A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES. A pedagogia Empresarial * Mariluce Lima Tavares Padilha * Resumo: O presente artigo tem por finalidade buscar o entendimento sobre a papel do pedagogo dentro das organizações e a que interesses ele foi chamado a atender. Procura-se também compreender a importância da pedagogia empresarial, no contexto das mudanças no mundo do trabalho e os novos perfis profissionais exigidos pelas empresas neste . A metodologia utilizada neste, fundamenta-se em pesquisas bibliográficas sendo os principais autores estudados, Libanêo (1999, 2002) Ribeiro (2007), Almeida (2007), Holtz (2006). O pedagogo empresarial cumpre um papel importante dentro das empresas capaz de provocar mudanças comportamentais nos indivíduos através de um processo de capacitação e qualificação destes, tornando-os mais criativos, participativos, motivados, flexíveis, através das novas aprendizagens. Palavras–chave:Pedagogia Desenvolvimento. Empresarial. Aprendizagem. Capacitação. INTRODUÇÃO. A pedagogia deixou de ser apenas mais uma disciplina da área da educação, entrou no mercado de maneira mais ampla, suprindo necessidades da sociedade e das empresas no que tange a qualificação e desenvolvimento de competências profissionais. A realidade empresarial hoje requer um apoio específico de profissionais que permitam a garantia de resultados e soluções para os problemas existentes, com rapidez e eficiência. Este novo cenário da educação em espaços não – escolares visa, através de ações bem definidas, desenvolver o potencial humano. Sendo o pedagogo um estudioso das áreas educativas tanto social, cultural e intelectual cabe ele conduzir o relacionamento humano na empresa, objetivando processos formativos que tragam como resultado uma maior efetividade social e profissional, garantindo satisfação ao trabalhador e a empresa concumitantemente. * Graduanda do 8º período do curso de pedagogia pela Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação do professor Ms. Elias Pascoal. O presente trabalho se estrutura em forma de um artigo científico, onde primeiramente se busca conceituar a educação, situando-a historicamente no contexto das relações humanas, onde ela apresenta com grau de informalidade, não-formalidade e de formalidade, como melhor a conhecemos nos espaços escolares. Na sequência, aborda-se a relação existente entre a educação e a pedagogia, sendo que a pedagogia serve para investigar a natureza, as finalidades e os processos necessários às práticas educativas com o objetivo de propor a realização desses processos nos contextos em que essas práticas ocorrem, e como área do conhecimento a sua especificidade é realizar uma visão clara e unificadora da realidade da educação. Outro tópico neste trabalho é o contexto histórico da Pedagogia Empresarial que surge num momento de mudanças e de novas exigências do mercado por um novo perfil de trabalhador fruto de um processo de treinamento, avaliação e organização do trabalho. A ação pedagógica neste momento foi essencial para a formação destes, já que o apelo das empresas era por funcionários que desenvolvessem suas habilidades com qualidade total, sendo pessoa crítica, flexível, e que contribuísse para o desenvolvimento da empresa agregando valores, idéias, criatividade e inovação. Percebe-se então que todos deveriam passar pelo ensino-aprendizagem, neste ponto concluiram, então, que não haveria melhor profissional para o desenvolvimento desta ação do que o pedagogo, já que a pedagogia tem por objeto a educação. Diante da especificidade da formação do pedagogo, buscou-se verificar as possibilidade de atuação deste em ambiente empresarial, como um agente facilitador aos processo de desenvolvimentos das habilidades intelectuais e laborais, como um estudioso das ciências humanas, onde se buscasse entender cada indivíduo para então capacitá-lo ou melhor instruí-lo de acordo com as necessidades vistas, através do desenvolvimento de seu potencial humano e profissional. CONCEITOS DE EDUCAÇÃO. A educação compreende processos formativos que ocorrem no meio social, ou seja, uma atividade humana necessária a existência e funcionamento de todas as sociedades. A prática educativa não é apenas uma exigência da vida em sociedade, mas uma forma de incitar os indivíduos a adquirirem conhecimentos e experiências culturais, tornando-os aptos a atuarem no meio social. As idéias relativas a educação já vem desde os tempos mais antigos e não estavam organizados de uma forma sistematizada. Um exemplo dos pensamentos da educação nos povos “ditos” primitivos são os pensamentos religiosos, políticos, morais e os trabalhos manuais diários como: a pesca, a caça, a cozinha que passavam de geração em geração sem haver uma instituição organizada onde podiam se transmitir esses conhecimentos. Conforme afirma Libâneo, (1999, p.17) a educação compreende processos mais amplos, naturalmente desenvolvidos no cotidiano dos indivíduos. Em sentido amplo, a educação compreende os processos formativos que ocorrem no meio social, nos quais os indivíduos estão envolvidos de modo necessário e inevitável pelo simples fato de existirem socialmente, neste sentido, a prática educativa existe numa variedade de instituições e atividades sociais decorrentes da organização econômica, política e legal de uma sociedade, da religião, dos costumes, das formas de convivência humana. Em sentido restrito, a educação ocorre em instituições específicas, escolares ou não, com finalidades explícitas de instrução e ensino mediante uma ação consciente, deliberada e planificada, embora sem separar-se daqueles processos formativos gerais. Assim a educação não é, pois, para a sociedade, senão o meio pelo qual ela prepara, no íntimo das crianças, as condições essenciais da própria existência. Ela ocorre em todos os contextos e âmbitos da existência individual e social humana, de modo institucionalizado ou não, sob várias modalidades entre essas práticas, há as que acontecem de forma difusa e dispersas são as que ocorrem nos processos de aquisição de saberes e modo de ação de modo não intencional e não institucionalizado configurando a educação informal. Também existem as práticas educativas realizadas em instituições não convencionais de educação, mas com certo nível de intencionalidade de sistematização, tais como as que se verificam nas organizações profissionais, nos meios de comunicação, nas agências formativas para grupos sociais específicos, caracterizando a educação não formal. Neste sentido, Toscano (2004 p.17), nos esclarece sobre o verdadeiro sentido da educação do ponto de vista sociológico, podendo ser definida como a “ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas ainda não amadurecidas para a vida social” ou em outras palavras, a “educação é a socialização da criança” (apud DURKHEIM,1967). Portanto, a Educação é uma atividade social, política e econômica, que se manifesta de diversas formas e que seu sistema de ações e operações exercem influências na formação de convicções para o desenvolvimento humano do ser social e do ser individual. Libâneo, (apud PIMENTA, 2002) contribui para essa discussão ao conceituar os três tipos de educação, sendo elas a educação formal, educação não formal e educação informal. Educação formal, é reconhecida por entidades governamentais, acontece nas agências de instrução e educação. É claramente estruturada e oferece certificação. Educação não - formal, visivelmente estruturada, propiciada por instituição que não pertence ao chamado sistema formal de educação e treinamento como associações e ONGs. Educação informal pode acontecer em diferentes campos em diferentes situações ao contato a outros indivíduos, ocorre ao longo de toda vida, adquirida através de contatos pessoais, observação de situações, uso do computador. “[...] o campo educativo é bastante vasto porque a educação ocorre na família, na rua, no trabalho, nas fábricas, na política, nos meios de comunicação. Com isso cumpre distinguir diferentes manifestações e modalidades de prática educativa tais como a educação informal, formal e não- formal”. (LIBÂNEO, 1999, p. 25). Portanto, falar de educação não é somente conceituar algumas hipóteses e sim entender onde, quando, e como ela ocorreu, pois através de tais estudos percebe-se que a educação ocorre em qualquer lugar, em qualquer hora e em diferentes situações, pois aprendemos desde que nascemos em diferentes situações. As práticas educativas não se dão de uma forma isolada das relações sociais que caracterizam a estrutura econômica e política de uma sociedade, mas estão subordinadas a interesses de grupos e de classes sociais. De acordo com Gohn (1999), a educação formal, desenvolvida em ambientes escolares, sempre teve atenção especial pelas políticas públicas e pelos educadores no Brasil, já a educação não – formal que era vista como uma extensão da educação formal e era desenvolvida fora do âmbito escolar não teve atenção ou importância por volta dos anos 80. Com as mudanças da economia, apelos da mídia, agências e organismos internacionais, como a ONU e a UNESCO, surge um novo campo para a educação não – formal passando a ganhar destaques na sociedade e no mundo de trabalho, visto que os processos de aprendizagem em grupo, os valores culturais, e o próprio indivíduo passaram a ser valorizados, pois percebe - se a grande importância da aprendizagem e buscam formas de então ela ocorrer no espaço extra - escolar visando novas ferramentas para a aprendizagem e conteúdos básicos, teóricos e práticos, valores e atitudes para desenvolver a capacidade humana. A educação é abordada enquanto forma de ensino/aprendizagem adquirida ao longo da vida dos cidadãos; pela leitura, interpretação e assimilação dos fatos, eventos e acontecimentos que os indivíduos fazem, de forma isolada ou em contato com grupos e organizações, A educação escolar, formal, oficial, desenvolvida nas escolas, ministrada. Põe entidades públicas ou privadas, é abordada como uma das formas da educação. A educação não- formal designa um processo com quatro campos ou dimensões, que correspondem a suas áreas de abrangência. O primeiro envolve a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos, “[...] Segundo, a capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem e habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades. Terceiro, a aprendizagem e exercício de práticas que os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos.” “[...] O quarto, e não menos importante, é a aprendizagem dos conteúdos da escolarização formal, escolar, em formas e espaços diferenciados." (GOHN,1999, p.101,102). Quando falamos de educação logo nos remete a imagem da escola, mas estudiosos ao se referirem sobre o assunto pouco querem falar de processos formalizados de ensino. Dentre eles, Toscano, Libâneo, Chauí, identificam processos sociais de aprendizagem onde não existe ainda nenhuma situação propriamente escolar de transferência do saber. Nas aldeias tribais o saber vai da confecção do arco e flecha à repetição das rezas sagradas aos deuses da tribo. Da convivência entre eles o saber flui, pelos atos de quem sabe e faz, para quem não sabe e aprende. Mesmo quando os adultos encorajam e guiam os momentos e situações de aprender de crianças e adolescentes, são raros os tempos especialmente reservados apenas para o ato de ensinar. Nas aldeias dos grupos tribais mais simples, toda a relação entre a criança e a natureza, guiadas de mais longe ou mais perto pela presença de adultos conhecedores, são situações de aprendizagem. Neste sentido, Brandão (1993, p.18), vem confirmar que o aprendizado ou a educação pode ocorrer em muitos lugares institucionalizados ou não, em qualquer idade, classe social, ou em diferentes culturas, sob as várias modalidades identificando a prática pedagógica em seus variados meios de ocorrência. “A criança vê, entende, imita e aprende a sabedoria que existe no próprio gesto de fazer a coisa. São também situações de aprendizagem aquelas em que as pessoas do grupo trocam bens materiais entre si ou trocam serviços e significados: na turma de caçada, no barco de pesca, no canto da cozinha da palhoça, na lavoura familiar ou comunitária de mandioca, nos grupos de brincadeiras de meninos e meninas, nas cerimônias religiosas.” Émile Durkhein, sociólogo da educação, esclarece que sob o regime tribal, a característica essencial da educação é que não existe um mestre determinado para a formação da juventude e sim administrada por todos os elementos do clã. Portanto não existe um modelo para se educar, não existe uma única maneira. A educação ocorre a partir do momento em que se observa, entende, aprende e imita, então, este processo não acontece somente na sala de aula, onde existe um professor para educar e sim em todos os povos, lugares, classes sociais, empresas, a aprendizagem está presente de várias maneiras. Mais uma vez, Libâneo (1999, p. 27) colabora esta construção ao asseverar que: Em várias esferas da sociedade surge a necessidade de disseminação e internalização de saberes e modos de ação (conhecimentos, conceitos, habilidades, hábitos, procedimentos, crenças, atitudes), levando a práticas pedagógicas. Mesmo no âmbito da vida privada. Diversas práticas educativas levam inevitavelmente a atividades de cunho pedagógico na cidade, na família nos pequenos grupos, nas relações de vizinhança. A educação se associa, pois, para Libâneo, a processos de comunicação e interação pelos quais os membros de uma sociedade assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes, valores existentes no meio culturalmente organizado e, com isso ganham o patamar necessário para produzir outros saberes, técnicas, valores, etc. Podendo ser entendida em dois sentidos. Social e restrito pedagógico. No sentido social a educação é o processo de mediação de transmissão onde a experiência que fora acumulada por gerações é transmitida para os mais novos com a finalidade de prepará-los para a vida e o trabalho na sociedade onde vivem. No sentido restrito pedagógico a educação pode ser entendida como uma atividade intencional e organizada para o desenvolvimento da formação integral da personalidade. O autor situa a educação como fenômeno social universal determinando o caráter existencial e essencial da mesma. Relata também os tipos de educação, a não intencional, refere-se a influências do contexto social e do meio ambiente sobre os indivíduos. Já a intencional refere-se àquelas que têm objetivos e intenções definidos. Libâneo descreve o papel social da educação e como seus conteúdos objetivos são determinados pela sociedade, política e ideologia predominantes, citando a importância da educação com os processos formadores da sociedade. Já que desde o início da história da humanidade as pessoas trabalhavam em grupos com o intuito de garantir sua sobrevivência, observa-se que estas influências são como fatores fundamentais das desigualdades entre os homens, sendo um traço necessário desta sociedade e descreve as ideologias como valores apresentados pela minoria dominante, politizando a prática educativa e demonstrando o seu envolvimento com o social. A EDUCAÇÃO E A PEDAGOGIA. Segundo Libâneo a ciência da educação justifica a razão da pedagogia e sua existência é o fato desse campo ocupar-se do estudo sistemático das práticas educativas que se realizam em sociedade como processos fundamentais na condição humana. Ainda, segundo o autor a pedagogia serve para investigar a natureza, as finalidades e os processos necessários às práticas educativas com o objetivo de propor a realização desses processos nos contextos em que essas práticas ocorrem, e como área do conhecimento a sua especifidade é realizar uma visão clara e unificadora da realidade da educação. Pedagogia para Libâneo (apud GHIRALDELLI,1997 p.132) é uma área do conhecimento que investiga a realidade educativa no geral e no particular, onde a ciência pedagógica pode postular para si, isto é, ramos de estudos próprios dedicados aos vários âmbitos da prática educativa, complementados com a contribuição das demais ciências a educação, ou seja, a atuação do pedagogo é ampla e vai além do contexto escolar. Holtz define a pedagogia como ciência que investiga e define o objetivo da educação por meio da investigação e da prática, como arte determina, aplica e executa as tecnológias e o resultado das pesquisas das teorias conhecidas pelo pedagogo, para chegar aos objetivos da educação. Comenta ainda que apesar de remoto o tempo da sua existência a pedagogia demorou muito tempo para ser considerada ciência, isto é, “como um conjunto sistematizado de verdades demonstradas sobre a educação”. A pedagogia estuda e aplica doutrinas e princípios para um programa de ação. Com os meios mais eficientes e estímulos das faculdades de personalidade humana, de acordo com ideais e objetivos adequados a uma determinada concepção de vida. (HOLTZ, 2006, p.28). Diante de tal afirmação verifica-se que a pedagogia pretende conhecer, sondar as dificuldades do aluno, funcionário, do ambiente de trabalho, enfim, criar atividades investigativas relativas para que aconteça a aprendizagem e adaptando-o as condições do meio onde está inserido. Portanto vale ressaltar que para Holtz, o processo de influências recebidas pelo educando ou participante de uma empresa em que trabalha é a educação. A pedagogia faz parte das ciências humanas, que quer dizer : ciências que tem por objeto a investigação do próprio ser humano, com campos a serem estudados distribuídos da seguinte forma: Psicologia, Sociologia, Economia, Antropologia, História, filosofia, Linguística e Psicanálise. Holtz, avalia que o campo das ciências humanas seja um grande aliado para a ação do pedagogo na área empresarial já que o mesmo tem necessidade de conhecer tudo que diz respeito a pessoa humana, buscando formas de orientá-lo com eficiência e buscando soluções práticas para os transtornos que lhe incomodam, tanto de ordem, social, espiritual e individual, portanto esclarece a seguir: A pedagogia é definida como a ciência e a arte da educação. Ciência, quando investiga, analisa, sistematiza e define - mediante observação e experimentação prática - qual deve ser o objetivo da educação. Arte, que define a execução, aplica e põe em prática, de maneira mais inteligente e eficaz, as tecnologias, o resultado das investigações das teorias conhecidas pelo pedagogo, para atingir os objetivos da Educação. A PEDAGOGIA estabelece: Aquilo que se deve fazer. Estuda os meios de realizar. Põe em prática aquilo que o concebeu. Então a pedagogia estuda e aplica doutrinas e princípios para um programa de ação, com meios mais eficazes de formação, aperfeiçoamento e estímulo das faculdades da personalidade humana, de acordo com ideais e objetivos adequados a uma determinada concepção de vida. (HOLTZ 2006, p. 27 e 28). Cabe ao pedagogo empresarial conhecer todo o corpo empresarial, para investigar as dificuldades, apurar resultados, criar novas atividades teorias e hipóteses. Adaptar o ser humano às condições do meio, agir de maneira formativa e disciplinadora. Então, a função da pedagogia é mostrar COMO AGIR de maneira mais construtiva e produtiva para si, para os outros e para a sociedade. A pedagogia apresenta atividades práticas que levam a atingir o objetivo determinado. (HOLTZ, 2006, p.31). Como o pedagogo está apto para levar a aprendizagem ao indivíduo, sua função na empresa é identificar as debilidades de cada um e apresentar um novo método para alcançar os objetivos propostos, levando em consideração o potencial e a capacidade de cada indivíduo. O CONTEXTO HISTÓRICO DA PEDAGOGIA EMPRESARIAL A partir da década de 1970, com as dificuldades apresentadas por trabalhadores dentro das empresas, iniciou-se o processo de formação profissional, já que houve uma crescente automação do processo de trabalho, de novas tecnologias, onde a classe trabalhadora encontrava-se totalmente despreparada para o estágio de desenvolvimento industrial. profissionalização dos As empresas trabalhadores para começara, então acompanhar as a reclamar transformações tecnológicas, com isso os treinamentos começaram a serem desenvolvidos nas empresas com maior eficácia. A partir de então a educação sofreu mudanças, deixando de ser restrita ao processo de ensino-aprendizagem escolar formal para formar o trabalhador viável naquele momento. Com as mudanças e novas exigências do mercado, um novo perfil de trabalhador foi traçado, e com a repercusão dessa prática o pedagogo passa então a envolver-se em todo o processo de treinamento, avaliação e organização do trabalho. A ação pedagógica neste momento foi essencial para a formação destes, já que o apelo pelas empresas era de funcionários que desenvolvessem suas habilidades com qualidade total, pessoa crítica, flexível, e que contribuísse para o desenvolvimento da empresa agregando valores, idéias, criatividade e inovação. Percebe-se então que todos deveriam passar pelo ensino-aprendizagem, neste ponto perceberam que não havia melhor profissional para o desenvolvimento desta ação do que o pedagogo, já que a pedagogia tem por objeto “a educação”. O que capacita este profissional neste novo campo é a formação na área de gestão escolar, gestão participativa, podendo ser devidamente adaptada para a empresa e especialmente a área de planejamento, visto que o pedagogo é o agente educacional da empresa, sua função é a conscientização da educação dentro dos interesses empresariais de cada momento específico. A pedagogia empresarial se ocupa basicamente com os conhecimentos, as competencias, as habilidades e as atitudes diagnósticadas como indispensáveis/ necessários à melhoria da produtividade. Para tal, implanta programa de qualificação profissional, produz e difunde o conhecimento, estrutura o setor de treinamento, desenvolve programas de levantamentos de necessidades de treinamento, desenvolve e adapta metodologias da informação e da comunicação às práticas de treinamento. (RIBEIRO, 2007, p.11) Preparar os empregados dentro das perspectivas do mercado atual é um enorme desafio, e o pedagogo como facilitador provocador de mudanças, de mentalidade, cultura desempenha este papel. Sua habilidade em lidar com a comunicação e a aprendizagem faz dele uma figura importantíssima no processo, já que o objetivo é formar, aprimorar e aperfeiçoar conhecimentos destes profissionais. No entanto é oportuno acrescentar que investir em algumas horas trabalhadas em educação e treinamento é um grande investimento, pois a dupla consequência desse esforço é a maior competitividade da empresa e mais empregabilidade para seus funcionários onde os mesmos agregam um alto desenvolvimento pessoal, progresso na empresa, nas relações interpessoais e de trabalho, auto-realização, reconhecimento do trabalho em si e segurança no emprego. Para que tais objetivos possam ser alcançados, torna-se necessário uma comprensão clara do que se entende, na política de recursos humanos da empresa, como eficiência, eficácia e cujos objetivos buscam muito mais do que acumular técnicas ou conhecimentos, mas, acima de tudo, promover mudanças e atitudes mais amplas. A sua principal missão é desenvolver o potencial humano, seus conhecimentos, suas habilidades, com autodisciplina decorrente da autonomia e da responsabilidade. O processo de capacitação do empregado necessita da ação do profissional de pedagogia, visto que ele tem uma fundamentação sobre as correntes pedagógicas que orientam a prática educativa, uma vez que são elas que irão dar sustentação teórico-metodológica neste processo de ensinoaprendizagem. (BONFIM,1995, p.6). O pedagogo é o agente educacional da empresa, sua função é a concretizaçao da educação dentro dos interesses empresariais de cada momento específico. Sendo assim este profissional agrega valores com outros profissionais como o administrador, a equipe de recurosos humanos, educa e forma o trabalhador dentro das perspectivas empresariais. O pedagogo é visto pela empresa como um dos profissionais de recursos humanos com excelente conteúdo e competência para lidar com esse processo, embora não seja exclusividade desse profissional, já que no modelo atual de organização é necessário alguém que detém um saber ligado ao conhecimento do processo aprendizagem, de técnicas, de recursos e formas para que tudo aconteça da melhor forma possível. Segundo Lindquist (2004), os desafios lançados para o pedagogo são grandes, não se resume simplesmente em coordenar treinamentos, elaborar planos, metas, avaliar os cursos de relações humanas. As empresas querem um aliado, um representante, que convença todos os trabalhadores de que ele é uma pessoa muito importante para a empresa e que todos trabalhando juntos em um ambiente saudável, todos possam ganhar, pois o ganho acontece a partir do momento em que a parceria empresa e empregado acontece. Este é um desafio difícil porque os fatos muitas vezes contradiz o discurso. Holtz (2006), diz que uma empresa é a associação de pessoas, para explorar uma atividade com objetivo definido, liderada pelo empresário, pessoa empreendedora, que dirige e lidera a atividade com o fim de atingir os objetivos também definidos. E que a pedagogia e a empresa fazem um casamento perfeito e agem na mesma direção, a provocar mudanças no comportamento das pessoas, ou seja, aprendizagem, sendo ela a especialidade da pedagogia e do pedagogo. Embora, sabemos que os objetivos da escola e da empresa não sejam os mesmos, ambos os lugares agregam pessoas para o desempenho de atividades com objetivos específicos. O líder, o pedagogo, gestor e administrador são os principais profissionais que lideram para fins educacionais. Ribeiro ( 2007, p.11), ressalta que: “[...]Cabe a pedagogia a busca de estratégias e metodológias que garantam uma melhor aprendizagem/apropriação de informações e conhecimentos, tendo sempre como pano de fundo a realização de ideais e objetivos precisamente definidos. Tem como finalidade principal provocar mudanças no comportamento das pessoas de modo que estas melhorem tanto a qualidade de seu desempenho profissional quanto pessoal.” De acordo com Almeida (2006) a pedagogia empresarial capacita os profissionais para atuarem juntamente com os planos estratégicos da empresa em: Consultoria Educacional, educação continuada, ensino a distância, gestâo de pessoas e treinamento empresarial. No mecanismo de produção faz - se necessário que o profissional da educação com bases teóricas e metodológicas sólidas, assuma um espaço de forma satisfatória no interior das organizações. O que o pedagogo empresarial busca é conhecer a empresa criando estratégias para um ambiente organizacional satisfatório, consequentemente alcançando qualidade laboral da qualidade de vida e aumento da felicidade de todos. O pedagogo Empresarial precisa compreender e imergir nessa idéia com o intuito de colaborar dentro das organizações para a construção das melhores formas de utilizar os processos comunicacionais na consolidação de práticas e políticas benéficas ao desenvolvimento humano. (ALMEIDA, 2006, p.9). Ao afirmar tais objetivos, fica evidente que este profissional busca de seus conhecimentos de forma a satisfazer a empresa, mas resgatando o lado humano de cada um, permitindo que conheçam a si próprios e que se despertem a felicidade naquilo que se propõem a fazer. Este profissional tem todas as habilidades e treinamento necessários para desenvolver ou melhor despertar em cada um aquilo que se havia perdido, a busca por si mesmo. Ainda de acordo com Almeida (2006), os conhecimentos acerca da filosofia e da ética profissional permitem ao pedagogo empresarial, um vasto conhecimento sobre o senso comum e a consciência filosófica e suas interações no convívio dos profissionais. O pedagogo precisa saber se posicionar aos assuntos relativos ao senso comum, nos programas que serão aplicados nas empresas, visando o desenvolvimento humano. Esse posicionamento que diferenciará reprodutor de saberes aplicados às práticas profissionais, daquelas que inspiram-se nos fundamentos adquiridos durante sua formação para executar áreas específicas da empresa onde atua. Este atuará de forma definitiva na execução de ações que ajudam as pessoas a enfrentarem suas subjetividades, interesses e problemas relacionados às condições de trabalho, nível de satisfação com salários e falta de perspectiva profissional dependendo dos saberes dos fundamentos da educação. POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EMPRESARIAL Não tem com falar deste espaço do pedagogo na empresa sem antes não entendermos os caminhos percorridos por eles. Porque a inserção deste novo profissional? O que as empresas tem buscado alcançar? Como deveria ser o trabalho do pedagogo neste ambiente? As empresas vivem hoje um grande acirramento competitivo, devido a globalização, o sistema político e econômico, novas tecnologias e valorização da informação. Perceberam que fator essencial para o alcance de suas metas é o fator humano. Felizmente descobriram que a máquina nem sempre substitui o ser humano, mas que este deve ter conhecimento para alcançar o sucesso. Então surge a necessidade de um espaço dentro da empresa para a educação de seus funcionários ou mais conhecido como local de treinamento. Diante de tal, acreditamos que o pedagogo deva atuar como agente de transformação continuada dentro das organizações. Onde será o mediador de informações trazida pelos avanços tecnológicos e a busca de melhores resultados por meio de desenvolvimento de competências profissionais. Nessa perspectiva abre-se um leque de possibilidades na atuação empresarial do pedagogo, gestão do conhecimento, o comportamento humano nas organizações, cultura, cultura organizacional, gestão do processo da qualidade e produtividade, relações interpessoais no trabalho e outros espaços comuns ao aspecto humano. Do ponto de vista do diferencial do pedagogo na empresa, Almeida (2006, p.7) lista alguns atributos para este profissional, tais como: Atuar com espírito crítico e analítico na vida social, por meio do trabalho educativo como mediador entre empresa e sociedade; Atuar na área de gestão de pessoas em organizações de diferentes portes, contribuindo na qualificação e atuação dos departamentos de RH, atendendo as novas tendências dos mercados; Atuar na gestão organizacional, na convivência em ambientes multiculturais, em processos de aprendizagem colaborativa e trabalho de equipe; Atuar nos sistemas educacionais, nas organizações empresariais e nas diferentes áreas da gestão de recursos humanos; Conhecer a educação continuada estando apto às novas circunstâncias de trabalho e ao pluralismo cultural atuando com imparcialidade, usando critérios justos para convivência profissional nas organizações empresariais; Contribuir para a formação de competencias abrangentes; Desenvolver atividades que garantam o equilibrio entre uma visão especializada e as inter-relações com o ambiente interno e externo das empresas, órgãos e instituições educativas; Dominar a utilização de tecnológias telemáticas de alta velocidade para conectar pessoas dentro e fora das organizações, visando a comunicação para a qualidade e produtividade Integrar as processos de gestão empresarial e relacionamentos internos e externos presentes na convivência profissional; Investigar, diagnosticar, executar e avliar projetos integrados nas organizações, voltados para o desenvolvimento de pessoas; Planejar, executar, acompanhar e avaliar o desempenho pessoal e profissional nas organizações empresariais; Ter competência e habilidades para o trabalho de desenvolvimento de atividades educacionais coletivas. As empresas cada vez mais tem apostado no fator humano, pois é a associação destes que farão com que sejam alcançados seus objetivos organizacionais. Percebe-se também que a gestão de pessoas é fator primordial para tal, pois esta é a função que permite a colaboração eficaz das pessoas, ou seja, ajuda a organização a alcançar seus objetivos e a realizar sua missão, proporcionar à organização pessoas bem treinadas e motivadas, desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho, aumentar a auto-realização e a satisfação das pessoas no trabalho, proporcionar competitividade à organização (empregar as habilidades e competências da força do trabalho), administrar e impulsionar as mudanças. Chiavenato ressalta a importância do ser humano neste setor e formas de lidar com as pessoas, pois elas podem aumentar ou reduzir as forças e fraquezas de uma organização, “[...] Dependendo da maneira como elas são tratadas.Elas podem ser a fonte de sucesso como podem ser a fonte de problemas.É melhor tratá-las como fonte de sucesso. Para que os objetivos da gestão de pessoas sejam alcançados, é necessário que as pessoas sejam tratadas como elementos básicos para a eficácia organizacional. “ (CHIAVENATO, 2004, p.10) A moderna gestão de pessoas consiste em várias atividades integradoras, como a descrição e ánalise de cargos, planejamento de RH, recrutamento, seleção, orientação e motivação das pessoas, avaliação do desempenho, treinamento e desenvolvimento, etc. Diante dessa afirmação fica firmado a competência do pedagogo para a função, sendo ele um agente facilitador aos desenvolvimentos das habilidades, e um estudioso das ciências humanas, onde busca entender cada indivíduo para então capacitá-lo ou melhor instruí-lo de acordo com as necessidades vistas. É fundamental que o pedagogo tenha uma visão estratégica do negócio da empresa. Conhecer o produto e metas é essencial para uma boa atuação sem esquecer-se de que o seu desafiador papel neste negócio é gerenciar com pessoas, melhor dizendo encaminhá-los para o sucesso, desenvolvendo seu potencial humano. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir do estudo obtido é possível afirmar que, com o passar do tempo, o desenvolvimento tecnológico, a competitividade entre as empresas e as exigências do mercado de trabalho vêm aumentando rapidamente e como consequência, as organizações devem se adaptar para as constantes transformações. A real necessidade é de um profissional que domine vários conhecimentos e seja capaz de identificar as deficiências e necessidades do seu local de trabalho, de pesquisar e implantar projetos voltados para o conhecimento e aprimoramento das técnicas de trabalho visando uma maior competência cognitiva e laboral. O atual contexto globalizado tem tornado necessário que o pedagogo empresarial aprenda a desenvolver algumas virtudes essênciais para o trabalho nas empresas, principalmente aquelas ligadas a ética, a moral e sobretudo a valorização do ser humano. Este profissional deve ter um olhar holístico que inclua o pedagógico, o filosófico e o psicológico em relação aos seres humanos presentes no espaço empresarial, ao qual leva capacitação e qualificação para os funcionários, uma vez que sua função é de facilitador e provocador de mudanças. Isso inclui uma postura diferenciada, revelada no fato de não os tratar como meros objetos que precisam ser moldados de acordo com o objetivo da empresa. Os desafios são muitos para a inserção deste profissional no mercado de trabalho, pois muitas organizações ainda desconhecem as competências e as habilidades do pedagogo empresarial dentro das empresas, uma vez que a figura do pedagogo sempre esteve ligada ao contexto escolar. As empresas precisam desenvolver pessoas e não apenas sanar um problema de falta de qualidade, e através de um novo olhar para o empregado poderá perceber que é um ser dotado de inteligência e que precisa ser desenvolvido de forma integral, levando em consideração que o aprendizado faz parte da natureza humana. É nesta linha de raciocínio que o pedagogo empresarial cumpre este papel de humanizar o local de trabalho, agindo ali como um facilitador e mediador dos conhecimentos, da formação de pessoas, enfim, efetivando a parceria pedagogo e empresa na combinação de esforços para formação de cidadãos críticos e habilidosos no desempenho de sua função e de pessoas realizadas como seres humanos. ABSTRAT SUMMARY: This article aims to seek the understanding of role of the teacher within organizations and interests that he was called to attend. Search also understand the importance of teaching business in the context of changing world of and new professional profiles required by companies in this. The methodology used herein, is based on bibliographic research and the main authors studied, Libâneo (1999, 2002), Ribeiro (2007), Almeida (2007), Holtz (2006). The business educator plays an important role within the company capable of causing behavioral changes in individuals through a process of training and qualification, making them more creative, participative, motivated, flexible, through new learning. Keyword: Business Education, Learning, training and development. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. G. de. Pedagogia empresarial: saberes, práticas e referências. Rio de Janeiro: Brasport, 2006. BOMFIN, D. Pedagogia no Treinamento. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1995. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, coleção primeiros passos, 28 edd. 1993. CHIAVENATO, Idalberto. 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