logística reversa e embalagens retornáveis: em busca de um

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ISSN 1984-9354
LOGÍSTICA REVERSA E EMBALAGENS RETORNÁVEIS:
EM BUSCA DE UM PROCESSO LOGÍSTICO EFICAZ
Área temática: Logística e Gestão da Cadeia de Suprimento
Renan Gomes de Moura
[email protected]
Paloma De Lavor Lopes
[email protected]
Eduardo Cesar Vieira Ramos
[email protected]
Resumo: A abordagem do tema se dá devido à crescente necessidade por embalagens para transportar
matéria-prima, que não cause impacto ao meio ambiente. Este artigo tem como objetivo geral constatar
as vantagens do uso de embalagens retornáveis, identificando os benefícios ao meio ambiente, redução
de custos e a melhoria do processo produtivo da empresa e, analisar o processo da Logística Reversa
das embalagens retornáveis. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica e estudo de caso em
uma indústria automotiva de uma determinada empresa da região Sul Fluminense. Como resultado,
verificamos que a logística reversa através do uso embalagens retornável é benéfica, compensatória e
promove uma gestão eficiente através da padronização das embalagens de seus fornecedores,
agregando assim valor ao processo produtivo.
Palavras-chaves: Logística reversa, Embalagens retornáveis, Sustentabilidade.
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1. INTRODUÇÃO
Devido à escassez de recursos naturais, ao alto volume de resíduos gerados por embalagens não
retornáveis e à dificuldade da indústria em reciclar, os fornecedores e a indústria automotiva têm
encontrado problemas para atender sua demanda por embalagens que serão utilizadas para o retorno de
peças ao fornecedor.
O mercado automobilístico vem tendo um crescimento significativo, consequentemente a demanda
por matéria prima acaba aumentando e para efetuar o seu deslocamento e uso na linha de produção
são usadas embalagens descartáveis ou recicláveis. Devido à escassez de recursos naturais e ao alto
custo do processo de reciclagem, uma questão a ser verificada no estudo, seria a de como atender a
demanda da indústria com o menor impacto para o meio ambiente.
O gerenciamento da movimentação de embalagens retornáveis se caracteriza por uma grande
oportunidade de negócio na Cadeia de Abastecimento, pois pode-se compartilhar os benefícios de um
investimento, viabilizando o sistema de embalagens retornáveis.
Assim questiona-se: Será que tendência atual é a utilização de embalagens retornáveis, reutilizáveis ou
de múltiplas viagens por algumas organizações? Deste modo, este artigo tem como objetivo geral
constatar as vantagens do uso de embalagens retornáveis, identificando os benefícios ao meio
ambiente, redução de custos e a melhoria no processo produtivo da empresa e analisar o processo da
Logística Reversa das embalagens retornáveis na indústria automotiva de uma determinada empresa da
região Sul Fluminense.
Tendo como objetivos específicos: i) definir logística e logística reversa; e (ii) analisar todo o processo
produtivo, desde recepção dos produtos, seu deslocamento para linha de produção da fábrica e retirada
para área de embalagens vazias depois do uso da matéria prima, até o retorno da embalagem ao
fornecedor.
1. LOGÍSTICA
Antes de abordar o tema ‘Logística Reversa e Embalagens Retornáveis’, necessário compreender
primeiro o que é Logística. Segundo Leite (2009, p.3) a logística vem desde a Segunda Guerra
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Mundial. A partir do primeiro contato com fornecedores e junto com as primeiras técnicas
operacionais.
A logística é uma atividade que teve origem na área militar, quando grandes exércitos
se deslocavam a grandes distancias para combater e conquistar terras e riquezas e, não
raro, eram obrigados a lá permanecer por longo tempo. Sua origem remonta a época
dos gregos e foi aperfeiçoada por Napoleão Bonaparte, entretanto não era estudada nas
escolas militares. Foi ensinada pela primeira vez na segunda metade do século XIX
em um país que emergia e que tinha a ambição e o objetivo de se tornar uma grande
potencia: os Estados Unidos da América. (RIOS, apud GOMES e RIBERO, 2004, p. 9)
Começaram a verificar a importância da logística, com a preocupação de encontrar o caminho mais
ágil e econômico para juntar demanda e oferta, permitindo os preços mais acessíveis, dentro dos
prazos e dos padrões convencionais.
A Logística pode ser entendida como uma das mais antigas e inerentes atividades
humanas na medida em que sua principal missão é disponibilizar bens e serviços
gerados por uma sociedade, nos locais, tempo, quantidades e qualidades em que são
necessários aos utilizadores. Embora, muitas vezes, seja decisiva em operações
militares históricas, sua introdução como atividade empresarial tem sido gradativa ao
longo da história empresarial, de uma simples área de estocagem de materiais a uma
área estratégia no atual cenário concorrencial. (LEITE, 2009, p.2)
Acredita-se que não existirá organização lucrativa sem a utilização de uma logística adequada para
atender a satisfação de clientes e combater a acirrada competitividade que o mercado desenvolve,
principalmente pela crescente internacionalização das relações comerciais, políticas, sociais e
culturais.
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FIGURA 1: Processo Logístico
FONTE: Site Administração e Gestão
A logística está presente em todos os processos da empresa, conforme observado na Figura 1. A
logística trata desde o recolhimento da matéria-prima na sua origem até a chegada do produto acabado
ao consumidor final. Envolve controle e processos diversos, que de forma integrada satisfazem as
necessidades do mercado consumidor.
Segundo Gomes e Ribeiro (2004, p.11) a logística é o processo de gerenciar estrategicamente a
aquisição, a movimentação e o armazenamento de matérias, peças e produtos acabados (e os fluxos de
informação correlatos) por meio da organização e dos seus canais de marketing, de modo a poder
maximizar as lucratividades presentes e futuras com o atendimento dos pedidos a baixo custo.
Alvarenga e Novaes (2000, p.12) afirmam que para o estudo da logística, o enfoque sistêmico é
bastante vital, pois os problemas advindos desse setor são múltiplos e de visões antagônicas:
marketing, produção, comercialização. Transporte, finanças e etc.
Pela sua natureza, a logística não é uma disciplina isolada. Ela está intrinsecamente
conectada a quase todos os aspectos da administração do negócio, do preço do
produto, compras, serviço ao cliente, administração do inventário, produção e
distribuição. A logística também pode ter um impacto substancial sobre a capacidade
da empresa de penetrar em novos mercados, melhorar sua posição competitiva e
elevar sua lucratividade. Por esses motivos, a logística deveria estar envolvida em
cada processo de planejamento estratégico do fabricante ou distribuidor. (CARILLO
JUNIOR ET AL, 2003, p.15)
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As atividades gerenciadas que compõem a logística variam de acordo com cada empresa, entre outros
fatores, de estrutura organizacional, de diferentes conceitos e dos respectivos gerentes. Serviços ao
cliente, previsão de demanda, comunicação de distribuição, controle de estoque, manuseio de
materiais, processamento de pedidos, peças de reposição e serviços de suporte, embalagem, manuseio
de produtos devolvidos, reciclagem de sucata, tráfego e transporte, e armazenagem e estocagem.
Gomes e Ribeiro (2004, p.38) afirma que a logística, ocupa uma posição intermediária entre produção
e marketing, devendo então ser criadas atividades de interface entre a logística e esses setores.
A logística começa pelo estudo e a planificação do projeto ou do processo a ser
implementado. Uma vez planejado e devidamente aprovado, passa-se à fase de
implementação e operação. Muitas empresas acham que o processo termina aí. Na
verdade, devido à complexidade dos problemas logísticos e à sua natureza dinâmica,
todo sistema logístico precisa ser constantemente avaliado, monitorado e controlado.
Há inclusive uma especialização, denominada auditoria logística, que executa de
forma sistemática e permanente essas atividades de avaliação, monitoramento e
controle. (NOVAES, 2007, p.37)
Carillo Junior et al (2003, p.5), afirma que à necessidade de integração logística evoluiu de dentro para
fora das organizações, constituindo um conjunto de organizações, desde os fornecedores de matériasprimas até o consumidor final, que se inter-relacionam.
Veremos também que a Logística está muito ligada, hoje, ao produto. Na nova
conceituação de cadeia varejista, todo o processo logístico, que vai da matéria-prima
até o consumidor final, é considerado entidade única, sistêmica, em que cada parte do
sistema depende das demais e deve ser ajustada visando o todo. Por exemplo, a
Benetton, que comercializa roupas no mundo inteiro, não tinge seus produtos na hora
de fabricá-los, porque o mercado da moda é muito volátil. (NOVAES, 2007, p. 13)
A competência logística decorre de uma avaliação relativa da capacitação de uma empresa para
fornecer ao cliente um serviço competitivamente superior ao menor custo total possível. Quando uma
empresa decide diferenciar-se com base na competência logística, ela procura superar a concorrência
em todos os aspectos das operações.
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Sendo assim, a logística é entendida como a integração da administração de varias áreas que se
relacionam diretamente entre si. Através dela nota-se também, que essas técnicas se bem alinhadas
proporcionam resultados positivos.
1.1 LOGÍSTICA REVERSA
A logística reversa é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo dos resíduos de
pós-consumo e pós-venda e seu fluxo de informação do ponto de consumo até o ponto de origem, com
o objetivo de recuperar valor ou realizar um descarte adequado.
Segundo Tadeu et al (2013, p.4) a partir de 1980, o tema “logística reversa’ passa a ser explorado de
forma mais intensa tanto no ambiente acadêmico como nos meios empresarial e público”.
O conceito de logística reversa propõe um novo modelo de gestão de negócios,
levando em consideração, os impactos ambientais e sociais, além das questões
econômicas. Esta afirmação parte do princípio de que as organizações produtivas e as
de serviços possuem atividades que podem ser nocivas ao ambiente em que vivemos.
No entanto, se estas atividades forem organizadas, benefícios podem ser observados,
com melhoria significativa nos padrões de vida das comunidades. (TADEU ET AL,
2013, p. 11).
Segundo Tadeu et al (2013, p.12), como função estratégica, a logística reversa deve estar na pauta
constante das organizações, considerando uma análise de valor e o meio em que participam.
Faz-se necessário esclarecer que, ao contrário do que muitos pensam, a logística
reversa é um processo com foco empresarial, pensando em retornos no mercado, e não
um processo que foi desenvolvido visando o alcance a sustentabilidade. Ou seja, é um
processo de cunho empresarial a fim de agregar algum tipo de valor ou tentar
recuperar o máximo de valor possível em um produto que está à margem do mercado.
(BOECHAT e SILVA apud TADEU ET AL, 2013, p.152).
A figura 2 a seguir, apresenta o processo logístico direto.
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FIGURA 2: Processo Logístico Direto
FONTE: Site Rumo Sustentável
Segundo Bowersox e Closs (2001, p. 152) logística reversa trata-se de um dos objetivos operacionais
da logística moderna, referindo-se a sua extensão além do fluxo direto dos produtos e matérias
constituintes e à necessidade de considerar os fluxos reversos de produtos em geral.
A Logística Reversa cuida dos fluxos de materiais que se iniciam nos pontos de
consumo dos produtos e terminam nos pontos de origem, com o objetivo de recapturar
valor ou disposição final. Por exemplo, as latas de alumínio, de refrigerantes e de
cerveja são hoje coletadas por pessoas de baixa renda, compactadas em volumes
menores e retornadas às fabricas, num processo de reciclagem economicamente
importante, tendo em vista o custo relativamente alto do metal. Esse processo reverso
é formado por etapas características, envolvendo intermediários, pontos de
armazenagem, transporte, esquemas financeiros etc. (NOVAES, 2007, p. 53, 54)
De acordo com Gomes e Ribeiro (2004, p.9), a logística de fluxos de retorno, ou logística reversa, visa
à eficiente execução da recuperação de produtos. Tem como propósito a redução, a disposição e o
gerenciamento de resíduos tóxicos e não tóxicos.
Muitas vezes o produto descartado, no todo ou em parte, já não tem serventia alguma
para o processo industrial. Isso ocorre quando a reciclagem é antieconômica ou
quando há excesso de oferta no mercado. Nessas circunstâncias, há necessidade de ser
garantir a disposição final para onde os produtos não mais utilizáveis sejam colocados
de forma segura para a população e para o meio ambiente. (NOVAES, 2007, p. 54)
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Entendemos então que o conceito de logística reversa como um conjunto de operações e ações ligadas,
desde a redução de matérias-primas primárias até a destinação final correta de produtos, matérias e
embalagens com o seu consecutivo reuso, reciclagem e/ou produção de energia. Por isso observamos
que a logística reversa recebe também denominações como logística integral ou logística inversa.
1.2CADEIA DE SUPRIMENTOS
Acerca do conceito de cadeia de suprimentos, podemos constatar que é um conjunto de atividades que
se repetem varias vezes, formando um ciclo com agregação de valor. Isto leva a entender, portanto que
são os diversos processos nos quais o produto é envolvido desde a aquisição de matéria-prima até o
produto acabado e, é posteriormente, até a chegada ao consumidor.
A Cadeia de Suprimentos é um conjunto de atividades funcionais (transporte,
controles de estoque, etc.) que se repetem inúmeras vezes ao longo do canal pelo qual
matérias-primas vão sendo convertidas em produtos acabados, aos quais se agrega
valor ao consumidor. (BALLOU, 2007, p. 29)
De acordo com Gomes e Ribeiro (2004, p.122) o conceito de cadeia de suprimentos é uma extensão da
logística. O gerenciamento da logística está primeiramente preocupada com a otimização de fluxos
dentro da organização, enquanto a GCS reconhece que a integração interna por si só não é suficiente.
Quando adquirimos um produto, não imaginamos o longo processo necessário para
converter matéria-prima, mão de obra e energia em algo útil ou prazeroso; Muitas
vezes, produtos complexos como o automóvel requerem matéria-prima de natureza
variada (metais, plásticos, borracha, tecidos) e são montados a partir de um número
muito elevado de componentes. Noutros casos, como uma bandeja de ovos fresco, o
produto é formado pelo elemento básico (os ovos), mas há que se considerar também
o suporte do plástico, a etiqueta e o código de barras. (NOVAES, 2007, p. 38)
Segundo Gomes e Ribeiro (2004, p.121) o conceito de cadeia de suprimentos é uma extensão da
logística. O gerenciamento da logística está primeiramente preocupada com a otimização de fluxos
dentro da organização, enquanto a GCS reconhece que a integração interna por si só não é suficiente.
A figura 3 a seguir mostra a cadeia de suprimentos reversa.
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FIGURA 3: Ciclo Logístico Reverso
FONTE: Site Gestão Ambiental como um legado a Logística Reversa
Houve um tempo em que as empresas viam seus fornecedores e clientes como
adversários e procuravam reduzir seus custos ou aumentar seus lucros às custas de
seus parceiros. Atualmente, as empresas que atuam dessa forma percebem que a
simples transferência de custos para os parceiros não as torna mais competitivas. As
companhias de ponta reconhecem a falácia dessa abordagem e procuram tornar a
cadeia de suprimentos competitiva como um todo, com o valor que elas adicionam e
os custos que elas reduzem em geral. (GOMES e RIBEIRO, 2004, p. 121)
Gomes e Ribeiro (2004, p.124) afirmam que o prazo (lead time) é definido como o período decorrido
entre o recebimento do pedido do cliente e a entrega do produto.
As principais métricas que podem ser utilizadas nesse contexto são: tempo de ciclo
empregado na obtenção dos materiais, flexibilidades, nível de serviço dos
fornecedores, custo total de estoque, número de fornecedores e desempenho destes em
termos de prazo, quantidade e qualidade. (BERTAGLIA, 2003, p. 152)
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FIGURA 4: Cadeia de Suprimentos Fluxo do Produto
FONTE: Site Introdução a Logística
A cadeia de suprimentos, conforme figura 4, é o processo implantado pela empresa que vai
transformar matéria-prima em produtos finais para seus clientes. A gestão da cadeia de abastecimento
é usada por uma empresa para garantir que sua cadeia de suprimentos seja eficiente e rentável. Isto
normalmente é composto por cinco fases: planejamento, desenvolvimento, fabricação, logística e
retorno financeiro.
É importante notar que o novo conceito de Cadeia de Suprimentos focaliza o
consumidor com um destaque excepcional, pois todo o processo deve partir dele,
buscando equacionar a cadeia de suprimentos de maneira a atendê-lo, na forma por ele
desejada. Outro ponto importante a destacar é a integração exigida entre todos os
elementos da cadeia de suprimento. (NOVAES, 2007, p. 40)
De acordo com Figueiredo, Fleury e Wanke (2003, p.32), quando a concorrência era menor, os ciclos
de vida dos produtos eram mais longo, e a incerteza era mais controlável, tinha sentindo perseguir a
excelência nos negócios por meio da gestão eficiente de atividades isoladas.
Com o objetivo de disponibilizar o produto no tempo certo ao cliente, com essa forma passa a enxergar
o cliente como um integrante da cadeia.
Chopra e Meindi (2004) afirmam que uma cadeia de suprimentos engloba todos os estágios
envolvidos, direta ou indiretamente, no atendimento de um pedido do cliente. A cadeia de suprimentos
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não inclui apenas fabricantes e fornecedores, mas também transportadoras, depósitos varejistas e os
próprios clientes.
Vimos que cadeia de suprimentos é o conjunto de atividades combinadas para que a logística possa
desempenhar seu processo. Desta forma envolve todos os procedimentos presentes dentro da cadeia e
vão desde o inicio das retiradas de matérias-primas, transporte e armazenagem até as mais complexas
tecnologias que irão beneficiar as partes envolvidas dentro da cadeia favorecendo a distribuição do
produto ao cliente.
2. SUSTENTABILIDADE
Segundo Tadeu et al (2013, p.43) uma coisa não se discute: sustentabilidade é a palavra do momento.
Em todos os meios de comunicação ou quando nos deparamos com os mais variados discursos é a
palavra-chave.
Ser sustentável está muito além de cuidar das questões ambientais do planeta. Ser sustentável é saber
agregar vantagem competitiva em suas ações, resultando assim no bem-estar da geração presente e ao
mesmo tempo preocupando-se com uma melhor qualidade de vida para as gerações futuras. A figura 5
a seguir representa o ciclo da sustentabilidade.
FIGURA 5: Sustentabilidade
FONTE: Site Detalhes da Notícia - Tribuna Livre
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Ter um negócio sustentável e ser sustentável, entretanto, é uma nova exigência do
mercado. Aqueles que acharem os caminhos para se diferenciar serão os beneficiados,
ganharão seu espaço nos mercados, agregarão valor a seus processos e sua
competitividade. Para tanto, uma mudança da agenda das empresas deve ser feita para
que todas as dimensões defendidas no conceito de desenvolvimento sustentável.
(BOECHAT e SILVA apud TADEU ET AL, 2013, p.148).
Sachs (2000, p.42) afirma que sustentabilidade se refere a uma nova concepção dos limites e da
fragilidade do planeta, englobando as necessidades da população.
2.1 EMBALAGENS RETORNÁVEIS
O uso de embalagens retornáveis tem sido proposto como uma medida para aumentar o lucro da
empresa e obter impacto ambiental positivo (redução de impacto). Em muitos casos, essa embalagem
pode ser realmente econômica e trazer muitos benefícios ambientais.
As embalagens podem ser fabricadas a parti de diversos materiais, incluindo plástico,
papelão, alumínio ou até aço. Selecionar o material da embalagem inclui analisar os
seguintes itens: ciclo de vida da embalagem, capacidade de peso, capacidade de
estocagem, resistência química, temperatura de operação, resistência a flamabilidade,
certificação governamental, especificações dimensionais exigidas, características de
segurança, fatores externos e reciclagem. (GOMES e RIBEIRO, 2004 p. 140, 141).
Adicionalmente, ainda devem ser analisados os diferentes custos para os vários tipos de embalagens
retornáveis ou não, devem ainda ser analisadas as diversas funções nas quais serão aplicadas e que
interferem na capacidade de reaproveitar as embalagens. De acordo com a aplicação, as embalagens
podem se classificadas para:
Armazenagem: refere-se a embalagens utilizadas para armazenar produtos em almoxarifados ou
locais fixos. Essas embalagens devem permitir a locomoção de unidades individuas.
Estantes de armazenagem rápida: trata de estoques intermediários na linha de produção ou em tudo
o processo de fabricação do produto. A embalagem deve ser de fácil movimentação e permitir
deslocamentos tanto de uma como de várias unidades, de acordo com o processo.
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Distribuição: refere-se a embalagens utilizadas para transportar materiais entre o fabricante e o
comprador. Essa embalagem deve garantir grande segurança ao produto transportado, pois, ao longo
do transporte, serão enfrentadas diversas condições.
Segundo Gomes e Ribeiro (2004, p.87), o tipo de embalagem depende, portanto, de diversas
propriedades, como estocabilidade, capacidade da embalagem, fácil acesso para o transporte e aspectos
de segurança.
Quando a empresa considera as embalagens retornáveis, muitos fatores-chave podem ser considerados.
O uso de embalagens retornáveis ou descartáveis influencia diretamente toda a cadeia de suprimentos.
3. METODOLOGIA
Realizou-se uma pesquisa bibliográfica que envolve autores que descrevem de maneira objetiva o que
é Logística, Logística Reversa e seu impacto com o meio ambiente, entre outros fatores. Segundo
Rampazzo (2002, p.53) a pesquisa bibliográfica tem por objetivo explicar um problema a partir de
referências teóricas publicadas em livros, anais, artigos entre outros, podendo ser realizada
independentemente, ou como parte de outros tipos de pesquisa, sendo fundamental e obrigatória para
todas as modalidades de pesquisa em qualquer área, porque a fundamentação teórica serve para
justificar os limites e contribuições da própria pesquisa.
Foi realizada uma pesquisa documental, onde foram levantados junto à empresa estudada, alguns
documentos relativos a logística reversa com o intuito de relatar como é feito o processo logístico de
retorno das embalagens ao fornecedor. Sendo assim a pesquisa se caracteriza como um Estudo de
Caso.
4. ESTUDO DE CASO
A logística reversa se mostra presente com vantagens para o meio ambiente e também para a
sociedade, como foco principal em um processo logístico que reduza as margens de erros e impactos
ao meio ambiente. Na empresa em estudo, com base na documentação analisada, percebe-se que o
processo logístico tem encontrado êxito.
A implantação de embalagens retornáveis foi um esforço conjunto entre industria automotiva e seus
fornecedores. A utilização das mesmas é uma maneira de tomar o processo logístico favorável para
ambas as partes.
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Para que a migração para embalagens retornáveis obtivesse sucesso foi necessário implementar um
modelo de etiqueta padrão, tanto para fornecedores como para o contratante dos seus serviços.
Anteriormente, no processo com embalagens de papelão as etiquetas eram impressas na recepção. Tal
fato elevava, o custo por causa dos gastos com papel e tinta além de atrasar o processo.
Outro fator dificultava o processo, era na recepção que se informava o local de endereço em que o
produto iria ficar no estoque. Como o estoque é enorme e a indústria possui diversos fornecedores, a
não existência de um local especifico por fornecedor e com as embalagens sendo parecidas, a
ocorrência de erros era enorme.
A etiqueta padrão implantada para embalagens retornáveis tem todas as especificações, conforme
observado na figura 6.
FIGURA 6: Etiqueta do fabricante de peças
FONTE: Documentos disponibilizados pela empresa
Um dos erros mais comuns ocorria quando um operador endereçava a peça em local errado, gerando
um transtorno enorme e, em alguns casos, até parada na linha de produção por que a peça não foi
encontrada. Com a etiqueta padrão, à exemplo da figura 6, reduziu a incidência desse tipo de erro.
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FIGURA 7: Etiqueta de aprovisionamento (etiqueta de código de barras)
FONTE: Documentos disponibilizados pela empresa
Podemos perceber que implementação das embalagens retornáveis com etiquetas padronizadas
reestruturou pontos complexos do o processo logístico. Na figura 7 percebe-se a indicação do nome
do fabricante, a especificação do produto e o local em que será estocado.
Utiliza-se o conceito “primeiro a entrar, primeiro a sair” First in first out (FIFO) cada fornecedor, o
qual tem seu local de estocagem pré-definido. A área de embalagens vazias está localizada próxima da
área de descarga da zona de inspeção e recebimento, para que possa se realizar a coleta ao proceder
com a entrega.
Visando mais clareza, a seguir, a figura 8 mostra a diferença entre os modelos de embalagens.
FIGURA 8: Embalagens de Papelão e Embalagens Retornáveis
FONTE: Documentos disponibilizados pela empresa
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O modelo de embalagens de papelão seus fatores positivos é mais tradicional, nas indústrias
automotivas, os fornecedores já estão acostumados a trabalhar com esse modelo. Já as retornáveis
surgiram com um perfil inovador tento como base a sustentabilidade e uma logística totalmente
padronizada.
Com a implantação das embalagens retornáveis o processo logístico se tornou mais ágil, passou a gerar
menos resíduos, e o tempo de cada operação foi otimizado, passando a fazer mais com menos
colaboradores.
Como fatores negativos das embalagens de papelão ressaltam-se: a escassez por matéria-prima tais
embalagens podem amassar e danificar o produto; maior geração de resíduos; e as operações ficam
mais longas, pois o operador logístico tem que retirar as embalagens e levar para área de dejetos.
Além de que se faz necessário por parte da empresa a contratação de uma terceira para cuidar da
reciclagem.
Como fatores negativos das embalagens retornáveis ressalta-se o investimento a ser realizado pelos
fornecedores e empresa, porém, após o estudo de caso, percebe-se que o retorno é garantido.
Através dessas informações podemos concluir que a logística reversa e embalagens retornáveis
consegue tomar o processo mais ágil e com impacto menor ao meio ambiente.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio das pesquisas realizadas para desenvolvimento deste artigo, percebeu-se os benefícios da
implantação das embalagens retornáveis nos processos logísticos da organização e consequentemente
estes benefícios criam vantagens competitivas para a empresa e a preservação do meio ambiente.
As embalagens retornáveis contribuem de forma significativa, minimizando o impacto ambiental ao
utilizar-se da logística reversa que é uma importante ferramenta para a atividade econômica.
Considerando o estudo realizado, compreende-se que as empresas que implementaram no seu processo
logístico o uso das embalagens retornáveis contribuíram para a preservação ambiental.
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Observa-se que foram constatadas as vantagens do uso de embalagens retornáveis, identificado os
benefícios ao meio ambiente, a redução de custos e a melhoria do processo produtivo da empresa.
Sugere-se uma pesquisa em outros ramos de indústria de transformação para verificar a relevância da
logística reversa e embalagens retornáveis.
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