ORIGEM E CONSOLIDAÇÃO DO PROCESSO

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ORIGEM E CONSOLIDAÇÃO DO PROCESSO INDUSTRIAL BRASILEIRO, COM
ÊNFASE NO ESTADO DO PARANÁ
Janaina Thalita C. Pelisser, (IC, Fundação Araucária) UNESPAR/FECILCAM,
[email protected]
Sérgio Luiz Maybuk, (OR) UNESPAR/FECILCAM,
[email protected]
INTRODUÇÃO
A industrialização teve início em meados do século XIX, apresentando várias fases de declínio
e crescimento da atividade industrial. O mesmo adquiriu um novo caráter no qual empresas
estadunidenses, japonesas e europeias, implantaram-se fortemente no Brasil, muitos devido às ações
de Estados que impulsionaram a formação e consolidação da industrialização brasileira.
Grandes regiões tiveram destaque, como por exemplo, as áreas metropolitanas de São Paulo e
Rio de Janeiro, contudo ao longo das décadas os padrões locacionais passaram a ser fortemente
alterados, com isso impulsionou o surgimento de novos conjuntos de áreas industriais dispersas em
cidade de pequeno e médio porte. Este fenômeno ocorreu devido aos ajustes da estabilização
monetária, abertura da economia e a redefinição da atuação estatal em meados da década de 90.
Devido à desconcentração para regiões menos populosa e estagnada, um Estado que obteve
grande destaque neste cenário é paranaense que conseguiu algumas cadeias produtivas, principalmente
a de veículos automotores, como também expandir alguns outros segmentos tradicionais, inclusive os
que apresentavam maior qualificação tecnológica. Este processo de diversificação industrial em
especial na região de Curitiba vem ocorrendo porque o Estado recebeu a localização de vários projetos
estrangeiros, mediante aos incentivos fiscais, suporte urbano de Curitiba e a proximidade com a área
metropolitana de São Paulo. O governo passou a realizar tais politicas voltada para a infraestrutura
básica em relação ao transporte rodoviário, produção, energia elétrica e telecomunicação, visando
diminuir a precariedade do Estado tornando um dos principais motivos que impedia a expansão
industrial.
Derivado de tudo isso, o Estado do Paraná dispõe uma posição destacada no cenário nacional,
ultrapassando por momento de expansão e reformulação de sua capacidade produtiva, onde mudanças
tecnológicas e a reestruturação produtiva proporcionaram um dinamismo nas novas áreas industriais.
REFERENCIAL TEÓRICO
Dos três setores da economia, ou seja, primário, secundário e terciário, o setor que agrega
valor para os produtos agrícolas e serve de alavanca econômica para a geração de uma infinidade de
serviços e dinamização do comércio, é o setor industrial de determinado país ou Estado da federação.
No caso brasileiro, o estudo da origem e consolidação do processo industrial, especialmente com viés
geográfico e histórico, requer muita reflexão.
De acordo com Cara e França (2009), o fenômeno industrial brasileiro começou na segunda
metade do século XIX e evoluiu e se retraiu ao longo da história. E há de se destacar que foi a partir de
1930 que o fenômeno se intensificou, transformando a estrutura socioeconômica brasileira e
constituindo-se num estabelecimento para as relações capitalistas de produção e formação de um
centro capitalista no país.
Aceitando-se ou não o modo de produção capitalista, a inserção nele, enquanto país é
inevitável. Conforme Cara e França (2009), as maiorias dos países acabam atrelando-se ao sistema
capitalista que normalmente sempre se reestrutura, por meio do desenvolvimento de inovações
tecnológicas que contribuem para uma maior lucratividade, concorrência, abertura de novos mercados,
fusões e acabam por consolidarem a centralização do capital, que permite que o controle seja feito por
oligopólios e cartéis que influem no mercado mundial de forma direta ou indireta na economia de
todos os países.
Com a industrialização há uma mudança radical no processo sócio-econômico de um país, que
de acordo com Cara e França (2009), consiste na criação de indústrias e no aprofundamento do uso da
tecnologia, ou seja, a máquina passa a exercer várias funções que anteriormente, eram realizadas pelo
homem, assim, o processo de industrialização acaba por impulsionar uma gradual urbanização e
crescimento demográfico na região em que ocorre. E pode ser caracterizado pelo aumento da divisão
de trabalho, pelo progresso na produtividade industrial e agrícola, crescimento rápido da renda per
capita e do padrão de consumo, entre outros.
Quando se refere à origem da industrialização brasileira, deve-se ficar atento para as diversas
teorias existentes sobre ela. Conforme Cara e França (2009) diferentes abordagens e fatos tentam as
origens desse processo. Alguns autores atestam que a indústria brasileira teria nascido em Volta
Redonda, ou seria fruto do capital estrangeiro, ou ainda, a idéia mais difundida de que teria nascido do
café. Entretanto, os autores observam que Mamigonian (2005) questiona tais abordagens e ressalta que
o imigrante também desempenhou papel importante neste processo. Argumentação de Mamigoniam é
de que 20% das fábricas do complexo industrial de São Paulo haviam surgido no século XIX ou nas
duas primeiras, ou mesmo nas décadas do século XX e que em 1946, quando a Cia. Siderúrgica
Nacional começou a produzir aço, várias iniciativas privadas já haviam alcançado êxito, inclusive
indústrias mecânicas e metalúrgicas tais como a Villares, Pignatari, Bardella, Trivellato, Ribeiro,
Piratinga, Romi, etc.
Outra argumentação tradicional dos historiadores da geografia econômica, era de que
praticamente toda a indústria brasileira seria originada do capital estrangeiro, de acordo com Caras e
França (2009) embora os setores como: o automobilístico, o farmacêutico e o de pneus, tenham sido
originados pelo capital estrangeiro, outros importantes como: siderúrgico, de papel e papelão e o de
cimento, em que o capital nacional prevalecia e controlava a maior parte da produção, concorrendo
com as importações de grandes empresas internacionais, também devem ser considerados. Os autores
dão como exemplo, o Grupo Votorantin que detinha sozinho, em 1968, mais de 20% da produção de
cimento, enquanto grupos estrangeiros operavam no país com apenas 15% da produção. Também o
Grupo Nacional Klabin que controlava mais da metade da produção de papel Kraft, papel jornal e
papelão ondulado. Este grupo se sobressaía na disputa com empresas americanas.
Quando se trata de industrialização e a busca de justificativa do porque algumas regiões são
mais industrializadas que outras, neste sentido, de acordo com Silva e Silveira Neto (2009), estudos
sobre a localização da indústria no espaço existem antes do século passado, desde Marshall (1985),
que argumenta em favor das economias externas ou externalidades Marshallianas como fontes da
localização industrial. O papel das referidas economias externas também é central na teoria urbana de
outro teórico chamado Hoover (1948), bem como para os teóricos da geografia econômica que sempre
tiveram dificuldade em modelar os retornos crescentes de escala. A partir de então, surgiram esforços
na tentativa de explicitá-los, mas só recentemente, com a nova geografia econômica surgiram
contribuições de modelagem mais rigorosa, ou seja, no sentido de dar microfundamentos a essas
teorias.
Com os novos modelos elaborados pela geografia moderna, algumas variáveis importantes
tiveram que ser levadas em consideração para a melhor escolha da localização industrial. Conforme
destacam Silva e Silveira Neto (2009), em contraposição à teoria tradicional, os modelos da geografia
econômica e da nova geografia econômica argumentam pela necessidade dos retornos crescentes de
escala, da redução dos custos de transportes, das economias de aglomeração e dos custos de
congestionamentos como elementos que ajudam a explicar a melhor localização industrial. Esses
fatores atuam como forças centrípetas ou centrífugas que determinam a localização das atividades no
espaço.
Já de acordo com Krugman (1991b) e Fujita et al. (2002), a interação entre retornos crescentes
de escala, custos de transporte e mobilidade de fatores explica a localização industrial. Dois efeitos
agem no sentido reforçar a concentração da atividade industrial no espaço, permitindo que surja um
modelo de centro-periferia. O primeiro deles é o efeito índice de preços. O aumento do número de
trabalhadores industriais em uma região reduz o seu índice geral de preços, porque ela suporta menos
custos de transporte. Já o segundo é o chamado efeito mercado local, em que um aumento de renda
conduz a um aumento no salário nominal, tornando o lugar mais interessante em termos de
localização, o que por sua vez reduz o índice geral de preços, aumentando, desta forma, o salário real,
reforçando o caráter concentrador da indústria. Esses dois efeitos remetem ao argumento do
fornecimento de insumos intermediários de Marshall, associados às conexões para frente (oferta) e
para trás (demanda), respectivamente.
Após algumas observações sobre a origem da industrialização brasileira sob a ótica da
geografia e alguns aspectos históricos, observar-se-á a seguir considerações sobre a industrialização
paranaense.
De acordo com Macedo, Vieira e Meiners (2002) no decorrer de sua história, a economia
paranaense vem se transformando e assim, acompanhando as várias fases pelas quais é possível
caracterizar espacialmente o desenvolvimento da economia brasileira. Segundo os autores, pode-se
afirmar que essas fases fazem referências, cada uma no seu tempo, os diversos “modelos de
interpretação da economia paranaense”. Houve a fase de isolamento relativo corresponde a “economia
do mate”; depois a fase considerada de articulação comercial que levou Padis (1981) a entender o
Paraná como um “modelo de uma economia periférica”, onde reproduziram, para as regiões
brasileiras, as relações entre centro e periferia, clássicas do modelo cepalino de explicação dos
problemas de industrialização em países atrasados. Segundo Padis (1981), a industrialização de São
Paulo acabou determinando uma divisão de trabalho no país, em que às demais regiões – a exemplo do
Paraná – couberam a tarefa de produzir matérias-primas, alimentos, outros produtos agrícolas e
exportações (divisas), com um reduzido potencial de crescimento endógeno. Neste sentido, a
diversificação das estruturas econômicas e sociais das regiões periféricas foi inibida, principalmente
no que se refere o seu crescimento industrial.
Apesar da inibição inicial no que se refere à industrialização, o Paraná acabou por
desenvolvendo algumas indústrias. De acordo com Padis (1981), houve avanços na indústria
paranaense que podem ser verificados desde o final do século XIX, mas estariam subordinados a
vantagens comparativas estáticas existentes (produtos alimentares, madeira, minerais não-metálicos e
papel e papelão) e ainda contando com o apoio do Estado Local, principalmente no que na questão da
expansão da infra-estrutura de transporte e de energia.
O processo de desenvolvimento industrial no Paraná aconteceu em vários momentos pela
ajuda do Estado. De acordo com Trintin (2005), por meio de recursos financeiros, principalmente o
originário do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), o governo estadual envidou novos
esforços no sentido de promover a diversificação econômica do Paraná. A pioneira tentativa acontece
para tentar reproduzir o modelo de “substituição de importações”, que já havia esgotado no plano
nacional e não se refletiu em grandes avanços no setor industrial. Porém, foi importante a medida que
fortaleceu esse setor e se evidenciou os rumos da política interna no Estado. Mas, sem dúvida, o
projeto de maior envergadura foi à consolidação da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) no Paraná,
quando o governo paranaense teve um papel decisivo, pois deu suporte ao empreendimento e exerceu
uma agressiva política de atração de investimentos. Isso resultou na instalação de segmentos
modernos, a exemplo do complexo metalmecânico e de refino de petróleo na Região Metropolitana de
Curitiba, bem como da modernização dos grupos tradicionais como madeira, produtos alimentares,
química (óleo de soja), entre outros. Essas medidas possibilitaram o desenvolvimento de novos
segmentos industriais no Estado e foram decisivos para a diversificação do setor industrial paranaense
nos anos setenta.
Passados alguns anos da primeira grande contribuição do Estado para alavancar a
industrialização paranaense, novamente há intervenção estatal com o mesmo objetivo. Independente
da questão ideológica a respeito, que causou muita polêmica na época, de acordo com Trintin (2005),
na década de noventa, o governo estadual tem sua importância na medida em que fomentou a entrada
do Estado do Paraná na denominada “guerra fiscal”, e se faz concessão de incentivos fiscais e
financeiros. O grupo da metalmecânica foi um dos que mais receberam investimentos de subsidiárias
estrangeiras, com destaque para os realizados pela Volkswagen/Audi, Chrysler e Renault, que em
conjunto estimam-se investimentos da ordem de R$ 2,1 bilhões e geraram cerca de 21.100 empregos
diretos 16.000 indiretos. Ocorreu, também, expansão das grandes unidades já instaladas como a
Volvo, New Holland, Bernard Krone, Robert Bosch, Electrolux, entre outras. Tais investimentos que
acabaram modificando o perfil produtivo deste segmento que passou ser fortemente sustentado por
atividades que incorporam no seu processo produtivo maior complexidade tecnológica e assim
consolidou um complexo industrial extremamente importante no Estado.
Nas últimas décadas, o Paraná vem ganhando destaque no setor automobilístico, setor talvez
inimaginável no passado como sendo localizado no Estado. De acordo com Firkowski, Araújo e
Motim (2005) no seu território foram instaladas três importantes indústrias automobilísticas,
respectivamente, Renault (1998), Audi/Volkswagen (1999) e Chrysler (1998), bem como inúmeros de
seus fornecedores. A nova dinâmica industrial apresentada no Estado fortaleceu a sua inserção no
conjunto industrial nacional, promovendo significativas transformações urbanas na Região
Metropolitana de Curitiba (RMC).
Ainda de acordo com Firkowski, Araújo e Motim (2005) No Estado do Paraná, ao final da
década de 1990, conheceu-se uma fase industrial centrada por novos padrões de produção e de
produtividade. A emergência desse sistema produtivo integrado provoca um re-ordenamento espacial
das indústrias e dos serviços, assim, alterações significativas no trabalho, na ação sindical e no
mercado de trabalho, que permitiram a análise da territorialidade e da institucionalidade relacionadas
ao setor automobilístico. A indústria automobilística instalada no Paraná pautou-se por novas
estratégias de localização não apenas em nível nacional, mas também quando tomada a escala local
para análise. A RMC foi o lugar destacado para implantação, mais especificamente, no local bem
próximo a Curitiba e caracterizada pela expansão da mancha urbana, denominada de Aglomerado
Metropolitano.
Segundo os autores, no Aglomerado, tal indústria criou uma nova lógica de localização, além
de caracterizar-se por inovadoras relações entre a empresa principal e seus principais fornecedores de
componentes, os quais aqui são destacados como sendo: Pirelli (pneus e montagem de rodas); WalkerGilet-Tenneco (sistema de controle de gases de exaustão); Santa Marina-Sekurit (vidros); Delphi
(chicotes elétricos); Krupp MBA (eixos e subframe); Krupp Presta (colunas de direção); Kautex
(tanque de combustível); Johnson Controls (assentos); Hella (módulos frontais); Peguform (injeção e
pintura de pára-choques); Adwest-Heidemann (kits de acionamento de câmbio); Iramec-Küster
(módulos de porta) e ATH-Albarus (semi-eixos homocinéticos).
Considerando as observações iniciais sobre a industrialização brasileira e a paranaense
principalmente, pode-se definir de que as hipóteses a serem confirmadas, tanto para o caso brasileiro,
quanto para o paranaense respectivamente, seriam de que, a origem da industrialização brasileira
parece não ser aquela difundida, ou seja, que o capital agrícola do café transformou-se em capital
industrial na região sudeste brasileira e sim, que os imigrantes é que intensificaram o referido
processo; e que a economia paranaense não seria mais periférica no que diz respeito à industrialização,
como ainda costumeiramente é definida por grande parte dos autores. Diante de toda a
problematização exposta e as hipóteses formuladas, pergunta-se: Como se deu a formação e
consolidação da indústria no Brasil, em especial no Paraná, no que se refere aos aspectos históricos e
geográficos?
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para o desenvolvimento das atividades propostas neste estudo, levar-se-á em conta o
delineamento científico. Kerlinger (1980) explica que “a palavra delineamento tem como função
focalizar a maneira pela qual o problema de pesquisa é concebido, e colocado em uma estrutura que se
torne um guia, nesse caso o delineamento é intrínseco à pesquisa científica, norteando o pesquisador
na busca de uma resposta a determinado problema”. Desta forma, nesta pesquisa buscar-se-á a
resposta para a indagação de como se deu a formação e consolidação da indústria no Brasil, em
especial no Paraná, no que se refere aos aspectos históricos e geográficos.
Além disso, a presente pesquisa terá caráter exploratório, uma vez que fará uma busca das
principais controvérsias sobre a origem e a consolidação da industrialização brasileira e paranaense.
Gil (1999) destaca que a pesquisa exploratória é desenvolvida no sentido de proporcionar uma visão
geral acerca de determinado fato. Andrade (2002) ressalta finalidades primordiais como: proporcionar
maiores informações sobre o assunto proposto; ou descobrir um novo enfoque sobre o assunto.
O procedimento a ser adotado na presente pesquisa consiste na investigação bibliográfica que,
conforme Gil (1999) é desenvolvido mediante material já elaborado, principalmente livros e artigos
científicos. Cervo e Bervian (1983) explicam que este tipo de pesquisa baseia-se na busca de
referenciais teóricos publicados em documentos oficiais. Assim, a presente proposta buscará
informações a respeito do objeto de pesquisa, em livros, artigos, mídias digitais e portais dos órgãos
oficiais do Governo Federal.
A abordagem e discussão do problema serão de ordem qualitativa. Richardson (1999) diz que
esta abordagem pode descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de
certas variáveis, compreender processos dinâmicos vividos por grupos sociais. Neste caso, o tema a
ser estudado discutirá sobre as políticas públicas adotadas com base nas informações pertinentes aos
indicadores econômicos e sociais. A partir da abordagem qualitativa far-se-á uma reflexão sobre os
aspectos históricos e geográficos que envolveram e/ou envolvem a industrialização brasileira e
paranaense
RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com Diniz e Crocco (1996) a industrialização anteriormente era concentrada no
Estado de São Paulo e em sua Área Metropolitana, contudo em meados da década de 60 devido a
expansão da tecnologia, do transporte, da telecomunicação, da abertura externa e da mudança no papel
do Estado, ocasionou uma dispersão geográfica para as demais Regiões e Estados brasileiros. Nestas
regiões vêm surgindo novos conjuntos de áreas industriais, principalmente em cidades de médio porte,
com forte interação produtiva e características estruturais e tecnológicas. Muitas dessas regiões
apresentaram um crescimento econômico, diversificando a sua estrutura produtiva e apresentando um
bom desempenho. Uma localidade que apresentou um grande destaque foi o Estado do Paraná que a
partir da década de trinta obteve extraordinária expansão e diversificação da economia.
A configuração da indústria no Estado do Paraná responde devido a sua expansão na década
de 70, por meio da implantação de segmentos modernos, produtores de bens de capital, insumos
intermediários e a instalação de uma grande planta para a produção de combustíveis. Essas atividades
ocorreram devido aos investimentos nas áreas de energia e telecomunicação e pelos investimentos
diretos do governo estadual, no qual uma empresa de ônibus e caminhões obteve um grande destaque.
De acordo com o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – IPARDES (2007),
na década de noventa a indústria paranaense renovou e expandiu suas bases de operações, no qual
mesclou relativa estabilização econômica, ampliação das oportunidades no comércio internacional,
lenta recuperação da taxa de investimentos e forte reestruturação produtiva, em decorrência da
abertura de mercado e de uma redução estatal de atuação no esquema produtivo. Sendo assim, as
indústrias paranaenses obtiveram grande destaque no cenário nacional.
O Estado do Paraná passou por diversos ciclos econômicos, estes são o ciclo do ouro, ervamate, tropeirismo, madeira, café, até chegar ao ciclo industrial iniciado na década de 1970, com a
implantação da (CIC) Cidade Industrial de Curitiba. Para Tironi e Bareiro (2011) a industrialização
provocou uma reestruturação econômica no Estado, devido à mecanização da agricultura, fluxos
migratórios do campo para as cidades e os avanços tecnológicos. O poder público passou a gerar
incentivos fiscais e concessão de subsídios a fim de estimular a migração para as cidades. Na década
de 70 houve um aumento significativo de fluxos de pessoas vindas para o município de Curitiba,
muitas em busca de emprego, estudo, melhores condições de vida, entre outros, contribuindo para a
criação da Cidade Industrial de Curitiba na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) constituída de 26
municípios e concentrando certa de 27% da população paranaense.
O objetivo central do Estado com o incentivo à imigração culmina em atrair pessoas para
povoar o Paraná. Conforme destaca Perussolo (1996) os imigrantes desempenham papel de suma
importância para o Paraná, trazendo inúmeros benefícios no desenvolvimento do comércio e das
pequenas e medias indústrias entre meados do século XIX e inicio do XX. Neste período Curitiba já
dispunha de imigrantes em varias indústrias e ao longo tempo observava um aumento ao redor da
cidade, e com suas presenças ocasionou mudanças nos hábitos das cidades paranaenses, no qual cada
etnia procurou organizar uma serie de instituições como igrejas, escolas, clubes etc, a fim de recriar a
vida social que deixaram em seus países de origem.
Como dito anteriormente houve a consolidação da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) no
Paraná, no qual o governo passou a usufruiu de estratégia como forma de atrair as montadoras para o
Estado. A indústria automobilística iniciou suas atividades na década de 70, porém foi somente em
1990 que o setor se consolidou devido à abertura comercial da economia brasileira. Segundo Sesso
Filho, Moretto et al (2004) este setor recebeu incentivos do governo do Estado para as instalações na
região de Curitiba, tais como os fiscais, através da dilação dos prazos de recolhimento do ICMS por
quatro anos, com posterior correção monetária e isenções de ISS e IPTU, por dez anos, por parte dos
municípios, os financeiros e de infraestrutura, propiciando o aumento da produção como também o
surgimento de novos empregos. Além deste incentivos a (RMC) Região Metropolitana de Curitiba é
constituída de inúmeros fatores atrativos, tais como, mão de obra qualificada e potencial de pesquisa,
dispondo de um aglomerado centro de estudo como a UFPR – Universidade Federal do Paraná, PUCPR – Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e o CEFET-PR – Centro Federal de Educação
Tecnológica do Paraná, da INTEC – Incubadora Tecnológica de Curitiba, constituída através de
parcerias entre a Secretária do Estado da Indústria e Comercio, a Federação das Indústrias do Estado
do Paraná, Centro de Integração de Escolas de Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, o Instituto de
Tecnologia do Paraná (TECPAR), entre outros.
Com isso, o Estado do Paraná na década de 80 chegou a ser considerada uma “ilha de
prosperidade”, no qual recebia uma indústria a cada três dias, conforme ressalta Lourenço (2005). O
Paraná transformou-se num “Brasil que dava certo” devido aos setecentos mil empregos industriais
gerado entre 1996 e 2002 pelo ciclo de automóveis e os grandes fornecedores do mesmo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A industrialização é um processo complexo e dinâmico no qual cada região apresenta distintos
níveis e características de desenvolvimento industrial. Anteriormente o setor industrial era concentrado
na Região Metropolitana de São Paulo, contudo no final da década de 60 iniciou-se um novo ciclo
expansivo da economia no qual houve um intenso crescimento industrial e desconcentração
geográfica, acarretando um aumento de emprego e consequentemente de áreas industriais.
Esse processo desconcentração industrial é ocasionado devido às pressões de custos,
desenvolvimento de infraestrutura e das economias nas demais regiões, que dispõem de condições
para o seu desenvolvimento. Neste panorama o Estado do Paraná, por meio de investimento fiscais e
financeiros em meados da década de 90, condições de materiais em termos de infraestrutura
econômica e as existências de indústrias já diversificadas, potencializou o direcionamento desses
capitais para o Estado.
Um setor industrial de grande relevância para o estado paranaense é o automobilístico situada
na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), no qual desenvolveu novos padrões de organização da
produção sendo suas principais características a alta tecnologia de suas unidades, como também
ocasionaram a vinda de fornecedores de autopeças, trazendo benefícios no âmbito de geração de
empregos diretos e indiretos e a diminuição do custo de produção. Sendo assim, a industrialização
promoveu uma reestruturação econômica no Estado, e por meio desse processo impulsionou a
migração de pessoas para estas regiões em busca de melhores condições e que trouxeram
contribuições para o desenvolvimento e composição do mercado urbano e industrial.
Mediante isso é inegável que a economia paranaense vem passando por uma fase de
intensificação da diversificação e modernização do seu perfil produtivo. Com isso, o Paraná utilizou
uma série de atrativos formados pela localização geográfica privilegiada, estoque adequado de
infraestrutura e mecanismos institucionais para a viabilização da expansão e implantação de indústrias.
Resultado disto é um avanço na renda interna estadual em meados da década de 1980, como também a
industrialização traz transformações significativas em determinadas regiões, gerando mudanças no
âmbito econômico e social.
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