sacramento penitência ou confissão

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Comunidade do Santuário do Divino Espírito Santo
Catequese com adultos
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SACRAMENTO PENITÊNCIA OU CONFISSÃO
(Jo 20,19-23)
Deus nos criou por amor, a fim de dar ao homem (Sua criatura) tudo que Ele é, tudo que Ele tem e para estabelecer com o
homem uma relação de comunhão, uma aliança, em uma palavra - para desposar a humanidade. É o que a escritura chama de
ágape de Deus, isto é, Seu amor. Anunciada no A.T. esta ternura se realiza plenamente em Cristo. Deus se faz homem para
que o homem se torne Deus.
Pecado é não aceitar este amor. Pecado é não ter coração e conduta de filho, é não ter coração de Deus. Pecado é não amar a
Deus como ele nos ama, é não corresponder a esse imenso amor. Por nos amar tanto, Ele tem um plano de amor para cada
um de nós. Pecado é não completar e não realizar esse plano divino.
Logo, todo homem é pecador, pois nunca conseguimos corresponder plenamente a esse amor louco que Ele tem por nós.
Nunca conseguimos completar, cumprir o plano de Deus. É uma situação existencial, todo pecado na escritura tem sentido
existencial e ôntico (= situação de nudez, temor, morte – Adão e Eva no paraíso).
Então, pecado não é a violação das pretensas leis positivas de Deus e da Igreja. É a violação livre voluntária dessa lei
do amor inscrita nos corações, bem mais delicada e exigente que todos os códigos. Não é legalista, mas existencial.
Logo depois da Sua ressurreição, Jesus instituiu o Sacramento da Penitência ou Conversão. A conversão não é uma iniciativa
ou um esforço do homem, mas um dom de Deus. É Ele com a Sua misericórdia que vem ao encontro do homem para dar a
oportunidade de se converter sem exigir nada. Isto porque Ele conhece o coração do homem e sabe que dentro dele há uma
dicotomia, uma luta entre bem e mal. Há uma raiz de pecado que vem da nossa natureza.
Jesus nos traz a remissão dos pecados através do Batismo; recria cada um de nós, mas fica em nós a concupiscência (a
tendência ao desamor), como São Paulo diz: não faço o bem que quero, mas o mal que aborreço, quem me livrará de mim?...
Graças sejam dadas a nosso Senhor Jesus Cristo.
Como primeira recriação, restauração, temos o Batismo e depois o Sacramento da Penitência ou Conversão: pelo Batismo
começamos uma vida nova, recriados, restaurados, proclamados filhos de Deus. Começamos a viver e trilhar um caminho de
salvação. Esse caminho é Jesus Cristo. É viver como Jesus Cristo, com Jesus Cristo, por Jesus Cristo. Só que somos fracos, e
não conseguimos viver só no amor, caímos, vivemos no desamor. Aí então, somos chamados, guiados por Deus ao
Sacramento da Penitência ou Reconciliação.
Pelo batismo passamos do homem velho e da mulher velha ao homem
novo e à mulher nova;
o homem velho e a mulher velha ficam sepultados e, como Cristo
ressuscitou, ressuscitamos; saímos da água como homem novo e
mulher nova.
Cristo completou esse caminho de salvação com Sua encarnação, vida, morte, e ressurreição; passou da morte à vida; entrou
na casa do Pai como o povo do deserto saiu da escravidão para a terra prometida.
Reconciliar-se é um acontecimento, nada de rotina. É um reatar do amor, gera confidências. O perdão a gente experimenta em
face de alguém que se ama. É um não sair do caminho (venial), é cair no caminho por fraqueza. Quando pecamos saindo do
caminho (mortal) é uma ruptura grave com Deus, é negar a Deus, é um rompimento entre o homem e Deus. Mata uma relação
de amor, é como um ramo que se separou do tronco (Jo 15), não recebe mais a seiva. Se eu nego a Deus e se é Ele que me
cria, logo não existo, caio no vazio, na escuridão; é a morte do ser, deixo de ser morada da Trindade.
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14º encontro
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revisado em 2008/1
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Como Deus me ama, Ele sabe de tudo isso, nos dá então os dez mandamentos (o nº 10 = plenitude-amor). Não para nos privar
de nada, mas sim porque sabe que pecando, morremos, cessando de ter o Ser (a lei nos mostra que somos pecadores, ela não
nos salva; o perdão dos pecados, a salvação nos vem de Jesus Cristo. Ex.: adúltera). É a ruptura com Deus, é virar as costas a
Ele, é partir para tratar nossa vida em outras fontes distintas, que rompemos a aliança, nos degradamos, nos des-divinizamos.
O filho da luz decai para filho das trevas. Para sair dessa situação, o homem não consegue sair sozinho, assim como o ramo
não pode ser reenxertado no tronco por si mesmo. Como Deus é misericórdia, como ele nunca deixa de amar-nos, continua
comunicando-se conosco. Para perdoar basta um, mas, para reconciliar-se precisa de dois. Se nós aceitarmos seu amor, e
abrimo-nos a seu perdão, há a reconciliação.
Todos os pecados estão perdoados em Jesus Cristo, mas precisamos aceitar esse perdão e para isto é preciso antes
reconhecer-se pecador, fazendo sempre um caminho de conversão. A conversão é essencialmente uma mudança de
mentalidade – metanóia – mudança de direção: estamos andando por um caminho, a conversão nos faz andar pelos caminhos
de Deus, olhando para Deus, sempre disponíveis a ir aonde Ele nos leva, caminhando olhando para Ele. Importa, então a
Palavra de Deus: ela é uma luz para os nossos passos. Ela aclara os cantos escuros da nossa vida com sua luz e nos mostra
tudo que nos afasta de vivermos como filho da luz. Ela é o próprio Jesus entrando na nossa vida. Ela é vida para nós.
Caminhar em conversão é estar sempre voltado para o futuro, é estar guiado pelo Espírito Santo, rumo à casa do Pai, no
caminho do seu filho Jesus. Não é então olhar para o passado, mas colocar-se à frente para o futuro. Por isso a Igreja primitiva
fazia o exame de consciência no início do dia e não no fim, como depois fizeram os jesuítas. Converter-se é colocar-se diante
de Deus quando você começa a caminhar.
Todo povo de Israel não é outra coisa, a não ser uma maneira com que Deus chama à conversão todos os homens. Toda a
história da salvação é um caminho de conversão para nós - Igreja - novo povo de Deus, povo da Nova Aliança. Os profetas
estão sempre chamando à conversão.
Perdão é um sinal. O cristão que perdoa mostra ao mundo que Cristo perdoa (Como ficarão sabendo? Se você que é Igreja
não perdoa, como os outros acreditarão na Igreja que perdoa?). Perdão é um sinal do cristão, que é um sinal da Igreja, que é
um sinal de Cristo, que é um sinal de Deus. Logo, o nosso pecado também recai sobre todo o povo de Deus, a Igreja, porque
não cumpre sua missão de ser Sacramento de Salvação para o mundo e o mundo fica sem ver a luz.
A Penitência é então o Sacramento para aqueles que perderam a graça batismal (ser sal, luz, fermento) e feriram a comunhão
eclesial. O padre, em nome da Igreja, dá o perdão - em nome de toda a comunidade. O lugar do perdão, também é na Igreja, o
lugar da remissão dos pecados. O lugar de reconciliar-se com Deus e com a comunidade. (1Jo 4,21).
É isso que rezamos no Pai Nosso: perdoai-nos assim como nós perdoamos.
No Pai Nosso vinculamos o perdão com o nosso perdão aos irmãos pois o mandamento do Amor tem três dimensões: Deus, o
próximo e eu.
O mistério da nossa salvação: encarnação, vida, morte e ressurreição de Cristo (sacramento), vem para nos salvar, para
reconciliar o mundo com Deus. Ele nos traz a paz que desfaz o estado de guerra. A paz de Cristo põe termo ao tríplice
rompimento: com Deus, com os outros e com si próprio.
Cristo nos diz que seremos julgados sobre o amor (Mt 26,31-46). Ele vem nos transformar, vem tirar o nosso coração de pedra
e nos dar um coração de carne. Ele nos diz que onde está o nosso tesouro aí também está nosso coração (MT 6,21).
Quem ama cumpre toda a lei - Deus é amor. Quando não amo meu irmão, cometo um pecado, não só contra o irmão, mas
também contra o amor, logo contra Deus, já que Deus é amor. Só que meu pecado não ofende a Deus, uma vez que Deus não
pode ser ofendido: não posso tirar-Lhe a glória, pois se vulnerável fosse, não seria Deus. A falta de amor (nosso pecado) nos
leva ao individualismo, somos egoístas em tudo: no comer, no trabalhar, nos divertimentos, etc. A gente se coloca sempre em
primeiro lugar. Temos sempre atitudes individualistas que mostram que nós, a nível profundo, existimos apenas para nós
mesmos e consideramos os outros apenas para o nosso serviço pessoal.
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O sacramento da Penitência nos faz entrar dentro de nós mesmos, e à luz da Palavra de Deus, ver dentro de nós mesmos tudo
o que precisa ser mudado, aplainado, aterrado. Faz-nos ver como tomamos o lugar de Deus na nossa vida: o centro. Como
queremos ser senhores de nossa própria vida. Como queremos ser deuses, e mais, não só da nossa vida, mas também da dos
outros, principalmente da de nossos filhos, maridos, mulheres, vizinhos, etc. Queremos seguir nossos caminhos, procurar a
nossa felicidade, ter direitos a coisas que nos afastam de Deus. Colocamos Deus a nosso serviço, damos ordem a Ele,
invertemos os papéis, em vez de nós estarmos a serviço.
Nós vemos Jesus no deserto, por 40 dias, para estar em comunhão com Deus – o Pai, e consigo mesmo e depois ser tentado
pelo demônio. Nós, também somos tentados pelos mesmas tentações, como aquele povo no deserto com Moisés: são as
tentações, 1° do pão, 2° dos milagres e 3° dos ídolos.
Do pão em querer assegurar sua vida nos bens, na segurança, no dinheiro. Jesus diz: “nem só de pão viverá o homem, mas de
toda a Palavra de Deus”(Mt, 3,1-4). Essa Palavra pega todos nós, mesmo depois que fizermos uma triste experiência de ver
que não são os bens que nos trazem vida, nós ainda caímos.
Temos que a 1ª Bem aventurança é justamente sobre isto: Bem aventurado os pobres porque deles é o Reino de Deus. Estar
disponíveis, na pobreza, sabendo que só Deus nos dá vida, só Ele nos dá Segurança, só Nele estamos felizes.
Tentação dos milagres – não aceitar a própria realidade. Acreditar que só será feliz se fosse outra pessoa, se tivesse outro
marido, outro filho, outra mulher. Não aceitar os acontecimentos da sua vida como Palavra de Deus que quer o nosso bem.
“Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8, 28). Pedir, mandar a Deus que tire tal
acontecimento da nossa vida. Jesus nos diz: “Não tentarás ao Senhor teu Deus”. (Mt 4,5-7)
3° Dos ídolos – Quem é o Senhor de nossa vida? Onde está o teu tesouro aí está teu coração. Qual ou quem é o ídolo de
nossa vida? O Centro da nossa vida tem que ser Deus. Ele é o único que é o Senhor, que pode ser o Senhor. Jesus disse: “Ao
Senhor teu Deus adorarás e só a Ele prestará culto” (Mt 4,8-11). Deus nos criou, nos cuida, nos dá vida. Ele sabe como
devemos viver, Ele nos ensina e revela isso através do Seu Espírito. Ele é o único que tem autoridade para ser o Senhor de
nossa vida. Ele é o único que tem Vida para dar.
Esta Palavra de Deus nos leva ao interior de nós mesmos e nos revela pecadores, isto é um exame de consciência: O 1º
passo que nos leva ao Sacramento da Penitência.
Assim como a Palavra de Deus aclarou nossa vida, nos revela nosso pecado, nosso desamor, nossos nãos ao plano de amor
de Deus, esta mesma Palavra (que é Cristo) nos faz querer mudar de vida. É Ele quem realiza em nós o querer e o executar, o
Espírito abrasa o nosso coração para uma vida nova, cheia de amor (metanóia): este é o 2º passo, a contrição.
Queremos então falar, confessar, pôr para fora, não só o que nos afasta de Deus, mas também falar sobre os planos dessa
vida nova com Deus e com os irmãos: esse é o 3º passo, procuro então a Igreja, a comunidade, o presbítero e confesso.
O padre que está no lugar do próprio Cristo, vai me falar do amor de Deus e vai também me dar dicas para eu não viver mais
no desamor: É o 4° passo – a satisfação - reparar o mal que fiz, restitui o que roubei, restabelecer a reputação.
O padre tem o segredo sacramental. A ninguém pode revelar o que foi dito numa confissão, mesmo em casos de morte, não há
exceções. Ele dá ao penitente uma penitência (estar em união com Cristo, na cruz) que pode ser uma oração, uma esmola, um
ato de misericórdia, etc. E nos dá a absolvição – o perdão dos pecados.
O Sacramento da Penitencia é o Sacramento da Reconciliação. Quem se reconcilia com o Pai verdadeiramente tem que fazer
as pazes também com seus outros filhos. É o sacramento da volta à casa paterna, ao seio da família, como nos relata Jesus no
Evangelho do Filho pródigo (Lc 15,11-32):
o centro desta parábola é o Pai misericordioso. No filho vemos o fascínio da liberdade ilusória, o abandono da
casa paterna, a miséria depois de ter esbanjado a fortuna, a humilhação de cuidar dos porcos e querer a matar
de fome com a ração deles. A reflexão sobre os bens perdidos, o arrependimento e a decisão de declarar-se
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culpado. O caminho de volta o generoso acolhimento do Pai e a sua alegria. Tudo isto são traços de conversão.
A túnica, o anel e o banquete da festa são símbolos da vida nova pura, cheia de graça, que é a vida do homem,
que volta para Deus, para o seio de sua família que é a Igreja. A misericórdia do pai que simboliza a misericórdia
divina, opõe-se, no filho mais velho, a dos fariseus e escribas, que se gabam de serem justos porque não
transgridem nenhum preceito da lei.
Advento, Quaresma e as grandes solenidades são tempos privilegiados da Reconciliação. No entanto, devo procurar este
Sacramento cada vez que eu queira converter-me ou melhor, que eu me sinta chamado por Deus a uma conversão: forte
queda a reparar, chama de fervor a reativar. Devo procurá-lo também antes dos acontecimentos de minha vida, como
Matrimônio, Crisma, 1° Eucaristia, etc. A Igreja pede que se confesse ao menos uma vez por ano.
A confissão pode ser privada, auricular ou comunitária. A 1ª é com penitente e o confessor. A 2ª é com a comunidade presidida
pelo presbítero. Nunca a Confissão é um sacramento isolado da comunidade, o confessor esta sempre representando a
comunidade.
A posição do penitente é de joelhos – posição de pecador que procura perdão postura de arrependimento. Quando levantamos,
o levantar significa em retorno à comunidade, acolhida da comunidade. Abraço da paz – a comunhão com a comunidade.
O perdão gera a paz: quem é perdoado se sente em paz.
O jejum a oração e a esmola são expressões da penitência interior. O jejum expressa a conversão com relação a si mesmo,
lágrimas também: Pedro depois de negar a Jesus 3 vezes. (Mt, 26,69-75)
A oração expressa a conversão com relação a Deus – a intercessão dos santos também. A esmola expressa a conversão com
relação ao próximo, preocupação com a salvação do próximo também.
No sermão da montanha (Mt 7,12) temos a regra de ouro “Tudo aquilo que queres que os homens vos façam, fazei-o vós a
eles, pois este é a Lei e os Profetas”. Sob a forma negativa é uma regra de ouro para não pecarmos.
A penitência até o Século VII era só pública. Existia a ordem dos penitentes só para pecados públicos. O penitente não podia
celebrar a Eucaristia e a comunidade toda rezava por ele, até ser readmitido na comunidade.
A partir do Século VII começou a ser privada e cheia de regrinhas – tabelas de pecado, foi-se perdendo o sentido eclesial, e
ficou mais como uma coisa particular. Após o Concílio Vaticano II está se reestruturando a liturgia para o Sacramento.
Recuperando a assembléia, a figura do presbítero, o abraço da paz.
Leituras:
Rm 13,8-10. julgamento
Mt 7,1-5 – missão dos apóstolos
Jo 20,19-23 - instituição do Sacramento da Penitência
1Jo 1,8-10 – Somos pecadores
Lc 19, 1-10 – Reconhecer-se pecador – Zaqueu
Lc 15 – Parábolas da misericórdia
Jo 8,2-11 – Primeira Penitência comunitária
Oração final:
Sl 51 (50) Miserere
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