ISSN 1984-9354 LOGÍSTICA REVERSA E EMBALAGENS RETORNÁVEIS: EM BUSCA DE UM PROCESSO LOGÍSTICO EFICAZ Área temática: Logística e Gestão da Cadeia de Suprimento Renan Gomes de Moura [email protected] Paloma De Lavor Lopes [email protected] Eduardo Cesar Vieira Ramos [email protected] Resumo: A abordagem do tema se dá devido à crescente necessidade por embalagens para transportar matéria-prima, que não cause impacto ao meio ambiente. Este artigo tem como objetivo geral constatar as vantagens do uso de embalagens retornáveis, identificando os benefícios ao meio ambiente, redução de custos e a melhoria do processo produtivo da empresa e, analisar o processo da Logística Reversa das embalagens retornáveis. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica e estudo de caso em uma indústria automotiva de uma determinada empresa da região Sul Fluminense. Como resultado, verificamos que a logística reversa através do uso embalagens retornável é benéfica, compensatória e promove uma gestão eficiente através da padronização das embalagens de seus fornecedores, agregando assim valor ao processo produtivo. Palavras-chaves: Logística reversa, Embalagens retornáveis, Sustentabilidade. XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 1. INTRODUÇÃO Devido à escassez de recursos naturais, ao alto volume de resíduos gerados por embalagens não retornáveis e à dificuldade da indústria em reciclar, os fornecedores e a indústria automotiva têm encontrado problemas para atender sua demanda por embalagens que serão utilizadas para o retorno de peças ao fornecedor. O mercado automobilístico vem tendo um crescimento significativo, consequentemente a demanda por matéria prima acaba aumentando e para efetuar o seu deslocamento e uso na linha de produção são usadas embalagens descartáveis ou recicláveis. Devido à escassez de recursos naturais e ao alto custo do processo de reciclagem, uma questão a ser verificada no estudo, seria a de como atender a demanda da indústria com o menor impacto para o meio ambiente. O gerenciamento da movimentação de embalagens retornáveis se caracteriza por uma grande oportunidade de negócio na Cadeia de Abastecimento, pois pode-se compartilhar os benefícios de um investimento, viabilizando o sistema de embalagens retornáveis. Assim questiona-se: Será que tendência atual é a utilização de embalagens retornáveis, reutilizáveis ou de múltiplas viagens por algumas organizações? Deste modo, este artigo tem como objetivo geral constatar as vantagens do uso de embalagens retornáveis, identificando os benefícios ao meio ambiente, redução de custos e a melhoria no processo produtivo da empresa e analisar o processo da Logística Reversa das embalagens retornáveis na indústria automotiva de uma determinada empresa da região Sul Fluminense. Tendo como objetivos específicos: i) definir logística e logística reversa; e (ii) analisar todo o processo produtivo, desde recepção dos produtos, seu deslocamento para linha de produção da fábrica e retirada para área de embalagens vazias depois do uso da matéria prima, até o retorno da embalagem ao fornecedor. 1. LOGÍSTICA Antes de abordar o tema ‘Logística Reversa e Embalagens Retornáveis’, necessário compreender primeiro o que é Logística. Segundo Leite (2009, p.3) a logística vem desde a Segunda Guerra 2 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 Mundial. A partir do primeiro contato com fornecedores e junto com as primeiras técnicas operacionais. A logística é uma atividade que teve origem na área militar, quando grandes exércitos se deslocavam a grandes distancias para combater e conquistar terras e riquezas e, não raro, eram obrigados a lá permanecer por longo tempo. Sua origem remonta a época dos gregos e foi aperfeiçoada por Napoleão Bonaparte, entretanto não era estudada nas escolas militares. Foi ensinada pela primeira vez na segunda metade do século XIX em um país que emergia e que tinha a ambição e o objetivo de se tornar uma grande potencia: os Estados Unidos da América. (RIOS, apud GOMES e RIBERO, 2004, p. 9) Começaram a verificar a importância da logística, com a preocupação de encontrar o caminho mais ágil e econômico para juntar demanda e oferta, permitindo os preços mais acessíveis, dentro dos prazos e dos padrões convencionais. A Logística pode ser entendida como uma das mais antigas e inerentes atividades humanas na medida em que sua principal missão é disponibilizar bens e serviços gerados por uma sociedade, nos locais, tempo, quantidades e qualidades em que são necessários aos utilizadores. Embora, muitas vezes, seja decisiva em operações militares históricas, sua introdução como atividade empresarial tem sido gradativa ao longo da história empresarial, de uma simples área de estocagem de materiais a uma área estratégia no atual cenário concorrencial. (LEITE, 2009, p.2) Acredita-se que não existirá organização lucrativa sem a utilização de uma logística adequada para atender a satisfação de clientes e combater a acirrada competitividade que o mercado desenvolve, principalmente pela crescente internacionalização das relações comerciais, políticas, sociais e culturais. 3 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 FIGURA 1: Processo Logístico FONTE: Site Administração e Gestão A logística está presente em todos os processos da empresa, conforme observado na Figura 1. A logística trata desde o recolhimento da matéria-prima na sua origem até a chegada do produto acabado ao consumidor final. Envolve controle e processos diversos, que de forma integrada satisfazem as necessidades do mercado consumidor. Segundo Gomes e Ribeiro (2004, p.11) a logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, a movimentação e o armazenamento de matérias, peças e produtos acabados (e os fluxos de informação correlatos) por meio da organização e dos seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presentes e futuras com o atendimento dos pedidos a baixo custo. Alvarenga e Novaes (2000, p.12) afirmam que para o estudo da logística, o enfoque sistêmico é bastante vital, pois os problemas advindos desse setor são múltiplos e de visões antagônicas: marketing, produção, comercialização. Transporte, finanças e etc. Pela sua natureza, a logística não é uma disciplina isolada. Ela está intrinsecamente conectada a quase todos os aspectos da administração do negócio, do preço do produto, compras, serviço ao cliente, administração do inventário, produção e distribuição. A logística também pode ter um impacto substancial sobre a capacidade da empresa de penetrar em novos mercados, melhorar sua posição competitiva e elevar sua lucratividade. Por esses motivos, a logística deveria estar envolvida em cada processo de planejamento estratégico do fabricante ou distribuidor. (CARILLO JUNIOR ET AL, 2003, p.15) 4 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 As atividades gerenciadas que compõem a logística variam de acordo com cada empresa, entre outros fatores, de estrutura organizacional, de diferentes conceitos e dos respectivos gerentes. Serviços ao cliente, previsão de demanda, comunicação de distribuição, controle de estoque, manuseio de materiais, processamento de pedidos, peças de reposição e serviços de suporte, embalagem, manuseio de produtos devolvidos, reciclagem de sucata, tráfego e transporte, e armazenagem e estocagem. Gomes e Ribeiro (2004, p.38) afirma que a logística, ocupa uma posição intermediária entre produção e marketing, devendo então ser criadas atividades de interface entre a logística e esses setores. A logística começa pelo estudo e a planificação do projeto ou do processo a ser implementado. Uma vez planejado e devidamente aprovado, passa-se à fase de implementação e operação. Muitas empresas acham que o processo termina aí. Na verdade, devido à complexidade dos problemas logísticos e à sua natureza dinâmica, todo sistema logístico precisa ser constantemente avaliado, monitorado e controlado. Há inclusive uma especialização, denominada auditoria logística, que executa de forma sistemática e permanente essas atividades de avaliação, monitoramento e controle. (NOVAES, 2007, p.37) Carillo Junior et al (2003, p.5), afirma que à necessidade de integração logística evoluiu de dentro para fora das organizações, constituindo um conjunto de organizações, desde os fornecedores de matériasprimas até o consumidor final, que se inter-relacionam. Veremos também que a Logística está muito ligada, hoje, ao produto. Na nova conceituação de cadeia varejista, todo o processo logístico, que vai da matéria-prima até o consumidor final, é considerado entidade única, sistêmica, em que cada parte do sistema depende das demais e deve ser ajustada visando o todo. Por exemplo, a Benetton, que comercializa roupas no mundo inteiro, não tinge seus produtos na hora de fabricá-los, porque o mercado da moda é muito volátil. (NOVAES, 2007, p. 13) A competência logística decorre de uma avaliação relativa da capacitação de uma empresa para fornecer ao cliente um serviço competitivamente superior ao menor custo total possível. Quando uma empresa decide diferenciar-se com base na competência logística, ela procura superar a concorrência em todos os aspectos das operações. 5 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 Sendo assim, a logística é entendida como a integração da administração de varias áreas que se relacionam diretamente entre si. Através dela nota-se também, que essas técnicas se bem alinhadas proporcionam resultados positivos. 1.1 LOGÍSTICA REVERSA A logística reversa é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo dos resíduos de pós-consumo e pós-venda e seu fluxo de informação do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recuperar valor ou realizar um descarte adequado. Segundo Tadeu et al (2013, p.4) a partir de 1980, o tema “logística reversa’ passa a ser explorado de forma mais intensa tanto no ambiente acadêmico como nos meios empresarial e público”. O conceito de logística reversa propõe um novo modelo de gestão de negócios, levando em consideração, os impactos ambientais e sociais, além das questões econômicas. Esta afirmação parte do princípio de que as organizações produtivas e as de serviços possuem atividades que podem ser nocivas ao ambiente em que vivemos. No entanto, se estas atividades forem organizadas, benefícios podem ser observados, com melhoria significativa nos padrões de vida das comunidades. (TADEU ET AL, 2013, p. 11). Segundo Tadeu et al (2013, p.12), como função estratégica, a logística reversa deve estar na pauta constante das organizações, considerando uma análise de valor e o meio em que participam. Faz-se necessário esclarecer que, ao contrário do que muitos pensam, a logística reversa é um processo com foco empresarial, pensando em retornos no mercado, e não um processo que foi desenvolvido visando o alcance a sustentabilidade. Ou seja, é um processo de cunho empresarial a fim de agregar algum tipo de valor ou tentar recuperar o máximo de valor possível em um produto que está à margem do mercado. (BOECHAT e SILVA apud TADEU ET AL, 2013, p.152). A figura 2 a seguir, apresenta o processo logístico direto. 6 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 FIGURA 2: Processo Logístico Direto FONTE: Site Rumo Sustentável Segundo Bowersox e Closs (2001, p. 152) logística reversa trata-se de um dos objetivos operacionais da logística moderna, referindo-se a sua extensão além do fluxo direto dos produtos e matérias constituintes e à necessidade de considerar os fluxos reversos de produtos em geral. A Logística Reversa cuida dos fluxos de materiais que se iniciam nos pontos de consumo dos produtos e terminam nos pontos de origem, com o objetivo de recapturar valor ou disposição final. Por exemplo, as latas de alumínio, de refrigerantes e de cerveja são hoje coletadas por pessoas de baixa renda, compactadas em volumes menores e retornadas às fabricas, num processo de reciclagem economicamente importante, tendo em vista o custo relativamente alto do metal. Esse processo reverso é formado por etapas características, envolvendo intermediários, pontos de armazenagem, transporte, esquemas financeiros etc. (NOVAES, 2007, p. 53, 54) De acordo com Gomes e Ribeiro (2004, p.9), a logística de fluxos de retorno, ou logística reversa, visa à eficiente execução da recuperação de produtos. Tem como propósito a redução, a disposição e o gerenciamento de resíduos tóxicos e não tóxicos. Muitas vezes o produto descartado, no todo ou em parte, já não tem serventia alguma para o processo industrial. Isso ocorre quando a reciclagem é antieconômica ou quando há excesso de oferta no mercado. Nessas circunstâncias, há necessidade de ser garantir a disposição final para onde os produtos não mais utilizáveis sejam colocados de forma segura para a população e para o meio ambiente. (NOVAES, 2007, p. 54) 7 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 Entendemos então que o conceito de logística reversa como um conjunto de operações e ações ligadas, desde a redução de matérias-primas primárias até a destinação final correta de produtos, matérias e embalagens com o seu consecutivo reuso, reciclagem e/ou produção de energia. Por isso observamos que a logística reversa recebe também denominações como logística integral ou logística inversa. 1.2CADEIA DE SUPRIMENTOS Acerca do conceito de cadeia de suprimentos, podemos constatar que é um conjunto de atividades que se repetem varias vezes, formando um ciclo com agregação de valor. Isto leva a entender, portanto que são os diversos processos nos quais o produto é envolvido desde a aquisição de matéria-prima até o produto acabado e, é posteriormente, até a chegada ao consumidor. A Cadeia de Suprimentos é um conjunto de atividades funcionais (transporte, controles de estoque, etc.) que se repetem inúmeras vezes ao longo do canal pelo qual matérias-primas vão sendo convertidas em produtos acabados, aos quais se agrega valor ao consumidor. (BALLOU, 2007, p. 29) De acordo com Gomes e Ribeiro (2004, p.122) o conceito de cadeia de suprimentos é uma extensão da logística. O gerenciamento da logística está primeiramente preocupada com a otimização de fluxos dentro da organização, enquanto a GCS reconhece que a integração interna por si só não é suficiente. Quando adquirimos um produto, não imaginamos o longo processo necessário para converter matéria-prima, mão de obra e energia em algo útil ou prazeroso; Muitas vezes, produtos complexos como o automóvel requerem matéria-prima de natureza variada (metais, plásticos, borracha, tecidos) e são montados a partir de um número muito elevado de componentes. Noutros casos, como uma bandeja de ovos fresco, o produto é formado pelo elemento básico (os ovos), mas há que se considerar também o suporte do plástico, a etiqueta e o código de barras. (NOVAES, 2007, p. 38) Segundo Gomes e Ribeiro (2004, p.121) o conceito de cadeia de suprimentos é uma extensão da logística. O gerenciamento da logística está primeiramente preocupada com a otimização de fluxos dentro da organização, enquanto a GCS reconhece que a integração interna por si só não é suficiente. A figura 3 a seguir mostra a cadeia de suprimentos reversa. 8 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 FIGURA 3: Ciclo Logístico Reverso FONTE: Site Gestão Ambiental como um legado a Logística Reversa Houve um tempo em que as empresas viam seus fornecedores e clientes como adversários e procuravam reduzir seus custos ou aumentar seus lucros às custas de seus parceiros. Atualmente, as empresas que atuam dessa forma percebem que a simples transferência de custos para os parceiros não as torna mais competitivas. As companhias de ponta reconhecem a falácia dessa abordagem e procuram tornar a cadeia de suprimentos competitiva como um todo, com o valor que elas adicionam e os custos que elas reduzem em geral. (GOMES e RIBEIRO, 2004, p. 121) Gomes e Ribeiro (2004, p.124) afirmam que o prazo (lead time) é definido como o período decorrido entre o recebimento do pedido do cliente e a entrega do produto. As principais métricas que podem ser utilizadas nesse contexto são: tempo de ciclo empregado na obtenção dos materiais, flexibilidades, nível de serviço dos fornecedores, custo total de estoque, número de fornecedores e desempenho destes em termos de prazo, quantidade e qualidade. (BERTAGLIA, 2003, p. 152) 9 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 FIGURA 4: Cadeia de Suprimentos Fluxo do Produto FONTE: Site Introdução a Logística A cadeia de suprimentos, conforme figura 4, é o processo implantado pela empresa que vai transformar matéria-prima em produtos finais para seus clientes. A gestão da cadeia de abastecimento é usada por uma empresa para garantir que sua cadeia de suprimentos seja eficiente e rentável. Isto normalmente é composto por cinco fases: planejamento, desenvolvimento, fabricação, logística e retorno financeiro. É importante notar que o novo conceito de Cadeia de Suprimentos focaliza o consumidor com um destaque excepcional, pois todo o processo deve partir dele, buscando equacionar a cadeia de suprimentos de maneira a atendê-lo, na forma por ele desejada. Outro ponto importante a destacar é a integração exigida entre todos os elementos da cadeia de suprimento. (NOVAES, 2007, p. 40) De acordo com Figueiredo, Fleury e Wanke (2003, p.32), quando a concorrência era menor, os ciclos de vida dos produtos eram mais longo, e a incerteza era mais controlável, tinha sentindo perseguir a excelência nos negócios por meio da gestão eficiente de atividades isoladas. Com o objetivo de disponibilizar o produto no tempo certo ao cliente, com essa forma passa a enxergar o cliente como um integrante da cadeia. Chopra e Meindi (2004) afirmam que uma cadeia de suprimentos engloba todos os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no atendimento de um pedido do cliente. A cadeia de suprimentos 10 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 não inclui apenas fabricantes e fornecedores, mas também transportadoras, depósitos varejistas e os próprios clientes. Vimos que cadeia de suprimentos é o conjunto de atividades combinadas para que a logística possa desempenhar seu processo. Desta forma envolve todos os procedimentos presentes dentro da cadeia e vão desde o inicio das retiradas de matérias-primas, transporte e armazenagem até as mais complexas tecnologias que irão beneficiar as partes envolvidas dentro da cadeia favorecendo a distribuição do produto ao cliente. 2. SUSTENTABILIDADE Segundo Tadeu et al (2013, p.43) uma coisa não se discute: sustentabilidade é a palavra do momento. Em todos os meios de comunicação ou quando nos deparamos com os mais variados discursos é a palavra-chave. Ser sustentável está muito além de cuidar das questões ambientais do planeta. Ser sustentável é saber agregar vantagem competitiva em suas ações, resultando assim no bem-estar da geração presente e ao mesmo tempo preocupando-se com uma melhor qualidade de vida para as gerações futuras. A figura 5 a seguir representa o ciclo da sustentabilidade. FIGURA 5: Sustentabilidade FONTE: Site Detalhes da Notícia - Tribuna Livre 11 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 Ter um negócio sustentável e ser sustentável, entretanto, é uma nova exigência do mercado. Aqueles que acharem os caminhos para se diferenciar serão os beneficiados, ganharão seu espaço nos mercados, agregarão valor a seus processos e sua competitividade. Para tanto, uma mudança da agenda das empresas deve ser feita para que todas as dimensões defendidas no conceito de desenvolvimento sustentável. (BOECHAT e SILVA apud TADEU ET AL, 2013, p.148). Sachs (2000, p.42) afirma que sustentabilidade se refere a uma nova concepção dos limites e da fragilidade do planeta, englobando as necessidades da população. 2.1 EMBALAGENS RETORNÁVEIS O uso de embalagens retornáveis tem sido proposto como uma medida para aumentar o lucro da empresa e obter impacto ambiental positivo (redução de impacto). Em muitos casos, essa embalagem pode ser realmente econômica e trazer muitos benefícios ambientais. As embalagens podem ser fabricadas a parti de diversos materiais, incluindo plástico, papelão, alumínio ou até aço. Selecionar o material da embalagem inclui analisar os seguintes itens: ciclo de vida da embalagem, capacidade de peso, capacidade de estocagem, resistência química, temperatura de operação, resistência a flamabilidade, certificação governamental, especificações dimensionais exigidas, características de segurança, fatores externos e reciclagem. (GOMES e RIBEIRO, 2004 p. 140, 141). Adicionalmente, ainda devem ser analisados os diferentes custos para os vários tipos de embalagens retornáveis ou não, devem ainda ser analisadas as diversas funções nas quais serão aplicadas e que interferem na capacidade de reaproveitar as embalagens. De acordo com a aplicação, as embalagens podem se classificadas para: Armazenagem: refere-se a embalagens utilizadas para armazenar produtos em almoxarifados ou locais fixos. Essas embalagens devem permitir a locomoção de unidades individuas. Estantes de armazenagem rápida: trata de estoques intermediários na linha de produção ou em tudo o processo de fabricação do produto. A embalagem deve ser de fácil movimentação e permitir deslocamentos tanto de uma como de várias unidades, de acordo com o processo. 12 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 Distribuição: refere-se a embalagens utilizadas para transportar materiais entre o fabricante e o comprador. Essa embalagem deve garantir grande segurança ao produto transportado, pois, ao longo do transporte, serão enfrentadas diversas condições. Segundo Gomes e Ribeiro (2004, p.87), o tipo de embalagem depende, portanto, de diversas propriedades, como estocabilidade, capacidade da embalagem, fácil acesso para o transporte e aspectos de segurança. Quando a empresa considera as embalagens retornáveis, muitos fatores-chave podem ser considerados. O uso de embalagens retornáveis ou descartáveis influencia diretamente toda a cadeia de suprimentos. 3. METODOLOGIA Realizou-se uma pesquisa bibliográfica que envolve autores que descrevem de maneira objetiva o que é Logística, Logística Reversa e seu impacto com o meio ambiente, entre outros fatores. Segundo Rampazzo (2002, p.53) a pesquisa bibliográfica tem por objetivo explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em livros, anais, artigos entre outros, podendo ser realizada independentemente, ou como parte de outros tipos de pesquisa, sendo fundamental e obrigatória para todas as modalidades de pesquisa em qualquer área, porque a fundamentação teórica serve para justificar os limites e contribuições da própria pesquisa. Foi realizada uma pesquisa documental, onde foram levantados junto à empresa estudada, alguns documentos relativos a logística reversa com o intuito de relatar como é feito o processo logístico de retorno das embalagens ao fornecedor. Sendo assim a pesquisa se caracteriza como um Estudo de Caso. 4. ESTUDO DE CASO A logística reversa se mostra presente com vantagens para o meio ambiente e também para a sociedade, como foco principal em um processo logístico que reduza as margens de erros e impactos ao meio ambiente. Na empresa em estudo, com base na documentação analisada, percebe-se que o processo logístico tem encontrado êxito. A implantação de embalagens retornáveis foi um esforço conjunto entre industria automotiva e seus fornecedores. A utilização das mesmas é uma maneira de tomar o processo logístico favorável para ambas as partes. 13 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 Para que a migração para embalagens retornáveis obtivesse sucesso foi necessário implementar um modelo de etiqueta padrão, tanto para fornecedores como para o contratante dos seus serviços. Anteriormente, no processo com embalagens de papelão as etiquetas eram impressas na recepção. Tal fato elevava, o custo por causa dos gastos com papel e tinta além de atrasar o processo. Outro fator dificultava o processo, era na recepção que se informava o local de endereço em que o produto iria ficar no estoque. Como o estoque é enorme e a indústria possui diversos fornecedores, a não existência de um local especifico por fornecedor e com as embalagens sendo parecidas, a ocorrência de erros era enorme. A etiqueta padrão implantada para embalagens retornáveis tem todas as especificações, conforme observado na figura 6. FIGURA 6: Etiqueta do fabricante de peças FONTE: Documentos disponibilizados pela empresa Um dos erros mais comuns ocorria quando um operador endereçava a peça em local errado, gerando um transtorno enorme e, em alguns casos, até parada na linha de produção por que a peça não foi encontrada. Com a etiqueta padrão, à exemplo da figura 6, reduziu a incidência desse tipo de erro. 14 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 FIGURA 7: Etiqueta de aprovisionamento (etiqueta de código de barras) FONTE: Documentos disponibilizados pela empresa Podemos perceber que implementação das embalagens retornáveis com etiquetas padronizadas reestruturou pontos complexos do o processo logístico. Na figura 7 percebe-se a indicação do nome do fabricante, a especificação do produto e o local em que será estocado. Utiliza-se o conceito “primeiro a entrar, primeiro a sair” First in first out (FIFO) cada fornecedor, o qual tem seu local de estocagem pré-definido. A área de embalagens vazias está localizada próxima da área de descarga da zona de inspeção e recebimento, para que possa se realizar a coleta ao proceder com a entrega. Visando mais clareza, a seguir, a figura 8 mostra a diferença entre os modelos de embalagens. FIGURA 8: Embalagens de Papelão e Embalagens Retornáveis FONTE: Documentos disponibilizados pela empresa 15 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 O modelo de embalagens de papelão seus fatores positivos é mais tradicional, nas indústrias automotivas, os fornecedores já estão acostumados a trabalhar com esse modelo. Já as retornáveis surgiram com um perfil inovador tento como base a sustentabilidade e uma logística totalmente padronizada. Com a implantação das embalagens retornáveis o processo logístico se tornou mais ágil, passou a gerar menos resíduos, e o tempo de cada operação foi otimizado, passando a fazer mais com menos colaboradores. Como fatores negativos das embalagens de papelão ressaltam-se: a escassez por matéria-prima tais embalagens podem amassar e danificar o produto; maior geração de resíduos; e as operações ficam mais longas, pois o operador logístico tem que retirar as embalagens e levar para área de dejetos. Além de que se faz necessário por parte da empresa a contratação de uma terceira para cuidar da reciclagem. Como fatores negativos das embalagens retornáveis ressalta-se o investimento a ser realizado pelos fornecedores e empresa, porém, após o estudo de caso, percebe-se que o retorno é garantido. Através dessas informações podemos concluir que a logística reversa e embalagens retornáveis consegue tomar o processo mais ágil e com impacto menor ao meio ambiente. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio das pesquisas realizadas para desenvolvimento deste artigo, percebeu-se os benefícios da implantação das embalagens retornáveis nos processos logísticos da organização e consequentemente estes benefícios criam vantagens competitivas para a empresa e a preservação do meio ambiente. As embalagens retornáveis contribuem de forma significativa, minimizando o impacto ambiental ao utilizar-se da logística reversa que é uma importante ferramenta para a atividade econômica. Considerando o estudo realizado, compreende-se que as empresas que implementaram no seu processo logístico o uso das embalagens retornáveis contribuíram para a preservação ambiental. 16 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 Observa-se que foram constatadas as vantagens do uso de embalagens retornáveis, identificado os benefícios ao meio ambiente, a redução de custos e a melhoria do processo produtivo da empresa. Sugere-se uma pesquisa em outros ramos de indústria de transformação para verificar a relevância da logística reversa e embalagens retornáveis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, A. C.: NOVAIS, A. G. N. Logística aplicada: Suprimento e distribuição física. 3. ed. São Paulo: Edgar Blücher, 2000. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimentos. Tradução: Equipe do Centro de Estudos em Logística- São Paulo. São Paulo: Atlas, 2001. 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