A importância dos indicadores de desenvolvimento dos municípios da Amunop Ricardo Dalla Costa1 Resumo: O presente trabalho analisou os vinte municípios que compõem a microrregião do norte do Paraná, a Amunop. Levantou-se os principais indicadores de desenvolvimento econômico como PIB per capita, coeficiente de Gini e IDH destes municípios de forma a confrontar com indicadores nacional e mundial. Por fim a discussão da política pública regional e industrial para reduzir a distância econômica entre os municípios da Amunop e Londrina. Palavras-Chave: Microrregião, renda, desenvolvimento Abstract: The present work analyzed the twenty cities that the microregion of the north of the Paraná composes, the Amunop. One arose the main pointers of economic development as the per capita PIB, coefficient of Gini and IDH of these cities of form to collate with pointers national and world-wide. Finally the quarrel of the regional and industrial public politics to reduce in the distance economic enters the cities of the Amunop and Londrina. Key-Words: Microregion, income, development Área I - Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente Paranaense 1 UENP/FAFICOP - Universidade Estadual do Norte do Paraná campus Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Cornélio Procópio. Endereço eletrônico: [email protected] 1 - Introdução Este estudo avalia uma das microrregiões do norte do Paraná sob a ótica da economia regional inseridos nos conceitos de desenvolvimento. A região escolhida foi o conjunto de municípios que formam a Associação dos Municípios do Norte do Paraná (AMUNOP). O esboço em análise é uma forma estratégica de discutir problemas políticos comuns e estratégias de crescimento e desenvolvimento. Alguns municípios contam com infra-estrutura razoável, tecnologia e universidade, outros, carentes, isolados e fardados ao isolamento econômico, daí a importância da Associação e desta matéria. 2 - Indicadores de Desenvolvimento A Teoria Econômica beneficia-se do conceito do desenvolvimento regional e este pode ser aplicado no estudo das microrregiões paranaenses. Começamos com os indicadores de renda, isto é, do PIB per capita, porém, esse não é melhor apontador do desenvolvimento. Clemente (2000, p. 130-1 e 136-7) alerta num capítulo específico que o indicador mais amplamente utilizado para representar o nível de desenvolvimento de uma região ou de um país é a renda ‘per capita’; no entanto, as deficiências desse procedimento são evidentes, principalmente quando não se complementa a análise com outros indicadores. Entre esses outros indicadores surge imediatamente a distribuição de renda, pois, sendo a renda ‘per capita’ um valor médio, é muito desejável que haja também informação sobre a distribuição. (...) Há, porém, outro conceito de desenvolvimento que merece ser considerado: o desenvolvimento autosustentado. (...) O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) publica desde 1990 o Relatório de Desenvolvimento Humano. Esse relatório é baseado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que considera três fatores: longevidade, educação e renda ‘per capita’. Nessa abordagem, fica clara a dimensão econômica do desenvolvimento. (...) O desenvolvimento de uma região tende a estimular o desenvolvimento das regiões vizinhas ou, pelo contrário, constitui obstáculo para que estas também se desenvolvam? A Teoria do Crescimento Regional fornece resposta positiva a essa questão. (...) Não seria possível exagerar a importância dessas hipóteses para a política de desenvolvimento regional. Se a hipótese de espraiamento estiver correta, os desequilíbrios regionais tenderão a diminuir espontaneamente com o passar do tempo, e as regiões menos desenvolvidas aos poucos se aproximarão dos padrões das regiões adiantadas. Se entretanto, a hipótese de dominação estiver correta, os desequilíbrios tenderão a se exacerbar com o passar do tempo e as regiões atrasadas se distanciarão cada vez mais das regiões desenvolvidas [grifo meu]. 2 Dessa forma, para ampliar a “dimensão econômica do desenvolvimento” a Tabela 1 mostra os vinte municípios da Amunop que compõem uma das regiões do norte do Paraná e também os indicadores de desenvolvimento, como o PIB per capita, o Coeficiente de Gini, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a taxa de crescimento da população. O primeiro indicador analisa a renda dos indivíduos de acordo com o produto interno bruto. O PIB per capita é o somatório de tudo que se produz no país, estado ou município dividido pela respectiva população. O segundo é muito utilizado para medir a concentração da renda. O terceiro mede o desenvolvimento humano em nível de educação, longevidade e renda. O quarto mede a taxa de crescimento populacional em porcentagem. Tabela 1 – A conjuntura dos 20 municípios que compõem a Amunop Taxa de PIB per Coeficiente 3 IDH Municípios Crescimento capita1 (R$) de Gini2 (%) 1 Assaí 10.630 0,550 0,748 -1,33 2 Bandeirantes 6.175 0,530 0,756 -0,19 3 Congonhinhas 8.722 0,692 0,520 0,11 4 Cornélio Procópio 9.370 0,550 0,791 0,05 5 Curiúva 4.515 0,530 0,675 2,34 6 Itambaracá 9.753 0,510 0,715 -3,47 7 Leópolis 14.779 0,540 0,742 -0,78 8 Nova América da Colina 9.541 0,500 0,716 -1,51 9 Nova Fátima 7.297 0,570 0,747 -0,11 10 Nova Santa Bárbara 7.730 0,590 0,701 -0,36 11 Rancho Alegre 11.906 0,490 0,738 -0,80 12 Santa Amélia 7.315 0,570 0,711 -0,55 13 Santa Cecília do Pavão 8.781 0,520 0,712 -2,11 14 Santa Mariana 9.290 0,520 0,751 -0,98 15 Santo A. do Paraíso 11.198 0,530 0,715 1,29 16 São Jerôrimo da Serra 6.779 0,590 0,674 -1,36 17 São S. da Amoreira 9.109 0,530 0,724 0,83 18 Sapopema 5.329 0,500 0,698 -0,36 19 Sertaneja 17.412 0,560 0,786 -0,32 20 Uraí 6.401 0,560 0,751 -1,26 FONTE: IPARDES, (2007) NOTAS: (1) 2004; (2) 2000; (3) 2000; (4) 2000 3 – PIB per capita De posse das informações preliminares da Tabela 1, o melhor PIB per capita fica com Sertaneja (R$ 17.412), seguido de Leópolis (R$ 14.779) e Rancho Alegre (R$ 11.906). A última posição está com Curiúva (R$ 4.515). 3 Segundo o IPARDES, (2007) o PIB per capita paranaense vem evoluindo sensivelmente no período analisado na Tabela 2 assim como o nacional. Tabela 2 – PIB per capita do Brasil e Paraná a preços correntes de mercado Ano Unidade Brasil Paraná 1994 R$ 2.280 2.423 1995 R$ 4.160 4.307 1996 R$ 4.946 5.287 1997 R$ 5.317 5.708 1998 R$ 5.499 6.066 1999 R$ 5.771 6.489 2000 R$ 6.430 6.847 2001 R$ 6.896 7.457 2002 R$ 7.631 8.241 2003 R$ 8.694 9.891 2004 R$ 9.729 10.725 20051 R$ 10.692 20051 R$ 11.662 R$ 12.437 20061 FONTE: IPARDES, (2007) e (1) BACEN, (2007) No tocante a esta Tabela, o Paraná está em melhores condições pois cresceu 10,24% no ano de 2004 em relação à média nacional. A comparação destes dados regionais com os nacionais dará uma dimensão dos números em estudo. Confrontando as informações da Tabela 1 com a Tabela 2, verifica-se que os dois primeiros municípios desfrutam de uma posição privilegiada em relação ao índice nacional. Para dados do Bacen (2007), o PIB per capita do ano de 2006 (R$ 12.437) é inferior ao dos municípios Sertaneja e Rancho Alegre. Porém, a cidade de Curiúva apresentou um índice equivalente ao ano de 1995, isto é, está bem aquém do mínimo necessário para renda regional e nacional. No entanto, segundo informações do Banco Central, a Tabela 3 mostra a taxa média de crescimento do PIB brasileiro, da população e do PIB per capita. Com ênfase neste último, a década de 1970 se mostrou superior a de 1960. Isso foi o reflexo do Milagre Brasileiro (sem precedentes) e dos I e II PNDs (Plano Nacional de Desenvolvimento), porém a década de 1980 amargou um índice negativo devido aos dois choques do petróleo (1973 e 1979), da elevação da dívida externa, da alta taxa inflacionária e da recessão mundial. A década de 1990 foi de transformação, pois a economia nacional abriu-se para o mundo, privatizou as empresas públicas e estancou, na metade desta década, a inflação. 4 Tabela 3 – Taxas médias de crescimento (%) Período PIB População PIB per capita Década de 60 (1961-1970) 6,17 2,89 3,19 Década de 70 (1971-1980) 8,63 2,44 6,04 Década de 80 (1981-1990) 1,57 2,14 -0,56 Década de 90 (1991-2000) 2,64 1,57 1,06 FONTE: FGV e IBGE apud BACEN, (2007) Pode-se tirar três conclusões destas informações quanto à taxa de crescimento do PIB per capita. A primeira é na Década Perdida, que herdou e deixou resultados impactantes ao desenvolvimento para a próxima década, e esta, não reverteu o tempo submergido a um crescimento significativo, apenas 2,64% no PIB e 1,06% no PIB per capita. A segunda é o impacto nas economias regionais. A terceira é a “herança” da ineficiência da gestão pública. Ampliando o horizonte do estudo, a Tabela 4 fornece dados sobre as economias desenvolvidas, em desenvolvimento e subdesenvolvidas latino- americanas. Tabela 4 – PIB per capita Mundial (%) Período 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Economias avançadas 3,3 0,6 0,9 1,3 2,7 2,0 2,3 Países em desenvolvimento 4,4 2,7 3,5 5,2 6,0 5,1 5,0 Países em desenvolvimento América Latina(1) 2,4 -1,0 -1,5 0,7 4,2 2,4 2,3 FONTE: WORLD ECONOMIC OUTLOOK, FMI (MAR/2007) apud BACEN, (2007) NOTA: (1) exceto Estados Unidos, Canadá e Cuba. Nesta análise, o PIB per capita das economias avançadas cresceu 2,3% em 2006 que curiosamente foi o mesmo índice dos países da América Latina, porém, inferior aos países em desenvolvimento que foi de 5,0% no mesmo ano. Se fizermos a média aritmética dos dados da referida Tabela tem-se como resultado dessas economias, respectivamente, um crescimento no período de 1,87%, 4,56 e 1,36%. Isso significa que a América Latina, na média, não acompanha o crescimento mundial e isso reflete no Brasil, nos Estados Federativos e também nas microrregiões. 5 Até o presente momento a renda per capita foi amplamente usada para medir o desenvolvimento de uma microrregião, do estado, do país ou mesmo com outras nações. Mas não é o suficiente uma vez que este indicador não averigua os males da má distribuição da renda ou mesmo sobre a educação, longevidade e renda. Com reforço a esse argumento Lourenço, (2005, p. 9) escreve que é conveniente ter presente que nem sempre as grandezas, PIB total ou per capita, expressam a disponibilidade de potencialidades econômicas ou de qualidade de vida das populações locais, a não ser quando são fruto da combinação entre expansão da renda e da população e, por extensão, dos níveis de emprego. Em certas situações, a implantação e consolidação de atividades com parâmetros assimétricos de agregação de valor e de absorção de mão-de-obra pode provocar inclusive o fenômeno de impulsão da renda e de expulsão de população, bastante comum em municípios de pequeno porte, especializados na exploração agrícola de subsistência e/ou desprovidos de infra-estrutura [grifo meu]. Aproveitando-se da citação no que diz respeito à taxa de crescimento da população, a última coluna da Tabela 1 exibe esse índice. Setenta e cinco por cento dos municípios apresentam número negativo, isto é, a população não está aumentando e isso não é devido à redução do índice de natalidade ou do índice de longevidade de vida, mas sim do efeito migração para grandes centros em busca de oportunidades com renda melhor. O índice mais alarmante fica com o município de Itambaracá com -3,47% seguido por Santa Cecília do Pavão (-2,11%) e Nova América da Colina (-1,51%). A maior taxa positiva fica com Curiúva (2,34%). Infelizmente as comunas deste estudo estão com uma população cada vez mais idosa. A falta de emprego e o aumento do custo de vida também são refletidos no país com a redução do crescimento populacional (veja Tabela 3) e com o envelhecimento da população. 4 - Coeficiente de Gini Com relação a outros indicadores, e estes mais apropriados, a Tabela 1 exibe na terceira coluna o coeficiente de Gini. Este é muito utilizado para medir a concentração da renda. O valor para análise varia de 0 a 1, isto é, quanto mais próximo de 0, menor a concentração e quanto mais perto de 1, maior a concentração da renda. Dessa forma a distribuição de renda é mais bem distribuída nos centros urbanos de Rancho Alegre (0,490) seguido por Nova América da Colina e Sapopema (0,500). O pior índice fica com Congonhinhas (0,692). Colacionando com o índice estadual, dados de 2000 pelo IBGE, o Paraná apresentou o número 6 0,607, um escândalo mas não tão vergonhoso quanto de Congonhinhas. A nível nacional, a Tabela 5 mostra uma série de dados que relatam a péssima distribuição de renda no Brasil. São índices que variam de 0,636 (1989) a 0,569 (2005), bem alto. Os três primeiros municípios citados desdenham o glamour da melhor distribuição de renda. Tabela 5 - Renda - desigualdade - coeficiente de Gini Período Coeficiente Gini Período Coeficiente Gini 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 0,623 0,625 0,604 0,593 0,584 0,591 0,596 0,589 0,598 0,588 0,601 0,616 0,636 0,614 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 0,583 0,604 0,601 0,602 0,602 0,6 0,594 0,596 0,589 0,583 0,572 0,569 FONTE: IPEA, (2007) NOTA: Atualizado em 22 de novembro de 2006. Checando a Tabela 6, alguns dados de países selecionados verificam-se que os países desenvolvidos apresentam um coeficiente inferior as nações subdesenvolvidas, isto é, apresentam uma melhor distribuição de renda. Tabela 6 – Coeficiente de Gini em Países selecionados Países Selecionados 2004 Canadá 0,326 Estado Unidos 0,408 México 0,495 Brasil 0,580 Argentina 0,528 Chile 0,571 Rússia 0,399 Índia 0,325 China 0,447 Japão 0,249 Austrália 0,325 FONTE: Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Organização das Nações Unidas (ONU), 2004 apud CORECONSP (2007) 7 Contudo, países como a Rússia e a Índia apresentam índices inferiores ao dos Estados Unidos. O Brasil infelizmente lidera esse ranking que está entre os mais elevados do mundo. 5 – Índice de Desenvolvimento Humano O último indicador em análise é o do desenvolvimento humano (IDH). Este está ilustrado na quarta coluna da Tabela 1 e tem como base o Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). No Brasil é organizado pelo IPEA e pelo FJP2 com base nos censos do IBGE3. Lembrando que esse índice mede o nível de educação, longevidade e renda tendo como valor para análise entre 0 a 1, dividido em intervalos, isto é, quanto mais próximo de 0, menor o IDH e quanto mais perto de 1, maior o IDH. No intervalo de 0 a 0,499 diz-se que existe desenvolvimento humano baixo, entre 0,500 a 0,799 médio e acima de 0,800 é considerado alto. Os três primeiros municípios analisados na Tabela 1 são: Cornélio Procópio (0,791), Sertaneja (0,786) e Bandeirantes (0,756). A última cidade foi Congonhinhas (0,520). Assim, todas as comunas estão na faixa de médio desenvolvimento humano. Contudo, numa análise mais abrangente como é mostrado na Tabela 7, Cornélio Procópio ocupava a 29ª posição em 1991 e caiu para a 38ª em 2000 no ranking das urbes paranaenses (veja 5ª coluna). Sertaneja perdeu 9 posições e Bandeirantes ganhou 4. Não obstante, todos os centros urbanos apresentaram melhoramentos no IDH (veja 7ª coluna). O destaque ficou com Nova Fátima que aumentou o IDH em 20,10% no período de 1991 a 2000. 2 3 Fundação João Pinheiro-MG. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 8 Tabela 7 – Índice de Desenvolvimento Humano segundo os 20 municípios que compõem a Amunop Municípios Paraná1 Curitiba2 Londrina3 1 Assaí 2 Bandeirantes 3 Congonhinhas 4 Cornélio Procópio 5 Curiúva 6 Itambaracá 7 Leópolis 8 Nova A. da Colina 9 Nova Fátima 10 Nova Santa Bárbara 11 Rancho Alegre 12 Santa Amélia 13 Santa C. Do Pavão 14 Santa Mariana 15 Santo A. do Paraíso 16 São J. da Serra 17 São S. da Amoreira 18 Sapopema 19 Sertaneja 20 Uraí IDH-M 1991 0,711 0,798 0,765 0,681 0,677 0,612 0,723 0,580 0,659 0,679 0,617 0,662 0,614 0,670 0,652 0,620 0,658 0,642 0,583 0,648 0,617 0,716 0,674 Ranking 7 1 2 121 142 344 29 380 200 129 332 186 338 161 233 322 206 257 377 241 333 39 153 IDH-M 2000 0,787 0,856 0,824 0,748 0,756 0,692 0,791 0,675 0,715 0,742 0,716 0,747 0,701 0,738 0,711 0,712 0,751 0,715 0,674 0,724 0,698 0,786 0,751 Ranking 6 1 10 168 138 158 38 383 285 193 279 172 333 209 296 291 156 281 384 258 345 48 155 ∆ Ranking 1 -8 -47 4 -14 -9 -3 -85 -64 53 14 5 -48 -63 31 50 -24 -7 -17 -12 -9 -2 ∆% IDH 10,69 7,27 7,71 9,84 11,67 13,07 9,41 16,38 8,50 9,28 16,05 20,10 14,17 10,15 9,05 14,84 14,13 11,37 15,61 11,73 13,13 9,78 11,42 FONTE: PNUD/IPEA/FJP apud IPARDES, (2007) NOTAS: (1) Ranking entre os estados da federação; (2) Capital do Paraná; (3) Segunda maior cidade do Paraná e está na proximidade dos municípios da Amunop. A título de comparação em relação aos estados da federação, o Estado do Paraná teve o índice em 0,711 em 1991 e 0,787 em 2000, reduzindo uma posição (7ª para 6ª) e aumentando o IDH em 10,69%. A capital paranaense, Curitiba, tinha 0,798 em 1991 e passou para 0,856 em 2000, saindo da posição de médio desenvolvimento para alto desenvolvimento, isto é, aumentou 7,27% mantendo a liderança no ranking. A segunda maior cidade do Estado, Londrina, é circunvizinha dos municípios em estudo e apresentou o IDH em 1991 de 0,765 e 0,824 em 2001, saindo do médio desenvolvimento para o alto desenvolvimento mas perdendo posições (2ª para 10ª). Vale à pena inserir neste contexto o IDH dos países selecionados da Tabela 6 (disposto na Tabela 8) assim como das nações desenvolvidas, subdesenvolvidas e países em desenvolvimento da América Latina e Caribe. 9 Tabela 8 – IDH EM países selecionados Países Selecionados 2003 Canadá 0,950 Estado Unidos 0,948 México 0,821 Brasil 0,792 Argentina 0,863 Chile 0,859 Rússia 0,797 Índia 0,611 China 0,768 Japão 0,949 Austrália 0,957 FONTE: Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Organização das Nações Unidas (ONU), 2003 apud CORECONSP (2007) A primeira vista da Tabela 8, não é surpresa os países desenvolvidos terem um alto IDH, mas a novidade apareceu no México, na Argentina e no Chile em relação ao Brasil. O grande questionamento a essa altura é como esperar dos municípios em estudo um IDH alto se nem mesmo a média brasileira consegue, ao menos, estar próximo dos seus conterrâneos latinos? Embora Curitiba e Londrina não sejam objetos deste estudo estas comunas conseguiram passar do médio para o alto desenvolvimento humano. A importância dessas metrópoles justifica-se numa pesquisa feita pelo IPEA, onde os “municípios de Londrina e Curitiba estariam em uma relação das quinze áreas do País consideradas de abrangência de pólos ou centros de inovação” (LOURENÇO, 2005, p.11). 6 – Política Pública Regional e Industrial O grande desafio proposto aqui é a criação de uma “ponte” 4 entre os municípios das Amunop e Londrina. A troca de experiências, a formação de parcerias e a pesquisa no que diz respeito à atividade comercial, serviços, agronegócio, pólo industrial e pesquisas universitárias tendem a multiplicar o produto regional. A Tabela 9 comprova o poder econômico de Londrina e a grande distância das cidades da microrregião da Amunop. A relação do PIB está na ordem de 2,39 4 A proximidade entre as comunas está num raio de 60 km. 10 vezes ou 139%. Isto também pode ser comprovado pelo número total de estabelecimentos no município subdividindo em indústria, comércio varejista, comércio atacadista e serviços. A população economicamente ativa (PEA) excede em 73,24%, isto é, mais renda agregada e maior o impacto na demanda agregada. Tabela 9 – Números dos municípios da Amunop versus Londrina Nº total de estabelecimentos PEA Municípios PIB(US$) Ind C Var C Atac Serv (hab) Assaí 55.773.511,79 Bandeirantes 70.127.749,70 Congonhinhas 9.690.371,19 Cornélio Procópio 124.593.486,74 Curiúva 11.636.773,14 Itambaracá 13.326.259,83 Leópolis 9.873.434,59 Nova Am. da Colina 7.334.149,77 Nova Fátima 12.809.334,04 Nova Santa Bárbara 3.523.333,15 Rancho Alegre 11.341.898,56 Santa Amélia 6.408.562,11 Santa Cecília do Pavão 7.410.818,02 Santa Mariana 20.924.987,90 Santo Ant. do Paraíso 5.280.457,47 São Jerôrimo da Serra 11.398.890,57 São Seb. da Amoreira 9.983.396,49 Sapopema 6.752.719,04 Sertaneja 19.124.594,46 Uraí 14.877.504,15 Amunop 432.192.232,71 Londrina 1.031.968.955,47 Lond./Amunop (%) 2,39 33 87 15 100 22 5 6 1 16 4 7 7 195 397 73 606 119 56 25 29 108 34 33 33 5 38 3 32 2 8 1 1 4 5 2 3 44 44 15 129 28 16 10 2 22 10 11 11 10.687 18.519 4.179 25.216 6.146 5.632 2.678 2.299 4.537 2.039 2.454 2.598 5 31 2 29 172 26 2 8 1 9 22 2 2.641 8.136 1.311 15 12 17 9 19 413 1618 3,92 74 63 42 66 119 2.299 5745 2,50 2 3 2 8 12 142 719 5,06 5 18 9 12 18 437 1232 2,82 7.221 4.595 3.931 3.588 7.030 125.437 217.306 1,73 Fonte: Paranacidade, (2007) Outra informação relevante é o perfil dos principais produtos agrosilvopastoris e industriais. Na microrregião da Amunop destaca-se no setor primário a soja, uva, algodão, cana-de-açúcar, alfafa, trigo, milho, mamão, leite, bovinos, aves de corte e madeira em tora para papel e celulose. No setor secundário os produtos alimentares, têxteis, metalurgia, bebidas, perfumaria, sabões e velas, produtos minerais não metálicos, madeira, mecânica, química, produto elétrico e de 11 comunicação, editorial e gráfico, vestuário, mobiliário, calçados e tecidos. Em Londrina o primeiro setor abrange a soja, o milho e o gado bovino. No segundo setor os produtos alimentares, química, vestuário, calçados e tecidos. Salienta-se aqui a grande diversidade da microrregião. Posto isso, complementa-se a inclusão de políticas compartilhadas que apreciem a redução das disparidades regionais e a maior dispersão das atividades econômicas no Estado requerem a adoção de políticas públicas dirigidas ao estímulo aos segmentos produtivos absorventes de mão-de-obra, caso da construção civil e do agronegócio, e ao empreendedorismo, além de vultosos investimentos na recuperação e ampliação do aparato infra-estrutural, variável que deve anteceder qualquer etapa sustentada de crescimento econômico (LOURENÇO, 2005, p. 12). Adicionam-se a estas estratégias as políticas públicas industriais pela ótica da competência de inovar no pensamento schumpeteriano e das políticas macroeconômicas, isto é, o aumento da demanda agregada que representa o consumo, os investimentos públicos e privados, tendo como resposta a geração de renda e empregos. 7 - Conclusão As principais conclusões que se pode tirar deste esboço são: 1º) o município de Sertaneja apresenta o maior PIB per capita (R$ 17.412), o segundo melhor IDH (0,786) mas apresenta uma péssima distribuição de renda (muito próxima a nacional) e uma taxa de crescimento de -1,26%; 2º) a cidade pólo da microrregião, Cornélio Procópio, não está entre as três primeiras urbes com o maior PIB per capita e tão pouco está entre os três primeiros com melhor índice do coeficiente de Gini, apenas detém o maior índice de IDH, aproximando da classificação alta; 3º) o município de Curiúva necessita de atenção urgente para elevação do PIB per capita e o município de Congonhinhas precisa melhorar a distribuição de renda assim como elevar o IDH (que está na eminência da classificação baixa); 4º) a taxa negativa de crescimento populacional em 75% dos municípios reflete a perspectiva de um futuro nada promissor principalmente em Itambaracá; 12 5º) a comparação dos índices nacional e mundial com o PIB per capita, o Coeficiente de Gini e o Índice de Desenvolvimento Humano apresentaram clara noção da necessidade de melhorar esses números na microrregião; 6ª) a aplicação de políticas públicas regionais condizentes com a microrregião faz-se necessária e urgente sob o risco da hipótese de dominação, isto é, “os desequilíbrios tenderão a se exacerbar com o passar do tempo e as regiões atrasadas se distanciarão cada vez mais das regiões desenvolvidas” (op. cit., 2000); 7ª) A inserção de políticas públicas industriais torna-se essencial a promoção da pesquisa e do desenvolvimento (P&D) no pensamento schumpeteriano. Sintetizando, espera-se que este trabalho agregue mais um passo em direção a eficiência da política pública regional e industrial paranaense, que o PIB per capita seja mais alto e uniforme, que o Coeficiente de Gini aproxime dos países desenvolvidos, que o IDH passe para o alto desenvolvimento humano e que a “ponte” entre os municípios da Amunop e Londrina seja rapidamente “erguida e trafegada”. 8 – Referências bibliográficas AMUNOP – Associação dos Municípios do Norte do Paraná. Disponível em <www.amunop.org.br>. Acesso em 5 abr 2007. BACEN – Banco Central do Brasil. Disponível em <www.bacen.gov.br>. Acesso em 13 abr 2007. CLEMENTE, Ademir. HIGACHI, Hermes Y. Economia e Desenvolvimento Regional. São Paulo: Atlas, 2000. CORECONSP – Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo. Disponível em <www.coreconsp.org.br/indicadores>. Acesso em 16 abr 2007 IPARDES – Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social. Disponível em <www.ipardes.gov.br>. Acesso em 5 abr 2007. IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Disponível em <www. www.ipeadata.gov.br/>. Acesso em 11 abr 2007. LOURENÇO, G. M. A dimensão econômica dos municípios brasileiros. Análise Conjuntural. Curitiba, v. 27, n.5-6, p., mai/jun 2005. Disponível em <www.ipardes.gov.br>. Acesso em 16 abr 2007. PARANACIDADE. Associação dos Municípios do Norte do Paraná (AMUNOP). Disponível em <www.paranacidade.org.br/base/ associacoes/>. Acesso em 18 jan 2003. PARANACIDADE. Disponível em www.paranacidade.org.br/municipios/a_economicos.php. Acesso 28 abr 2007. 13 ANEXO A Figura 1 ilustra o mapa do Estado do Paraná, a microrregião em estudo (área 6) e o Anel de Integração. São 20 municípios que constituem a associação (Amunop), sendo Cornélio Procópio a cidade pólo. Figura 1 – Mapa do estado do Paraná: microrregiões FONTE: PARANACIDADE, (2003) Ampliando a área 6 as comunas são ilustradas geograficamente na Figura 2. Figura 2 – Localização dos municípios da Amunop FONTE: AMUNOP, (2007) 14