HOSPEDABILIDADE DE PLANTAS INFESTANTES AOS

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CONVÊNIOS CNPq/UFU & FAPEMIG/UFU
Universidade Federal de Uberlândia
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
DIRETORIA DE PESQUISA
COMISSÃO INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
2008 – UFU 30 anos
HOSPEDABILIDADE DE PLANTAS INFESTANTES AOS
FITONEMATÓIDES MELOIDOGYNE JAVANICA E PRATYLENCHUS
BRACHYURUS
CARMO, Davi Bittar¹
ICIAG/UFU- Rua Amazonas s/n Bloco 2E, sala 05
e-mail: [email protected]
SANTOS, Maria Amelia²
ICIAG/UFU- Rua Amazonas s/n Bloco 2E, sala 05
e-mail: [email protected]
Resumo: O objetivo do trabalho foi avaliar a hospedabilidade de nove espécies de plantas
infestantes aos fitonematóides Meloidogyne javanica e Pratylenchus brachyurus. O ensaio foi
conduzido em casa de vegetação e as plantas infestantes testadas foram: Alternanthera tenella
(apaga-fogo), Amaranthus hybridus (caruru), Brachiaria decumbens (capim braquiária),
Brachiaria plantaginea (capim-marmelada), Digitaria sanguinalis (capim amargoso), Eleusine
indica (capim pé-de-galinha), Pennisetum setacum (capim oferecido), Portulaca oleracea
(beldroega) e Senna obtusifolia (fedegoso). O experimento foi em um delineamento inteiramente
casualizado e constituído de 90 parcelas foi realizado em vasos plásticos de 1,5 L para cada
nematóide e o inóculo foi obtido a partir de amostras de raízes de tomate e de soja infectadas com
os fitonematóides, respectivamente. Após 30 dias de semeadura foram inoculados 600 juvenis e/ou
ovos de Meloidogyne javanica na primeira etapa e 200 juvenis e/ou adultos de Pratylenchus
brachyurus por vaso, na segunda etapa. A avaliação ocorreu 60 e 90 dias após a inoculação para
Meloidogyne javanica e Pratylenchus brachyurus, respectivamente. O sistema radicular foi
submetido à técnica do liquidificador doméstico e o solo foi processado pela técnica da flutuação
centrífuga em solução de sacarose. Determinou-se o fator de reprodução (FR) pela razão entre a
população final e inicial. Todas as plantas infestantes se mostraram más hospedeiras para os
fitonematóides testados com FR variando de 0,01 a 0,04 para Meloidogyne javanica e variando de
0 a 0,05 para Pratylenchus brachyurus.
Palavras-chave:
brachyurus.
1.
plantas
infestantes,
fitonematóide,
Meloidogyne
javanica,
Pratylenchus
INTRODUÇÃO
As plantas infestantes são um dos mais importantes fatores que afetam a economia agrícola
em caráter permanente, pois as despesas para o seu controle oneram consideravelmente o custeio da
cultura.
No sistema de produção, essas plantas podem interferir causando prejuízos como a
alelopatia, a competição, a capacidade de hospedar pragas e doenças e aumento do custo de
produção, além dos efeitos prejudiciais dos métodos de controle necessários.
A competição é, sem dúvida, a forma mais conhecida de interferência direta das plantas
daninhas nas culturas agrícolas. Os recursos que mais freqüentemente são passíveis de competição
¹ Graduando em Agronomia; ² Orientadora
são nutrientes minerais, a luz, água e espaço.
Certas espécies interferem alelopaticamente contra a planta cultivada causando sérios
prejuízos ao seu crescimento, desenvolvimento e produtividade. As substâncias aleloquímicas
podem ser produzidas em qualquer parte da planta, como exudatos radiculares e da parte aérea, de
sementes em pleno processo germinativo e, também, nos resíduos de certas plantas, durante o
processo de decomposição da palha.
As plantas infestantes reduzem a produção das lavouras e aumentam seus custos de
produção, mas podem, também, causar problemas de ordem social afetando a saúde, as residências,
as áreas de recreação e a manutenção de áreas não cultivadas. Além desses aspectos, essas plantas
podem afetar a eficiência da terra, o controle de pragas e doenças, produtos agrícolas, o manejo da
água na irrigação e a eficiência humana (Ashton & Mônaco, 1991).
As plantas infestantes também assumem grande importância quando atuam como
hospedeiras alternativas de pragas, doenças, nematóides e plantas parasitas. No caso de nematóides,
elas praticamente inviabilizam os programas de controle pela rotação com culturas não hospedeiras.
Apenas para Meloidogyne javanica, só no Brasil, já foram relatadas 57 espécies de plantas
infestantes que atuam como hospedeiras alternativas. Dentre elas destacam-se espécies de ampla e
generalizada ocorrência nos ambientes agrícolas do Brasil como Brachiaria plantaginea, Digitaria
adscendens, Eleusine indica, Bidens pilosa, Ageratum conyzoides e outas. Algumas espécies de
plantas infestantes, no entanto, podem atuar como más hospedeiras dos nematóides das plantas
cultivadas.
Ferraz (1985a), estudou o comportamento de 10 espécies de plantas infestantes, comuns no
estado de São Paulo, para nematóides das galhas Meloidogyne incognita raça 4 ou M. javanica. Em
relação às duas espécies de nematóides, comportaram-se como altamente suscetíveis Alternaria
ficoidea (apaga-fogo) e Ipomoea acuminata (corda-de-viola), como tolerantes Amaranthus hybridus
var. Patulus (caruru) e Commelina virginica (trapoeraba), como pouco suscetível Euphorbia
heterophylla (amendoim bravo) e como altamente resistentes Blainvillea rhomboidea (erva-palha),
Cróton glandulosus (gervão-branco), Emilia sonchifolia (serralha) e Tagetes minuta (cravo-dedefunto). O carrapicho-de-carneiro, Acanthorpermun hispidum, mostrou-se altamente resistente a
M. incognita raça 4 e moderadamente suscetível a M. javanica.
Mello, Machado e Inomoto (2006), avaliaram o efeito da erva-de-Santa-Maria
(Chenopodium ambrosioides L.) no controle de Pratylenchus brachyurus em testes in vitro e em
condições de casa-de- vegetação. Verificou-se que o extrato vegetal possui ação nematicida,
proporcionando maior mortalidade de juvenis de P. brachyurus quando comparado com controle
químico (Aldicarb). Nos experimentos em casa de vegetação, plantas de erva-de-Santa-Maria e soja
foram inoculadas com 1.500 e 5.000 nematóides, respectivamente, e, após 45 dias, a parte aérea
(PA) foi incorporada ao solo. Após um mês, cada vaso recebeu uma planta de soja, para atuar como
indicador biológico de parasitismo. Após 45 dias, avaliou-se a população final do nematóide
presente nas raízes de soja e no solo. Houve redução da população do nematóide nos tratamentos
com erva-de-Santa-Maria, porém foi observada fitotoxidez em plantas de soja.
1.1. O nematóide das galhas
A palavra Meloidogyne vem do grego melon, que significa maça ou fruto do cabaceiro,
cabaça, mais o sufixi oides, oid (semelhante) mais gyne (mulher ou fêmea), resultando em fêmea
semelhante a uma cabaça (TIHOHOD, 2000).
As espécies deste gênero mais difundidas no Brasil são M. javanica, M. exigua, M.
incognita, M. hapla, M. arenaria e M. coffeicola (LORDELLO, 1988).
São parasitos obrigatórios e somente depois que o juvenil de segundo estádio penetra na raiz
de uma planta hospedeira, inicia a formação do seu sítio de alimentação (células gigantes),
alimentando-se até o estádio reprodutivo, com a postura dos ovos pelas fêmeas.
O fitonematóide Meloidogyne javanica é cosmopolita e polífago, e as plantas infestadas por
esses nematóides podem ser designadas como atacadas de Meloidoginose. O sintoma característico
2
é a presença de galhas em órgãos subterrâneos da planta, ocasionadas pela hipertrofia das células e
hiperplasia do tecido adjacente à lesão, o que resulta em sintomas, como clorose, redução e
deformação do sistema radicular, decréscimo da eficiência das raízes em absorver e translocar água
e nutrientes e menor crescimento da parte aérea, culminando com uma menor produção.
No campo, a infecção de plantas por apenas Meloidogyne ocorre combinada com outros
patógenos, já que bactérias, fungos e vírus estão sempre presentes e interagem com os nematóides
(TIHOHOD, 2000).
A associação de Meloidogyne javanica com Sclerotium rolfsii causou em media 85% de
plantas mortas de quiabeiro prematuramente em condições de campo. Em casa de vegetação,
observou-se que plantas inoculadas com Meloidogyne javanica e ao sétimo dia com Sclerotium
rolfsii, morreram aos 100 dias após as inoculações com o fungo, observando-se os mesmos
sintomas de campo. Plantas inoculadas somente com o nematóide apresentaram máximo grau de
galhas nas raízes, sem morte de plantas. Plantas inoculadas somente com o fungo tiveram
comportamento igual ao das testemunhas sem sintomas. A associação dos patógenos e fundamental
na morte prematura do quiabeiro (CHARCHAR; LOPES, 1998).
1.2. O nematóide das lesões radiculares
No Brasil, a primeira espécie do gênero Pratylenchus a ser encontrada foi a Pratylenchus
brachyurus, que é muito difundida, atacando culturas como batata, soja e algodão. Mais tarde
registrou-se ocorrência de Pratylenchus zeae, Pratylenchus vulnus, Pratylenchus coffeae e
Pratylenchus penetrans (LORDELLO, 1988).
O fitonematóide Pratylenchus brachyurus é um endoparasito migrador, normalmente encontrado
no interior das raízes das plantas. São polífagos, em sua maioria. Machos e fêmeas são
vermiformes, não havendo dimorfismo sexual. Reproduzem-se por partenogênese. Freqüentemente
causa ferimentos nas raízes através dos quais outros organismos patogênicos, como bactérias e
fungos, penetram. Eles penetram através ou entre as células do córtex, alimentando-se do conteúdo
celular, destroem as células no local de sua penetração e movimentação, provocando as lesões,
sendo, assim, referidos como nematóides das lesões radiculares, e abrindo porta de entrada para
outros microrganismos associados que levam à destruição geral do sistema radicular. As plantas
tornam-se pequenas, com ramos finos e podem apresentar clorose ou murchamento na estação seca
ou desfolha total quando o ataque é severo (TIHOHOD, 2000).
Segundo Tihohod (1997), a presença de machos é rara e depende da espécie.
O nematóide das lesões ainda é capaz de interagir com outros microrganismos
fitopatogênicos. A murcha de Verticillium, uma doença vascular, possui seu desenvolvimento
bastante influenciado pela presença de nematóides nas plantas, estando as formas migratórias
geralmente envolvidas, como é o caso dos nematóides do gênero Pratylenchus (TIHOHOD, 2000).
A interação ainda pode ser feita com outros nematóides. Quando presente nos solos
juntamente com Meloidogyne, o manejo cultural, com o uso de rotação de culturas, torna-se
extremamente difícil, visto que ambos os gêneros são polífagos, e Pratylenchus, ao preferir
gramíneas, dificulta a escolha de culturas para rotação.
Ferraz (1995) avaliou os efeitos de interações entre Pratylenchus brachyurus e Meloidogyne
javanica na soja 'Cristalina', sob condição de telado. Dez tratamentos (testemunha não inoculada;
infestações simples de P. brachyurus em três níveis de inóculo; infestações simples de M. javanica
em dois níveis de inóculo; e infestações conjuntas das duas espécies em quatro combinações de
níveis de inóculo) foram estabelecidos. Após 60 dias das inoculações, determinaram-se os pesos de
matéria fresca de raízes e matéria seca da parte aérea das plantas, bem como estimaram-se as
populações finais dos nematóides. Observou-se antagonismo entre as duas espécies nas infestações
conjuntas, sendo P. brachyurus geralmente a mais afetada. Reduções significativas nos pesos só
ocorreram nas infestações simples de P. brachyurus nos níveis de 5000 e 10000 nematóides por
planta.
3
1.3. Métodos de controle dos fitonematóides
O controle dos nematóides das galhas (Meloidogyne javanica) e das lesões radiculares
(Pratylenchus brachyurus) é bastante complexo. Métodos alternativos de controle têm sido
propostos, como a incorporação de matéria orgânica ao solo, dado ao fato que, seu processo de
decomposição promove a liberação de diversos compostos químicos com efeito nematicida.
Diversas são as fontes de matéria orgânica que possuem efeito nematicida comprovado, tais como,
resíduos do tratamento de esgoto, restos vegetais, serragens e esterco de origem animal (AKTHAR;
MAHMOOD, 1993; D’ ADDABBO, 1995).
Segundo Akhtar e Malik (2000), o efeito da matéria orgânica no controle de nematóides
pode ser tanto pela liberação de compostos nematicidas durante o processo de decomposição,
quanto por induzir melhorias na estrutura e fertilidade do solo, e com isso alterar o nível de
resistência da planta, ou ainda aumentar a microbiota antagonista do solo.
A inundação do solo, ou seja, manter a gleba no ponto de saturação é referida como uma
forma de controle eficaz para nematóides do gênero Meloidogyne pelo fato de induzir a eclosão de
juvenis e fazer com que os juvenis da fase infectiva não encontrem plantas hospedeiras.
O revolvimento dos solos em períodos quentes vem sendo referido como eficazes na
redução das populações de nematóides do gênero Pratylenchus, pelo fato da exposição à ação do
calor e à dessecação, bem ainda por eliminarem as plantas hospedeiras.
A imersão de raízes de mudas de plantas em extratos de plantas antagonistas é um método
relativamente novo de induzir resistência a nematóides. A cobertura de sementes de plantas
agronômicas com látex de plantas antagonistas mostra ser uma técnica promissora no controle de
nematóides. Nematicidas naturais têm sido procurados pelos pesquisadores para substituir os
produtos atuais, visando uma conservação ambiental.
O manejo adequado da área é uma das principais medidas de controle. Níveis altos de
matéria orgânica, saturação por bases dentro do recomendado para região, adubação equilibrada,
suplementação de micronutrientes e ausência de camadas compactadas favorecem o
desenvolvimento da planta e faz com que ela seja mais resistente ao ataque do nematóide.
Segundo Bird (1987), o número limitado de nematicidas, levou ao desenvolvimento de
técnicas de exclusão e procedimentos de modificação da população de nematóides sem o uso de
químicos.
Em áreas irrigadas, a principal técnica de manejo é a rotação de culturas com o emprego de
espécies resistentes aos fitonematóides, como os adubos verdes cravo-de-defunto (Tagetes sp),
mucuna preta (Mucuna aterrina) e crotalária (Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis).
Em áreas não irrigadas, uma estratégia de manejo que se pode adotar é o alqueive ou pousio,
com arações na época mais quente do ano para expor os nematóides ao calor, causando sua morte.
Rossi e Lima (2007) observaram que o alqueive, por meses, em área de cultivo de cana-deaçúcar proporcionou uma diminuição das populações de Pratylenchus brachyurus, Meloidogyne
javanica, Meloidogyne incógnita e Helicotylenchus sp. a níveis abaixo do limiar detectável pelos
métodos de extração.
Outras medidas de manejo também podem ser empregadas para um maior controle dos
nematóides, como medidas fitossanitárias, mudas certificadas, época de plantio, remoção ou
destruição de plantas infectadas, nutrição e cuidados gerais com a cultura e tratamento com
nematicidas.
2.
OBJETIVO
O presente trabalho avaliar a hospedabilidade de plantas infestantes aos fitonematóides
Meloidogyne javanica e Pratylenchus brachyurus.
3.
MATERIAIS E METODOS
4
O experimento foi realizado na Casa de Vegetação no Campus Umuarama da Universidade
Federal de Uberlândia em Uberlândia – MG no período de agosto de 2007 a junho de 2008.
As plantas infestantes testadas foram Alternanthera tenella (apaga-fogo), Amaranthus
hybridus (caruru), Brachiaria decumbens (capim braquiária), Brachiaria plantaginea (capimmarmelada), Digitaria sanguinalis (capim amargoso), Eleusine indica (capim pé-de-galinha),
Pennisetum setacum (capim oferecido), Portulaca oleracea (beldroega) e Senna obtusifolia.
3.1. Preparo do solo e plantio
O solo utilizado foi constituído de duas partes de areia e uma parte de terra, sendo
previamente solarizado a fim de esterilizar o mesmo.
A semeadura ocorreu em vasos com capacidade de 1,5L contendo a mistura de areia e solo.
Foram colocadas cinco sementes por vaso, fazendo-se o desbaste após a emergência das plântulas,
deixando apenas uma plântula por vaso.
A semeadura ocorreu de forma a começar pelas sementes das plantas infestantes que
possuíam uma menor velocidade de germinação e desenvolvimento, terminando com as espécies de
rápido desenvolvimento de forma que na inoculação havia homogeneização no desenvolvimento
das plantas. Nesse sentido, primeiramente, foram semeados o caruru e a beldroega e a seguir as
outras plantas daninhas, com um intervalo de 25 dias entre a primeira e a última semeadura.
3.2. Obtenção e preparo do inoculo
O inóculo foi obtido a partir de amostras de raízes de tomateiro infectadas com Meloidogyne
javanica e raízes de soja infectadas com Pratylenchus brachyurus. As raízes foram processadas pela
técnica do liquidificador associada à centrifugação em solução de sacarose (COOLEN; D’HERDE,
1972). Cortou-se as raízes em fragmentos que foram colocados no interior do copo de
liquidificador, preenchendo com água e solução de hipoclorito de sódio a 0,5% de cloro ativo até
encobrir o material. Ligou-se o liquidificador em sua menor rotação por um período de 20s, e a
suspensão obtida foi passada pelas peneiras de 200 mesh sobreposta a de 500 mesh, e com auxílio
de uma pisseta de água, recolheu-se o que permaneceu nesta, realizando a contagem de nematóides
na câmara de contagem de Peters no microscópio óptico. A suspensão obtida foi calibrada para
conter 60 juvenis e/ou adultos de Meloidogyne javanica.mL-1 ou 20 junevis e/ou adultos de
Pratylenchus brachyurus.mL-1.
3.3. Inoculação, condução e avaliação do experimento
Após 30 dias da última semeadura, de cada etapa, tendo já ocorrido o desbaste, inoculou-se
200 juvenis e/ou adultos de Pratylenchus brachyurus por vaso na primeira etapa e 600 junenis e/ou
adultos de Meloidogyne javnica na segunda etapa, colocando-se 10 mL de suspensão do inóculo,
em três orifícios feitos no solo a 2 cm de distância da haste da plântula e com 2 cm de profundidade.
O experimento recebeu diariamente duas regas, respeitando os horários e sendo uma
efetuada de manhã e outra, à tarde. Semanalmente, os vasos receberam 150 mL de solução nutritiva
aplicada ao solo do vaso.
Dois dias antes de desmontar o experimento, não foi efetuada nenhuma rega nem aplicação
de solução nutritiva para facilitar a separação das raízes em relação ao solo.
A avaliação ocorreu 60 dias após a inoculação para Meloidogyne javanica e 90 dias após,
para Pratylenchus brachyurus. A parte aérea foi cortada e descartada, e o sistema radicular separado
do solo. Foram avaliados separadamente solo e raiz. O solo foi processado pela técnica de extração
de nematóides pela flutuação centrífuga em solução de sacarose (JENKINS, 1964). No
processamento, uma alíquota de 150cm³ de solo foi colocada em balde plástico e adicionou-se cerca
de 2L de água promovendo uma completa mistura. Agitou-se depois a mistura que ficou em
5
repouso por 15s. Esta suspensão foi vertida em peneira de 20 mesh sobreposta a uma peneira de 400
mesh, e com auxílio de jatos de água de uma pisseta recolheu-se o resíduo da última peneira para
um copo. A suspensão foi colocada em tubos de centrífuga que após balanceados, foram
centrifugados por 5 min a uma velocidade de 650 gravidades. Após essa centrifugação, descartou-se
o sobrenadante e ao resíduo de cada tubo adicionou solução de sacarose (454g de açúcar para cada
litro de água), e uma nova centrifugação foi realizada por 1 min, na mesma velocidade anterior.
Após esse período, o sobrenadante foi vertido em uma peneira de 500 mesh, abrindo a torneira em
seguida, sobre esta, promovendo uma lavagem do excesso de solução de sacarose. Recolheu-se o
resíduo dessa peneira, com auxílio de jatos de água de uma pisseta para um copo plástico para a
contagem dos nematóides. As raízes foram lavadas, secas com papel toalha para a pesagem e
processadas pela técnica do liquidificador doméstico (BONETI; FERRAZ, 1981).
A contagem dos nematóides foi feita com auxílio da câmara de Peters no microscópio
óptico.
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de médias de Tukey a 0,05 de
significância (TRIOLA, 1999).
4.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando os fatores de reprodução, todas as plantas infestantes testadas se mostram más
hospedeiras aos fitonematóides testados (Tabelas 1 e 2).
Tabela 1: Número de juvenis e/ou adultos de Meloidogyne javanica e respectivos
fatores de reprodução (FR) encontrados após 60 dias da inoculação, em
nove espécies de plantas infestantes. Uberlândia, UFU, 2008.
Tratamentos
Amaranthus hybridus
Brachiaria decumbens
Brachiaria plantaginea
Portulaca oleracea
Alternanthera tenella
Pennisetum setacum
Senna obtusifolia
Digitaria sanguinalis
Eleusine indica
Nº de juvenis
e/ou adultos de
Meloidogyne
javanica
4,80 a
6,50 a
6,70 a
6,90 a
11,00 a
11,20 a
12,60 a
21,00 a
21,90 a
FR
0,01
0,01
0,01
0,01
0,02
0,02
0,02
0,04
0,04
CV (%) = 84,48
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 0,05 de
probabilidade.
6
Tabela 2: Número de juvenis e/ou adultos de Pratylenchus brachyurus e respectivos
fatores de reprodução (FR) encontrados após 90 dias da inoculação, em
nove espécies de plantas infestantes. Uberlândia, UFU, 2008.
Tratamentos
Brachiaria plantaginea
Portulaca oleracea
Pennisetum setacum
Brachiaria decumbens
Amaranthus hybridus
Eleusine indica
Senna obtusifolia
Digitaria sanguinalis
Alternanthera tenella
Nº de juvenis
e/ou adultos de
Pratylenchus
brachyurus
0,00 a
0,00 a
0,00 a
2,30 a
3,90 a
6,50 a
7,90 a
9,20 a
10,30 a
FR
0,00
0,00
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,05
CV (%) = 91,38
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 0,05 de
probabilidade.
Os resultados concordam com Inomoto et al. (2007) que encontraram que capim-colonião
(Panicum maximum) e as braquiárias (Brachiaria spp.) podem ser utilizadas em áreas infestadas por
Meloidogyne incognita e M. javanica, pois não são hospedeiras dessas espécies.
Outros estudos mostram que alguns das plantas infestantes testadas comportam como boas
hospedeiras para outros fitonematóides.
Estudos sobre a associação de fitonematóides e sementes de forrageiras tropicais são
incipientes no Brasil. Sabe-se que Aphelenchoides spp., sobretudo A. besseyi, são encontradas com
freqüência em sementes de Brachiaria spp., P. maximum, Setaria italica, Cyperus spp. e Digitaria
sanguinalis, inclusive em sementes de germoplasma importadas (Tenente et al., 1994, 2000; Garcia
& Tenente, 2001; Bueno et al., 2002; Favoreto et al., 2006b).
Lima et al. (2003) detectaram M. mayaguensis em plantas invasoras comuns na região,
como fedegoso (Senna Mill. spp.), serralha (Emilia sonchifolia (L.) DC.), beldroega-pequena
(Chamaesyce prostata (Alton) Small.), urtiga (Cnidoscolus urens (L.) Arthur) e maracujá -do- mato
(Passiflora mucronata Lam.) além de outras seis espécies típicas de restingas.
Segundo Cobucci, Di Stefano e Kluthcouski (1999), quando não controladas
adequadamente, as plantas infestantes além de competirem por fatores essenciais (água, luz e
nutrientes), dificultam a operação de colheita e depreciam a qualidade do produto, servindo, ainda,
como hospedeiras intermediárias de insetos, nematóides e agentes causadores de doenças.
O uso de coberturas mortas tem se mostrado uma boa alternativa, pois, além do
impedimento físico de germinação de plantas infestantes, a sua decomposição pode liberar
compostos que possam ter propriedades herbicidas ou nematicidas, além de melhorar físico,
químico e biologicamente os solos.
5.
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos fazem concluir que a presença destas plantas infestantes, em área de
cultivos, não agrava o problema dos fitonematóides estudados.
6.
AGRADECIMENTOS
7
Meu agradecimento inicial é ao CNPq que financiou este projeto, acreditando na minha
capacidade de desenvolver um bom trabalho. Agradeço, também, à minha orientadora Professora
Maria Amelia dos Santos pelo ensino, dedicação e apoio na execução deste experimento. Agradeço
aos meus pais que sempre me deram apoio para que eu possa me dedicar totalmente aos estudos.
Agradeço, ainda, a todos os meus amigos e colegas que me ajudaram no decorrer deste trabalho.
7.
REFERÊNCIAS
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HOSPITABILITY OF SOME WEEDS TO THE PHYTONEMATODES MELOIDOGYNE
JAVANICA AND PRATYLENCHUS BRACHYRUS
CARMO, Davi Bittar
ICIAG/UFU- Rua Amazonas s/n Bloco 2E, sala 05
e-mail: [email protected]
SANTOS, Maria Amelia
ICIAG/UFU- Rua Amazonas s/n Bloco 2E, sala 05
e-mail: [email protected]
Abstract: The purpose of this work was to evaluate the hospitability of nine weeds to the
phytonematodes Meloidogyne javanica and Pratylenchus brachyurus. A greenhouse experiment
was carried out with the weeds: Alternanthera tenella, Amaranthus hybridus, Brachiaria
decumbens, Brachiaria plantagina, Digitaria sanguinalis, Eleusine indica, Pennisetum setacum,
Portulaca oleracea and Senna obtusifolia. The experiment constituted of 90 parcels was done in 1,5
L plastic pots for each nematode and the inoculum was obtained of infected tomato and soybean
roots. After 30 days of the sowing were inoculated 600 juveniles and/or adults of Meloidogyne
javanica in each vase in the first stage and 200 juveniles and/or adults of Pratylenchus brachyurus
in the second stage. The nematodes were extracted from soil and root 60 days after inoculation for
Meloidogyne javanica and 90 days after inoculation for Pratylenchus brachyurus. The root was
submitted on the blender technique and the soil was processed by centrifugal-flotation technique.
The multiplication factor was estimated by the taxa among the final and initial population. All the
weeds were bad host to the phytonematodes with FR between 0,01 and 0,04 for Meloidogyne
javanica and FR between 0 and 0,05 for Pratylenchus brachyurus.
Keywords: weeds, phytonematode, Meloidogyne javanica, Pratylenchus brachyurus.
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