UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO ESCOLA E DIFERENÇA: CONCEPÇÕES DE PROFESSORES ADRIANE MÜLLER DE QUADROS IJUÍ (RS) 2015 ADRIANE MÜLLER DE QUADROS ESCOLA E DIFERENÇA: CONCEPÇÕES DE PROFESSORES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), como requisito parcial à obtenção do Grau de Licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Professora Ms Daniela Medeiros IJUÍ (RS) 2015 A Banca Examinadora abaixo-assinada aprova a Monografia: ESCOLA E DIFERENÇA: CONCEPÇÕES DE PROFESSORES Elaborada por ADRIANE MÜLLER DE QUADROS Como requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciada em Pedagogia BANCA EXAMINADORA: ____________________________________________ Professora Ms. Daniela Medeiros Orientadora ___________________________________________ Professora Ms. Marta Estela Borgmann Banca Examinadora IJUÍ (RS) 2015 AGRADECIMENTOS Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, que me concedeu saúde e tem me dado sabedoria e força para superar os obstáculos e desafios da vida, e, sobretudo, pela oportunidade que está dando-me de concluir mais uma etapa em minha vida. E о qυе dizer а você Prof.ª Daniela? Obrigada pеlа paciência, pelo incentivo, pela força е, principalmente, pelo carinho. Valeu а pena todo sofrimento, todos os medos. Valeu а pena tudo isso. Hoje estamos colhendo, juntas, os frutos dо nosso empenho! Aos professores em geral e, em especial, a professora e coordenadora Eulalia Beschorner Marin, que foram os nossos guias durante a minha formação. Sou grata a algumas pessoas que me são mais próximas, e cujo apoio direto e afetivo foi de todo imprescindível, e também outras que em vários lugares e situações fizeram parte do meu percurso, contribuindo para a concretização da minha formação. São eles: os meus pais, as minhas irmãs, os meus amigos e colegas e a minha família de um modo geral. Ao meu marido, sempre companheiro, que me incentivou nesta caminhada. Quero agradecer, também, a minha filha Fernanda que sempre de uma maneira especial me iluminou. A todos vocês meu muito obrigado. Dedico este trabalho à minha família, base da minha vida. À professora Daniela, pela orientação segura e por acreditar neste trabalho. “Por mais que invistamos em criar identidades, as diferenças nos escapam e brincam neste espaço estriado como se fosse vazio, liso, um imenso e plano gramado... A diferença brinca conosco, livremente e sem regras, como crianças brincam alegres no campo” (GALLO, 2011, p.222). RESUMO O presente estudo trata sobre as concepções dos professores a respeito das diferenças e teve como norteamento uma entrevista realizada com quatro professores que atuam em escolas de educação básica. A pergunta norteadora da pesquisa e entregue aos colaboradores foi: “Como você compreende e percebe as diferenças na escola?” A partir disso, o objetivo da pesquisa foi compreender os entrelaçamentos entre os conceitos de escola e diferença por meio dos discursos dos professores. Busca compreender algumas concepções acerca da diferença a fim de, posteriormente, compreender e, talvez, problematizar, como ela é vista, os modos que ela se processa, e como ela é entendida no interior da escola, especialmente através dos discursos dos professores. Neste sentido, a partir de tal problemática e da análise das respostas dos referidos colaboradores, pude constatar que tal temática ainda se faz sob muitos desafios. Desafios estes de ter/criar estratégias de um ensino diversificado, valorizando e respeitando as diferenças, de modo que possam realizar efetivamente a inclusão e não somente a integração de todos os alunos. Por este motivo tornar-se uma escola realmente inclusiva, que valoriza as diferenças, é um grande desafio para muitas escolas, e isto só pode ser efetivado com a colaboração ativa dos professores envolvidos neste processo. Finalmente, pude perceber que alguns professores ainda vinculam o termo diferença à deficiência, inclusão e AEE, trazem também a questão da negação e da padronização, lutas contra as formas de desigualdade e discriminação, direitos de igualdade. Outros, por sua vez, parecem demonstrar uma preocupação com uma educação multicultural por se tratar de diferentes culturas encontradas no espaço escolar. Palavras-chaves: Concepções de professores; Diferenças; Escola. ABSTRACT This study is about the teachers ' conceptions about the differences and providing guidance an interview held with four teachers who work in schools of basic education. The guiding question of research and delivered to developers was: "As you understand and realize the differences in school?" From this, the objective of the research was to understand the interlinks between the concepts of school and difference through the speeches of teachers. Tries to understand some concepts about the difference in order to later understand and, maybe, questioning, as she is seen, the kind she is, and how it is perceived within the school, especially through the speeches of teachers. In this sense, from such problems and the analysis of the responses of those employees, I was able to see that such a subject still under many challenges. These challenges have/create a diverse teaching strategies, valuing and respecting the differences, so that they can perform effectively the inclusion and not only the integration of all students. For this reason become a truly inclusive school that values differences, is a great challenge for many schools, and this can only be accomplished with the active collaboration of the teachers involved in this process. Finally, I could see that some teachers still link the term difference to disability, inclusion and ESA, bring the issue of denial and the standardization, fights against the forms of inequality and discrimination, equality rights. Others, in turn, seem to demonstrate a concern for multicultural education by dealing with different cultures found in the school space. Key words: conceptions of teachers; Differences; School. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 10 1 OS MOTIVOS E CAMINHOS QUE COMPÕEM A PESQUISA ............................................... 12 2 AS DIFERENÇAS NO ÂMBITO ESCOLAR .............................................................................. 14 2.1 Algumas concepções acerca da diferença .................................................................... 14 2.2 Escolas: De que lugar estamos falando? ...................................................................... 16 3 CONCEPÇÃO DE DIFERENÇA NA ESCOLA: OUVINDO AS FALAS DOS PROFESSORES ................................................................................................................................ 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 25 10 INTRODUÇÃO As discussões que interpelam a escola, nos tempos atuais, têm girado em torno dos diferentes sujeitos que a constituem, dentre eles aqueles que chamamos de “diferentes”. É a partir de tal conceito (diferenças) que busco discutir a temática das diferenças e das questões que nos permitam pensar sobre elas. Aí, as discussões, problematizações e pesquisas em torno do assunto se tornam relevantes, sobre os sujeitos e sobre os discursos que os constituem e nos constituem. A diferença é uma relação social, que está longe de ser simétrica, e sua peculiaridade depende das ações do sistema de ensino. Para tanto, a aposta é que aquilo que se apresenta como diferente não seja entendido/percebido como um estado indesejável, mas, talvez, como uma variação do mesmo. Estas questões de diferença estão no centro de muitas discussões, principalmente no âmbito educacional. Partindo desse pressuposto, a educação se organiza apoiada em discursos que criam e recriam a fim de naturalizar relações de poder que vão se estabelecendo a partir do estranhamento pelas diferenças. Essas diferenças nos produzem efeitos, ao mesmo tempo em que são subjugadas pela cultura e pelo âmbito escolar. Todavia, como a escola está tradicionalmente fundamentada na hegemonia, a questão da aceitação e prática da diferença fica comprometida, gerando o preconceito devido à dificuldade que as pessoas têm em aceitar as diferenças dos outros, resultando num sentimento de intolerância. As diferenças podem, assim, ser marcadas somente em um sujeito ou em um grupo, pobres, negros, sábios, etc. No geral, acreditamos que a diferença está no outro, naquele que se diferencia de nós, ou mesmo que se distancia da normalidade. Neste sentido, a elaboração deste trabalho baseia-se, especialmente, a partir de um problema maior: Que concepções de diferença constituem os professores da educação básica? Junto ao referido problema busco compreender as concepções acerca da diferença de professores da educação básica, e, assim, problematizar como suas concepções (sobre diferença) interferem nas suas práticas docentes. Na direção de tais objetivos, este trabalho se constrói a partir de uma pesquisa desenvolvida dentro de um contexto escolar. Nesta perspectiva, faz-se 11 necessário problematizar os aspectos relacionados às atitudes e comportamentos dos professores no seu dia-a-dia escolar. Esta pesquisa foi desenvolvida com quatro professoras da educação básica da rede municipal de um município do noroeste do estado do RS. Para isso, foram realizadas entrevistas, de modo a levantar opiniões dos mesmos a respeito do objetivo lançado. Entrevistas são fundamentais quando se precisa/deseja mapear crenças, valores e falas/pensamentos dos educadores. As entrevistas foram deixadas e transcritas e os seus nomes foram preservados (fictícios). A pesquisa insere-se nas opiniões e contribuições para a análise de suas concepções acerca da diferença na perspectiva do âmbito escolar. Finalmente, o trabalho se organiza em três capítulos, que seguem após os escritos introdutórios. O primeiro capítulo, intitulado “Os Motivos e Caminhos que compõe a Pesquisa” busca explanar algumas explicações acerca da escolha pela realização desta pesquisa, bem como as escolhas metodológicas feitas. O segundo capítulo, intitulado “As Diferenças no Âmbito Escolar”, subdivide-se em dois momentos, os quais buscam problematizar o conceito de diferença, de escola e os entrecruzamentos entre estes conceitos. O terceiro capítulo, “Concepção de diferença na escola: ouvindo as falas dos professores”, por sua vez, traz as entrevistas realizadas com os professores da rede municipal. Finalmente, trago as considerações finais e a bibliografia como parte integrante desse trabalho. 12 1 OS MOTIVOS E CAMINHOS QUE COMPÕEM A PESQUISA O trabalho realizado discorre sobre concepções de diferença no âmbito escolar. Tal proposição se constitui pela hipótese, inicial, de que o atual sistema educacional homogeneíza os alunos ao criar um padrão de aluno ideal e, aí, as concepções dos docentes acerca da diferença se tornam relevantes e com possibilidade de análise e problematização. Compreendo que a comunidade escolar é um dos locais onde as diferenças se constituem, se apresentam e se desdobram, isto porque nela encontramos uma diversidade humana, (alunos, professores, órgãos administrativo, funcionários e demais pessoas) cada um com os seus hábitos, costumes e crenças diferentes. Entretanto, o desafio que se coloca a escola face as diferenças consiste, sobretudo, em adotar estratégias e medidas no sentido de compreender a diferença a partir dela mesma, sem comparabilidades ou estabelecimento de normas. Este tema durante a minha graduação sempre me instigou por ser cada dia mais pertinente, pois, falar de diferenças no contexto escolar não constitui um fenômeno novo, e, como sabemos, as diferenças são inerentes ao ser humano. Todos nós somos diferentes e, portanto, falar de diferença é falar do coletivo, e no meio desse coletivo encontramos muitas diferenças individuais. Parte-se do pressuposto que a vida cotidiana é heterogênea, e o homem já nasce inserido em sua cotidianidade. Com o amadurecimento, ele adquire todas as habilidades para a vida cotidiana da sociedade. A partir disso e das motivações surgidas durante o percurso da graduação, trago, para compor esta pesquisa, alguns autores importantes e que foram bases para a composição do meu trabalho. Sendo eles: CORAZZA (2006), LOPES; ROOS (2007) e GALLO (2011). Autores que se preocuparam com as concepções de diferenças que são encontradas nos diferentes níveis de escolaridade. Por acreditar que a diferença faz parte da vida de todas as pessoas e principalmente da vida escolar, escolhi o tema diferença como eixo central desta pesquisa. Tema esse, de múltiplas interpretações, as quais podem ser trazidas para análise e reflexão. O grupo de professores escolhido como colaboradores da pesquisa trabalha na rede municipal de ensino. A escolha por estes se deu ao fato de que tenho maior 13 contato com alguns destes grupos e, assim, maior disponibilidade para conversas e, consequentemente, entrevistas. Percebo, também, que possuem formação continuada mensalmente, umas das atividades que considero importante para a formação do professor, pois é nesses momentos que discutem as problemáticas que envolvem o contexto escolar e, a partir desses encontros, traçam metas e estratégias para resolvê-las. Sendo assim, fica mais fácil dialogar com esses profissionais. Os sujeitos envolvidos na pesquisa totalizam um grupo de quatro profissionais, sendo esses todos professores da rede municipal de ensino. A fim de preservar suas identidades, seus nomes não serão revelados e os mesmos serão chamados de Andréia, Michele, Francisca e Antônia. Em um primeiro momento, fiz contato com a diretora da escola, no qual marcamos a hora do intervalo para a conversa com os profissionais. Apresentei-me dizendo quem eu era e qual seria o motivo que estaria ali, pois alguns já me conheciam e outros não. Falei da escolha do meu tema de pesquisa, que é “Escola e Diferença: Concepções de Professores” e pedi se eles gostariam de fazer parte desse momento tão especial para mim. Levei uma pergunta impressa que é “Como você compreende e percebe as diferenças na escola?” deixando com eles, pois a hora do intervalo passa muito rápido e, por conta disso, me pediram se poderiam levar para casa e responder em alguns dias. No geral, posso afirmar que os professores convidados foram muitos atenciosos. Porém, nem todas as respostas voltaram, por questão de não terem muito tempo ou por não saberem falar muito sobre o tema. Enquanto falava, alguns professores já tinham a opinião sobre o assunto, mas quando fui buscar as respostas alguns deram a desculpa de terem esquecido outros de não terem tempo. Peguei um grupo de dez professores e somente quatro responderam. 14 2 AS DIFERENÇAS NO ÂMBITO ESCOLAR Neste capítulo, com o objetivo de compreender os entrelaçamentos entre escola e diferença, irei abordar as questões de diferença e também de escola. Busco compreender algumas concepções acerca da diferença a fim de, posteriormente, compreender e, talvez, problematizar, como ela é vista, os modos que ela se processa, e como ela é entendida no interior da escola, especialmente através dos discursos dos professores. No que se refere à escola, alguns professores, ao se depararem com inesperados e enigmáticos desafios gerados pela diferença, acabam por criar percursos que os distanciam da proposta pedagógica. O empenho em compreender a diferença, resulta, quase sempre, em representações estáticas e impostas, e pode ser enriquecido se tomarmos como questão central a construção do ensino pela diferença humana. Nem maior, nem menor. Nem mais, nem menos importante. Simplesmente diferença. É pela convivência sem categorizações entre professores e alunos que a diferença ganha visibilidade. 2.1 Algumas concepções acerca da diferença Tecer algumas concepções e (in) compreensões acerca da diferença me exige a busca e leitura de autores que se dedicam a pesquisar e escrever sobre o assunto. Assim, nesta pesquisa “a diferença não é o diverso. O diverso é dado. Mas a diferença é aquilo pelo qual o dado é dado. É aquilo pelo qual o dado é dado como diverso. A diferença não é o fenômeno, mas o número mais próximo do fenômeno” (ROOS, 2007, p. 28). “Tem dimensão intensa e ingovernável entendida como intensidade afirmativa, capaz de se furtar ao controle” (ROOS, 2007, p.29). Apesar disso, compreendo e considero que a diferença, por vezes, “é pensada sempre em relação à identidade. Pensamos sempre em relação a algo, nunca a diferença pela diferença, ou a diferença de si mesmo” (GALLO, 2011, p.8). Não se trata das questões de identidade e nem de comparabilidade, tampouco da diferença em relação a algo ou alguém. A necessidade de outro para garantir a construção de um eu, demonstra que precisamos estar atentos e saber como que se 15 lida com o que é estranho e com o que é familiar, e como os seres humanos se relacionam (ou não) e/ou dialogam com as diferenças. Nessa linha, é bastante comum o dito que “ser diferente é normal”. Pois, o que difere de mim são os traços, a cultura, as atitudes, o falar, o jeito de ser. Pensar em outras culturas, em outra maneira de ser, é romper com a ideia de ser igual a outro. Todo mundo tem seu jeito singular, de ser feliz de viver e de enxergar. Já paramos para pensar se todo mundo fosse igual? Ser diferente é normal. Se o normal é ser diferente, por que queremos tanto igualar (normalizar) as pessoas? Todos somos iguais perante a lei, mas isto não significa que agiremos e pensaremos todos do mesmo modo. “A filosofia da diferença tem por meta tirar a diferença do jugo da representação, em que ela é vista mais como negação ou ao menos como relativa a uma identidade” (GALLO, 2011, p.9). Não se coloca o outro como diferente, mas compreendemos as diferenças como formas concretas de existência, ou seja, como formas possíveis e dignas de se estar no mundo. Não devemos falar das diferenças como algo externo a nós, como se a sociedade fosse composta apenas pelos ditos diferentes. “Tomar a diferença de si mesma e para si mesma, sem ser relativo a algo ou mesmo uma negação significa deslocar o referencial da unidade para a multiplicidade” (GALLO, 2011, p.9).Pode-se dizer que isso não é simples e nem fácil, pois é a lógica mais comum na sociedade, que, no geral, entende a diferença do outro a partir daquilo que se difere de si ou mesmo dos seus valores e padrões de normalidade. “Diferenças que não podem ser reduzidas ao mesmo, ao uno, diferenças que não estão para ser toleradas, aceitas, normalizadas” (GALLO, 2011, p. 9). Aí nosso desafio maior, especialmente enquanto escola, não reduzir as diferenças a simples aceitação ou tolerância. E como escapar das tentativas de normalizar? Falar de normalização significa, em primeira instância, falar de norma e do sentido da mesma. Essa ideia de norma é a ideia de um modelo ou padrão que, numa determinada sociedade se convencionou considerar como o comportamento ideal, sendo adotado e incorporado no cotidiano. Respeitar as pessoas assim como são é algo que deveria ser analisado com extrema cautela, pois, por vezes, pode-se ter a compreensão de que as diferenças 16 são fixas, definitivamente estabelecidas, de tal modo que só nos resta respeitá-la. No entanto, a diferença não é fixa, uma e tampouco imutável. Pelo contrário, a diferença está em constante processo de elaboração. Diferenças inacabadas e em processo. Aí, corremos o risco de acreditar que a diferença é algo que está sempre no outro, que não faz parte de nós, e que só nos resta respeitar assim como é. É um conceito que foi construído historicamente de acordo com os interesses sociais de cada época. Não nos atentemos para o fato que as diferenças são determinadas, isto é, produzidas socialmente, e estão relacionadas ao poder, dependendo muito dos valores de cada época e de cada cultura. Apenas a afirmação da tolerância e do respeito pode impedir de se ver a diferença entre nós/eles como um processo de produção social que envolve relações de poder e que, portanto, não são resolvidas somente pelo diálogo. As diferenças são produzidas socialmente e estão associadas às relações de poder que permitem incluir ou excluir pessoas, delimitar fronteiras e diferenciar entre o nós e o eles. 2.2 Escolas: De que lugar estamos falando? No âmbito educacional, se explicitam cada vez com maior força visões e práticas profundamente arraigadas no cotidiano escolar. Concepções, estas, que, por vezes, são tradicionalmente preservadas, mantidas e cuidadas no interior da escola. Assim, a cultura escolar dominante em nossas instituições educativas, construída fundamentalmente a partir da matriz político-social e epistemológica da modernidade, prioriza o comum, o uniforme, o homogêneo, considerados como elementos constitutivos do universal. Nesta ótica, as diferenças são ignoradas ou consideradas um “problema” a resolver. Apesar disso, a escola atual vem se constituindo pelas diferenças. Não temos sujeitos homogêneos, iguais em tempos, ritmos e interesses e a frequência escolar é algo obrigatório e todos precisam ali estar. No Brasil, a educação inclusiva está 17 amparada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) 1, dentre outras, que assegura o direito à escola a todas as pessoas (brasileiras ou estrangeiras residentes no País), sem discriminar negativamente singularidades ou características específicas de indivíduos ou grupos humanos. Assim, a escola moderna aberta a inclusão e obrigatória a todos os jovens se vê diante de diferentes linguagens. No entanto, “a escola não consegue dialogar com tais linguagens, inclusive já escutadas e discutidas em outras instâncias culturais, muito menos com outras linguagens: as ainda não linguajadas, impensáveis, indizíveis, inaudíveis” (CORAZZA, 2006, p.64). Tratamos daquilo que foge as normas estabelecidas pela escola, daqueles que parecem falar uma outra língua. A escola ouve o murmurar de uma nova língua, faz de tudo para não reconhecê-la. Para não se indagar com sua estranheza. Normatiza os signos diferenciais, domestica os significados, diluem os significantes, austeriza seus sentidos, pela assimilação ou sanção (CORAZZA, 2006, p. 64). Por muito tempo as instituições educacionais permaneceram destinadas a produção de “indivíduos em série”, uniformes – talvez ainda hoje persista tal objetivo. Entretanto, em tempos de inclusão, esta mesma escola é chamada a olhar para todos, sem distinção, já que ela está se configurando, cada vez mais, como um local de abrigo a diversidade. São estes espaços/instituições que lentamente se movem rumo a possibilidades de partilha, transformando antigas opressões em oportunidades de convivência, de (re) conhecimento do outro, de compartilhamento de experiências, de vidas. Esta nova dimensão educacional nos remete a um entendimento de escola como lugar onde aprendemos a negociar nossos modos de ser e estar no mundo, de forma a respeitar os outros. É ali que aprendemos a língua do colega para nos comunicar com ele, neste espaço aprendemos acerca da diferença humana, bem como a compartilhar significados por nós construídos sobre as coisas do mundo. Entretanto, a transformação das escolas em espaços inclusivos nem sempre ocorre de forma pacífica, não podemos crer que todos fomos atingidos repentinamente por 1 Além desta Lei, vale citar a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva/2008. 18 fagulhas de tolerância e comprometimento, transmutando-nos em seres capazes de incluir a todos e conviver com todos. Em relação à realidade da escola brasileira ela se fundamenta em certa ideia, oriunda da tradição de escola republicana francesa, de que deve ser única e igual para todos, e desta forma, oculta e mantém uma ética de indiferença em relação às diferenças. Ou seja, há uma indiferença ao outro como fundamento da escola. A escola se funda em uma imposição de um saber, de uma racionalidade, de uma estética, de um sujeito epistêmico único, legitimado como hegemônico, como parâmetro único de medida, de conhecimento, de aprendizagem e de formação. Nesta lógica, a diferença é tratada na escola de maneira que o espaço onde se encontra a maior diversidade cultural é também o local mais discriminador. Trabalhar as diferenças é um desafio para o professor, por ele ser o mediador do conhecimento, ou melhor, um facilitador do processo ensino/ aprendizagem. Se o professor for detentor de um saber crítico, poderá questionar esses valores e saberá extrair desse conhecimento o que ele tem de melhor. Em alguns casos, os professores nem se dão conta que a escola é o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e suas contribuições na formação dos alunos. Compreendo, no entanto, que são os educadores os responsáveis pela formação de milhares de jovens na sua grande maioria, sendo vítimas dessa educação preconceituosa, na qual foram formados e socializados. Esses educadores, por vezes, não receberam uma formação adequada para lidar com as questões das diferenças e com os preconceitos na sala de aula e no espaço escolar. Mas, quando queremos mudar as relações na escola, precisamos mudar todo o caráter desta iniciação, o que não é nada fácil, pois devemos fazer a mudança em nós mesmos. Trabalhar igualmente essas diferenças não é uma tarefa fácil para o professor, porque para lidar com elas é necessário compreender como se manifesta e em que contexto. Além disso, o desafio maior parece ser fugir da diferença em relação ao outro, ou da diferença como algo negativo. 19 3 CONCEPÇÃO DE DIFERENÇA NA ESCOLA: OUVINDO AS FALAS DOS PROFESSORES Tendo elaborado algumas compreensões acerca das concepções de diferença e de escola, passo a analisar e pensar sobre a problemática desta pesquisa a partir das falas dos professores. De modo geral, e a fim de atingir os objetivos propostos, durante a realização da pesquisa uma questão foi lançada/proposta para quatro professores da rede municipal: “Como você compreende e percebe as diferenças na escola?”. A professora Andréia trabalha com turmas da Educação Infantil e 3° ano dos Anos iniciais e tem a seguinte concepção: Minha concepção de diferença na escola é abrangente, pois compreendo que todos nós temos nossas particularidades, preferências, limites e dificuldades. Não se trata apenas de trabalhar a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais e sim respeitar a diferença de cada um. O que estou querendo dizer é a negação da padronização e também a luta contra todas as formas de desigualdade e discriminação presentes na nossa sociedade e também na escola. Nem padronização, nem desigualdade. A igualdade que devemos lutar para construir enquanto educadores que somos, assume o reconhecimento e garantia dos direitos básicos de todos. Isso significa que, esses todos não são padronizados, não são "os mesmos", têm que ter as suas diferenças reconhecidas como elementos presentes na construção da igualdade. Ademais, constitui respeitar a individualidade de cada um, encontrar um meio para que todos possam aprender e crescer com a diversidade, ou seja, com a diferença que existe em cada um de nós e que nos faz únicos e especiais. (Professora Andréia). Segundo a professora, o que estamos querendo é negar a padronização e também lutar contra todas as formas de desigualdade presentes na nossa sociedade. Nem padronização, nem desigualdade, e sim lutar pela igualdade e reconhecimento das diferenças. Pensar em desigualdade é pensar em uma educação de exclusão. Mas, estamos falando de uma educação de igualdade social, igualdade de nossos direitos, um direito de todos. Deveríamos ter os mesmos direitos à saúde, educação, 20 alimentação e cultura. Entretanto o que percebemos é que muito se fala sobre o direito a igualdade e nos esquecemos do respeito às diferenças. Na verdade, somos todos diferentes, cada individuo com suas peculiaridades. Somos contra as formas de desigualdade e discriminação do diferente e, portanto, precisamos conviver com as diferenças da melhor forma. O respeito às lutas contra as formas de desigualdade e discriminação, o outro e as suas peculiaridades é fundamental, pois através deste respeito temos a possibilidade de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, aprender a conviver com as diferenças de cada sujeito. Toda instituição de ensino é um espaço onde se encontra uma das maiores diversidades culturais, precisamos aproveitar este espaço para construirmos problematizações que nos levem ao estudo das diferenças e ao direito de igualdade social de todos, não havendo assim discriminação. A professora Michele, nesta escola trabalha somente com a Educação Especial e também traz a sua contribuição: Muitos avanços estão acontecendo em nossas escolas Municipais, no que se refere ao respeito, aceitação e oportunidade ás pessoas com deficiências. É importante conhecer a turma com o qual o professor realizará o seu trabalho, como também conhecer cada aluno para poder desenvolver as potencialidades de todos os educandos da sala, com respeito as individualidades. As diferenças sempre existiram, mas é responsabilidade de cada professor, o seu desempenho profissional, sua maneira de criar atividades e oportunidades de aprendizagem para todos seus alunos de maneira séria e eficaz. A escola tem procurado buscar alternativas, experiências vivenciadas, conversas e estudos acerca das diferenças e falando abertamente sobre determinados alunos: O que está sendo feito, e o que está sendo bom proveitoso ou negativo (caso de nossa Escola) em algumas reuniões neste início de ano. O AEE tem contribuído bastante para que os alunos incluídos sejam respeitados, aceitos e incentivados a aprender e a superar desafios diários de ser, conviver e aprender. Estamos dispostos a cada dia melhorar as praticas pedagógica e a qualidade de vida de nossos educandos. (Professora Michele) Conforme a professora Michele a inclusão escolar é entendida como inserção de alunos com deficiência que frequentavam classes e escolas especiais nas turmas das escolas comuns. Ela fala também que a escola tem buscado alternativas para 21 atender esses alunos, parecendo estar se referindo aos alunos público alvo da educação especial (a mesma referência é feita junto ao AEE). Aí, parece haver uma confusão ou mesmo compreensão de equivalência e sinônimo conceitual entre deficiência e diferença. Reconhecer o Outro como “o diferente” não basta, porque esse Outro é sempre “um” Outro e não “o” mesmo – ele difere infinitamente. O nosso entendimento do Outro está comprometido pela imagem do aluno rotulado que conseguimos conter em nossa cartela de categorias educacionais. Por vezes, e a partir da fala da professora Michele, a ideia de diferença está presente no espaço escolar, oque tem feito a escola buscar alternativas para este trabalho, mesmo que sua fala nos faça entender que tudo aquilo que é diferente tem sido pensado e trabalhado como uma possibilidade de inclusão e de AEE, ou mesmo como ideias próximas a concepção de diferença e como pontes para acessar tais alunos. A professora Michele também fala da importância de conhecer os alunos, suas diferenças, o respeito as suas individualidades, pensar e elaborar atividades para todos, sem distinção, e a importância da formação dos professores e estudos diários. Assim, e por meio de sua fala, compreendo que todos têm o que ensinar e aprender em um ambiente escolar caracterizado pela diferença de capacidades, as quais circulam e diluem a autoria do conhecimento. O dia a dia na escola já é educativo, pois os alunos vão criando e recriando formas de vida social. Diante disso, é necessário questionar o tipo de educação que queremos construir, que alunos temos, a intenção de formar no cenário da escola e quais os papeis da escola. Compreendemos que, necessariamente, precisamos conhecer as culturas plurais que constituem o espaço da escola, a riqueza das contribuições familiares e da comunidade, suas crenças e manifestações para, então, fortalecer formas de atendimento articulados nos saberes. Entendemos que cada criança tem as suas próprias especificidades, suas próprias características. Nesse sentido, pode-se salientar que o aluno, independentemente de classe social, etnia, preferência sexual, cultura, religião e capacidade intelectual necessita ter a possibilidade de se ver como parte da escola, como um dos sujeitos do processo educacional. A escola, por sua vez, precisaria rever sua postura, seus entendimentos acerca do mundo, do aluno, da sociedade, do ser humano, de diversidade, de inclusão e de tantos outros, para assim entender que o “elemento 22 estranho” é algo próprio da sociedade e que excluir só reforça a ideia de que não se tem competência para aceitar e conviver com a diferença. E, segundo a professora Francisca, que trabalha com Anos Iniciais: Compreendemos que, necessariamente, precisamos conhecer as culturas plurais que constituem o espaço da escola, a riqueza das contribuições familiares e da comunidade, suas crenças e manifestações para então fortalecer formas de atendimento articulados nos saberes. Entendemos que cada criança tem as suas próprias especificidades, suas próprias características. A criança deve ser o centro do planejamento e, é nas interações, relações e práticas cotidianas que ela constrói sentidos sobre o mundo e sua identidade pessoal e coletiva, produzindo culturas. (Professora Francisca). Pude perceber que na significação da professora, tratar de diferença é uma mudança que resulta/interfere na postura dos professores, em questão de seu planejamento e de suas práticas educativas. Isso se faz necessário, porque, segundo a professora Francisca, tratamos de crianças diferentes, cada uma com suas características e especificidades. Segundo a professora Francisca, a escola é uma instituição que se constitui como um espaço onde se travam relações institucionais e interpessoais regulares que vão além dos laços de parentesco ou comunidade. A cultura escolar, através dos conteúdos selecionados, expressa na sua organização, em seus padrões de comportamento, em sua linguagem e práticas, a possibilidade de fazer parte da vida destas crianças e jovens, que, por sua vez, são sujeitos de valores e padrões culturais distintos. Aí, os conteúdos selecionados pela escola precisariam permitir aos alunos de diferentes origens, classes sociais, religiões, culturas, tempos e formas de aprendizagem, identificarem-se e envolverem-se com as disciplinas curriculares e contemplar a diversidade através de um processo centrado na aprendizagem significativa. É a escola que cumpre uma função social essencial à formação dos novos cidadãos, na medida em que os saberes selecionados por uma sociedade e os seus valores serão transmitidos e construídos mediante ações educativas. 23 O acesso à escola traz consigo a necessidade dos professores conviverem não apenas com valores e padrões culturais inerentes à instituição, como também, com a diferença que caracteriza seus alunos, seus colegas professores e funcionários, enfim, todos aqueles que participam do cotidiano escolar. A escola, sob este ponto de vista, uma escola das diferenças, pode ser compreendida como um espaço privilegiado para a expressão da diversidade social, um local de encontro entre diferentes crenças, hábitos, linguagens, valores, costumes. E a professora Antônia, que trabalha com turmas do 1° ano dos anos Iniciais trouxe a seguinte fala: A escola é o espaço onde se encontra a maior diversidade cultural e também é o local mais discriminador. Tanto é assim que existem escolas para ricos e pobres, de boa e má qualidade, respectivamente. Por isso trabalhar as diferenças é um desafio para o professor, por ele ser o mediador do conhecimento, ou melhor, um facilitador do processo ensino aprendizagem. Muitas vezes ficamos tão presos a grandes paradigmas, formas, padrões e com isso não acreditamos nas mudanças. Olhar a especificidade da diferença é instiga-la e vê-la no plano da coletividade. Pensar numa escola pública de qualidade é pensar na perspectiva de uma educação inclusiva. É questionar o cotidiano escolar, compreender e respeitar o jeito de ser de cada um. Para mim, somente construindo um currículo multicultural é que vamos respeitar as diferenças raciais, culturais, étnicas, de gêneros e outros. (Professora Antônia). Conforme a professora Antônia, por vezes, os professores nem se dão conta de que o país é pluriétnico e que a escola é o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e suas contribuições na formação dos cidadãos. Alguns também ignoram que muitas vezes as dificuldades do aluno advêm do processo que está relacionado à sua cultura, tão desrespeitada ou até ignorada por alguns professores ou mesmo pelo próprio currículo escolar. Na concepção da professora, é importante observar no nosso cotidiano atitudes preconceituosas nos atos, gestos e falas. E, não poderia ser diferente, acontece o mesmo no ambiente escolar. Pensar num currículo multicultural é opor-se ao etnocentrismo e preservar valores básicos de nossa 24 sociedade. Acreditamos que seja possível a construção de uma escola que reconheça que os alunos são diferentes, que possuem uma cultura diversa e que repense o currículo, a partir da realidade existente dentro de uma lógica de igualdade e de direitos sociais. A proposta de uma educação voltada para as diferenças coloca a todos nós, educadores, o grande desafio de estar atentos às diferenças econômicas, sociais e raciais e de buscar o domínio de um saber crítico que permita interpretá-las. 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS O espaço escolar constitui-se como um ambiente em que os indivíduos ali inseridos estão sendo preparados para a vida em sociedade e precisam aprender a respeitar as diferenças existentes no mundo moderno. Diante disso, torna-se importante que o professor conheça o sujeito para poder repensar os conteúdos e as práticas, de maneira a atender às necessidades, interesses e valores de todos, respeitando, assim, as suas diferenças. Neste cenário e diante da problemática desta pesquisa (Que concepções de diferença constituem os professores da educação básica?) posso afirmar que as concepções dos professores entrevistados não apresentam uma única concepção, igual e homogênea. No geral, suas falas trazem elementos diferentes. Alguns rementem-se a questão da inclusão e do AEE, outros falam das mudanças já ocorridas na escola e na formação de professores a fim de construir uma escola das diferenças e outros, ainda, falam sobre a questão do currículo e das flexibilidades nos planejamentos dos professores. De qualquer modo, esta discussão conceitual parece estar presente no cotidiano escolar dos professores entrevistados, visto que eles conseguiram trazer elementos importantes para nos fazer pensar. Ainda á de se considerar que suas concepções também variam de acordo com suas trajetórias e práticas e podem ir se modificando, também, por meio da formação continuada (citada por uma das professoras) ou mesmo da constante análise e reflexão acerca de suas práticas. Assim, podemos compreender que a diferença parece revelar o novo, o enigmático, o imprevisível de cada pessoa, em cada momento, portanto, as aulas nunca serão iguais, reproduzíveis. Não se trata, no entanto, de realizar uma aula diferenciada para/com cada aluno, nem tampouco disponibilizar atividades diferentes para alguns da turma. Trata-se de criar um cenário educacional em que todos tenham a oportunidade de se conectarem aos conhecimentos por meio de livros, objetos, pessoas, consigo mesmos, mantendo um pensamento criativo que lhes conduza à emancipação intelectual e à autonomia. Cada um à sua maneira. É nesse processo formativo, que a problematização sobre as diferenças devem compor elementos fundamentais, já que somos todos diferentes. Diferenças são lógicas produzidas pela linguagem na construção de representações sociais, 26 precisando estar abertos para mudanças, buscar o mapeamento no que dá sentido para a existência e para a vida humana. A relação entre professor/aluno é um aspecto significativo no cotidiano escolar, considerando a sua importante dimensão socializadora. Por isso, é preciso acreditar em nossa capacidade de fazer a diferença. Diferença no curso de nossa própria vida, mas também no mundo em que ela é vivida. Lutar pelo apagamento da linha da normalidade que busca, incansavelmente, apagar as diferenças. 27 REFERÊNCIAS BRASIL, LDB. Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em < www.planalto.gov.br >. Acesso em: 25 de abril de 2015. BRASIL. 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