Artigo revis. novo - Biblioteca Anton Dakitsch

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AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: UMA ANÁLISE À LUZ DA
TEORIA SÓCIO-INTERACIONISTA DE VYGOTSKY1
DAIANA AZEVEDO FALCÃO2
SHEILA GOMES RANGEL3
RESUMO
Na sociedade informacional, é verificada a aplicação cada vez mais frequente de ambientes
virtuais de aprendizagem, inclusive no contexto educacional presencial, como recurso
metodológico. Tal fato motivou o presente artigo, que enfocou o ambiente Moodle,
especificamente suas ferramentas fórum e chat, correlacionando-o à teoria sócio-interacionista
de Vygotsky. Os procedimentos metodológicos utilizados foram o levantamento bibliográfico
sobre a referida temática, bem como a realização de um experimento, no qual o Moodle foi
utilizado em sala de aula e fora dela, a fim de analisar, a partir de uma abordagem qualitativa,
se este ambiente virtual de aprendizagem se faz um recurso eficiente, no que tange à
interatividade entre os sujeitos envolvidos no processo ensino/aprendizagem, permitindo aos
alunos se tornarem sujeitos ativos nessa relação. Os resultados obtidos apontaram que, o uso
do Moodle, enquanto recurso metodológico permite integrar o processo ensino/aprendizagem
às Tecnologias da Informação e Comunicação de maneira satisfatória; possibilita o diálogo, a
troca de opiniões, o compartilhamento de saberes, a construção do conhecimento de forma
coletiva.
1
Esse artigo é o Trabalho de Conclusão de Curso da Pós-graduação lato sensu em Docência no século XXI,
cursada pelas autoras no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campus CamposCentro, concluída no ano de 2013, sob a orientação da Dr. Suzana da Hora Macedo.
2
Licenciada em Geografia/IFF. Professora de Geografia da Rede Pública Estadual de Ensino do Rio de Janeiro
na cidade de Campos dos Goytacazes.
3
Licenciada em Geografia/IFF. Professora de Geografia da Rede Pública Estadual de Ensino do Rio de Janeiro
na cidade de Campos dos Goytacazes.
1
PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias da Informação e Comunicação; Ambientes Virtuais de
Aprendizagem; Moodle; Teoria Sócio-interacionista.
INTRODUÇÃO
É verificada cada vez mais no contexto escolar, a necessidade de superação da ideia do
professor centralizador da relação ensino/aprendizagem, no qual o aluno deixa de ser apenas
um receptáculo de informação, e passa a buscar seu conhecimento, a ser um sujeito ativo
nesse processo.
Isso acarreta para o professor novas responsabilidades, uma nova forma de lidar com
sua prática docente, e a necessidade de inserir novos recursos metodológicos, capazes de
estimular os alunos.
No contexto de transformações pedagógicas, passa-se a questionar o papel da escola e
do próprio professor, nessa “sociedade informacional” (CASTELLS, 1999), marcada pelo
advento cada vez maior das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no contexto
escolar.
Agora, a informação está mais acessível e a escola não é mais a única fonte de
obtenção de conhecimento. No entanto, a mesma não pode ignorar essa nova realidade, ao
contrário, precisa se transformar num lugar de análises críticas, atribuindo significado à
informação (LIBÂNEO, 2000). Cabe então ao professor assumir a mediação da interação
aluno/tecnologia, de modo que possa criar um ambiente desafiador, desenvolvendo nos alunos
autonomia e criatividade.
Candau (2000) afirma que a escola precisa se reinventar; construir novos meios de
interação professor-aluno, uma vez que o professor deixou de ser o ator principal. Para tal,
esta autora defende a construção de “ecossistemas educativos”, nos quais o processo de
escolarização não segue um padrão único e sim pluralista, em diferentes espaços de
conhecimento, seja ele formal ou popular, presencial ou virtual, sistemático ou assistemático.
Em confluência com essas ideias e tendo em vista as crescentes e divergentes
discussões acadêmicas acerca do uso das TIC no contexto escolar, este artigo visa analisar o
Ambiente Moodle, a partir da teoria Sócio-interacionista de Vygotsky. O objetivo é identificar
se este ambiente, considerando a aplicação das ferramentas fórum e chat, se faz um recurso
2
eficiente, no que tange à interatividade entre alunos e professores, possibilitando aos alunos
compartilhar suas ideias, seus conhecimentos, suas experiências. Espera-se, com isso, que este
trabalho possa contribuir para o incentivo da utilização das TIC, especificamente da
plataforma Moodle, no ambiente de educação, incentivando cada vez mais a inserção de
alunos e professores nesse novo contexto social.
Criado pelo australiano Martin Dougiamas, em 1999, o Moodle é um Ambiente
Virtual de Aprendizagem composto por um conjunto de ferramentas, tais como fóruns,
diários, chats, lições, questionários, textos, wiki, tarefas, glossários e vídeos. Estas
ferramentas podem ser selecionadas pelo professor, que no ambiente assume o papel também
de administrador, de acordo com seus objetivos pedagógicos. Segundo Franciosi (2003) é um
"Ambiente Colaborativo de Aprendizagem", cujo conceito evoca o modo como a
aprendizagem ocorre, uma vez que possibilita o compartilhamento de ações, onde todos são
agentes ativos no processo ensino/aprendizagem.
Faz-se importante discutir essa temática, tendo em vista o crescente uso das
tecnologias informacionais no campo educacional. Nesse contexto de novas exigências
educacionais, faz-se necessário repensar a prática docente. Os professores da “sociedade
informacional” devem criar meios para se adequarem às TIC, introduzir novos recursos em
suas aulas, enriquecer sua metodologia, propiciando a interação cada vez maior dos agentes
envolvidos no processo ensino/aprendizagem.
Assim, essa pesquisa, ao propor o uso do Moodle, enquanto recurso metodológico
pode contribuir para as discussões teórico-metodológicas, acerca da inserção das novas TIC
no contexto escolar, especialmente os Ambientes Virtuais de Aprendizagem.
A metodologia empregada consistiu no levantamento bibliográfico acerca da referida
temática, buscando elucidar sobre os conceitos de TIC e Ambientes Virtuais de
aprendizagem, correlacionando-os à teoria sócio-interacionista de Vygotsky. Também foi
realizado um experimento fazendo uso do ambiente Moodle, enquanto ferramenta
educacional. O trabalho é fruto de uma das atividades propostas na disciplina Construção de
práticas educativas em ambiente virtual, do curso de Pós-graduação em Docência no Século
XXI, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF Campus
Campos-Centro). Os resultados desse trabalho serão apresentados ao longo desse artigo.
O artigo estrutura-se em cinco seções. A primeira busca fazer uma breve apresentação
das tendências pedagógicas e seus pressupostos, destacando a importância destas nas
3
mudanças ocorridas no papel da escola e do professor, frente à realidade social que os
circundam.
A segunda seção visa apresentar a teoria Sócio-interacionista de Vigotsky, que norteou
o presente trabalho, destacando suas principais características. A terceira, por sua vez levanta
uma discussão sobre as TIC no contexto escolar, evidenciando a importância de se repensar a
prática docente na sociedade informacional. A quarta seção busca caracterizar os Ambientes
Virtuais de Aprendizagem, especialmente o ambiente Moodle, objeto de pesquisa deste
trabalho. A última seção, por sua vez, relata sobre o experimento trabalhado na pesquisa,
apresentando a metodologia utilizada, bem como os resultados e discussões do trabalho.
1 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E A PRÁTICA DOCENTE
A prática escolar consiste na concretização de diferentes tendências pedagógicas, com
diferentes proposições sobre o papel da escola, da aprendizagem e da relação professor-aluno.
Tais pressupostos levam alguns professores a se organizarem em função delas ou, pelo
menos, a basearem suas práticas docentes. Outros ainda seguem modismos, condicionando
suas práticas a alguma tendência, sem nem mesmo refletir sobre a mesma (LIBÂNEO, 1994).
À medida que as tendências foram se apresentando, diferentes concepções de homem
e de sociedade foram sendo formuladas e, consequentemente, diferentes pressupostos sobre o
papel da escola e da aprendizagem passaram a ser objeto de análise, repercutindo na prática
docente, no ato de ensinar e aprender.
Libâneo (1994) classifica as tendências pedagógicas em dois grupos, considerando os
condicionantes sociopolíticos da escola. São elas, a Pedagogia Liberal e Pedagogia
Progressista. A primeira sustenta-se na ideia de que a escola tem a função de preparar os
indivíduos para desempenho de papéis sociais, de acordo com suas aptidões individuais. Na
segunda, por sua vez, a escola passa a ser vista não mais como redentora, mas como
reprodutora da classe dominante. Esta tendência parte de uma análise crítica das realidades
sociais, sustentando as finalidades sociais e políticas da educação.
Ambas as tendências pedagógicas apresentadas se subdividem, de acordo com
Libâneo (1994). A liberal abarca as tendências tradicional, renovada progressivista, renovada
não-diretiva e tecnicista. Assim, para a tendência liberal tradicional, o aluno é educado para
atingir sua plena realização por meio de seu próprio esforço, cabendo à escola preparar os
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alunos para desenvolverem suas capacidades individuais. A pedagogia é centrada no
professor, e o aluno desenvolve uma atitude receptiva e mecânica.
Desse modo, Libâneo (1994) caracteriza também as demais tendências pedagógicas. A
pedagogia renovada progressista é aquela que o aluno aprende fazendo. A mesma valoriza as
tentativas experimentais dos alunos, seus interesses, a autoaprendizagem, privilegiando os
estudos independentes e também em grupo. O meio é apenas um ambiente estimulador. Nesse
contexto, o professor deve dar as condições para que o aluno, estimulado pelo ambiente,
possa buscar o conhecimento.
A tendência renovada não-diretiva, segundo Libâneo (1994) defende que o papel da
escola baseia-se na formação de atitudes do aluno. Sua preocupação está mais centrada nos
problemas psicológicos do que nos pedagógicos ou sociais do aluno. Todo o esforço deve
visar a uma mudança dentro do indivíduo. O conhecimento ocorre a partir de um processo
ativo de busca do aluno, sendo, por isso, o sujeito da ação. O professor é apenas um
facilitador do processo educativo. Ele não ensina, e sim orienta.
A pedagogia liberal tecnicista, por sua vez, tem como pressuposto produzir indivíduos
competentes para o mercado de trabalho, atendendo aos anseios da sociedade industrial. Seus
métodos de ensino são baseados na transmissão e recepção de informação, sendo o professor
o elo entre o conhecimento e o aluno.
No grupo das tendências progressistas encontram-se a pedagogia libertadora, libertária
e crítico-social dos conteúdos (LIBÂNEO, 1994).
A tendência pedagógica libertadora, também conhecida como pedagogia de Paulo
Freire, sustenta os fins sociopolíticos da educação. No bojo dessa tendência a educação é vista
como uma ferramenta contra toda forma de autoritarismo e dominação. Centra-se na ideia de
que, o conhecimento só é adquirido por meio de representações da realidade concreta, da
situação real vivida pelo educando.
Na tendência progressista libertária, a ênfase é dada à aprendizagem informal,
preconizando a participação em grupos, em discussões e ações práticas sobre questões da
realidade social em que estão inseridos. Assim, as atividades são centradas na discussão de
temas sociais e políticos, pois acredita que a educação deve ir além dos muros da escola,
trazendo para dentro dela a necessidade de concretizar a democracia e formas de gestão
participativa. Nesse processo, o professor é apenas um orientador da aprendizagem dos
alunos.
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E por último, Libâneo (1994) entende que na tendência pedagógica crítico-social dos
conteúdos, a escola é mediadora entre o individual e o social, dando um passo a frente no
papel transformador da escola, preparando o aluno para o mundo adulto e suas contradições.
Enfatiza a articulação entre o domínio dos conteúdos científicos por parte do aluno, com sua
prática social.
De acordo com o exposto, no que se refere às tendências pedagógicas, é enfatizada a
superação da ideia do professor centralizador do processo ensino/aprendizagem, delegando ao
aluno um novo posicionamento nessa relação. Isso acarreta para o professor novas
responsabilidades, uma nova forma de lidar com sua prática docente e uma nova maneira da
escola se impor na sociedade.
2 A TEORIA SÓCIO-INTERACIONISTA DE VYGOTSKY
A fim de compreender o modo como às pessoas aprendem, quais as condições
necessárias para que isso aconteça, bem como o papel do professor e do aluno neste processo,
diferentes teorias da aprendizagem foram se delineando, todas as quais apresentando seus
pressupostos.
Dentre as diversas teorias da aprendizagem elaboradas, ganha destaque nesse artigo a
teoria construtivista de Vigotsky, médico russo que se dedicou ao estudo dos distúrbios de
aprendizagem e de linguagem, fundando o Laboratório de Psicologia da Escola de Professores
de Gomel, Rego (2001), e publicando obras4 na área.
A teoria vygotskiana compartilha de ideias construtivistas “onde a única aprendizagem
significativa é aquela que ocorre através da interação sujeito, objeto e outros sujeitos”
(COELHO; PISONI, 2012, p. 144). Nesse sentido, compreende que o ato de ensinar envolve
estabelecer interações entre alunos e professores, favorecendo a possibilidade de observar e de
intervir nas necessidades dos alunos.
Seus estudos enfatizaram o papel da interação social ao longo do desenvolvimento do
indivíduo, atribuindo o termo sócio-cultural a sua teoria. Desse modo, o mesmo buscou
4
Dentre suas diversas obras podemos citar: A formação Social da Mente; Construção do Pensamento e da
Linguagem; Desenvolvimento Psicológico na Infância; Estudos Sobre a História do Comportamento; Psicologia
Pedagógica e Teoria e Método em Psicologia.
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explicar os processos mentais baseados na imersão social do homem (ARGENTO, s.d.), pois
o indivíduo está inserido em um grupo social, e aprende o que seu grupo produz.
Rego (2001) ressalta que, para Vygotsky, o desenvolvimento pleno do ser humano está
diretamente relacionado ao aprendizado que se realiza em um determinado grupo cultural, a
partir da interação com outros indivíduos da sua espécie.
Assim, de acordo com esse pressuposto, a aprendizagem ocorre no relacionamento do
aluno com o professor e com outros alunos, pela mediação feita com outros sujeitos, do
mundo cultural que o rodeia, uma vez que “a cultura é parte constitutiva da natureza humana,
pois o desenvolvimento mental humano não é passivo, nem tão pouco independente do
desenvolvimento histórico e das formas sociais da vida” (COELHO; PISONI, 2012, p. 145).
A cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da
realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a
interpretação do mundo real. Ela dá o local de negociações no qual seus
membros estão em constante processo de recriação e reinterpretação de
informações, conceitos e significações (ARGENTO, s.d.).
A questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o
meio, logo, o conhecimento é sempre mediado (ARGENTO, s.d.). Assim, é através das
relações estabelecidas com os outros, da interação entre os sujeitos, trocando experiências e
ideias, que construímos o conhecimento. Sob essa ótica, a aprendizagem é uma experiência
social, na qual a mediação é fator preponderante para Vygotsky. Essa mediação ocorre por
meio de instrumentos e signos, especialmente a linguagem. Segundo Coelho e Pisoni (2012,
p. 145), “a linguagem é um signo mediador por excelência, por isso Vygotsky a confere papel
de destaque no processo de pensamento”.
Para Argento (s.d.):
A linguagem, sistema simbólico dos grupos humanos, representa um salto
qualitativo na evolução da espécie. É ela que fornece os conceitos, as formas
de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do
conhecimento. É por meio dela que as funções mentais superiores são
socialmente formadas e culturalmente transmitidas, portanto, sociedades e
culturas diferentes produzem estruturas diferenciadas.
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Para Vygotsky, o desenvolvimento cultural da criança se dá por meio de uma dupla
formação: primeiro a nível social, e depois, a nível individual. A aprendizagem ocorre pela
interação entre os sujeitos e pela internalização do indivíduo, ou seja, por assimilações
exteriores e interiores. Nessa premissa, a aprendizagem do aluno se dá a partir a relação entre
aluno/professor, bem como entre aluno/aluno.
Vygotsky acreditava em uma escola onde houvesse a possibilidade de dialogar,
discutir, duvidar e compartilhar saberes, em que professores e alunos têm autonomia, pensam
e refletem sobre o processo de construção do conhecimento (REGO, 2001).
Para tanto, o professor deve criar estratégias capazes de promover a interação social
em suas aulas, possibilitar aos alunos compartilhar ideias, trocar experiências, construir o
conhecimento de modo coletivo. Inserir atividades capazes de incentivar os alunos ao diálogo
e ao convívio social, transformando-os em sujeitos ativos, que interagem com o ambiente
onde estão inseridos. Uma estratégia a ser adotada, é fazer uso das TIC no contexto escolar,
por estas fornecerem uma gama de ferramentas capazes de promover essa interação, como os
fóruns e os chats.
3 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO CONTEXTO
EDUCACIONAL
Uma das discussões mais levantadas, tanto no meio acadêmico, como no cerne da
sociedade civil é sobre a crise pela qual passa a educação brasileira nesse novo cenário
mundial, marcado por profundas transformações ocorridas nos pilares econômicos, político e
social. Essas mudanças foram possibilitadas graças ao advento das tecnologias, iniciado a
partir do século XVIII, com a I Revolução Industrial, que modificou a relação
homem/natureza e aumentou a capacidade de transformação do meio ambiente (SENE, 2004).
Mais tarde, já no final do século XIX, isso se intensificou com a eclosão da II
Revolução Industrial, baseada na descoberta de novas matrizes energéticas, tais como o
petróleo e a eletricidade. Mas foi a III Revolução, a chamada científica-tecnológica, a partir
de 1970, que se disseminaram as tecnologias informacionais (SENE, 2004), dentre as quais
estão os computadores, satélites, cabos de fibra ótica, telefones digitais, internet, e uma
variada gama de recursos técnico-científicos que hoje se fazem presente em nosso cotidiano.
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Por Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) compreende-se a “conjugação da
tecnologia computacional ou informática com a tecnologia das comunicações” (MIRANDA,
2007, p. 43).
Inúmeras são as vantagens do uso das TIC em diversos ramos da sociedade, na
medicina, na ciência, nas comunicações, e por que não dizer também na educação. Seu uso
nesse último se manifesta como possibilidade de um novo estímulo, uma oportunidade para a
educação superar seus tradicionais paradigmas de ensino/aprendizagem, onde o professor é o
centro do processo. É imprescindível a superação do modelo educacional vigente em busca da
qualidade do ensino e inserção da escola no contexto informacional, e o uso das TIC
manifesta-se como possibilidade de inserção da escola num novo paradigma.
O advento das TIC aumentou as possibilidades de efetivação desses novos
ecossistemas educacionais, a partir de um ensino que valorize o aluno enquanto sujeito ativo
no conhecimento (ALMEIDA, 2003).
Dessa forma, dessas tecnologias tornou-se cada vez mais incentivado para fins
educacionais, visto o crescente uso das tecnologias nessa sociedade, intitulada de “sociedade
informacional” (CASTELLS, 1999, p. 38), tendo em vista que a escola não é neutra, pois está
sempre inserida num contexto sócio-histórico, sofrendo influência direta de seu contexto
social, repassando valores e condutas da sociedade. Conforme Almeida:
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), a partir das
potencialidades e características que lhe são inerentes, apresenta-se como
estratégia para democratizar e elevar o padrão de qualidade da formação de
profissionais e a melhoria de qualidade da educação brasileira (ALMEIDA,
p.2, 2003).
De acordo com o mencionado, é possível os educadores utilizarem-se das novas
tecnologias da comunicação como metodologia de ensino, para facilitar a relação
ensino/aprendizagem, melhorar a comunicação entre professores e alunos, deixando-os mais
próximos da realidade social. Por outro lado, isso não significa que o uso desses recursos
possa suprir a deficiência do ensino. É notório também que muitos professores resistem às
mudanças e muitos deles sequer sabem interagir com esses meios (ALMEIDA, 2003). É
preciso que a escola se adeque às novas exigências da sociedade informacional, que os
professores se atualizem, se informem, se insiram nesse novo contexto social, mas não adianta
apenas ter o acesso a esses recursos; eles sozinhos não farão milagre. De acordo com Pontes:
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A utilização das TIC como ferramenta tanto pode ser perspectiva no quadro
de atividades de projetos e como recurso de investigação e comunicação,
como pode ser reduzido a uma simples aprendizagem, por processos formais
e repetitivos, de uns tantos softwares e programas utilitários. Ficam, ainda,
por equacionar novos papéis para a escola, novos objetivos educacionais e
novas culturas de aprendizagem. (PONTES, 2000, p. 73)
4 MOODLE: UM AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM
No tocante aos ambientes virtuais de aprendizagem, é necessário retroceder no tempo
para entender como as TIC foram inseridas na educação. Verifica-se que o uso do computador
no ambiente educacional teve início na década 1960, como meio de apresentação e controle
de instrução. Com isso, era dada uma ênfase expressiva na individualização da aprendizagem
e na redução de custos, as vantagens atribuídas eram: instrução individualizada, treinamento
uniforme, apresentado no ritmo do aprendiz, feedback imediato, apresentação no próprio
ambiente de trabalho do aprendiz, disponibilidade permanente, conteúdo facilmente
atualizável, reduzido tempo de estudo e material distribuído geograficamente. Assim, na
ocasião os conteúdos eram apresentados apenas na forma textuais devido às limitações
tecnológicas existentes (BECHARA, 2006).
Nesse sentido, as interfaces gráficas, no decorrer do tempo apresentaram um grande
desenvolvimento e trouxeram novas possibilidades para os materiais digitais. Assim,
desenvolvedores passaram a produzir softwares educacionais que suportam diferentes mídias,
tais como imagens, sons, vídeos, entre outros. Nesse compasso, a internet foi se
disseminando, inicialmente em acessos mais restritos, por meio da linha telefônica até chegar
à banda larga, se popularizando permitindo maior velocidade na transmissão de imagens e
vídeos (HAGUENAUER, 2007).
Com efeito, os ambientes virtuais de aprendizagem, criados a partir de recursos das
novas tecnologias digitais e utilizando como meio de difusão e comunicação a internet, dispõe
de uma gama de recursos, que vão desde o gerenciamento das atividades acadêmicas, como
criação de turmas e inscrição de alunos, passando pelo fornecimento de ferramentas para a
comunicação entre os participantes, até a criação, em tempo real, de ambientes imersivos e
interativos, como no caso dos jogos.
Uma definição possível para ambientes virtuais de aprendizagem consiste em:
10
Sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte de
atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação.
Permite integrar múltiplas mídias e recursos, apresentar informações de
maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de
conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir
determinados objetivos. As atividades se desenvolvem no tempo, ritmo de
trabalho e espaço em que cada participante se localiza, de acordo com uma
intencionalidade explícita e um planejamento prévio denominado design
educacional1, o qual constitui a espinha dorsal das atividades a realizar,
sendo revisto e reelaborado continuamente no andamento da atividade.
(ALMEIDA, 2003, p.5).
Não obstante, uma vez constituído, o AVA oportuniza a colaboração/interação entre
os participantes, que, depois de familiarizados, passam a explorar as ferramentas disponíveis
(tais como fórum, biblioteca, tira-dúvidas, chat, FAQ, bibliografia, arquivos para download,
mural de avisos etc.), adquirindo uma visão geral do funcionamento da plataforma
(HAGUENAUER, 2007).
Diante desta perspectiva, o mercado de tecnologia oferece uma série de plataformas,
ou ambientes virtuais, ou ainda sistemas de gestão da aprendizagem que podem dar suporte a
atividades educacionais colaborativas como o Teleduc e o blackboard.
O Moodle surge com a ideia de colaboração, isto é, os usuários da plataforma mantém
um portal na internet para colaboração e aprimoramento da ferramenta. Esse portal facilita a
troca de informação e, consequentemente, o aperfeiçoamento constante do Moodle enquanto
ferramenta de educação. Isso significa dizer que qualquer instituição que utilize o Moodle está
colaborando com o seu desenvolvimento, apenas o divulgando ou mesmo identificando e
solucionando problemas e ainda propondo novas ferramentas e possibilidades para a atuação
dos professores ou tutores, mediadores da aprendizagem (DELGADO, 2009).
É importante ressaltar que este software oferece toda a estrutura administrativa, que é
acessada apenas pelo administrador, que pode ser o professor e quem mais ele delegar esta
função (dados cadastrais, relatório, lista de presença, calendário). Também possui a estrutura
acadêmica que permite a propor pesquisas, disciplinas, glossários, roteiros de estudo, bem
como ferramentas de interação (e-mail, chat, wiki e fórum), permitindo uma ampla gama de
canais de comunicação entre os participantes, que podem ser selecionadas pelo professor, de
acordo com seus objetivos pedagógicos.
Sendo assim, o Moodle é um software altamente flexível e adaptável, os professores
têm a possibilidade de criar cursos utilizando as diversas ferramentas de interação e de
11
comunicação, de publicação de materiais de diferentes formatos e uma diversidade de
recursos que os permitem criarem atividades como exercícios de múltipla escolha com
autocorreção, entre outros. da maneira que cada um considerar mais eficiente para a
aprendizagem dos seus aluno (DELGADO, 2009).
De acordo com o exposto, sendo o Moodle ou Objeto Modular Orientado ao Ensino,
um ambiente virtual de aprendizagem, é pertinente salientar que:
Um ambiente virtual de aprendizagem - AVA - é um sistema de software
que constitui um espaço virtual educativo e interativo baseado na WEB,
tratando temas específicos e reconfigurando-se a partir das interações entre
os usuários, e destes com o sistema (MADSEN, 2001 apud DIAS, 2003, p.
37).
Nesse sentido, o processo educacional constituído nesse tipo de ambiente, promove
uma aprendizagem mais dinâmica e participativa, voltado para a aprendizagem que
transcende a sala de aula. Esta pode ocorre em diferentes espaços, presencial ou virtualmente.
No entanto, envolve uma postura cooperativa, determinada por atitudes de interação e tomada
de decisão em grupo, dado as responsabilidades tanto do aprendiz, quanto do grupo que
participa do ambiente.
Na concepção de Santos (2003, p. 2), um ambiente virtual “é um espaço fecundo de
significação onde seres humanos e objetos técnicos interagem potencializando assim, a
construção de conhecimentos, logo a aprendizagem”. Dessa maneira, os AVA, dado a
interatividade que promove entre os sujeitos envolvidos (alunos com alunos; alunos com
professores; professores com professores), possibilita um meio eficaz no processo de
aquisição de conhecimento, uma vez que no ambiente os alunos tendem a ser também
protagonistas do processo ensino/aprendizagem. Assim,
A aprendizagem mediada por AVA pode permitir que através dos recursos
da digitalização várias fontes de informações e conhecimentos possam ser
criadas e socializadas através de conteúdos apresentados de forma
hipertextual, mixada, multimídia, com recursos de simulações. Além do
acesso e possibilidades variadas de leituras o aprendiz que interage com o
conteúdo digital poderá também se comunicar com outros sujeitos de forma
síncrona e assíncrona em modalidades variadas de interatividade (SANTOS,
2003, p. 4).
Neste processo, os papéis de aluno e professor se integram, uma vez que os sujeitos
envolvidos podem ser emissores e receptores das informações publicadas.
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Cabe ressaltar que o advento das novas tecnologias, sobretudo, no contexto
educacional torna imprescindível sua utilização com objetivo de estender o espaço da sala de
aula, tendo em vista a inserção da TIC no processo de ensino-aprendizagem, na perspectiva de
maior interação entre professor e aluno, bem como dinamizar a relação do aluno com os
conteúdos e temas estudados, os tornando coautores deste processo.
De acordo com o contexto, é relevante salientar que:
Os ambientes virtuais de aprendizagem são espaços fecundos de
significações, onde agentes humanos e objetos tecnológicos interagem entre
si, potenciando a construção colaborativa do conhecimento em comunidades
de aprendizagem. Sendo mais do que simples conjuntos de páginas da web,
não se trata apenas de ferramentas tecnológicas, mas antes de elementos
técnicos e principalmente humanos relacionados no ciberespaço (Internet ou
Intranet) e que possuem uma identidade e um contexto específicos (Santos et
al. 2001, apud Correia; Lencastre p. 47).
Desse modo, “Ambiente Virtual de Aprendizagem” relaciona-se com as condições de
aprendizagem, enriquecida pelos recursos da tecnologia, a fim de estimular a construção dos
conceitos e a interação do aluno com o professor, com os colegas e com os recursos
disponibilizados e em construção (CORREIA; LENCRASTE, 2013).
É notório que nos últimos anos, os AVA, estão sendo cada vez mais incorporados no
âmbito acadêmico, como possibilidade tecnológica para atender a demanda educacional. E
conforme afirma Moran (2003, p.1), ensinar e aprender, hoje, não se limita ao trabalho dentro
da sala de aula. Esse processo sugere uma transformação do que fazemos dentro e fora dela,
no presencial e no virtual, além de um planejamento das ações de pesquisa e de comunicação
que possibilitem continuar aprendendo em ambientes virtuais, acessando páginas na internet,
pesquisando textos, recebendo e enviando novas mensagens, problematizando questões em
fóruns ou em salas de aula virtuais, divulgando pesquisas e projetos.
5 MOODLE: UMA EXPERIÊNCIA SOCIO-INTERACIONISTA
5.1 Quanto à metodologia do experimento
13
No curso de Pós-graduação em Docência no Século XXI, na disciplina Construção de
práticas educativas em ambiente virtual, foi proposta a plataforma Moodle como recurso
metodológico, a fim de promover maior interação entre aluno e professor no processo de
ensino-aprendizagem. Neste curso, criado na disciplina, ocorrido entre os meses de maio e
junho de 2013, os 26 alunos participantes tinham acesso à plataforma não só nas aulas, mas
em qualquer lugar com acesso à internet.
O curso, como parte da disciplina, fez uso de diversas ferramentas contidas na
plataforma Moodle, enfocando suas funcionalidades, tais como tarefas, fóruns de discussão,
publicação de aulas e arquivos, chats, enfim, a mais variada gama de recursos que a
plataforma dispõe. Com isso, diversas atividades foram propostas, dentre as quais podem-se
destacar os seminários apresentados pelos alunos, a partir das orientações publicadas pelos
professores. Assim, cada grupo realizava suas pesquisas, produzia os trabalhos, publicava na
plataforma e finalmente apresentava para a turma. Dessa forma, o Moodle não foi utilizado
somente à distância, facilitando a comunicação entre professores e alunos, mas foi bem
requisitado durante o curso presencial.
Após a realização das tarefas, os professores propuseram que os alunos assumissem o
papel de professores no ambiente. Assim, durante duas aulas5, foi realizada a capacitação dos
alunos para assumirem esse novo perfil. Após essa capacitação, os alunos deveriam propor
seus próprios cursos na plataforma.
Como no Moodle é possível o usuário ser cadastrado em diversos cursos e com
diferentes perfis, os alunos puderam, ao mesmo tempo, e com o mesmo usuário, ter o perfil de
professor e de aluno. Caberia, assim, aos alunos, tomarem o papel de professores, e proporem
um curso aos colegas da turma, com temas variados, à escolha de cada grupo, desde que fosse
voltado à educação, e composto por conteúdo, metodologia, tarefas, fórum e chat. Todos
deveriam participar das atividades e, ao final, apresentar os resultados do trabalho numa
culminância.
O curso proposto pelas autoras deste trabalho teve como tema O uso das TIC na
educação, com o intuito de oferecer uma contribuição às discussões acerca do uso dessas
tecnologias em sala de aula, como recurso metodológico, e levantar questões que se colocam
frente os limites e possibilidades destas na educação. Ele foi estruturado em três aulas,
conforme metodologia apresentada na figura 1:
5
Cada aula teve uma carga horária de três horas.
14
Figura 1: estrutura do curso proposto
Fonte: Tela capturada no Moodle
No primeiro encontro a aula foi expositiva, fazendo uso de slides que tratam da
referida temática. Estes estavam publicados no ambiente Moodle, onde os alunos puderam ter
acesso a todo instante. Após, foi apresentado um vídeo que elucidava sobre a ideia central do
curso (uso das TIC em sala de aula), de forma que os alunos puderam expor suas ideias acerca
do assunto durante a aula.
No segundo encontro a aula foi baseada nos textos disponibilizados na plataforma
(conforme figura 2) e, por meio deles, os alunos realizaram um trabalho, que deveria ser
publicado também na plataforma. Este consistia de apresentação e discussão dos textos.
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Figura 2: textos disponibilizados aos alunos para a elaboração das atividades
Fonte: Tela capturada no Moodle
Após as apresentações, os alunos participaram do fórum de discussão (figura 3), que
continha a seguinte pergunta: A partir do exposto em sala, através das discussões e dos textos,
vocês acham que o uso das TIC na educação ainda se apresenta como um grande desafio?
Quais são seus limites e possibilidades? As discussões foram realizadas durante 10 dias,
compreendidos entre 17 e 27 de maio de 2013, tempo em que o fórum ficou aberto.
Figura 3: página do fórum de discussão
Fonte: Tela capturada no Moodle
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No último encontro, os alunos elaboraram um texto, a partir do mapa conceitual
referente à temática, O uso das TIC na educação, elaborado pelas autoras e postado na
plataforma como base para a elaboração de textos que propiciasse a discussão do tema em
questão. Para tirar dúvidas sobre a atividade, foi proposto um chat no qual alunos e
professores poderiam conversar sobre tal atividade. Depois de prontos, esses textos foram
apresentados em sala, em uma culminância, na qual finalizariam as discussões acerca da
temática exposta.
Com base nessa estrutura o curso foi executado, tendo como moderadores três
professoras, duas das quais são autoras do presente artigo. Os moderadores são atores
fundamentais no processo ensino/aprendizagem por meio de ferramentas tecnológicas
educacionais, uma vez que são os articuladores dessa relação. Para tanto, precisam ter
capacidades imprescindíveis, tais como liderança, boa comunicação, habilidades para
solucionar de conflitos, além de habilidades técnicas (LOPES et al 2008, p. 68).
Ainda que essas características se façam presentes nos moderadores, isso não garante
que todos os objetivos esperados sejam alcançados, uma vez que outros fatores estão
envolvidos, tais como a efetiva participação dos alunos, recursos técnicos eficientes, apoio
acadêmico, entre outros. Para que a proposta consiga atingir os objetivos esperados é
necessária uma intrínseca relação de cooperação entre todos os atores envolvidos (LOPES et
al 2008, p. 68).
E foi a partir deste trabalho que se delineou o presente artigo, baseado no
levantamento da participação da turma nas atividades propostas no curso formulado sobre as
TIC, enfatizando as duas ferramentas do Moodle: o fórum de discussão e o chat, por estes
servirem bem às proposições deste trabalho, que é analisar a interação de alunos e
professores, a partir do uso deum AVA, com base na teoria sócio-interacionista de Vygotsky.
Os resultados obtidos nessa experiência apresentam-se na seção seguinte.
5.2 Resultados e discussões
As análises se fixaram em duas etapas principais do curso: as discussões no fórum e o
chat, propostos na segunda e terceira etapa do curso. A turma tinha um quantitativo de 26
alunos. Dentre estes, todos tiveram acesso ao fórum e ao chat proposto, entretanto, nem todos
os alunos participaram. O gráfico, a seguir (figura 4), apresenta o quantitativo da participação
dos alunos.
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Figura 4: gráfico da participação dos alunos no fórum de discussão
Fonte: Elaboração própria
Apesar de nem todos os alunos aderirem à proposta de trabalho, a grande maioria
participou, e fez contribuições bem significativas no fórum de discussão, onde eles puderam
expor suas opiniões acerca da temática proposta, contribuindo com o raciocínio do outro,
compartilhando seus conhecimentos e suas práticas cotidianas. Alguns fragmentos das
discussões ocorridas no fórum são apresentados, a seguir:
A utilização das TIC na Educação é um grande desafio para nós,
professores, tanto na questão de capacitação quanto na disponibilidade de
recursos que deveríamos ter a disposição. Nesse contexto, devemos
considerar a questão da metodologia no ensino quando utiliza ferramentas
tecnológicas. Não adianta utilizar ferramentas tecnológicas inovadoras se
não utilizar nova metodologia, com estratégias criativas no processo de
ensino e aprendizagem. É preciso alcançar, as necessidades dos nossos
alunos que nasceram na sociedade do conhecimento com bom planejamento
que envolva os mesmos. Que faça o aluno, de fato, construir o
18
conhecimento. Conforme Paulo Freire, "ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou a
sua construção" (...). (trecho do texto publicado por uma participante do
fórum)
Os ambientes educacionais suportados pelas TIC apresentam para a
educação desafios de diversa ordem, desde o “simples” uso das ferramentas
técnicas até à verdadeira apropriação do conteúdo simbólico que as
adequa. Ao mesmo tempo em que se constituem num universo estimulante e
motivador para a aprendizagem, trazem o mundo (virtual) para dentro da
sala de aula, disponibilizando oportunidades infinitas de desenvolvimento
cognitivo e sócio-afetivo dos alunos. (texto publicado por uma participante
do fórum).
Outra característica observada nessa atividade foi o grau de envolvimento dos
participantes. Consideramos importante o fato deles não responderam à questão
simplesmente, mas estarem atentos às colocações dos outros participantes, apresentando
seus posicionamentos frente às ideias expostas.
Concordo com as colocações dos colegas, e acredito que um novo ambiente
escolar deve ser construído sim. Claro, contando com a participação de
todos os sujeitos envolvidos nesse processo. Gosto de pensar que as novas
TIC certamente irão se desenvolver de forma acelerada e com custos cada
vez mais baixos. Isso me leva a acreditar que nos próximos anos as mesmas
caminharão lado a lado com as iniciativas pedagógicas, e ainda
contribuirão muito mais para o processo de ensino aprendizagem. (Trecho
do texto publicado por um participante do fórum).
Nesse sentido, os alunos foram além de responder às perguntas propostas, como
possivelmente ocorreria, caso fosse sido proposto numa atividade em sala, por meio de
provas ou testes. Por meio do fórum, os alunos puderam ler o posicionamento dos colegas e
exporem suas opiniões, sem vergonha de se expressarem. Enfim, no fórum eles ficaram
abertos às discussões, livres para darem suas opiniões, e principalmente, contribuir para a
construção
do
saber
coletivo,
atuando
como
sujeitos
ativos
no
processo
19
ensino/aprendizagem, o que corrobora com a proposição da teoria vygotskiana, a qual
compreende que a aprendizagem ocorre no relacionamento do aluno com o professor e com
outros alunos, pela mediação feita com outros sujeitos.
(…) Vygotsky acreditava em uma escola onde seria possível dialogar,
discutir, duvidar e compartilhar saberes, onde professores e alunos têm
autonomia e pensam e refletem sobre o processo de construção do
conhecimento (DELGADO, 2009, p.29).
As discussões realizadas no fórum se estenderam de modo a contribuir efetivamente
com o curso, contando com uma grande interação entre os agentes envolvidos, o que nos leva
a considerar que a experiência com o fórum foi muito positiva. Os alunos tiveram uma boa
participação e as discussões foram bem colaborativas. Ademais, a interatividade, foco deste
experimento, ocorreu de forma eficiente, permitindo os alunos a atuarem de forma ativa no
processo ensino/aprendizagem.
Quanto ao uso do chat, apenas dois alunos participaram, somente uma vez, conforme
apresentado no gráfico (figura 5) abaixo:
Figura 5: gráfico da participação dos alunos no chat
Fonte: Elaboração própria
Alguns fatores contribuíram para que isso acontecesse. Em primeiro lugar destacamos
a pouca efetividade da proposta do chat, ou seja, ele foi elaborado apenas para tirar dúvidas
20
dos alunos com relação à produção do texto. Isso talvez tenha feito com que os alunos dessem
pouca importância a essa ferramenta.
O segundo motivo pode ser por conta dos horários disponibilizados para os batepapos. A maior parte dos alunos trabalha em diferentes turnos, sobrando pouco tempo para
participação dos chats, uma vez que o mesmo tinha horário para começar e terminar.
O terceiro motivo pode ser pelo excesso de chats abertos ao mesmo tempo, pois
diversos cursos foram abertos com a mesma proposta de participação de fóruns e chats. Como
todos os chats estavam programados nos mesmos horários, acabou ocorrendo muitos
desencontros entre os moderadores e alunos, pois até mesmo os moderadores tinham que
participar dos outros chats. Enfim, diversos fatores contribuíram para o insucesso desta
ferramenta.
Entre erros e acertos o experimento proposto se desenrolou, e revelou a necessidade de
aprimoramento do uso do Moodle, principalmente no que tange à elaboração das atividades e
escolha das ferramentas que melhor atendam aos objetivos propostos. Contudo, o
experimento demonstrou que é possível os professores se utilizarem dele para dinamizarem
suas aulas, propor recursos metodológicos que ultrapassem a uso do quadro e giz, que coloque
os alunos numa posição ativa no processo ensino/aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As tecnologias estão sendo cada vez mais utilizadas no contexto educacional, por
propiciarem um leque de possibilidades na construção do conhecimento e nas tentativas de
mudança no processo ensino/aprendizagem.
Diversos recursos tecnológicos podem ser utilizados para dar suporte nas atividades de
ensino, fornecendo textos, imagens, livros, revistas, vídeos, novos ambientes de aprendizagem
que ultrapassam a sala de aula e os muros da escola. Essas tecnologias permitem um novo
encantamento e novas funções para a escola, ao abrir suas paredes e possibilitar que alunos
conversem e pesquisem com outros atores educacionais na mesma cidade, país ou do exterior.
O Moodle, objeto dessa pesquisa, é um exemplo disso. Uma de suas grandes
qualidades é possibilitar uma maior interação entre os agentes envolvidos no processo
ensino/aprendizagem, por apresentar uma gama de ferramentas capazes de propiciar essa
21
interação (educação/tecnologia), o que pode tornar o processo ensino/aprendizagem mais
interativo, dinâmico e colaborativo.
Seu
uso,
enquanto
recurso
metodológico
permite
integrar
o
processo
ensino/aprendizagem às TIC de maneira satisfatória; possibilita o diálogo, a troca de opiniões,
o compartilhamento de saberes, a construção do conhecimento de forma coletiva. Tal fato nos
remete à teoria sócio-interacionista de Vygotsky, em que o mesmo defende a presença e a
implicação do macrossocial nas interações completas entre os sujeitos e as considera
fundamentais desde o primeiro momento para a constituição do pensamento (DELGADO
2009).
Entretanto, conciliar tecnologia e educação ainda consiste num grande desafio, pois a
tecnologia subsidia o processo ensino-aprendizagem, mas não o substitui. A máquina pode ser
uma importante aliada da educação, porém a relação professor-aluno jamais será substituída
pela mesma. Cabe à escola ser mediadora entre tecnologia, informação e aprendizagem. É
insuficiente valorizar a informação unicamente e sim as relações que as norteiam, seja no
tocante à ciência, cultura, moral ou a ética e, nesta função a máquina é insuficiente. Portanto,
tecnologia e educação devem caminhar juntas, tendo em vista que uma não se sobrepõe à
outra, mas ambas são integrantes do modelo social em vigor. Tal fato não isenta a escola do
contexto social, ao contrário legitima sua importância e necessidade de se reinventar.
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