Iluminismo e Despotismo Resumo: Este artigo tem por finalidade uma análise acerca do Iluminismo, e do século XVIII na Europa, onde o ideal de uso Racional da mente passa a promover propostas de transformações sociais, culturais, políticas e econômicas neste século. Além disso, propomos discutir a difusão do Iluminismo, produção da Enciclopédia e seu teor capitalista. Palavras-chaves: Revolução científica – razão – Estado Absolutista – conhecimento – Iluminismo – Enciclopédia. Marliton Nascimento* O Iluminismo O conhecimento é a base de tudo, só a informação e a cultura são capazes de formar o homem. Essa idéia de mudança por meio as sabedoria, certamente todos nós acreditamos e perseguimos em nossas vidas, estamos sempre buscando aprender mais, e nos aperfeiçoarmos, ou seja, estarmos sempre promovendo nossa “transformação”. O Iluminismo é um dos expoentes para entendermos algumas questões acerca do conhecimento e das transformações por ele sugeridas. Antes de tudo, precisamos entender que o Iluminismo, ao contrário do que nos é ensinado nas escolas e muitas das vezes nos cursos de graduação, não foi um movimento uniforme em toda a Europa, pois somos levados a crer o Iluminismo como grande corrente filosófica que lutava contra as trevas do Período Medieval, ou seja, o século XVII ou século das luzes apresenta-se como século do Iluminismo de forma muito fragmentada e que não sustentou os mesmos princípios em todas as regiões da Europa. As bases do Iluminismo obviamente surgiram na Europa, A revolução científica do século XVII seria o momento que podemos usar como sendo o antecedente do período das luzes, nele, as descobertas, e desafios enfrentados pelos homens de sua época marcaram este período, pois a irracionalidade humana começava a ser deixada para traz. O advento da modernidade emancipou o homem, permitindo-lhe a si próprio decidir sobre os seus argumentos que definiriam posteriormente sobre a Racionalização do ser humano. A Razão a partir do século XVIII apresenta-se como a inimiga do sistema Político e Social que outrora compunha a sociedade moderna. As estruturas sociais da Europa procurava humanizar o clero e a nobreza em detrimento do terceiro Estado. O Iluminismo traz em seu âmago, a idéia de que aquela sociedade precisava ser “transformada”, portanto os iluministas fizeram uso da figura de linguagem – Iluminismo, como forma de explicar a luz proveniente da razão humana. * Estudante de graduação do curso de história da faculdade José Augusto Vieira – FJAV e professor de ensino fundamental As transformações sociais só seriam possíveis quando a sociedade mudasse para melhor, e a forma para se chegar a tal condição seria a busca pela verdade, no entanto, a verdade para os iluministas estaria disponível nas explicações emanentes para dúvidas do mundo físico, assim o mundo passava a ser controlável de acordo com a vontade humana. Logo o Iluminismo é rejeitado, pois a explicações transcendentes eram enraizadas no tripé social do século XVIII, desenvolve-se uma espécie de contra-Iluminismo, uma vez que a Filosofia dos estudiosos iluministas deploravam seus ataques ao trono e ao altar, seja por uma ótica românica ou mediante ataques diretos à ignorância existente, mesmo que estes fossem confrontados com as tradições históricas. Iluminismo e Estado O Iluminismo poderia ser facilmente interpretado como providência do bem-estar social e dos homens, porém ainda persistia em problema que leva os iluministas pensarem no mal existente que era a estrutura do Antigo Regime, era preciso que houvesse um governo bom e racional que promovesse um crescimento duradouro e transformações sociais. O Estado Absolutista era um entrave aos ideais iluministas do século XVIII e também um dos alvos do pensamento filosófico dos iluministas, temos então duas questões: de um lado, o Governo Absolutista constituído para si próprio e do outro uma burguesia “iluminada” que nos salões conspirava a favor da cultura e contra o absolutismo vigente, mas que além de tudo precisava manter seus privilégios como burgueses. “Somos todos iguais como homens, mas não somos iguais na sociedade” (VOLTAIRE). O Iluminismo de fato contestava o Antigo Regime, porém o Estado Absolutista se fazia necessário e era plenamente aceito ou normal para a sociedade da época. A crítica ao Estado apenas exigia sua inovação governamental, ou seja, que o Estado se tornasse racional. O Despotismo Para os reis, o Iluminismo representava uma ameaça à tradição do poder real absolutista, a verdade tão buscada pelos iluministas encontra na coroa um obstáculo. Porém, com a difusão dos ideais iluministas era preciso repensar ou reformar as estruturas de poder. Só havia dois caminhos, assistir ao avanço dos discursos exaltados contra o clero e a realeza enquanto mais pessoas tornavam-se “esclarecidas” e conspirassem em uma grande revolução, mesmo com as incertezas de quem realmente tinha acesso a esses ideais. Ou ceder aos “caprichos” daqueles filósofos. A doutrina do despotismo não foi aplicada da mesma maneira pela Europa, apenas em pontos como Rússia e Áustria ele de fato existe. Os governantes esclarecidos sempre foram muito ciosos de seus poderes, as reformas refletiam sobre o caráter centralizador, já no plano social apresentava-se contra a política dos privilégios, no entanto raramente a sociedade sentia as transformações liberais que teoricamente sustentavam o discurso das Reformas. O despotismo era uma forma de continuidade do poder real, era portanto a forma encontrada pelos Reis de garantir seus privilégios como senhores absolutos e ao mesmo tempo reforçar junto às camadas, a idéia de inferioridade de seus súditos. Para tanto, as reformas ocorrem principalmente na política e na economia, raramente as camadas menos privilegiadas podiam sentir tais reformas. A difusão do Iluminismo Os ideais liberais propostos pelo Iluminismo só teriam força se as pessoas assimilarem idéia da razão como guia dos homens. Para isso era preciso difundir as proposições iluministas. O caminho era o discurso, o esclarecimento e as publicações, esta última ganhou impulso com um dos iluministas do século XVIII, Dennis Diderot (17171783), ele pretendia reunir em uma única obra todo o conjunto de conhecimentos necessários para que os homens cheguem a verdade absoluta. Ao lado da tradicional livreira de temas religiosos, surgiu uma cultura fomentada por grupos de burgueses intelectuais e suas questões humanistas. Além disso, as tipografias multiplicavam-se junto com a produção de periódicos, panfletos, jornais e livros de história. A enciclopédia foi publicada entre 1751 e 1784, dirigida inicialmente às pessoas comuns, os enciclopedistas expunham o racionalismo e o progresso científico como forma de orientar o pensamento. Porém, os verdadeiros consumidores da obra não eram os populares, uma vez que o analfabetismo ainda predominava na Europa, os que tinham acesso a enciclopédia era o Burguesia culta ligada a realiza. Um outro aspecto que deve ser lembrado quando nos referimos à produção da Enciclopédia é o caráter comercial priorizado pelos editores e livreiros da época, pois o capital proveniente dos lucros com a comercialização da Enciclopédia estavam em primeiro lugar e era a verdadeira “razão” daqueles que a publicaram e difundiram o espírito capitalista e o saber iluminista. (Marliton Nascimento) Professor de História/Ensino Fundamental, estudante do curso de História da Faculdade José Augusto Viera.