1 Avaliação dos riscos ergonômicos do trabalho de fisioterapeutas nas atividades de atendimento domiciliar. Moisés Barroso da Silva1 [email protected] Dayane Priscila Maia Mejia2 Pós-graduação em Ergonomia: Produto e Processo – Faculdade Sul Americana/ FASAM Resumo A pesquisa teve como objetivo avaliar os riscos ergonômicos no trabalho de fisioterapeutas nas atividades do atendimento domiciliar. O fisioterapeuta é um dos muitos trabalhadores que atua inicialmente na reabilitação e prevenção de distúrbio de ordem social. Seu principal alvo de estudo é o movimento humano. A prática da ergonomia em ambiente de alta complexidade vem crescendo como alternativa a suas formas, digamos clássicas, onde a analise descritiva permite uma rápida síntese e a elaboração de recomendações e mesmo o delineamento de soluções estruturalmente simples. A proposta desse trabalho é fazer uma análise sobre como o fisioterapeuta está conquistando seu espaço na saúde, mais que precisa ter postura de como atender tais pacientes, para que no futuro não seja lesionado. A formação do fisioterapeuta atual deve objetivar a capacitação de um profissional capaz de atuar na saúde nos níveis de promoção, prevenção, preservação e recuperação da saúde do ser humano O objetivo deste trabalho foi conhecer os principais achados na literatura, relativos aos locais mais acometidos e principais causas dos distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho ergonômicos em fisioterapeutas. Palavras-chave: Fisioterapeuta, Atendimento domiciliar, Ergonomia. 1. Introdução A Fisioterapia é uma profissão cujo objetivo maior é promover a saúde do indivíduo. Na grande maioria dos ambientes de trabalho, as condições ergonômicas são precárias, o que proporciona a execução de tarefas de trabalho que induzem danos à sua própria condição física (PERES, 2002). O fato dos fisioterapeutas trabalharem com a reabilitação de pacientes altamente dependentes e de sobrecarga física, induz a participação desses profissionais, em um grupo de alto risco de comprometimentos musculoesqueléticos desde o início de sua carreira profissional. O atendimento domiciliar possibilita ao fisioterapeuta conhecer a realidade na qual o paciente está inserido, podendo adequar a sua conduta e realizar as orientações necessárias, que vão desde orientações de saúde em geral até as técnicas de estímulos. O fisioterapeuta muitas vezes não tem como evitar ou mesmo minimizar a adoção de posicionamentos inadequados. Eles não ocorrem apenas devido aos posicionamentos adotados para a prática fisioterapêutica, mas principalmente em razão de mobiliário inadequado. Em muitos casos, o comprimento e a altura de macas, cadeiras, colchões, tablados, entre outros, não permitem a regulagem de sua altura e posição, a fim de possibilitar o posicionamento adequado do profissional. 1 2 Pós graduando em Ergonomia: Produto e Processo Orientadora 2 Diante da grande repercussão no que diz respeito ao atendimento domiciliar, este trabalho tem por objetivo principal verificar as posturas adotadas pelo fisioterapeuta durante as atividades desenvolvidas nos atendimentos domiciliares, como desenvolvem os atendimentos e quais os riscos ocasionados pelas sobrecargas musculoesqueléticas. O interesse sobre este assunto surgiu pelo fato de não ter muitas pesquisas nesta área, tendo em vista que na maioria dos ambientes de trabalho do fisioterapeuta, não possui estrutura adequadas para realização dos atendimentos. 2. A relação entre o trabalho e a saúde do trabalhador Entende-se que o trabalho não compreende apenas meio de sobrevivência, mas também a possibilidade de manter contato com outras pessoas, ocupação no mercado de trabalho, e se reconhecer como parte integrante de um grupo ou da sociedade. O trabalho possui um significado que perpassa as necessidades, os valores e a subjetividade daquele que trabalha. A importância do trabalho, como elemento fundante do ser social, como um dos grandes alicerces da constituição psíquica do sujeito se confirma, sobretudo, na sua ausência. Todo o processo de trabalho envolve situações de risco, de acidentes e de formas de adoecimento, segundo as condições de gênero e de qualidade de vida no trabalho. “O trabalho jamais é neutro [...] Ou joga a favor da saúde ou, pelo contrário, contribui para sua desestabilização e empurra o sujeito para a descompensação.” (DEJOURS, 2004a, p.138). Aqueles que exercem atividades para sustento próprio ou de seus dependentes, são intitulado trabalhadores, homens e mulheres, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado de trabalho, nos setores formais e informais de economia. As ações de saúde do trabalhador têm como foco as mudanças nos processos de trabalho que contemplem as relações saúde-trabalho em toda a sua complexidade, por meio de uma atuação multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial. Atualmente, o trabalho assume um papel importante na vida do homem, pois as atividades laborais, a qualidade das relações e sociais no trabalho e a motivação, trazem equilíbrio ao homem, mas quando esses fatores estão ausentes, o trabalho se torna fonte de desprazer e sacrifício. Por isso o prazer na atividade laboral é essencial para promover a sua saúde mental e física (DELIBERATO, 2002). Para Iida (2003), o problema de adaptação do trabalho ao homem nem sempre tem solução trivial, que possa ser resolvida na primeira tentativa. Pois às vezes é necessário adotar certas soluções que não sejam as mais ideais, mais que de certa forma traria algum benefício para o empregador e não para o empregado. Mas de qualquer forma, o requisito mais importante, e o qual não se devem fazer concessões, é o da segurança do trabalhador. A utilização das capacidades humanas no trabalho se dá no encontro dinâmico entre essas capacidades e as possibilidades e condições que são oferecidas às pessoas. Ou seja, no equilíbrio entre a carga externa derivada do trabalho e as características internas das pessoas (RIO e PIRES, 2001). Dejour (1994) destaca a necessidade da diminuição da distância entre o trabalho prescrito e o trabalho real. Afirma que a oportunidade dada ao trabalhador para investir nessa defasagem entre a tarefa imposta e atividade real, favorece ao trabalhador vivências de prazer e realização no ambiente laboral. Marca deste modo o caráter decisivo do controle e do domínio sobre os processos de trabalho no que diz respeito à saúde. Nas últimas décadas, o conceito de saúde, vem passando por intensas transformações, principalmente no que diz respeito ao modelo de saúde adotado, passando de um modelo que vai além de hospitais, reabilitação, para um modelo assistencial promotor da saúde, preventivo e principalmente contando com a participação popular e a interdisciplinaridade dos 3 diferentes profissionais da saúde. Neste sentido, entende-se saúde não como o avesso da doença, mas como a busca do equilíbrio do ser humano, devendo, portanto romper os estreitos limites da assistência curativa (CHAMMÉ,1988). A saúde não pode ser entendida como um meio e um instrumento de transformação da sociedade como um todo, como o eixo principal e norteador das lutas de mudanças da sociedade. Mesmo reconhecendo a importância da saúde, da sua promoção, preservação e recuperação, em muitas das reivindicações que se fazem necessárias, há que reconhecer não ser este o foco primordial ou, necessariamente, a trajetória a ser construída, frente às exigências sociais que se fazem prementes. Por outro lado, sabe-se que tais condições exigidas para alcançar-se a saúde, na verdade, podem constituir-se apenas em uma possível facção do problema da saúde, já que, em países desenvolvidos, tais condições foram alcançadas e, no entanto, as pessoas continuam adoecendo por outros problemas. Dejours destaca, inicialmente, a importância e o significado da saúde num entendimento de permanente processo vivido pelas pessoas, e diferentemente pelas pessoas, em nível orgânico e psíquico. Este movimento pode ser evidenciado, por exemplo, no seu crescimento, no seu envelhecimento, nos diferentes níveis de concentração de glicose no sangue, na angústia vivida, na resolução da angústia, assim como no enfrentamento de novas. angústias: O estado de saúde não é certamente um estado de calma, de ausência de movimento, de conforto, de bem-estar e de ociosidade. É algo que muda constantemente e é muito importante que se compreenda esse ponto. Cremos que isso muda por completo o modo como vamos tentar definir saúde e trabalhar para melhorá-la. Isto significa que, se quisermos trabalhar pela saúde deveremos deixar livres os movimentos do corpo, não os fixando de modo rígido ou estabelecido de uma vez por todas (Dejours, 1986, p.8). O Fisioterapeuta é um dos muitos trabalhadores que atua inicialmente na reabilitação e prevenção de distúrbio de ordem social. Seu principal alvo de estudo é o movimento humano, não somente o movimento no seu sentido mais convencional, mas todos os movimentos envolvidos na anatomia humana e em todos os níveis de complexidade. O Fisioterapeuta quando da sua formação básica, possui autonomia para atuar em diversas áreas, como: Fisioterapeuta em traumatologia e ortopedia, do trabalho e diversas outras. 3. A fisioterapia no contexto histórico e como trabalho Uma das formas de examinar o que caracteriza o objeto de trabalho de uma profissão ou o objeto de estudo de uma área de conhecimento é mostrar de que maneira, nos diferentes momentos da história, ele tem sido concebido, definido ou exercido. As circunstâncias históricas, a tradição no trabalho em saúde voltado para a utilização de técnicas para o tratamento das doenças e não para a manutenção de um estado saudável e as próprias diretrizes das atividades científicas no país somam-se aos fatores restritivos da profissão. Assim, parece óbvia a necessidade de um exame do objeto de trabalho e das atribuições dos fisioterapeutas, investigando a fundo os aspectos históricos e constitucionais que restringiram e retardaram o crescimento dessa área tão importante que é a Fisioterapia. Começamos a fazer uma breve análise no que correspondia a idade média, onde foi um período onde houve interrupção no estudo e na saúde. O corpo humano passou, nesta época, em decorrência de influência religiosa, a ser considerado algo inferior. Assim, o exercício estava inibido em sua forma anterior de aplicação, a curativa, passou-se a usá-lo para outros 4 fins: a nobreza e o clero tinham objetivo em aumentar a potência física, enquanto, para os burgueses e lavradores os exercícios serviam cada vez mais, unicamente como diversão. O período do Renascimento volta a ter uma preocupação com a saúde do corpo, uma maior atenção com o organismo lesado e também com a manutenção das condições normais já existentes. Na era da indústria, por volta dos séculos XVIII e XIX, houve um maior interesse com a saúde, onde o povo oprimido era submetido a exaustivas jornadas de trabalho, suas condições de higiene e com a alimentação eram precárias, acarretando diversas doenças patológicas, e também com acidentes de trabalhos. Surge então a preocupação das classes dominantes para não perder ou diminuir a sua fonte de riqueza e bem estar gerados pela força de trabalho da classe proletariada. O homem, nessa época, parece ter concentrado seus esforços na descoberta de novos métodos de tratamento das doenças e de suas sequelas. Dessa forma a aplicação de recursos elétricos térmicos e hídricos e a aplicação de exercícios físicos sofreram uma evolução dirigida para p atendimento do individuo. A modernização dos serviços, com o consequente aumento da oferta e da procura, vai levar os chamados médicos de reabilitação a se preocuparem com a resolutividade dos tratamentos. Com este objetivo, empenharam-se para que o ensino da Fisioterapia como recurso terapêutico, então restrito aos bancos escolares das faculdades médicas nos campos teórico e prático, deveria ser difundido entre os paramédicos, que eram os praticantes da arte indicada pelos doutores de então (NOVAES, 1998). No Brasil em 1951 é realizado em São Paulo, na USP, o primeiro curso para a formação de técnicos em Fisioterapia, com duração de um ano em período integral, ministrado por médicos, o curso paramédico levou o nome de Raphael de Barros, formando os primeiros Fisioterapeutas (NOVAES, 1998). Além do aparecimento de novas doenças relativas ao desgaste das estruturas corporais, pelas excessivas exigências do período industrial, as guerras contribuíram para a consolidação do exercício fisioterapêutico, pois produziram um grande contingente de pessoas que precisavam de tratamento para se recuperar ou reabilitar e readquirir um mínimo de condições para voltar a uma atividade social integrada e produtiva. O que ocorreu com a profissão do Fisioterapeuta não difere muito do que historicamente aconteceu com todas as profissões da área da saúde. Primeiramente sua prática foi instituída para posteriormente obter-se o reconhecimento dos cursos de formação e o reconhecimento profissional. A modernização das escolas médicas e o caráter científico e especializado das práticas de saúde talvez tenham constituído os primeiros passos para o reconhecimento legal da profissão no Brasil, já que a utilização de recursos físicos na assistência à saúde já era praticada desde 1879. O Fisioterapeuta se coloca no mercado de trabalho, atuando multiprofissionalmente, com extrema produtividade, baseado na convicção científica, de cidadania e de ética, dentro dos diversos níveis de atenção à saúde, na promoção, manutenção, prevenção, proteção e recuperação da saúde, comprometidos com o ser humano, respeitando-o e valorizando-o. O fisioterapeuta é um profissional essencial nas equipes para reabilitação de portadores de sequelas motoras, não somente para executar técnicas e atender no domicílio, mas, fundamentalmente, para assistir a família sobre condutas de facilitação como carregar, posicionar, locomover e também sobre adequações no ambiente. Trata-se de orientações de como lidar com o paciente de forma a contribuir para sua evolução e aquisição de independência, quando possível, ou, ao menos, facilitarem o cuidar. É imprescindível que essas orientações contemplem as atividades de vida diária (SGUILLA, 2004). Os seguimentos com visitas domiciliares têm também as funções de checar as condições médicas do paciente, reavaliar a capacidade funcional e verificar como a família está se adaptando às incapacidades. Mazza (2000) associa o sucesso da assistência domiciliar à 5 qualificação profissional, devendo esse estar preparado tecnicamente, além de ser cordial e criativo para adequar as necessidades à realidade de cada família. É importante que o profissional se identifique com esse tipo de modalidade de assistência. Este deve ter uma postura ética no atendimento domiciliar, lembrando que ele está entrando na casa do paciente, respeitando assim o ambiente em que o mesmo vive. O fisioterapeuta pode ter como princípio de conduta o próprio código de ética, o qual relata deveres e proibições que rege o dia-a-dia de um atendimento, além do seu próprio bom senso em discernir o que considera ético. Assim, deve prestar assistência ao paciente respeitando-o independente de suas condições socioeconômicas, respeitando sua intimidade, mantendo sigilo informações que lhe foram fornecidas pelo mesmo, ou presenciadas no ambiente. O profissional da fisioterapia deve também tratar o paciente com os recursos adequados e disponíveis, avaliar e adequar o ambiente físico do domicílio respeitando as condições da família. 4. Atendimento domiciliar Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), assistência domiciliar é um conjunto de atividades de caráter ambulatorial, programadas e continuadas desenvolvidas em domicilio. É, portanto, um conjunto de ações que busca a prevenção de um agravo à saúde, a sua manutenção por meio de elementos que fortaleçam os fatores benéficos ao indivíduo e, consequentemente, a recuperação do cliente já acometido por uma doença ou sequela (LACERDA et al.,2006). A fisioterapia domiciliar é uma prática que vem crescendo muito em diversos países, como o Brasil. São diversos os motivos que levam o paciente ou sua família a optar pelo serviço de fisioterapia domiciliar, em vez do atendimento convencional em uma clínica de fisioterapia, sendo esses motivos desde uma incapacidade físico-funcional, como uma restrição ao leito, até a comodidade e praticidade desse tipo de atendimento. A fisioterapia domiciliar propõe ao paciente que se utiliza de suas técnicas a comodidade necessária para alcançar seus resultados, agregando benefícios como a flexibilidade de horário e a não necessidade do deslocamento do paciente em grandes escalas. O relacionamento com o terapeuta responsável pela aplicação das técnicas é contemplado com maior afinidade definida pela relação médico-paciente, proporcionando um melhor estudo das reais condições do paciente e os pontos de aperfeiçoamento do seu atendimento. Tem como objetivo avaliar as necessidades deste, de seus familiares e do ambiente onde vive para estabelecer um plano assistencial voltado à recuperação e/ou reabilitação, relacionados a movimentos, equilíbrio e coordenação, elabora objetivos do tratamento juntamente com a família e o paciente, mantendo informada a equipe de saúde. A fisioterapia na assistência domiciliar é de extrema importância para a população, seja ela no setor privado ou pelo SUS, visando uma saúde mais plena e humanizada. O atendimento domiciliar deve ser estruturado considerando alguns fatores como as condições sociais e econômicas, equipamentos necessários, do paciente em casa O considerável efeito psicológico que as visitas do Fisioterapeuta surtem na vida e no cotidiano dos pacientes com doenças neurológicas, uma vez que, além da reabilitação física, estes pacientes desenvolvem a sensação de segurança e confiança. A Fisioterapia busca recuperar e/ou manter os graus de incapacidade, promovendo melhora das funções motoras, sensitivas e neurológicas. Os objetivos do Atendimento Domiciliar são: contribuir para a otimização dos leitos hospitalares e do atendimento ambulatorial, visando a redução de custos; reintegrar o paciente em seu núcleo familiar e de apoio; proporcionar assistência humanizada e integral, por meio de uma maior aproximação da equipe de saúde com a família; estimular uma maior participação do paciente e de sua família no tratamento proposto; promover educação em saúde; ser um campo de ensino e pesquisa (OSMO et al.,2000). 6 O Atendimento Domiciliar busca a melhor qualidade de vida através dos benefícios proporcionados ao paciente. Percebe-se maior comodidade, melhor afinidade e contato com o Fisioterapeuta. Nesse contato são enfatizadas as reais dificuldades e as necessidades do paciente em suas atividades da vida diária. Observa-se uma recuperação rápida, pois o tratamento é personalizado. A Fisioterapia Domiciliar é oferecida com o propósito de promover, manter ou restaurar a saúde, maximizando-se o nível de independência do paciente, enquanto minimiza- se os efeitos debilitantes das várias patologias e condições que de saúde, cujas atividades são dedicadas aos pacientes e seus familiares em um ambiente extrahospitalar. O contexto domiciliar deve ser percebido por meio de uma perspectiva abrangente que vai além do espaço físico, que considera este ambiente como um conjunto de coisas, eventos e seres humanos correlacionados entre si e de certo modo, cujas entidades representam caráter particular e interferente mútuo e simultâneo. - Características: O atendimento domiciliar é um serviço oferecido aos pacientes que apresentam dificuldades para realizar o seu tratamento fisioterápico em clínicas, hospitais e ambulatórios de saúde. Seja por motivo de transportes, tempo, distância ou condições físicas, entre outros. O fisioterapeuta atende pacientes que e apresentam dificuldades em se deslocar em função de sua condição física e e pela falta de um transporte adequado, o mesmo trata e reabilita na casa do mesmo, de acordo com suas necessidades, distúrbios neurológicos e ortopédicos. Durante o atendimento em domicílio, além da dedicação à recuperação, reabilitação e readaptação do paciente, procura-se identificar, através do diálogo, as atividades desenvolvidas naturalmente pelos familiares e cuidadores, e observa a necessidade de incentivar e orientar as possíveis ações, promovendo uma saúde integral, estimulando, assim, as atividades favoráveis dentro da realidade em que vive. - Vantagens: Durante muito tempo o conceito de fisioterapia domiciliar ficou restrito à aplicação da terapia à pacientes acamados ou com dificuldade de locomoção. Embora estes ainda sejam os principais usuários das terapias de Home Care, cada vez cresce mais o interesse da população em geral para este tipo de intervenção, em função das grandes vantagens oferecidas. O atendimento domiciliar busca o melhoramento de vida através dos benefícios proporcionados ao paciente como: maior comodidade, melhor afinidade e contato com o Fisioterapeuta observando as reais dificuldades e as necessidades do paciente em suas atividades da vida diária e recuperação rápida, pois o tratamento é personalizado. A Fisioterapia Domiciliar utiliza aparelhos portáteis e modernos de fácil transporte, tornando o tratamento em casa semelhante ao de uma clínica fisioterápica com o mesmo custo para o paciente. Diversas patologias podem ser tratadas em casa desde que o paciente esteja relativamente estável, com objetivos de prevenir incapacidades, reabilitar ou readaptar a capacidade funcional comprometida. Avaliar o ambiente domiciliar em relação a barreiras arquitetônicas que impedem a mobilidade e a locomoção do doente visando prevenção de acidentes. O atendimento fisioterapêutico domiciliar alia um tratamento de qualidade com a praticidade do conforto do seu lar. O tratamento é personalizado, garantindo melhores resultados em um período de tempo menor. O atendimento individualizado permite supervisão direta e constante dos exercícios realizados, onde o fisioterapeuta pode adequar, corrigir e evoluir tratamento de forma segura e precisa. - Tipos de pacientes: O Fisioterapeuta atende, trata e reabilita, dando assistência fisioterapêutica domiciliar de acordo com suas necessidades, distúrbios neurológicos as pessoas portadoras de acidente vascular cerebral, incapacidades neurológicas, capacidade funcional do idoso restrito ao domicílio, esclerose lateral amiotrófica, portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica, 7 doença de Parkinson, assim como também atende para condicionamento físico e terapias alternativas. 5. Postura do fisioterapeuta Segundo Tribastone (2001), o termo postura (na língua italiana) devirá da síncope da palavra positura que, modernizando-se, não só perdeu uma vogal, mais complicou notavelmente o seu significado original de posição, atitude ou hábitos posturais. A postura é composta das posições de todas as articulações do corpo em um dado momento e do equilíbrio muscular (KENDALL, 2002). Apesar de a fisioterapia ser uma profissão cujo objetivo maior é promover a saúde do indivíduo, na grande maioria dos ambientes de trabalho, as condições ergonômicas são precárias o que proporciona a execução de tarefas de trabalho que induzem danos à sua própria condição física no atendimento a seus pacientes (PERES, 2002). O Fisioterapeuta, para desenvolver sua função, utiliza-se de meios de trabalho muito simples. O principal instrumento de trabalho é seu próprio corpo, para tanto ele precisa ter boa flexibilidade, força muscular e posicionar-se adequadamente. Segundo Peres (2002), a fisioterapia é a ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais, intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas. O fato dos fisioterapeutas trabalharem com a reabilitação de pacientes altamente dependentes e de sobrecarga física, induz a participação desses profissionais, em um grupo de alto risco de comprometimentos musculoesqueléticos desde o início de sua carreira profissional. Desta forma acaba exigindo do profissional fisioterapeuta um maior condicionamento físico, pois este irá impor ao seu organismo posturas, sobrecargas, tensões e estresse, durante todo o atendimento (LIANZA, 1995). O desgaste inerente à tarefa dos profissionais da saúde tem sido motivo de preocupação há mais de duas décadas, e estas questão tem se tornado cada vez mais relevante, principalmente pelo grau de importância da função social que estes profissionais exercem em suas comunidades (MACEDO, 2004). Na vida cotidiana, no trabalho e fora dele às pessoas adotam posturas para o desenvolvimento de atividades e para o descanso. Essas posturas podem produzir cargas adequadas para a manutenção da saúde e do sistema musculoesquelético, ou podem ser excessivas ou mesmo insuficientes, levando a distúrbios nesse sistema (RIO e PIRES, 2001). Pode-se observar, na prática diária do processo de reabilitação física Neurológica, que estas características adotadas tendem a ser intensas do que em qualquer área de atendimento fisioterápico, uma vez que se trata de pacientes e ou totalmente dependentes, que apresenta, distúrbio como a falta de controle postural e equilíbrio, déficits de programação motora, diminuição de flexibilidade e outras alterações fisiológicas. Devido a essas alterações fisiológicas, o fisioterapeuta necessita realizar um esforço físico maior, ao executar o tratamento no paciente. É importante lembrar que estas técnicas são realizadas com o paciente na altura do solo, sobre colchonetes, tatames ou bolas. Isto exige que o fisioterapeuta realize excessivamente os movimentos de flexão e extensão de tronco em oposição à força gravitacional. Alguns estudos ressaltam que muitos dos problemas existentes no contexto de trabalho do fisioterapeuta estão relacionados à ausência de padrões ergonômicos e ausência de aplicação dos princípios de mecânica corporal, mesmo que estes profissionais sejam detentores desses conhecimentos. Nas posturas assumidas pelo fisioterapeuta em seu dia a dia, é comum observar posições como: permanecer em pé por tempo prolongado, muitas vezes com inclinação de tronco sobre o paciente para realização das atividades de manipulação ou utilização de equipamentos, 8 realizar agachamento, levantamento, ficar ajoelhado oi ainda permanecer em posição estática. Segundo Peres (2002), as atividades desenvolvidas pelos profissionais exigem padrões posturais que podem contribuir para o surgimento dos distúrbios osteomusculares. Nesta circunstância os profissionais que atuam nesta área estão mais propícios a desenvolver quadros sintomatológicos, sendo necessário adotar um programa de prevenção para que minimize o aparecimento desagradável induzida por estímulos nocivos e geralmente recebido por terminações nervosas. Programas como exercícios de fortalecimento entre outros, visa uma melhor condição física, promovem adaptações fisiológicas, físicas e psíquicas, por meio de exercícios adequados ao ambiente de trabalho (LIMA, 2003). Isso possibilita uma melhora no desempenho laboral do profissional, diminuindo a possibilidade de adquirir algumas patologias provenientes do trabalho realizado durante seu atendimento em fisioterapia. Para Deliberato (2002), as estratégias de prevenção estão na mudança dos postos de trabalho, na diminuição da repetitividade e o uso do sistema de revezamento das tarefas, no descanso durante a jornada de trabalho e a conscientização dos trabalhadores pelas atividades educativas. Os trabalhadores possuem uma tendência maior a se adaptar ao ambiente de trabalho do que adequar esses ambientes as suas necessidades. A literatura aponta o fisioterapeuta como um dos profissionais da área da saúde que mais sofrem carga física durante suas atividades de trabalho, pelas posturas adotadas durante os atendimentos aos seus pacientes (PERES, 2002). De acordo com Peres (2002, apud Mierzerjewski e Kumar, 1997; Bork 1996 e Cromie, 2000), afirmam o aparecimento de sintomas de dores em membros superiores e coluna vertebral por movimentos repetitivos e posturas inadequadas durante as atividades de trabalho dos fisioterapeutas. Os esforços repetitivos, trabalho estático, esforço físico intenso, ritmos intensos de trabalho e posturas inadequadas estão presentes na maioria das atividades profissionais, inclusive no trabalho do fisioterapeuta. Estas condições de trabalho são causas para o aparecimento ou agravamento de lesões, principalmente no sistema musculoesquelético (MAZIERO et al, 2005). 6. Possíveis patologias dos fisioterapeutas Segundo Romani (2001), a fisioterapia é uma profissão cujo exercício implica em exigências do sistema músculo-esquelético, como a força física dinâmica e estática, movimentos repetitivos de membros superiores, manutenção de posturas estáticas e movimentos não fisiológicos de coluna vertebral e membros. Esses movimentos e posturas são descritos na literatura corrente como fatores de risco para o desenvolvimento de DORT (INSS, 1997; RIO, 1999). O mesmo autor relata que os desequilíbrios entre estas estruturas responsáveis pela postura adequada ou alinhamentos defeituosos podem resultar em sobrecarga e tensão sobre os ossos, articulações e músculos. Diante da realidade vivida pelos profissionais da saúde, inclusive os fisioterapeutas, é explicito que em seu ambiente de trabalho, submete-se a agressões, tornando-se um grande candidato a adquirir afecções e desta forma provocar inquietação quanto à saúde do profissional, devido à falta de qualidade dos serviços oferecidos aos seus pacientes, já que o fisioterapeuta tenderá a apresentar-se desconfortável em sua plenitude de oferecer o melhor de si aos que entregam suas esperanças de recuperação ou cura nas mãos dos que se propõem a essa missão (CIARLINI,et al 2005). A cada ano surgem novas queixas de Lesões por Esforço Repetitivo (LER) em profissionais de fisioterapia, sendo importante conhecer a prevalência desta disfunção, para detectar os fatores causais, lançando possíveis sugestões de medidas preventivas, visando uma melhoria na qualidade de saúde desse profissional (CIARLINI et al, 2005). 9 Para Martins (2005), quando um indivíduo apresenta uma lesão por sobrecarga biomecânica ocupacional, os fatores etiológicos estão relacionados à organização do trabalho e envolvem, sobretudo os equipamentos, ferramentas, acessórios e mobiliários inadequados; desrespeito aos posicionamentos, angulações e distâncias dos mesmos; técnicas incorretas para a execução de tarefas; sobrecarga biomecânica estática e dinâmica; uso de instrumentos com excessiva transmissão de vibração; temperatura, ventilação e umidade inapropriadas no ambiente de trabalho. O mesmo autor relata que o indivíduo pode apresentar lesões musculoesqueléticas específicas sem que estejam relacionadas às suas atividades de trabalho. Assim, além das sobrecargas biomecânicas, outras causas devem ser consideradas como potenciais agentes causais destas enfermidades musculoesqueléticas. Portanto, percebe-se que o ambiente em que o trabalhador está inserido tem crucial importância no desenvolvimento de dores e DORT, mas convém abordar também o ambiente psicológico, pois o estresse psicológico negativo também pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de tais distúrbios. Após a realização de uma busca ampla sobre o aparecimento de DORT em fisioterapeutas, foram encontrados 8 estudos passíveis de comparações e conclusões sobre o assunto. Todos os estudos analisados contaram com a participação de profissionais da fisioterapia, que preenchiam um questionário auto-aplicado. Os questionários aplicados variaram entre os estudos, e foram adaptados para atentar aos objetivos particulares. Observou-se que existe uma relutância dos próprios profissionais em realizar esse tipo de procedimento. Sendo assim, os fisioterapeutas estão incluídos entre os grupos de risco para DORT, como mostram os estudos epidemiológicos de Holder et al.(1999), com prevalência de 33% de DORT em fisioterapeutas norte americanos, e de Cromie et al. (2000), que detectaram, entre profissionais australianos, 91% de DORT em algum momento de sua vida profissional. Bork et al. (1996) identificaram 17 fatores associados ao trabalho para o desenvolvimento de DORT em fisioterapeutas e, Cromie et al. (2000), afirmaram que somente 16% dos profissionais de fisioterapia australianos fazem algum tipo de prevenção para DORT. A ocorrência acentuada desses distúrbios parece estar relacionada às cargas físicas e psíquicas às quais esses profissionais estão expostos no ambiente de trabalho (ROMANI, 2001). Em relação às regiões anatômicas de maior frequência de acometimento, pôde-se identificar 6 regiões: colunas lombar, torácica e cervical; ombro, punho e dedos/polegar e cotovelo. As 3 regiões com menor frequência foram quadril, joelho e tornozelo. Dentre as regiões mais acometidas, cabem destacar os distúrbios músculo-esqueléticos relacionados à coluna lombar, a qual apresentou maior prevalência em 7 dos 8 estudos selecionados, com exceção apenas ao estudo realizado por Peres (2002). Segundo esse autor, seu estudo obteve resultados diferentes que podem estar relacionados ao tipo de tratamento dispensado aos pacientes, no qual grande parte dos fisioterapeutas pesquisados utiliza técnicas manuais com grande esforço dos membros superiores e região alta da coluna vertebral. Para Bork (1996), lesões lombares acontecem na faixa etária de 21-30 anos. As lesões em fisioterapeutas em início de carreira podem estar associada a uma menor experiência e um menor conhecimento e habilidade nos primeiros anos de carreira (SALIK, 2004). Cromie (2000) acrescenta ainda a relutância desses jovens em pedir ajuda. Metade desses jovens têm o primeiro episódio quando estudantes ou nos primeiros 5 anos de prática. Ombros, coluna torácica e cotovelos são áreas também acometidas, porém com menor frequência, sendo os cotovelos responsáveis pela menor média de acometimento entre os três, contribuindo com menos de 10% dos sintomas de DORT. Os dados referentes a membros inferiores não serão discutidos devido aos baixos índices de acometimento relativos a quadril, joelho e tornozelo. Cabe destacar que o acometimento na região do joelho ocorre de forma mais comum entre profissionais do sexo masculino e aqueles que trabalham com crianças de até 12 anos (BORK et al. 1996). Estratégias como a redução do número de atendimentos e de horas de trabalho, muitas vezes encontram resistência por 10 parte dos fisioterapeutas, devido ao apelo financeiro. A massificação dos atendimentos, relacionada ao baixo valor repassado pelos planos de saúde responsáveis pela maior demanda dos atendimentos, contribuí substancialmente para esse processo. Evidencia-se também a permanência no posto de trabalho mesmo na presença da DORT. 7. Ergonomia Pode-se dizer que a Ergonomia surgiu quando o homem começou a utilizar objetos que facilitavam a sua vida. Na produção artesanal havia a preocupação de se adaptar os objetos artificiais e o meio ambiente natural ao homem. A Norma Regulamentadora 17, cujo título é Ergonomia, estabelecida pelo Ministério do Trabalho por meio da Portaria nº 3.751, de 23 de novembro de 1990, visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às condições psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. A NR 17 tem a sua existência jurídica assegurada, em nível de legislação ordinária, nos artigos 198 e 199 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Segundo o item 17.6.3, nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte: - Todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores; - Devem ser incluídas pausas para descanso; - Quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao afastamento. A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) em seu estatuto aprovado em 1 de setembro de 2004, define a ergonomia como sendo o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente para intervenções e projetos que visem melhorar de forma integrada e não dissociada a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas. Para Iida (2003), a ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. Abrangendo não apenas aquelas máquinas e equipamentos utilizados, mas toda situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e seu trabalho. Ainda para Rio e Pires (2001), a ergonomia é uma ciência ou conjunto de ciências com uma diretriz ética e técnica fundamental: adaptar o trabalho ao ser humano. A ergonomia desenvolveu-se durante a Segunda Guerra Mundial quando, pela primeira vez na história, houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia e as ciências humanas, pois nessa situação de conflito máximo exacerbaram-se as incompatibilidades entre o desenvolvimento humano e o desenvolvimento técnico, já que os equipamentos produzidos para a guerra exigiram dos operadores decisões rápidas e execuções de novas atividades em situações críticas (DELIBERATO, 2002). Para Rio e Pires (2001), a ergonomia é uma das mais importantes vertentes da saúde ocupacional e vem ganhando cada vez mais terreno nos últimos anos. A evolução da ergonomia está relacionada com as transformações socioeconômicas que estão ocorrendo no mundo do trabalho. Algumas mudanças ocorreram ao longo da história, como por exemplo, a substituição do trabalho mais pesado para os animais, a adaptação dos postos de trabalho 11 adequando-os ao trabalhador, facilitando o melhor posicionamento do corpo humano as atividades de maior dificuldade. Em ergonomia o ambiente de trabalho representa um conjunto de fatores interdependentes que atuam sobre a qualidade de vida das pessoas e também no próprio resultado do trabalho (DELIBERATO, 2002). O autor ainda enfoca que as estratégias de prevenção estão na mudança dos postos de trabalho, na diminuição da repetitividade e o uso do sistema de revezamento das tarefas, no descanso durante a jornada de trabalho e a conscientização dos trabalhadores pelas atividades educativas. Os trabalhadores possuem uma tendência maior a se adaptar ao ambiente de trabalho do que adequar esses ambientes as suas necessidades. A ergonomia se faz importante na compreensão entre o previsto e o realizado pelo trabalhador, ou seja, tarefa e atividade. Neste sentido ela considera a produtividade, a organização do trabalho, a postura assumida, os movimentos e o ambiente, possibilita identificar variáveis presentes nas situações com vista a propor melhorias nas condições de trabalho. O estudo da Ergonomia ampliou a tendência atual para o aumento da eficiência do desenvolvimento e produção do trabalho, despertando interesse generalizado pelos benefícios que esta proporciona ao trabalhador e à sociedade. Ergonomia pode contribuir para solucionar um grande número de problemas, relacionados com saúde, segurança, conforto e eficiência. Quando consideradas adequadamente as capacidades e limitações humanas, as condições de trabalho incluindo seu ambiente, com certeza o desempenho do trabalhador será mais eficaz, e a empresa poderá apresentar uma boa produtividade. Podemos fazer um link da ergonomia com o atendimento da fisioterapia domiciliar, pois possibilita ao fisioterapeuta conhecer a realidade na qual o paciente está inserido, podendo adequar a sua conduta e realizar as orientações necessárias. De acordo com Iida (2003) a ergonomia está relacionada com aspectos organizacionais do trabalho, procurando reduzir a fadiga e a monotonia, eliminando o trabalho repetitivo imposto ao trabalhador. O trabalho do fisioterapeuta se estende às empresas também. As empresas tem que se adequar a cada setor de trabalho e ao funcionário responsável por ele. Para isso é feito uma avaliação do local de trabalho e do trabalhador, adequando o posto às suas dimensões individuais, possibilitando maior conforto e diminuindo alterações físicas que possam provocar o afastamento do funcionário por problemas como: L.E.R - relacionada a movimentos repetitivos D.O.R.T - distúrbios osteomoleculares relacionados à determinadas funções, tais como: dor nas costas, hérnia de disco, bursite, etc. Apesar da fisioterapia ser uma profissão cujo objetivo maior é promover a saúde do indivíduo, na grande maioria dos ambientes de trabalho, as condições ergonômicas são precárias o que proporciona a execução de tarefas de trabalho que induzem danos à sua própria condição física no atendimento a seus pacientes. 8. Metodologia Este estudo foi definido como sendo de caráter exploratório, que, segundo Gil (2002, p. 46) é “o método mais utilizado por pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática”, e descritiva, pois permitiu explicar a influência do Fisioterapeuta no campo de trabalho, na promoção, prevenção e preservação da saúde. Teve como objetivo geral analisar como o fisioterapeuta vem atuando, usando seu corpo como principal instrumento de trabalho, onde precisa ter boa postura, flexibilidade e posicionasse adequadamente. Com o objetivo de fornecer conceitos, informações e técnicas necessárias ao levantamento deste trabalho, foram utilizadas como ferramentas de trabalho bibliografias de autores especialistas nos assuntos referentes ao tema acima citado, onde incorpora uma revisão de literatura sobre o tema, onde 12 a coleta e análise dos dados foram feitas por meio de artigos científicos, livros, revistas especializadas, a saúde do trabalhador, a fisioterapia no contexto histórico, ergonomia, assistência domiciliar, postura e possíveis patologias do fisioterapeuta, objetivando a obtenção de embasamento teórico para analisar as condições de trabalho do mesmo. A pesquisa visa aprofundar os conhecimentos de um determinado assunto, no contexto, contribui para o aperfeiçoamento do indivíduo que toma como base o que foi pesquisado. Pesquisa, segundo Menezes (2004), é um conjunto de atividades, cuja finalidade é descobrir novos conhecimentos. Menezes (2004), também descreve que pesquisa é a investigação feita com a finalidade de obter conhecimento específico e que esta toma por base um determinado assunto fazendo deste o ponto central de suas observações, a fim de que essas observações venham a gerar fatos que servirão para futuras análises. A pesquisa foi realizada durante todo o processo de elaboração da revisão, que iniciou no segundo semestre de 2013 e se estendeu até o primeiro semestre de 2014. Nesta revisão da literatura foram incluídas referências com data de publicação entre os anos de 1986 e 2014; escritos em português ou inglês; que abordaram os riscos ergonômicos do trabalho de fisioterapeutas nas atividades de atendimento domiciliar. 9. Resultados e discussão Os resultados obtidos nesta pesquisa nos aponta que o trabalho do fisioterapeuta nas atividades de atendimento domiciliar é de extrema relevância, uma vez que este profissional vem atuando em diversas áreas da saúde, na prevenção, recuperação, entre outros, e utiliza a principal ferramenta de trabalho seu próprio corpo, onde precisa de força, flexibilidade e posicionar-se adequadamente. Todo o processo de trabalho envolve situações de risco, de acidentes e de formas de adoecimento, segundo as condições de gênero e de qualidade de vida no trabalho. O trabalho torna-se “penoso” suscitando vivências de desconforto e desprazer quando o indivíduo não tem conhecimento, poder e instrumento para controlar os contextos de trabalho, quando ele não é sujeito da situação. A fisioterapia domiciliar vem crescendo gradativamente não só em outros países, mais também no Brasil, onde se tem motivo para que o fisioterapeuta seja contratado, pois é mais cômoda, a flexibilidade do horário e a não necessidade de deslocar o paciente de sua residência. A fisioterapia centra-se na análise e avaliação do movimento e da postura, baseadas na estrutura e função do corpo, utilizando modalidades educativas e terapêuticas específicas, com base essencialmente no movimento, Observa-se que os fisioterapeutas têm uma carga de trabalho exacerbada tanto do ponto de vista quantitativo (como excesso de carga horário e paciente) como qualitativo (desgaste mental e emocional) devido à natureza do trabalho executado. Várias pesquisas demonstram que através do avanço tecnológico o ser humano está trabalhando demais. O profissional de saúde especificamente necessita atualizar e empregar tais tecnologias necessitando de tempo e dedicação. Segundo Iida (2005), a sobrecarga de trabalho acontece quando as solicitações feitas sobre o indivíduo excedem a capacidade de resposta do mesmo. Desta forma, a sobrecarga pode ser caracterizada pela tensão muscular excessiva, a qual compromete a nutrição dos músculos, mesmo durante o repouso, levando ao acúmulo de ácido lático (fadiga fisiológica), provocando, então, um desequilíbrio ou desconforto que leva à fadiga. Tal afirmação reforça os achados de nosso estudo com relação às queixas de dores musculares, resultantes da sobrecarga laboral a qual o Fisioterapeuta é acometido. Na atuação do Fisioterapeuta, a boa postura é fundamental para evitar sobrecargas biomecânicas. Porém, não tem sido possível a 13 obtenção de um bom posicionamento durante os atendimentos, o que leva a uma importante alteração biomecânica que é prejudicial para o organismo do profissional. Visando a melhoria do ambiente de trabalho, a ergonomia tem sido divulgada como uma das mais importantes ferramentas para reduzir os problemas suscitados por situações de trabalho que causam doenças nos sistemas muscular e esquelético, bem como para evitar as doenças ocupacionais e esforços desnecessários. Estudos de Alves et al (2006, APUD MORAES, 1996) afirmam que a postura é, por um lado, suporte para a tomada de informações e para a ação motriz, no meio exterior e, por outro lado, é, simultaneamente, meio de localizar as informações exteriores em relação ao corpo e ao modo de preparar os seguimentos corporais e os músculos, com o objetivo de agir sobre o ambiente. O autor reforça que a postura é um meio para realizar a atividade. A má postura adotada pelos Fisioterapeutas durante a atividade laboral gera uma série de acometimentos musculares. Iida (2005) afirma que as dores são causadas principalmente pelo manuseio de cargas pesadas ou quando se exigem posturas inadequadas. E que essas dores podem ocorrer também com o alongamento excessivo e inflamação dos músculos, tendões e articulações e são associadas geralmente a forças, posturas e repetições exageradas dos movimentos. 10. Considerações Finais O fisioterapeuta tem papel fundamental quando se fala em promoção de saúde e ação preventiva. A realização deste trabalho possibilitou atender o objetivo principal deste estudo, pois foi possível verificar como a postura do fisioterapeuta influencia na conduta de sua saúde, onde as sobrecargas musculoesqueléticas, relacionando com sua prática profissional e suas rotinas de trabalho influenciam na saúde e na vida profissional. Pode constatar que a sobrecarga em Fisioterapeutas ocorre em alta incidência, decorrentes das posturas adotadas durante sua jornada de trabalho. Devido a estas sobrecargas o Fisioterapeuta precisa fazer algumas mudanças de hábitos na rotina de trabalho. Os profissionais que não mudam seus hábitos de trabalho apresentam um maior risco de agravar os distúrbios já existentes ou o aparecimento de novos distúrbios. Percebeu-se que se faz necessário que o fisioterapeuta não deve se preocupar apenas com a prevenção de dor dos seus pacientes, mas com a sua saúde também, por isso recomendam-se medidas preventivas de DORTS, como praticar atividade. A atuação Fisioterapêutica pode ser desenvolvida em todos os níveis de atenção à saúde, por ter sua abordagem prática voltada para a prevenção, o tratamento e a reabilitação de distúrbios funcionais. Ficou evidenciada a importância da fisioterapia domiciliar neste estudo de revisão de literatura. Contudo, ainda há necessidade de maior número de estudos e publicações sobre o tema, a fim de reforçar essa área do conhecimento para fomentar o desenvolvimento de cuidados fisioterapêuticos com maior eficiência e eficácia. O atendimento domiciliar surge como uma resposta alternativa na problemática do cuidar, oferecendo um conjunto de serviços de apoio às atividades de vida diária realizadas no local de moradia do paciente. No entanto, esta capacitação está mais fundamentada na experiência adquirida ao longo do cotidiano vivido do que em cursos preparatórios. Com este estudo foi possível verificar e apresentar a importância de se analisar a ergonomia no ambiente de trabalho e como esta é eficiente na busca de ajustar o trabalho ao homem. REFERÊNCIAS ALVES JU, Souza AP, Minette LJ, Gomes JM, Silva KR, Marçal MA, Silva EP. Avaliação Biomecânica de Atividades de Produção de Mudas de Eucalyptus ssp. R. Árvore, Viçosa-MG, v.30, n.3, p.331 – 335, 2006. 14 ASSUNÇÃO, A. A.; LIMA, F. P. A. A nocividade no trabalho: contribuição da ergonomia. In: MENDES, R. (Org.) Patologia do trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 2002. BORK, B. E.; COOK T. M.; ENGELHART K. A. et al. 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