modelo FTIR-8400S, software IRSOLUTION, versão 1.60, fabricante Shimadzu.
Os espectros foram registrados em transmitância, utilizando uma faixa espectral de 400 a 4000
cm-1.
4.3.3 Ressonância Paramagnética de Elétrons (EPR)
As análises de EPR foram realizadas em um espectrômetro de ressonância
paramagnética de elétrons (EPR) BRUKER modelo ESP 300E, operando em banda X (~9,7
GHz).
Os compostos foram analisados no estado sólido e em solução de DMF, na temperatura
ambiente e resfriados em nitrogênio líquido à 77K, respectivamente.
As leituras das amostras foram realizadas utilizando tubos de quartzo de 3,0 mm de
diâmetro, os quais foram posicionados na cavidade do espectrômetro de EPR. Os espectros
obtidos foram posteriormente tratados pelo programa WinEPR.
65
4.3.4 Testes Biológicos
Os testes biológicos preliminares, in vitro e in vivo, foram realizados com os ligantes
resvan e vanilina. Tais testes consistem em análises de toxicidade aguda, citotoxicidade,
antioxidante e de atividade antitoxoplásmica. Na Figura 42 é apresentado um esquema dos
procedimentos que foram realizados.
Figura 42 - Fluxograma do esquema experimental para os testes biológicos
Resvan/
Vanilina
In vitro
In vivo
Citotoxicidade
Antioxidante
Toxicidade
Antitoxoplásmica
MTT
DPPH
500mg/Kg
500mg/Kg
Fonte: Adaptado de Oliveira (2013, p.25).
 Toxicidade aguda
Para o teste de toxicidade aguda, os ratos foram divididos em grupos de três
camundongos suíços fêmeas (8-12 semanas) sadios, com peso médio de 25 ± 2g. Estes animais
foram mantidos sob condições padrão de criação, a 25°C, com ciclos de doze horas de luz e
doze horas de escuro, com alimentação regular e água.
Os grupos tratados receberam uma única dose, via oral, de vanilina/resvan, ambos com
concentração 500mg/Kg. As doses foram preparadas a partir da diluição em água destilada
(vanilina) ou DMSO na concentração de até 8% (resvan). O grupo controle negativo recebeu a
solução das amostras diluídas. Para todos os animais utilizou-se um volume de 200µL.
Os efeitos tóxicos observados nos animais em análise foram mortalidade, convulsões,
piloereção, locomoção, entre outros. Estes comportamentos foram observados nos primeiros 30
66
minutos, permanecendo com certa frequência nas 24 horas seguintes à administração e ao longo
de 14 dias.
 Citotoxicidade
Para o teste de citotoxicidade foram utilizadas células HEK 293, ou seja, células
embrionárias de rim humano, modificadas com adenovírus 5.
A análise foi realizada utilizando o método de MTT, onde as células foram cultivadas
em microplaca de 96 poços na quantidade de 1x104 células/poço de 200 µL, em meio de cultura
DMEM suplementado com 5% de soro bovino fetal. As células foram mantidas em atmosfera
de 5% de CO2, a 37°C. Após 24h de incubação, o meio de cultura foi substituído pelas amostras
(vanilina ou resvan) diluídas em meio de cultura (em diluição seriada de 2000 a 31,25µg/mL)
ou controles (apenas meio de cultura). A microplaca foi novamente incubada.
Após 24 horas, o meio com os compostos-teste ou controles foi substituído por 100µL
de meio de cultura DMEM contendo o reagente MTT na concentração 0,5mg/mL e novamente
incubados por 3 horas. Ao final deste período, o sobrenadante foi removido e substituído por
200µL de DMSO puro em cada poço. A leitura da absorbância em 570 nm foi realizada em
espectrofotômetro Uv-vis.
 Atividade Antioxidante
A atividade antioxidante dos compostos vanilina e resvan foi analisada a partir de
sequestro do radical DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazila), que consiste na mudança de cor do
reagente DPPH em solução etanólica, quando este entra em contato com uma substância
antioxidante.
O teste foi realizado em microplaca de 96 poços, e em cada poço foi acrescentado 200µL
de solução DPPH (0,7mM) e 100 µL de água destilada com diluições seriadas (2000 –
31,25µg/mL) da vanilina, resvan ou ácido ascórbico, sendo este último utilizado como controle.
Em seguida, a microplaca foi incubada por 30 minutos ao abrigo da luz, à temperatura ambiente.
Posteriormente, foi realizada a leitura da absorbância no comprimento de onda 517 nm. As
porcentagens de sequestro do radical DPPH foram calculadas da seguinte forma:
67
% de seqüestro do DPPH = [1– (Absorbância amostra – Absorbância branco)] x100
(Absorbância controle – Absorbância branco)
 Atividade Antitoxoplásmica
O teste de atividade antitoxoplásmica foi realizado a partir de dois experimentos
independentes. Para ambos, foram utilizados camundongos suíços macho, tendo grupos com
quatro animais no 1° teste e cinco animais no 2° teste. Os grupos foram divididos em: Vanilina
(500mg/Kg), Resvan (500mg/Kg), controles sulfadiazina (200mg/Kg) e não tratado (usando
apenas o veículo).
Os animais foram infectados com a cepa ME49, via oral, com 25 cistos. O tratamento
teve início 24 horas após a infecção, com duração de 6 dias. A administração foi realizada por
via oral em dose única, diariamente.
A mortalidade foi observada durante 30 dias. Após este período, os animais
sobreviventes tiveram seus cérebros removidos e macerados para a contagem de cistos cerebrais
em lâmina, utilizando-se microscópio óptico, e deste modo, foi possível quantificar a carga
parasitária cerebral (OLIVEIRA, 2013).
68
Resultados e Discussão
69
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO
A espectroscopia vibracional na região do infravermelho (IV), utilizada na
caracterização e estudo dos compostos sintetizados neste trabalho, assim como de seus
precursores, é uma técnica de absorção que permite a obtenção de informações sobre as
estruturas moleculares destes compostos. Inicialmente, serão discutidos os espectros de IV da
vanilina, do resorcinol e do ligante resvan, seguido de uma discussão comparativa entre estes.
Posteriormente, os complexos cis-[Cu(phen)Cl2] e cis-[Cu(phen)(van)]Cl serão discutidos e
caracterizados, utilizando dados da literatura para reforçar as conclusões sobre as atribuições
realizadas. Por fim, serão apresentados os espectros dos complexos [(Cu(phen))4(resvan)],
obtido através de metodologia trivial descrita nas literaturas, e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, obtido
a partir de uma nova metodologia de síntese desenvolvida neste trabalho.
5.1.1 Espectro de Infravermelho da Vanilina
A vanilina possui uma estrutura molecular bastante assimétrica, tendo unicamente a
identidade (E) como operação de simetria e, por isso, é classificada como pertencente ao grupo
pontual C1. Na tabela de caracteres para o grupo pontual C1 existe apenas o termo irredutível
A, o qual é ativo tanto no infravermelho quanto no Raman. Tal condição pode ser evidenciada
pelo elevado número de modos vibracionais ativos no espectro de infravermelho da vanilina,
apesar de sua estrutura relativamente simples.
O espectro da vanilina abrangendo a região de 4000 a 400 cm-1 é apresentado na Figura
43. Neste espectro pode-se observar uma grande quantidade de bandas, as quais se intensificam
na região de 1700 a 400 cm-1.
70
Figura 43 - Espectro de absorção na região do infravermelho da Vanilina na região de 4000 a 400 cm -1
100
2858
3020
60
3176
Transmitância %
80
H
O
40
CH3
O
OH
20
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Ao analisar a região acima de 3000 cm-1, observa-se uma banda em 3176 cm-1, referente
ao estiramento axial O-H, presente no grupo fenólico da vanilina. Este grupo possibilita a
formação de ligações de hidrogênio entre moléculas adjacentes, de forma que, seu modo
vibracional origina uma banda larga característica na região de 3500 a 3100 cm-1.
O espectro apresenta também uma banda em 3020 cm-1, referente ao estiramento axial
C-H característico de compostos aromáticos. Segundo comparativo com dados da literatura,
estes modos vibracionais geralmente aparecem na região de 3100 a 3010 cm -1.
(GUNASEKARAN; PONNUSAMY, 2005). Tal estiramento é observado em regiões um pouco
acima de 3000 cm-1, por se tratar de carbonos com hibridização sp2, devido à ressonância do
anel benzênico. É importante ressaltar que as bandas de estiramento C-H próximas a 3020 cm1
não estão bem definidas no espectro da Figura 43, uma vez que elas estão sobrepostas à banda
larga de estiramento O-H.
71
Bandas presentes na região entre 2806 a 2871 cm-1, conforme descrito na literatura
(GUNASEKARAN; PONNUSAMY, 2005), são características de estiramento C-H do grupo
aldeído. A vanilina apresenta uma banda em 2858 cm-1, referente ao estiramento C-H do grupo
aldeído presente em sua estrutura.
Devido à riqueza de modos vibracionais, a análise do espectro será dividida em regiões
de número de onda de forma a facilitar a discussão. Na Figura 44 é apresentado o espectro de
infravermelho da vanilina na região de 1800 a 400 cm-1.
Figura 44 - Espectro de absorção na região do infravermelho da Vanilina na região de 1800 a 400 cm -1
100
588
859
732
1266
20
1500
1155
1588
40
1508
1463
60
1666
Transmitância %
813
80
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
O espectro de IV da vanilina na região de 1800 a 400 cm-1 exibe dois modos
vibracionais, sendo uma banda intensa referente ao estiramento C=O do grupo aldeído em 1666
cm-1 e uma banda em 1266 cm-1, que corresponde ao estiramento C-CHO do grupo aldeído
presente na vanilina.
A presença de modos vibracionais próximos a 1725 cm-1 é característica do estiramento
C=O referente a grupos aldeído. Porém, quando a carbonila tem a possibilidade de fazer
ressonância com o anel aromático, essa banda é normalmente deslocada para menores valores
de número de onda, se aproximando a 1668 cm-1, devido à ligação C=O apresentar como
consequência da ressonância certo caráter de ligação simples com hibridização sp3, diminuindo
72
assim sua eletronegatividade e, consequentemente, sua frequência de estiramento. Outra banda
também característica da presença do grupo aldeído, neste caso o estiramento C-CHO, localizase na região de 1250 cm-1 (SILVERSTEIN, et al., 2007).
As bandas em 1588 e 1508 cm-1, mostradas na Figura 44, são características do
estiramento C-C aromático presente no anel benzênico da vanilina. Informações da literatura
identificam bandas compreendidas entre 1600 a 1500 cm-1 como sendo referentes ao
estiramento C-C com hibridização sp2 (SILVERSTEIN, et al., 2007). Adicionalmente, os
estiramentos C-C aromáticos também se localizam nesta região, pois, devido ao efeito de
ressonância, estas ligações vão apresentar, em certos intervalos, característica de dupla ligação
com hibridização sp2.
O grupo O-CH3 apresenta duas bandas no infravermelho, localizadas em 1452 e 1430
cm-1 referentes ao estiramento assimétrico CH3 do grupo metóxi. (GUNASEKARAN;
PONNUSAMY, 2005). Tais bandas podem ser encontradas no espectro da vanilina em 1463 e
1428 cm-1.
De acordo com dados da literatura, os modos vibracionais referentes aos estiramentos
C-O do grupo éter e C-O do grupo fenol, localizam-se em 1200 e 1150 cm-1, respectivamente.
(SILVERSTEIN, et al., 2007). No espectro da vanilina, tais bandas são observadas em 1200
cm-1, referente ao grupo éter e em 1155 cm-1, característica do grupo fenol também presente na
molécula.
Compostos aromáticos 1,2,4- trissubstituído apresentam duas bandas no espectro de
infravermelho, localizadas em 815 e 850 cm-1. O espectro da vanilina possui duas bandas em
813 e 859 cm-1 referentes aos estiramentos Ar – H de compostos aromáticos 1,2,4trissubstituído, confirmando os três substituintes presentes em sua estrutura.
Na Tabela 1 são apresentadas as atribuições das principais bandas presentes no espectro
de infravermelho da vanilina. Tais dados condizem com os valores encontrados na literatura
(GUNASEKARAN; PONNUSAMY, 2005; SILVERSTEIN, et al., 2007).
73
Tabela 1 – Atribuições das principais bandas presentes no espectro de infravermelho da vanilina
ATRIBUIÇÕES
NÚMERO DE
ONDA (cm-1)
GUNASEKARAN, S., e
PONNUSAMY, S., 2005.
 O-H do grupo fenol
3176
3183
 C-H aromático
3020
3011
 C-H do grupo aldeído
2858
2859
 C=O do grupo aldeído
aromático
1666
1666
 C-C aromático
1588, 1508
1590, 1539 e 1511
ass CH3 (metóxido)
1463 e 1428
1452 e 1430
ass CCH do anel
1300
1300
 C-CHO (aldeído)
1266
-
 C-O do grupo éter
1200
-
 CH3 do grupo metóxido
1172
1172
 C-OH do grupo fenol
1155
1154
 C-H no plano
1123
1124
 O-CH3
1028
1035
 Ar–H aromático 1,2,4trissubstituído
813 e 859
-
 CC(CHO) fora do plano
(aldeído)
732
733
 C-C=O no plano
(aldeído)
588
-
Fonte: Autora (2014).
5.1.2 Espectro de Infravermelho do Resorcinol
O espectro de infravermelho do resorcinol, obtido em pastilhas de KBr, na região de
4000 a 400cm-1 é apresentado na Figura 45.
A região próxima a 3300 cm-1 é característica de estiramento O-H. Já as bandas
próximas a 3010 cm-1 são características do estiramento C-H do anel aromático.
(SILVERSTEIN, et al., 2007).
74
Avaliando o espectro vibracional obtido para o resorcinol, observa-se na região mais
energética do espectro a presença de uma banda larga em 3264 cm-1 referente ao estiramento
O-H do grupo fenólico. Nesta região, observa-se ainda a presença de um ombro pouco definido
em 3012 cm-1, referente ao estiramento C-H aromático do resorcinol, sendo de difícil
visualização devido à presença da banda larga do grupo fenólico que encobre esta região.
Figura 45 - Espectro de absorção na região do infravermelho do Resorcinol na região de 4000 a 400 cm -1
100
3012
80
70
HO
OH
60
3264
Transmitância %
90
50
40
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Os dados da literatura indicam que as bandas próximas a 1600 e 1150 cm-1 são
características de estiramento C-C de compostos aromáticos, com hibridização sp2, e de
estiramento C-O do grupo fenólico, respectivamente. Os compostos aromáticos 1,3dissubstituído possuem duas bandas características próximas a 700 e 800 cm-1.
(SILVERSTEIN, et al., 2007).
A região de 1750 a 400 cm-1 do espectro vibracional do resorcinol é apresentada na
Figura 46. Nesta região, a banda em 1606 cm-1 é característica do estiramento C-C aromático.
75
A molécula de resorcinol possui dois grupos fenólicos, cuja banda característica aparece neste
espectro em 1150 cm-1 referente ao estiramento C-O do grupo fenol. As bandas em 844 e 739
cm-1 caracterizam os compostos aromáticos 1,3-dissubstituído, como é o caso do resorcinol.
Figura 46 - Espectro de absorção na região do infravermelho do Resorcinol na região de 1750 a 400 cm -1
100
80
739
844
70
60
1150
50
1606
Transmitância %
90
40
1600
1400
1200
1000
800
600
400
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Na tabela 2 são apresentas as atribuições das principais bandas presentes no espectro de
infravermelho do resorcinol.
Tabela 2 – Atribuições das principais bandas presentes do espectro de infravermelho do resorcinol.
ATRIBUIÇÕES
NÚMERO DE ONDA (cm-1)
O-H do grupo fenol
3264
C-H aromático
3012
C-C aromático
1606
C-O do grupo fenol
1150
C–H aromático 1,3-dissubstituído
844 e 739
Fonte: Autora (2014).
76
5.1.3 Espectro de Infravermelho do ligante Resvan
O espectro de infravermelho do resorcinareno, obtido através de reflectância total
atenuada (ATR), na região de 4000 a 650 cm-1 é apresentado na Figura 47. Com o uso do
acessório de ATR, as bandas na região de 650 a 400 cm-1 não foram observadas devido à
limitação da técnica.
Analisando a região do espectro entre 3500 a 3000 cm-1, verifica-se uma banda larga em
3370 cm-1, atribuída ao estiramento O-H referente aos doze grupos fenóis presentes na
macromolécula, sendo oito destes provenientes do resorcinol e quatro do grupo vanilóide. Pode
ser observada ainda nesta região do espectro uma banda em 3025 cm-1 característico do
estiramento C-H aromático. Os resultados obtidos estão semelhantes aos encontrados por
Sardjono para este macrocíclico. (SARDJONO, et al., 2007).
Figura 47- Espectro de absorção na região do infravermelho do resvan na região de 4000 a 650 cm -1 (obtido
através de ATR)
100
3025
80
3370
Transmitância %
90
70
60
4000
3500
3000
2500
2000
1500
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
1000
77
Na faixa espectral que abrange a região de 1750 a 650 cm-1, Figura 48, observa-se um
elevado número de modos vibracionais ativos relacionadas a estiramentos e deformações
angulares das ligações constituintes da molécula.
Figura 48 - Espectro de absorção no infravermelho do resvan na região de 1750 a 650 cm -1
100
1151
1205
1426
1515
70
60
810
910
1033
80
1607
Transmitância %
90
50
1750
1500
1250
1000
750
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
As bandas em 1607 e 1515 cm-1 correspondem aos estiramentos aromáticos C-C,
enquanto que a banda em 1205 cm-1 é atribuída ao estiramento C-O do grupo éter presente em
sua estrutura.
Nessa faixa do espectro do ligante, observa-se ainda a existência de duas bandas em
1426 e 1033 cm-1, características de estiramentos do grupo metóxi, conforme citação da
literatura (FIRDAUS, et al., 2008), relatando a presença dos modos vibracionais desses grupos
em 1427 e 1033 cm-1, respectivamente. Estes estiramentos são particularmente importantes para
o estudo espectroscópico vibracional do resvan, pois confirma a presença de grupo(s)
vanilóide(s) no composto sintetizado.
78
Ainda no espectro da Figura 48, pode-se observar uma banda em 1151 cm-1, atribuída
ao estiramento C-O dos grupos fenóis presentes no resorcinareno, confirmando, portanto, a
presença dos substituintes hidroxilas no ligante sintetizado. Na região menos energética do
espectro, observa-se ainda duas bandas em 910 e 810 cm-1, características de compostos
aromáticos com quatro grupos substituintes, estando estes grupos presentes nas posições 1, 2,
4 e 5 do anel. A presença destes modos vibracionais indica que o resorcinareno obtido possui
anéis tetrassubstituídos, o que é coerente com a estrutura cíclica proposta para a molécula.
Estes resultados são semelhantes aos dados citados na literatura (DEMIREL, et al.,
2003), que atribui a região próxima a 1100 cm-1 como sendo característica do estiramento C-O
do grupo fenol e, bandas em aproximadamente 900 cm-1, como característico de transições
vibracionais de compostos 1,2,4,5-tetrassubstituídos.
Os principais modos vibracionais e suas respectivas atribuições observadas no espectro
de infravermelho do resvan, bem como valores obtidos na literatura (FIRDAUS, et al., 2008;
SARDJONO, et al., 2009), são apresentados na Tabela 3. A partir da comparação entre esses
dados, observa-se que as bandas do ligante resvan sintetizado neste trabalho são semelhantes
aos dados da literatura, com variações pouco significativas.
79
Tabela 3 – Atribuições das principais bandas presentes no espectro de infravermelho do resvan
ATRIBUIÇÕES
PRESENTE
TRABALHO
SARDJONO, et
al. (2009)
FIRDAUS, et
al. (2008)
O-H do grupo fenol
3370
3414
3425
C-H aromático
3025
2974
*
C-C aromático
1607 e 1515
1612 e 1515
1612 e 1512
assCH3 (metóxido) e/ou
C-H do grupo metino
1426
*
1427
C-O-C# e/ou C-O-H
1205
1207
1211
CH3
1375
1375
1373
C-O do grupo fenol
1151
*
*
O-CH3 e/ou C-H
aromático
1033
*
1033
Ar–H aromático 1,2,4,5tetrassubstituído
915
*
*
Ar - H aromático 1,2,4trissubstituído
853 e 810
*
*
* bandas não citadas no artigo em questão.
#
C-O-C de compostos aromáticos
Fonte: Autora (2014).
5.1.4 Comparativo entre os Espectros de Infravermelho dos compostos vanilina,
resorcinol e resvan
A sobreposição dos espectros dos compostos vanilina, resorcinol e resvan, obtidos na
região entre 1750 a 400 cm-1, Figura 49, foi realizada com o objetivo de melhor evidenciar as
diferenças espectrais, assim como facilitar a discussão.
80
Figura 49 – Sobreposição dos espectros de absorção na região do infravermelho dos compostos vanilina (preto),
resorcinol (vermelho) e resvan (verde) na região de 1750 a 400 cm-1
100
90
915
70
1028
60
50
1266
1155
1428
1666
30
20
732
40
1588
Transmitância %
80
10
1500
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Analisando a sobreposição dos espectros dos compostos vanilina, resorcinol e resvan,
observa-se certa semelhança entre eles. Como exemplo dessa semelhança, as bandas referentes
aos estiramentos C-C aromático, C-H aromático e C-O do grupo fenol, estão presentes em todos
os espectros, devido a presença destes grupos nas estruturas das três moléculas analisadas. Os
pequenos deslocamentos observados para essas bandas podem ser explicados pelas diferenças
estruturais existentes entre esses compostos.
A sobreposição dos três espectros apresenta algumas bandas que se diferenciam nos
espectros, como é o caso da banda em 915 cm-1, referente ao estiramento C-H para compostos
aromáticos 1,2,4,5-tetrassubstituídos, localizada apenas no espectro do resvan. Este modo
vibracional comprova que existem anéis aromáticos 1,2,4,5-tetrassubstituído na estrutura do
resorcinareno.
Avaliando-se as bandas referentes ao grupo metóxi (-O-CH3) presente na vanilina, é
possível verificar que tais bandas ainda estão presentes no espectro do resorcinareno, uma vez
que ele possui o grupo vanilóide em sua estrutura. Estas bandas são destacadas na Figura 50,
81
observando-se uma pequena variação no número de onda referente ao estiramento O-CH3, onde,
no espectro da vanilina este modo vibracional aparece em 1028 cm-1 enquanto que no espectro
do resvan é observado em 1034 cm-1.
Figura 50 – Sobreposição dos espectros de infravermelho da vanilina (preto) e do resvan (vermelho) enfatizando
a presença das bandas referentes aos modos vibracionais do grupo metóxido nos dois compostos.
100
1034
60
40
1426
Transmitância %
80
20
1400
1300
1200
1100
1000
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Através da comparação entre os espectros da vanilina e do resorcinareno é possível se
verificar ainda que as bandas em 1666, 1266, 734 e 590 cm-1, referentes aos modos vibracionais
do aldeído da vanilina, tais como apresentados na Figura 51, não são mais encontradas no
espectro do resorcinareno. Tal fato é devido à reação de condensação entre vanilina e resorcinol
se processar através do grupo aldeído gerando ao final da reação um grupo metil unindo três
anéis benzênicos, sendo um proveniente da vanilina e outros dois referentes a moléculas de
resorcinol.
A ausência das bandas referentes ao grupo aldeído no espectro de infravermelho do
resvan indica a possibilidade da ausência de vanilina livre no sólido obtido.
82
Figura 51 – Sobreposição dos espectros de infravermelho da vanilina (preto) e do resvan (vermelho) enfatizando
a ausência das bandas referentes aos modos vibracionais do grupo aldeído no espectro do resvan.
100
588
60
1600
1266
20
732
40
1666
Transmitância %
80
1400
1200
1000
800
600
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Na Tabela 4 são apresentadas as atribuições das principais bandas dos espectros da
vanilina, do resorcinol e do resvan.
83
Tabela 4 – Atribuições das principais bandas presentes nos espectros de infravermelho da vanilina, resorcinol e
resvan
ATRIBUIÇÕES
VANILINA
RESORCINOL
RESORCINARENO
O-H do grupo fenol
3176
3264
3370
C-H aromático
3020
3012
3025
C=O do grupo aldeído
aromático
1666
-
-
C-C aromático
1588 e 1508
1606
1607 e 1515
assCH3 (metóxido)
1463 e 1428
-
1426
C-CHO (aldeído)
1266
-
-
C-O do grupo éter
1200
-
1205
C-O do grupo fenol
1155
1150
1151
C-H no plano
1123
-
1123
O-CH3
1028
-
1033
Ar–H aromático 1,2,4,5tetrassubstituído
-
-
915
Ar - H aromático 1,2,4trissubstituído
859 e 813
-
853 e 810
Ar–H aromático 1,3dissubstituído
-
844 e 739
-
 CC(CHO) fora do plano
(aldeído)
732
-
-
 C-C=O no plano (aldeído)
588
-
-
Fonte: Autora (2014).
5.1.5 Espectro de Infravermelho do complexo precursor cis-[Cu(phen)Cl2]
O espectro de infravermelho do complexo cis-[Cu(phen)Cl2], obtido em pastilhas de
KBr, na região de 4000 a 400cm-1, é apresentado na Figura 52.
84
Figura 52 - Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo cis- [Cu(phen)Cl2] na região de 4000
a 400 cm-1, obtido em pastilhas de KBr
100
90
3043
Transmitância %
80
70
60
Cl
N
50
Cu
N
Cl
40
30
20
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Avaliando o espectro do complexo cis-[Cu(phen)Cl2], observa-se várias bandas de baixa
intensidade na região de 3043 cm-1, características de estiramentos axial C-H para compostos
aromáticos, referentes aos grupos C-H da fenantrolina. A banda larga próxima a 3400 cm-1,
referente ao estiramento O-H, provavelmente se deve à presença de água no KBr utilizado.
Na Figura 53 é exibido o espectro de IV do complexo precursor na região de 1750 a 400
cm-1, rica em modos vibracionais característicos do ligante fenantrolina.
85
Figura 53 - Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] na região de 1750
a 400 cm-1
100
427
643
20
1600
1400
1200
1000
721
854
1421
1514
40
1146
60
1585
Transmitância %
80
800
600
400
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
As bandas mais energéticas dessa região, presentes em 1585 e 1514 cm-1, são
características de estiramento C-C aromáticos e a banda mais intensa, em 1421 cm-1, é
característica de estiramento C-N. Verifica-se ainda uma banda em 1146 cm-1, referente à
deformação angular C-H no plano do anel aromático, cuja ligação está presente na estrutura do
complexo. Tais bandas estão coerentes com os dados da literatura (AWAD, et al., 2010), onde,
de acordo com Awad, o complexo cis-[Cu(phen)Cl2] possui bandas em 1423 e 1145 cm-1 que
correspondem respectivamente à deformação axial C-N e deformação angular C-H no do plano,
pertinentes à fenantrolina.
De acordo com a literatura (AWAD, et al., 2010), as bandas referentes à deformação
angular C-H fora do plano estão normalmente localizadas em 856 e 722 cm-1, enquanto que, os
modos vibracionais correspondentes à torção que ocorre no anel aromático estão presentes em
644 e 429 cm-1.
86
No espectro do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] observa-se bandas intensas em 854 e 721
cm-1, referentes à deformação angular C-H fora do plano, características do ligante fenantrolina.
As bandas em 643 e 427 cm-1 que aparecem no espectro da Figura 53, correspondem à torção
que ocorre nos anéis da fenantrolina.
Na Tabela 5 são apresentadas as atribuições das principais bandas presentes no espectro
de infravermelho do complexo cis-[Cu(phen)Cl2], bem como valores dessas bandas existentes
na literatura.
Analisando-se os dados contidos nessa tabela, verifica-se que as atribuições feitas neste
trabalho são semelhantes às que são citadas na literatura, havendo diferenças pouco
siginificativas e que, bandas referentes aos estiramentos de anel aromático e C-N confirmam a
presença do ligante phen e, consequentemente, a formação do complexo cis- [Cu(phen)Cl2].
Tabela 5 – Atribuições das bandas do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] no espectro de infravermelho
ATRIBUIÇÕES
AWAD, et al., (2010)
PRESENTE
TRABALHO
C-H aromático
3079
3043
C=C
1584
1585 e 1514
C-N
1423
1421
C-H dentro do plano
1145
1146
 C-H fora do plano
856 e 722
854 e 721
Torção do anel
644 e 429
643 e 427
Fonte: Autora (2014).
5.1.6 Espectro de Infravermelho do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl
O espectro de infravermelho do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl, obtido em pastilhas
de KBr e, abrangendo a região de 4000 a 400cm-1, é apresentado na Figura 54.
87
Figura 54 - Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl na região de
4000 a 400 cm-1
3063
100
3424
Transmitância %
80
60
H3C
O
N
40
H
O
Cu
N
O
20
0
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
O espectro do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl possui uma banda larga em 3424 cm-1,
referente provavelmente ao estiramento O-H da água presente no KBr utilizado para análise.
Pode ser observado ainda um conjunto de bandas com baixa intensidade em 3063 cm -1,
características de estiramentos axial C-H aromático.
A região de 1750 a 400 cm-1 presente no espectro do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl,
Figura 55, possui bandas características de estiramentos C-C aromáticos e C-N do ligante
fenantrolina, bem como modos vibracionais referentes aos grupos aldeído e éter provenientes
do ligante vanilina. A discussão de tais modos vibracionais será realizada de forma comparativa
com o espectro de infravermelho do complexo precursor.
88
Figura 55 - Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl na região de
1750 a 400 cm-1
100
722
584
851
1024
1494
1580
20
1154
1230
40
1262
1465
1428
1545
60
1652
Transmitância %
740
80
0
1500
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Comparando os espectros dos complexos cis-[Cu(phen)Cl2] e cis-[Cu(phen)(van)]Cl,
ambos apresentando o mesmo centro metálico e o ligante fenantrolina, a região de 1750 a 400
cm-1 é particularmente importante por apresentar modos vibracionais referentes à fenantrolina,
como pode ser observado na sobreposição dos espectros, na Figura 56.
89
Figura 56 – Sobreposição dos espectros de infravermelho dos complexos cis-[Cu(phen)(van)]Cl (preto) e cis[Cu(phen)Cl2] (vermelho) na região de 1750 a 520 cm-1
100
60
40
20
721
854
1652
Transmitância %
80
0
1600
1400
1200
1000
800
600
400
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
O complexo cis-[Cu(phen)Cl2] possui uma banda intensa em 1421 cm-1, referente ao
estiramento C-N da fenantrolina. O espectro do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl, no entanto,
apresenta uma banda em 1428 cm-1 que pode ser referente aos estiramentos C-N da fenantrolina
e/ou CH3 do grupo metóxi da vanilina, ambos presentes na estrutura do complexo e com modos
vibracionais em regiões próximas no espectro.
O espectro do complexo de cobre com o ligante vanilina apresenta ainda bandas
referentes aos estiramentos C-C aromáticos, em 1580, 1547 e 1496 cm-1. De forma semelhante,
o complexo cis-[Cu(phen)Cl2] possui modos vibracionais localizados em 1585 e 1514 cm-1,
referentes aos estiramentos C-C aromático do ligante fenantrolina. Tais bandas possuem
deslocamentos pouco significativos, os quais podem ser justificados devido às diferenças na
estrutura de ambos os complexos.
Analisando a sobreposição dos espectros desses compostos, observa-se que o espectro
do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl apresenta uma banda em 1154 cm-1. Nesta região, pode
90
ocorrer tanto o estiramento C-O de grupo fenil da vanilina ou deformação angular C-H no plano
do ligante fenantrolina. Como a coordenação da vanilina ao metal se processa através do grupo
fenil, e como na forma desprotonada, o grupo O-H já não existe na estrutura do complexo, o
estiramento C-O presente não é mais referente à C-O-H característico em 1150 cm-1
(SILVERSTEIN, et al., 2007). Desta forma, pode-se indicar a banda citada como sendo
pertinente à deformação angular C-H da fenantrolina. O complexo cis-[Cu(phen)Cl2] apresenta
este modo vibracional em 1146 cm-1 sendo observado portanto um pequeno deslocamento de 8
cm-1 , o qual pode ser atribuído a alteração na esfera de coordenação do íon cobre central.
Avaliando a Figura 56, observa-se no espectro do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl duas
bandas em 851 e 722 cm-1, as quais são características de deformação angular C-H fora do plano
do ligante fenantrolina. Ao comparar com o complexo precursor, que possui essas bandas
localizadas em 854 e 721 cm-1, verifica-se deslocamentos pouco significativos após a mudança
dos ligantes cloretos pela vanilina. A banda em 721 cm-1 pode também ser referente ao ligante
vanilina, cujo estiramento do grupo aldeído também ocorre nesta mesma região, no entanto, a
banda em 851 cm-1 confirma a presença da fenantrolina no novo complexo formado.
Foram evidenciadas várias semelhanças entre os espectros dos complexos cis[Cu(phen)Cl2] e cis-[Cu(phen)(van)]Cl, tal como discutido anteriormente. No entanto, é
importante destacar algumas diferenças entre eles, como por exemplo, a presença de algumas
bandas novas no complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl, pertencentes ao ligante vanilina. Com o
objetivo de confirmar estes novos modos vibracionais, bem como verificar as possíveis
mudanças que ocorrem após a coordenação da vanilina ao metal, os espectros do composto cis[Cu(phen)(van)]Cl e da vanilina não coordenada foram sobrepostos na região de 1750 a 1000
cm-1, como apresentado na Figura 57.
91
Figura 57 – Sobreposição dos espectros de infravermelho dos compostos cis-[Cu(phen)(van)]Cl (preto) e
vanilina (vermelho) na região de 1750 a 1000 cm-1
100
1024
1200
1428
1266
20
1652
40
1028
60
1666
Transmitância %
80
0
1600
1400
1200
1000
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
As bandas em 1652 e 1262 cm-1 presentes no espectro do complexo são características
dos estiramentos C=O e C-CHO, respectivamente, ambos do grupo aldeído presente na
vanilina. Comparativamente, a vanilina livre possui estiramentos nas regiões de 1666 e 1266
cm-1, o que resulta em deslocamentos de 14 e 4 cm-1, respectivamente, para menores números
de onda. Tais deslocamentos podem ser justificados pelo efeito da coordenação da vanilina ao
metal, uma vez que, a carbonila do grupo aldeído “retira densidade” do anel aromático, e com
a coordenação ao metal, o anel “doa densidade” para o Cu2+ através dos átomos de oxigênio
dos grupos fenol e éter e, com isso, a densidade eletrônica que a carbonila recebe será menor,
diminuindo a energia necessária para ocorrerem as vibrações nas ligações C=O e C-CHO.
O complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl apresenta uma banda em 1193 cm-1, referente ao
estiramento C-O do grupo éter. Comparativamente, o espectro da vanilina livre apresenta esta
banda em 1200 cm-1, gerando um pequeno deslocamento de 7 cm-1 para menores números de
onda quando o ligante está coordenado.
92
As bandas em 1465 e 1428 cm-1, presentes no espectro do complexo também estão
presentes no espectro da vanilina livre, sem nenhum deslocamento significativo. Tais bandas
se referem ao estiramento assimétrico CH3 do grupo metóxi. Para a banda em 1428 cm-1, pode
haver sobreposição dos estiramentos da vanilina com a fenantrolina, ambos presentes nesta
região.
O estiramento O-CH3 da vanilina localiza-se na região de 1028 cm-1. O espectro do
complexo, no entanto, apresenta este modo vibracional em 1024 cm-1, resultando em um
pequeno deslocamento de 4 cm-1 para menores números de onda.
É de se esperar que os modos vibracionais dos grupos metóxi e fenol possuam
deslocamentos significativos após a coordenação ao metal, uma vez que esta se processa via
átomos de oxigênio destes grupos. Porém, ao analisar as bandas de IV do complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl descritas neste trabalho, referentes aos modos vibracionais dos grupos
metóxi e aldeído, observa-se pequenos deslocamentos após a coordenação da vanilina,
indicando que estes grupos substituintes sofrem poucas alterações em suas ligações após a
coordenação ao centro metálico. Tais deslocamentos ocorrem para menores números de onda,
uma vez que, os átomos de oxigênio dos grupos metóxi e fenol doam densidade para o Cu2+,
que está deficiente em elétrons, diminuindo a densidade em torno destes átomos de oxigênio e,
consequentemente, em torno do anel. Como a densidade eletrônica diminui, a força de ligação
e, a energia necessária para vibrar a ligação também diminuem, justificando o deslocamento
para menores números de onda no espectro.
Estes dados estão de acordo com a literatura (KOZLEVČAR, et al., 2005), que
caracteriza complexos de cobre homoléptico com o ligante vanilina utilizando o IV, e descreve
os principais estiramentos da vanilina nas regiões de 1658, 1582, 1557, 1494, 1468 e 1432 cm1
. Este mesmo complexo de referência possui duas vanilinas coordenadas ao metal, através dos
átomos de oxigênio dos grupos metóxi e fenol e, também possuem pequenos deslocamentos em
seus estiramentos, se assemelhando, portanto ao complexo sintetizado neste trabalho. Tal fato
indica a coordenação do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl através dos átomos doadores dos
grupos metóxi e fenol.
A vanilina livre possui duas bandas em 732 e 588 cm-1, referentes às deformações
angulares C-C(CHO) fora do plano e C-C=O no plano, respectivamente, pertinentes ao grupo
aldeído. Tais bandas estão presentes no complexo nas regiões de 722 e 584 cm-1.
Comparativamente, esta última banda não possui deslocamento significativo, entretanto, a
primeira banda sofre um pequeno deslocamento de 10 cm-1 para menores números de onda após
93
a coordenação ao metal. Isso se deve a influência que o metal possui sobre o grupo substituinte
aldeído, ao retirar densidade eletrônica dos seus átomos doadores – OCH3 e OH - e,
consequentemente, do anel aromático. A banda em 722 cm-1 também pode ser referente ao
ligante fenantrolina, o qual possui estiramento em 721 cm-1 no espectro do complexo precursor
e, por estar presente na mesma região, é possível que haja a sobreposição de ambas as bandas.
Analisando os espectros destes compostos sobrepostos, no entanto, agora na região de
1050 a 500 cm-1, Figura 58, observa-se com maior ênfase as bandas referentes aos modos
vibracionais do grupo aldeído presentes nesta região.
Figura 58 – Sobreposição dos espectros de infravermelho dos compostos cis-[Cu(phen)(van)]Cl (preto) e
vanilina (vermelho) na região de 1050 a 500 cm-1
100
588
584
722
60
40
732
Transmitância %
80
20
0
1000
800
600
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Na Tabela 6, são informadas as frequências de estiramentos das atribuições das
principais bandas presentes no espectro de infravermelho do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl,
juntamente com os valores dos números de onda dos compostos vanilina e cis-[Cu(phen)Cl2],
afim de fazer um comparativo entre eles e tornar os resultados obtidos mais precisos.
94
Ao fazer uma comparação entre estes valores descritos, indica-se a coordenação do
sistema cobre-fenantrolina ao ligante vanilina.
Tabela 6 – Atribuições das bandas principais do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl no espectro de infravermelho,
comparadas aos compostos vanilina e cis-[Cu(phen)Cl2]
ATRIBUIÇÕES
VANILINA
cis-[Cu(phen)Cl2]
Cis-[Cu(phen)(van)]Cl
O-H do grupo fenol
3176
-
-
C-H aromático
3020
3043
3063
C=O do grupo aldeído
aromático
1666
-
1652
C-C aromático
1588 e 1508
1585 e 1514
1580, 1545 e 1494
assCH3 (metóxido) e/ou
C-N
1463 e 1428
1421
1465 e 1428
C-CHO (aldeído)
1266
-
1262
C-O do grupo éter
1200
-
1230
C-O do grupo fenol e/ou
C-H dentro do plano
1155
1146
1154
C-H no plano
1123
-
1123
O-CH3
1028
-
1024
 C-H fora do plano
-
854
851
 C-H fora do plano e/ou 
CC(CHO) fora do plano
(aldeído)
732
721
722
Torção do anel
-
643 e 427
658 e 424
 C-C=O no plano (aldeído)
588
-
584
Fonte: Autora (2014).
5.1.7 Espectro de Infravermelho do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]
O espectro de infravermelho do complexo [(Cu(phen))4(resvan)], obtido em pastilhas
de KBr, na região de 4000 a 400 cm-1, é apresentado na Figura 59.
95
Figura 59 - Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)] na região de
4000 a 400 cm-1
100
90
70
50
40
3070
60
3390
Transmitância %
80
30
20
10
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
No espectro de infravermelho do complexo [(Cu(phen))4(resvan)], observa-se uma
banda larga em 3390 cm-1 que corresponde ao estiramento O-H dos grupos fenóis presentes em
sua estrutura. O espectro apresenta também uma banda em 3070 cm-1, característica do
estiramento C-H aromático.
Na Figura 60 é apresentado o espectro de infravermelho do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)], na região de 1750 a 400 cm-1.
96
Figura 60 - Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)] na região de
1750 a 400 cm-1
90
80
722
1428
1517
10
1585
30
849
40
1207
50
20
648
1029
1146
60
1463
Transmitância %
70
1500
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
O espectro do complexo [(Cu(phen))4(resvan)] apresenta bandas em 1585 e 1517 cm-1
que correspondem ao estiramento aromático C-C. O espectro apresenta ainda duas bandas em
1463 e 1428 cm-1, referentes ao estiramento assimétrico CH3 do grupo metóxi. Esta última
banda, no entanto, pode também ser característica de estiramento axial C-N da fenantrolina,
cujo modo vibracional localiza-se em 1421 cm-1. A banda em 1207 cm-1 corresponde ao
estiramento C-O do grupo éter presente em sua estrutura. A região em 1146 cm-1 apresenta uma
banda característica do estiramento C-O dos grupos fenóis presentes no complexo e/ou
deformação angular C-H dentro do plano da fenantrolina.
As bandas em 849 e 722 cm-1 presentes no espectro, são referentes à deformação angular
C-H fora do plano, e as bandas em 648 e 432 cm-1 correspondem à torção do anel, todas estas
presentes no ligante fenantrolina.
Na Tabela 7, estão apresentadas as atribuições das principais bandas presentes no
espectro de infravermelho do complexo [(Cu(phen))4(resvan)], juntamente com os valores
97
obtidos na literatura para complexo similar de cobre com o ligante fenantrolina. Ao fazer uma
comparação entre estes valores, conclui-se que as bandas observadas experimentalmente estão
de acordo com os dados encontrados na literatura (AWAD, et al., 2010), com pequenas
variações justificadas pela coordenação do sistema cobre-fenantrolina ao ligante resorcinareno.
Tabela 7 – Atribuições das bandas do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)] no espectro de infravermelho
ATRIBUIÇÕES
AWAD, D. J. et al, (2010) /
SILVERSTEIN, R. M. et al,
2007
PRESENTE
TRABALHO
O-H do grupo fenol
3414
3390
C-H aromático
3010
3070
C-C aromático
1606
1585 e 1517
ass CH3 metóxi e/ou C-N
1423
1463 e 1428
C-O do grupo éter
1200
1207
C-O do grupo fenol e/ou C-H
dentro do plano
1145
1146
O-CH3
*
1029
 C-H fora do plano
856 e 722
849 e 722
Anel de torção
644 e 429
648 e 432
* banda não citada no artigo em questão
Fonte: Autora (2014).
5.1.8 Comparativo dos espectros de IV dos compostos resvan, cis-[Cu(phen)Cl2] e
[(Cu(phen))4(resvan)]
Os espectros do ligante resvan, complexo precursor cis-[Cu(phen)Cl2] e complexo
[(Cu(phen))4(resvan)], com bandas apresentadas na região de 4000 a 400 cm-1, foram
sobrepostos, Figura 61, com a finalidade de obter uma melhor caracterização a cerca das
atribuições das bandas evidenciadas no espectro do complexo tetranuclear.
98
Figura 61 – Sobreposição dos espectros de absorção na região do IV dos compostos resvan (preto), cis[Cu(phen)Cl2] (vermelho) e [(Cu(phen))4(resvan)] (verde) na região de 4000 a 400 cm-1
100
Transmitância %
80
60
40
20
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Ao analisar os espectros dos compostos sobrepostos, destaca-se a região acima de 3000
cm-1, na qual é evidenciada a diferença na intensidade das bandas largas referentes ao
estiramento O-H. Para o complexo precursor, este modo vibracional possui baixa intensidade,
referente à umidade do KBr utilizado para análise, uma vez que tal complexo não possui
hidroxila em sua estrutura.
A região do espectro de infravermelho de 1800 a 400 cm-1 possui grande quantidade de
bandas, as quais são observadas nos espectros dos três compostos em análise. Na Figura 62 é
apresentada a sobreposição dos espectros do ligante resvan, e dos complexos cis-[Cu(phen)Cl2]
e [(Cu(phen))4(resvan)], abrangendo apenas esta região, pois, desta forma, torna-se possível
visualizar as diferenças existente entre eles e assim, pode-se fazer atribuições das bandas com
maior precisão.
99
Figura 62 - Sobreposição dos espectros de absorção na região do infravermelho do resorcinareno (preto),
complexo cis-[Cu(phen)Cl2] (vermelho) e complexo [(Cu(phen))4(resvan)] (verde) na região de 1800 a 400 cm-1
100
1033
60
1500
1000
721
854
1205
1428
20
1517
40
1587
Transmitância %
80
500
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Algumas bandas presentes no ligante resvan e no complexo precursor cis[Cu(phen)Cl2], podem ser observadas no espectro do complexo [(Cu(phen))4(resvan)], com
deslocamentos poucos significativos, que são devidamente esperados por causa das mudanças
de estruturas e simetrias entre os compostos apresentados.
As bandas presentes no espectro do complexo [(Cu(phen))4(resvan)] em 3390, 1463,
1207 e 1029 cm-1, referentes aos estiramentos O-H, CH3 do grupo metóxi, C-O do grupo éter e
O-CH3, respectivamente, são característicos do ligante resvan. Comparativamente, o ligante
resvan livre não apresenta deslocamentos significativos, com bandas localizadas nas regiões de
3370, 1463, 1205 e 1033 cm-1. Tais modos vibracionais indicam a presença do ligante resvan
ao complexo formado. O ligante resvan se coordena aos quatro centros metálicos através dos
átomos de oxigênio dos grupos fenólicos dos resorcinóis, porém, não se descarta a possibilidade
de haver uma mistura, com coordenação também através dos átomos de oxigênio da vanilina.
Para ambos os casos, não se observa deslocamentos significativos no espectro do complexo,
em grupos fenólicos e metóxi, uma vez que estes grupos substituintes não sofrem muitas
mudanças com a coordenação do metal.
100
O complexo [(Cu(phen))4(resvan)] apresenta bandas em 1587 e 1517 cm-1 referentes aos
estiramentos C-C aromático, presentes em ambos os ligantes – resvan e fenantrolina. O espectro
possui ainda modos vibracionais nas regiões de 1428 e 1146 cm-1, referente a ambos os ligantes,
cujas transições vibracionais se sobrepõem, por se localizarem em regiões próximas no
espectro.
Ao analisar os três espectros na Figura 62, observa-se que o complexo
[(Cu(phen))4(resvan)] apresenta bandas em 849 e 722 cm-1 que são fortemente características
da
fenantrolina
presente
no
complexo
percussor.
A
formação
do
complexo
[(Cu(phen))4(resvan)] ocorre com a saída dos dois cloretos da esfera de coordenação do
complexo precursor cis-[Cu(phen)Cl2], seguido da coordenação do Cu2+ aos oxigênios dos
grupos fenólicos presentes no resorcinareno e, por isso, é importante que estas bandas referentes
à fenantrolina permaneçam em seu espectro.
Na tabela 8 são apresentadas as atribuições das bandas dos espectros do resvan,
complexo cis-[Cu(phen)Cl2] e complexo [(Cu(phen))4(resvan)]. Ao analisá-la, conclui-se que
o complexo formado apresenta as bandas esperadas para justificar a presença dos componentes
propostos.
Tabela 8 – Atribuições das principais bandas do resvan, complexo cis-[Cu(phen)Cl2] e complexo
[(Cu(phen))4(resvan)] presentes nos espectros de infravermelho
Atribuições
Resvan
cis-[Cu(phen)Cl2]
[(Cu(phen))4(resvan)]
O-H do grupo fenol
3370
-
3390
C-H aromático
3025
3043
3070
C-C aromático
1607 e 1515
1585 e 1514
1585 e 1517
ass CH3 metóxi e/ou
C-N
1426
1421
1463 e 1428
C-O do grupo éter
1205
-
1207
 C-O do grupo fenol
e/ou C-H
1151
1146
1146
 O-CH3
1033
-
1029
 C-H fora do plano
-
854 e 721
849 e 722
Torção do Anel
-
643 e 427
648 e 432
Fonte: Autora (2014).
101
5.1.9 Espectro de infravermelho do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
O espectro de infravermelho do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, obtido utilizando
o ATR, na região de 4000 a 650 cm-1, é apresentado na Figura 63.
Figura 63 - Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4 na região
de 4000 a 650 cm-1
110
100
2817
3057
Transmitância %
90
80
70
60
50
40
30
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
O espectro de IV do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 apresenta uma banda larga na
região de 2817 cm-1, referente ao estiramento O-H dos grupos fenólicos presentes nos
resorcinóis. O espectro possui também alguns ombros com pequena intensidade, localizados
em 3057 cm-1, característicos de estiramentos C-H aromático.
Avaliando o espectro do complexo tetranuclear, na região de 1750 a 650 cm-1, Figura
64, observam-se várias bandas referentes aos ligantes fenantrolina e resvan. Este último ligante
possui modos vibracionais que indicam a formação de sua macromolécula e,
102
consequentemente, do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, os quais serão posteriormente
discutidos.
Figura 64 - Espectro de absorção na região do infravermelho do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4 na região
de 1750 a 650 cm-1
110
1202
100
1426
1518
80
1581
70
60
50
30
1500
723
1028
40
854
1163
Transmitância %
90
1000
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
O espectro do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 possui bandas em 1581 e 1518 cm-1,
características de estiramentos C-C aromáticos. O espectro apresenta uma banda em 1426 cm1
, que pode ser referente ao estiramento assimétrico CH3 do grupo metóxi presente no resvan,
e/ou referente ao estiramento C-N do ligante fenantrolina.
Observam-se ainda duas bandas com atribuições importantes para a caracterização do
complexo: uma banda de pequena intensidade em 1202 cm-1, referente ao estiramento C-O do
grupo éter presente na estrutura do resvan, e outra banda presente na região de 1163 cm -1,
podendo ser característica de estiramento C-O do grupo fenol dos resorcinóis, e/ou de
deformação angular C-H do ligante fenantrolina.
O complexo tetranuclear possui uma banda em 1028 cm-1, característica de estiramento
O-CH3 do ligante resvan. As bandas de maior intensidade no espectro, presentes nas regiões de
103
854 e 723 cm-1, são características de deformação angular C-H fora d o plano do anel aromático
da fenantrolina.
Na Figura 65 é apresentada a sobreposição dos espectros de IV dos complexos cis[Cu(phen)(van)]Cl e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, enfatizando as bandas referentes aos
estiramentos do grupo aldeído da vanilina, presentes no espectro do complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl nas regiões de 1652 e 1262 cm-1. Comparativamente, o espectro do
complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 não possui bandas nestas regiões. A ausência de bandas
referentes aos modos vibracionais do grupo aldeído indica a formação do ligante resvan e,
consequentemente, do complexo tetranuclear, uma vez que a reação do resorcinareno se
processa através dos grupos aldeídos, sendo estes substituídos pelos grupos metinos na estrutura
da macromolécula.
Ao analisar a sobreposição dos espectros, observa-se que as bandas referentes aos
modos vibracionais do grupo metóxi estão presentes em ambos os espectros, sem
deslocamentos significativos, uma vez que a coordenação deste grupo O-CH3 ao metal
permanece sem alterações para ambos os compostos de coordenação.
As bandas referentes ao ligante fenantrolina aparecem em ambos os espectros, sem
deslocamentos significativos, uma vez que o sistema cobre – fenantrolina permanece inalterado
em ambos os compostos.
O espectro do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 possui bandas referentes ao ligante
fenantrolina e bandas que indicam a formação do ligante resvan. Estes modos vibracionais
indicam a formação do complexo tetranuclear, além de estarem de acordo com a estrutura
proposta para o composto de coordenação em questão.
104
Figura 65 – Sobreposição dos espectros de IV dos compostos cis-[Cu(phen)(van)]Cl (preto) e
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 (vermelho) enfatizando a ausência das bandas referentes aos modos vibracionais do
grupo aldeído no espectro do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4
100
723
854
1028
1494
20
1580
40
1163
1262
1428
60
1652
Transmitância %
80
0
1600
1400
1200
1000
800
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Os espectros de IV dos complexos [(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4,
apresentam muitas semelhanças, no entanto, ao analisar a sobreposição destes espectros, Figura
66, observa-se também determinadas diferenças que estão relacionadas à posição de
coordenação dos centros metálicos ao ligante macrocíclico. Para o primeiro complexo, os
metais podem estar coordenados pelos grupos fenólicos dos resorcinóis, ou pode haver uma
mistura, estando coordenados pelos resorcinóis e pelos grupos vanilóides, através dos átomos
de oxigênio dos grupos fenol e metóxi. Para o complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 os quatro
átomos de cobre estão coordenados obrigatoriamente através dos grupos metóxi e fenol
provenientes da vanilina, uma vez que, para a formação do complexo tetranuclear, utiliza-se a
vanilina já coordenada ao centro metálico.
Ao observar a Figura 66, verifica-se que a banda referente ao estiramento C-O-H do
resorcinol, localizada em 1163 cm-1 sofre um deslocamento de 17 cm-1 para maiores números
de onda quando comparada ao espectro do complexo [(Cu(phen))4(resvan)], que possui este
105
estiramento em 1146 cm-1. Isso ocorre porque, no complexo [(Cu(phen))4(resvan)] os grupos
fenólicos dos resorcinóis estão desprotonados e coordenados aos metais. Tal estiramento pode
estar sobreposto ao modo vibracional da fenantrolina, porém, isto não interfere na influencia
que o estiramento C-O do resorcinol possui com a coordenação ao metal. Para as demais
bandas, não há diferenças significativas entre os espectros, uma vez que os grupos substituintes
vanílicos do resvan não modificam suas ligações facilmente após a coordenação ao metal.
Ao comparar os espectros, observa-se a semelhança entre as bandas do resorcinareno,
intensificando
a
indicação
da
formação
do
ligante
resvan
no
complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4.
Figura 66 – Sobreposição dos espectros de infravermelho dos complexos [(Cu(phen))4(resvan)] (preto) e
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 (vermelho)
100
60
1163
1146
Transmitância %
80
40
20
1600
1400
1200
1000
800
-1
Número de onda (cm )
Fonte: Autora (2014).
Na Tabela 9, são apresentadas as atribuições das bandas do espectro do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, bem como as bandas dos complexos cis-[Cu(phen)(van)]Cl e
[(Cu(phen))4(resvan)].
106
Tabela 9 – Atribuições das principais bandas dos complexos cis-[Cu(phen)(van)]Cl, [(Cu(phen))4(resvan)] e
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 presentes nos espectros de infravermelho
Atribuições
Cis[Cu(phen)(van)]Cl
[(Cu(phen))4
(resvan)]
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
O-H do grupo fenol
-
3390
2817
C-H aromático
3063
3070
3057
C=O do aldeído
aromático
1652
-
-
C-C aromático
1580, 1545 e 1494
1585 e 1517
1581 e 1518
ass CH3 metóxi e/ou
C-N
1465 e 1428
1463 e 1428
1463 e 1426
C-O do grupo éter
1193
1207
1202
 C-O do grupo fenol
e/ou C-H
1154
1146
1163
 O-CH3
1024
1029
1028
 C-H fora do plano
851 e 722
849 e 722
854 e 723
Torção do Anel
658 e 424
648 e 432
-
Fonte: Autora (2014).
107
5.2 ESPECTROSCOPIA ELETRÔNICA NA REGIÃO DO ULTRAVIOLETA E VISÍVEL
(UV-VIS)
A técnica de espectroscopia de absorção na região do ultravioleta e visível foi utilizada
para a caracterização dos complexos do sistema cobre-fenantrolina, mono e tetranucleares, bem
como dos ligantes resvan e seus precursores resorcinol e vanilina.
A apresentação dos resultados dos espectros eletrônicos dos compostos será iniciada
pela discussão dos espectros dos ligantes vanilina, em seguida resorcinol e resvan. Após as
análises dos ligantes, será iniciada a discussão dos complexos, sendo o primeiro deles o
precursor cis-[Cu(phen)Cl2], seguido pelo composto cis-[Cu(phen)(van)]Cl. Por fim, serão
discutidos os complexos tetranucleares [(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4.
A técnica de espectroscopia Uv-Vis foi também utilizada na determinação da
estequiometria do [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 em termos do íon metálico, e dessa análise sugeriuse que o complexo é tetranuclear.
5.2.1 Espectro Eletrônico da Vanilina
O espectro eletrônico da vanilina na região do ultravioleta e visível, obtido em meio
aquoso, apresenta quatro bandas com máximos de absorção em 204, 229, 279 e 309 nm,
conforme mostrado na Figura 67. Tais bandas são referentes a transições * e estão de
acordo com os dados relatados na literatura referentes à vanilina. (LI, et al., 2014). Além destas
quatro bandas, o espectro apresenta um ombro na região de 360 nm, indicando uma transição
pouco intensa de natureza n*.
108
Figura 67 - Espectro Eletrônico da vanilina obtido em meio aquoso, concentração 5,85. 10 -5 mol L-1
0,8
0,3
Absorbância
Absorbância
0,6
0,4
0,2
0,1
0,0
350
400
450
500
Comprimento de onda (nm)
0,2
0,0
200
300
400
500
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Na Tabela 10 são apresentadas as atribuições das bandas observadas no espectro da
Figura 67, como também seus respectivos coeficientes de absortividade molar.
Tabela 10 – Atribuições das bandas encontradas no Espectro Eletrônico da vanilina em meio aquoso
Comprimento de
onda (nm)
204
Atribuição das
Transições Eletrônicas
π → π*
Absortividade Molar
(L mol-1 cm-1)
1,4. 104
229
π → π*
1,4. 104
279
π → π*
1,0. 104
309
π → π*
8,9. 103
360
n → π*
5,9. 102
Fonte: Autora (2014).
O perfil do espectro de absorção da vanilina é decorrente dos diversos efeitos eletrônicos
presentes em sua estrutura, uma vez que o anel benzênico possui três grupos substituintes
distintos: a carbonila do grupo aldeído, oxigênio com par de elétrons livres do grupo éter e
hidroxila do grupo fenol. A presença de tais grupos químicos na estrutura do composto torna o
109
sistema rico em densidade eletrônica e, ao fazerem conjugação com o anel benzênico,
proporcionam um aumento na extensão da deslocalização eletrônica . Tal efeito torna os níveis
eletrônicos energeticamente mais próximos e, consequentemente, diminui a energia necessária
para promover uma transição entre estes níveis, comparativamente ao benzeno.
O benzeno pode apresentar até três transições eletrônicas, sendo as transições com maior
energia classificadas como bandas primárias, normalmente observadas em 184 e 202 nm e uma
banda secundária em 255 nm. A carbonila do grupo aldeído, ao fazer parte do sistema
conjugado do anel, geralmente desloca a banda π → π* para maiores comprimentos de onda
(deslocamento batocrômico), uma vez que a interação de elétrons do anel benzênico com os
elétrons da carbonila modifica o sistema de conjugação π da molécula. Através da ressonância,
os substituintes com elétrons não ligantes, como é o caso do grupo éter e fenol, também podem
causar deslocamentos nas bandas de absorção primária e secundária do anel para comprimentos
de onda maiores, além de atuarem como substituintes auxocromos, ocasionando um aumento
na absortividade molar da transição (PAVIA, et al., 2010).
Desta forma, a banda primária do anel benzênico em 184 nm, com transição π → π* do
anel aromático, apesar de ser permitida, não pode ser observada no espectro porque está
localizada na região abaixo de 190 nm, o qual corresponde ao limite mínimo dos equipamentos
de Uv-Vis convencionais. Contudo, para a vanilina, esta banda é deslocada para 204 nm devido
aos efeitos dos substituintes discutidos anteriormente. O espectro deste ligante apresenta
também outras bandas em 229, 279 nm, ambas provenientes de transições que ocorrem de
orbitais moleculares π para orbitais π*. A banda em 309 nm é proveniente do grupo aldeído
presente na vanilina. Esta transição é comum em vários compostos aromáticas com grupos
aldeídos, como por exemplo, o benzaldeído, que possui a banda referente à transição eletrônica
no grupo aldeído em 310 nm.
Para investigar o efeito da natureza do solvente sobre as características eletrônicas da
vanilina, foram obtidos espectros desta substância em diferentes solventes. Na Figura 68, são
mostrados os espectros eletrônicos sobrepostos da vanilina em meio aquoso, dimetilformamida
(DMF), e metanol obtidos na região de 270 a 800 nm. Esta região foi escolhida devido às
elevadas absorções do DMF na região com comprimento de onda inferior a 270 nm. Ao
comparar os espectros, observa-se que as bandas em 279 e 309 nm presentes no espectro em
meio aquoso também são encontradas no espectro em DMF e metanol, não sendo observadas
variações nos comprimentos de onda destas bandas, apenas um aumento de intensidade na
banda em 309 nm em decorrência da natureza dos solventes utilizados. A banda de baixa
110
intensidade em 360 nm em meio aquoso aparece com um pequeno deslocamento nos espectros
obtidos em metanol e DMF, além de estar visivelmente mais definidas. Em DMF esta banda
aparece em 370 nm, enquanto que em metanol a transição ocorre em 356 nm.
Figura 68 – Sobreposição dos espectros da vanilina obtidos em meio aquoso (preto), em DMF (vermelho) e em
metanol (verde), na região de 270 a 800 nm, representados em preto, vermelho e verde, respectivamente.
Fonte: Autora (2014).
Tabela 11 – Dados comparativos entre as bandas de absorção da vanilina utilizando água e DMF como
solventes.
Solvente
Água
Comprimento de onda (nm)
279
309
360
DMF
279
309
370
Metanol
279
308
356
Fonte: Autora (2014).
Sabendo que a coordenação da vanilina a centros metálicos deve ser acompanhada pela
desprotonação do OH fenólico, e que este efeito gera alterações no espectro eletrônico deste
ligante, é importante fazer um estudo da influência do pH sobre o espectro eletrônico da
vanilina, a fim de conhecer tais mudanças espectrais que estão associadas ao equilíbrio da
vanilina e da sua base conjugada.
111
Durante este processo reacional, a vanilina sofre desprotonação do OH fenólico em meio
básico, mantendo um equilíbrio com o íon vanilato. Na Figura 69 é apresentada a equação de
equilíbrio da vanilina.
Figura 69 – Equação de equilíbrio da vanilina
Fonte: Autora (2014).
O valor do pKa que irá ocasionar esta reação de equilíbrio entre a vanilina e o íon
vanilato é igual a 7,40. O íon vanílico, no entanto, apresenta um espectro de absorção eletrônico
diferente da molécula protonada, por isso, sua constante de acidez também pode ser obtida
através da técnica de espectroscopia de absorção na região do ultravioleta e visível, conforme
descrito na literatura (ROBINSON; KIANG, 1955).
Tendo em vista este comportamento eletrônico, foi realizado o monitoramento da
vanilina através do Uv-Vis, para o qual foram obtidos espectros em diferentes valores de pH.
As análises foram realizadas com soluções aquosas de vanilina 1,06. 10-4 mol L-1, em faixas de
pH variando entre 3,0 a 9,5, conforme descrito na Figura 70.
112
Figura 70 – Alteração espectral da vanilina (concentração 1,06. 10 -4 mol L-1) em decorrência da variação do pH
(3,0 a 9,5)
3,0
4,0
4,5
5,0
6,2
6,5
6,7
6,9
7,0
7,1
7,15
7,2
2,5
Absorbância
2,0
1,5
7,25
7,3
7,4
7,45
7,5
7,6
7,7
7,8
7,85
7,9
8,0
8,5
9,5
1,0
0,5
0,0
200
250
300
350
400
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Na Figura 70, pode-se observar que soluções ácidas e alcalinas de vanilina apresentam
diferenças consideráveis nos seus espectros eletrônicos, tanto nos valores das energias quanto
nas intensidades das transições. Conforme o pH do meio é aumentado, observa-se que a banda
em 229 nm apresenta uma gradual diminuição de sua intensidade chegando a não ser mais
observada em pH 7,9. Tal alteração é acompanhada pelo aparecimento de uma nova banda em
248 nm. Outra alteração que também pode ser observada na sobreposição destes espectros é o
desaparecimento da banda em 309 nm e o surgimento de uma nova banda com elevada
intensidade em 347 nm. Esta ultima transição, por possuir grande absorbância, se sobrepõe à
banda em 279 nm, tornando-a apenas um ombro deslocado para 293 nm em solução alcalina.
Assim, o estudo da variação do pH em soluções de vanilina indicou que as bandas
localizadas em 229 e 309 nm em meio ácido, são deslocadas para regiões de maiores
comprimentos de onda com o gradual aumento do pH do meio. Tal efeito pode ser atribuído à
perda do hidrogênio durante o processo de desprotonação, onde o elétron permanece no íon
113
vanilato, aumentando a densidade eletrônica em torno do oxigênio e, consequentemente, em
todo o composto, através da ressonância. Com isso, as variações entre os níveis eletrônicos
diminuem ainda mais e a energia necessária para ocorrer a transição eletrônica também diminui.
Na Figura 71, é apresentada a sobreposição dos espectros característicos da vanilina e
sua base conjugada, íon vanilato. Ao analisar estes espectros observam-se as variações
energéticas das transições que ocorrem em ambos os compostos em decorrência da condição
de equilíbrio do próton (H+).
Figura 71 – Sobreposição dos espectros da vanilina (preto) e do íon vanilínico (vermelho), obtidos em meio
ácido e alcalino, respectivamente
2,0
Absorbância
Absorbância
2,0
1,5
1,5
1,0
0,5
1,0
0,0
200
300
400
Comprimento de onda (nm)
0,5
0,0
200
400
600
800
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Este mesmo comportamento pode ser observado na Figura 72, mediante
acompanhamento da redução da vanilina com amálgama de zinco. Isso implica que, a vanilina,
ao ser reduzida, tem sua densidade eletrônica aumentada e, com isso, ocorre diminuição da
energia necessária para promover transições eletrônicas, possibilitando um efeito semelhante à
desprotonação do OH fenólico, com transições eletrônicas menos energéticas do que as que
ocorrem antes da redução.
114
Figura 72 – Sobreposições dos espectros de vanilina em água obtidos a partir da redução com amálgama de
zinco
2,0
Absorbância
1,5
1,0
0,5
0,0
200
300
400
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Os espectros do íon vanilato gerados pela alteração do pH e pela redução da molécula
não apresentaram variações significativas, o que indica que ambas as formas proporcionam
efeitos eletrônicos semelhantes ao íon em questão, ou seja, tanto na redução com amálgama de
zinco quanto na desprotonação, a vanilina ganha um elétron, tornando o oxigênio fenólico mais
eletronegativo e aumentando a ressonância na molécula. Com isso, as transições serão menos
energéticas e as bandas serão deslocadas para maiores comprimentos de onda, conforme
observado na Figura 73, onde são apresentados os dois espectros referentes ao íon vanilato
sobrepostos.
115
Figura 73 – Sobreposição do íon vanílico gerados pela variação do pH (preto) e redução (vermelho)
Absorbância
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
200
300
400
500
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Na Tabela 12 estão apresentados os valores correspondentes ao comprimento de onda
da vanilina, comparativamente ao íon vanilato gerado pela redução e pela variação do pH.
Tabela 12 – Dados comparativos entre as bandas da vanilina e do íon vanílico gerado pela variação do pH e
redução
Comprimento de
onda (nm)
Vanilina
204
Íon vanílico (pH)
207
Íon vanílico (redução)
206
229
248
248
279
293
290
309
347
347
Fonte: Autora (2014).
116
5.2.2 Espectro Eletrônico do Resorcinol
O espectro eletrônico de absorção na região do ultravioleta e visível (UV-Vis) do
resorcinol em meio aquoso apresenta três bandas com máximos de absorção em 194, 218 e 273
nm, conforme mostrado na Figura 74. Na literatura (BLANCO, et al., 2004), o espectro de UvVis para este composto apresenta uma banda de máxima absorção em 273.8 nm, que é similar
à banda em 273 nm obtida experimentalmente.
Figura 74 - Espectro eletrônico do resorcinol obtido em meio aquoso, concentração 2,26. 10 -5 mol L-1
0,8
0,8
0,6
Absorbância
Absorbância
0,6
0,4
0,2
0,4
0,0
200
250
300
Comprimento de onda (nm)
0,2
0,0
200
300
400
500
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Na Tabela 13, são apresentadas as atribuições das bandas observadas no espectro do
resorcinol, assim como seus respectivos coeficientes de absortividade molar.
117
Tabela 13 – Atribuições das bandas encontradas no Espectro eletrônico do resorcinol em meio aquoso
Comprimento de
onda (nm)
194
Atribuição das
Transições Eletrônicas
π → π*
Absortividade Molar
(L mol-1 cm-1)
3,6. 104
218
π → π*
4,8. 103
273
π → π*
1,8. 103
Fonte: Autora (2014).
O resorcinol apresenta em sua estrutura dois substituintes hidroxilas, caracterizados
como grupo auxocromo, localizados em posição meta. Por esta razão, a magnitude do
deslocamento observado é aproximadamente igual à soma dos deslocamentos causados por
grupos individuais, além de não haver interação de ressonância direta entre os grupos fenólicos.
Este comportamento é válido para hidroxilas fenólicas localizadas em posições orto e meta. No
entanto, quando estes substituintes estão na posição para, eles exercem efeitos semelhantes aos
observados com benzenos monossubstituídos, e deslocam as bandas para regiões com maiores
comprimentos de onda (PAVIA, et al., 2010).
Compostos que apresentam um anel benzênico com substituintes que contenham
elétrons não ligantes, como é o caso das hidroxilas, tem normalmente suas bandas deslocadas
para regiões com maiores comprimentos de onda. Quanto mais disponível esses elétrons
estiverem para a interação com o sistema π do anel aromático, maiores serão os deslocamentos
(PAVIA, et al., 2010). Tais deslocamentos podem ser evidenciados nas três bandas referentes
ao anel benzênico, como apresentadas no espectro da Figura 74, cujas regiões de absorção
máxima são 194, 218 e 272 nm.
Na Figura 75, é apresentada a sobreposição dos espectros do resorcinol obtidos em água,
dimetilformamida (DMF) e metanol. Através deste comparativo é possível se verificar que a
banda em metanol possui absorção máxima em 275 nm, ocasionando um deslocamento pouco
significativo de 2 nm para maiores comprimentos de onda com relação ao espectro obtido em
água. No entanto, a mudança do solvente de água para DMF provoca o deslocamento na banda
de 273 nm (H2O) para 278 nm (DMF), o que corresponde a uma variação de 5 nm para maiores
comprimentos de onda. Estes pequenos deslocamentos no máximo de absorção das bandas
ocorrem devido à alteração na natureza do solvente, os quais provocam diferentes tipos de
interações com a molécula, uma vez que a água e o metanol, por serem solventes próticos,
podem fazer ligações de hidrogênio e interagem mais fortemente com o composto, enquanto
que o DMF (solvente aprótico) possui interações mais fracas com o resorcinol.
118
Figura 75 – Sobreposição dos espectros do resorcinol em água, DMF e metanol, representados em preto,
vermelho e verde, respectivamente.
0,20
Absorbância
0,15
0,10
0,05
0,00
300
350
400
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Tabela 14 – Dados comparativos entre as bandas de absorção do resorcinol quando utilizado água e DMF como
solventes
Solvente
Água
Comprimento de onda (nm)
273
DMF
278
Metanol
275
Fonte: Autora (2014).
5.2.3 Espectro Eletrônico do C-4-metoxifenilcalix-[4]resorcinareno (Resvan)
Na Figura 76 é apresentado o espectro de Uv-Vis do ligante C-4-metoxifenilcalix[4]resorcinareno, neste trabalho identificado como resvan, obtido em meio aquoso. O espectro
eletrônico apresenta duas bandas localizadas em 200 e 284 nm e um ombro em 233 nm, todas
atribuídas a transições que ocorrem do orbital π para o orbital de natureza π*, bem como duas
bandas de baixa intensidade em 342 e 482 nm, atribuídas a transições que ocorrem do orbital n
para o orbital π*.
119
Segundo
dados
da
literatura
(JAYSWAL,
et
al.,
2008),
compostos
de
calix[4]resorcinareno, bem como seus derivados, normalmente apresentam uma banda próxima
a 290 nm. Esta banda é semelhante à transição que ocorre em 285 nm, como observado na
Figura 76.
Figura 76 - Espectro eletrônico obtido em água do resvan, concentração 5,45. 10 -5 mol L-1 (a) na região de 190 a
800 nm (b) na região de 215 a 315 nm e (c) na região de 305 a 780 nm
1,0
Absorbância
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
200
300
400
500
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
(a)
(b)
(c)
Fonte: Autora (2014).
Na Tabela 15 são apresentadas as atribuições das bandas encontradas no espectro do
ligante resvan, assim como seus respectivos coeficientes de absortividade molar.
120
Tabela 15 – Atribuições das bandas encontradas no Espectro Eletrônico do resvan em meio aquoso
Comprimento de
Onda (nm)
200
Atribuição das
Transições Eletrônicas
π → π*
Absortividade Molar
(L mol-1 cm-1)
1,7. 104
233
π → π*
5,9. 103
284
π → π*
3,5. 103
342
n→ π*
1,2. 102
482
n→ π*
2,0. 101
Fonte: Autora (2014).
Experimentalmente, observa-se que, as bandas primárias e secundárias do anel
aromático, normalmente observadas em 184, 202 e 255 nm, no ligante resvan estão deslocadas
para maiores valores de comprimentos de onda devido aos efeitos dos grupos substituintes já
discutidos, localizando-se nas regiões de 200, 233 e 284 nm.
O resorcinareno sintetizado neste trabalho é uma macromolécula que possui em sua
estrutura oito anéis benzênicos, doze grupos fenólicos e ainda quatro grupos éter, sendo estes
últimos referentes aos grupos metóxidos provenientes da vanilina. Estes grupos substituintes
no anel benzênico possuem elétrons não ligantes que podem interagir com o benzeno,
aumentando a conjugação do sistema  e, com isso, diminuindo a energia necessária para que
uma excitação eletrônica ocorra. Tais condições são responsáveis por gerar efeitos tais como o
deslocamento da banda para maiores valores de comprimentos de onda, além de aumentar a
intensidade das bandas de absorção (PAVIA, et al., 2010).
O espectro apresenta ainda bandas de baixa intensidade na forma de ombros, em 342 e
482 nm. A banda em 482 nm, no entanto, não é única, pois existem vários ombros na
proximidade deste valor, porém não estão bem resolvidos em meio aquoso.
Na Figura 77, é apresentada a sobreposição dos espectros do ligante resvan obtidos em
água, em dimetilformamida (DMF) e em metanol na região de 190 a 800 nm. As bandas
presentes na região abaixo de 270 nm para o espectro em DMF são de difícil visualização, uma
vez que o DMF possui elevadas absorções na região com comprimento de onda inferior a 270
nm.
121
Figura 77 – (a) Sobreposição dos espectros do resorcinareno em água, DMF e metanol, representados em preto,
vermelho e verde, respectivamente. Espectro em (b) água (c) DMF e (d) metanol.
(a)
(c)
(b)
(d)
Fonte: Autora (2014).
122
Ao comparar os espectros sobrepostos, observa-se que o espectro obtido em metanol
apresenta três bandas intensas em 208, 235 e 286 nm, as quais estão deslocadas para maiores
comprimentos de onda quando comparadas às bandas em 200, 233 e 284 nm, respectivamente,
presentes no espectro em água. A primeira banda possui um deslocamento de 8 nm, devido a
alteração na natureza destes solventes. As outras bandas, no entanto, possuem um deslocamento
pouco significativo de 2 nm, indicando que estas transições não sofrem grande influência sobre
a natureza do solvente utilizado. O espectro do resorcinareno em DMF apresenta uma banda na
região de 288 nm. Ao comparar com a banda em 284 nm do resvan obtido em água, observase um pequeno deslocamento de 4 nm para maiores comprimentos de onda. Este deslocamento
ocorre devido o efeito dos solventes com diferentes polaridades utilizados para análise.
O espectro obtido em metanol apresenta ainda um ombro em 355 nm e uma banda larga
de baixa intensidade em 486 nm, enquanto o espectro em água apresenta estas bandas em 342
nm, ocasionando deslocamento para maiores comprimentos de onda de 13 nm, e em 482 nm,
causando um suave deslocamento de 4 nm, respectivamente. O composto obtido em DMF
apresenta uma banda de baixa intensidade em 353 nm e três bandas bem próximas em 459, 482
e 530 nm, que estão bem definidas devido à solubilidade do resvan em DMF. Em metanol e
água, por exemplo, existe apenas uma banda larga nesta região, e os vários ombros não estão
bem definidos devido à baixa solubilidade do composto. A presença deste conjunto de bandas
na região do visível deve ser responsável pela coloração rósea característico do ligante resvan.
Tendo em vista a baixa absortividade destas absorções, indicando se tratar de bandas proibidas,
as mesmas foram atribuídas a transições eletrônicas entre um orbital n para um orbital de
natureza π*.
A presença destas três bandas citadas acima pode ser referente a três transições proibidas
independentes, ou ainda, podem ser o resultado das contribuições vibracionais mais aparentes
de uma transição vibrônica, resultante de uma única transição eletrônica.
Tabela 16 – Dados comparativos entre as bandas de absorção do resorcinareno em água, DMF e metanol
Solvente
Comprimento de onda (nm)
Água
200
233
284
342
-
482
-
DMF
*
*
288
353
459
482
530
Metanol
208
235
286
355
-
486
-
* região não verificada, pois o DMF absorve nesta região.
Fonte: Autora (2014).
123
A classe dos resorcinarenos apresenta características peculiares em seus espectros de
absorção eletrônica, referentes às bandas de baixa absortividade molar presentes na região do
visível, entre 320 a 500 nm. O resvan, por exemplo, apresenta duas bandas com baixa
intensidade em 353 e 482 nm, e estas mesmas transições ocorrem em outros compostos do tipo
calix[4]resorcinareno, independente do aldeído utilizado para a formação da macromolécula.
Outro exemplo de resorcinareno bastante referenciado na literatura é o C-Tetrafenilcalix[4]resorcinareno, formado a partir da condensação de resorcinol e benzaldeído, Figura 37.
Tal macromolécula foi sintetizada neste trabalho, com o objetivo de se fazer um estudo
comparativo entre compostos resorcinarenos formados a partir de diferentes aldeídos. O estudo
é realizado através da técnica espectroscópica de absorção eletrônica na região do ultravioleta
e visível, com ênfase às bandas de baixa absortividade molar, características desta classe de
compostos.
Deve-se destacar a importância em se fazer este comparativo, uma vez que na literatura
existem poucas informações a respeito da caracterização dos resorcinarenos através da
espectroscopia eletrônica na região do ultravioleta e visível e, por isso, não são encontradas
informações a cerca destas bandas entre 320 a 500 nm.
O espectro eletrônico do C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno, obtido em DMF, é
apresentado na Figura 78, com destaque às bandas de baixa intensidade, também presente neste
composto.
124
Figura 78 – Espectro eletrônico do C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno, obtido em DMF
0,08
1,0
Absorbância
Absorbância
0,6
535 nm
0,06
0,8
365 nm
0,07
0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0,4
0,00
400
500
600
700
Comprimento de onda (nm)
0,2
0,0
300
400
500
600
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
As bandas presentes neste espectro têm picos de máxima absorção em 290, 365 e 535
nm. A primeira banda se deve a uma transição permitida, π → π*, com absortividade molar
acentuada. As bandas em 365 e 535 nm, no entanto, correspondem a transições proibidas, n →
π*. Estas três bandas também estão presentes no resvan, com pequenos deslocamentos devido
às mudanças na estrutura do composto. Dessa forma, pode-se indicar que, mesmo variando o
grupo aldeído (aromático) utilizado na formação do resorcinareno, estas bandas devem estar
presentes no espectro eletrônico.
Analisando-se o espectro eletrônico do composto C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno
deduz-se que as transições em 365 e 535 nm não são características do aldeído em questão, uma
vez que elas também estão presentes no espectro do resvan. Além disso, pode-se indicar que
estas bandas de baixa intensidade não são referentes ao grupo resorcinol, uma vez que o perfil
eletrônico deste composto não possui nenhuma transição nesta região do visível. Desta forma,
pode-se concluir que as bandas em 365 e 535 nm correspondem a transições eletrônicas
características dos calix[4]resorcinarenos.
125
Na Figura 79 é apresentada a sobreposição dos espectros dos resorcinarenos C-4metoxifenilcalix-[4]resorcinareno e C-Tetrafenil-calix[4]resorcinareno, formados a partir da
vanilina e do benzaldeído, respectivamente.
Figura 79 – Sobreposição dos espectros dos compostos C-4-metoxifenilcalix-[4]resorcinareno (preto) e CTetrafenil-calix[4]resorcinareno (vermelho), obtidos em DMF
1,25
1,00
Absorbância
Absorbância
0,15
0,75
0,10
0,05
0,50
0,00
400
500
600
700
Comprimento de onda (nm)
0,25
0,00
300
400
500
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
5.2.3.1 Estudo da influência do pH sobre o espectro eletrônico do resvan e determinação dos
valores de pKa
Tendo em vista o grande número de desprotonações ou protonações que podem ocorrer
no ligante resvan, foram desenvolvidos estudos envolvendo o pH da solução aquosa deste
composto, incluindo a determinação do pKa do resvan, através da espectroscopia eletrônica na
região do ultravioleta e visível. O monitoramento dos espectros obtidos em diferentes valores
de pH foi realizado em solução aquosa de resvan, com concentração 3,98.10-5 mol L-1 e pH
inicial igual a 11,45, no qual o ligante é totalmente solúvel. Em seguida, a solução foi
126
acidificada até atingir o pH 2,30, e as leituras foram realizadas para determinados valores de
pH, mediante adições sucessivas de ácido clorídrico 2,5 mol L-1. A análise não foi realizada do
meio ácido para o meio básico, pois o resvan não é totalmente solúvel em solução ácida, e por
isso, os espectros não adquirem um comportamento adequado com a variação do pH.
Os espectros eletrônicos indicaram certa dependência das transições eletrônicas do
resvan com a variação do pH da solução, como apresentado na sobreposição dos espectros,
Figura 80, obtidos em diferentes faixas de pH, as quais variaram de 11,40 a 2,30. Observa-se
que os espectros do composto em meio básico não são iguais em nenhuma faixa de pH, com
variações tanto na intensidade quando no deslocamento do comprimento de onda de algumas
bandas.
As bandas em 326 e 500 nm são características dos resorcinarenos, independente do
aldeído presente na estrutura, conforme discutido anteriormente. Estas bandas possuem
intensidade muito fraca e são pouco definidas em água e metanol, sendo mais visíveis em
solventes como DMF. Ao analisar a Figura 80, observa-se que em soluções com valores de pH
elevados, quando a coloração rósea da solução se intensifica, estas bandas aumentam bastante
a sua intensidade e, à medida que as soluções se tornam mais ácidas, com coloração menos
intensa, estas bandas diminuem de intensidade, até atingirem pequenos valores de absortividade
molar, em pH abaixo de 3,0. O fato destas bandas sofrerem alterações significativas com a
variação do pH indica que ocorrem desprotonações ou protonações das hidroxilas presentes no
composto, em meio básico e ácido.
127
Figura 80 – Sobreposição dos espectros de resvan em meio aquoso, concentração 3,98.10 -5 mol L-1, com
variação de pH na faixa de 11,45 a 2,61
0,30
pH 11,45
pH 10,40
pH 9,45
pH 8,87
pH 8,08
pH 7,70
pH 5,50
pH 5,00
pH 4,10
pH 3,13
pH 2,61
Absorbância
0,24
0,18
0,12
0,06
0,00
250
300
350
400
450
500
550
600
650
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Além das mudanças nas duas bandas presentes nas regiões de 326 e 500 nm, o espectro
do resvan apresenta ainda uma banda na região de 233 nm que sofre deslocamento significativo
para 247 nm, quando o ligante é dissolvido em meios com pH superior a 8,7 aproximadamente.
As bandas em 284 e 326 nm também sofreram pequenos deslocamentos, como pode ser
observado na Figura 81.
128
Figura 81 – Sobreposição dos espectros de resvan com variação de pH na faixa de 11,45 a 2,61 na região de 212
a 400 nm
0,48
pH 11,45
pH 10,40
pH 9,45
pH 8,87
pH 8,08
pH 7,70
pH 5,50
pH 5,00
pH 4,10
pH 3,13
pH 2,61
0,42
0,30
233
0,24
284
0,18
326
Absorbância
0,36
0,12
0,06
250
300
350
400
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Na Figura 82 destacam-se dois pontos isosbésticos, ou seja, pontos de interseção de
todos os espectros sobrepostos, com absorções máximas em 297 e 587 nm. É de se esperar outro
ponto na região de 391 nm, conforme é observado para os espectros obtidos em pH 2,61 e 5,50.
Porém, o espectro obtido em solução alcalina não possui este comportamento, pois o pH 8,87
gera o deslocamento de algumas bandas para maiores comprimentos de onda. A banda em 326
nm sofre este pequeno deslocamento, se aproximando da banda em 500 nm. Com isso o mínimo
de absorção não intercepta os outros espectros. No entanto, os três espectros se interceptam em
297 e 587 nm, mesmo havendo mudança nas intensidades das bandas. Isto significa que os
processos de protonação e/ou desprotonações do resvan ocorrem sem a formação de espécies
intermediárias, uma vez que a molécula não se decompõe, permanecendo com a estrutura
proposta inicialmente.
129
Figura 82 - Sobreposição dos espectros de resvan com variação de pH na faixa de 8,87 a 2,30 com pontos
isosbésticos em destaque
Absorbância
pH 2,61
pH 5,50
pH 8,87
0,0
400
600
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
O resvan possui em sua estrutura 12 grupos fenólicos, estando oito deles localizados na
parte superior do cálice, o qual correspondente ao ambiente químico dos grupos resorcinol
enquanto os quatro outros grupos fenóis estão presentes na parte inferior do cálice, provenientes
da vanilina. Assim, em meio básico, ocorre desprotonações destes hidrogênios fenólicos,
ocasionando aumento da solubilidade da molécula, com acentuada mudança em sua coloração
para vermelho intenso.
Através dos resultados obtidos foi possível calcular os valores de pKa do resvan,
referente às protonações/desprotonações dos hidrogênios fenólicos dos grupos resorcinol e
vanilóide. Para tanto, foram realizados acompanhamentos das bandas em 326 e 500 nm, as
quais sofreram mudanças na intensidade das absorções com a variação do pH. Além destas, a
banda em 233 nm também foi monitorada, por apresentar deslocamento energético
proporcionado pela variação do pH. As constantes foram calculadas utilizando o programa
Excel, através dos valores de absorção apresentados por estas bandas citadas.
130
Para a banda em 326 nm, foram calculados dois valores de pKa. O gráfico apresentado
na Figura 83, responsável por determinar a primeira constante de acidez, foi obtido utilizando
os valores de pH na faixa de 5,50 a 2,30 e, o valor do pKa encontrado foi de 3,66. Este valor
implica que o composto sofre protonação, ou seja, os hidrogênios disponíveis na solução ácida
se ligam aos oxigênios presentes na molécula, através de seus elétrons livres.
Figura 83 – Gráfico de Absorbância versus pH para a banda em 326nm com representação da curva através de
dados experimentais (pontos) e dados com correções dos erros experimentais (linha)
Abs (326nm)
0.10
0.08
0.06
0.04
2
3
4
5
6
pH
Fonte: Autora (2014).
O segundo valor de pka, também relacionado ao comportamento apresentado pela banda
em 326 nm, foi calculado a partir do gráfico apresentado na Figura 84, utilizando os valores de
absorbância existentes na faixa de pH entre 5,35 a 8,65. O valor do pKa obtido foi de 6,70.
131
Figura 84 – Gráfico de Absorbância versus pH para a banda em 326nm com representação da curva através de
dados experimentais (pontos) e dados com correções dos erros experimentais (linha)
1.10
Abs (326nm)
1.05
1.00
0.95
0.90
0.85
0.80
0.75
5
7
9
pH
Fonte: Autora (2014).
Através do acompanhamento da banda em 500 nm foi possível construir o gráfico
observado na Figura 85, apresentando a relação de absorbância versus pH, e assim determinar
o valor de pka associado. O gráfico foi construído utilizando os valores de pH entre 3,0 a 11,80
e, de acordo com os cálculos matemáticos realizados, o valor do pKa obtido foi de 7,89.
132
Figura 85 - Gráfico de Absorbância versus pH para a banda em 500 nm com representação da curva através de
dados experimentais (pontos) e dados com correções dos erros experimentais (linha)
0.63
Abs (500 nm)
0.55
0.47
0.39
0.31
0.23
0.15
0.07
-0.01
2
4
6
8
10
12
pH
Fonte: Autora (2014).
O monitoramento das bandas em 326 e 500 nm geraram dois valores de pKa iguais a
6,70 e 7,89, respectivamente. Tais valores são próximos e correspondem a uma única
desprotonação, cujo pKa é determinado pela média entre eles. Entretanto, este experimento foi
realizado em duplicata e, por isso, foram determinados 4 valores de pKa referentes a estas
bandas,
obtendo a média de 7,38. Na Tabela 17 são apresentados os valores de pKa
provenientes da desprotonação, a qual ocasionou alteração nas bandas em 326 e 500 nm.
Tabela 17 – Valores de pKa determinados pelo monitoramento das bandas em 326 e 500 nm
Bandas (nm)
326
pKa
6,70
7,30
7,89
500
7,64
Média
7,38
Fonte: Autora (2014).
Esta desprotonação é referente aos quatro hidrogênios fenólicos dos grupos resorcinol.
Esse resultado está de acordo com a literatura, uma vez que os grupos resorcinol, em solução
133
alcalina, sofrem desprotonações de até quatro hidrogênios fenólicos, de maneira que os outros
quatros permanecem no composto, formando ligações de hidrogênio, estabilizando a
macromolécula (TIMMERMAN, et al., 1996). Os quatro primeiros prótons são normalmente
muito mais ácidos do que os quatro últimos, de tal forma que o valor de pKa para os primeiros
hidrogênios fenólicos é duas unidades menor do que o pKa do resorcinol, cujo valor é igual a
9,20, enquanto que os últimos quatro prótons estão tão fortemente ligados aos grupos fenol, que
não podem ser removidos nem mesmo com uma base de NaOCH3 (TIMMERMAN, et al.,
1996). Como os resorcinóis estão posicionados simetricamente, há apenas um valor de pKa para
as desprotonações dos quatro primeiros prótons. Este valor deve ser próximo a 7,20, estando de
acordo com o resultado obtido experimentalmente, com valor de pKa igual a 7,30.
A banda em 247 nm foi monitorada e o valor de pKa foi calculado a partir das variações
de suas absorbâncias. No gráfico observado na Figura 86 é apresentado uma curva de
absorbância versus pH para a banda em 247 nm. A partir deste gráfico, foi possível calcular o
pKa desta banda, obtendo-se o valor de 9,47.
Abs (247nm)
Figura 86 - Gráfico de Absorbância versus pH para a banda em 247 nm com representação da curva
através de dados experimentais (pontos) e dados com correções dos erros experimentais (linha)
1.75
1.65
1.55
1.45
1.35
1.25
1.15
1.05
0.95
0.85
0.75
6
8
10
12
pH
Fonte: Autora (2014).
O pKa de 9,47 é referente a desprotonação dos hidrogênios fenólicos dos grupos
vanilóides. Os quatro grupos vanilóides sofrem desprotonações de seus hidrogênios fenólicos
134
em solução alcalina, porém, possuem apenas um valor de pKa, por apresentarem o mesmo
ambiente químico.
Os grupos vanílicos do resvan não apresentam o aldeído em sua estrutura e, para
entender este ambiente químico, é importante conhecer as condições de desprotonação da
vanilina e de seus derivados. Na Figura 87 são apresentadas as estruturas de alguns derivados
de vanilina, os quais não possuem grupo aldeído.
Figura 87 – Estrutura de derivados da vanilina, destacando os hidrogênios fenólicos que poderão sofrer
desprotonações
Fonte: Autora (2014).
A vanilina livre sofre desprotonação do OH fenólico em meio básico, com pKa igual a
7,40, porém, derivados da vanilina sem o grupo aldeído em sua estrutura possuem valores de
pKa mais elevados, conforme é observado na Tabela 18. Ao analisar a tabela, é de se esperar
um pKa próximo a 9,0 para os grupos vanílicos do resvan, uma vez que estes não apresentam o
aldeído em suas estruturas. Tal valor está de acordo com o pKa de 9,47, obtido
experimentalmente.
135
Tabela 18 – Valores de pKa para vanilina e seus derivados
Compostos
Vanilina
pKa
7,40
p-Metilcatecol
9,39
o-metoxifenol
9,93
2-metoxi-4-metilfenol
10,27
Fonte: Ragnar (2000).
Os deslocamentos presentes nos espectros ocorrem devido às desprotonações dos quatro
hidrogênios fenólicos destes compostos. Com as desprotonações, os elétrons ficam mais
expostos, proporcionando maior densidade eletrônica nestes átomos de oxigênio. Com isso, a
transição eletrônica envolvida irá ocorrer mais facilmente, ou seja, será menos energética e,
consequentemente, a banda irá deslocar para maiores comprimentos de onda.
5.2.4 Comparativo entre os Espectros Eletrônicos dos compostos Vanilina, Resorcinol e
Resvan
A sobreposição dos espectros de absorção na região do ultravioleta e visível da vanilina,
resorcinol e do resorcinareno, obtidos em meio aquoso, é apresentada na Figura 88.
136
Figura 88 – Sobreposição dos espectros eletrônicos da vanilina, resorcinol e resorcinareno obtidos em água,
concentração 5,85. 10-5 mol L-1, 2,26. 10-5 mol L-1 e 5,45. 10-5 mol L-1, representados em verde, vermelho e preto,
respectivamente.
Fonte: Autora (2014).
Para os três espectros, pode-se observar as bandas referentes ao anel aromático com
pequenos deslocamentos devido aos grupos substituintes distintos. A banda em 309 nm presente
no espectro da vanilina com elevada absortividade molar, referente à carbonila do grupo
aldeído, não está presente no espectro do resorcinareno, indicando assim que não há vanilina
livre no ligante formado.
Na Tabela 19 são apresentados dados comparativos dos três ligantes discutidos, bem
como suas atribuições e seus coeficientes de absortividade molar.
137
Tabela 19 - Atribuições das bandas encontradas no Espectro Eletrônico da vanilina, resorcinol e resvan em meio
aquoso
Composto
Vanilina
Resorcinol
Resvan
Comprimento de
Atribuição das
Absortividade Molar
Onda (nm)
Transições Eletrônicas
(L mol-1 cm-1)
204
π → π*
1,4. 104
229
π → π*
1,4. 104
279
π → π*
1,0. 104
309
π → π*
8,9. 103
360
n → π*
5,9. 102
194
π → π*
3,6. 104
218
π → π*
4,8. 103
272
π → π*
1,8. 103
200
π → π*
1,7. 104
233
π → π*
5,9. 103
284
π → π*
3,5. 103
342
n→ π*
1,2. 102
482
n→ π*
2,0. 101
Fonte: Autora (2014).
5.2.5 Espectro Eletrônico do complexo precursor cis-[Cu(phen)Cl2]
O espectro de absorção na região do ultravioleta e visível do complexo cis[Cu(phen)Cl2], obtido em meio aquoso, apresenta seis bandas características de transições do
ligante fenantrolina (phen), localizadas em 207, 221, 271, 294, 326 e 345 nm, e ainda uma
banda d-d com máximo de absorção em 714 nm, como apresentado na Figura 89. Dentre as
bandas intraligantes da fenantrolina coordenada três se destacam por apresentarem maior
absortividade molar, 207, 221 e 271nm. As demais se apresentam na forma de ombro ou como
bandas com baixa absortividade.
As bandas em 221 e 271 nm são muito próximas dos valores obtidos na literatura (NG,
et al., 2013), a qual descreve duas bandas com máximos de absorção em 227 e 264 nm,
referentes à transições π → π* do ligante fenantrolina, e uma banda na região de 600 a 700 nm,
pertinente à transição d-d do cobre, convergindo com a banda em 714 nm presente no espectro
da Figura 89.
138
Figura 89 - Espectros Eletrônicos do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] em meio aquoso, concentração 5. 10-5 mol L-1,
obtidos (a) na região de 190 a 800 nm (b) com ampliação da região de 316 a 450 nm (c) com ampliação da
região de 525 a 892 nm
(a)
(b)
(c)
Fonte: Autora (2014).
Na Tabela 20 são apresentadas as atribuições das bandas obtidas no espectro do
complexo cis-[Cu(phen)Cl2], como também seus respectivos coeficientes de absortividade
molar.
139
Tabela 20 - Atribuição das bandas encontradas no espectro eletrônico do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] em meio
aquoso
Comprimento
de Onda (nm)
207
Atribuição das
Transições Eletrônicas
I.L. phen (π → π*)
Absortividade Molar
(L mol-1 cm-1)
4,2. 104
221
I. L. phen (π → π*)
3,7. 104
271
I. L. phen (π → π*)
4,0. 104
294
I. L. phen (π → π*)
1,2. 104
326
I. L. phen (n → π*)
1,2. 103
345
I. L. phen (n → π*)
3,0. 102
714
d-d
3,2. 101
Fonte: Autora (2014).
Neste trabalho também foi obtido o espectro eletrônico da fenantrolina livre em meio
aquoso, com a finalidade de fazer um comparativo entre as transições do ligante livre e
coordenado ao cobre (II). Tal espectro apresenta quatro bandas com máximos de absorção em
200, 227, 265 e 287 nm, referentes a transições de caráter π → π*, e ainda duas bandas em 323
e 339 nm que correspondem a transições proibidas de caráter n→ π*. Comparativamente, o
espectro do complexo precursor apresenta bandas em 207, 221, 271, 294, 326 e 345 nm,
apresentando, portanto, deslocamentos batocrômico e hipsocrômico de aproximadamente 7 nm,
devido à coordenação deste ligante ao centro metálico. As bandas que apresentam
deslocamentos batocrômicos (207, 271, 294, 326 e 345 nm), ou seja, deslocam-se para maiores
comprimentos de onda, apresentam transições eletrônicas menos energéticas, uma vez que o
orbital para onde o elétron é promovido tem menor energia. A banda em 221 nm, no entanto,
apresenta deslocamento hipsocrômico, ou seja, deslocam-se para menores comprimentos de
onda quando comparada ao espectro da fenantrolina livre. Com isso, a transição eletrônica é
mais energética, tendo em vista que os orbitais associados a esta transição têm maior energia.
A banda em 714 nm (31,6 L mol-1 cm-1) é referente à transição de elétrons de um orbital
d para outro orbital d do metal, denominada transição d-d. Esta transição eletrônica ocorre sem
alteração na paridade do orbital – transição proibida – e, por isso, possui baixa absortividade
molar.
Na Figura 90 é apresentada a sobreposição dos espectros do complexo cis[Cu(phen)Cl2] obtidos em solventes com diferentes polaridades, tais como água,
dimetilformamida (DMF), dimetilsulfóxido (DMSO), acetonitrila (CH3CN) e metanol, na
região de 190 a 800 nm, porém, o espectro obtido em DMF é apresentado na região de 265 a
140
800 nm, devido a absorção de tal solvente na região de 190 a 265 nm e, com isso, não é possível
visualizar as bandas presentes nesta região. Desta forma, as transições da phen em 207 e 221
nm (H2O) são possíveis de visualizar apenas nos solventes metanol e acetonitrila, as quais
possuem deslocamentos pouco significativos.
Figura 90 – Sobreposição dos espectros do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] em água, DMF, DMSO, acetonitrila e
metanol, representados em preto, vermelho, verde, azul e rosa, respectivamente (a) na região de 190 a 800 nm
(b) na região de 358 a 892 nm e (c) espectro em solução concentrada de DMSO na região de 345 a 550 nm.
(a)
(b)
Fonte: Autora (2014).
(c)
141
Ao comparar os espectros, observa-se que as bandas intraligantes da fenantrolina com
máximos de absorção em 271, 294, 326 e 345 nm (H2O) também estão presentes nos demais
espectros, com deslocamentos pouco significativos. A banda d-d presente nos espectros em
DMF (748 nm) e DMSO (759 nm) apresentam deslocamentos significativos quando
comparadas à transição em 714 nm, em água. No entanto, os espectros do complexo obtidos
em acetonitrila e em metanol, apresentam pequenos deslocamentos batocrômicos comparados
ao espectro em água, com máximo de absorção em 724 e 721 nm, respectivamente.
Os espectros do complexo obtidos em solventes polares apróticos, como DMF e
acetonitrila, apresentam ainda uma banda de baixa intensidade em 384 e 388 nm,
respectivamente, a qual não é vista nos espectros em meio aquoso e metanol. Em DMSO tal
banda não é bem definida, observando-se apenas um ombro na região de 390 nm e, por isso,
seu espectro foi ampliado para melhor visualizá-lo (Figura 90.c). Esta banda possui uma
absortividade molar de 144 L mol-1 cm-1 (DMF), e indica ser referente a uma transição de
transferência de carga do ligante para o metal (LMCT), dos orbitais p dos cloretos para o cobre
(II). Os cloretos são ligantes pi doadores e, por isso, os orbitais p preenchidos do ligante podem
doar elétrons para os orbitais do metal. O cobre (II), por sua vez, está deficiente em elétrons, o
que possibilita que esta transição ocorra. Tal transição eletrônica não é observada em meio
aquoso provavelmente por estar sobreposta às bandas intraligantes de maior intensidade da
fenantrolina. Entretanto, ao utilizar solventes com polaridades diferentes, observa-se o
deslocamento desta banda para regiões com maiores comprimento de onda.
Com a variação do solvente, as bandas intraligantes π → π* e as bandas d-d, cujas
transições internas ocorrem entre orbitais da própria molécula ou átomo, geralmente
apresentam deslocamentos pouco significativos, devido à pequena interação dessas transições
com o solvente. Para as bandas de transferência de carga, no entanto, é de se esperar que sofram
deslocamentos significativos, por se tratar de uma transição mais externa, que ocorre do orbital
de um átomo para outro e, com isso, tem maior interação com os solventes e, consequentemente,
obtém maiores variações na energia de transição com a mudança destes, conforme pode ser
observado na Figura 90.
Experimentalmente, a banda d-d em 714 nm (H2O) apresenta deslocamentos
significativos com a mudança de alguns solventes como DMF e DMSO. No entanto, apesar da
banda em 388 nm (DMF) possuir baixa absortividade molar, não é considerada uma banda dd, pois complexos com sistema cobre-fenantrolina não apresentam bandas d-d na região abaixo
de 400 nm, conforme observado na literatura (NG, et al., 2013).
142
Tabela 21 – Dados comparativos entre as bandas de absorção do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] utilizando água,
acetonitrila, metanol, DMF e DMSO como solventes
Solvente
Água
207
221
Comprimento de onda (nm)
271
294
326
345
Acetonitrila
205
225
272
292
326
Metanol
211
223
272
293
DMSO
*
*
271
DMF
*
*
275
-
714
343
388
724
326
345
-
721
294
327
345
384
748
295
329
345
390
759
* região não verificada, pois o DMF e DMSO absorvem nesta região.
Fonte: Autora (2014).
O acompanhamento espectrofotométrico da redução do complexo com amálgama de
zinco foi realizado com o objetivo de indicar a natureza da transição eletrônica referente à banda
em 388 nm como transferência de carga, bem como confirmar a atribuição da banda em 724
nm como uma transição d-d. A liga metálica composta por zinco e mercúrio foi inicialmente
adicionada à cubeta contendo a solução do complexo precursor em acetonitrila, em seguida, foi
realizada a leitura de sucessivos espectros eletrônicos, os quais são apresentados na Figura 91.
Devido às principais mudanças espectrais ocorrerem em regiões de comprimento de
onda próximos, os espectros foram separados em duas partes, a fim de isolar as bandas em 388
e 440 nm, e analisá-las separadamente. Pode-se observar na Figura 91.a que após a redução do
metal de Cu2+ para Cu+ a banda atribuída à transição LMCT não é mais observada. Tal
constatação está relacionada ao fato da redução do cobre em um elétron, que leva a um
enriquecimento eletrônico do centro metálico, impossibilitando, portanto, a doação de
densidade eletrônica  dos cloretos para o metal, o qual se refere à transição LMCT. Outra
alteração relevante observada é o desaparecimento da banda d-d, uma vez que o subnível d do
cobre no estado de oxidação I está completamente preenchido, impossibilitando a ocorrência
de transição eletrônica entre os orbitais d do metal.
Após a redução do metal, o surgimento de uma nova banda em 440 nm pode ser também
observada, como apresentado na Figura 91.b, que corresponde a uma transição de transferência
de carga do metal para o ligante (MLCT), do Cu2+ para os orbitais * da fenantrolina.
Tais comportamentos estão de acordo com o perfil espectral esperado após a redução
do complexo precursor, confirmando a transição d-d e indicando a transição LMCT,
inicialmente atribuídas a estas bandas.
143
Figura 91 – (a) Sobreposição dos espectros do complexo precursor sob redução do centro metálico (b) com
ênfase à banda LMCT e (c) ênfase à banda MLCT
Absorbância
0,15
0,10
0,05
0,00
400
500
600
700
800
900
Comprimento de onda (nm)
(a)
(c)
(b)
Fonte: Autora (2014).
Com o objetivo de visualizar com maior precisão as alterações espectrais que ocorrem
após a redução do complexo, é apresentado na Figura 92 a sobreposição dos espectros do
complexo cis-[Cu(phen)Cl2] em acetonitrila, obtidos antes de iniciar o acompanhamento da
redução do complexo, e após sua redução com amálgama de zinco.
144
Figura 92 – Sobreposição dos espectros do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] em acetonitrila obtidos antes da redução
do metal (preto) e após a redução do metal (vermelho)
0,20
Absorbância
0,15
0,10
0,05
0,00
400
500
600
700
800
900
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
5.2.6 Espectro Eletrônico do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl
O espectro do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl, obtido em meio aquoso, com
concentração 1,5.10-5 mol L-1, Figura 93, possui oito bandas nas regiões de 204, 225, 273, 294,
312, 345, 469 e 665 nm, as quais serão discutidas a seguir.
145
1,0
204
Figura 93 - Espectro Eletrônico do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl obtido em meio aquoso, concentração 1,5.
10-5 mol L-1
0,06
273
665 nm
469 nm
Absorbância
0,04
0,6
0,02
0,4
312
Absorbância
225
0,8
0,00
600
800
Comprimento de onda (nm)
345
0,2
0,0
200
300
400
500
600
700
800
900
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Tabela 22 - Atribuição das bandas encontradas no espectro eletrônico do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl em
meio aquoso
Comprimento de
Onda (nm)
204
Atribuição das Transições
Eletrônicas
I.L. phen (π → π*)
Absortividade Molar
(L mol-1 cm-1)
6,4. 104
225
I.L. phen (π → π*)
4,5. 104
273
I.L. phen (π → π*)
4,1. 104
294
I.L. phen (π → π*)
2,1. 104
312
I.L. vanilina (π → π*)
1,6. 104
345
LMCT ( van → Cu2+)
7,3. 103
469
LLCT ( van → * phen)
5,1. 101
665
d-d
3,8. 101
Fonte: Autora (2014).
146
O espectro do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl, obtido em meio aquoso apresenta
quatro bandas intraligantes da fenantrolina, referentes a transições π → π*, em 205, 226, 273 e
294 nm. O espectro apresenta ainda uma banda (ombro) intraligante da vanilina, transição π →
π*, em 312 nm. No espectro da vanilina não coordenada (Figura 67), esta banda está presente
em 309 nm, o que significa a ocorrência de um pequeno deslocamento de 3 nm após a
coordenação da vanilina ao centro metálico.
O espectro da Figura 93 possui ainda uma banda em 345 nm referente à transferência
de carga do orbital  do ligante vanilina para o Cu2+ (LMCT). Esta banda também está de acordo
com os dados obtidos na literatura para complexos similares de cobre com vanilina na esfera
de coordenação (KOZLEVCAR, et al., 2005; KOZLEVCAR, et al., 2008), em 330 e 350 nm,
para os solventes acetonitrila e água, respectivamente, sendo atribuída à transição LMCT, do
orbital  da vanilina para o Cu2+. Os dados da literatura indicam, através da difração de raio-X,
que a vanilina está coordenada ao centro metálico de forma bidentada, através dos átomos de
oxigênio dos grupos fenólico e metóxi, os quais doam densidade eletrônica para o metal, Cu2+,
que está deficiente em elétrons, de modo a suprir esta deficiência.
Na Figura 94 é apresentada a sobreposição dos espectros do complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl obtidos a partir da redução do centro metálico com amálgama de zinco em
acetonitrila. Nestes espectros, observa-se que a banda em 345 nm sofre grandes reduções de
sua absorbância, até desaparecer por completo. Isto evidencia a atribuição desta banda como
referente a uma transição LMCT, uma vez que, quando o metal está como Cu(I), não tem mais
orbitais d disponíveis para receber densidade eletrônica do ligante. Assim, transições LMCT
não são mais permitidas e, por isso, tal banda não aparece mais no espectro. Por outro lado, a
fenantrolina, que apresenta característica de ligante  receptor, pode agora receber densidade
eletrônica do Cu(I), o que é evidenciado pelo surgimento de uma nova banda em 450 nm,
referente à transição de transferência de carga MLCT do Cu(I) para os orbitais π* do ligante
fenantrolina.
147
Figura 94 – Acompanhamento da redução do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl com amálgama de zinco em
acetonitrila nas regiões de (a) 190 a 900 nm (b) 190 a 400 nm e (c) 400 a 600 nm.
2,5
Absorbância
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
200
400
600
800
Comprimento de onda (nm)
(a)
(c)
(b)
Fonte: Autora (2014).
Os primeiros estudos sobre síntese e caracterização espectroscópica de complexos de
cobre contendo simultaneamente ligantes bidentados nitrogenados e ligantes catecolados na
esfera de coordenação foram realizados por pesquisadores, como Brown, a partir de 1976. Estes
autores observaram que o espectro eletrônico destes compostos apresentavam particularmente
uma banda com máxima absorção localizada normalmente na região compreendida entre 420 a
540 nm. Entretanto, nenhuma referência era realizada em relação à atribuição desta transição
eletrônica. Por volta de 1980, Brown atribuiu esta banda como referente à transferência de carga
do metal para o ligante catecolado. Entretanto, tal atribuição não seria coerente, conforme
148
destacado por Roland Benedix, uma vez que o Cu(II), por estar deficiente em elétrons, não
poderia doar densidade eletrônica para o ligante na região de comprimento de onda observado
(BENEDIX; VOGLER, 1993).
Adicionalmente, foi observado através de vários estudos desses sistemas que a presença
desta banda (420 a 540 nm) esta diretamente relacionada à presença dos ligantes catecolato e
diimina na esfera de coordenação do metal, sendo, portanto atribuída por Roland Benedix, como
transição referente à transferência de carga envolvendo estas duas classes de ligantes, assim,
uma banda de transferência de carga ligante-ligante, LLCT (BENEDIX; VOGLER, 1993).
Assim, a banda (ombro) em 469 nm presente no espectro do complexo em análise,
Figura 94, é característica da transferência de carga interligante, da vanilina para a fenantrolina,
bem como descrito na literatura (BENEDIX; VOGLER, 1993).
Na Tabela 23 são apresentados exemplos de complexos de cobre com geometria
quadrado-planar contendo ligantes fenantrolina e catecolados, bem como suas respectivas
bandas referentes à transição de transferência de carga interligante.
Tabela 23 - Dados comparativos entre os comprimentos de onda referentes à transição LLCT
cis-[Cu(phen)(van)]Cl
Comprimento
de onda (nm)
469
Presente trabalhob
cis-[Cu(phen)(dopamine)](CH3COO)
450
Emanuel, 1987a.
cis-[Cu(phen)(cat)]
470
Emanuel, 1987.
cis- [Cu(phen)(2,3dihydroxynaphthalene)]
495
Emanuel, 1987.
Complexos
a
Referências
Espectros obtidos em água e dioxano (1:1, v/v) bEspectro obtido em água.
Fonte: Autora (2014).
Ao analisar a tabela acima, observa-se que, os diferentes tipos de ligantes catecolados
geram deslocamentos na banda de transferência de carga dos complexos. Os ligantes dopamina,
vanilina, catecol e 2,3-dihidroxinaftaleno, respectivamente, causam aumento do comprimento
de onda da banda LLCT. Com isso, pode-se determinar o caráter doador dos ligantes, uma vez
que, quanto maior o comprimento de onda, menor a energia necessária para ocorrer à transição
e, portanto, mais facilmente ocorre a transição eletrônica do ligante catecolado para a
fenantrolina.
A banda de menor absortividade molar presente no espectro do complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl está localizada em 665 nm, sendo característica da transição d-d do
cobre(II).
149
Quando se promove a redução do centro metálico do cis-[Cu(phen)(van)]Cl com
amálgama de zinco, as bandas que aparecem em 469 e 665 nm, discutidas anteriormente,
desaparecem do espectro eletrônico, conforme pode ser visto na Figura 95.
A banda em 469 nm corresponde a uma transição LLCT, da vanilina para a fenantrolina.
Neste caso, a redução do centro metálico pela amálgama de zinco, pode influenciar na
diminuição de intensidade desta banda.
A banda d-d não é mais observada uma vez que, o centro metálico Cu (I) possui seus
orbitais d de valência completamente preenchidos e, com isso, impossibilita a ocorrência de
transição eletrônica entre estes orbitais.
Figura 95 - Sobreposição dos espectros do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl, em acetonitrila, sob redução do
amálgama de zinco
Absorbância
0,09
0,00
400
600
800
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Na Figura 96 é apresentada a sobreposição dos espectros eletrônicos do ligante vanilina
e do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl, obtidos a partir da redução com amálgama de zinco, em
acetonitrila.
150
Figura 96 – Sobreposição dos espectros eletrônicos da vanilina (preto) e do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl
(vermelho) após redução com amálgama de zinco
2,0
Absorbância
1,5
1,0
0,5
0,0
200
400
600
800
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
A vanilina, assim como o complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl, sofre redução ao reagir com
amálgama de zinco. Por isso, é importante destacar que a redução do complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl com amálgama de zinco é centrada apenas no metal, Cu2+, uma vez que, as
bandas referentes à vanilina reduzida em 248 e 347 nm não estão presentes no espectro do
complexo reduzido. As outras bandas da vanilina em 206 e 290 nm não podem ser observadas
no espectro do composto cis-[Cu(phen)(van)]Cl devido à sobreposição das bandas intensas da
fenantrolina, presentes na mesma região.
A sobreposição dos espectros do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl em diferentes
solventes, como água, metanol, DMF e acetonitrila é apresentada na Figura 97.
151
Figura 97 – Sobreposição dos espectros do complexo cis- [Cu(phen)(van)]Cl em água (preto), metanol
(vermelho), DMF (verde) e acetonitrila (azul)
2,5
2,5
2,0
Absorbância
Absorbância
2,0
1,5
1,5
1,0
0,5
1,0
0,0
200
250
300
350
400
450
Comprimento de onda (nm)
0,5
0,0
200
300
400
500
600
700
800
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
As bandas do complexo apresentaram alguns deslocamentos com a mudança dos
solventes, devido aos diferentes tipos de interações que eles possuem. O espectro obtido em
acetonitrila apresenta as bandas e ombros intraligantes da fenantrolina em 206, 229, 272 e 294
nm bem definidos, bem como um crescente aumento da absortividade molar da banda de
transferência de carga dos orbitais π da vanilina para o Cu2+, LMCT.
A banda LLCT possui deslocamentos significativos com a mudança dos solventes,
como pode ser observado na Tabela 24. Por se tratar de uma transição externa, a mudança de
polaridade no meio influencia nesta transição, havendo variações energéticas. Ao comparar
com a banda LMCT, vemos que a transição interligante ainda possui maiores deslocamentos
do comprimento de onda, indicando maior vulnerabilidade à mudança dos solventes.
152
As bandas d-d também sofrem pequenos deslocamentos e apresentam duas transições
nos solventes DMF, metanol, e acetonitrila, quando comparados à água, conforme apresentado
na Figura 98.
Figura 98– Espectros do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl em água (preto), metanol (vermelho), DMF (verde) e
Acetonitrila (azul)
0,04
0,2
Absorbância
Absorbância
0,03
0,02
0,01
0,1
0,00
0,0
600
800
500
Comprimento de onda (nm)
600
700
800
900
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Na Tabela 24 são apresentadas as bandas de absorção do complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl obtido em diferentes solventes.
Tabela 24 – Dados comparativos entre as bandas de absorção do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl quando
utilizado água, DMF, metanol e acetonitrila como solventes
Água
205
226
273
294
312
LMCT
π*(van) →
dπ Cu2+
345
DMF
*
*
274
294
305
Metanol
208
229
273
294
Acetonitrila
206
229
272
294
π → π*
(van)
π → π* (phen)
Solvente
LLCT
d-d
469
665
-
360
487
650
793
308
343
469
665
778
-
341
486
650
793
* região não verificada, pois o DMF absorve nesta região.
Fonte: Autora (2014).
Os complexos cis-[Cu(phen)Cl2] e cis-[Cu(phen)(van)]Cl possuem o ligante
fenantrolina em comum. Este ligante possui bandas bastante intensas na região do ultravioleta,
e estas estão presentes nos espectros de seus complexos, com pequenos deslocamentos após se
coordenarem ao metal. Complexos do sistema cobre-fenantrolina, também apresentam bandas
153
d-d características na região de 600 a 800 nm, conforme é observado nos complexos de cobre
com o ligante phen obtidos na literatura.
Na Tabela 25 são apresentas as bandas intraligantes da phen, bem como as bandas d-d
de alguns complexos obtidos na literatura que apresentam o cobre como centro metálico e o
ligante fenantrolina em suas estruturas.
Tabela 25 – Dados comparativos das transições eletrônicas presentes nos complexos de cobre-phen obtidos na
literatura
Complexos
λ (nm)
phen π → π*
Geometria
Referência
d-d
phen
227
264
-
-
Ng, C. H., et
al., 2013
Cis-[Cu(phen)Cl2]
221
271
714
Quadrado
planar
Presente
trabalho
cis-[Cu(phen)(van)]Cl
225
273
665
-
269
550
-
268
540
[Cu(qui)(phen)]NO3.H2O
-
-
608
[Cu(Me-bzac)(phen)](Me-bzac)
-
-
684
e
-
-
724
Quadrado
planar
Quadrado
planar
Quadrado
planar
Quadrado
planar
Quadrado
planar
Quadrado
planar
-
-
772
Octaédrico
-
-
684
Octaédrico
-
-
716
Octaédrico
[Cu(L-valine)(phen)H2O]ClO4
224
271
624
[Cu(phen)(threo)(H2O)]NO3.H2O
224
272
613
-
267
683
Presente
trabalho
Reddy,P.R. et
al., 2012
Reddy,P.R. et
al., 2012
Buchtik, R. et
al., 2011
Omoregie, O.
et al., 2010
Omoregie, O.
et al., 2010
Assaf, A.Y. et
al., 2008
Veitía, M.S. et
al., 2009
Agwara M. O.
et al.,2010
Zhou, X. H., et
al., 2005
Ng, C. H., et
al., 2013
Ramakrishnan,
S. et al., 2005
a
c
c
b
[Cu(boc(tos)-his-trp-ome)(phen)]
(ClO4)2
b
[Cu(boc(tos)-his-tyr-ome)(phen)]
(ClO4)2
d
e
[Cu(Et-bzac)(phen)](Et-bzac)
d
[Cu(α-naph.dtc)2phen]
e
[Cu(Valp)2(phen)]
c
trans[Cu(bpy)(phen)(H2O)2]Cl2.2H2O
c
b
a
a
[Cu(dipica)(phen)]2+
Piramidal
quadrada
Piramidal
quadrada
Piramidal
trigonal
Acetonitrila bagua:metanol cágua dDMF emetanol
Fonte: Autora (2014).
De acordo com os dados da literatura descritos na tabela acima, a fenantrolina livre
apresenta duas bandas em 227 e 264 nm. Após se coordenar ao Cu(II), a phen desloca a banda
154
de 227 nm para menores comprimentos de onda, enquanto que a banda em 264 nm é deslocada
para maiores comprimentos de onda. Estes deslocamentos ocorrem em todos os complexos de
cobre apresentados, independente dos solventes apresentados.
As bandas d-d apresentam deslocamentos significativos entre os complexos de cobre
quadrado planar, variando entre 540 a 724 nm. Os novos complexos sintetizados neste trabalho
estão de acordo com os dados obtidos na literatura, dentro da faixa apresentada.
A camada de valência para o Cu2+ apresenta configuração eletrônica d9 e, portanto,
possui apenas um elétron desemparelhado no subnível d. Como os complexos sintetizados neste
trabalho possivelmente possuem geometria quadrado planar, a presença de um orbital d ainda
não completamente preenchido pode originar três transições eletrônicas d-d, podendo assim ser
esperada a presença de três bandas d-d no espectro eletrônico do complexo. Nos espectros dos
complexos de cobre-fenantrolina, porém, normalmente observa-se apenas uma transição d-d.
As outras duas bandas podem estar em uma região com comprimento de onda superior a 1000
nm ou ainda sobreposta a outras bandas com maiores intensidades no espectro. No entanto, para
o complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl observa-se duas transições d-d em solventes como
acetonitrila, metanol e DMF, enquanto que em água, evidencia-se apenas uma transição. É
importante destacar a influência que a mudança de solventes com diferentes polaridades possui
sobre as transições d-d neste complexo citado.
O desdobramento do campo cristalino para compostos com geometria quadrado planar,
para complexos metálicos Cu2+, é apresentado na Figura 99.
Figura 99- Desdobramento do campo cristalino para um complexo de Cu2+ com geometria quadrado planar
Fonte: Autora (2014).
155
5.2.7 Espectro Eletrônico do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]
O espectro de absorção na região do ultravioleta e visível do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)] obtido em água, Figura 100, apresenta seis bandas intraligantes da
fenantrolina em 203, 221, 272, 294, 320 e 350 nm.
221 nm
1,0
203 nm
Figura 100 - Espectro Eletrônico do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)] obtido em meio aquoso, concentração 5.
10-5 mol L-1
272 nm
0,6
294 nm
Absorbância
0,8
0,4
0,2
200
300
400
500
600
700
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
800
900
156
Tabela 26 - Atribuição das bandas encontradas no espectro eletrônico do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)] em
meio aquoso
Comprimento de
Onda (nm)
203
Atribuição das Transições
Eletrônicas
I.L. phen (π → π*)
Absortividade
Molar (L mol-1 cm-1)
1,4. 104
221
I.L. phen (π → π*)
2,8. 103
272
I.L. phen (π → π*)
2,2. 103
294
I.L. phen (π → π*)
1,1. 103
320
I.L. phen (n → π*)
9,8. 102
350
-
3,6. 102
Fonte: Autora (2014).
Na Figura 101 é apresentada a sobreposição dos espectros eletrônicos obtidos em água
para os compostos resorcinareno, complexo precursor cis-[Cu(phen)Cl2] e para o complexo
[(Cu(phen))4(resvan)].
Figura 101 – Sobreposição dos espectros eletrônicos do resorcinareno, cis-[Cu(phen)Cl2] e
[(Cu(phen))4(resvan)], obtidos em meio aquoso, representados em preto, vermelho e verde, respectivamente.
0,10
1,0
0,08
714 nm
Absorbância
0,06
0,8
0,04
Absorbância
0,02
0,6
0,00
400
500
600
700
800
900
Comprimento de onda (nm)
0,4
0,2
0,0
200
400
600
800
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Ao analisar a Figura 101, observa-se que o espectro do resvan não coordenado apresenta
uma banda na região de 200 nm, enquanto que o complexo percussor cis-[Cu(phen)Cl2]
157
apresenta uma banda intraligante referente à fenantrolina em 207 nm. O complexo
[(Cu(phen))4(resvan)], por sua vez, apresenta uma banda com absorção máxima em 203 nm,
coincidindo com as bandas do resorcinareno e da fenantrolina, de forma que não é possível
determinar qual o ligante que esta transição se refere, ou ainda, se as duas transições
intraligantes estão presentes, porém sobrepostas. Neste ultimo caso, o ligante phen possui
absortividade molar maior do que a macromolécula, logo, ocorrerá a sobreposição da transição
do resvan pela fenantrolina. Ao analisar o intenso valor da absortividade molar desta banda,
1,4. 104 L mol-1 cm-1, pode-se indica-la como referente à transição intraligante da fenantrolina.
Analisando os espectros dos complexos cis-[Cu(phen)Cl2] e [(Cu(phen))4(resvan)],
verifica-se a presença de três bandas intraligantes da fenantrolina com transição π → π*, nas
regiões de 221, 272 e 294 nm para ambos, sem variação no que se refere ao comprimento de
onda. Porém, as transições que ocorrem no complexo tetranuclear possuem menores
coeficientes de absortividade molar, quando comparado aos valores obtidos para o complexo
precursor, indicando menor permissividade para as transições π → π*, provocada pela
substituição dos cloretos na esfera de coordenação pelo ligante resvan.
O ligante resvan possui uma banda intraligante em 285 nm, porém, esta não é observada
no complexo em questão, provavelmente devido à sobreposição da banda intraligante da
fenantrolina, que tem maior intensidade, presente na região próxima a esta banda, em 294 nm.
O complexo [(Cu(phen))4(resvan)] apresenta ainda duas bandas intraligantes (ombros)
em 320 e 350 nm. Tais bandas estão presentes na fenantrolina, porém, o ligante resvan também
possui uma banda de pequena intensidade próxima a 350 nm. Neste caso, não se pode
determinar o ligante responsável pela transição em 350 nm. Estas bandas possuem intensidades
muito pequenas, por serem transições proibidas de natureza n → π*.
Na sobreposição dos espectros referentes ao complexo [(Cu(phen))4(resvan)], obtidos
em solventes como água e DMF, Figura 102, observa-se deslocamentos apresentados em
algumas bandas devido as diferentes interações dos solvente, além disso, verifica-se novas
bandas as quais não são visíveis em água.
158
Figura 102 – Sobreposição dos espectros do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)] em meio aquoso (preto) e DMF
(vermelho)
0,8
0,7
Absorbância
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
300
400
500
600
700
800
900
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
O espectro do complexo em DMF apresenta três bandas intensas em 271, 293 e 324 nm,
que correspondem a transições intraligantes da fenantrolina. A banda em 350 nm presente no
complexo obtido em água é deslocada para 400 nm em DMF. Comparativamente, a banda
intraligante da fenantrolina presente no complexo precursor em 343 nm, não possui
deslocamentos significativos com a mudança de solventes, o que indica que esta transição
intraligante que ocorre no complexo [(Cu(phen))4(resvan)] é referente ao ligante resvan, que
também possui uma banda de transição proibida nesta região. Esta banda apresenta
deslocamento para maiores comprimentos de onda, quando comparada com o ligante livre, que
apresenta transição em 353 nm.
A banda em 525 nm pode ser referente à transição intraligante do resvan, que ocorre
próximo a 482 nm no ligante livre, ou referente à transição LLCT, presente em ligantes
catecolados, como a vanilina, e a fenantrolina, que ocorre próximo a 470 nm.
O espectro apresenta ainda uma banda de baixa intensidade em 640 nm, que corresponde
a uma transição d-d. Esta transição ocorre entre os orbitais d do metal e, por não haver variação
da paridade dos termos, é uma banda proibida por Laporte, como apresentado na Figura 103.
159
Figura 103 – Ampliação do espectro do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)] em DMF
525 nm
0,14
0,12
0,08
0,06
690 nm
Absorbância
0,10
0,04
0,02
0,00
600
800
1000
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Na Tabela 27 são apresentadas as bandas do complexo [(Cu(phen))4(resvan)] obtidas
nos solventes água e DMF.
Tabela 27 – Dados comparativos entre as bandas de absorção do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)] utilizando
água e DMF como solventes
Solvente
Água
203
221
DMF
*
*
Comprimento de onda (nm)
271
294
320
350
271
293
324
400
-
-
525
690
Fonte: Autora (2014).
5.2.8 Espectro Eletrônico do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
O espectro do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 sintetizado através do método
desenvolvido neste trabalho, Figura 104, apresenta quatro bandas intraligantes da fenantrolina,
referentes a transições π → π*, em 204, 222, 272 e 294 nm, indicando a presença deste ligante
160
na esfera de coordenação do complexo sintetizado. As duas bandas intraligantes proibidas da
fenantrolina, referentes às transições n → π*, apresentam-se em 326 e 344 nm, com baixa
intensidade. O espectro obtido em meio aquoso não apresenta a banda de transferência de carga
do ligante vanilina para o metal, em 345 nm, observada no complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl,
evidenciando a importância do grupo aldeído para que esta transição ocorra.
No espectro do complexo tetranuclear, é apresentada uma banda em 475 nm, referente
à transferência de carga ligante-ligante (LLCT). Pode-se observar que, mesmo com a formação
do ligante resvan, a banda interligante persiste no espectro com pequeno deslocamento, uma
vez que a interação phen-Metal-catecol ainda está presente na estrutura do complexo. Esta
banda indica a presença do ligante catecolato coordenado ao metal.
A banda de menor intensidade no espectro corresponde à banda d-d do metal, como
pode ser observado na Figura 104, em 691 nm. Isto implica que o metal continua presente no
complexo formado.
161
Figura 104 - Espectro Eletrônico do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4 obtido em meio aquoso,
4,68. 10-6 mol L-1
1,0
Absorbância
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
200
400
600
800
1000
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Na Tabela 28 são apresentadas as tentativas de atribuições das bandas obtidas no
espectro do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, como também seus respectivos coeficientes de
absortividade molar.
162
Tabela 28 - Atribuição das bandas encontradas no espectro eletrônico do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4 em
meio aquoso
Comprimento
de Onda (nm)
204
Atribuição das Transições
Eletrônicas
π → π* (phen)
Absortividade
Molar (L mol-1 cm-1)
2,1. 105
222
π → π* (phen)
1,6. 105
272
π → π* (phen)
1,5. 105
294
π → π* (phen)
4,9. 104
326
n → π* (phen)
4,7. 103
344
n → π* (phen)
1,4. 103
475
LLCT ( van → * phen)
2,4. 102
691
d-d
1,5. 102
Fonte: Autora (2014).
Na Figura 105 é apresentada a sobreposição dos espectros do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 obtidos nos solventes água e metanol.
Figura 105 – Sobreposição dos espectros do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4 em meio aquoso (preto) e
metanol (vermelho)
1,0
Absorbância
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
200
400
600
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
800
163
As bandas intraligantes da fenantrolina apresentam alguns deslocamentos pouco
significativos quanto aos comprimentos de onda, devido à diferença de interações
intramoleculares entre os solventes apresentados. Em metanol, o espectro apresenta bandas
intraligantes da fenantrolina em 210, 224, 272 e 294 nm, bem como as bandas proibidas do
ligante phen em 328 e 346 nm, conforme descrito na Tabela 29.
Tabela 29 – Dados comparativos entre as bandas de absorção do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4 quando
utilizado água e metanol como solventes
Solvente
Água
204
222
Metanol
210
224
Comprimento de onda (nm)
272
294
326
344
272
294
328
346
475
691
-
-
Fonte: Autora (2014).
5.2.8.1 Comparativo entre os espectros eletrônicos dos complexos cis-[Cu(phen)(van)]Cl,
[(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
A
sobreposição
dos
espectros
dos
complexos
[(Cu(phen))4(resvan)],
cis-
[Cu(phen)(van)]Cl e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 obtidos em água é apresentada na Figura 106.
164
Figura 106 - Sobreposição dos espectros do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4 (preto), [(Cu(phen))4(resvan)]
(vermelho) e cis-[Cu(phen)(van)]Cl (verde) obtidos em água
0,12
1,0
0,10
Absorbância
0,08
0,8
0,06
0,04
Absorbância
0,02
0,6
0,00
600
800
Comprimento de onda (nm)
0,4
0,2
0,0
200
400
600
800
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Os três espectros apresentam as bandas intraligantes da fenantrolina. Além destas
bandas, o complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl possui uma banda em 312 nm, referente à transição
intraligante da vanilina, e uma banda de transferência de carga do ligante vanilina para o centro
metálico Cu2+, LMCT, na região de 345 nm, sobreposta à banda de baixa intensidade da
fenantrolina, também presente nesta região. Esta transição LMCT não ocorre nos demais
compostos de coordenação, indicando que não há vanilina livre no complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4.
A banda de transferência de carga interligante próxima a 470 nm aparece nos espectros
dos
complexos
cis-[Cu(phen)(van)]Cl
e
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4,
com
pequenos
deslocamentos energéticos, devido a mudança da estrutura do ligante, porém, como o metal se
mantém coordenado via oxigênios dos grupos hidróxi e metóxi para os dois complexos, a banda
permanece em ambos os espectros. O complexo [(Cu(phen))4(resvan)], não apresenta esta
165
banda de transferência de carga, mas sim uma banda intraligante do resvan, localizada em uma
região próxima a 500 nm, como descrita na caracterização deste complexo. Isto indica que, o
centro metálico provavelmente não está coordenado via vanilina, ou ainda, as duas bandas estão
sobrepostas e, assim, não há como definir qual transição ocorre nesta região.
5.2.8.2 Estudo da acidez do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
O estudo da influência do pH para o complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 é de grande
importância, uma vez que, se os centros metálicos estão coordenados via vanilinas, não haverão
desprotonações de seus hidrogênios fenólicos em meio básico. Portanto, espera-se apenas a
desprotonação dos resorcinóis, que permanecem disponíveis no complexo.
Na Figura 107, é apresentada a sobreposição de espectros do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 obtidos em diferentes faixas de pH, com variação de 10,25 a 2,85.
Figura 107 – Sobreposição dos espectros do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4 com variação de pH na região
de 318 a 415 nm
0,45
0,40
pH 10,25
pH 9,49
pH 9,00
pH 7,85
pH 7,60
pH 7,35
pH 7,04
pH 6,50
pH 5,85
pH 2,85
0,35
Absorbância
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
325
350
375
400
425
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
A fenantrolina possui bandas de baixa intensidade nas regiões de 326 e 345 nm. O
ligante resvan, por sua vez, também apresenta uma banda na região de 326 nm, pouco definida,
mas que aumenta de intensidade em meio básico. Neste caso, a variação da intensidade da banda
166
em 326 nm poderia ser atribuída a ambos os ligantes, phen e/ou resvan. Nesta região ocorrem
variações na intensidade da banda, de forma que, para os valores de pH entre 4,35 a 7,6, a
intensidade da banda em 326 nm aumenta, enquanto que, para os valores de 7,85 a 10,25, a
intensidade diminui. Nos valores de pH abaixo de 4,35, a banda permanece com intensidade
constante. Comparativamente, a banda em 345 nm também apresenta alterações em sua
intensidade, e esta é atribuída apenas a transição intraligante da fenantrolina. Sendo assim, não
há como determinar o pKa do resvan em 326 nm, uma vez que pode haver interferência das
duas transições.
As bandas referentes à fenantrolina apresentam pequenas variações em suas
intensidades, com comportamentos semelhantes à transição em 326 nm, e podem ser atribuídas
à influência do solvente, cujo ambiente químico se altera em cada faixa de pH, com mais/menos
moléculas de hidroxilas, fazendo com que as intensidades das transições sofram pequenas
alterações.
À medida que aumentam os valores do pH da solução do complexo, observa-se
variações significativas na banda d-d: A partir do pH 7,0, aproximadamente, a banda d-d do
complexo observada em 695 nm apresenta um deslocamento de 90 nm para menores
comprimentos de onda, bem como um aumento em sua absortividade molar. Na Figura 108 são
apresentadas as sobreposições dos espectros na região de 420 a 900 nm, de modo a melhor
observar esta variação. Esse comportamento foi observado não apenas neste composto, mas em
todos os complexos de cobre fenantrolina estudados neste trabalho.
Figura 108 – Sobreposição dos espectros do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4 com variação de pH na região
de 420 a 900 nm
0,02
605
0,01
695
Absorbância
0,03
0,00
500
600
700
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
800
900
167
5.2.9 Determinação da proporção do metal dos complexos cis-[Cu(phen)(van)]Cl e
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
A espectroscopia eletrônica na região do Ultravioleta e Visível pode ser utilizada para
quantificar metais presentes em determinadas estruturas, a partir dos valores da absortividade
molar correspondente à banda d-d do metal.
A síntese do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 foi realizada a partir da proporção
molar metal/resvan 4:1, o que indica a presença de quatro centros metálicos em sua estrutura.
O complexo precursor cis-[Cu(phen)(van)]Cl, utilizado na formação do complexo tetranuclear,
possui apenas um átomo (ou íon) do metal em sua estrutura.
Os complexos [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 e cis-[Cu(phen)(van)]Cl devem então
apresentar valores de absortividade molar proporcional à quantidade de metais presente em
cada composto, ou seja, as bandas d-d dos complexos citados devem apresentar absorção com
proporção de 4 para 1, respectivamente, considerando que o ambiente químico de cada metal
nos complexos [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 e cis-[Cu(phen)(van)]Cl são semelhantes.
Tendo em vista este comportamento, foram obtidos espectros dos complexos
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 e cis-[Cu(phen)(van)]Cl, a partir de soluções com concentrações
definidas. Este processo foi realizado com quatro soluções de concentrações distintas para cada
complexo, visando obter resultados com maior precisão.
Na Tabela 30 são apresentados os valores de absorbâncias das bandas d-d em 665 e 691
nm, para os complexos cis-[Cu(phen)(van)]Cl e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, respectivamente,
bem como os valores das concentrações de suas soluções.
168
Tabela 30 – Valores de absorbâncias das bandas em 665 e 691 nm para os compostos cis-[Cu(phen)(van)]Cl e
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, respectivamente, em diferentes concentrações
Concentração (mol.L-1)
Absorbância
1,0. 10-4
0,0044
cis-[Cu(phen)(van)]Cl
3,3. 10-4
0,0107
665 nm
4,0. 10-4
0,0148
5,0. 10-4
0,0163
1,0. 10-4
0,0148
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
2,0. 10-4
0,0213
691 nm
4,0. 10-4
0,0523
5,0. 10-4
0,0626
Complexos
Fonte: Autora (2014).
Os valores escritos na tabela acima foram dispostos em gráficos, a fim de obter o
coeficiente de absortividade molar de cada complexo, a partir das cinco soluções preparadas
para cada composto sintetizado.
O gráfico de concentração versus absorbância do composto cis-[Cu(phen)(van)]Cl é
apresentado na Figura 109.
Figura 109 – Gráfico de concentração versus absorbância para o composto cis-[Cu(phen)(van)]Cl
0,018
0,016
Absorbância
0,014
0,012
R=0,987
0,010
Y = A + B*X
0,008
A=0,00127
B=30,91434
0,006
0,004
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
-1
Concentração (mol.L )
Fonte: Autora (2014).
0,0005
169
O gráfico da Figura 109 possui linearidade, com R equivalente a 0,987 e, o coeficiente
de absortividade molar obtido para este composto é de 30,91 L mol-1 cm-1.
Na Figura 110 é apresentado o gráfico de concentração versus absorbância para o
composto [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4.
Figura 110 – Gráfico Concentração versus Absorbância do composto [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4
0,07
Absorbância
0,06
0,05
0,04
R=0,993
Y= A + B*X
0,03
A=-0,00023
B= 126,6
0,02
0,01
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
-1
Concentração (mol.L )
Fonte: Autora (2014).
Avaliando a Figura 110, verifica-se ainda o coeficiente de linearidade igual a 0,993 e, o
coeficiente de absortividade molar obtido para este composto, representado por B, o qual
corresponde a 126,6 L mol-1 cm-1.
De acordo com os dados experimentais e, a partir dos coeficientes de absortividade
molar encontrados para os complexos [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 e cis-[Cu(phen)(van)]Cl, a
proporção molar obtida entre eles é de 4,09 : 1,00. Esta proporção indica a estrutura do
composto formado como sendo tetranuclear.
Na Figura 111 é apresentada a sobreposição das bandas d-d dos complexos
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 e cis-[Cu(phen)(van)]Cl, ambos com concentração 5. 10-4 mol L-1.
170
Figura 111 – Sobreposição dos espectros dos complexos cis-[Cu(phen)(van)]Cl (preto) e
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 obtidos em meio aquoso, 5. 10-4 mol L-1
0,10
Absorbância
0,08
0,06
0,04
0,02
0,00
600
800
Comprimento de onda (nm)
Fonte: Autora (2014).
Na figura, destaca-se a diferença na intensidade da banda d-d dos complexos
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 e cis-[Cu(phen)(van)]Cl, evidenciando a diferença da quantidade de
metais presentes nos compostos discutidos.
O complexo [(Cu(phen))4(resvan)], obtido pelo método usual de síntese, não é
completamente solúvel em solventes como água, metanol, DMF, bem como outros solventes
com polaridades semelhantes a estes, desta forma, não é possível determinar as absortividades
molar de suas bandas com precisão. Logo, não é possível conduzir este experimento para o
composto de coordenação [(Cu(phen))4(resvan)].
171
5.3 RESSONÂNCIA PARAMAGNÉTICA DE ELÉTRONS (EPR)
A espectroscopia de ressonância paramagnética de elétrons foi utilizada na
caracterização dos complexos paramagnéticos do sistema cobre – fenantrolina. Primeiramente,
será apresentada a discussão do espectro de EPR do complexo cis-[Cu(phen)Cl2], fazendo um
comparativo com os dados da literatura, seguido do espectro do composto de coordenação cis[Cu(phen)(van)]Cl. Por fim, serão discutidos os espectros dos complexos polinucleares
[(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, respectivamente.
5.3.1 Ressonância Paramagnética de Elétrons do complexo cis-[Cu(phen)Cl2]
O espectro de EPR do complexo cis-[Cu(phen)Cl2], obtido em solução de DMF, à
temperatura de 77 K, é apresentado na Figura 112.
Ao analisar o espectro, observa-se que o complexo precursor apresenta quatro sinais
paralelos de hiperfinas bem resolvidas, provenientes da interação do elétron não emparelhado
do metal com o spin nuclear do Cu2+ (I = 3/2) (KOZLEVCAR; SEGEDIN, 2008), tendo g‫= װ‬
2,30. O espectro também apresenta um sinal de g﬩= 2,07, referente à primeira derivada da
absorção que ocorre em 3.243 G.
O espectro apresenta um perfil anisotrópico com simetria axial, com g‫ > װ‬g﬩, ou seja,
gzz> gyy e gxx. Tais parâmetros são característicos de compostos que possuem em suas estruturas
ligações no eixo z com maior comprimento do que as ligações nos eixos x e y, ou ainda, a
ausência de ligantes no eixo z. Dentre as possíveis geometrias para complexos com este perfil,
têm-se a tetragonal distorcida, piramidal quadrada ou quadrado planar. (STAINSACK, et al.,
2003). Portanto, a geometria que mais se aproxima à estrutura do complexo cis-[Cu(phen)Cl2]
em questão é quadrado planar.
172
g = 2,30
g = 2,07
Figura 112 – Espectro de EPR do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] obtido em solução DMF a 77K
2750
3000
3250
3500
Campo Magnético (Gauss)
Fonte: Autora (2014).
Segundo dados já divulgados na literatura, complexos do sistema cobre – fenantrolina
com geometria quadrado planar possuem um perfil semelhante ao espectro do complexo cis[Cu(phen)Cl2], apresentando sinais axiais de g‫ > װ‬g﬩, conforme apresentado na Figura 113, na
qual é observado o espectro de EPR do complexo [Cu(qbsa)(phen)], com qbsa = N-quinolin-8il-benzenosulfonamida.
Figura 113 – Espectro de EPR do complexo [Cu(qbsa)(phen)] obtido em sólido à temperatura ambiente
Fonte: Adaptado de Macías, B. (2003, p.370).
173
Na Tabela 31 são apresentados alguns parâmetros magnéticos de complexos de cobre
com o ligante fenantrolina e seus derivados, obtidos na literatura.
Tabela 31 – Parâmetros magnéticos de complexos de cobre com o ligante fenantrolina e derivados
a
Compostos
g‫װ‬
g﬩
[Cu(qui)(phen)]NO3·H2O
2,25
2,06
[Cu(dpp)2](ClO4)2
2,37
[Cu(dipica)(phen)]2+
b
c
d
a
Condições
Solução de DMF
congelada
Referência
Buchtik, R. et al.,
2011
2,07
Solução de
CH2Cl2 à 158 K
Miller, M. T. et
al.,1998
2,23
2,06
Solução de
acetonitrila à 77K
Ramakrishnan, S.
et al.,2005
[Cu(phen)]2+
2,32 (A)
e 2,26 (B)
*
Solução aquosa
congelada (pH 7)
Chikira, M. et al.,
2002
[Cu(glu)(phen)]
2,24
2,06
Amostra em pó
à 298 K
Neuman, N.I. et
al.,2012
Hqu i= 2-fenil-3-hidroxi-4(1H)-quinolinona; bdpp = 2,9-difenil-1,10-fenantrolina; cdipica = di(2-picolil)amina;
d
glu=ácido glutâmico.
* No artigo não é mencionado o valor de g﬩ obtido no espectro de EPR.
(A) e (B) – Espécies formadas em solução.
e
[Cu(phen)(OH2)2]2+; f [Cu(phen)(OH2)(OH)]+.
Fonte: Autora (2014).
Os complexos de cobre com o ligante fenantrolina e seus derivados, apresentados na
Tabela 31 possuem valores de g semelhantes, com pequenas variações, dependendo da natureza
do complexo. Comparativamente, os parâmetros magnéticos do complexo cis-[Cu(phen)Cl2],
com g‫ = װ‬2,30 e g﬩ = 2,07, estão de acordo com os valores apresentados para os compostos de
coordenação de cobre obtidos na literatura.
Na Figura 114 apresenta-se a sobreposição dos espectros do complexo cis[Cu(phen)Cl2] obtidos em solução de DMF à 77K, e em sólido, à temperatura ambiente.
O espectro obtido com o complexo no estado sólido possui dois picos, com g‫( װ‬2,14) >
g﬩ (1,96). Ambos os espectros possuem simetria axial e sugerem uma geometria quadrado
planar para o complexo precursor.
Os perfis dos espectros possuem diferenças significativas, relacionadas ao número de
picos presentes, bem como nos valores de g. Esta diferenciação se deve à possibilidade de
orientação aleatória das moléculas do complexo quando previamente dissolvido em DMF e
174
posteriormente congelado. Tal aleatoriedade não é facilitada quando o espectro é obtido no
material ainda no estado sólido (MABBS, 1993).
Figura 114 – Sobreposição dos espectros de EPR do complexo cis-[Cu(phen)Cl2] obtidos em DMF à 77K
(preto) e no estado sólido (vermelho)
Fonte: Autora (2014).
5.3.2 Ressonância Paramagnética de Elétrons do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl
O espectro de EPR do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl, obtido em solução de DMF, à
temperatura de 77 K, é apresentado na Figura 115. Ao analisar o espectro, observa-se a presença
de hiperfinas divididas em quatro sinais paralelos, localizados na região de menor campo
magnético, bem como um pico intenso bem definido, representado por sua primeira derivada.
Desta forma, o espectro apresenta um perfil com g‫ > װ‬g﬩ > 2,0023. Este comportamento é
característico de complexos de cobre (II), conforme comparativo realizado com dados da
literatura, apresentados na Tabela 31.
Na região do fator g paralelo, o espectro apresenta quatro transições claramente
resolvidas, relativos ao acoplamento com o spin nuclear do cobre (I = 3/2), com fator de g ‫װ‬
correspondente a 2,30. Na região perpendicular, o espectro apresenta a derivada de um pico
intenso com divisões superhiperfinas, que não são claramente resolvidas devido à sobreposição
175
de um grande número de transições presentes nesta região. O fator de g﬩ calculado para este
sinal corresponde a 2,06.
Os parâmetros apresentados proporcionam um perfil anisotrópico para o complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl, com simetria axial, o qual sugere geometrias tetragonal distorcida,
piramidal quadrada ou quadrado planar. Dentre estas, a geometria que corresponde às
características estruturais do complexo é quadrado planar.
g = 2,30
g = 2,06
Figura 115 – Espectro de EPR do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl obtido em DMF
2750
3000
3250
3500
Campo Magnético (Gauss)
Fonte: Autora (2014).
Na Figura 116 é apresentada a sobreposição dos espectros do complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl obtidos em solução de DMF, à 77K e em sólido, à temperatura ambiente.
O espectro obtido à temperatura ambiente possui um sinal de baixa intensidade (ombro)
com g‫ = װ‬2,33, bem como um sinal intenso na região perpendicular, com g﬩ = 1,98, referente à
primeira derivada desta transição eletrônica. Desta forma, obtêm-se dois valores distintos de g,
com g‫( װ‬2,33) > g﬩ (1,98). Tal comportamento permite caracterizar o espectro ao perfil
anisotrópico com simetria axial e sugere uma geometria quadrado planar para o complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl.
176
Os perfis dos espectros obtidos à temperatura ambiente e congelado possuem diferenças
significativas na quantidade de picos, bem como nos valores de g, porém, ambos indicam a
mesma geometria para o complexo em estudo, o que está de acordo com as analises estruturais
realizadas.
Figura 116 – Espectro de EPR do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl obtido em solução de DMF à 77K (preto) e
em sólido à temperatura ambiente. (vermelho)
Fonte: Autora (2014).
5.3.3 Ressonância Paramagnética de Elétrons do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]
O espectro de EPR do complexo [(Cu(phen))4(resvan)], obtido em solução de DMF, à
temperatura de 77 K, é apresentado na Figura 117. Ao analisar o espectro, observa-se a presença
de hiperfinas divididas em quatro picos paralelos localizadas do lado esquerdo do gráfico,
características de complexos de cobre (II). Além destas hiperfinas, o espectro possui dois picos
intensos, representados por sua primeira derivada, em 3.330 Gauss.
O espectro possui um perfil anisotrópico com simetria próxima a rômbica, devido à
presença de dois picos com intensidade negativa na região perpendicular do gráfico, resultantes
da primeira derivada das transições envolvidas. O espectro de EPR sugere uma estrutura
assimétrica para o complexo, com o eixo x ≠ eixo y ≠ eixo z. Esta rombicidade pode indicar
177
que os átomos de cobre do complexo tetranuclear possuem ambientes químicos diferentes,
indicando que o complexo [(Cu(phen))4(resvan)] apresenta centros metálicos coordenados tanto
pelo grupo vanilóide quanto pelo resorcinol, ou ainda, coordenados apenas via resorcinol.
As hiperfinas que se dividem em quatro transições possuem fator g paralelo
correspondente a 2,25. Na região perpendicular, o pico presente em 3.240 G possui g﬩ = 2,07,
e o sinal em 3.330 Gauss possui g﬩ = 2,02.
g = 2,02
g = 2,25
g = 2,07
Figura 117 – Espectro de EPR do complexo [(Cu(phen))4(resvan)] obtido em DMF
2750
3000
3250
3500
Campo Magnético (Gauss)
Fonte: Autora (2014).
Na Figura 118 apresenta-se a sobreposição dos espectros do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)] obtidos em solução de DMF, à 77K e em sólido, à temperatura ambiente.
O espectro obtido em sólido à temperatura ambiente possui um pico (ombro) de baixa
intensidade com g‫ = װ‬2,33 e um sinal de maior intensidade representado pela primeira derivada,
com g﬩ = 2,00. Estes picos estão relacionados em um perfil anisotrópico axial, com g‫ > װ‬g﬩, e
gx = gy.
Ao analisar a sobreposição dos espectros, observa-se deslocamentos nos valores de g,
bem como diferenças na quantidade de picos, devido à interferência do solvente DMF nas
orientações dos cristais. O perfil do espectro para o complexo tetranuclear também é modificado
178
devido à ação do solvente, tendo o espectro em DMF perfil rômbico, o qual pode ser claramente
observado na região perpendicular do gráfico, enquanto o espectro obtido em sólido apresenta
simetria axial. Os resultados obtidos indicam que o complexo apresenta distorções em sua
geometria, justificadas pela possível alteração do ambiente químico nas regiões de
coordenações dos centros metálicos, e que estas são facilmente influenciadas pelo meio – em
solvente DMF ou em sólido.
Figura 118 – Espectro de EPR do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)] obtido em solução de DMF à 77K (preto) e
em sólido à T.A. (vermelho)
Fonte: Autora (2014).
5.3.4 Ressonância Paramagnética de Elétrons do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
O espectro de EPR do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, obtido em solução de DMF,
à temperatura de 77 K, é apresentado na Figura 119. Tal espectro possui um pico de baixa
intensidade em 2.942 G, além de um sinal intenso na região perpendicular, representado pela
primeira derivada desta transição.
O complexo tetranuclear apresenta uma hiperfina composta por apenas um sinal, com o
fator g paralelo correspondente a 2,28. Além disso, o espectro possui um sinal perpendicular,
com g﬩= 2,08, proveniente da primeira derivada da transição que ocorre em 3.225 G.
179
Como visto, o espectro apresenta valores diferentes para o fator g, com g‫ > װ‬g﬩. Tais
características atribuem um perfil anisotrópico para o complexo, com simetria axial.
g = 2,28
g = 2,08
Figura 119 – Espectro de EPR do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 obtido em DMF
2750
3000
3250
3500
Campo Magnético (Gauss)
Fonte: Autora (2014).
Na Figura 120 apresenta-se a sobreposição dos espectros
do complexo
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 obtidos em solução de DMF à 77K e em sólido à temperatura
ambiente. O espectro obtido em sólido à temperatura ambiente possui um sinal de baixa
intensidade com g‫ = װ‬2,14 e um pico intenso representado pela primeira derivada, com g﬩ =
1,98. Este espectro apresenta um perfil anisotrópico axial, indicando que o metal Cu2+ pode
estar em um ambiente de simetria D4h, C4v, D4 ou D2d, (MABBS, 1993).
Ao analisar a sobreposição dos espectros na Figura 120, observam-se deslocamentos
nos valores de g, porém, o perfil anisotrópico axial permanece nos dois espectros, indicando a
mesma simetria para o complexo tetranuclear.
180
Figura 120 – Espectro de EPR do complexo [(Cu(phen)) 4(resvan)]Cl4 obtido em solução de DMF à 77K (preto)
e em sólido à T.A. (vermelho)
Fonte: Autora (2014).
5.3.5 Comparativo entre os espectros de EPR dos complexos cis-[Cu(phen)Cl2], cis[Cu(phen)(van)]Cl, [(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
Os espectros de EPR dos compostos de coordenação cis-[Cu(phen)Cl2], cis[Cu(phen)(van)]Cl, [(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, obtidos em solução de
DMF à 77K, conforme apresentado na Figura 121, foram comparados, com o objetivo de
analisar as diferenças existentes em suas estruturas eletrônicas.
181
Figura 121 – Espectros de EPR dos complexos cis-[Cu(phen)Cl2], cis-[Cu(phen)(van)]Cl, [(Cu(phen))4(resvan)]
e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 obtidos em solução de DMF, à 77K
Fonte: Autora (2014).
Ao analisar a figura acima, observa-se que o espectro do complexo precursor cis[Cu(phen)Cl2] apresenta um sinal intenso, representado pela primeira derivada, característico
da interação Zeeman do elétron paramagnético do Cu2+, além de quatro picos em menores
valores de campo magnético, referentes às interações hiperfinas. Tal comportamento está de
acordo com o padrão observado na literatura, característico de complexos de cobre (II).
O espectro do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl também apresenta perfil axial com
quatro sinais de hiperfinas, assim como no complexo precursor, com gǁ > g﬩. Adicionalmente,
o pico que corresponde aos eixos x e y do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl possui
superhiperfinas, provenientes de interações entre o elétron desemparelhado do Cu2+ e os
núcleos vizinhos presentes na mesma molécula. Ao comparar os espectros dos complexos cis[Cu(phen)Cl2] e cis-[Cu(phen)(van)]Cl, observa-se claramente que os núcleos vizinhos
referidos pertencem à vanilina, uma vez que a estrutura do complexo precursor não possui
vanilina, e as superhiperfinas não são observadas em seu espectro. Ao substituir os cloretos
182
pelo ligante vanilina, verifica-se no espectro de EPR tais interações entre o elétron
desemparelhado do metal com núcleos vizinhos.
Assim como observado na Figura 121, o espectro do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]
possui quatro sinais de hiperfinas, característicos de complexos de cobre. No entanto, na região
mais energética do espectro, observa-se dois picos intensos provenientes de g﬩, diferentemente
dos demais espectros que possuem apenas um pico. Isto sugere ao complexo um ambiente de
simetria diferente, com eixo x ≠ y ≠ z. Tal fato pode ser justificado pela possível variação nos
sítios de coordenação da molécula.
O perfil do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 apresenta simetria axial, com gǁ > g﬩. No
entanto, o espectro possui apenas um pico de hiperfina ao invés dos quatro picos característicos
dos complexos de cobre. Uma possível explicação para este comportamento está associada com
as interações entre os elétrons desemparelhados dos quatro átomos de cobre presentes no
complexo, denominadas de interações spin-spin, as quais podem influenciar as interações de
hiperfinas, e assim obter apenas um sinal no espectro. Outro fato a se destacar é que este
complexo possui grupos vanilóides coordenados aos metais, assim como no complexo cis[Cu(phen)(van)]Cl. No entanto, não é observada a presença de superhiperfinas, o que indica a
influência que o grupo aldeído causa na estrutura eletrônica do composto, uma vez que, no
complexo tetranuclear não há mais a presença do grupo aldeído.
Ainda analisando o espectro de EPR do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, observa-se
que não há indícios de maiores distorções na molécula, a qual apresenta um sistema com eixo
x igual ao eixo y, sendo ambos os eixos menores do que o eixo z. Isto sugere que os quatro
metais possuem o mesmo ambiente químico, estando todos coordenados aos grupos vanílicos
do resvan.
Na Tabela 32 são apresentados os parâmetros paramagnéticos determinados para os
complexos paramagnéticos cis-[Cu(phen)Cl2], cis-[Cu(phen)(van)]Cl, [(Cu(phen))4(resvan)] e
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4.
183
Tabela 32 – Parâmetros magnéticos dos complexos cis-[Cu(phen)Cl2], cis-[Cu(phen)(van)]Cl,
[(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
Compostos
Solução de DMF à 77 K
Sólido à T.A.
g‫װ‬
g﬩
g‫װ‬
g﬩
cis-[Cu(phen)Cl2]
2,30
2,07
2,14
1,96
cis-[Cu(phen)(van)]Cl
2,30
2,06
2,33
1,98
[(Cu(phen))4(resvan)]
2,25
2,02 e 2,07
2,33
2,00
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
2,28
2,08
2,14
1,98
Fonte: Autora (2014).
184
5.4 AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA, ANTIOXIDANTE E ANTITOXOPLÁSMICA DOS
COMPOSTOS VANILINA E RESVAN
A vanilina e seu derivado resvan foram submetidos a análises biológicas, as quais
consistem em avaliar os efeitos toxicológico, antioxidante e antitoxoplásmico destes
compostos.
Para tanto, foram realizados ensaios de toxicidade aguda da vanilina e resvan in vivo,
de citotoxicidade in vitro utilizando células HEK 293, de atividade antioxidante in vitro através
do método de DPPH, além de desenvolver um estudo a cerca da atividade antitoxoplásmica in
vivo destas moléculas, utilizando a cepa ME49.
5.4.1 Toxicidade Aguda
O teste de toxicidade aguda, realizado in vivo, apresentou significativa margem de
segurança para os compostos de vanilina e resvan. Os camundongos suíços fêmeas em estudo
não apresentaram nenhum sinal de toxicidade, como piloereção, convulsões e alteração na
locomoção, além disso, nenhuma morte foi registrada durante o experimento. Tais evidências
indicam que os compostos apresentados podem ser utilizados nos testes biológicos
subsequentes.
De acordo com o método estabelecido pela OECD (2001), verificou-se que ambos os
compostos apresentaram baixa toxicidade. Contudo, para uma classificação mais precisa, fazse necessário a realização desse teste com maiores concentrações. No entanto, isto não foi
possível, devido o baixo coeficiente de solubilidade que estas moléculas apresentam.
Os resultados in vivo indicaram que a vanilina possui baixa toxicidade aguda, e o ligante
resvan não apresenta mudanças significativas quando comparado com a vanilina.
5.4.2 Citotoxicidade
O teste de citotoxicidade foi realizado com o objetivo de avaliar o efeito citotóxico da
vanilina em relação ao ligante resvan, utilizando diferentes concentrações dos respectivos
compostos. Na Figura 122 observa-se a representação gráfica da viabilidade celular após o
tratamento com a vanilina e o resvan .
185
Os testes indicaram que a vanilina apresenta um comportamento dose dependente
quando a avaliação é realizada in vitro, pois quando a concentração de vanilina é aumentada ao
longo dos ensaios, há uma redução brusca na viabilidade das células. O resorcinareno, por sua
vez, não apresenta toxicidade nos testes realizados in vitro.
Viabilidade celular (%)
Figura 122 - Representação gráfica da viabilidade das células após o tratamento com vanilina e resvan durante
24 horas.
Vanilina
Resvan
Fonte: Oliveira (2013).
Os resultados da vanilina, in vitro e in vivo, apresentam divergências, e isto sugere
diferentes vias metabólicas entre a vanilina e o resvan, uma vez que este último não apresentou
toxicidade in vitro e in vivo. O fato da vanilina, in vivo, não possuir toxicidade deve-se
provavelmente à ação do fígado no processo de metabolismo, deduzindo-se que, a vanilina pode
sofrer transformações biológicas ao longo do seu mecanismo, tornando-se menos tóxica ao
organismo, o que não ocorre no ensaio in vitro.
Tais resultados indicam que as alterações estruturais que ocorrem na vanilina podem
modificar suas propriedades toxicológicas, ou ainda, melhorar sua atividade biológica, o que é
de grande importância para dar continuidade a estudos biológicos subsequentes.
5.4.3 Atividade antioxidante
O método de DPPH foi utilizado para avaliar a atividade antioxidante dos compostos
vanilina e resorcinareno. Trata-se de um método que determina a capacidade de eliminação de
radicais, através da transferência de elétrons de um composto antioxidante para um composto
oxidante (MENSOR, et. al., 2001).
186
Os resultados obtidos demonstraram uma excelente atividade de desativação de radicais
livres apresentados pelo resvan, 84,9%, quando comparado à vanilina, 34,7%. A atividade
resvan foi semelhante ao observado para o ácido ascórbico, 93.6%, usado como referência para
o método, como apresentado na Figura 123.
Redução DPPH (%)
Figura 123 - Atividade antioxidante do Ácido ascórbico, Vanilina e Resvan avaliada pelo método de sequestro
do radical DPPH.
Ácido ascórbico
Vanilina
Resvan
Fonte: Oliveira (2013).
A atividade antioxidante proporciona grandes benefícios ao organismo e, por isso, a
elevada taxa antioxidante que o resvan apresenta é de extrema importância para este trabalho,
visto que a vanilina apesar de apresentar atividade menor do que o resvan, é devidamente
reconhecida por isso, sendo amplamente utilizada como conservantes de alimentos (ANGELO,
2007; MAKNI et al., 2011; TAI et al., 2011).
Estudos mostram que as hidroxilas fenólicas são características de moléculas que
apresentam atividade antioxidante. Um exemplo de antioxidante fenólico são os flavonóides
(PIRVU et. al., 2006). Desta forma, pode-se associar a excelente capacidade do resvan em
eliminar radicais livres ao grande número de hidroxilas fenólicas presentes em sua estrutura,
quando comparada à vanilina.
5.4.4 Atividade antitoxoplásmica
Para o teste in vivo foram realizados dois experimentos independentes. Durante 30 dias
foram analisadas as percentagens de mortalidade dos animais, e no 30° dia foi realizada a
contagem de cistos. Ao comparar os dois experimentos, observa-se que a vanilina apresentou
187
uma melhora quanto à sobrevivência dos animais de 100% e 60% no 1° e 2° experimento,
respectivamente. Os animais tradados com sulfadiazina (controle positivo) não apresentaram
mortalidade em ambos os experimentos realizados. Os animais tratados com o composto resvan
apresentaram um índice de sobrevivência semelhante aos animais infectados não tratados
(controle negativo), correspondente a 50% e 80% no 1° e 2° experimento, respectivamente.
Na Figura 124 é apresentada a sobreposição dos resultados dos compostos para ambos
os experimentos. Ao analisar o gráfico, observa-se que os animais tratados com vanilina
apresentaram aumento na taxa de sobrevivência, bem como a sulfadiazina, que demonstrou um
aumento de sobrevivência significativo para os animais tratados por via oral.
Sobrevivência (%)
Figura 124 - Curvas de sobrevivência de camundongos suíços após infecção e tratados com Sulfadiazina
(200mg/Kg), Resvan (500mg/Kg) ou Vanilina (500mg/Kg).
Sulfadiazina
Controle infectado
Vanilina
Resvan
Dias
Fonte: Oliveira (2013).
Na Figura 125 é apresentada a mudança no peso corporal dos camundongos avaliados
ao longo dos 30 dias de experimento. Ao analisar o gráfico, observa-se que a vanilina
proporcionou uma redução na perda de peso corporal em ratos, o que indica a sua contribuição
para reduzir a morbidade da doença.
188
Perda de peso corporal (%)
Figura 125 - Mudança no peso corporal em camundongos infectados com 25 cistos de T. gondii e tratados com
Sulfadiazina (200mg/Kg), Resvan (500mg/Kg) ou vanilina (500mg/Kg).
Controle infectado
Resvan
Vanilina
Sulfadiazina
Controle infectado
Resvan
Dias de infecção
Fonte: Oliveira (2013).
A contagem de cistos cerebrais dos animais sobreviventes foi realizada no 30° dia para
ambos os experimentos, conforme os resultados apresentados na Tabela 33.
Ao analisar a tabela, observa-se que apenas os animais tratados com sulfadiazina
apresentaram redução quanto ao número de cistos nos dois experimentos, correspondendo a
96,7% e 99,9% para o 1° e 2° experimento, respectivamente.
Tabela 33 - Erro padrão dos experimentos de quantificação de cistos cerebrais em camundongos infectados com
25 cistos
1° experimento
2° experimento
1° experimento
2° experimento
Tratamento
N° cistos (%)
N° cistos (%)
Erro Padrão
Erro Padrão
7.866 (206,07%)
6.288 (89, 52%)
3573, 82
1774
Vanilina
2.867 (75, 11%)
9.649(137,37%)
447,95
3518
Resvan
124 (3, 24%)
0,25 (0,003%)
83, 06
0
Sulfadiazina
3.817 (100%)
7.024 (100%)
1991,57
3271
Controle Negativo
Fonte: Oliveira, M. G. (2013).
Na Figura 126 são apresentados os resultados dos compostos analisados em ambos os
experimentos realizados. Ao analisar o gráfico, observa-se que não houve diferenças
significativas entre os valores obtidos para os grupos de animais tratados com vanilina, resvan,
e os não tratados, ao contrário do grupo tratado com sulfadiazina.
Mesmo sabendo que o resvan e a vanilina não apresentaram eficiência quanto à redução
de cistos cerebrais, é importante ressaltar que a localização dos cistos pode influenciar na
intensidade dos danos causados pelo parasito, podendo comprometer o organismo, assim como
o sistema imunológico.
189
Número de cistos/ Cérebro
Figura 126 - Número de cistos cerebrais em camundongos suíços infectados e tratados com Sulfadiazina
(200mg/Kg), Resvan (500mg/Kg), Vanilina (500mg/Kg).
Sulfadiazina
Controle
Infectados
Vanilina
Resvan
Fonte: Oliveira (2013).
Através da análise do gráfico, percebe-se que a vanilina apresentou aumento na
sobrevivência dos animais infectados. No entanto, a vanilina não apresentou redução do número
de cistos cerebrais, isto sugere um possível mecanismo em que o parasito encontra-se sob
estresse e tende a formar cistos como “alternativa de escape”.
O fato do resvan não apresentar atividade antitoxoplásmica se deve possivelmente à sua
alta capacidade antioxidante, uma vez que a ação antioxidante fornece proteção aos parasitos
intracelulares como o Toxoplasma gondii (MCCARTHY; DAVIS, 2003). Isto ocorre porque o
óxido nítrico é um importante radical livre que atua diretamente na destruição deste parasito no
meio intracelular (BRUNET, 2001).
Nesse estudo, verifica-se certa variação entre os experimentos realizados, devido a
alguns fatores, tais como, a constituição genética heterogênea dos camundongos suíços, o que
pode causar respostas diferenciadas à infecção e ao tratamento. Desta maneira, este modelo é
altamente eficiente, pois simula a variabilidade genética existente na população humana. Além
disso, a baixa solubilidade dos compostos em estudo pode influenciar na concentração da
amostra administrada em cada animal. Outro aspecto importante para ser abordado é que os
experimentos foram realizados em tempos distintos, sendo assim, os compostos possivelmente
podem ter sofrido alterações quanto à degradação. Entretanto, todos os ensaios apresentaram
atividades biológicas, variando apenas suas intensidades. Isso também ocorre com a população
humana no que diz respeito à utilização de fármacos, onde determinadas pessoas podem
responder de modo diferente ao mesmo medicamento. (OLIVEIRA, 2013).
190
Conclusão
191
6 CONCLUSÃO
Em conformidade com os objetivos estabelecidos para realização deste trabalho, podese considerar que os resultados obtidos foram satisfatórios, onde a nova rota sintética utilizada
para obtenção do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 se mostrou eficiente, conforme se pode
concluir a partir dos resultados obtidos através das técnicas analíticas utilizadas, a coordenação
dos quatros centros metálicos através dos grupos metóxi e fenol das vanilinas. Através das
técnicas espectroscópicas de caracterização também foi possível determinar a coordenação do
centro metálico de cobre (II) aos ligantes fenantrolina, vanilina e resvan e, com isso, indicar a
formação dos complexos cis-[Cu(phen)Cl2], cis-[Cu(phen)(van)]Cl e dos complexos
tetranuclear de cobre (II).
Através da Espectroscopia Vibracional na Região do Infravermelho foi possível
comprovar a formação do ligante resvan, uma vez que o espectro do resorcinareno apresenta
bandas referentes aos estiramentos dos grupos metóxi e fenol, os quais constituem os grupos
vanilóides do resvan, além do espectro não possuir bandas características dos estiramentos do
grupo aldeído presentes na vanilina.
Os espectros de IV dos complexos cis-[Cu(phen)Cl2], cis-[Cu(phen)(van)]Cl,
[(Cu(phen))4(resvan)]
e
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4
apresentaram
bandas
em
comum,
características da fenantrolina, comprovando a presença deste ligante nos complexos
sintetizados.
Na caracterização do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl através do IV, foi possível
confirmar a presença do ligante vanilina no sólido obtido e, consequentemente, a formação do
complexo, através das bandas evidenciadas em 1652 e 1024 cm-1, características do grupo
aldeído e do grupo metóxi, respectivamente, presentes na estrutura da vanilina.
Com base nos resultados de infravermelho, foi possível indicar a formação da
macromolécula no complexo tetranuclear obtido pelo novo método de síntese, tendo em vista
a presença das bandas em 1202, 1163 e 1028 cm-1, características dos grupos metóxi e fenol,
respectivamente, ambos substituintes presentes na estrutura do resvan. Tais bandas também
estão presentes no espectro do resorcinareno livre, o que sugere a presença deste ligante no
complexo formado. Além disto, o espectro do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 não
apresenta bandas referentes ao grupo aldeído, indicando a formação da macromolécula, uma
vez que a reação de condensação do resvan se processa através do grupo aldeído, gerando ao
192
final da reação um grupo metil unindo um anel benzênico da vanilina e outros dois anéis
benzênicos do resorcinol.
Através da Espectroscopia de Absorção Eletrônica na Região do Ultravioleta e Visível
foi possível confirmar a presença do ligante fenantrolina nos complexos cis-[Cu(phen)Cl2], cis[Cu(phen)(van)]Cl, [(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, os quais apresentaram
quatro bandas intensas de transições π → π* na região de 200 a 294 nm, características da phen,
com deslocamentos insignificantes.
Assim como a espectroscopia vibracional na região do infravermelho, a técnica
espectroscópica eletrônica na região do ultravioleta e visível também foi de grande importância
para comprovar a formação do complexo cis-[Cu(phen)(van)]Cl, através das bandas presentes
em seu espectro referentes ao ligante vanilina, tais como, a banda intraligante de transição π →
π*, a banda de transferência de carga cuja transição ocorre do ligante vanilina para o metal,
Cu2+, bem como a banda de baixa intensidade característica de uma transição de transferência
de carga interligante, da vanilina para a fenantrolina (LLCT).
A partir dos espectros eletrônicos dos complexos cis-[Cu(phen)Cl2], cis[Cu(phen)(van)]Cl e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, foi comprovada a presença do cobre (II) nos
compostos formados, uma vez que todos eles apresentam bandas de baixa absortividade molar,
características de transições que ocorrem entre os orbitais d do metal, presentes na região de
714, 665 e 691 nm, respectivamente. As bandas d-d destes complexos apresentam
deslocamentos significativos, para um mesmo solvente, e estes ocorrem devido à mudança na
natureza dos ligantes. Desta forma, é possível obter uma relação entre os ligantes estudados e a
energia necessária para ocorrer as transições eletrônicas entre os orbitais d do metal: Os cloretos
são ligantes fracos e, por isso, a transição eletrônica é menos energética, o resvan atua como
ligante intermediário, e a vanilina é um ligante forte que, ao interagir com o metal, desloca sua
transição para regiões mais energéticas.
A técnica espectroscópica de Uv-Vis teve grande importância para indicar a quantidade
de metais que estão coordenados ao ligante resvan no complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4. Tal
análise foi realizada a partir da proporção molar entre os coeficientes de absortividade molar
das transições eletrônicas que ocorrem entre os orbitais d do metal presentes nos complexos
[(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 e cis-[Cu(phen)(van)]Cl. A proporção molar obtida foi igual a 4,09 :
1,00, respectivamente, a qual indica que o composto formado possui quatro centros metálicos
de cobre coordenados ao ligante resvan.
193
Através da espectroscopia de ressonância paramagnética de elétrons, utilizada na
caracterização dos complexos paramagnéticos cis-[Cu(phen)Cl2], cis-[Cu(phen)(van)]Cl,
[(Cu(phen))4(resvan)] e [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4, foi possível comprovar a presença do cobre
(II) nos complexos sintetizados, além de indicar as geometrias destes como sendo quadrado
planar, uma vez que os espectros destes compostos apresentaram perfis anisotrópicos, por
constituírem diferentes valores de g, tendo g‫ > װ‬g﬩. Tais espectros apresentaram parâmetros
magnéticos semelhantes, com variações pouco significativas, justificadas pela mudança na
natureza dos ligantes, os quais alteram o ambiente de simetria em que o metal está inserido.
Através dos resultados obtidos, pode-se concluir que a nova metodologia de síntese
utilizada para formação do complexo [(Cu(phen))4(resvan)]Cl4 se mostrou bastante eficaz, pois
possibilita uma melhor caracterização de sua estrutura, uma vez que o resorcinareno é
sintetizado com os centros metálicos já coordenados à vanilina, através dos seus grupos
substituintes metóxido e fenol. Este novo procedimento é bastante viável, podendo ser utilizado
para formar vários outros complexos que apresentem macromoléculas pertencentes à classe dos
resorcinarenos como ligantes.
Os testes biológicos realizados com os compostos resvan e vanilina apresentaram
resultados bastante satisfatórios: O resvan exibiu alto teor de atividade antioxidante com efeitos
citotóxicos mínimos, o que o torna uma molécula muito interessante para a realização de novos
ensaios biológicos, uma vez que, a princípio, não oferece riscos à saúde do paciente, além disso,
sua característica antioxidante é de grande importância para aplicações farmacêuticas e
cosméticas em geral. Os compostos apresentaram ainda baixa toxicidade, com destaque à
tendência da vanilina para a atividade antitoxoplásmica.
194
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