MCM-41 PRODUZIDO POR CAULIM DA AMAZÔNIA AUMENTOU A BIODISPONIBILIDADE DE IBUPROFENO Andrade, R.B1, Negrão, C.A.B 2, Costa, C.E.F 2, Bastos, G.N.T1 1 Laboratório de Neuroquímica Molecular e Celular, Universidade Federal do Pará, Belém (PA), Brasil 2 Laboratório de Catálise e Oleoquímica, Universidade Federal do Pará, Belém (PA), Brasil E-mail: [email protected] Resumo. Materiais de sílica mesoporosa apresentam um grande potencial farmacológico como sistemas de liberação de fármacos, devido a sua grande área de superfície, poros de grande volume e uma boa biocompatibilidade. O uso destas micropartículas de sílica mesoporosa permite a adsorção de espécies biologicamente ativas, na estrutura de seus poros, especialmente de fármaco. O objetivo deste estudo foi avaliar a citotoxicidade do MCM-41 em células sanguíneas e também a eficácia terapêutica do ibuprofeno incorporado ao MCM-41 em modelos de nocicepção. MCM-41 foi sintetizado usando caulim, proveniente da região Amazônica, como fonte de silício e alumínio. Ibuprofeno foi adsorvido ao material calcinado resultando numa redução da área de superfície específica, volume e diâmetro do poro. Para o teste in vivo, foram usados os modelos de hemólise e de nocicepção. O teste de hemólise foi realizado para avaliar o efeito hemolítico do MCM-41. Os eritrócitos foram isolados e purificados com três lavagens sucessivas em solução salina. As células foram então incubadas com MCM-41 à 250µg/ml. Os grupos controle foram preparados da mesma maneira como descritos anteriormente, porém ao invés de ser adicionado o MCM-41, foram adicionados Triton-X ao controle positivo e DMSO ao controle negativo. Após uma hora de incubação em temperatura ambiente, as amostras foram centrifugadas para a detecção de hemoglobina liberada pelos eritrócitos lisados. De acordo com os resultados, o uso do MCM-41 não apresentou atividade hemolítica. O teste de contorção induzido por ácido acético foi feito em camundongos albinos Swiss machos (6-8 semanas). Ibuprofeno foi incorporado ao MCM-41 e o MCM-41 ou veiculo foi administrado por via oral a 200mg/kg. As drogas foram administradas 2, 24 ou 48 horas antes da injeção intraperitoneal da solução de acido acético a 1%. O ibuprofeno carreado em MCM-41 reduziu o número de contorções em 100%, 71,3% e 22% para as aplicações de 2, 24 e 48 horas, respectivamente. Os resultados aqui demonstram que o carreador aumenta a biodisponibilidade e a eficácia deste fármaco. Palavras-chave: Nocicepção, Entrega de droga, MCM-41, Ibuprofeno. 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos há um corrente interesse em materiais nanoestruturados devido ao seu potencial em várias áreas científicas e tecnológicas. Dentre esses, encapsulamento de fármacos em nanocarreadores têm se destacado nas últimas décadas devido à possibilidade da redução da toxicidade de drogas, liberação sustentada, além de aumento da eficácia do medicamento, diminuindo as quantidades terapêuticas necessárias. Devido à importância crescente de tal aplicação, pesquisas recentes têm se concentrado no desenvolvimento de sistemas de liberação de droga estruturalmente estáveis que são capazes de entregar uma quantidade relativamente grande da mesma a um alvo específico, tecidos ou mesmo organelas, sem qualquer problema de liberação prematura. Entre muitos materiais estruturalmente estáveis investigados para liberação de drogas, a sílica mesoporosa têm se demonstrado promissora devido à sua biocompatibilidade, estrutura dos poros uniforme, tamanho ajustável, com distribuição estreita, volume de poros grandes, e facilidade de funcionalização de superfície (Hawang et al., 2010). Além disso, a sílica tem sido utilizada na formulação de implantes artificiais, devido às propriedades osteogênicas que apresenta. Para aplicações de liberação controlada, tem sido demonstrado que esta, é capaz de armazenar e liberar gradualmente medicamentos terapêuticos como antibióticos, e outros. A Sílica também é usada para melhorar a biocompatibilidade de liberação de drogas de vários sistemas, tais como nanopartículas magnéticas, biopolímeros, e micelas. (Slowing, 2008). Na década de 90, foi descoberta uma nova família de peneiras moleculares mesoporosas silicato/aluminossilicato, a M41S, por cientistas da Mobil, que possuem estrutura de poros uniformes excepcionalmente largos, apresentando um sistema de mesoporos de tamanho bem definido com arranjo espacial regular. O principal o representante dessa família é o MCM-41, que significa Mobil Composition of Matter N 41, que apresenta um arranjo hexagonal altamente ordenado de poros unidimensionais, com uma distribuição de tamanho de poros muito estreita e com poros variando de 20 a 100 Å (Beck et al., 1992) (Mohallem & Sousa 2011). Estes materiais são alvos de um número crescente de estudos visando aplicações distintas, dentre elas troca iônica, adsorção, catálise, etc. Uma de suas potenciais aplicações é como suporte na entrega de droga, já que neste estão presentes grupos silanóis que conferem a estes um potencial interessante para uso como matriz para incorporar uma variedade de espécies químicas, tais como moléculas orgânicas, metais e polímeros (Hawang, 2010) (Borges, 2006). Este empenho por parte de pesquisadores do mundo todo se justifica, pois sistemas de liberação controlada oferecem várias vantagens quando comparados aos sistemas convencionais de administração de fármacos (Dimitriu, 1994). Visto que a maioria dos sistemas de liberação utiliza materiais poliméricos como transportadores de drogas. No entanto, eles têm limitações, como a degradação prematura do agente ativo, distribuição não uniforme da droga na matriz, pouca estabilidade térmica e química, e rápida eliminação pelo sistema imunológico (Hawang et al., 2010). Um exemplo do interesse das pesquisas nessa área e a realização de vários estudos In vitro demonstrando, o comportamento de MCM-41 associado ao ibuprofeno. Onde este é um derivado do ácido propiônico, ácido iso-butil-propinóico-fenólico que apresenta uma meia-vida de somente 2,2 horas e se liga fortemente a proteínas plasmáticas (90%-99%) (Beetge, 2000). Esta droga é utilizada na terapêutica por mais de 30 anos, é indicado para dores moderadas e inflamações em diversas condições como dores de cabeça, febre, dismenorréia e desordens musculoesqueléticas (Busson,1986). Estudos realizados por Charnay em 2003 mostraram que quando colocado em pH gástrico apenas 1/3 do fármaco era liberado, enquanto em um pH de 7,4, o mesmo presente no intestino, este era liberado em maior quantidade. Os experimentos realizados nos fluídos gástrico e intestinal mostraram uma liberação rápida e completa do ibuprofeno por difusão. Demonstrando que materiais de sílica constituem um transportador de fármaco potencialmente interessante para drogas insolúveis em água. O bioma Amazônico é rico em minerais e espécies vegetais e animais, o que nos propicia uma vasta área de pesquisa. Tendo em vista disso, Carneiro et al 2003, tem sintetizado MCM-41, a partir de caulim - material encontrado em abundância no Nordeste do estado do Pará, região do Rio Capim (Carneiro, et al., 2003), formado por um grupo de silicatos hidratados de alumínio, principalmente caulinita e haloisita, sendo a fórmula química dos minerais do grupo da caulinita Al2O3.mSiO2.nH2O, onde m varia de 1 a 3 e n de 2 a 4 (Silva, 2001). Vários estudos relacionados ao ibuprofeno associado ao MCM-41 foram realizados em busca de novas tecnologias para aumentar a eficácia das drogas já existentes, mas diminuindo a toxicidade devido aos efeitos colaterais e tóxicos. Pois o uso prolongado desse anti-inflamatório pode provocar gastrite ou úlcera no estômago, pelo fato de bloquear a produção da barreira de proteção da mucosa gástrica, pode ainda desencadear reações alérgicas, manchas na pele, por vezes tipo urticária, ou edema da face podendo ser aumentados quando se utiliza em associação com diuréticos. Tendo em vista os possíveis benefícios trazidos por esta associação o presente trabalho visa analisar a atividade farmacológica de MCM-41 para a liberação controlada de ibuprofeno por um tempo prolongado em modelos de nocicepção in vivo. 2. MATERIAIS E MÉTODOS No presente estudo foram utilizados camundongos Swiss machos pesando 30-50 gramas, fornecidos pelo Biotério do Instituto Evandro Chagas. Todos os animais foram mantidos em gaiolas plásticas com água e ração ad libitium e ciclo claro/escuro de 12 horas. Os carreadores mesoporosos de silicato foram produzidos no laboratório de Catálise e Oleoquímica da Universidade Federal do Pará, coordenado pelo Dr. Carlos Emmerson F. da Costa. 2.1 Síntese do material mesoporoso e adsorção de ibuprofeno O material mesoporoso MCM-41 foi sintetizado utilizando o caulim proveniente da região amazônica como fonte de silício e alumínio, a síntese foi realizada em autoclave de teflon por 48 h a 110°C. A adsorção de ibuprofeno no material MCM-41 sintetizado com caulinita lixiviada, por tratamento hidrotermal realizou-se com hexano foi adsorvido ao material calcinado ocasionando redução da área superficial específica, do volume e do diâmetro de poros, mas mantendo o mesmo parâmetro de célula unitária. Todos os experimentos realizados posteriormente foram realizados com material com adsorção de 16% em massa. 2.2 Avaliação de Dano à Membrana Plasmática – Teste Hemolítico em Eritrócitos de Camundongos Mus musculus Swiss Esta metodologia permite avaliar o potencial da substância teste em causar danos na membrana celular, seja pela formação de poros ou pela ruptura total pela presença de hemoglobina em solução. Quando a amostra testada causa hemólise em até 1h de incubação, o mecanismo de ação citotóxico é considerado inespecífico por causar dano direto à membrana. Neste teste foi avaliada a atividade citotóxica de Metilcelulose, MCM-41, Ibuprofeno, e Ibuprofeno incorporado em MCM-41, na concentração de 250 µg/ml. Para o teste de hemólise foi utilizado sangue venoso de Camundongos Mus musculus Swiss, este foi retirado por punção cardíaca, colocado em solução salina e centrifugado a 1500 rpm por 5 minutos para o preparo de solução de eritrócito a 2%. Desta solução foram utilizados 100 µL em placas de 96 poços e mais 100 µL de cada amostra (concentração de 250 µg/mL), Triton X-100 (controle positivo) e DMSO (controle negativo) e 100µL de salina (branco) em triplicata. A placa foi incubada a temperatura ambiente por 1 hora e centrifugados a 1500 rpm por 5 minutos. A leitura do sobrenadante foi realizada em leitor de placas a 450, 490 e 570 nm. 2.3 Contorções abdominais induzidas por ácido acético Para a avaliação da eficácia terapêutica do ibuprofeno foi feito o teste de contorções abdominais induzidas pela administração intraperitoneal de ácido acético a 1% que promove a contração da musculatura abdominal. Os animais foram pré-tratados oralmente com metil celulose, utilizado como veículo, ibuprofeno, carreador ou carreador com ibuprofeno adsorvido nos tempos de 2 horas, 24 horas e 48 horas, na concentração de 200 mg/kg. A atividade antinociceptiva foi expressa pela redução do número de contorções abdominais. 3. RESULTADOS Avaliação de Dano à Membrana Plasmática – Teste Hemolítico em Eritrócitos de Camundongos Mus musculus Swiss A atividade hemolítica foi realizada para verificar os possíveis danos a membrana de eritrócitos de camundongos. O resultado do teste de atividade hemolítica (gráfico 1) mostrou que nenhuma das amostras testadas causou hemólise independente do comprimento de onda. Teste de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético Para verificar a atividade analgésica de ibuprofeno carreado em MCM-41, em tempos variados. No modelo experimental de analgesia, utilizando-se a injeção intraperitoneal de ácido acético a 1% (0,1 mL/10g), a média de contorções apresentadas pelos animais tratados commetilcelulose 2 horas ntes do agente algico foi de 57,75 ± 10,5. Nos grupos tratados apenas com o MCM-41 a média foi de 69 ± 24,46. Enquanto que, com ibuprofeno (200 mg/kg) e ibuprofeno incorporado em MCM-41 (200 mg/kg), observou-se uma inibição de 100% do poder nociceptivo do agente álgico (Gráfico 2). Gráfico 2: Efeito analgésico causado pela administração oral de ibuprofeno (200mg/kg) e de ibuprofeno incorporado em MCM-41 (200mg/kg) sobre as contorções abdominais induzidas pela injeção de ácido acético (1% i.p.) em camundongos. Cada grupo apresenta a média de 4 animais e as barras verticais indicam os D.P.M. Tanto o ibuprofeno, quanto o ibuprofeno incorporado em MCM-41 diferem significativamente do veículo(metilcelulose), *** p <0,001. No período de 24 horas, onde o grupo controle (metilcelulose) apresentou uma média do número de contorções em torno de 55,75± 20,7. Nos grupos tratados apenas com o MCM-41 a média foi de 69,5 ± 17. Enquanto que, no grupo tratado com ibuprofeno (200 mg/kg) neste tempo, a droga sozinha não foi capaz de reverter a atividadade álgica. A resposta não foi significativa, sendo a média de 63,75 ± 19,97 contorções. Por outro lado, no grupo de animais que receberam ibuprofeno incorporado em MCM-41 (200 mg/kg), teve uma resposta significativa, sendo que o número de contorções foi de 16 ± 9 (p<0,05),demonstrando que o carreamento da droga foi eficiente 24 horas após a sua administração(Gráfico 3). Gráfico 3: Efeito analgésico causado pela administração oral de ibuprofeno (200mg/kg) e ibuprofeno incorporado em MCM-41 (200mg/kg) sobre as contorções abdominais induzidas pela injeção de ácido acético (1% i.p.) em camundongos. Cada grupo apresenta a média de 4 animais e as barras verticais indicam os D.P.M. O ibuprofeno incorporado em MCM-41 difere significativamente do veículo(metilcelulose), ** p <0,05. Os resultados obtidos do teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético em 48 horas demonstraram que o grupo controle (metilcelulose) apresentou uma média do número de contorções em torno de 60,5 ± 18,15. Nos grupos tratados apenas com o MCM-41 a média foi de 69,25 ± 22,7, não emonstrando diferença significativa entre os grupos. Neste horário nenhum dos tratamentos se mostrou significativo, sendo a média do grupo tratado com ibuprofeno (200 mg/kg) de 60,25 ± 21,5 e do grupo com ibuprofeno incorporado em MCM-41 (200 mg/kg) de 43,5 ± 6,5 (p<0,05), como pode ser observado na Gráfico 4. Gráfico 4: Efeito analgésico causado pela administração oral de ibuprofeno (200mg/kg) e ibuprofeno incorporado em MCM-41 (200mg/kg) sobre as contorções abdominais induzidas pela injeção de ácido acético (1% i.p.) em camundongos. Cada grupo apresenta a média de 4 animais e as barras verticais indicam os D.P.M. Tanto o ibuprofeno quanto o ibuprofeno incorporado em MCM-41 não demonstraram atividade antinociceptiva neste horário. 4. DISCUSSÃO O estudo de liberação de fármacos têm se destacado nas últimas décadas devido à possibilidade da redução da toxicidade de drogas, liberação sustentada, além de aumento da eficácia do medicamento, diminuindo as quantidades terapêuticas necessárias. O presente trabalho focou a atividade farmacológica da interação de ibuprofeno em MCM-41 para a liberação controlada desta droga, em modelo de nocicepção in vivo tempo dependente. Nossos resultados demonstram que esta interação aumentou a biodisponibilidade do ibuprofeno. Segundo a ANVISA, testes de segurança de drogas devem ser realizados para se evitar os processos de toxicidade. Com esta visão, foi avaliada a citotoxicidade do nosso material pelo teste de hemólise, utilizou-se o controle positivo como parâmetro, dessa forma o resultado mostrou que todas as amostras testadas na concentração de 250 µg/mL não apresentou atividade citotóxica. Porém, deve ser notado que embora os glóbulos vermelhos sejam as células dominantes em sangue, as interações destas nanopartículas com outras células sanguíneas e componentes também devem ser avaliados para garantir a utilização segura desses materiais para aplicações biomédicas. Com os resultados obtidos no teste acima citado o material mesoporoso foi considerado potencialmente seguro para a utilização in vivo, dessa forma foi dado prosseguimento aos testes com o mesmo e realizado o teste de analgesia “periférica”. A atividade antinociceptiva foi avaliada pelo modelo das contorções abdominais. O modelo químico de nocicepção de contorções abdominais em camundongos baseia-se na contagem das contorções da parede abdominal seguidas de torção do tronco e extensão dos membros posteriores, como resposta reflexa à irritação peritoneal e à peritonite produzidas pela injeção intraperitoneal de ácido acético (Soares, 2009). Sendo a atividade antinociceptiva expressa pela redução do número de contorções abdominais (Koster et al, 1959). A administração intraperitoneal de acido acético induz a liberação de prostaglandinas que contribuem para a sensibilização dos nociceptores, que são receptores específicos para a dor e estão localizados nas terminações de fibras nervosas A e C, além das prostaglandinas estes podem ser sensibilizados por ação de outras substâncias químicas, denominadas algiogênicas, presentes no ambiente tissular: acetilcolina, bradicinina, histamina, serotonina, leucotrieno, substância P, fator de ativação plaquetário (PAF), radicais ácidos, íons potássio, tromboxanos, interleucinas, fator de necrose tumoral (TNFalfa), fator de crescimento nervoso (NGF) e monofosfato cíclico de adenosina (AMPc). Essa sensibilização então mantém o impulso elétrico e transmite o sinal de dor da periferia da fibra C até os gânglios da raiz dorsal e deste até a porção cortical somatosensorial, ou seja, os gânglios fazem a conexão entre o sistema central e periférico (Julius & Basbaum, 2001). Portanto, já era esperado que o ibuprofeno apresentasse atividade antinociceptiva, já que esta atividade está relacionada com seus efeitos anti-inflamatórios e devido a redução na produção ex vivo em sangue de ciclo-oxigenase (COX) -1 e COX-2 (Rainsford, 2009), enzimas importantes na síntese de prostaglandinas. Dessa forma, observamos que o ibuprofeno incorporado em MCM-41 mostrou um efeito semelhante ao ibuprofeno, onde o pico máximo desta droga na concentração plasmática é alcançado em aproximadamente 1-2 horas após a administração oral, com uma rápida excreção por via renal de metabólitos hidroxilatos ou carboxilatos (Xu, 2011). Sendo assim é provável que neste tempo de 2 horas a concentração do fármaco no plasma seja máxima, dessa forma nossos resultados corroboram com os de Xu, 2011, que demonstram a atividade do ibuprofeno após 2h. No tempo de 24 horas, como mostrado na Figura 2, o ibuprofeno sozinho não mostrou atividade antinociceptiva. Nossos resultados são confirmados pela literatura , já que este farmáco apresenta meia-vida de somente 2,2 horas (Beetge, 2000), então a diminuição da sua concentração plasmática, pelo metabolismo viabiliza este resultado. Por outro lado ao observarmos o ibuprofeno incorporado em MCM-41 percebemos que houve um aumento na atividade antinociceptiva significativa em relação ao controle, demonstrado pela redução do número de contorções. Isso mostra que o ibuprofeno continuou sendo liberado em 24 horas após sua administração, e que está havendo um aumento da biodisponibilidade da droga. Quando avaliamos os resultados referente a administração do agente álgico 48 horas após a administração do fármaco carreado, verificamos que não há uma redução significativa do número de contorções. Este resultado deve ser futuramente analisado, mais sabemos que a interação entre o MCM-41 e Ibuprofeno se dá por ligação de hidrogênio, sendo essa uma ligação fraca o fármaco se desprende facilmente, e esta poderia ser uma das explicações para tal dado. Estudos demonstrados in vitro por Hawang et al em 2010, mostraram que SBA-15 quando funcionalizado com grupos funcionais como amina, diamina, e grupos de ácido sulfônico liberavam de forma mais lenta o ibuprofeno, dessa forma, podemos pensar em funcionalizar o MCM-41 com algum grupo funcional para aumentar o tempo de liberação da mesma. 5. CONCLUSÃO Os resultados obtidos demonstraram que o MCM-41 não causou hemólise, dessa forma, podem ser considerados potencialmente seguros para a utilização in vivo. Além disso, em 2 horas e em 24 horas o ibuprofeno incorporado em MCM-41 reduziu o número de contorções induzidas por ácido acético, demonstrando que esta incoorporação pode estar aumento a biodisponibilidade do fármaco em 24 horas. REFERÊNCIAS Beck, J.S.; Vartuli, J.C.; Roth, W.J.; Leonowicz, M.E.; Kresge, C.T.; Schmitt, K.D.; Chu, C.T.; Olson, D.H.; Sheppard, E.W.; McCullen, S.B.; Higgins J.B and Schlenker, J.L., J. Am. Chem. Soc. 114, p. 10834, 1992. Beetge E, Du Plessis J, Müller DG, Goosen C, Van Rensburg FJ. The influence of the physicochemical characteristics and pharmacokinetic properties of selected NSAID’s on their transdermal absorption. Int J Pharm. 2000;193(2):261–264. Borges, I. C.; Mendonça, R.; Macedo, W. A. A.; Sousa, E. M. B. FUNCIONALIZAÇÃO SUPERFICIAL DA SÍLICA MESOPOROSA: EFEITO DO SOLVENTE NO COMPORTAMENTO DE ADSORÇÃO. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. BUSSON M. 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MCM-41 PRODUCED BY AMAZON KAOLIN INCREASED THE IBUPROFEN BIODISPONIBILITY Andrade, R.B1, Negrão, C.A.B 2, Costa, C.E.F 2, Bastos, G.N.T1 1 Laboratory of Cellular and Molecular Neurochemistry, Federal University of Pará, Belém (PA), Brazil 2 Laboratory of Catalysis and oleochemical, Federal University of Pará, Belém (PA), Brazil E-mail: [email protected] Abstract. Mesoporous silica materials presents a potential medicinal applications as drug delivery because it has a large surface area, high pore volume, tunable pore size, and good biocompatibility. The use of these mesoporous silica microparticles allows the efficient adsorption of biologically active species, especially drug molecules, onto the porous structures. The aim of this study was to assess the cytotoxicity of MCM-41 in blood cells and to evaluate the therapeutic efficacy of ibuprofen incorporated into MCM-41 using models of nociception. MCM-41 was synthesized using the kaolin from Amazon region as a source of silicon and aluminum. Ibuprofen was adsorbed to calcined material resulting in reduction of specific surface area, volume and pore diameter. To in vivo test we have used hemolysis and nociception test. The hemolysis assay was used to evaluate the hemolytic effect of MCM-41. The erythrocytes were isolated and purified by three successive washes with saline. The cells were incubated with MCM-41 at 250µg/ml. Controls were prepared in the same manner as the above erythrocytes samples except adding Triton-X (positive control) and DMSO (negative control) instead of the MCM-41. After 1 h incubation at room temperature, the samples were spun down for the detection of hemoglobin released from hemolyzed erythrocytes. The results showed no hemolytic activity using our MCM-41. The writhing test induced by acetic acid was used male albino Swiss mice (6-8 weeks). Ibuprofen incorporated into MCM-41, MCM-41 or vehicle, were administered by gavage at 200mg/kg. The drugs were administered 2, 24 or 48 hours before the i.p. injection of 1% acetic acid. The ibuprofen carried in MCM-41 reduced the number of writhing in 100%, 71,3% and 22%, to 2, 24 or 48 h respectively. The results presented here provide a better understanding of MCM41-INN interaction, demonstrating that carrier improve the biodisponibility and efficacy of this drug. Keywords: Nociception, Drug delivery, MCM-41, Ibuprofen.