Atratividade de mudas de Eucalyptus camaldulensis Dehnh, em

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL
Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais
Atratividade de mudas de Eucalyptus camaldulensis Dehnh,
em diferentes soluções nutritivas, e de Eucalyptus spp. e
Corymbia citriodora para Acromyrmex spp.
ALEXANDER GOUVEIA ORTIZ
CUIABÁ – MT
2014
ALEXANDER GOUVEIA ORTIZ
Atratividade de mudas de Eucalyptus camaldulensis Dehnh,
em diferentes soluções nutritivas, e de Eucalyptus spp. e
Corymbia citriodora para Acromyrmex spp.
Orientador: Prof. Dr. Otávio Peres Filho
Dissertação
apresentada
em
cumprimento às exigências do Curso de
Pós-graduação em Ciências Florestais
e Ambientais da Universidade Federal
de Mato Grosso- UFMT, para obtenção
do título de mestre.
CUIABÁ – MT
2014
DEDICATÓRIA
Dedico esta pesquisa a todos que me ajudaram a chegar até aqui, a
Deus e todos seus ajudantes que estão na terra e nos céus, aos meus pais
que na da tenra idade me ensinaram e mostraram os caminhos certos da
vida guiando-me e orientando sobre o certo e o errado, a minha família que
sempre me apoiou, a minha tia Vera que me influenciou por esta jornada, a
minha mulher e companheira Graziella e as minhas filhas Geovanna,
Samara, e ao meu irmão In. Memoriam Willian Gouveia Ortiz.
Que este trabalho contribua e ajude no aprendizado, no
desenvolvimento de novas pesquisas e ideias, que se materializem de
forma pratica no campo.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Mato Grosso Faculdade de Engenharia Florestal
Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais.
A todos os professores que de alguma forma ajudaram ao desenvolvimento
e construção do saber para com isto chegar até aqui.
Ao meu Orientador Prof. Dr. Otávio Peres Filho que com amizade e
paciência orientou e ajudou no desenvolvimento dos estudos.
Ao Prof. Dr. Alberto Dorval, que coorientou e ajudou a formar conceitos
importantes a serem levados em conta.
Ao Sr. Manoel Lauro da Silva que com a amizade e auxilio pratico apoiaram
na construção desta pesquisa.
Aos amigos de mestrado que junto comigo partilhamos conhecimentos
duvidas e esclarecimentos.
Ao Prof. Dr. José Fernando Scaramuzza, que ajudou e orientou o início da
preparação do experimento e ajudou disponibilizando tempo e local para o
início da pesquisa.
A Prof. Dra. Oscarlina Lúcia dos Santos Weber, pela orientação e ajuda
com as soluções nutritivas, que sem este material não seria possível
realizar esta pesquisa.
Ao Técnico Nível Superior Eng. Agrônomo Dimas de Melo pelas ideias
iniciais de desenvolvimento da estratégia a ser montada e o que analisar.
Ao Sr. Clair Bariveira da ZIANE florestal pela doação das mudas que
utilizamos na pesquisa.
Aos meus amigos e amigas de mestrado que juntos trilhamos este difícil
mais glorioso e prazeroso caminho do aprender, em especial a minha
amiga de casa de vegetação Bruna Cristina Almeida.
Ao Prof. M.Sc. Marcelo Dias de Souza pelo auxilio estatístico e ajuda nas
interpretações dos dados.
Ao Dr. Jacques Hubert Charles Delabie do laboratório de Mirmecologia
CEPLAC/CEPEC
As contribuições pertinentes do Professor Dr. Márcio do Nascimento
Ferreira.
Ao professor Dr. Alexandre dos Santos pelas contribuições pertinentes e
analises esclarecedoras.
À prefeitura Municipal de Várzea Grande, MT, juntamente a Secretaria da
Guarda Municipal e a todos os companheiros de serviço que direta ou
indiretamente me auxiliaram.
SUMÁRIO
RESUMO GERAL.......................................................................
Página
vi
ABSTRACT................................................................................. viii
INTRODUÇÃO............................................................................
1
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................
2
Capítulo I – Atratividade de mudas de Eucalyptus
camaldulensis Dehnh. em diferentes soluções nutritivas,
quanto ao comportamento de carregamento de folhas por
Acromyrmex spp.........................................................................
3
RESUMO..................................................................................... 4
ABSTRACT................................................................................. 5
1. INTRODUÇÃO........................................................................
6
2. REVISÃO DE LITERATURA..................................................
2.1. SOLUÇÕES NUTRITIVAS...................................................
2.2. NUTRIÇÃO E PRAGAS.......................................................
2.3. RESISTÊNCIA DA PLANTA ...............................................
7
10
11
14
3. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................
3.1. PREPARO DAS MUDAS.....................................................
3.2. ANÁLISE DOS DADOS........................................................
3.3. SELEÇÃO DOS FORMIGUEIROS......................................
3.4. PREPARAÇÃO DAS FOLHAS PARA REALIZAÇÃO DOS
TESTES......................................................................................
15
16
18
19
20
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................. 23
4.1. Acromyrmex rugosus...........................................................
23
4.2. Acromyrmex balzani............................................................
25
4.3. Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani......................
25
5. CONCLUSÕES....................................................................... 28
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................
29
7. ANEXO...................................................................................
36
Capítulo II – Preferência de Acromyrmex spp. por mudas de
clonais e seminais de Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora
utilizadas em reflorestamentos em Mato Grosso..................
37
RESUMO....................................................................................
38
ABSTRACT................................................................................. 39
1. INTRODUÇÃO........................................................................ 40
2. REVISÃO DE LITERATURA..................................................
42
2.3. RESISTÊNCIA DAS ESPÉCIES FLORESTAIS................... 43
3. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................
44
3.1. PREPARO DAS MUDAS.....................................................
44
3.2. SELEÇÃO DOS FORMIGUEIROS......................................
45
3.3. PREPARAÇÃO DAS FOLHAS PARA REALIZAÇÃO DOS
TESTES......................................................................................
46
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................
48
5. CONCLUSÃO......................................................................... 51
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................
52
RESUMO GERAL
Ortiz, Alexander Gouveia. Atratividade de mudas de Eucalyptus
camaldulensis Dehnh, em diferentes soluções nutritivas, e de
Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora para Acromyrmex spp. Dissertação
de mestrado do Curso de Pós-graduação em Ciências Florestais e
Ambientais da Universidade Federal de Mato Grosso- UFMT, Orientador:
Prof. Dr. Otávio Peres Filho.
Este trabalho foi desenvolvido em duas etapas: 1° etapa, avaliar a
influência de diferentes nutrientes na preferência de carregamento de
discos foliares obtidos de folhas de Eucalyptus camaldulensis Dehnh. por
Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani; 2° etapa, identificar a
preferência de carregamento de discos foliares obtidos de folhas de
espécies de Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora, utilizadas em
reflorestamentos em Mato Grosso. Na 1° etapa foi comparado o efeito dos
tratamentos nas duas espécies de Acromyrmex spp. em formigueiros
localizados em área urbana e rural do município de Várzea Grande, MT, em
períodos chuvoso de novembro a abril e seco de maio a outubro.
Constatou-se que no período de novembro a abril, ocorreu o maior
carregamento dos discos de folhas em relação aos meses de maio a
outubro do mesmo ano, porém não houve diferença estatística entre os
períodos. Os discos foliares provenientes do tratamento sem Fósforo foi o
mais transportado pelas formigas seguido de forma decrescente pelos
tratamentos sem Potássio, Cálcio, água, Nitrogênio e os tratamentos que
menos contribuíram para escolha dos discos para transporte foram
Magnésio, Enxofre e Completo. Ambas as espécies de Acromyrmex
apresentaram as mesmas preferências de transporte de discos foliares, no
entanto, A. balzani apresentou uma taxa de transporte menor que A.
rugosus. Na 2° etapa do trabalho foi comparado o efeito dos tratamentos
em Acromyrmex spp. utilizando formigueiros localizados em área urbana e
rural do município de Várzea Grande. Os discos provenientes de folhas das
mudas seminais de Eucalyptus urophylla, foram os mais transportados,
seguidos pelos discos das mudas seminais do híbrido urograndis e
seminais de Corymbia citriodora. Os menos transportados foram os discos
ix
dos clones do híbrido urograndis “GG100”, seguidos dos híbridos de
urograndis “H13” e “I144” e dos clones do híbrido urocan VM01.
Palavras-chave: Eucalyptus, seletividade, formigas cortadeiras.
x
ABSTRACT
Ortiz, Alexander Gouveia. Attractiveness of Eucalyptus camaldulensis
Dehnh. seedlings at different nutrient solutions, and Eucalyptus spp.
for Acromyrmex spp. Master's thesis Postgraduate Course in Forestry and
Environmental Sciences, Federal University of Mato Grosso-UFMT,
Adviser: Prof. Dr. Otávio Peres Filho.
This work was developed in two stages: 1st stage, to evaluate the influence
of different nutrients on the loading preferably leaf discs obtained from
Eucalyptus camaldulensis Dehnh leaves. by Acromyrmex rugosus and
acromyrmex balzani; 2nd step, identifying the preference charging leaf discs
obtained from leaves of Eucalyptus species spp. and Corymbia citriodora,
used in reforestation in Mato Grosso. In the first step it was compared to the
effect of the treatments on the two species of Acromyrmex spp. in nests
located in urban and rural area of the municipality of Varzea Grande, MT, in
rainy periods from November to April and dry from May to October. It was
found that in the period from November to April, was the largest shipment of
leaf discs compared to the months from May to October of the same year,
but there was no statistical difference between the periods. The leaf disks
from the treatment no phosphorus was carried by ants as followed in
decreasing order by treatments without potassium, calcium, water, nitrogen
and treatments that less contributed to the choice of transport for disks were
Magnesium, Sulphur and Complete. Both Acromyrmex species had the
same leaf discs transport preferences, however, A. Balzani showed a lower
rate of transport than A. rugosus. In the 2nd stage of the work was compared
the effect of treatments on Acromyrmex spp. using nests located in urban
and rural area of the municipality of Várzea Grande. Discs from leaves of
the seminal seedlings of Eucalyptus urophylla were the most transported
and followed by the seminal seedlings of hybrid urograndis and seminal
seedlings Corymbia citriodora. The discs were transported least those of the
hybrid clones urograndis "GG100", followed by hybrid urograndis "H13" and
"I144" and urocan vm01 hybrid clones.
Keywords: Eucalyptus, selectivity, cutting ants.
xi
INTRODUÇÃO
Os maciços florestais ou monoculturas é o modelo mais utilizado nos
reflorestamentos com fins comerciais no Brasil e a sua importância
econômica na geração de riqueza e empregos somado a sua contribuição
para o ambiente, aumenta ainda mais a sua importância em nossa
sociedade. Entre as diversas espécies florestais cultivadas no Brasil várias
espécies de Eucalyptus spp. tem um destaque especial, pois, sua
rusticidade adaptando em várias regiões do país e a sua diversidade de
tipos de madeira produzida e a grande produtividade demonstram a sua
importância para o setor florestal brasileiro.
Vários estudos avaliam a densidade, o tipo de madeira e
produtividade, entretanto os gastos silviculturais estão intimamente ligados
a produtividade e as tomadas de decisões, dentro dos gastos silviculturais
um dos mais importantes é o de combate a pragas florestais, sendo as
formigas cortadeiras a praga florestal mais importante em diversas regiões,
do Brasil. Vilela (1986) afirmou que as formigas cortadeiras representam
75% dos custos e do tempo gasto no controle de pragas, enquanto Alípio
(1989) relatou que as formigas representam 30% dos gastos com a floresta
até o terceiro ciclo e Rezende et al. (1983), determinaram que 7,41% do
preço da madeira em pé é causado pelas formigas cortadeiras.
A
identificação
quais
espécies
demonstram
um
menor
desfolhamento por estes insetos, poderá diminuir os gastos com mão de
obra para combate e consecutivamente o gasto com produtos químicos de
controle tem um efeito positivo para o ambiente e para o silvicultor.
Analisando a importância e a escassez de estudos das espécies de
formigas cortadeiras conhecidas como quenquéns onde as espécies
Acromyrmex rugosus Acromyrmex balzani que ocorrem no estado de Mato
Grosso tornaram-se o alvo deste estudo.
1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALÍPIO, A.S. Controle de formigas cortadeiras. Normas técnicas da
Pains Florestal, 1989. 8p.
REZENDE, J.P.; PEREIRA, A.R.; OLIVEIRA, A.D. Espaçamento ótimo para
a produção de madeira. Revista Árvore, Viçosa, v.7, n.1, 30-43p, 1983.
VILELA, E.F. Status of leaf-cutting and control in forest plantations in
Brazil. In: LOFGREN, C.S.; VANDERMEER, R.K. (Eds.). Fire ants and
leafcutting ants: biology and management. Boulder: Wesview Press, 1986.
p.399-408.
2
Capítulo I – Atratividade de mudas de Eucalyptus
camaldulensis Dehnh. em diferentes soluções nutritivas,
quanto ao comportamento de carregamento de folhas por
Acromyrmex spp.
3
RESUMO
Objetivo desta pesquisa foi avaliar a influência de diferentes nutrientes na
preferência de carregamento de discos foliares, obtidos de folhas de
Eucalyptus camaldulensis Dehnh. por Acromyrmex rugosus e Acromyrmex
balzani. O preparo das mudas foi realizado em casa de vegetação, da
Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade Federal de
Mato Grosso. Foi replantado uma muda de Eucalyptus camaldulensis
sendo uma muda por garrafa pet de 500ml, totalizando 90 mudas, em
seguida cada garrafa teve seu contorno embrulhado por folha de alumínio
para impedir a entrada de luz, que pudesse atrapalhar o desenvolvimento
das raízes. O substrato utilizado foi areia grossa lavada com hipoclorito de
sódio a 12%. Foram utilizados oito tratamentos, sendo a testemunha (T1)
composto somente por água destilada e os demais utilizando solução
nutritiva de Hoagland e Arnon (1950), tais como, T2= solução nutritiva
completa, T3= solução nutritiva menos o Nitrogênio, T4= solução nutritiva
menos o Fósforo, T5= solução nutritiva menos o Potássio, T6= solução
nutritiva menos o Cálcio, T7= solução nutritiva menos o Magnésio, T8=
solução nutritiva menos o Enxofre. Comparando o efeito dos tratamentos
nas duas espécies de Acromyrmex spp. em formigueiros localizados em
área urbana e rural do município de Várzea Grande, MT, em períodos
chuvoso de novembro a abril e seco de maio a outubro. Constatou-se que
no período de novembro a abril, ocorreu o maior carregamento dos discos
de folhas em relação aos meses de maio a outubro do mesmo ano, porém
não houve diferença estatística entre os períodos. Os discos foliares
provenientes do tratamento sem Fósforo foi o mais transportado pelas
formigas seguido de forma decrescente pelos tratamentos sem Potássio,
Cálcio, água, Nitrogênio e os tratamentos que menos contribuíram para
escolha dos discos para transporte foram Magnésio, Enxofre e Completo.
Ambas as espécies de Acromyrmex apresentaram as mesmas preferências
de transporte de discos foliares, no entanto, A. balzani apresentou uma taxa
de transporte menor que A. rugosus.
Palavras-chave: formiga, eucalipto, praga florestal.
4
ABSTRACT
Objective of this research was to evaluate the influence of different nutrients
in preference charging leaf discs obtained from leaves of Eucalyptus
camaldulensis Dehnh. by Acromyrmex rugosus and acromyrmex balzani.
The preparation of seedlings was carried out in a greenhouse, the Faculty
of Agronomy and Veterinary Medicine, Federal University of Mato Grosso.
It was replanted a change of Eucalyptus camaldulensis being a change for
pet 500ml bottle, totaling 90 seedlings, then each bottle had its outline
wrapped with aluminum foil to prevent the entry of light, which could hinder
the development of the roots. The substrate was grit washed with 12%
sodium hypochlorite. Was used a control treatment with distilled water called
T1 and seven treatments with nutrient solutions (HOAGLAND and ARNON,
1950), T2 with a complete nutrient solution, T3 just subtracting the Nitrogen,
Phosphorus T4 subtracting, subtracting the T5 Potassium, T6 subtracting
Calcium, Magnesium subtracting T7, T8 subtracting Sulphur. Comparing the
effect of the treatments on the two species of Acromyrmex spp. in nests
located in urban and rural area of the municipality of Várzea Grande, MT, in
rainy periods from November to April and dry from May to October. It was
found that in the period from November to April, was the largest shipment of
leaf discs compared to the months from May to October of the same year,
but there was no statistical difference between the periods. The leaf disks
from the treatment no phosphorus was carried by ants as followed in
decreasing order by treatments without potassium, calcium, water, nitrogen
and treatments that less contributed to the choice of transport for disks were
Magnesium, Sulphur and Complete. Both Acromyrmex species had the
same leaf discs transport preferences, however, A. Balzani showed a lower
rate of transport than A. rugosus.
Keywords: ant, eucalyptus, forest pest.
5
1. INTRODUÇÃO
Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil,
dizia na década de 40 uma campanha do Ministério da Agricultura
(OLIVEIRA MARCELO, 1990). Tal fato ocorreu pela falta de conhecimentos
de combate e manejo para diminuir o seu ataque sobre lavouras e florestas,
e a sua real importância, passando se mais de sete décadas e meia o
conhecimento sobre seus hábitos e seu desenvolvimento ainda não está
totalmente elucidado, com muitas lacunas a serem elucidadas, para que se
possa viver em equilíbrio com esta fantástica sociedade organizada.
Vários autores encontraram evidências que a seleção de
hospedeiros por fungos e formigas está ligado as alterações nutricionais da
planta. Juruena e Cachapuz (1980) verificaram que a preferência por
espécies vegetais está relacionada com a exigência nutricional do fungo
que cultivam (Leucoagaricus gongylophorus). Além disso, outro fator a ser
considerado é o estado fisiológico do formigueiro, pois, durante as
variações climáticas do ano pode haver alterações nas necessidades do
formigueiro. Além disso é provável que os fungos cultivados pelas diversas
espécies de formigas apresentem variações subespecíficas ou até mesmo
específicas e que estás preferências podem variar com as estações do ano
e com as condições climáticas. Por isso o estudo foi realizado em dois
períodos, chuvoso no mês de março de 2014 e de seca no mês de julho do
mesmo ano, no estado de Mato Grosso no município de Várzea Grande
com duas espécies Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani.
Procurando-se verificar a influência das soluções nutritivas no
carregamento por Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani, objetivou
no trabalho:
1- Determinar se as ausências dos nutrientes exercem influência
na escolha do material disponibilizado.
2- Verificar se ocorrem diferenças entre as duas espécies de
Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani, na preferência de
carregamento dos discos foliares nos diferentes tratamentos.
6
3- Verificar a influência dos períodos do ano chuvoso de novembro
a abril e seco de maio a outubro no comportamento de transporte dos
discos foliares pelas espécies de Acromyrmex rugosus e Acromyrmex
balzani.
7
2. REVISÃO DE LITERATURA
A cultura do eucalipto tornou-se uma importante atividade
econômica no Brasil e no Mato Grosso, segundo Shimizu (2007), no
diagnóstico florestal de Mato Grosso, as plantações de eucaliptos ocupam
a terceira colocação com uma área de 37.932 ha, e no ano de 2011 este
volume subiu para 58.843, (FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E
PECUÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO – FAMATO, 2013), estes
maciços florestais no Estado devido a um rápido crescimento, capacidade
produtiva, adaptabilidade a diversos ambientes e grande diversidade de
espécies.
Entretanto, um dos principais insetos que prejudicam e oneram
os reflorestamentos são as formigas cortadeiras, que se não forem
controladas podem se
tornar um problema, tanto
em florestas
estabelecidas, que podem sofrer com a diminuição de produtividade, como
em reflorestamentos, recentemente implantados ou em brotações, onde o
dano pode ser maior, ainda, podendo levar alguns indivíduos até a morte.
As formigas do gênero Acromyrmex spp. mesmo não tendo os
seus formigueiros com o mesmo tamanho quando comparado com os
Gênero Atta, podem ter a mesma significância ou até maior, como
demonstrado por Araújo et al. (1997) que encontraram em uma mesma
área uma maior quantidade de ninhos dessas formigas.
Os danos produzidos por formigas cortadeiras causam a
redução da produtividade, o que acarreta perdas econômicas aos
reflorestamentos de eucalipto, aumentando com isto, seus custos de
produção. Vilela (1986) afirmou que as formigas cortadeiras representam
75% dos custos e do tempo gasto no controle de pragas. Alípio (1989)
relatou que as formigas representam 30% dos gastos com a floresta até o
terceiro ciclo, o que, segundo Rezende et al. (1983), corresponde a 7,41%
do preço da madeira em pé. Segundo FAMATO (2013) valores em moeda
corrente no ano de 2013, calculou o custo de combate a formigas, utilizando
a distribuição de iscas em 100% da área de reflorestamento e concluiu que
8
o gasto com insumos e mão de obra por hectare ano pode chegar em R$
38,36 (trinta e oito reais e trinta e seis centavos).
Entretanto,
as
formigas
cortadeiras
desempenham
um
importante papel no ambiente. Carvalho (2008) encontrou altos níveis de
Nitrogênio e fósforo foliar nas plantas estabelecidas sobre e em até 10m de
distância dos ninhos de Atta cephalotes, além de confirmarem a
redistribuição e reciclagem de nutrientes mediados por colônias de saúva,
o autor observou um aumento no crescimento do caule em relação as
testemunhas que ficavam a mais de 10 metros de distância do ninho,
refletindo a capacidade dessas colônias em liberar nutrientes para a
vegetação próxima aos seus ninhos. Além disso, esses resultados
demonstram que a maior disponibilidade de nutrientes pode aumentar a
abundância, diversidade e produtividade das plantas próximas, acelerando
o processo de ciclagem de nutrientes nesses locais (LUGO et al. 1973;
HAINES, 1978).
A concentração dos diferentes minerais nas folhas das plantas
reflete as características geoquímicas do solo e a relação entre o acúmulo
de nutrientes e o ambiente (RODIN e BAZILEVICH, 1967). Ninhos de saúva
disponibilizam nutrientes no solo e as plantas próximas, de fato, podem
absorvê-los, a exemplo do fósforo, como constatado por Carvalho (2008).
No Brasil um dos principais nutrientes utilizados nas lavouras e
nos reflorestamentos é o fósforo, pois sua disponibilidade é frequentemente
reduzida em muitos solos tropicais (VITOUSEK, 1984), e comumente
limitante tanto nos solos intemperizados da Amazônia (RICHTER e
BABBAR, 1991) e do Cerrado (GOEDERT, 1983). O que ocorre no Brasil
e nos países tropicais de solos intemperizados, na realidade é que o
estoque total de fósforo é abundante nos solos destas regiões, mas o
estoque deste elemento na forma disponível para as plantas é
relativamente pequeno. A abundância relativa do fósforo é controlada pelo
pH do solo e sua concentração é geralmente baixa devido a rápida
adsorção nas superfícies coloidais e a formação de precipitados como
Fosfato de Cálcio, Magnésio, Ferro ou Alumínio (VAN RAIJ et al., 2001).
Em solos ácidos, como os da Amazônia e do Cerrado, a
concentração de fósforo é bastante limitante para o crescimento das
9
plantas (DIAS FILHO, 1998). Este mesmo fato acontece num contexto
agrícola. Raij (2011) afirmou que o fósforo é o nutriente mais usado em
adubação no Brasil devido à carência generalizada desse elemento nos
solos brasileiros. Além disso, este nutriente tem forte interação com o solo,
sofrendo intensa fixação e as plantas não conseguem aproveitar mais que
10% do fósforo total aplicado. Malavolta (1985) afirmou que em solos
tropicais ácidos, ricos em Ferro e Alumínio com ocorrência de adsorção do
fósforo tornando-o indisponível em grande parte para as plantas. Diversos
estudos, em diferentes ecossistemas, compararam o solo dos ninhos de
formigas cortadeiras (Atta e Acromyrmex) com o solo sem influência desses
ninhos, constatou-se uma maior concentração de nutrientes minerais nos
solos influenciados pela presença dos ninhos (FARJI-BRENNER e SILVA,
1995).
Estudos em solos de Cerrado comprovam que nas proximidades
dos ninhos das formigas dos Gêneros Atta e Acromyrmex, ocorreu uma
maior disponibilidade de todos os macronutrientes foliares e também de
alguns micronutrientes, como o cobre e o zinco, em duas espécies
vegetais, Amaioa Guianensis e Protium sp. (CARVALHO, 2008).
Corroborando com estas afirmações, Souza-Souto et al. (2007)
constataram uma concentração de 3 a 80 vezes maior de nutrientes nos
solos das proximidades dos ninhos, que em solos adjacentes.
2.1. SOLUÇÕES NUTRITIVAS
As soluções nutritivas contribuem para avanços nas pesquisas
de nutrição e atualmente nas interações entre nutrição e ataque de insetos,
fungos, bactérias e vírus, por que este meio de cultivo consegue isolar a
maioria dos fatores secundários da interação entre o solo e os nutrientes.
O uso de soluções nutritivas em diversas pesquisas, é a mais adequada
para isolar fatores indesejáveis, como a fixação de nutrientes pelo solo e
seus compostos, acarretando em uma baixa disponibilidade para a planta
estudada, e este fator, foge do controle do pesquisador, como
consequência, mascarando os resultados, podendo subestimar ou
superestimar resultados (CLARK et al., 1978; FLEMING, 1983).
10
Hoagland e Arnon (1950) propuseram a primeira solução
nutritiva para o cultivo de plantas. Portanto, os primeiros estudos científicos
desenvolvidos em solução nutritiva remontam à segunda metade do século
XX (HEWITT, 1966).
No Brasil, as soluções nutritivas têm sido utilizadas, em
pesquisas com nutrição mineral de plantas, sendo as propostas por
Hoagland e Arnon (1950) e Sarruge (1975), a segunda a mais utilizada em
pesquisas com espécies florestais. Esta preferência não se justifica, pois
Teixeira, (1996) chegou à conclusão, que não existe uma solução nutritiva
ideal para todas as espécies vegetais e todas as condições de cultivo, uma
vez que a absorção de nutrientes é influenciada pela concentração dos
nutrientes na solução e também pela espécie vegetal, cultivada e o
ambiente.
2.2 NUTRIÇÃO E PRAGAS
Uma das principais teorias sobre o efeito da nutrição e sua
correlação com o ataque de insetos é a trofobiose. Chaboussou (1972)
mencionou que uma planta fica mais vulnerável ao ataque de pragas,
quando está em desequilíbrio nutricional tornando-se mais suscetível às
pragas e aos patógenos.
Vários estudos mostram os efeitos da nutrição mineral sobre o
crescimento e a produtividade, com ênfase para a função dos nutrientes no
metabolismo das plantas (EPSTEIN e ARNOLD, 2004). No entanto, a
nutrição mineral pode também ter um efeito secundário sobre a resistência
de plantas ao ataque de pragas e doenças. Ainda existem pesquisas que
demonstram relação existente entre a nutrição das plantas e o ataque de
pragas. Há exemplos de deficiências nutricionais que favorecem o ataque
de pragas, enquanto outros apresentam correlação positiva entre o bom
suprimento nutricional e o aumento do ataque de insetos (MARSCHNER
1995).
A adubação mineral e o uso de agrotóxicos provocam inibição
na síntese de proteínas, causando acúmulo de Nitrogênio e aminoácidos
livres no suco celular e na seiva da planta, alimento que pragas e patógenos
11
utilizarão para se proliferar (MARSCHNER, 1995). Diante destas
informações pode-se levantar a hipótese de que formigas cortadeiras, Atta
ou Acromyrmex, tenham
capacidade sensorial para detectar as
preferências do fungo que cultivam, pois conseguem distinguir e selecionar
o material entre tantos.
Segundo
Primavesi
(1994)
os
nematóides
Meloidogyna
incognita e Meloidogyna exigua são pragas sérias em cafezais,
especialmente em solos arenosos, onde podem aniquilar com a cultura.
Uma adubação verde com feijão-de-porco e aplicação de fósforo, cálcio e
magnésio, controla esses nematóides. Em acácia-negra, somente foi
observado o ataque do serrador, Oncideres impluviata, em árvores com
carência de magnésio.
Andrade et al. (1997), estudando a adubação fosfatada sobre
danos causados por vaquinha e na nodulação do feijoeiro, concluíram que
o maior número de furos nas folhas, encontravam-se tratamentos semadubação e com NPK, e o menor dano nas plantas tratadas com esterco
de curral e NPK + P. A nodulação do feijoeiro também foi maior nestes
tratamentos e menor na falta de fósforo.
O fósforo é um elemento determinante, uma vez que tem
considerável importância no metabolismo do carbono, bem como na
formação de açúcares fosfatados Grant et al. (2001), sendo essencial no
metabolismo das plantas por estar intimamente envolvido na transferência
de energia dentro da célula, como o ATP e ainda é o principal nutriente
responsável pelo crescimento vigoroso das raízes (MALAVOLTA, 1985) e
juntamente com o Nitrogênio, formarão estrutura importante dos ácidos
nucléicos (MARSCHNER, 1995).
No Brasil, os danos de Ctenaryatania spatulata foram estimados
em casa de vegetação por Santana et. al. (2002). Através da simulação de
estresse nutricional, os autores observaram que existe uma interação entre
a ação do inseto e a deficiência de Mg. Os dois fatores juntos podem causar
perdas em crescimento e na formação de biomassa foliar, além de afetar o
crescimento de raízes.
Todos os estudos encontrados na literatura, evidenciam que a
teoria atual da dinâmica de populações de fitófagos preconiza que plantas
12
estressadas produzem alimentos com baixos teores de compostos
químicos de defesa (RHOADES, 1979) e sabe-se também que a seleção
da planta hospedeira pelo inseto é controlada por fatores sensoriais dos
insetos (CHAPMAN, 1982).
Ocorre também no período da seca quando o estresse hídrico é
um dos fatores ambientais que podem favorecer o crescimento
populacional dos psilídeos White (1969), citados por Santana (2010), por
aumentar as concentrações de Nitrogênio na planta. Santana, Belotte e
Decek (2003), simularam o estresse hídrico em plantas de Eucalyptus
grandis, com e sem a presença do psilídeo Ctenaryatania spatulata e
observaram que os insetos sozinhos podem causar uma perda de cerca de
20% no crescimento em altura de E. grandis. Entretanto, com a interação
destes insetos com o estresse hídrico, as perdas podem ser ainda maiores.
Carmo (2004) concluiu que a condição nutricional das mudas de
Eucalyptus grandis interferiu na preferência alimentar das lagartas de
Eupseudossoma involuta, sendo as plantas deficientes em Potássio mais
suscetíveis à herbivoria, seguidas por fósforo e nos tratamentos com
ausência de Nitrogênio e completa (N+P+K) e com apenas água não
diferiram estatisticamente.
A quantificação correta de adubo, para interpretar corretamente
as carências da planta e corrigir o solo de maneira adequada é de suma
importância. Nesse sentido, Marschner (1995) mostrou que aplicações
ótimas de fósforo e potássio normalmente não causam efeito significativo
nas doenças, porém o excesso de Nitrogênio pode favorecer doenças
fúngicas, principalmente, onde o fósforo e o Potássio estiverem em níveis
baixos.
Fossati (1997) apresentou vários ensaios que demonstram as
relações entre o estado nutricional de árvores e o ataque de insetos e
fungos, e relatou que plantas malnutridas têm maior índice de ataque e
podem ter maior mortalidade do que em povoamentos bem-adubados.
Deficiências e excessos nutricionais alteram as estruturas
anatômicas, como também, as propriedades bioquímicas dos vegetais,
diminuindo assim, a resistência das plantas ao ataque de fungos
patogênicos. As principais mudanças anatômicas e bioquímicas que estão
13
intimamente ligadas com o aumento da severidade e a incidência de
doenças são: paredes celulares e cutículas mais finas, acúmulo de
compostos solúveis como açúcares simples e aminoácidos, menor
suberização, silificação e lignificação dos tecidos, menor síntese e acúmulo
de compostos fenólicos e maior abertura ou mais tempo de abertura dos
estômatos (SILVEIRA e HIGASHI, 2003).
2.3 RESISTÊNCIA DA PLANTA
Outro fator importante que não deve ser negligenciado é o
sistema imunológico da planta, pois produz substâncias secundárias
responsáveis pela sua defesa, quanto ao ataque de pragas. Chaboussou
(1999) observou que o uso de macronutrientes, como o K ou o Ca no solo,
aumenta a resistência da planta contra o ataque de pragas. O uso da
adubação potássica diminui o acúmulo de aminoácidos livres e favorece
sua incorporação às proteínas.
Kranthi et al. (2003) demonstraram que 24 horas após o início
do ataque da lagarta Thyrinteina arnobia, houve ativação do sistema de
defesa induzido por árvores E. grandis, pois, após este período, as formigas
foram capazes de reconhecer tal sistema e dar preferência ao corte da
planta não atacada. Corroboram com estas informações Oliveira (2003),
demonstrou que o sistema de defesa induzido de plantas de E. grandis é
eficaz na inibição de ataques subsequentes coespecíficos, e é ativado 24
horas após o dano causado, demonstrando que o sistema de defesa
induzido de plantas de eucalipto é eficiente contra subsequentes ataques
de herbívoros mesmos diferentes daqueles que provocaram os danos
iniciais.
Esta é uma característica importante a ser explorada em
trabalhos posteriores com o intuito de esclarecer quais compostos
secundários estariam atuando em reduzindo o corte em plantas
previamente atacadas por Atta sexdens rubropilosa.
Fenny (1976) e Rhoades e Cates (1976), mostraram que as
espécies lenhosas perenes investem mais energia na produção de
compostos de defesa chamadas substâncias secundárias, cuja função é
14
defender o vegetal contra os ataques de doenças e herbívoros. Porém,
existem evidências de que estes mecanismos de defesa podem ser
modificados por estresses, sejam estes hídricos ou de natureza nutricional
(CHEW e ROADMAN, 1979).
As evidências encontradas por Herms (2002), de que a variação
na síntese de compostos de defesa em relação à disponibilidade de
nutrientes descreve uma curva parabólica, em que ambos os extremos da
condição nutricional correspondem à menor atividade do metabolismo
secundário, confirma que plantas bem nutridas e em equilíbrio nutricional
vão produzir mais substâncias secundárias quando comparadas com
plantas com pouca ou muita oferta de determinados nutrientes.
Um fator encontrado por Wheeler et al. (1998) não pode ser
desconsiderado pois, em condições de deficiência nutricional, pode haver
o aumento do consumo de partes das plantas pelos herbívoros, como
estratégia para compensar a baixa aquisição de nutrientes. Portanto
plantas que são atacadas por insetos adaptados aos seus compostos
secundários podem ter uma adaptação bilateral transformando esta
interação positiva e benéfica e de certa forma favorecendo a planta através
da eliminação do material velho diminuindo a perda de água e ajudando no
desenvolvimento e renovação destas partes consumidas por material novo
em uma época em que as condições ambientais fossem mais favoráveis.
15
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. PREPARO DAS MUDAS
As mudas foram produzidas pela empresa Ziane Mudas
Florestais, no município de Tangará da Serra - MT, cultivadas em tubetes
de polietileno, até atingirem o tamanho de 30 cm sendo transportadas da
empresa para a UFMT em filme plástico polietileno utilizando o sistema
denominado rocambole. O preparo das mudas foi realizado na casa de
vegetação, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária,
Universidade Federal de Mato Grosso, o substrato utilizado foi areia grossa
lavada e desinfetada com hipoclorito de sódio (12%), seguida de solução
de EDTA 1% e água destilada, replantando uma muda de Eucalyptus
camaldulensis por garrafa pet de 500ml (Figura 1). Após o plantio esta
garrafa teve seu contorno embrulhado em folha de alumínio, para evitar a
entrada de luz e não afetar o desenvolvimento das raízes e ou ocasionar o
aparecimento de algas, podendo assim mascarar os efeitos dos
tratamentos (Figura 2).
Todas a mudas foram protegidas por uma tela de polietileno
(sombrite) para evitar a herbivoria de qualquer inseto (Figura 3).
16
FIGURA 1- MUDAS TRANSPLANTADAS EM GARRAFAS PET. CUIABÁ,
MT, 2014.
FIGURA 2- GARRAFAS PET ENVOLTAS EM PAPEL ALUMÍNIO PARA
EVITAR A ENTRADA DE LUZ. CUIABÁ, MT, 2014.
17
FIGURA 3 – MUDAS PROTEGIDAS POR TELA DE POLIETILENO
(SOMBRITE) PARA EVITAR HERBIVORIA. CUIABÁ, MT,
2014.
3.2. ANÁLISE DOS DADOS
Metodologia estatística
Para comparar a quantidade de discos foliares forrageados por
A. balzani e A. rugosus entre os oito diferentes tratamentos nos períodos
secos e chuvosos, foi feita uma análise de variância e regressão utilizandose modelos lineares generalizados com uma distribuição de erros de
Poisson para a variável-resposta (Crawley, 2005). Posteriormente, realizouse a junção dos termos qualitativos não-significativos, através de análises
de contraste de modelos, para verificar a semelhança entre a preferência
de cada espécie de formiga por discos foliares de eucalipto nos períodos
de tempo analisados, a partir do modelo completo. As análises foram
realizadas por meio do software R (R Development Core Team, 2005) e
com o uso do pacote multicomp (Hothorn et al., 2008). Avaliou-se a
influência da omissão de diferentes macronutrientes e micronutrientes na
18
preferência de carregamento de A. rugosus e A. balzani. Tratamentos
conforme Tabela 1.
TABELA 1 – DESCRIÇÃO DOS TRATAMENTOS E SUAS
SOLUÇÕES NUTRICIONAIS (HOAGLAND e ARNON, 1950) UTILIZADOS
NA PESQUISA. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014
Tratamentos Substancia
T1
Água destilada
T2
completo
T3
Sem N
T4
Sem P
T5
Sem K
T6
Sem Ca
T7
Sem Mg
T8
Sem S
Descrição da solução
(N+P+K+Ca+Mg+S) + Solução de
micronutrientes
(P+K+Ca+Mg+S) + Solução de
micronutrientes
(N+K+Ca+Mg+S) + Solução de
micronutrientes
(N+P+Ca+Mg+S) + Solução de
micronutrientes
(N+P+K+Mg+S) + Solução de
micronutrientes
(N+P+K+Ca+S) + Solução de
micronutrientes
(N+P+K+Ca+Mg) + Solução de
micronutrientes
3.3. SELEÇÃO DOS FORMIGUEIROS
Foram selecionados seis formigueiros de quenquéns. Os
formigueiros encontrados foram georreferenciados utilizando-se o global
positioning system (GPS) do aparelho SAMSUNG GALAXY S5, anotado as
datas de coletas (Tabelas 1 e 2).
Todos os formigueiros utilizados estavam localizados no
município de Várzea Grande, situados na região Centro Oeste do Brasil,
sendo designada pelo projeto Radambrasil (1982) como Depressão
Cuiabana, a região pertence ao Planalto dos Guimarães, Depressão
Paraguai, calha do Rio Cuiabá, com clima Tropical quente e sub-úmido, na
categoria de Koppen foi classificado como Aw (GALVÃO, 1960).
Foram feitos testes de atratividade realizados sempre no período
noturno, pois, através de observações de campo, foi o período em que as
19
formigas são ativas no corte das folhas das espécies alvo e período de
atividade dos formigueiros. Para efeito de padronização, os testes de
atratividade foram realizados entre às 19:00 h e 23:00 h.
As espécies de formigas utilizadas nos testes foram identificadas
como sendo A. rugosus e A. balzani, pelo Dr. Jacques Hubert Charles
Delabie do Laboratório de Mirmecologia CEPLAC/CEPEC, baseando-se na
nomenclatura de BOLTON, 1995.
TABELA 2 – COORDENADAS GEOGRÁFICAS DOS NINHOS DE
Acromymex balzani, UTILIZADAS NOS TESTES. VÁRZEA
GRANDE, MT, 2014.
Ninho
Coordenadas
Data de coleta
Espécie
1
-15.665887, -56.132262
02/07/2014
A. balzani
2
-15.664230, -56.131476
03/07/2014
A. balzani
TABELA 3 – COORDENADAS GEOGRÁFICAS DOS NINHOS DE
Acromymex rugosusi, UTILIZADAS NOS TESTES. VÁRZEA
GRANDE, MT, 2014.
Ninho
Coordenadas
Data de coleta
Espécie
3
-15.656733, -56.143896
02/07/2014
A. rugosus
4
-15.654473, -56.137155
03/07/2014
A. rugosus
5
-15.638227, -56.096500
18/07/2014
A. rugosus
6
-15.740897, -56.203602
27/07/2014
A. rugosus
3.4. PREPARAÇÃO DAS FOLHAS PARA REALIZAÇÃO DOS TESTES
A metodologia aplicada foi a Cherret e Seaforth (1970), (adaptada),
pois, para se obter os resultados foram feitas alterações partir de uma
metodologia usual utilizada para testes com Atta, entretanto não obteve-se
20
resultados, a primeira hipótese seria que os discos poderiam estar
demasiadamente grandes para as Acromyrmex, sendo assim os discos de
1 cm foram diminuídos para 0,6 cm, o que não surtiu efeito não havendo
carregamento, pois ainda utilizou-se colocar as placas 30 cm, do trajeto de
passagem das formigas, logo após isso as placas foram postas a 15 cm,
tendo como resultado o não carregamento, assim sendo foi decidido
colocar as placas com os discos no trajeto de passagem tendo como
resultado um rápido carregamento dos discos, mais teste teriam que ser
feitos para verificar se o tamanho dos discos ou só apenas a distância da
passagem das formigas influencia no carregamento.
As folhas das mudas em cada tratamento foram cortadas com
um perfurador de papel da marca ferramentaria Santiago modelo XI,
obtendo-se discos com 0,6cm de diâmetro, posteriormente foram
acondicionados em sacos plásticos com dimensões de 5cm X 10cm e
fechados. Após duas horas foram colocados em placas de alumínio de
15cm X 15cm com quadrículas de 1cm X 1cm e colocados sobre o trajeto
de passagem das formigas para se observar o comportamento de
carregamento dos discos (Figuras 5,6). Todo o material utilizado no corte
dos discos e as placas de alumínio foram lavados em água corrente e secos
com papel absorvente antes e após a sua utilização para evitar
contaminação entre tratamentos, no manuseio do material e dos discos foi
utilizado luvas de látex, sendo usada uma luva para cada tratamento.
21
FIGURA 4 - PLACAS DE ALUMÍNIO DE 15cm X 15cm E QUADRICULAS
DE 1cm X 1cm COM OS DISCOS DE Eucalyptus
camaldulensis. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014.
FIGURA
5
–
CARREGAMENTO
DOS
DISCOS
DE
Eucalyptus
camaldulensis. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014.
22
FIGURA
6
–
CARREGAMENTO
DOS
DISCOS
DE
Eucalyptus
camaldulensis. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014.
23
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Acromyrmex rugosus
Houve diferença entre os tratamentos, porém, não houve
diferença entre os períodos entre os tratamentos. No período chuvoso
houve um maior carregamento de discos, entretanto esta diferença não foi
significativa. Porém, o maior carregamento dos discos foliares por A.
rugosus pode ter ocorrido por vários fatores, sendo o um deles, o maior e
melhor oferta de material verde coincidir com o período das chuvas, ainda
cabe ressaltar que os padrões de forrageamento podem estar ligados a
sazonalidade segundo Della Lucia et al. (1993) colaboraram este resultado
cujas mudanças ocorridas devido à chuva promovem alterações no balanço
químico dos vegetais provocando respostas diferenciadas sobre a
atividade de corte (DIEHL FLEIG, 1995).
FIGURA 7 - MÉDIA DE DISCOS DE FOLHARES DE Eucalyptus
camaldulensis
DEHNH.
TRANSPORTADOS
POR
Acromyrmex rugosus EM FUNÇÃO DOS TRATAMENTOS
E PERÍODOS. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014.
24
4.2. Acromyrmex balzani
Houve diferença entre os tratamentos, porém, não houve
diferença entre os períodos entre os tratamentos. Para A. balzani também
não houve diferença estes resultados demonstram que mesmo para as
diferentes espécies estudadas de Acromyrmex partilham os mesmos
padrões de escolha para forrageamento, entretanto mais estudos em
localidades diferentes devem ser feitos para observar-se a repetitividade
deste comportamento
FIGURA 8 - MÉDIA DE DISCOS DE FOLHARES DE Eucalyptus
camaldulensis
DEHNH.
TRANSPORTADOS
POR
Acromyrmex balzani EM FUNÇÃO DOS TRATAMENTOS
E PERÍODOS. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014.
25
4.3. Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani
Houve diferença entre as espécies de formigas e entre os
tratamentos, porém não houve diferença entre os períodos entre os
tratamentos. Pela análise dos dados obtidos, constatou-se que A. rugosus
tem um maior carregamento do que A. balzani, constatou-se também que
o comportamento de forrageamento em ambas as espécies são
semelhantes, não diferindo estatisticamente. O que leva a supor que as
necessidades nutricionais do fungo ou de substâncias prejudiciais ao seu
desenvolvimento são detectadas, mesmo que as espécies de quenquéns
sejam distintas.
Observando as (Tabelas 4 e 5), os comportamentos de escolha
foram os mesmos, sendo que os tratamentos T4 com ausência P (fósforo)
obteve o maior carregamento de discos foliares, para ambas espécies de
quenquéns. Segundo GRANT (2001), descreve que este elemento participa
no processo de conversão de energia; fotossíntese, metabolismo de
açúcares. Esta informação é muito importante, pois este nutriente participa
no metabolismo de açúcares, alterando a quantidade de açucares
disponíveis na planta, é importante no processo de divisão celular,
alargamento das células, desenvolvimento de raiz e o crescimento da
planta.
Segundo Cherrett (1968), existe um comportamento preventivo
de uma exploração excessiva de recursos próximos aos ninhos e de uma
expansão da pressão de pastejo mais uniforme, por meio das plantas
disponíveis. Essa conclusão foi baseada em seus estudos com a espécie
de saúva Atta cephalotes, a qual não atacou plantas próximas aos ninhos.
Carvalho (2008) registrou uma maior concentração de fósforo
(P) nas folhas das plantas próximas aos ninhos de Atta cephalotes, do que
nas plantas distantes, para as duas espécies analisadas em seu
experimento (Amaioa guianensis e Protium sp.), podendo ser este um dos
fatores que influenciam a escolha de corte das formigas, que não o faziam
em plantas próximo do formigueiro, pois acreditava-se que seria como
método somente de proteção do ninho, mais este fator deve influenciar
também esta escolha.
26
Em seguida o tratamento onde os discos foliares foram mais
transportados, em ambas espécies, foram o T5 com ausência Potássio (K).
T6 ausência de Cálcio e T1 com Água destilada, Marschner (1995) relatou
que a falta de K acarreta em acúmulo de compostos de baixo peso
molecular como aminoácidos, açúcares solúveis, diminui a velocidade de
cicatrização das injúrias, menor suberização, lignificação, espessura da
cutícula e parede celular, maior abertura ou mais tempo de abertura dos
estômatos, menor síntese e acúmulo de compostos fenólicos. Todos estes
fatores ocorrem em plantas deficientes em potássio, como consequências,
ocorre um aumento na concentração de açúcares solúveis e de
aminoácidos nas folhas, podendo aumentar a eficiência de germinação dos
esporos em relação às plantas sadias. Esse fato pode estar correlacionado
com a preferência de transporte dos discos foliares de folhas de plantas
pobres em potássio.
A capacidade seletiva pode ocorrer por causa da presença de
compostos secundários tóxicos ou de variações do valor nutricional exigido
pelo fungo e até mesmo propriedades físicas e mecânicas das plantas
(HUBBEL e WIEMER, 1983). Barrer e Cherrett (1972) constataram que as
formigas cortadeiras podiam distinguir quimicamente folhas novas e velhas
e tinham preferência pelas novas. Rockwood (1976) mencionou que
compostos secundários e as necessidades nutricionais do fungo poderiam
ser responsáveis por esta seletividade. Ridley et al. (1996) observaram que
as formigas cortadeiras do gênero Atta e Acromyrmex tendem a rejeitar
plantas que contêm compostos químicos prejudiciais ao fungo e criaram
uma tese que sugere que um semioquímico do fungo, difundido por
trofalaxia durante a lambedura, regularia a seleção do material vegetal
pelas operárias forrageiras.
A baixa concentração de cálcio nas folhas Segundo Silveira et
al. (1998) demonstra que ouve um aumento na severidade do ataque de
Rhizoctonia solani em mudas de Eucalyptus grandis e híbridos de E.
grandis x E. urophylla.
Os tratamentos T3 com ausência de Nitrogênio, foi o terceiro
tratamento mais transportado, resultados encontrados por Halsall et al.,
27
(1983) demonstrou que deficiência de nitrogênio e fósforo na fase de
rustificação aumenta a suscetibilidade de mudas de eucalipto à infecção
por Phaeoseptoria eucalypti. Isso se torna mais evidente em mudas
passadas, com idades superiores a 120 dias. LARA (1991) apresentou
resultados descreve que o ataque da broca do colmo de arroz, aumenta o
nível de infestação com o uso de N + P.
T7 com ausência de Magnésio, T8 com ausência de Enxofre e
T2 com a solução completa apresentaram a menor taxa de transporte de
discos foliares demonstrando desta maneira que a ausência do Magnésio
Enxofre não teve tanta importância para a escolha dos discos com estes
tratamentos e demonstrando ainda com o tratamento T2 que uma planta
bem nutrida originou discos foliares pouco transportados pelas duas
espécies de Acromyrmex.
28
5. CONCLUSÕES
Baseando-se nos dados obtidos, pode-se concluir que:
1. As plantas deficientes em fósforo são preferidas por Acromyrmex
rugosus e Acromyrmex balzani;
2. As plantas deficientes, em escala descendente, por Potássio, Cálcio e
por todos os macros e micros elementos, e Nitrogênio, influenciam
positivamente no transporte dos discos foliares;
3. As plantas deficientes em Magnésio e Enxofre, bem como as plantas
nutridas com todos os nutrientes, afetam negativamente no transporte
dos discos por Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani;
4. As estações chuvosas e de estiagem não influenciam na escolha dos
discos foliares ofertados.
29
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36
7. ANEXO
ANEXO 1 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA SOLUÇÃO NUTRITIVA (ML.vaso1)
de Hoagland e Arnon (1950), CORRESPONDENTE AOS
TRATAMENTOS UTILIZADOS NO EXPERIMENTO.
Solução estoque
Completo
N
P
K
Ca
Mg
S
B
Zn
K2HPO4
2,5
2,5
-
-
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
KNO3
12,5
-
12,5
-
12,5
7,5
7,5
12,5
12,5
Ca (NO3)2.5H2O
12,5
-
12,5
12,5
-
10,0
10,0
12,5
12,5
MgSO4.7H2O
5,0
5,0
5,0
5,0
5,0
-
-
5,0
5,0
KCL
-
12,5
2,5
-
-
5,0
5,0
-
-
CaCl2.2H2O
-
5,0
-
-
-
2,5
2,5
-
-
NH4H2PO4
-
-
-
2,5
-
-
-
-
-
NH4NO3
-
-
-
5,0
12,5
-
-
-
-
(NH4)2SO4
-
-
-
-
-
5,0
-
-
-
MgNO3
-
-
-
-
-
-
5,0
-
-
Solução de micros
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
-
-
Micros - B
-
-
-
-
-
-
-
2,5
-
Micros - Zn
-
-
-
-
-
-
-
-
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
Solução de Fe
EDTA
O sinal “-” indica a omissão do respectivo nutriente na composição
da solução nutritiva.
37
Capítulo II – Preferência de Acromyrmex spp. por mudas
de clonais e seminais de Eucalyptus spp. e Corymbia
citriodora utilizadas em reflorestamentos em Mato Grosso
38
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo avaliar a preferência de transporte de
Acromyrmex spp. por discos foliares de mudas clonais e seminais de
Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora utilizadas em reflorestamentos do
Estado de Mato Grosso. Os testes foram realizados com discos foliares
obtidos das mudas, considerando-se cada espécie, híbrido, seminal e clone
como um tratamento. Os testes foram aplicados em dezembro/2014, em
formigueiros situados no município de Várzea Grande, Estado de Mato
Grosso. Nos trabalhos de campo foram utilizadas placas de alumínio
numeradas de acordo os tratamentos e o número de repetições. Em cada
placa de alumínio foram colocados 20 discos de cada tratamento e as
placas foram dispostas aleatoriamente ao longo do carreador ativo dos
formigueiros, sendo realizadas quatro repetições para cada tratamento.
Para comparar a quantidade de discos foliares transportados por
Acromyrmex spp. entre os sete diferentes tratamentos, foi feita uma análise
de variância e regressão utilizando-se modelos lineares generalizados com
uma distribuição de erros de Poisson para a variável-resposta.
Posteriormente, realizou-se a junção dos termos qualitativos nãosignificativos, através de análises de contraste de modelos, para verificar a
semelhança entre a preferência dos ninhos de formigas cortadeiras por
discos foliares de cada tratamento, a partir do modelo completo. As análises
foram realizadas por meio do software R e com o uso do pacote multicomp.
Os discos provenientes de folhas das mudas seminais de Eucalyptus
urophylla, foram os mais transportados e seguidos pelos discos das mudas
seminais do híbrido urograndis e dos discos seminais de Corymbia
citriodora. Os discos menos transportados foram os dos clones do híbrido
urograndis “GG100”, seguidos dos híbridos de urograndis “H13” e “I144” e
dos clones do híbrido urocan VM01.
Palavras-chave: formiga, Eucalypto, praga florestal.
39
ABSTRACT
This study aimed to evaluate the transport preference of Acromyrmex spp.
By clonal leaf discs and seminal seedlings Eucalyptus spp. and Corymbia
citriodora used in reforestation of the State of Mato Grosso. The tests were
performed with leaf disks obtained from seedlings, considering each type,
hybrid, and seminal clone as a treatment. The tests were applied in
December / 2014 in nests located in the municipality of Várzea Grande,
State of Mato Grosso. In field studies were numbered aluminum plates used
according treatments and the number of repetitions. In each aluminum plate
were placed 20 discs per treatment, and the plates were disposed randomly
throughout the active carrier of the nests being carried out four replicates
for each treatment. To compare the amount of leaf discs carried by
Acromyrmex spp. among seven different treatments, was an analysis of
variance and regression using generalized linear model with a Poisson
distribution of errors for the response variable. Subsequently, the junction
was performed for non-significant qualitative terms, by contrast analysis
model to check the similarity between the preference of the harvester ant
nests per leaf discs per treatment, from the complete model. Analyses were
performed using the R software and using the multicomp package.
Discs from leaves of the seminal seedlings of Eucalyptus urophylla were the
most transported and followed by the seminal seedlings of hybrid urograndis
and seminal seedlings Corymbia citriodora. The discs were transported
least those of the hybrid clones urograndis "GG100", followed by hybrid
urograndis "H13" and "I144" and urocan vm01 hybrid clones.
Keywords: ant, Eucalypto, forest pest.
40
1. INTRODUÇÃO
Nos primórdios da introdução das espécies de Eucalyptus spp.
por Edmundo Navarro de Andrade, Engenheiro Agrônomo contratado pela
Companhia Paulista de Estradas de Ferro do Estado de São Paulo, que em
1904, recebeu a missão de encontrar a melhor espécie florestal para o
fornecimento de carvão para as locomotivas e madeira para os dormentes
das ferrovias (ABRAF, 2006). Até os dias de hoje existe vários estudos
sobre esta grandiosa espécie e suas variedades de híbridos e clones em
busca de uma melhor produtividade.
Os maciços florestais ou monoculturas é o modelo mais utilizado
nos reflorestamentos com fins comerciais no Brasil, a sua importância
econômica na geração de riqueza e empregos somado a sua contribuição
para o ambiente, aumenta ainda mais a sua importância em nossa
sociedade. Entre as diversas espécies cultivadas no Brasil, as várias
espécies de Eucalyptus spp. tem um destaque especial, pois, devido a sua
rusticidade adaptando-se em várias regiões do país e a sua diversidade de
tipos de madeira produzida e a grande produtividade demonstram a sua
importância para o setor florestal brasileiro.
Vários estudos avaliam a densidade, o tipo de madeira e
produtividade, entretanto os gastos silviculturais estão intimamente ligados
a produtividade e as tomadas de decisões. Dentro dos gastos silviculturais
um dos mais importantes é o de combate a pragas florestais, sendo as
formigas cortadeiras, o inseto considerado a praga florestal mais importante
em diversas regiões (BOARETTO e FORTI, 1997).
Com o aumento das áreas de plantio com Eucalyptus spp., os
problemas entomológicos que atingem hoje os plantios de eucalipto tendem
a aumentar nas mesmas proporções, pois ainda persiste a tendência em
criar grandes reflorestamento com uma mesma espécie, tendo como
consequência uma abundante e constante fonte de alimento causando
assim uma fragilidade desses ecossistemas, tomando-o um ambiente em
41
desequilíbrio, em que a sobrevivência de inimigos naturais pode ser
prejudicada (SANTOS et al., 1993)
Procurando-se
verificar
a
preferência
de
carregamento
Acromyrmex spp. objetivou no trabalho:
1- Determinar qual tratamento terias os discos foliares mais
transportados.
2- Verificar qual tratamento teria os discos foliares menos
transportados.
3- Verificar possíveis diferenças entre os formigueiros de
Acromyrmex spp. quanto a preferência de carregamento dos discos
foliares nos diferentes tratamentos.
42
2. REVISÃO DE LITERATURA
Segundo Lindsay (1971), o número de espécies de interesse
comercial pertencentes ao gênero Eucalyptus, encontra-se próximo de
duzentas espécies, onde são selecionados indivíduos de acordo com as
condições
ecológicas
do
local
de
introdução,
que
apresentem
características de físicas de interesse comercial. Porém um fator que é
normalmente negligenciado é o nível de resistência destas espécies aos
insetos da região onde serão introduzidos, isso ocorre, pois, estudos nesta
área de conhecimento são em grande parte demorados e despende mão
de obra especializada se comparado com culturas de ciclos curtos além de
gerar inúmeras interações destes novos indivíduos dentro do ecossistema.
As espécies que são de utilidade industrial, e que mais se
destacam no Brasil, são os híbridos de Urograndis que ocupam uma maior
área plantada, seguidas das espécies de Eucalyptus urophylla, Eucalyptus
grandis, Eucalyptus camaldulensis, Eucalyptus cloeziana, Eucalyptus
dunnii e da espécie Corymbia citriodora (PAIVA ET AL. 2001, VITTI e BRITO
2003),
Em reflorestamentos com Eucalyptus spp., ou outras espécies
florestais as formigas cortadeiras destacam-se como o grupo com o maior
potencial de se tornar uma praga florestal, especialmente nas fases de
corte e pré-corte (áreas de reforma ou condução da floresta) e
imediatamente após o plantio ou no início da condução de brotação
(BOARETTO e FORTI, 1997). Os danos econômicos causados pelas
formigas estão associados ao tamanho, dimensão e quantidade dos
formigueiros, os quais necessitam de grande quantidade e volume de
folhas para o desenvolvimento do fungo simbionte que atende à
necessidade alimentar castas que compõe o formigueiro (LOECK et al.,
1993).
Peres Filho et al. (2002) constataram que os discos foliares de
Eucalyptus grandis foi menos preferido para carregamento por saúva limão,
em comparação com outras 41 espécies florestais nativas e exóticas, em
43
condições de laboratório e afirmou que dependendo da diversidade de
espécies florestais testadas, o comportamento das formigas pode ser
alterado, sugerindo que os compostos presentes nas folhas das diferentes
espécies interferem na preferência de ataque pelas formigas cortadeiras.
2.3 RESISTÊNCIA DAS ESPÉCIES FLORESTAIS
Uma série de estudos demonstram as resistências de algumas
espécies florestais hora por questões inerentes a espécie hora por
questões ambientais que a tornam mais susceptível ao ataque, como visto
no primeiro capítulo e de acordo com (SANTANA e COUTO, 1990), ao
avaliarem a preferência de saúva limão e saúva cabeça de vidro por discos
foliares de 41 espécies e procedências de Eucalyptus spp., em condições
de laboratório, concluíram que quanto maior o número de procedências
testadas, maiores foram as evidências das diferenças entre estas. Isso
demonstra também a adaptabilidade das formigas demonstrando que
conseguem distinguir perfeitamente o que é melhor para o fungo que
cultivam e selecionam os vegetais que melhor lhes atende.
Segundo Fox e MacAuley (1977), espécies de Eucalyptus,
quando atacadas por herbívoros, aumentam a produção de compostos
secundários como óleos essenciais e taninos. Esses compostos são
tóxicos e podem evitar posteriores ataques de ácaros (TAKABAYASHI et
al., 1994), e das próprias formigas cortadeiras (HUBBEL e WIEMER, 1983).
Oliveira et al., 2004 demonstraram que o sistema de defesa
vegetal de E grandis foi ativado 24 horas após o início do ataque de lagarta.
Após este período, as formigas foram capazes de reconhecer e deram
preferência ao corte das plantas não atacadas.
44
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. PREPARO DAS MUDAS
Foram produzidas setenta mudas pela empresa Ziane Mudas
Florestais, no município de Tangará da Serra - MT, cultivadas em tubetes
de polietileno, até atingirem o tamanho de 30 cm e transportadas em
bandeja própria para tubetes de polietileno (Figura 9) do local de produção
para o campus da UFMT. As mudas passaram por um período de
adaptação de uma semana sendo molhadas diariamente 3 vezes por dia.
FIGURA 9- MUDAS EM BANDEJA DE TUBETES PARA REALIZAÇÃO
DOS TRABALHOS. CUIABÁ, MT, 2014.
45
Foram utilizadas mudas clonais e seminais de Eucalyptus spp. e
Corymbia citriodora de acordo com a Tabela 4.
TABELA 4 – IDENTIFICAÇÃO DE CADA TRATAMENTO UTILIZADO NO
EXPERIMENTO, VÁRZEA GRANDE, MT, 2014.
TRATAMENTOS ORIGEM, ESPECIE/ HIBRIDO
T1
Seminal Corymbia citriodora
T2
Clone I144 de urograndis
T3
Clone VM01 de urocan
T4
Seminal de urograndis
T5
Seminal de urophyla
T6
Clone H13 de urograndis
T7
Clone GG100 de urograndis
3.2. SELEÇÃO DOS FORMIGUEIROS
Foram selecionados quatro formigueiros de quenquéns, sendo
georreferenciados, utilizando-se o global positioning system (GPS) do
aparelho SAMSUNG GALAXY S5 (Tabela 6).
As espécies de formigas utilizadas nos testes foram identificadas
como Acromyrmex rugosus e Acromyrmex balzani, pelo Dr. Jacques Hubert
Charles Delabie do laboratório de Mirmecologia CEPLAC/CEPEC,
baseando-se na nomenclatura de Bolton (1995).
Todos os formigueiros utilizados estavam localizados no
município de Várzea Grande situados na região Centro Oeste do Brasil,
sendo designada pelo projeto Radambrasil (1982) como depressão
Cuiabana a região pertence ao Planalto dos Guimarães, Depressão
Paraguai, calha do Rio Cuiabá, com predominância de clima Tropical
46
quente e sub-úmido, na categoria de Koppen foi classificado como Aw,
(GALVÃO, 1960)
TABELA 5 – COORDENADAS GEOGRÁFICAS DOS NINHOS DE
Acromyrmex spp., UTILIZADAS NOS TESTES. VÁRZEA
GRANDE, MT, 2014.
Ninho
Coordenadas
Data de coleta
1
-15.665887, -56.132262
02/07/2014
2
-15.664230, -56.131476
03/07/2014
3
-15.654473, -56.137155
03/07/2014
4
-15.638227, -56.096500
18/07/2014
3.3. PREPARAÇÃO DAS FOLHAS PARA REALIZAÇÃO DOS TESTES
O experimento foi feito em dois formigueiros ativos para cada
espécie de quenquém, com quatro repetições para cada tratamento. Os
testes foram realizados em dezembro de 2014.
As folhas das mudas em cada tratamento foram cortadas com
um perfurador de papel da marca ferramentaria Santiago modelo XI,
obtendo-se discos com 0,6cm de diâmetro que foram acondicionados em
sacos
plásticos
com
dimensões
de
5cm
X
10cm
e
fechados
hermeticamente. Após duas horas foram colocados em placas de alumínio
de 15cm X 15cm com quadrículas de 1cm X 1cm e colocados sobre os
carreadores
das
formigas
para
observar
o
comportamento
de
carregamento dos discos (Figuras 5,6). Todos os materiais utilizados no
corte dos discos e as placas de alumínio foram lavados em água corrente
e secos com papel absorvente antes e após a sua utilização para evitar
contaminação entre tratamentos, em todo manuseio do material e dos
discos foi utilizado luvas de látex que foram trocadas após cada manuseio.
A metodologia aplicada foi a de Cherret e Seaforth (1970)
(adaptada), pois, anteriormente, todos os procedimentos descritos no
parágrafo anterior foram feitos a partir de uma metodologia usual utilizada
47
para testes com Atta, a primeira hipótese seria que os discos poderiam
estar demasiadamente grandes para Acromyrmex, sendo assim os discos
de 1 cm foram diminuídos para 0,6 cm, o que não surtiu efeito, pois as
formigas não transportaram os discos. Em seguida, colocou-se as placas a
30 cm da trilha de passagem das formigas, não se obtendo sucesso, o que
levou a colocar as placas a 15 cm, também não trazendo resultados no
carregamento. Como última tentativa, as placas foram colocadas em cima
das trilhas e assim foi iniciado imediatamente o transporte dos discos
foliares.
3.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para comparar a quantidade de discos foliares forrageados por
Acromyrmex spp. entre os sete diferentes tratamentos, foi feita uma análise
de variância e regressão utilizando-se modelos lineares generalizados com
uma distribuição de erros de Poisson para a variável-resposta (Crawley,
2005). Posteriormente, realizou-se a junção dos termos qualitativos nãosignificativos, através de análises de contraste de modelos, para verificar a
semelhança entre a preferência dos ninhos de formigas cortadeiras por
discos foliares de eucalipto, a partir do modelo completo. As análises foram
realizadas por meio do software R (R Development Core Team, 2005) e
com o uso do pacote multicomp (Hothorn et al., 2008).
48
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Constatou-se o carregamento de discos foliares em todos os
tratamentos, resultado também encontrado nas pesquisas de Santana e
Couto (1990).
TABELA 6 – ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA A PREFERÊNCIA DE
Acromyrmex
spp.
POR
DISCOS
FOLIARES
DE
EUCALIPTO NOS DIFERENTES TRATAMENTO.
FV
GL Deviance
Tratamentos
Formigueiros
Tratamento*Formigueiros
Total
6
3
18
-
760,78
0,19
7,64
-
GL
residual
105
102
84
111
Deviance
residual
32,29
32,10
24,46
793,06
P
< 2,2e-16*
0,86605
0,03814*
-
Houve diferença entre os tratamentos, porém não houve
diferença entre os quatro formigueiros avaliados. Figura 10 apresenta o
desdobramento dos tratamentos.
49
FIGURA 10 - MÉDIA DE DISCOS DE FOLHARES DE Eucalyptus spp.
TRANSPORTADOS POR Acromyrmex balzani EM FUNÇÃO
DAS VARIEDADES. VÁRZEA GRANDE, MT, 2014.
Os tratamentos que tiveram o T1, T3, T2 e T6 não diferiram
estatisticamente, apesar de apresentarem dados numéricos distintos. Fato
análogo para os tratamentos T4 e T5.
Os discos foliares mais carreados de forma decrescente foram
de T5, T4, T1, T3, T2, T6 e T7, demonstrando assim que discos oriundos
do clone de GG100 de Urograndis foram os menos preferidos. Rosado et
al. (2014) encontrou resultados similares onde ofertou várias espécies
Eucalyptus spp. e Corymbia citriodora sendo a última uma das menos
forrageadas, resultados também encontrados em experimento com
Acromyrmex laticeps nigrosetosus realizado em laboratório avaliando a não
preferência de Acromyrmex subterraneus subterraneus Forel ao corte de
“eucaliptos”, obteve Corymbia citriodora entre as duas espécies menos
carregadas (Marsaro Júnior et al. 2007, e Della Lucia et al. 1995).
50
O transporte de discos provenientes do tratamento T4 e T5
foram os preferidos por Acromyrmex spp. resultados também encontrados
por Rosado et. al. (2014) onde Eucalyptus urophylla X Eucalyptus grandis
foram preferidas ao corte.
Ambos os formigueiros apresentam a mesma preferência de
carregamento dos discos foliares, não diferindo estatisticamente entre si.
A semelhança dos resultados encontrados em ambos os
formigueiros pode ter origem em dois fatores:
a) Os dois formigueiros são oriundos de um mesmo formigueiro,
o que pode acarretar em comportamento semelhante;
b) Pode ser um fator inerente da espécie.
No entanto, essas duas hipóteses devem ser estudadas para se ter
dados mais precisos e que tragam uma solução.
51
5. CONCLUSÃO
Baseando-se nos dados obtidos, pode-se concluir que:
1- Discos de mudas seminais de Eucalyptus urophylla e o hibrido de origem
seminal de Eucalyptus urophylla X Eucalyptus grandis são preferidos
por Acromyrmex spp.
2- Discos de mudas clonais de “GG100” (Eucalyptus urophylla X Eucalyptus
grandis) são menos preferidas por Acromyrmex spp.
52
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