UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais Atratividade de mudas de Eucalyptus camaldulensis Dehnh, em diferentes soluções nutritivas, e de Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora para Acromyrmex spp. ALEXANDER GOUVEIA ORTIZ CUIABÁ – MT 2014 ALEXANDER GOUVEIA ORTIZ Atratividade de mudas de Eucalyptus camaldulensis Dehnh, em diferentes soluções nutritivas, e de Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora para Acromyrmex spp. Orientador: Prof. Dr. Otávio Peres Filho Dissertação apresentada em cumprimento às exigências do Curso de Pós-graduação em Ciências Florestais e Ambientais da Universidade Federal de Mato Grosso- UFMT, para obtenção do título de mestre. CUIABÁ – MT 2014 DEDICATÓRIA Dedico esta pesquisa a todos que me ajudaram a chegar até aqui, a Deus e todos seus ajudantes que estão na terra e nos céus, aos meus pais que na da tenra idade me ensinaram e mostraram os caminhos certos da vida guiando-me e orientando sobre o certo e o errado, a minha família que sempre me apoiou, a minha tia Vera que me influenciou por esta jornada, a minha mulher e companheira Graziella e as minhas filhas Geovanna, Samara, e ao meu irmão In. Memoriam Willian Gouveia Ortiz. Que este trabalho contribua e ajude no aprendizado, no desenvolvimento de novas pesquisas e ideias, que se materializem de forma pratica no campo. AGRADECIMENTOS À Universidade Federal de Mato Grosso Faculdade de Engenharia Florestal Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais. A todos os professores que de alguma forma ajudaram ao desenvolvimento e construção do saber para com isto chegar até aqui. Ao meu Orientador Prof. Dr. Otávio Peres Filho que com amizade e paciência orientou e ajudou no desenvolvimento dos estudos. Ao Prof. Dr. Alberto Dorval, que coorientou e ajudou a formar conceitos importantes a serem levados em conta. Ao Sr. Manoel Lauro da Silva que com a amizade e auxilio pratico apoiaram na construção desta pesquisa. Aos amigos de mestrado que junto comigo partilhamos conhecimentos duvidas e esclarecimentos. Ao Prof. Dr. José Fernando Scaramuzza, que ajudou e orientou o início da preparação do experimento e ajudou disponibilizando tempo e local para o início da pesquisa. A Prof. Dra. Oscarlina Lúcia dos Santos Weber, pela orientação e ajuda com as soluções nutritivas, que sem este material não seria possível realizar esta pesquisa. Ao Técnico Nível Superior Eng. Agrônomo Dimas de Melo pelas ideias iniciais de desenvolvimento da estratégia a ser montada e o que analisar. Ao Sr. Clair Bariveira da ZIANE florestal pela doação das mudas que utilizamos na pesquisa. Aos meus amigos e amigas de mestrado que juntos trilhamos este difícil mais glorioso e prazeroso caminho do aprender, em especial a minha amiga de casa de vegetação Bruna Cristina Almeida. Ao Prof. M.Sc. Marcelo Dias de Souza pelo auxilio estatístico e ajuda nas interpretações dos dados. Ao Dr. Jacques Hubert Charles Delabie do laboratório de Mirmecologia CEPLAC/CEPEC As contribuições pertinentes do Professor Dr. Márcio do Nascimento Ferreira. Ao professor Dr. Alexandre dos Santos pelas contribuições pertinentes e analises esclarecedoras. À prefeitura Municipal de Várzea Grande, MT, juntamente a Secretaria da Guarda Municipal e a todos os companheiros de serviço que direta ou indiretamente me auxiliaram. SUMÁRIO RESUMO GERAL....................................................................... Página vi ABSTRACT................................................................................. viii INTRODUÇÃO............................................................................ 1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 2 Capítulo I – Atratividade de mudas de Eucalyptus camaldulensis Dehnh. em diferentes soluções nutritivas, quanto ao comportamento de carregamento de folhas por Acromyrmex spp......................................................................... 3 RESUMO..................................................................................... 4 ABSTRACT................................................................................. 5 1. INTRODUÇÃO........................................................................ 6 2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................. 2.1. SOLUÇÕES NUTRITIVAS................................................... 2.2. NUTRIÇÃO E PRAGAS....................................................... 2.3. RESISTÊNCIA DA PLANTA ............................................... 7 10 11 14 3. MATERIAL E MÉTODOS....................................................... 3.1. PREPARO DAS MUDAS..................................................... 3.2. ANÁLISE DOS DADOS........................................................ 3.3. SELEÇÃO DOS FORMIGUEIROS...................................... 3.4. PREPARAÇÃO DAS FOLHAS PARA REALIZAÇÃO DOS TESTES...................................................................................... 15 16 18 19 20 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................. 23 4.1. Acromyrmex rugosus........................................................... 23 4.2. Acromyrmex balzani............................................................ 25 4.3. Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani...................... 25 5. CONCLUSÕES....................................................................... 28 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................... 29 7. ANEXO................................................................................... 36 Capítulo II – Preferência de Acromyrmex spp. por mudas de clonais e seminais de Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora utilizadas em reflorestamentos em Mato Grosso.................. 37 RESUMO.................................................................................... 38 ABSTRACT................................................................................. 39 1. INTRODUÇÃO........................................................................ 40 2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................. 42 2.3. RESISTÊNCIA DAS ESPÉCIES FLORESTAIS................... 43 3. MATERIAL E MÉTODOS....................................................... 44 3.1. PREPARO DAS MUDAS..................................................... 44 3.2. SELEÇÃO DOS FORMIGUEIROS...................................... 45 3.3. PREPARAÇÃO DAS FOLHAS PARA REALIZAÇÃO DOS TESTES...................................................................................... 46 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................. 48 5. CONCLUSÃO......................................................................... 51 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................... 52 RESUMO GERAL Ortiz, Alexander Gouveia. Atratividade de mudas de Eucalyptus camaldulensis Dehnh, em diferentes soluções nutritivas, e de Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora para Acromyrmex spp. Dissertação de mestrado do Curso de Pós-graduação em Ciências Florestais e Ambientais da Universidade Federal de Mato Grosso- UFMT, Orientador: Prof. Dr. Otávio Peres Filho. Este trabalho foi desenvolvido em duas etapas: 1° etapa, avaliar a influência de diferentes nutrientes na preferência de carregamento de discos foliares obtidos de folhas de Eucalyptus camaldulensis Dehnh. por Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani; 2° etapa, identificar a preferência de carregamento de discos foliares obtidos de folhas de espécies de Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora, utilizadas em reflorestamentos em Mato Grosso. Na 1° etapa foi comparado o efeito dos tratamentos nas duas espécies de Acromyrmex spp. em formigueiros localizados em área urbana e rural do município de Várzea Grande, MT, em períodos chuvoso de novembro a abril e seco de maio a outubro. Constatou-se que no período de novembro a abril, ocorreu o maior carregamento dos discos de folhas em relação aos meses de maio a outubro do mesmo ano, porém não houve diferença estatística entre os períodos. Os discos foliares provenientes do tratamento sem Fósforo foi o mais transportado pelas formigas seguido de forma decrescente pelos tratamentos sem Potássio, Cálcio, água, Nitrogênio e os tratamentos que menos contribuíram para escolha dos discos para transporte foram Magnésio, Enxofre e Completo. Ambas as espécies de Acromyrmex apresentaram as mesmas preferências de transporte de discos foliares, no entanto, A. balzani apresentou uma taxa de transporte menor que A. rugosus. Na 2° etapa do trabalho foi comparado o efeito dos tratamentos em Acromyrmex spp. utilizando formigueiros localizados em área urbana e rural do município de Várzea Grande. Os discos provenientes de folhas das mudas seminais de Eucalyptus urophylla, foram os mais transportados, seguidos pelos discos das mudas seminais do híbrido urograndis e seminais de Corymbia citriodora. Os menos transportados foram os discos ix dos clones do híbrido urograndis “GG100”, seguidos dos híbridos de urograndis “H13” e “I144” e dos clones do híbrido urocan VM01. Palavras-chave: Eucalyptus, seletividade, formigas cortadeiras. x ABSTRACT Ortiz, Alexander Gouveia. Attractiveness of Eucalyptus camaldulensis Dehnh. seedlings at different nutrient solutions, and Eucalyptus spp. for Acromyrmex spp. Master's thesis Postgraduate Course in Forestry and Environmental Sciences, Federal University of Mato Grosso-UFMT, Adviser: Prof. Dr. Otávio Peres Filho. This work was developed in two stages: 1st stage, to evaluate the influence of different nutrients on the loading preferably leaf discs obtained from Eucalyptus camaldulensis Dehnh leaves. by Acromyrmex rugosus and acromyrmex balzani; 2nd step, identifying the preference charging leaf discs obtained from leaves of Eucalyptus species spp. and Corymbia citriodora, used in reforestation in Mato Grosso. In the first step it was compared to the effect of the treatments on the two species of Acromyrmex spp. in nests located in urban and rural area of the municipality of Varzea Grande, MT, in rainy periods from November to April and dry from May to October. It was found that in the period from November to April, was the largest shipment of leaf discs compared to the months from May to October of the same year, but there was no statistical difference between the periods. The leaf disks from the treatment no phosphorus was carried by ants as followed in decreasing order by treatments without potassium, calcium, water, nitrogen and treatments that less contributed to the choice of transport for disks were Magnesium, Sulphur and Complete. Both Acromyrmex species had the same leaf discs transport preferences, however, A. Balzani showed a lower rate of transport than A. rugosus. In the 2nd stage of the work was compared the effect of treatments on Acromyrmex spp. using nests located in urban and rural area of the municipality of Várzea Grande. Discs from leaves of the seminal seedlings of Eucalyptus urophylla were the most transported and followed by the seminal seedlings of hybrid urograndis and seminal seedlings Corymbia citriodora. The discs were transported least those of the hybrid clones urograndis "GG100", followed by hybrid urograndis "H13" and "I144" and urocan vm01 hybrid clones. Keywords: Eucalyptus, selectivity, cutting ants. xi INTRODUÇÃO Os maciços florestais ou monoculturas é o modelo mais utilizado nos reflorestamentos com fins comerciais no Brasil e a sua importância econômica na geração de riqueza e empregos somado a sua contribuição para o ambiente, aumenta ainda mais a sua importância em nossa sociedade. Entre as diversas espécies florestais cultivadas no Brasil várias espécies de Eucalyptus spp. tem um destaque especial, pois, sua rusticidade adaptando em várias regiões do país e a sua diversidade de tipos de madeira produzida e a grande produtividade demonstram a sua importância para o setor florestal brasileiro. Vários estudos avaliam a densidade, o tipo de madeira e produtividade, entretanto os gastos silviculturais estão intimamente ligados a produtividade e as tomadas de decisões, dentro dos gastos silviculturais um dos mais importantes é o de combate a pragas florestais, sendo as formigas cortadeiras a praga florestal mais importante em diversas regiões, do Brasil. Vilela (1986) afirmou que as formigas cortadeiras representam 75% dos custos e do tempo gasto no controle de pragas, enquanto Alípio (1989) relatou que as formigas representam 30% dos gastos com a floresta até o terceiro ciclo e Rezende et al. (1983), determinaram que 7,41% do preço da madeira em pé é causado pelas formigas cortadeiras. A identificação quais espécies demonstram um menor desfolhamento por estes insetos, poderá diminuir os gastos com mão de obra para combate e consecutivamente o gasto com produtos químicos de controle tem um efeito positivo para o ambiente e para o silvicultor. Analisando a importância e a escassez de estudos das espécies de formigas cortadeiras conhecidas como quenquéns onde as espécies Acromyrmex rugosus Acromyrmex balzani que ocorrem no estado de Mato Grosso tornaram-se o alvo deste estudo. 1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALÍPIO, A.S. Controle de formigas cortadeiras. Normas técnicas da Pains Florestal, 1989. 8p. REZENDE, J.P.; PEREIRA, A.R.; OLIVEIRA, A.D. Espaçamento ótimo para a produção de madeira. Revista Árvore, Viçosa, v.7, n.1, 30-43p, 1983. VILELA, E.F. Status of leaf-cutting and control in forest plantations in Brazil. In: LOFGREN, C.S.; VANDERMEER, R.K. (Eds.). Fire ants and leafcutting ants: biology and management. Boulder: Wesview Press, 1986. p.399-408. 2 Capítulo I – Atratividade de mudas de Eucalyptus camaldulensis Dehnh. em diferentes soluções nutritivas, quanto ao comportamento de carregamento de folhas por Acromyrmex spp. 3 RESUMO Objetivo desta pesquisa foi avaliar a influência de diferentes nutrientes na preferência de carregamento de discos foliares, obtidos de folhas de Eucalyptus camaldulensis Dehnh. por Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani. O preparo das mudas foi realizado em casa de vegetação, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso. Foi replantado uma muda de Eucalyptus camaldulensis sendo uma muda por garrafa pet de 500ml, totalizando 90 mudas, em seguida cada garrafa teve seu contorno embrulhado por folha de alumínio para impedir a entrada de luz, que pudesse atrapalhar o desenvolvimento das raízes. O substrato utilizado foi areia grossa lavada com hipoclorito de sódio a 12%. Foram utilizados oito tratamentos, sendo a testemunha (T1) composto somente por água destilada e os demais utilizando solução nutritiva de Hoagland e Arnon (1950), tais como, T2= solução nutritiva completa, T3= solução nutritiva menos o Nitrogênio, T4= solução nutritiva menos o Fósforo, T5= solução nutritiva menos o Potássio, T6= solução nutritiva menos o Cálcio, T7= solução nutritiva menos o Magnésio, T8= solução nutritiva menos o Enxofre. Comparando o efeito dos tratamentos nas duas espécies de Acromyrmex spp. em formigueiros localizados em área urbana e rural do município de Várzea Grande, MT, em períodos chuvoso de novembro a abril e seco de maio a outubro. Constatou-se que no período de novembro a abril, ocorreu o maior carregamento dos discos de folhas em relação aos meses de maio a outubro do mesmo ano, porém não houve diferença estatística entre os períodos. Os discos foliares provenientes do tratamento sem Fósforo foi o mais transportado pelas formigas seguido de forma decrescente pelos tratamentos sem Potássio, Cálcio, água, Nitrogênio e os tratamentos que menos contribuíram para escolha dos discos para transporte foram Magnésio, Enxofre e Completo. Ambas as espécies de Acromyrmex apresentaram as mesmas preferências de transporte de discos foliares, no entanto, A. balzani apresentou uma taxa de transporte menor que A. rugosus. Palavras-chave: formiga, eucalipto, praga florestal. 4 ABSTRACT Objective of this research was to evaluate the influence of different nutrients in preference charging leaf discs obtained from leaves of Eucalyptus camaldulensis Dehnh. by Acromyrmex rugosus and acromyrmex balzani. The preparation of seedlings was carried out in a greenhouse, the Faculty of Agronomy and Veterinary Medicine, Federal University of Mato Grosso. It was replanted a change of Eucalyptus camaldulensis being a change for pet 500ml bottle, totaling 90 seedlings, then each bottle had its outline wrapped with aluminum foil to prevent the entry of light, which could hinder the development of the roots. The substrate was grit washed with 12% sodium hypochlorite. Was used a control treatment with distilled water called T1 and seven treatments with nutrient solutions (HOAGLAND and ARNON, 1950), T2 with a complete nutrient solution, T3 just subtracting the Nitrogen, Phosphorus T4 subtracting, subtracting the T5 Potassium, T6 subtracting Calcium, Magnesium subtracting T7, T8 subtracting Sulphur. Comparing the effect of the treatments on the two species of Acromyrmex spp. in nests located in urban and rural area of the municipality of Várzea Grande, MT, in rainy periods from November to April and dry from May to October. It was found that in the period from November to April, was the largest shipment of leaf discs compared to the months from May to October of the same year, but there was no statistical difference between the periods. The leaf disks from the treatment no phosphorus was carried by ants as followed in decreasing order by treatments without potassium, calcium, water, nitrogen and treatments that less contributed to the choice of transport for disks were Magnesium, Sulphur and Complete. Both Acromyrmex species had the same leaf discs transport preferences, however, A. Balzani showed a lower rate of transport than A. rugosus. Keywords: ant, eucalyptus, forest pest. 5 1. INTRODUÇÃO Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil, dizia na década de 40 uma campanha do Ministério da Agricultura (OLIVEIRA MARCELO, 1990). Tal fato ocorreu pela falta de conhecimentos de combate e manejo para diminuir o seu ataque sobre lavouras e florestas, e a sua real importância, passando se mais de sete décadas e meia o conhecimento sobre seus hábitos e seu desenvolvimento ainda não está totalmente elucidado, com muitas lacunas a serem elucidadas, para que se possa viver em equilíbrio com esta fantástica sociedade organizada. Vários autores encontraram evidências que a seleção de hospedeiros por fungos e formigas está ligado as alterações nutricionais da planta. Juruena e Cachapuz (1980) verificaram que a preferência por espécies vegetais está relacionada com a exigência nutricional do fungo que cultivam (Leucoagaricus gongylophorus). Além disso, outro fator a ser considerado é o estado fisiológico do formigueiro, pois, durante as variações climáticas do ano pode haver alterações nas necessidades do formigueiro. Além disso é provável que os fungos cultivados pelas diversas espécies de formigas apresentem variações subespecíficas ou até mesmo específicas e que estás preferências podem variar com as estações do ano e com as condições climáticas. Por isso o estudo foi realizado em dois períodos, chuvoso no mês de março de 2014 e de seca no mês de julho do mesmo ano, no estado de Mato Grosso no município de Várzea Grande com duas espécies Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani. Procurando-se verificar a influência das soluções nutritivas no carregamento por Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani, objetivou no trabalho: 1- Determinar se as ausências dos nutrientes exercem influência na escolha do material disponibilizado. 2- Verificar se ocorrem diferenças entre as duas espécies de Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani, na preferência de carregamento dos discos foliares nos diferentes tratamentos. 6 3- Verificar a influência dos períodos do ano chuvoso de novembro a abril e seco de maio a outubro no comportamento de transporte dos discos foliares pelas espécies de Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani. 7 2. REVISÃO DE LITERATURA A cultura do eucalipto tornou-se uma importante atividade econômica no Brasil e no Mato Grosso, segundo Shimizu (2007), no diagnóstico florestal de Mato Grosso, as plantações de eucaliptos ocupam a terceira colocação com uma área de 37.932 ha, e no ano de 2011 este volume subiu para 58.843, (FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO – FAMATO, 2013), estes maciços florestais no Estado devido a um rápido crescimento, capacidade produtiva, adaptabilidade a diversos ambientes e grande diversidade de espécies. Entretanto, um dos principais insetos que prejudicam e oneram os reflorestamentos são as formigas cortadeiras, que se não forem controladas podem se tornar um problema, tanto em florestas estabelecidas, que podem sofrer com a diminuição de produtividade, como em reflorestamentos, recentemente implantados ou em brotações, onde o dano pode ser maior, ainda, podendo levar alguns indivíduos até a morte. As formigas do gênero Acromyrmex spp. mesmo não tendo os seus formigueiros com o mesmo tamanho quando comparado com os Gênero Atta, podem ter a mesma significância ou até maior, como demonstrado por Araújo et al. (1997) que encontraram em uma mesma área uma maior quantidade de ninhos dessas formigas. Os danos produzidos por formigas cortadeiras causam a redução da produtividade, o que acarreta perdas econômicas aos reflorestamentos de eucalipto, aumentando com isto, seus custos de produção. Vilela (1986) afirmou que as formigas cortadeiras representam 75% dos custos e do tempo gasto no controle de pragas. Alípio (1989) relatou que as formigas representam 30% dos gastos com a floresta até o terceiro ciclo, o que, segundo Rezende et al. (1983), corresponde a 7,41% do preço da madeira em pé. Segundo FAMATO (2013) valores em moeda corrente no ano de 2013, calculou o custo de combate a formigas, utilizando a distribuição de iscas em 100% da área de reflorestamento e concluiu que 8 o gasto com insumos e mão de obra por hectare ano pode chegar em R$ 38,36 (trinta e oito reais e trinta e seis centavos). Entretanto, as formigas cortadeiras desempenham um importante papel no ambiente. Carvalho (2008) encontrou altos níveis de Nitrogênio e fósforo foliar nas plantas estabelecidas sobre e em até 10m de distância dos ninhos de Atta cephalotes, além de confirmarem a redistribuição e reciclagem de nutrientes mediados por colônias de saúva, o autor observou um aumento no crescimento do caule em relação as testemunhas que ficavam a mais de 10 metros de distância do ninho, refletindo a capacidade dessas colônias em liberar nutrientes para a vegetação próxima aos seus ninhos. Além disso, esses resultados demonstram que a maior disponibilidade de nutrientes pode aumentar a abundância, diversidade e produtividade das plantas próximas, acelerando o processo de ciclagem de nutrientes nesses locais (LUGO et al. 1973; HAINES, 1978). A concentração dos diferentes minerais nas folhas das plantas reflete as características geoquímicas do solo e a relação entre o acúmulo de nutrientes e o ambiente (RODIN e BAZILEVICH, 1967). Ninhos de saúva disponibilizam nutrientes no solo e as plantas próximas, de fato, podem absorvê-los, a exemplo do fósforo, como constatado por Carvalho (2008). No Brasil um dos principais nutrientes utilizados nas lavouras e nos reflorestamentos é o fósforo, pois sua disponibilidade é frequentemente reduzida em muitos solos tropicais (VITOUSEK, 1984), e comumente limitante tanto nos solos intemperizados da Amazônia (RICHTER e BABBAR, 1991) e do Cerrado (GOEDERT, 1983). O que ocorre no Brasil e nos países tropicais de solos intemperizados, na realidade é que o estoque total de fósforo é abundante nos solos destas regiões, mas o estoque deste elemento na forma disponível para as plantas é relativamente pequeno. A abundância relativa do fósforo é controlada pelo pH do solo e sua concentração é geralmente baixa devido a rápida adsorção nas superfícies coloidais e a formação de precipitados como Fosfato de Cálcio, Magnésio, Ferro ou Alumínio (VAN RAIJ et al., 2001). Em solos ácidos, como os da Amazônia e do Cerrado, a concentração de fósforo é bastante limitante para o crescimento das 9 plantas (DIAS FILHO, 1998). Este mesmo fato acontece num contexto agrícola. Raij (2011) afirmou que o fósforo é o nutriente mais usado em adubação no Brasil devido à carência generalizada desse elemento nos solos brasileiros. Além disso, este nutriente tem forte interação com o solo, sofrendo intensa fixação e as plantas não conseguem aproveitar mais que 10% do fósforo total aplicado. Malavolta (1985) afirmou que em solos tropicais ácidos, ricos em Ferro e Alumínio com ocorrência de adsorção do fósforo tornando-o indisponível em grande parte para as plantas. Diversos estudos, em diferentes ecossistemas, compararam o solo dos ninhos de formigas cortadeiras (Atta e Acromyrmex) com o solo sem influência desses ninhos, constatou-se uma maior concentração de nutrientes minerais nos solos influenciados pela presença dos ninhos (FARJI-BRENNER e SILVA, 1995). Estudos em solos de Cerrado comprovam que nas proximidades dos ninhos das formigas dos Gêneros Atta e Acromyrmex, ocorreu uma maior disponibilidade de todos os macronutrientes foliares e também de alguns micronutrientes, como o cobre e o zinco, em duas espécies vegetais, Amaioa Guianensis e Protium sp. (CARVALHO, 2008). Corroborando com estas afirmações, Souza-Souto et al. (2007) constataram uma concentração de 3 a 80 vezes maior de nutrientes nos solos das proximidades dos ninhos, que em solos adjacentes. 2.1. SOLUÇÕES NUTRITIVAS As soluções nutritivas contribuem para avanços nas pesquisas de nutrição e atualmente nas interações entre nutrição e ataque de insetos, fungos, bactérias e vírus, por que este meio de cultivo consegue isolar a maioria dos fatores secundários da interação entre o solo e os nutrientes. O uso de soluções nutritivas em diversas pesquisas, é a mais adequada para isolar fatores indesejáveis, como a fixação de nutrientes pelo solo e seus compostos, acarretando em uma baixa disponibilidade para a planta estudada, e este fator, foge do controle do pesquisador, como consequência, mascarando os resultados, podendo subestimar ou superestimar resultados (CLARK et al., 1978; FLEMING, 1983). 10 Hoagland e Arnon (1950) propuseram a primeira solução nutritiva para o cultivo de plantas. Portanto, os primeiros estudos científicos desenvolvidos em solução nutritiva remontam à segunda metade do século XX (HEWITT, 1966). No Brasil, as soluções nutritivas têm sido utilizadas, em pesquisas com nutrição mineral de plantas, sendo as propostas por Hoagland e Arnon (1950) e Sarruge (1975), a segunda a mais utilizada em pesquisas com espécies florestais. Esta preferência não se justifica, pois Teixeira, (1996) chegou à conclusão, que não existe uma solução nutritiva ideal para todas as espécies vegetais e todas as condições de cultivo, uma vez que a absorção de nutrientes é influenciada pela concentração dos nutrientes na solução e também pela espécie vegetal, cultivada e o ambiente. 2.2 NUTRIÇÃO E PRAGAS Uma das principais teorias sobre o efeito da nutrição e sua correlação com o ataque de insetos é a trofobiose. Chaboussou (1972) mencionou que uma planta fica mais vulnerável ao ataque de pragas, quando está em desequilíbrio nutricional tornando-se mais suscetível às pragas e aos patógenos. Vários estudos mostram os efeitos da nutrição mineral sobre o crescimento e a produtividade, com ênfase para a função dos nutrientes no metabolismo das plantas (EPSTEIN e ARNOLD, 2004). No entanto, a nutrição mineral pode também ter um efeito secundário sobre a resistência de plantas ao ataque de pragas e doenças. Ainda existem pesquisas que demonstram relação existente entre a nutrição das plantas e o ataque de pragas. Há exemplos de deficiências nutricionais que favorecem o ataque de pragas, enquanto outros apresentam correlação positiva entre o bom suprimento nutricional e o aumento do ataque de insetos (MARSCHNER 1995). A adubação mineral e o uso de agrotóxicos provocam inibição na síntese de proteínas, causando acúmulo de Nitrogênio e aminoácidos livres no suco celular e na seiva da planta, alimento que pragas e patógenos 11 utilizarão para se proliferar (MARSCHNER, 1995). Diante destas informações pode-se levantar a hipótese de que formigas cortadeiras, Atta ou Acromyrmex, tenham capacidade sensorial para detectar as preferências do fungo que cultivam, pois conseguem distinguir e selecionar o material entre tantos. Segundo Primavesi (1994) os nematóides Meloidogyna incognita e Meloidogyna exigua são pragas sérias em cafezais, especialmente em solos arenosos, onde podem aniquilar com a cultura. Uma adubação verde com feijão-de-porco e aplicação de fósforo, cálcio e magnésio, controla esses nematóides. Em acácia-negra, somente foi observado o ataque do serrador, Oncideres impluviata, em árvores com carência de magnésio. Andrade et al. (1997), estudando a adubação fosfatada sobre danos causados por vaquinha e na nodulação do feijoeiro, concluíram que o maior número de furos nas folhas, encontravam-se tratamentos semadubação e com NPK, e o menor dano nas plantas tratadas com esterco de curral e NPK + P. A nodulação do feijoeiro também foi maior nestes tratamentos e menor na falta de fósforo. O fósforo é um elemento determinante, uma vez que tem considerável importância no metabolismo do carbono, bem como na formação de açúcares fosfatados Grant et al. (2001), sendo essencial no metabolismo das plantas por estar intimamente envolvido na transferência de energia dentro da célula, como o ATP e ainda é o principal nutriente responsável pelo crescimento vigoroso das raízes (MALAVOLTA, 1985) e juntamente com o Nitrogênio, formarão estrutura importante dos ácidos nucléicos (MARSCHNER, 1995). No Brasil, os danos de Ctenaryatania spatulata foram estimados em casa de vegetação por Santana et. al. (2002). Através da simulação de estresse nutricional, os autores observaram que existe uma interação entre a ação do inseto e a deficiência de Mg. Os dois fatores juntos podem causar perdas em crescimento e na formação de biomassa foliar, além de afetar o crescimento de raízes. Todos os estudos encontrados na literatura, evidenciam que a teoria atual da dinâmica de populações de fitófagos preconiza que plantas 12 estressadas produzem alimentos com baixos teores de compostos químicos de defesa (RHOADES, 1979) e sabe-se também que a seleção da planta hospedeira pelo inseto é controlada por fatores sensoriais dos insetos (CHAPMAN, 1982). Ocorre também no período da seca quando o estresse hídrico é um dos fatores ambientais que podem favorecer o crescimento populacional dos psilídeos White (1969), citados por Santana (2010), por aumentar as concentrações de Nitrogênio na planta. Santana, Belotte e Decek (2003), simularam o estresse hídrico em plantas de Eucalyptus grandis, com e sem a presença do psilídeo Ctenaryatania spatulata e observaram que os insetos sozinhos podem causar uma perda de cerca de 20% no crescimento em altura de E. grandis. Entretanto, com a interação destes insetos com o estresse hídrico, as perdas podem ser ainda maiores. Carmo (2004) concluiu que a condição nutricional das mudas de Eucalyptus grandis interferiu na preferência alimentar das lagartas de Eupseudossoma involuta, sendo as plantas deficientes em Potássio mais suscetíveis à herbivoria, seguidas por fósforo e nos tratamentos com ausência de Nitrogênio e completa (N+P+K) e com apenas água não diferiram estatisticamente. A quantificação correta de adubo, para interpretar corretamente as carências da planta e corrigir o solo de maneira adequada é de suma importância. Nesse sentido, Marschner (1995) mostrou que aplicações ótimas de fósforo e potássio normalmente não causam efeito significativo nas doenças, porém o excesso de Nitrogênio pode favorecer doenças fúngicas, principalmente, onde o fósforo e o Potássio estiverem em níveis baixos. Fossati (1997) apresentou vários ensaios que demonstram as relações entre o estado nutricional de árvores e o ataque de insetos e fungos, e relatou que plantas malnutridas têm maior índice de ataque e podem ter maior mortalidade do que em povoamentos bem-adubados. Deficiências e excessos nutricionais alteram as estruturas anatômicas, como também, as propriedades bioquímicas dos vegetais, diminuindo assim, a resistência das plantas ao ataque de fungos patogênicos. As principais mudanças anatômicas e bioquímicas que estão 13 intimamente ligadas com o aumento da severidade e a incidência de doenças são: paredes celulares e cutículas mais finas, acúmulo de compostos solúveis como açúcares simples e aminoácidos, menor suberização, silificação e lignificação dos tecidos, menor síntese e acúmulo de compostos fenólicos e maior abertura ou mais tempo de abertura dos estômatos (SILVEIRA e HIGASHI, 2003). 2.3 RESISTÊNCIA DA PLANTA Outro fator importante que não deve ser negligenciado é o sistema imunológico da planta, pois produz substâncias secundárias responsáveis pela sua defesa, quanto ao ataque de pragas. Chaboussou (1999) observou que o uso de macronutrientes, como o K ou o Ca no solo, aumenta a resistência da planta contra o ataque de pragas. O uso da adubação potássica diminui o acúmulo de aminoácidos livres e favorece sua incorporação às proteínas. Kranthi et al. (2003) demonstraram que 24 horas após o início do ataque da lagarta Thyrinteina arnobia, houve ativação do sistema de defesa induzido por árvores E. grandis, pois, após este período, as formigas foram capazes de reconhecer tal sistema e dar preferência ao corte da planta não atacada. Corroboram com estas informações Oliveira (2003), demonstrou que o sistema de defesa induzido de plantas de E. grandis é eficaz na inibição de ataques subsequentes coespecíficos, e é ativado 24 horas após o dano causado, demonstrando que o sistema de defesa induzido de plantas de eucalipto é eficiente contra subsequentes ataques de herbívoros mesmos diferentes daqueles que provocaram os danos iniciais. Esta é uma característica importante a ser explorada em trabalhos posteriores com o intuito de esclarecer quais compostos secundários estariam atuando em reduzindo o corte em plantas previamente atacadas por Atta sexdens rubropilosa. Fenny (1976) e Rhoades e Cates (1976), mostraram que as espécies lenhosas perenes investem mais energia na produção de compostos de defesa chamadas substâncias secundárias, cuja função é 14 defender o vegetal contra os ataques de doenças e herbívoros. Porém, existem evidências de que estes mecanismos de defesa podem ser modificados por estresses, sejam estes hídricos ou de natureza nutricional (CHEW e ROADMAN, 1979). As evidências encontradas por Herms (2002), de que a variação na síntese de compostos de defesa em relação à disponibilidade de nutrientes descreve uma curva parabólica, em que ambos os extremos da condição nutricional correspondem à menor atividade do metabolismo secundário, confirma que plantas bem nutridas e em equilíbrio nutricional vão produzir mais substâncias secundárias quando comparadas com plantas com pouca ou muita oferta de determinados nutrientes. Um fator encontrado por Wheeler et al. (1998) não pode ser desconsiderado pois, em condições de deficiência nutricional, pode haver o aumento do consumo de partes das plantas pelos herbívoros, como estratégia para compensar a baixa aquisição de nutrientes. Portanto plantas que são atacadas por insetos adaptados aos seus compostos secundários podem ter uma adaptação bilateral transformando esta interação positiva e benéfica e de certa forma favorecendo a planta através da eliminação do material velho diminuindo a perda de água e ajudando no desenvolvimento e renovação destas partes consumidas por material novo em uma época em que as condições ambientais fossem mais favoráveis. 15 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. PREPARO DAS MUDAS As mudas foram produzidas pela empresa Ziane Mudas Florestais, no município de Tangará da Serra - MT, cultivadas em tubetes de polietileno, até atingirem o tamanho de 30 cm sendo transportadas da empresa para a UFMT em filme plástico polietileno utilizando o sistema denominado rocambole. O preparo das mudas foi realizado na casa de vegetação, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, o substrato utilizado foi areia grossa lavada e desinfetada com hipoclorito de sódio (12%), seguida de solução de EDTA 1% e água destilada, replantando uma muda de Eucalyptus camaldulensis por garrafa pet de 500ml (Figura 1). Após o plantio esta garrafa teve seu contorno embrulhado em folha de alumínio, para evitar a entrada de luz e não afetar o desenvolvimento das raízes e ou ocasionar o aparecimento de algas, podendo assim mascarar os efeitos dos tratamentos (Figura 2). Todas a mudas foram protegidas por uma tela de polietileno (sombrite) para evitar a herbivoria de qualquer inseto (Figura 3). 16 FIGURA 1- MUDAS TRANSPLANTADAS EM GARRAFAS PET. CUIABÁ, MT, 2014. FIGURA 2- GARRAFAS PET ENVOLTAS EM PAPEL ALUMÍNIO PARA EVITAR A ENTRADA DE LUZ. CUIABÁ, MT, 2014. 17 FIGURA 3 – MUDAS PROTEGIDAS POR TELA DE POLIETILENO (SOMBRITE) PARA EVITAR HERBIVORIA. CUIABÁ, MT, 2014. 3.2. ANÁLISE DOS DADOS Metodologia estatística Para comparar a quantidade de discos foliares forrageados por A. balzani e A. rugosus entre os oito diferentes tratamentos nos períodos secos e chuvosos, foi feita uma análise de variância e regressão utilizandose modelos lineares generalizados com uma distribuição de erros de Poisson para a variável-resposta (Crawley, 2005). Posteriormente, realizouse a junção dos termos qualitativos não-significativos, através de análises de contraste de modelos, para verificar a semelhança entre a preferência de cada espécie de formiga por discos foliares de eucalipto nos períodos de tempo analisados, a partir do modelo completo. As análises foram realizadas por meio do software R (R Development Core Team, 2005) e com o uso do pacote multicomp (Hothorn et al., 2008). Avaliou-se a influência da omissão de diferentes macronutrientes e micronutrientes na 18 preferência de carregamento de A. rugosus e A. balzani. Tratamentos conforme Tabela 1. TABELA 1 – DESCRIÇÃO DOS TRATAMENTOS E SUAS SOLUÇÕES NUTRICIONAIS (HOAGLAND e ARNON, 1950) UTILIZADOS NA PESQUISA. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014 Tratamentos Substancia T1 Água destilada T2 completo T3 Sem N T4 Sem P T5 Sem K T6 Sem Ca T7 Sem Mg T8 Sem S Descrição da solução (N+P+K+Ca+Mg+S) + Solução de micronutrientes (P+K+Ca+Mg+S) + Solução de micronutrientes (N+K+Ca+Mg+S) + Solução de micronutrientes (N+P+Ca+Mg+S) + Solução de micronutrientes (N+P+K+Mg+S) + Solução de micronutrientes (N+P+K+Ca+S) + Solução de micronutrientes (N+P+K+Ca+Mg) + Solução de micronutrientes 3.3. SELEÇÃO DOS FORMIGUEIROS Foram selecionados seis formigueiros de quenquéns. Os formigueiros encontrados foram georreferenciados utilizando-se o global positioning system (GPS) do aparelho SAMSUNG GALAXY S5, anotado as datas de coletas (Tabelas 1 e 2). Todos os formigueiros utilizados estavam localizados no município de Várzea Grande, situados na região Centro Oeste do Brasil, sendo designada pelo projeto Radambrasil (1982) como Depressão Cuiabana, a região pertence ao Planalto dos Guimarães, Depressão Paraguai, calha do Rio Cuiabá, com clima Tropical quente e sub-úmido, na categoria de Koppen foi classificado como Aw (GALVÃO, 1960). Foram feitos testes de atratividade realizados sempre no período noturno, pois, através de observações de campo, foi o período em que as 19 formigas são ativas no corte das folhas das espécies alvo e período de atividade dos formigueiros. Para efeito de padronização, os testes de atratividade foram realizados entre às 19:00 h e 23:00 h. As espécies de formigas utilizadas nos testes foram identificadas como sendo A. rugosus e A. balzani, pelo Dr. Jacques Hubert Charles Delabie do Laboratório de Mirmecologia CEPLAC/CEPEC, baseando-se na nomenclatura de BOLTON, 1995. TABELA 2 – COORDENADAS GEOGRÁFICAS DOS NINHOS DE Acromymex balzani, UTILIZADAS NOS TESTES. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014. Ninho Coordenadas Data de coleta Espécie 1 -15.665887, -56.132262 02/07/2014 A. balzani 2 -15.664230, -56.131476 03/07/2014 A. balzani TABELA 3 – COORDENADAS GEOGRÁFICAS DOS NINHOS DE Acromymex rugosusi, UTILIZADAS NOS TESTES. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014. Ninho Coordenadas Data de coleta Espécie 3 -15.656733, -56.143896 02/07/2014 A. rugosus 4 -15.654473, -56.137155 03/07/2014 A. rugosus 5 -15.638227, -56.096500 18/07/2014 A. rugosus 6 -15.740897, -56.203602 27/07/2014 A. rugosus 3.4. PREPARAÇÃO DAS FOLHAS PARA REALIZAÇÃO DOS TESTES A metodologia aplicada foi a Cherret e Seaforth (1970), (adaptada), pois, para se obter os resultados foram feitas alterações partir de uma metodologia usual utilizada para testes com Atta, entretanto não obteve-se 20 resultados, a primeira hipótese seria que os discos poderiam estar demasiadamente grandes para as Acromyrmex, sendo assim os discos de 1 cm foram diminuídos para 0,6 cm, o que não surtiu efeito não havendo carregamento, pois ainda utilizou-se colocar as placas 30 cm, do trajeto de passagem das formigas, logo após isso as placas foram postas a 15 cm, tendo como resultado o não carregamento, assim sendo foi decidido colocar as placas com os discos no trajeto de passagem tendo como resultado um rápido carregamento dos discos, mais teste teriam que ser feitos para verificar se o tamanho dos discos ou só apenas a distância da passagem das formigas influencia no carregamento. As folhas das mudas em cada tratamento foram cortadas com um perfurador de papel da marca ferramentaria Santiago modelo XI, obtendo-se discos com 0,6cm de diâmetro, posteriormente foram acondicionados em sacos plásticos com dimensões de 5cm X 10cm e fechados. Após duas horas foram colocados em placas de alumínio de 15cm X 15cm com quadrículas de 1cm X 1cm e colocados sobre o trajeto de passagem das formigas para se observar o comportamento de carregamento dos discos (Figuras 5,6). Todo o material utilizado no corte dos discos e as placas de alumínio foram lavados em água corrente e secos com papel absorvente antes e após a sua utilização para evitar contaminação entre tratamentos, no manuseio do material e dos discos foi utilizado luvas de látex, sendo usada uma luva para cada tratamento. 21 FIGURA 4 - PLACAS DE ALUMÍNIO DE 15cm X 15cm E QUADRICULAS DE 1cm X 1cm COM OS DISCOS DE Eucalyptus camaldulensis. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014. FIGURA 5 – CARREGAMENTO DOS DISCOS DE Eucalyptus camaldulensis. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014. 22 FIGURA 6 – CARREGAMENTO DOS DISCOS DE Eucalyptus camaldulensis. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014. 23 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Acromyrmex rugosus Houve diferença entre os tratamentos, porém, não houve diferença entre os períodos entre os tratamentos. No período chuvoso houve um maior carregamento de discos, entretanto esta diferença não foi significativa. Porém, o maior carregamento dos discos foliares por A. rugosus pode ter ocorrido por vários fatores, sendo o um deles, o maior e melhor oferta de material verde coincidir com o período das chuvas, ainda cabe ressaltar que os padrões de forrageamento podem estar ligados a sazonalidade segundo Della Lucia et al. (1993) colaboraram este resultado cujas mudanças ocorridas devido à chuva promovem alterações no balanço químico dos vegetais provocando respostas diferenciadas sobre a atividade de corte (DIEHL FLEIG, 1995). FIGURA 7 - MÉDIA DE DISCOS DE FOLHARES DE Eucalyptus camaldulensis DEHNH. TRANSPORTADOS POR Acromyrmex rugosus EM FUNÇÃO DOS TRATAMENTOS E PERÍODOS. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014. 24 4.2. Acromyrmex balzani Houve diferença entre os tratamentos, porém, não houve diferença entre os períodos entre os tratamentos. Para A. balzani também não houve diferença estes resultados demonstram que mesmo para as diferentes espécies estudadas de Acromyrmex partilham os mesmos padrões de escolha para forrageamento, entretanto mais estudos em localidades diferentes devem ser feitos para observar-se a repetitividade deste comportamento FIGURA 8 - MÉDIA DE DISCOS DE FOLHARES DE Eucalyptus camaldulensis DEHNH. TRANSPORTADOS POR Acromyrmex balzani EM FUNÇÃO DOS TRATAMENTOS E PERÍODOS. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014. 25 4.3. Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani Houve diferença entre as espécies de formigas e entre os tratamentos, porém não houve diferença entre os períodos entre os tratamentos. Pela análise dos dados obtidos, constatou-se que A. rugosus tem um maior carregamento do que A. balzani, constatou-se também que o comportamento de forrageamento em ambas as espécies são semelhantes, não diferindo estatisticamente. O que leva a supor que as necessidades nutricionais do fungo ou de substâncias prejudiciais ao seu desenvolvimento são detectadas, mesmo que as espécies de quenquéns sejam distintas. Observando as (Tabelas 4 e 5), os comportamentos de escolha foram os mesmos, sendo que os tratamentos T4 com ausência P (fósforo) obteve o maior carregamento de discos foliares, para ambas espécies de quenquéns. Segundo GRANT (2001), descreve que este elemento participa no processo de conversão de energia; fotossíntese, metabolismo de açúcares. Esta informação é muito importante, pois este nutriente participa no metabolismo de açúcares, alterando a quantidade de açucares disponíveis na planta, é importante no processo de divisão celular, alargamento das células, desenvolvimento de raiz e o crescimento da planta. Segundo Cherrett (1968), existe um comportamento preventivo de uma exploração excessiva de recursos próximos aos ninhos e de uma expansão da pressão de pastejo mais uniforme, por meio das plantas disponíveis. Essa conclusão foi baseada em seus estudos com a espécie de saúva Atta cephalotes, a qual não atacou plantas próximas aos ninhos. Carvalho (2008) registrou uma maior concentração de fósforo (P) nas folhas das plantas próximas aos ninhos de Atta cephalotes, do que nas plantas distantes, para as duas espécies analisadas em seu experimento (Amaioa guianensis e Protium sp.), podendo ser este um dos fatores que influenciam a escolha de corte das formigas, que não o faziam em plantas próximo do formigueiro, pois acreditava-se que seria como método somente de proteção do ninho, mais este fator deve influenciar também esta escolha. 26 Em seguida o tratamento onde os discos foliares foram mais transportados, em ambas espécies, foram o T5 com ausência Potássio (K). T6 ausência de Cálcio e T1 com Água destilada, Marschner (1995) relatou que a falta de K acarreta em acúmulo de compostos de baixo peso molecular como aminoácidos, açúcares solúveis, diminui a velocidade de cicatrização das injúrias, menor suberização, lignificação, espessura da cutícula e parede celular, maior abertura ou mais tempo de abertura dos estômatos, menor síntese e acúmulo de compostos fenólicos. Todos estes fatores ocorrem em plantas deficientes em potássio, como consequências, ocorre um aumento na concentração de açúcares solúveis e de aminoácidos nas folhas, podendo aumentar a eficiência de germinação dos esporos em relação às plantas sadias. Esse fato pode estar correlacionado com a preferência de transporte dos discos foliares de folhas de plantas pobres em potássio. A capacidade seletiva pode ocorrer por causa da presença de compostos secundários tóxicos ou de variações do valor nutricional exigido pelo fungo e até mesmo propriedades físicas e mecânicas das plantas (HUBBEL e WIEMER, 1983). Barrer e Cherrett (1972) constataram que as formigas cortadeiras podiam distinguir quimicamente folhas novas e velhas e tinham preferência pelas novas. Rockwood (1976) mencionou que compostos secundários e as necessidades nutricionais do fungo poderiam ser responsáveis por esta seletividade. Ridley et al. (1996) observaram que as formigas cortadeiras do gênero Atta e Acromyrmex tendem a rejeitar plantas que contêm compostos químicos prejudiciais ao fungo e criaram uma tese que sugere que um semioquímico do fungo, difundido por trofalaxia durante a lambedura, regularia a seleção do material vegetal pelas operárias forrageiras. A baixa concentração de cálcio nas folhas Segundo Silveira et al. (1998) demonstra que ouve um aumento na severidade do ataque de Rhizoctonia solani em mudas de Eucalyptus grandis e híbridos de E. grandis x E. urophylla. Os tratamentos T3 com ausência de Nitrogênio, foi o terceiro tratamento mais transportado, resultados encontrados por Halsall et al., 27 (1983) demonstrou que deficiência de nitrogênio e fósforo na fase de rustificação aumenta a suscetibilidade de mudas de eucalipto à infecção por Phaeoseptoria eucalypti. Isso se torna mais evidente em mudas passadas, com idades superiores a 120 dias. LARA (1991) apresentou resultados descreve que o ataque da broca do colmo de arroz, aumenta o nível de infestação com o uso de N + P. T7 com ausência de Magnésio, T8 com ausência de Enxofre e T2 com a solução completa apresentaram a menor taxa de transporte de discos foliares demonstrando desta maneira que a ausência do Magnésio Enxofre não teve tanta importância para a escolha dos discos com estes tratamentos e demonstrando ainda com o tratamento T2 que uma planta bem nutrida originou discos foliares pouco transportados pelas duas espécies de Acromyrmex. 28 5. CONCLUSÕES Baseando-se nos dados obtidos, pode-se concluir que: 1. As plantas deficientes em fósforo são preferidas por Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani; 2. As plantas deficientes, em escala descendente, por Potássio, Cálcio e por todos os macros e micros elementos, e Nitrogênio, influenciam positivamente no transporte dos discos foliares; 3. As plantas deficientes em Magnésio e Enxofre, bem como as plantas nutridas com todos os nutrientes, afetam negativamente no transporte dos discos por Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani; 4. As estações chuvosas e de estiagem não influenciam na escolha dos discos foliares ofertados. 29 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALÍPIO, A.S. Controle de formigas cortadeiras. Normas técnicas da Pains Florestal, 1989. 8p. ANDRADE, R. C.; ALMEIDA, C. L. L. M.; CALAFIORI, M. V. Influência da adubação fosfatada sobre os danos causados por vaquinha, Diabrotica speciosa (Germar, 1824) e na nodulação do feijoeiro, Phaseolus vulgaris CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 16; ENCONTRO NACIONAL EMBRAPA-CNPMF, 1997. 80p. ARAÚJO, M.S.; DELLA LUCIA, T.M.C.; MAYHÉ-NUNES, A.J. Levantamento de Attini (Hymenoptera, Formicidae) em povoamento de Eucalyptus na região de Paraopeba, Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, v. 14, n. 2, 323-328p, 1997. BARRER, P.M.; CHERRETT, J.M. Some factors affecting the site and pattern of leaf-cutting activity in the ant Atta cephalotes L. Journal of Entomology. v.47, 1972. 15-27p. BOLTON, B. A new general catalogue of the ants of the world. 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Solução estoque Completo N P K Ca Mg S B Zn K2HPO4 2,5 2,5 - - 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 KNO3 12,5 - 12,5 - 12,5 7,5 7,5 12,5 12,5 Ca (NO3)2.5H2O 12,5 - 12,5 12,5 - 10,0 10,0 12,5 12,5 MgSO4.7H2O 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 - - 5,0 5,0 KCL - 12,5 2,5 - - 5,0 5,0 - - CaCl2.2H2O - 5,0 - - - 2,5 2,5 - - NH4H2PO4 - - - 2,5 - - - - - NH4NO3 - - - 5,0 12,5 - - - - (NH4)2SO4 - - - - - 5,0 - - - MgNO3 - - - - - - 5,0 - - Solução de micros 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 - - Micros - B - - - - - - - 2,5 - Micros - Zn - - - - - - - - 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 Solução de Fe EDTA O sinal “-” indica a omissão do respectivo nutriente na composição da solução nutritiva. 37 Capítulo II – Preferência de Acromyrmex spp. por mudas de clonais e seminais de Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora utilizadas em reflorestamentos em Mato Grosso 38 RESUMO Este trabalho teve por objetivo avaliar a preferência de transporte de Acromyrmex spp. por discos foliares de mudas clonais e seminais de Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora utilizadas em reflorestamentos do Estado de Mato Grosso. Os testes foram realizados com discos foliares obtidos das mudas, considerando-se cada espécie, híbrido, seminal e clone como um tratamento. Os testes foram aplicados em dezembro/2014, em formigueiros situados no município de Várzea Grande, Estado de Mato Grosso. Nos trabalhos de campo foram utilizadas placas de alumínio numeradas de acordo os tratamentos e o número de repetições. Em cada placa de alumínio foram colocados 20 discos de cada tratamento e as placas foram dispostas aleatoriamente ao longo do carreador ativo dos formigueiros, sendo realizadas quatro repetições para cada tratamento. Para comparar a quantidade de discos foliares transportados por Acromyrmex spp. entre os sete diferentes tratamentos, foi feita uma análise de variância e regressão utilizando-se modelos lineares generalizados com uma distribuição de erros de Poisson para a variável-resposta. Posteriormente, realizou-se a junção dos termos qualitativos nãosignificativos, através de análises de contraste de modelos, para verificar a semelhança entre a preferência dos ninhos de formigas cortadeiras por discos foliares de cada tratamento, a partir do modelo completo. As análises foram realizadas por meio do software R e com o uso do pacote multicomp. Os discos provenientes de folhas das mudas seminais de Eucalyptus urophylla, foram os mais transportados e seguidos pelos discos das mudas seminais do híbrido urograndis e dos discos seminais de Corymbia citriodora. Os discos menos transportados foram os dos clones do híbrido urograndis “GG100”, seguidos dos híbridos de urograndis “H13” e “I144” e dos clones do híbrido urocan VM01. Palavras-chave: formiga, Eucalypto, praga florestal. 39 ABSTRACT This study aimed to evaluate the transport preference of Acromyrmex spp. By clonal leaf discs and seminal seedlings Eucalyptus spp. and Corymbia citriodora used in reforestation of the State of Mato Grosso. The tests were performed with leaf disks obtained from seedlings, considering each type, hybrid, and seminal clone as a treatment. The tests were applied in December / 2014 in nests located in the municipality of Várzea Grande, State of Mato Grosso. In field studies were numbered aluminum plates used according treatments and the number of repetitions. In each aluminum plate were placed 20 discs per treatment, and the plates were disposed randomly throughout the active carrier of the nests being carried out four replicates for each treatment. To compare the amount of leaf discs carried by Acromyrmex spp. among seven different treatments, was an analysis of variance and regression using generalized linear model with a Poisson distribution of errors for the response variable. Subsequently, the junction was performed for non-significant qualitative terms, by contrast analysis model to check the similarity between the preference of the harvester ant nests per leaf discs per treatment, from the complete model. Analyses were performed using the R software and using the multicomp package. Discs from leaves of the seminal seedlings of Eucalyptus urophylla were the most transported and followed by the seminal seedlings of hybrid urograndis and seminal seedlings Corymbia citriodora. The discs were transported least those of the hybrid clones urograndis "GG100", followed by hybrid urograndis "H13" and "I144" and urocan vm01 hybrid clones. Keywords: ant, Eucalypto, forest pest. 40 1. INTRODUÇÃO Nos primórdios da introdução das espécies de Eucalyptus spp. por Edmundo Navarro de Andrade, Engenheiro Agrônomo contratado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro do Estado de São Paulo, que em 1904, recebeu a missão de encontrar a melhor espécie florestal para o fornecimento de carvão para as locomotivas e madeira para os dormentes das ferrovias (ABRAF, 2006). Até os dias de hoje existe vários estudos sobre esta grandiosa espécie e suas variedades de híbridos e clones em busca de uma melhor produtividade. Os maciços florestais ou monoculturas é o modelo mais utilizado nos reflorestamentos com fins comerciais no Brasil, a sua importância econômica na geração de riqueza e empregos somado a sua contribuição para o ambiente, aumenta ainda mais a sua importância em nossa sociedade. Entre as diversas espécies cultivadas no Brasil, as várias espécies de Eucalyptus spp. tem um destaque especial, pois, devido a sua rusticidade adaptando-se em várias regiões do país e a sua diversidade de tipos de madeira produzida e a grande produtividade demonstram a sua importância para o setor florestal brasileiro. Vários estudos avaliam a densidade, o tipo de madeira e produtividade, entretanto os gastos silviculturais estão intimamente ligados a produtividade e as tomadas de decisões. Dentro dos gastos silviculturais um dos mais importantes é o de combate a pragas florestais, sendo as formigas cortadeiras, o inseto considerado a praga florestal mais importante em diversas regiões (BOARETTO e FORTI, 1997). Com o aumento das áreas de plantio com Eucalyptus spp., os problemas entomológicos que atingem hoje os plantios de eucalipto tendem a aumentar nas mesmas proporções, pois ainda persiste a tendência em criar grandes reflorestamento com uma mesma espécie, tendo como consequência uma abundante e constante fonte de alimento causando assim uma fragilidade desses ecossistemas, tomando-o um ambiente em 41 desequilíbrio, em que a sobrevivência de inimigos naturais pode ser prejudicada (SANTOS et al., 1993) Procurando-se verificar a preferência de carregamento Acromyrmex spp. objetivou no trabalho: 1- Determinar qual tratamento terias os discos foliares mais transportados. 2- Verificar qual tratamento teria os discos foliares menos transportados. 3- Verificar possíveis diferenças entre os formigueiros de Acromyrmex spp. quanto a preferência de carregamento dos discos foliares nos diferentes tratamentos. 42 2. REVISÃO DE LITERATURA Segundo Lindsay (1971), o número de espécies de interesse comercial pertencentes ao gênero Eucalyptus, encontra-se próximo de duzentas espécies, onde são selecionados indivíduos de acordo com as condições ecológicas do local de introdução, que apresentem características de físicas de interesse comercial. Porém um fator que é normalmente negligenciado é o nível de resistência destas espécies aos insetos da região onde serão introduzidos, isso ocorre, pois, estudos nesta área de conhecimento são em grande parte demorados e despende mão de obra especializada se comparado com culturas de ciclos curtos além de gerar inúmeras interações destes novos indivíduos dentro do ecossistema. As espécies que são de utilidade industrial, e que mais se destacam no Brasil, são os híbridos de Urograndis que ocupam uma maior área plantada, seguidas das espécies de Eucalyptus urophylla, Eucalyptus grandis, Eucalyptus camaldulensis, Eucalyptus cloeziana, Eucalyptus dunnii e da espécie Corymbia citriodora (PAIVA ET AL. 2001, VITTI e BRITO 2003), Em reflorestamentos com Eucalyptus spp., ou outras espécies florestais as formigas cortadeiras destacam-se como o grupo com o maior potencial de se tornar uma praga florestal, especialmente nas fases de corte e pré-corte (áreas de reforma ou condução da floresta) e imediatamente após o plantio ou no início da condução de brotação (BOARETTO e FORTI, 1997). Os danos econômicos causados pelas formigas estão associados ao tamanho, dimensão e quantidade dos formigueiros, os quais necessitam de grande quantidade e volume de folhas para o desenvolvimento do fungo simbionte que atende à necessidade alimentar castas que compõe o formigueiro (LOECK et al., 1993). Peres Filho et al. (2002) constataram que os discos foliares de Eucalyptus grandis foi menos preferido para carregamento por saúva limão, em comparação com outras 41 espécies florestais nativas e exóticas, em 43 condições de laboratório e afirmou que dependendo da diversidade de espécies florestais testadas, o comportamento das formigas pode ser alterado, sugerindo que os compostos presentes nas folhas das diferentes espécies interferem na preferência de ataque pelas formigas cortadeiras. 2.3 RESISTÊNCIA DAS ESPÉCIES FLORESTAIS Uma série de estudos demonstram as resistências de algumas espécies florestais hora por questões inerentes a espécie hora por questões ambientais que a tornam mais susceptível ao ataque, como visto no primeiro capítulo e de acordo com (SANTANA e COUTO, 1990), ao avaliarem a preferência de saúva limão e saúva cabeça de vidro por discos foliares de 41 espécies e procedências de Eucalyptus spp., em condições de laboratório, concluíram que quanto maior o número de procedências testadas, maiores foram as evidências das diferenças entre estas. Isso demonstra também a adaptabilidade das formigas demonstrando que conseguem distinguir perfeitamente o que é melhor para o fungo que cultivam e selecionam os vegetais que melhor lhes atende. Segundo Fox e MacAuley (1977), espécies de Eucalyptus, quando atacadas por herbívoros, aumentam a produção de compostos secundários como óleos essenciais e taninos. Esses compostos são tóxicos e podem evitar posteriores ataques de ácaros (TAKABAYASHI et al., 1994), e das próprias formigas cortadeiras (HUBBEL e WIEMER, 1983). Oliveira et al., 2004 demonstraram que o sistema de defesa vegetal de E grandis foi ativado 24 horas após o início do ataque de lagarta. Após este período, as formigas foram capazes de reconhecer e deram preferência ao corte das plantas não atacadas. 44 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. PREPARO DAS MUDAS Foram produzidas setenta mudas pela empresa Ziane Mudas Florestais, no município de Tangará da Serra - MT, cultivadas em tubetes de polietileno, até atingirem o tamanho de 30 cm e transportadas em bandeja própria para tubetes de polietileno (Figura 9) do local de produção para o campus da UFMT. As mudas passaram por um período de adaptação de uma semana sendo molhadas diariamente 3 vezes por dia. FIGURA 9- MUDAS EM BANDEJA DE TUBETES PARA REALIZAÇÃO DOS TRABALHOS. CUIABÁ, MT, 2014. 45 Foram utilizadas mudas clonais e seminais de Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora de acordo com a Tabela 4. TABELA 4 – IDENTIFICAÇÃO DE CADA TRATAMENTO UTILIZADO NO EXPERIMENTO, VÁRZEA GRANDE, MT, 2014. TRATAMENTOS ORIGEM, ESPECIE/ HIBRIDO T1 Seminal Corymbia citriodora T2 Clone I144 de urograndis T3 Clone VM01 de urocan T4 Seminal de urograndis T5 Seminal de urophyla T6 Clone H13 de urograndis T7 Clone GG100 de urograndis 3.2. SELEÇÃO DOS FORMIGUEIROS Foram selecionados quatro formigueiros de quenquéns, sendo georreferenciados, utilizando-se o global positioning system (GPS) do aparelho SAMSUNG GALAXY S5 (Tabela 6). As espécies de formigas utilizadas nos testes foram identificadas como Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani, pelo Dr. Jacques Hubert Charles Delabie do laboratório de Mirmecologia CEPLAC/CEPEC, baseando-se na nomenclatura de Bolton (1995). Todos os formigueiros utilizados estavam localizados no município de Várzea Grande situados na região Centro Oeste do Brasil, sendo designada pelo projeto Radambrasil (1982) como depressão Cuiabana a região pertence ao Planalto dos Guimarães, Depressão Paraguai, calha do Rio Cuiabá, com predominância de clima Tropical 46 quente e sub-úmido, na categoria de Koppen foi classificado como Aw, (GALVÃO, 1960) TABELA 5 – COORDENADAS GEOGRÁFICAS DOS NINHOS DE Acromyrmex spp., UTILIZADAS NOS TESTES. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014. Ninho Coordenadas Data de coleta 1 -15.665887, -56.132262 02/07/2014 2 -15.664230, -56.131476 03/07/2014 3 -15.654473, -56.137155 03/07/2014 4 -15.638227, -56.096500 18/07/2014 3.3. PREPARAÇÃO DAS FOLHAS PARA REALIZAÇÃO DOS TESTES O experimento foi feito em dois formigueiros ativos para cada espécie de quenquém, com quatro repetições para cada tratamento. Os testes foram realizados em dezembro de 2014. As folhas das mudas em cada tratamento foram cortadas com um perfurador de papel da marca ferramentaria Santiago modelo XI, obtendo-se discos com 0,6cm de diâmetro que foram acondicionados em sacos plásticos com dimensões de 5cm X 10cm e fechados hermeticamente. Após duas horas foram colocados em placas de alumínio de 15cm X 15cm com quadrículas de 1cm X 1cm e colocados sobre os carreadores das formigas para observar o comportamento de carregamento dos discos (Figuras 5,6). Todos os materiais utilizados no corte dos discos e as placas de alumínio foram lavados em água corrente e secos com papel absorvente antes e após a sua utilização para evitar contaminação entre tratamentos, em todo manuseio do material e dos discos foi utilizado luvas de látex que foram trocadas após cada manuseio. A metodologia aplicada foi a de Cherret e Seaforth (1970) (adaptada), pois, anteriormente, todos os procedimentos descritos no parágrafo anterior foram feitos a partir de uma metodologia usual utilizada 47 para testes com Atta, a primeira hipótese seria que os discos poderiam estar demasiadamente grandes para Acromyrmex, sendo assim os discos de 1 cm foram diminuídos para 0,6 cm, o que não surtiu efeito, pois as formigas não transportaram os discos. Em seguida, colocou-se as placas a 30 cm da trilha de passagem das formigas, não se obtendo sucesso, o que levou a colocar as placas a 15 cm, também não trazendo resultados no carregamento. Como última tentativa, as placas foram colocadas em cima das trilhas e assim foi iniciado imediatamente o transporte dos discos foliares. 3.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA Para comparar a quantidade de discos foliares forrageados por Acromyrmex spp. entre os sete diferentes tratamentos, foi feita uma análise de variância e regressão utilizando-se modelos lineares generalizados com uma distribuição de erros de Poisson para a variável-resposta (Crawley, 2005). Posteriormente, realizou-se a junção dos termos qualitativos nãosignificativos, através de análises de contraste de modelos, para verificar a semelhança entre a preferência dos ninhos de formigas cortadeiras por discos foliares de eucalipto, a partir do modelo completo. As análises foram realizadas por meio do software R (R Development Core Team, 2005) e com o uso do pacote multicomp (Hothorn et al., 2008). 48 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Constatou-se o carregamento de discos foliares em todos os tratamentos, resultado também encontrado nas pesquisas de Santana e Couto (1990). TABELA 6 – ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA A PREFERÊNCIA DE Acromyrmex spp. POR DISCOS FOLIARES DE EUCALIPTO NOS DIFERENTES TRATAMENTO. FV GL Deviance Tratamentos Formigueiros Tratamento*Formigueiros Total 6 3 18 - 760,78 0,19 7,64 - GL residual 105 102 84 111 Deviance residual 32,29 32,10 24,46 793,06 P < 2,2e-16* 0,86605 0,03814* - Houve diferença entre os tratamentos, porém não houve diferença entre os quatro formigueiros avaliados. Figura 10 apresenta o desdobramento dos tratamentos. 49 FIGURA 10 - MÉDIA DE DISCOS DE FOLHARES DE Eucalyptus spp. TRANSPORTADOS POR Acromyrmex balzani EM FUNÇÃO DAS VARIEDADES. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014. Os tratamentos que tiveram o T1, T3, T2 e T6 não diferiram estatisticamente, apesar de apresentarem dados numéricos distintos. Fato análogo para os tratamentos T4 e T5. Os discos foliares mais carreados de forma decrescente foram de T5, T4, T1, T3, T2, T6 e T7, demonstrando assim que discos oriundos do clone de GG100 de Urograndis foram os menos preferidos. Rosado et al. (2014) encontrou resultados similares onde ofertou várias espécies Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora sendo a última uma das menos forrageadas, resultados também encontrados em experimento com Acromyrmex laticeps nigrosetosus realizado em laboratório avaliando a não preferência de Acromyrmex subterraneus subterraneus Forel ao corte de “eucaliptos”, obteve Corymbia citriodora entre as duas espécies menos carregadas (Marsaro Júnior et al. 2007, e Della Lucia et al. 1995). 50 O transporte de discos provenientes do tratamento T4 e T5 foram os preferidos por Acromyrmex spp. resultados também encontrados por Rosado et. al. (2014) onde Eucalyptus urophylla X Eucalyptus grandis foram preferidas ao corte. Ambos os formigueiros apresentam a mesma preferência de carregamento dos discos foliares, não diferindo estatisticamente entre si. A semelhança dos resultados encontrados em ambos os formigueiros pode ter origem em dois fatores: a) Os dois formigueiros são oriundos de um mesmo formigueiro, o que pode acarretar em comportamento semelhante; b) Pode ser um fator inerente da espécie. No entanto, essas duas hipóteses devem ser estudadas para se ter dados mais precisos e que tragam uma solução. 51 5. CONCLUSÃO Baseando-se nos dados obtidos, pode-se concluir que: 1- Discos de mudas seminais de Eucalyptus urophylla e o hibrido de origem seminal de Eucalyptus urophylla X Eucalyptus grandis são preferidos por Acromyrmex spp. 2- Discos de mudas clonais de “GG100” (Eucalyptus urophylla X Eucalyptus grandis) são menos preferidas por Acromyrmex spp. 52 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAF. Anuário estatístico da ABRAF: ano base 2006/ABRAF. Brasília. 2007. ANDRADE, R. C.; ALMEIDA, C. L. L. 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