nível compilatório

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ASPECTOS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E
OCUPAÇÃO DO SOLO – FOLHA MIR-318 - PORTO DOS
GAÚCHOS - MEMÓRIA TÉCNICA
Parte 2: Sistematização de Informações Temáticas
NÍVEL COMPILATÓRIO
DSEE-VG-US-MT-016
PLANO DA OBRA
PROJETO DE DESENVOLVIMENTO AGROAMBIENTAL DO ESTADO DE MATO GROSSO - PRODEAGRO
ZONEAMENTO
SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO:
DIAGNÓSTICO
SÓCIOECONÔMICO-ECOLÓGICO DO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA
TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA 2ª APROXIMAÇÃO
Parte 1: Consolidação de Dados Secundários
Parte 2: Sistematização das Informações Temáticas
Parte 3: Integração Temática
Parte 4: Consolidação das Unidades
Governo do Estado de Mato Grosso
Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral - SEPLAN
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)
PROJETO DE DESENVOLVIMENTO AGROAMBIENTAL DO ESTADO DE MATO GROSSO - PRODEAGRO
ZONEAMENTO
SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO:
DIAGNÓSTICO
SÓCIOECONÔMICO-ECOLÓGICO DO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA
TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA 2ª APROXIMAÇÃO
ASPECTOS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO - FOLHA
MIR-318 - PORTO DOS GAÚCHOS – MEMÓRIA TÉCNICA
Parte 2: Sistematização das Informações Temáticas
NÍVEL COMPILATÓRIO
MARCO ANTONIO VILLARINHO GOMES
MÁRIO VITAL DOS SANTOS
CUIABÁ
FEVEREIRO, 2001
CNEC – Engenharia S.A.
GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO
Dante Martins de Oliveira
VICE-GOVERNADOR
José Rogério Salles
SECRETÁRIO DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
Guilherme Frederico de Moura Müller
SUB SECRETÁRIO
João José de Amorim
GERENTE ESTADUAL DO PRODEAGRO
Mário Ney de Oliveira Teixeira
COORDENADORA DO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO
Márcia Silva Pereira Rivera
MONITOR TÉCNICO DO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO
Wagner de Oliveira Filippetti
ADMINISTRADOR TÉCNICO DO PNUD
Arnaldo Alves Souza Neto
EQUIPE TÉCNICA DE ACOMPANHAMENTO E SUPERVISÃO DA SEPLAN
Coordenadora do Módulo Biótico/Uso do Solo
LUZIA IVO DE ALMEIDA ARIMA
(Geógrafa)
Coordenadora do Módulo Sócio-Econômico/ Jurídico-Institucional
MARILDE BRITO LIMA
(Economista)
Coordenadora do Módulo Cartografia/Geoprocessamento
LIGIA CAMARGO MADRUGA
(Engª Cartógrafa)
Supervisores de Tema
DALILA VARGAS OLIVARES SIFUENTE
(Geógrafa)
LIGIA CAMARGO MADRUGA
(Enga. Cartógrafa)
LUZIA IVO DE ALMEIDA ARIMA
(Geógrafa)
JOÃO BENEDITO PEREIRA LEITE SOBRINHO
(Engo Agrônomo)
MARIA APARECIDA CERCI DE PAIVA
(Enga. Agrônoma)
Consultor PNUD para o Módulo Biótico/ Uso do Solo
RICARDO RIBEIRO RODRIGUES
(Biólogo/Botânico)
Consultor PNUD para o Módulo Sócio-Econômico/ Jurídico Institucional
SÉRGIO ADÃO SIMIÃO
(Engo. Agronômo)
Consultor PNUD para Geoprocessamento/ Banco de Dados
EMÍLIO CARLOS BOCHÍLIA
(Analista de Organização,
Sistemas e Métodos de
Informações – OIM)
Supervisão do Banco de Dados
GIOVANNI LEÃO ORMOND
(Administrador de Banco de
Dados)
VICENTE DIAS FILHO
(Analista de Sistema)
EQUIPE TÉCNICA DE EXECUÇÃO
CNEC - Engenharia S.A.
GERÊNCIA E COORDENAÇÃO
LUIZ MÁRIO TORTORELLO
(Gerente do Projeto)
KALIL A. A. FARRAN
(Coordenador Técnico)
MARCO A. V. GOMES
(Coordenador Técnico do Meio
Econômico/Jurídico Institucional)
Sócio-
MÁRIO VITAL DOS SANTOS
(Coordenador
Biótico)
Físico-
MARIA MADDALENA RÉ
(Coordenadora de Uso e Ocupação do Solo)
Técnico
EQUIPE TÉCNICA DE CAMPO
ADRIANA ROZZA
(Engª Agrônoma)
FRANCISCO O. DE CARVALHO
(Estagiário)
GÉZA ARBOCZ
(Engº Agrônomo)
LAURA CRISTINA FEINDT URREJOLA
(Geógrafa)
LUÍS CARLOS BERNACCI
(Biólogo)
MÁRCIA VISIBELLI
(Geógrafa)
MARIA TEREZINHA MARTINS
(Geógrafa)
MARTA CAMARGO DE ASSIS
(Bióloga)
MÔNICA TAKAKO SHIMABUKURO
(Bióloga)
NATÁLIA M. IVANAUSKAS
(Engª Agrônoma)
PAULA PINTO GUEDES
(Bióloga)
RENATO GOLDENBERG
(Engº Agrônomo)
RUBENS ANTÔNIO ALVES BARRETO
(Engº Florestal)
SALVADOR RIBEIRO FILHO
(Engº Florestal)
do
Meio
EQUIPE TÉCNICA DE FOTOINTERPRETAÇÃO
LAURA CRISTINA FEINDT URREJOLA
(Geógrafa)
MÁRCIA VISIBELLI
(Geógrafa)
MARIA TEREZINHA MARTINS
(Geógrafa)
PAULA PINTO GUEDES
(Bióloga)
RUBENS ANTÔNIO ALVES BARRETO
(Engº Florestal)
EQUIPE TÉCNICA DE GABINETE
DENISE TONELLO
(Arquiteta)
EDUARDO CECONELO
(Eng.º Civil)
FRANCISCO O. DE CARVALHO
(Estagiário)
MADALENA LÓS
(Bióloga)
MARCELO DE PAULA FERREIRA
(Arquiteto)
MÁRCIA VISIBELLI
(Geógrafa)
MARIA TEREZINHA MARTINS
(Geógrafa)
PAULA PINTO GUEDES
(Bióloga)
PENÉLOPE LOPES
(Arquiteta)
VERA MÁRCIA ARRIGHI
(Arquiteta)
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO
001
2.
PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
E
OPERACIONAIS
ESPECÍFICOS À FOLHA PORTO DOS GAÚCHOS
003
2.1.
DOCUMENTAÇÃO
003
2.2.
INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS
003
2.3.
TRABALHOS DE CAMPO
006
2.4.
INTEGRAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS
008
3.
CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE MAPEAMENTO
008
3.1.
FORMAÇÕES VEGETAIS
008
3.1.1.
Formações Savânicas e Campestres
008
3.1.1.1.
Sd - Savana Florestada (Cerradão)
008
3.1.1.2.
Sa - Savana Arborizada (Cerrado)
009
3.1.1.3.
Saf – Savana Arborizada com Floresta
de Galeria
009
3.1.1.4.
3.1.2.
3.1.3.
Sgi - Savana
(Campo Úmido)
Gramíneo-Lenhosa
009
Formações Ripárias
010
3.1.2.1.
Fj - Formação Justafluvial
010
3.1.2.2.
Fa - Floresta Aluvial
010
Formações Florestais
011
3.1.3.1.
Fe - Floresta Estacional
011
3.1.3.2.
Fp - Floresta Associada ao Planalto dos
Parecis
012
3.1.4.
Formações de Contatos
3.1.4.1.
3.1.5.
3.2.
FoFe - Floresta Ombrófila/Floresta
Estacional
012
3.1.4.2.
FeS - Floresta Estacional/Savana
013
3.1.4.3.
FpS - Floresta Associada ao Planalto
dos Parecis / Savana
014
Formações Remanescentes
014
3.1.5.1. Fr - Floresta Remanescente
014
3.1.5.2. Fs - Formação Secundária
014
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
3.2.1.
3.2.2.
Usos Agropecuários
3.2.2.2.
5.
015
Aspectos Gerais: Ocupação e Estruturação do
Território
3.2.2.1.
4.
012
015
018
Ap – Uso Agropecuário em Pequenas
Propriedades
018
Agp – Uso Agropecuário em Médias e
Grandes Propriedades com Predomínio
de Pastagens
021
3.2.3.
Re – Reflorestamento
021
3.2.4.
U - Usos Urbanos
022
3.2.5.
Ui - Uso Antrópico em Terra Indígena
022
CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO ASSOCIADAS
FORMAÇÕES VEGETAIS E AO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
ÀS
022
4.1.
FEIÇÃO DE PAISAGEM - PLANALTO DOS PARECIS
025
4.2.
FEIÇÃO DE PAISAGEM - DEPRESSÃO DA AMAZÔNIA
MERIDIONAL
027
BIBLIOGRAFIA
030
ANEXOS
ANEXO I - RELAÇÃO DAS FICHAS DE CAMPO CAMPANHA DE FORMAÇÕES VEGETAIS/
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
ANEXO II – RELAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM DE VEGETAÇÃO
ANEXO III – RELAÇÃO DAS ÁREAS DAS FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO
DO SOLO POR MUNICÍPIO
ANEXO IV – FOTOGRAFIAS
ANEXO V- MAPA
A001
FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – MIR 318
LISTA DE QUADROS
001
CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES INTERPRETADOS
005
002
PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE
PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 1.
PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E
EM ÁREA OCUPADA (%)
019
PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE
PRODUÇÃO OBSERVADOS NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 2.
PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E
EM ÁREA OCUPADA (%)
020
003
LISTA DE FIGURAS
001
LOCALIZAÇÃO DA FOLHA PORTO DOS GAÚCHOS NO ESTADO
002
002
LOCALIZAÇÃO DAS CAMPANHAS DE CAMPO
007
003
DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA E ELEMENTOS DE INFRAESTRUTURA
016
PRINCIPAIS FEIÇÕES DE PAISAGEM
024
004
1
1.
INTRODUÇÃO
A presente Memória Técnica refere-se aos trabalhos de mapeamento das
Formações Vegetais/Uso e Ocupação do Solo, executados na Folha Porto dos Gaúchos –
MIR-318 (SC.21-Y-D). A folha mapeada situa-se na porção centro-noroeste do Estado, entre
os paralelos 11o00’ e 12o00’ de latitude sul e os meridianos 57o00’e 58o30’ de longitude oeste
de Greenwich (Figura 001).
A Folha MIR-318 compreende totalmente o município de Novo Horizonte do Norte e
parte do território dos municípios de Juara, Brasnorte, Porto dos Gaúchos, Juína, Castanheira,
Nova Maringá, Tapurah, Tabaporã, Sapezal, sendo presentes as sedes municipais de Porto
dos Gaúchos, Novo Horizonte do Norte e Juara. A rodovia MT-220 cruza a porção mediana da
Folha, propiciando ligações leste-oeste; as rodovias MT-170, MT-160 e MT-338 propiciam
ligação com zonas de uso a sul.
A Terra Indígena Erikbatsa situa-se na porção noroeste do território; são ainda
presentes parte da Terra Indígena Apiaká-Kaiabi (porção nordeste) e pequena parcela da
Terras Indígenas Enawenê-Nawê e Japuira, respectivamente nas extremidades sudoeste e
noroeste da Folha MIR-318.
O território é compreendido na bacia do Rio Juruena, drenado por este rio na porção
oeste e pelos Rios do Sangue e Arinos, na porção centro-leste. A Serra do Tombador cruza a
Folha MIR-318 no sentido norte-sul, no divisor de águas entre os Rios do Sangue e Arinos. A
região está inserida, a sul, no Planalto dos Parecis; a norte, na Depressão da Amazônia
Meridional, onde destaca-se a presença descontínua de relevos residuais.
Predominam na região a Floresta associada ao Planalto dos Parecis e tipologias de
contato entre as formações estacionais, ombrófilas e savânicas, ocorrendo encraves de
Floresta Estacional nas áreas mais dissecadas e de Savana em relevos tabulares amplos. O
uso agrícola é intensivo, associado a projetos de colonização privados, permanecendo áreas
mais preservadas na porção sul e noroeste do território. Nas áreas de ocupação ocorrem
pequenas, médias e grandes propriedades, predominando as atividades de pecuária.
2
FIGURA 001 LOCALIZAÇÃO DA FOLHA PORTO DOS GAÚCHOS NO ESTADO
3
2.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E OPERACIONAIS ESPECÍFICOS À
FOLHA PORTO DOS GAÚCHOS
A metodologia geral que norteou os trabalhos de mapeamento das Formações
Vegetais/ Uso e Ocupação do Solo na escala 1:250.000, encontra-se detalhada no Relatório
DSEE-VG/US-RT-001 - “Formações Vegetais/Uso e Ocupação do Solo - Aspectos Gerais:
Procedimentos Metodológicos e Atividades Realizadas”, onde são tratados os aspectos gerais
do trabalho, tais como: dados secundários utilizados; procedimentos metodológicos seguidos
no decorrer dos trabalhos; critérios de interpretação utilizados na identificação dos padrões das
imagens; procedimentos específicos às diversas campanhas de campo; correlação de dados
secundários e relativos a outros setores de estudo relacionados ao tema.
2.1.
DOCUMENTAÇÃO
Os trabalhos de cunho regional utilizados, que abrangem a Folha MIR-318 referem-
se a:
2.2.

Projeto RADAMBRASIL Folha SC.21 Juruena, escala 1:1.000.000.

Na delimitação dos padrões de uso e ocupação e das formações vegetais,
abrangendo totalmente a área da Folha estudada, foram utilizadas as imagens
de satélite LANDSAT TM5 228/67 (26/07/94) e 228/68 (10/07/94), composição
colorida, bandas 3, 4 e 5; para definição de padrões duvidosos (nuvens,
queimadas) foi também consultado o mosaico de RADAR SC.21YD (Projeto
RADAMBRASIL), todos na escala 1:250.000.

Devido a defasagem temporal entre as imagens interpretadas (1994) e o estágio
atual dos trabalhos, foi consultada a Folha MIR-318 do trabalho – Mapa da
Dinâmica de Desmatamento do Estado de Mato Grosso (1999, escala
1:250.000), elaborado pela FEMA – Fundação Estadual do Meio Ambiente. Na
Folha Temática, foram demarcadas as áreas desmatadas entre esta data e 1997
(imagem mais recente interpretada pela FEMA).
INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS
A interpretação das imagens de satélite seguiu aos procedimentos gerais
explicitados no Relatório DSEE-VG/US-RT-001. De maneira geral, os processos de
mapeamento foram realizados principalmente a partir da fotointerpretação analógica de
imagens de satélite Landsat TM 5, e quando possível, em levantamentos florísticos e
fitofisionômicos da vegetação e verificações do uso do solo em campo.
Após a conclusão dos trabalhos comparou-se os resultados obtidos ao mapeamento
realizado pelo Projeto RADAMBRASIL. De maneira geral, as áreas de contato entre os
diferentes sistemas florestais apresentam-se com padrões indiferenciados, o que torna difícil
sua delimitação, pois nem sempre foi possível a averiguação em campo, devido a carência de
vias de acesso ou por corresponderem a terras indígenas. Nestas situações, o mapeamento da
4
cobertura vegetal foi realizado também pela correlação das características de solos e relevo da
área.
Os trabalhos de interpretação e as campanhas de campo mostraram divergências
em relação ao mapeamento do Projeto RADAM, em correspondência às formações de contato
e pelo diferente grau de conservação da vegetação, advindo da antropização da região
ocorrida no ultimo decênio.
Estas divergências entre a legenda RADAM e a realidade da região referem-se
principalmente a:

Áreas mapeadas (RADAM) como Floresta Ombrófila na porção norte e noroeste
da Folha MIR-318, são áreas de contato Ombrófila/Estacional, com ocorrência da
Floresta Ombrófila nas áreas rebaixadas e da Floresta Estacional em relevos
residuais;

Áreas mapeadas (RADAM) como Savana Parque ao longo do Rio Arinos são
áreas de Floresta Aluvial;

A porção sul e sudeste da Folha MIR-318, aproximadamente em
correspondência ao Planalto dos Parecis, considerada no RADAM como contato
Ombrófila/Estacional, foi mapeada como Floresta associada ao Planalto dos
Parecis;

Neste mesmo planalto, na porção sudoeste da Folha MIR-318, área mapeada
(RADAM) como Floresta Estacional foi no atual mapeamento, discriminada como
Savana Florestada e Contato Floresta associada ao Planalto dos
Parecis/Savana;

No interflúvio entre os Rios Arinos e do Sangue, área mapeada (RADAM) como
Floresta Ombrófila aberta, foi mapeada como Formação Secundária e Floresta
Remanescente, em função da grande alteração do território;
Foram mapeados 14 padrões relativos às formações vegetais, e 5 padrões
característicos de áreas antropizadas. Estes padrões foram, em situações específicas,
correlacionados constituindo legendas compostas. A legenda definida pelos padrões das
imagens, corroborada pelas informações de campo é apresentada no Quadro 001, a seguir:
5
QUADRO 001
CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DOS PADRÕES INTERPRETADOS
LEGENDA
PADRÃO DA IMAGEM
OBSERVAÇÕES
FORMAÇÕES VEGETAIS
Sd - Savana Florestada
(Cerradão)
Sa - Savana Arborizada
(Cerrado)
Saf - Savana Arborizada
com Floresta de Galeria
Sgi – Savana Gramíneo-Lenhosa
(Campos Úmidos)
Fj – Formação Justafluvial
Fa – Floresta Aluvial
Fe – Floresta Estacional
Fp – Floresta associada ao Planalto
dos Parecis
Fp* - Floresta associada ao Planalto
do Parecis com corte seletivo.
FeS – Contato Floresta Estacional /
Savana
FoFe – Contato Floresta Ombrófila /
Floresta Estacional
FpS –Contato Floresta Associada
ao Planalto dos Parecis/Savana
Fr – Floresta Remanescente
Fs – Formação Secundária
Tons de marrom esverdeado a verde
médio, com mosqueamento de
marrom esverdeado.
Tons de rosa médio e verde médio,
com mosqueamento de marrom
esverdeado.
Alinhamentos de verde escuro rugoso
ao longo das drenagens.
Tons de rosa a marrom avermelhado.
Ocorre em áreas expressivas entre os Rios do
Sangue e Juruena, a sul.
Tons de verde médio.
Mapeada, como sub-dominante, em áreas de
uso.
Ocorre ao longo dos principais rios que cortam
a Folha MIR-318.
Tons de verde muito escuro a médio,
às vezes mosqueados de marrom
esverdeado.
Tons
de
verde
escuro
com
mosqueamento verde claro.
Tons de verde escuro mosqueado de
verde mais claro nos interflúvios.
Tons de verde médio mosqueado de
marrom esverdeado.
Tons de verde escuro mosqueado de
verde mais claro nos interflúvios.
Tons
de
verde
médio,
com
mosqueamento
de
marrom
esverdeado; verde mais escuro junto
às drenagens.
Tons de verde escuro a médio.
Tons de verde claro mosqueado de
marrom ou marrom esverdeado.
Agp – Uso Agropecuário em médias
e grandes propriedades com
predomínio de Pastagens
USO DO SOLO
Tons de rosa claro a escuro e verde
claro.
Ap - Uso Agropecuário em
pequenas propriedades
Tons de rosa e verde claros, com
manchas de verde escuro.
Re – Reflorestamento
Tons de verde claro com forma
alongada.
U – Usos Urbanos
Tons de rosa claro a médio com
linhamentos esbranquiçados.
Tom de rosa, textura lisa.
Ui – Uso Antrópico em
Indígena
FONTE:
Terra
Ocorrências restritas às margens dos Rios
Juruena e do Sangue e a sudoeste, na
confluência dos Rios Papagaio e Juruena.
Ocorrência às margens do Rio Juruena.
Ocorrência às margens do Rio Juruena.
Ocorrência associada a relevos dissecados,
na porção norte da Folha MIR-318.
Ocorrência em relevo de amplos interflúvios.
Mapeada na margem esquerda do Rio
Juruena, no extremo sudoeste da Folha MIR318, como prolongamento da folha limítrofe
(MIR-317).
Ocorrências expressivas na porção norte da
Folha MIR-318.
Ocorrência em relevos de amplos interflúvios,
na porção centro-sul e sudeste da Folha MIR318.
Corresponde a áreas florestadas, alteradas
pela exploração madeireira; encontra-se
principalmente associada às áreas com uso
agropecuário.
Corresponde a áreas desmatadas, com
regeneração
da
vegetação,
sem
as
características da mata original. Ocorre,
geralmente, entremeando áreas de uso
agropecuário.
Padrão de presença significativa, algumas
vezes associado a manchas de floresta
residual, geralmente com presença de mata
ciliar ou mata secundária.
Padrão de ocorrência também expressiva.
Ocorre nas proximidades de Juara, Porto dos
Gaúchos,
Novo
Horizonte,
Catuaí
e
Fontanillas, com predomínio de atividades de
pecuária.
Padrão mapeado entre as localidades de
Novo Horizonte e Porto dos Gaúchos,
segundo informação de campo, já que não é
diferenciável das áreas de formações
secundárias. Corresponde a culturas de
seringueira.
Porto dos Gaúchos, Juara, Novo Horizonte do
Norte.
Corresponde a T.I.Eribatsa e T.I.Apiaká /
Kaiabi.
CNEC, 1997.
Freqüentemente, formações vegetais não mapeáveis na escala dos trabalhos
encontram-se entremeando uma formação dominante. Nestes casos, considerou-se uma
legenda composta, onde a primeira formação é a dominante. Áreas antrópicas também
6
ocorrem entremeadas por formações vegetais de dimensões não mapeáveis encravadas numa
formação vegetal.
2.3.
TRABALHOS DE CAMPO
A Folha MIR-318 foi coberta pelas seguintes Campanhas de Campo, cujos roteiros e
pontos de coleta são esquematizados na Figura 002:

02 campanhas relativas ao levantamento dos padrões de uso e das formações
vegetais, realizadas nos meses de julho - agosto (parte do Roteiro 4) e
setembro(parte do Roteiro 2) de 1997, quando foram percorridos os eixos viários
transitáveis. Foram relevados os padrões de uso e das formações vegetais ao
longo dos percursos, tendo sido amostrados, para definição dos padrões, 60
pontos, apresentados no Anexo I e locados na Folha Temática (Pontos 01 a 60).

01 campanha de vegetação - Expedição Porto dos Gaúchos, onde ocorreu coleta
de material botânico ao longo do Rio Arinos, nos Pontos 01, 02 e 03 e
amostragem fitossociológica em correspondência ao ponto 02.

A Pesquisa Sócio-Econômica-Agronômica realizou entrevistas que possibilitaram
a qualificação das atividades e do perfil do produtor.
Os pontos de coleta e amostragem encontram-se especializados na Folha Temática
e sua descrição consta dos respectivos relatórios técnicos consolidados.
7
FIGURA 002 LOCALIZAÇÃO DAS CAMPANHAS
8
2.4.
INTEGRAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS
Como descrito na Metodologia Geral (Relatório DSSE-VG/US-RT-001), na
interpretação preliminar e no acompanhamento das campanhas de campo foram utilizados
dados de outros setores de estudo, relacionados ao tema em tela, notadamente no que diz
respeito aos aspectos de solos, formas do relevo, padrões da ocupação, presença de
equipamentos de infra-estrutura.
Após as campanhas de campo e a revisão do mapeamento preliminar dos padrões
de uso e das formações vegetais, foi realizado trabalho de sistematização das informações de
outros temas, necessárias à compreensão dos processos de ocupação e à descrição das
formações vegetais presentes na região. Os dados primários utilizados para o processo de
correlação referem-se essencialmente às observações de campo; aos levantamentos
florísticos, fitossociológicos e faunísticos; aos resultados da pesquisa sócio-econômicaagronômica; aos relatórios temáticos de Geologia, Geomorfologia e Solos específicos à Folha
MIR-318. A correlação dos dados permitiu a definição da legenda temática dos padrões que
constam da Folha MIR-318 - Formações Vegetais/Uso e Ocupação do Solo.
3.
CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE MAPEAMENTO
3.1.
FORMAÇÕES VEGETAIS
3.1.1.
Formações Savânicas e Campestres
3.1.1.1.
Sd - Savana Florestada (Cerradão)
É a expressão florestal das formações savânicas, que se desenvolve sobre solos
profundos e de média fertilidade, freqüentemente podzólicos e latossolos. As árvores que
constituem o dossel possuem troncos geralmente grossos, com espesso ritidoma porém sem a
marcante tortuosidade geralmente observada nas savanas. A estratificação é simples e o
componente arbóreo é perenifólio, atingindo altura em torno de 15m, podendo chegar a 18m.
Não há um estrato arbustivo nítido e o estrato graminoso esparso é entremeado de espécies
lenhosas de pequeno porte. Possui composição florística diversificada, contendo espécies das
expressões mais abertas das savanas, que assumem hábito arbóreo, e da Floresta Estacional,
raramente presentes em outras formações savânicas. Epífitas são raras. É também
denominada “Cerradão” ou “Savana Arbórea Densa”.
São características do estrato superior espécies como: sucupira-branca (Pterodon
pubescens), sucupira-preta (Bowdichia virgilioides), jatobá (Hymenaea courbaril), tingui
(Magonia pubescens), pau-terra (Qualea sp), pau-santo (Kielmeyera coriacea), pau-de-sobre
(Emmotum nitens), jacarandás (Machaerium sp e Dalbergia sp).
Esta formação está representada a sudoeste da Folha MIR-318 no Planalto dos
Parecis, junto aos Rios Juruena e do Sangue, associada a Savanas Arborizadas. Uma
pequena mancha disjunta ocorre na porção centro-leste, na margem esquerda do Rio Arinos,
junto à foz do Rio Mestre Falcão.
9
3.1.1.2.
Sa - Savana Arborizada (Cerrado)
Corresponde à formação savânica propriamente dita, caracterizando-se pelo aspecto
xeromorfo do componente arbustivo-arbóreo e pelo expressivo estrato herbáceo, onde
predominam gramíneas cespitosas (que formam touceiras). Variações fisionômicas e
estruturais, decorrentes de características pedológicas diferenciadas e de perturbações
antropogênicas expressam-se pela distribuição espacial irregular de indivíduos, ora com
adensamento do estrato arbustivo-arbóreo, ora com predomínio do componente herbáceo. A
altura varia entre 2 e 7m. Apresenta, como característica marcante, estrato arbóreo composto
de exemplares de troncos e galhos retorcidos, casca espessa e folhas grandes, muitas vezes
coriáceas.
Constitui uma fisionomia vegetal relativamente aberta, geralmente manejada com
fogo, podendo representar feições alteradas de Savanas Florestadas, submetidas a pressões
antrópicas.
É denominada, em sentido amplo, de “Cerrado”. Ocorre sobre vários tipos de solos,
mais freqüentemente em latossolos álicos, mas também em solos podzólicos, concrecionários
e Areias Quartzosas. Espécies características: jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa),
ipê-do-cerrado (Tabebuia caraiba), araticum (Annona coriacea), pequizeiro (Caryocar
brasiliensis), mangaba (Hancornia speciosa), lixeirinha (Davilla elliptica), colher-de-vaqueiro
(Salvertia convallariaeodora), lixeira (Curatella americana), pau-santo (Kielmeyera coriacea),
pau-terra (Qualea sp), muricis (Byrsonima sp), entre outras. A ocorrência de lianas não se dá
de forma agressiva, sendo, em sua maioria, herbáceas ou semi-lenhosas.
Ocorre de forma restrita, a sudoeste do Planalto dos Parecis, associada às Savanas
Florestadas, onde estão presentes Areias Quartzosas, associadas a latossolos.
3.1.1.3.
Saf- Savana Arborizada com Floresta de Galeria
Esse padrão é constituído pela fisionomia as Savana Arborizada associada a
Formações Ripárias. Porém, devido as pequenas extensões desta, não foi possível sua
individualização através de mapeamento, na escala do trabalho.
Estas Formações Ripárias formam estreitas faixas, onde o solo mais fértil permite o
desenvolvimento de florestas, estando presentes espécies como ingá (Inga sp), figueiras
(Ficus sp), pinha-do-brejo (Talauma ovata), pindaíba-do-brejo (Xylopia emarginata). Ao lado
destas essências tipicamente ripárias, ocorrem ainda elementos estacionais, uma vez que
estas formações não estão submetidas ao estresse hídrico verificado no ambiente savânico.
Por constituírem faixas contínuas que se destacam na paisagem de formações abertas,
recebem a denominação de Florestas-de-Galeria ou Florestas Ciliares.
3.1.1.4.
Sgi - Savana Gramíneo-Lenhosa (Campo Úmido)
Corresponde à vegetação presente em áreas deprimidas, sobre solos hidromórficos,
onde o lençol freático aflora ou é muito superficial, geralmente em localidades caracterizadas
por nascentes, lagoas, corixos e riachos. Caracteriza-se pela presença de flora hidrófila, isto é,
que se desenvolve em ambientes úmidos. Também denominada de “Campos Úmidos”.
Desenvolve-se também sobre afloramentos rochosos ou solos muito rasos,
freqüentemente com camada de laterita superficial, podendo-se encontrar campos úmidos
onde a rocha é superficial, em topos de morros testemunhos e em alguns platôs em torno de
buritizais e Florestas-de-Galeria.
10
No período chuvoso, estes campos permanecem encharcados, impedindo o
crescimento de vegetação arbóreo-arbustiva. Assim, a vegetação apresenta apenas estrato
herbáceo, sendo as espécies encontradas extremamente seletivas. São muito freqüentes as
ciperáceas, gramíneas, além de outras herbáceas como cruz-de-malta (Ludwigia sp), Xyris sp,
jalapa (Mandevilla sp), bem como minúsculas plantas “carnívoras” do gênero Utricularia.
Localmente, podem apresentar micro relevo constituído de pequenas elevações,
onde é comum a ocorrência de espécies lenhosas arbustivas. Neste caso, recebem a
denominação de “Campos de Monchões” ou “Campos de Murunduns”.
Esta formação está presente a oeste, junto ao Rio Juruena, no limite entre as
extensas formações aluviais ali presentes e a Floresta associada ao Planalto dos Parecis.
3.1.2.
Formações Ripárias
3.1.2.1.
Fj - Formação Justafluvial
Compreende diversas formas de vegetação associadas a cursos d’água, que
recebem distintas denominações, de acordo com suas peculiaridades, reflexo das condições
do substrato onde se desenvolvem: “Veredas”, “Matas de Brejo”, “Floresta-de-Galeria” ou
“Floresta Ciliar”.
Em domínio de savanas, estas formações começam, em geral, em pequenos brejos
ou nascedouros de ribeirões, sob a forma de alamedas de buritis (Mauritia sp), formando
“Veredas”. Ao longo dos cursos d’água, as veredas vão progressivamente adquirindo outras
espécies de árvores, dentre as quais citam-se ingá (Inga uruguensis), copaíba (Copaifera
langsdorffii), tapiriri (Tapirira guianensis), congonha (Ilex sp), mulungu (Erythrina aff. mulungu),
encorpando e passando a constituir faixas que margeiam as linhas de drenagem. Adquirem
caráter peculiar, por se destacar na paisagem caracterizada por fisionomias abertas e
xeromorfas, e recebem a denominação de “Floresta-de-Galeria” ou “Floresta Ciliar”. Por vezes,
passam gradualmente a ocupar as “rampas” do interflúvio, em uma transição para as
formações adjacentes. Quando estas florestas se fundem no interflúvio, considera-se o fim da
área nuclear do domínio das savanas.
Em sítios com impedimentos de drenagem formam-se matas paludosas
denominadas “Matas de Brejo”, onde predominam espécies hidrófilas, como olandi
(Calophyllum brasiliensis) e leiteiro (Sapium sp), pindaíba (Xylopia emarginata) e buritirama
(Maurtiella armata).
Quando em domínio florestal, as Formações Justafluviais apresentam-se bem
desenvolvidas , com estrutura semelhante à das florestas com as quais se associam, sendo de
difícil discriminação no mapeamento. Possuem composição florística particular, sendo
encontradas, além de essências da flora do interflúvio, as seguintes espécies arbóreas:
cambará (Vochysia cf. divergens), anani (Symphonia globulifera), jequitibá-vermelho (Cariniana
rubra), novateiros (Triplaris sp), olandi (C. brasiliense), embaúvas (Cecropia sp), leiteiro
(Sapium sp) e sangra-d’água (Croton cf. urucurana) entre outras. No domínio da Floresta
Ombrófila ou em regiões de contato desta, é característica a presença de sororoca
(Phenakospermum guianense), como dominante no subosque.
Na Folha MIR-318, Formações Justafluviais estão presentes como sub-dominantes,
em áreas de uso, remanescentes de desmatamentos realizados para uso agropecuário.
11
3.1.2.2.
Fa - Floresta Aluvial
Ocorre seletivamente em solos aluviais, em planícies de inundação sazonal dos rios.
Apresenta elementos botânicos estacionais e ombrófilos, predominando estes ou aqueles, de
acordo com o domínio em que se insere. Sua composição florística, contudo, é relativamente
distinta e menos diversa em relação às formações florestais de interflúvios, devido às
restrições decorrentes do substrato periodicamente encharcado. Verificam-se espécies
seletivas higrófilas, dentre as quais destacam-se: ingás (Inga sp), jenipapo (Genipa
americana), olandi (Calophyllum brasiliensis), e leiteiro (Sapium sp). As palmeiras são
indicadoras do tipo e das condições hídricas do solo, uma vez que maripá (Attalea maripa),
bacuri (Attalea phalerata) e bacaba (Oenocarpus sp) dominam nas planícies aluviais. Em
grotas e outros sítios de maior umidade ocorrem ainda paxiúbas (Iriartea sp) e palmiteiro
(Euterpe precatoria). O baixo potencial madeireiro, a impossibilidade de exploração agrícola e
a ausência de fogo, colocam este tipo de vegetação, de modo geral, em situação privilegiada
em relação à sua preservação.
Presente nas áreas de várzea e planícies de inundação, em solos hidromórficos dos
principais cursos d’água. Além da presença de buritis (Mauritia flexuosa) nos locais com
residência prolongada de água no solo, foram observadas, no Rio Ilha da Praia, tributário do
Rio Arinos, as seguintes espécies: ipê (Tabebuia cf. serratifolia), açaí (Euterpe oleraceae),
angelim-de-saia (Parkia pendula), breu (Protium heptaphyllum), constituindo o estrato superior
com altura de 10m a 15m, tendo como emergentes essências como faveira (Dimorphandra
pennigera) e pau-terra (Qualea sp), que atingem, nesta formação, cerca de 20m de altura.
Bromeliáceas e orquidáceas são as epífitas mais comuns.
3.1.3.
Formações Florestais
3.1.3.1.
Fe - Floresta Estacional
Formação pluriestratificada, apresentando dossel de 25-30m de altura, com
emergentes. Tem ocorrência associada à estacionalidade climática e a solos geralmente mais
férteis do que aqueles observados sob as savanas. A maior relação com a estacionalidade
ocorre na região centro/sul do Estado, onde o período seco varia entre 3 a 5 meses (maio a
agosto). Na região norte esta fisionomia está relacionada aos relevos mais dissecados onde
ocorrem afloramentos rochosos e portanto solos mais rasos com menor disponibilidade de
água. Apresenta grande complexidade estrutural e elevada biomassa, constituindo
comunidades bastante diversas. Lianas e epífitas são freqüentes. São características, entre
outras, as seguintes espécies: cedro (Cedrela fissilis), guatambu e peroba (Aspidosperma sp),
cabreúva (Myroxylon peruiferum), paineira (Chorisia speciosa), mamica (Zanthoxylum
riedelianum) e pau-jangada (Apeiba tibourbou).
Esta floresta é denominada semidecidual ou decidual dependendo da densidade
menor (até 50%, geralmente em torno de 20%) ou maior (acima de 50%) de espécies
decíduas, respectivamente. Dentre as árvores que perdem total ou parcialmente as folhas no
período desfavorável destacam-se: ipês (Tabebuia roseo-alba, T. serratifolia, T. impetiginosa),
guatambus e perobas (Aspidosperma sp), embiruçus (Pseudobombax longiflorum e P.
tomentosum), gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), angicos (Anadenanthera macrocarpa e
A falcata), e aroeira-preta (Myracrodruon urundeuva).
Há também ocorrência de palmeiras como inajá (Attalea maripa), bocaiuva
(Acrocomia sclerocarpa) e babaçu (Orbignia speciosa), esta última muito favorecida com as
queimadas.
12
Está presente na Depressão da Amazônia Meridional, em manchas disjuntas entre
formações de transição desta com a Floresta Ombrófila. Sua presença relaciona-se com as
partes mais elevadas do relevo ondulado, com solos podzólicos superficiais. A floresta
apresenta deciduidade foliar do estrato superior bem definida, verificando-se a ocorrência de
espécies estacionais como os já citados ipês (Tabebuia sp), paineira (Chorisia speciosa), além
de garapa (Apuleia leiocarpa), jaracatia (Jaracatia sp), tamboril (Enterolobium sp) mulungu
(Erythrina sp), taiuva (Maclura tinctoria), entre outras.
Localmente há ocorrência de tabocas (Poaceae) associadas à vegetação natural,
formando formações denominadas regionalmente “Mata de Taboca”.
3.1.3.2.
Fp - Floresta Associada ao Planalto dos Parecis
Corresponde à formação florestal que se desenvolve sobre o Planalto dos Parecis,
na faixa intermediária entre os Domínios da Savana e da Floresta Amazônica.
Constitui um ecótono entre as Florestas Ombrófila e Estacional, onde os diferentes
tipos de vegetação se misturam em um mosaico específico e a identidade ecológica é dada
pelas especificidades florísticas e fisionômicas resultantes. Em relação à composição florística,
possui elementos estacionais e ombrófilos, em freqüências variáveis. Dentre as espécies
encontradas podem ser citadas louro-branco (Ocotea guianensis), carapanaúba
(Aspidosperma carapanauba), quaresma (Miconia lepidota), maçaranduba (Manilkara sp)
angelim-de-saia (Parkia pendula), seringueira (Hevea brasiliensis), castanheira (Bertholletia
excelsa), pindaíba (Xylopia discreta), goiaba-de-anta (Bellucia glossularioides), bacaba
(Oenocarpus distichus).
Fisionomicamente, apresenta densa cobertura foliar, dossel bastante homogêneo,
com aproximadamente 20m de altura e grande densidade de indivíduos, caracterizados por
áreas basais reduzidas. Em geral, apresenta escassa serapilheira e raras epífitas. A baixa
freqüência de exemplares caducifólios confere pequeno grau de deciduidade a estas
comunidades vegetais, um dos aspectos que as diferenciam da Floresta Estacional que ocorre
em outras regiões do Estado de Mato Grosso.
Embora aparentemente uniforme em sua grande extensão, apresenta
heterogeneidades locais, tanto estruturais quanto florísticas, não evidenciadas por meio de
imagens de satélite. Observações de campo indicam variações associadas ao modelado do
terreno, uma vez que estas formações são freqüentemente mais vigorosas à medida em que
se aproximam dos canais de drenagem. Espécies de valor econômico, pouco comuns nos
interflúvios, estão aí representadas, tais como jatobá (Hymenea sp), peroba (Aspidosperma
sp), cedro-rosa (Cedrela fissilis), cumaru (Dipteryx sp), entre outras. Este aspecto implica em
maior concentração da exploração madeireira em áreas próximas a cursos d’água.
Ocupa grande parte do Planalto dos Parecis representado na Folha MIR-318,
caracterizando extensas áreas na porção sul e leste e, em menores extensões, a oeste.
3.1.4.
Formações de Contatos
3.1.4.1.
FoFe - Floresta Ombrófila / Floresta Estacional
13
Corresponde a uma formação de transição, onde ambos os tipos de vegetação se
alternam em padrão de mosaico, mantendo sua identidade. Verifica-se, portanto,
agrupamentos tipicamente de Floresta Ombrófila, com presença de espécies características
como: seringueira (Hevea brasiliensis), castanheira (Bertholletia excelsa), itaúba (Mezilaurus
itauba), palmiteiro (Euterpe precatoria) e sororoca (Phenakospermum guianense), e
povoamentos característicos da Floresta Estacional, cuja composição florística inclui mamica
(Zanthoxylum sp), jaracatiá (Jaracatia sp), jatobá (Hymenaea courbaril), todas decíduas no
período de estiagem.
Ocorre em complexo mosaico, onde ambas as formações florestais se alternam em
função das características do substrato, com elementos ombrófilos predominando em solos
profundos e úmidos, próximo às linhas de drenagem, enquanto a Floresta Estacional se
estabelece nas parte mais elevadas do relevo, formando encraves.
Fisionomicamente apresenta características de ambas as formações, com porte
elevado, entre 20-30m de altura e emergentes de até 35m, apresentando-se perenifólia nas
porções rebaixadas, enquanto que nos relevos residuais assume feição decídua.
Na Folha MIR-318 , assume grande complexidade, verificando-se alternadamente a
Floresta Ombrófila, em podzólicos nas áreas aplanadas da Depressão da Amazônia
Meridional, e encraves de Floresta Estacional em sítios mais elevados do terreno. Espécies
típicas ombrófilas observadas foram cacau (Theobroma sp), cupuaçu (Theobroma
grandiflorum), castanha-do-pará (Bertholettia excelsa), mata-mata (Lecythis sp), cumaru
(Dipterix odorata). O estrato superior apresenta alturas superiores a 30m, com densa
biomassa. Em algumas localidades o porte torna-se mais exuberante, com o dossel
alcançando até 40m de altura. Entre as espécies estacionais, destacam-se a garapa (Apuleia
leiocarpa), angico (Pihecellobium sp), breu (Protium sp) Em amostragem fitossociológica
realizada nesta formação, verificou-se diversidade bastante elevada, densidade de 617
indivíduos por hectare, sendo mais importantes no estrato arbóreo o breu (Protium multijuga), o
cacauí (Theobroma speciosum), o açaí (Euterpe oleracea) e o quiré (Brosimum sp), com
participação relativamente homogênea das espécies, embora Protium multijuga ocorra com
número de indivíduos mais elevado que as demais.
3.1.4.2.
FeS - Floresta Estacional/Savana
Corresponde a uma formação de transição, onde os dois tipos de vegetação se
alternam em padrão de mosaico, mantendo sua identidade. A transição ocorre principalmente
entre a Floresta Estacional e a Savana Florestada , onde elementos de ambas as formações
estão presentes. Dentre estas podem ser citadas: mandiocão (Didymopanax morototoni),
gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), maricá (Physocalymma scaberrimum), cumaru
(Dipteryx sp), tarumaí (Rhamnidium elaeocarpus).
Fisionomicamente apresenta-se como uma floresta mais aberta que a Estacional,
com menor quantidade de epífitas e lianas e com estratificação menos complexa. O dossel
apresenta distintos graus de deciduidade, dependendo das espécies prevalecentes.
Ocorre em pequena área na margem esquerda do Rio Juruena, no contato com
Formações Aluviais presentes neste curso d’água.
14
3.1.4.3.
FpS - Floresta Associada ao Planalto dos Parecis / Savana
Corresponde a uma formação de transição, onde os dois tipos de vegetação se
alternam em padrão de mosaico, mantendo sua identidade, estando presentes elementos de
ambas as formações. A transição ocorre principalmente com a Savana Florestada.
Fisionomicamente apresenta-se como uma floresta mais aberta, de baixo porte, entre
15 a 20m de altura, com dossel relativamente homogêneo. O componente arbóreo, bastante
denso, é composto por árvores de fuste regular, com diâmetros reduzidos.
Ocorre a sudoeste, entre formações savânicas e a Floresta associada ao Planalto
dos Parecis.
3.1.5.
Formações Antropizadas
3.1.5.1.
Fr - Floresta Remanescente
Ocorrem em áreas intensamente ocupadas, onde Florestas Remanescentes estão
presentes, porém com sinais de perturbações, notadamente relacionadas com a retirada
seletiva de madeira. Apesar de manter elementos da floresta primária, apresenta-se com
composição florística empobrecida e estrutura alterada, com redução da altura dossel, que se
apresenta descontínuo e irregular. Nesta matas, espécies de valor madeireiro tornaram-se
escassas.
Ocorre junto às áreas mais ocupadas, notadamente a sudoeste, centro e leste, junto
aos eixos viários e no entorno das áreas urbanas.
3.1.5.2.
Fs - Formação Secundária
Remanescente de floresta que, devido às perturbações causadas por retirada
seletiva de madeiras, abertura de clareira e efeitos de borda, não apresenta características
originais de estrutura, tendo altura menor, dossel irregular e raras emergentes. A composição
florística é empobrecida em relação à floresta original, prevalecendo espécies secundárias e
de baixo valor econômico. Geralmente apresenta pequenas extensões e encontra-se em áreas
antropizadas.
Enquanto nas florestas preservadas, as lianas tem uma ocorrência discreta, nas
Formações Secundárias as perturbações favorecem seu estabelecimento nas bordas, clareiras
e interior, formando cortinas e colunas sobre as árvores. Entre as lianas mais comuns
encontram-se representantes das famílias Bignoniaceae, Malpighiaceae, Sapindaceae,
Mimosaceae, Caesalpiniaceae, Curcubitaceae, Vitaceae, Dioscoriaceae, Apocynaceae e
Convolvulaceae, entre outras.
Esta formação é presente em grande parte da Folha MIR-318, concentrando-se a sudoeste e a
leste. Áreas desmatadas e posteriormente abandonadas após alguns anos de plantio
apresentam cobertura vegetal secundária composta de espécies pioneiras e invasoras,
denominadas regionalmente “juquira”. Às vezes são dominadas por samambaias
(Pteridophyta) características de solos ácidos, o que dificulta o desenvolvimento do processo
de sucessão ecológica.
15
3.2.
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
3.2.1.
Aspectos Gerais: Ocupação e Estruturação do Território
Os municípios cujos territórios são, total ou parcialmente, abarcados na Folha MIR318, são: Juara, Novo Horizonte do Norte, Brasnorte, Porto dos Gaúchos, Castanheira, Juína e
pequena parcela dos municípios de Sapezal, Nova Maringá, Tapurah e Tabaporã. As sedes
municipais compreendidas na folha são: Juara, Porto dos Gaúchos, Novo Horizonte do Norte;
as três cidades concentram-se na porção centro-leste da Folha, tendo tido um processo de
desenvolvimento interligado, decorrente do processo de colonização da região. São presentes
os distritos de Catuaí (município de Juara) e Fontanillas (município de Juína) e as localidades
Agrossau (Juara), Iporanga (Nova Maringá) e Novo Paraná (Porto dos Gaúchos) – (Figura
003).
As características de ocupação neste território apresentam peculiaridades no
contexto das demais regiões do centro-norte do Estado, com áreas de ocupação contínuas e
expressivas, fato decorrente de um processo de ocupação que se iniciou na década de 50. A
cidade de Porto dos Gaúchos, inserida às margens do Rio Arinos, foi criada por colonizadores
do Rio Grande do Sul, para o plantio de seringueiras. Posteriormente, na década de 70, foram
criadas as cidades de Juara e Novo Horizonte do Norte, e outros núcleos urbanos presentes
na Folha MIR-318. Dentre estas, Juara teve um crescimento expressivo, tornando-se o centro
de apoio regional.
Atualmente, o processo de ocupação continua apresentando característica de
fronteira agrícola. Permanecem extensas áreas naturais, os índices de produtividade são
baixos e a extração vegetal representa uma importante atividade econômica. Na área da Folha
MIR-318 predomina a atividade pecuarista, sendo pouco significativas as áreas de lavoura e
os reflorestamentos de seringueira.
16
FIGURA 003 DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA E ELEMENTOS DE INFRA-ESTRUTURA
17
Parte da área de assentamento Gleba Tapurah/Itanhangá é compreendida na
extremidade sudeste do território, no município de Tapurah.
As áreas urbanas de Novo Horizonte do Norte e Porto dos Gaúchos têm funções de
apoio local, destacando-se Juara como centro de apoio regional. As atividades agro-industriais
são incipientes, verificando-se entretanto, concentrados em Juara, um número significativo de
serrarias, fábrica de compensados, frigorífico, laticínios, beneficiadoras de arroz e de café.
O território é cruzado, no sentido leste-oeste, pela rodovia MT-220, não pavimentada,
que percorre a extremidade norte do Planalto dos Parecis, cruzando os interflúvios das
principais drenagens. É ao longo deste eixo que se situa a cidade de Porto dos Gaúchos, na
margem direita do Rio Arinos. A leste, a rodovia liga-se à BR-163 (MIR-321) e a oeste à MT319, nas proximidades de Juína (MIR-317). As rodovias MT-325, MT-338, MT-160, constituem,
com trecho da MT-220, um anel que interliga os principais núcleos urbanos da região - Porto
dos Gaúchos, Novo Horizonte do Norte e Juara.
No interflúvio dos Rios Juruena e do Sangue, a rodovia MT-170 liga-se à MT-220 e
acessa Brasnorte, a sul (MIR-338); a MT-160, na porção central da Folha MIR-318, também
orientada para sul, no interflúvio dos Rios do Sangue e Arinos, acessa o distrito de Brianorte
(MIR-338) e São José do Rio Claro (MIR-356) conectando-se às rodovias MT-220 e MT-325 e
ao distrito Catuaí. Na porção oriental do território, a Estrada Baiana - MT-338 segue para
sudeste, acessando Tapurah (MIR-339) e interliga-se à BR-163 no município de Lucas do Rio
Verde (MIR-356).
Em direção norte, a MT-325 acessa a localidade Itapaiúna, na margem direita do Rio
dos Peixes; a MT-425 conecta-se a esta rodovia, orientada para norte, acessando local
previsto para implantação da UHE Caiabis, às margens do Rio dos Peixes (MIR-298),
delimitando a Terra Indígena Apiaká-Kaiabi.
Os rios principais são geralmente vencidos por balsa. A situação da região, a
presença de áreas legalmente protegidas e de extensas planícies fluviais de difícil transposição
são fatores condicionantes ao desenvolvimento da infra-estrutura viária. Outras estradas
presentes na Folha MIR-318 correspondem a vias locais, de traçado descontínuo devido aos
acidentes topográficos ou com pequena trafegabilidade na estação chuvosa.
A Terra Indígena Erikbatsa, abarcada na Folha MIR-318, têm extensão territorial de
82.594 ha; é compreendida no município de Brasnorte, com uma população de 620 índios do
povo Erikbatsa. Situa-se na porção noroeste da Folha MIR-318, a montante da confluência do
Rio do Sangue como Juruena, delimitada pelo curso destes dois rios. A área abarca formações
florestais extensas e preservadas, no contato entre formações ombrófilas e estacionais a norte,
e Florestas associadas ao Planalto dos Parecis na porção meridional, com Formações Aluviais
nas planícies dos Rios Juruena e do Sangue. Áreas de uso delimitam suas divisas leste e
oeste, na margem direita do Rio do Sangue e na margem esquerda do Juruena, onde
encontra-se o distrito Fontanillas. A divisa seca a sul é também delimitada por usos
agropecuários que se estendem a partir da rodovia MT-220. No imageamento, foram
delimitadas duas pequenas áreas de uso agropecuário internas à reserva, em sua porção
meridional e às margens do Juruena.
A parte da Terra Indígena Apiaká-Kaiabi abarcada na porção nordeste da Folha MIR318 corresponde a cerca de 1/3 de sua área total. A reserva tem extensão territorial de
112.062 ha, compreendida no município de Juara, com uma população de 1.274 índios do
povo Tupi-Guarani. A área situa-se em ambas as margens do Rio dos Peixes delimitada, em
toda a porção sul, por zonas de ocupação agrícola. A rodovia MT-325 tangencia sua
extremidade meridional e a MT-425 sua porção leste, dando acesso ao local previsto para
implantação da UHE Salto do Rio dos Peixes. A área abarca extensas e preservadas
18
formações florestais (Contato Floresta Ombrófila e Estacional, com encraves da Floresta
Estacional em relevos residuais) e Formações Aluviais nas planícies das principais drenagens.
No mapeamento, áreas de ocupação (usos agropecuários, em grandes e pequenas
propriedades) situam-se internas à reserva, em sua porção oriental. Há notícias de extração
irregular de madeira na porção sul e sudoeste da área e de pressão, por parte de empresas da
região, para que a população indígena venda madeira.
A extremidade setentrional da Terra Indígena Enawenê Nawê situa-se na
extremidade sudoeste da Folha MIR-318, delimitada pela confluência do Rio Papagaio no
Juruena, em ambiente savânico (Savana Florestada e Savana Arborizada), com expressivas
Formações Aluviais ao longo dos dois rios. A Folha também abrange a extremidade meridional
da Terra Indígena Japuira, assentada na margem direita do Rio Juruena, em ambiente florestal
(Contato Floresta Ombrófila / Estacional); a pequena porção deste território compreendida na
Folha apresenta-se parcialmente ocupada por usos agropecuários.
Quanto a atividades de extrativismo mineral, na região de Juara tem-se o cadastro
de pedreiras de granito para brita e de granito ornamental. As areias e cascalhos presentes
nos aluviões do Rio Arinos são utilizados na construção civil. Há indícios de extração de ouro
no Rio Arinos por dragas itinerantes (colocadas na altura de Juara), atividade esta realizada de
forma precária.
3.2.2.
Usos Agropecuários
A descrição dos padrões de uso ocorrentes neste território está baseada no
mapeamento resultante da interpretação das imagens de satélite, e dos levantamentos
efetuados através das campanhas de campo; sua caracterização é, ainda, baseada na
Pesquisa Sócio-Econômica Agronômica, realizada junto aos estabelecimentos rurais do
Estado. Os resultados desta pesquisa referem-se aos sistemas de produção agropecuária
característicos de 13 Regiões Homogêneas, delimitadas com base em critérios explicitados no
Relatório Técnico DSEE-VG/US-RT–002.
Do conjunto de sistemas de produção agropecuária detectados em cada uma destas
Regiões Homogêneas, foram correlacionados, nesta caracterização, os sistemas
predominantes quanto à expressão: em termos de área ocupada pela atividade agropecuária e
pelo número de estabelecimentos existentes.
O território da Folha MIR-318 insere-se, em sua maior parte, na Região Homogênea
- AHP 2; a extremidade ocidental do território (municípios de Juína e Castanheira) está
compreendida na Região Homogênea AHP 1, regiões estas com abrangência maior que o
território mapeado. As caracterizações dos sistemas de produção predominantes pressupõem,
portanto, um grau de generalização, parcialmente corrigido pelos resultados dos
levantamentos efetuados através das campanhas de campo e pela interpretação da imagem
de satélite.
3.2.2.1.
Ap - Uso Agropecuário em Pequenas Propriedades
Padrão de mapeamento caracterizada pelo predomínio do uso pecuário e
secundariamente pela agricultura (mandioca, feijão, milho, arroz, café, banana). Na Região
Homogênea AHP 1, esta tipologia de ocupação caracteriza-se por um conjunto diversificado de
sistemas de produção (Quadro 002), onde predominam estabelecimentos com pecuária de
baixa tecnologia, associados a produtores empresariais e familiares de pequeno porte
econômico; estabelecimentos com agricultura de baixa tecnologia e com pecuária de baixa a
média tecnologia, sempre associados ao produtor familiar de pequeno porte econômico.
19
Na Região Homogênea AHP 2 (Quadro 003), este padrão caracteriza-se pela
presença de pecuária de média tecnologia, associada a produtores empresariais e familiares
de pequeno porte econômico, secundada por estabelecimentos de pecuária e de agricultura de
baixa tecnologia, estes associados ao produtor familiar, sempre de pequeno porte econômico.
No território mapeado, esta tipologia de uso (Ap 2) tem presença expressiva no
quadrante nordeste da Folha MIR-318, associada ao projeto de colonização de Porto dos
Gaúchos, Juara e Novo Horizonte do Norte, sendo presente, com menor expressão, no
entorno de Fontanillas (Ap 1).
Predominam as atividades de pecuária, secundadas pela agricultura (arroz, milho,
feijão, algodão, mandioca), destacando-se a presença de numerosas propriedades
abandonadas e o predomínio das culturas de subsistência, inclusive em Fontanillas. No
entorno de Juruena, o imageamento mascara o agrupamento da pequenas propriedades,
reunidas em grandes, com atividades de pecuária.
Pode-se distinguir nestes sistemas, dois grupos de estabelecimentos: os tipicamente
dedicados à pecuária, onde mais de 70% da receita potencial provém desta atividade, e os
agropecuários, onde as atividades agrícolas e pecuárias contribuem significativamente para a
receita potencial do estabelecimento.
QUADRO 002
PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO OBSERVADOS
NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 1. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E
EM ÁREA OCUPADA (%)
Padrão
de Uso
Ap
Agp
Principais Sistemas de Produção *¹
Pecuária de média tecnologia
Produtor familiar de médio porte econômico
Pecuária de baixa tecnologia
Produtor empresarial de pequeno porte econômico
Pecuária de baixa tecnologia
Produtor familiar de pequeno porte econômico
Agricultura de baixa e pecuária de média tecnologia
Produtor familiar de pequeno porte econômico
Agricultura e pecuária de baixa tecnologia
Produtor familiar de pequeno porte econômico
Pecuária de média tecnologia
Produtor empresarial de grande porte econômico
Pecuária de média tecnologia
Produtor empresarial de muito grande porte econômico
Pecuária de média tecnologia
Produtor empresarial de médio porte econômico
Participação em
Número (%)*²
--
Participação em Área
(%)*²






--

--
--

--

--

FONTE: CNEC, 1997.
(*¹) A metodologia para definição dos sistemas de produção é descrita com detalhes no Relatório Técnico (DSEEVG/US-RT-002).
(*²) intervalos de porcentagem – conforme relacionado a seguir.
20
QUADRO 003
PRINCIPAIS PADRÕES DE USO E RESPECTIVOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO OBSERVADOS
NA REGIÃO HOMOGÊNEA. – AHP 2. PARTICIPAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS EM NÚMERO (%) E
EM ÁREA OCUPADA (%)
Padrão
de Uso
Ap
Principais Sistemas de Produção *
Participação em
Número (%)

Participação em Área
(%)

Pecuária de média tecnologia
Produtor familiar de pequeno porte econômico
Pecuária de média tecnologia


Produtor empresarial de pequeno porte econômico
Agricultura de baixa e pecuária de média tecnologia
-
Produtor empresarial de pequeno porte econômico
Agricultura de baixa tecnologia
-
Produtor familiar de pequeno porte econômico
Pecuária de baixa tecnologia
-
Produtor familiar de pequeno porte econômico
Agricultura de alta tecnologia
Aga
-
Produtor empresarial de muito grande porte econômico
Pecuária de média tecnologia
Agp


Produtor empresarial de médio porte econômico
Pecuária de média tecnologia
-
Produtor empresarial de grande porte econômico
Pecuária de baixa tecnologia
-
Produtor empresarial de grande porte econômico
(*¹) a metodologia para definição dos sistemas de produção é descrita com detalhes no Relatório Técnico (DSEEVG/US-RT-002).
(*²) intervalos de porcentagem – conforme relacionado a seguir.
Percentual, em número, do sistema de produção no Percentual, em área, do sistema de produção em relação
total dos estabelecimentos pesquisados:
ao total de área dos estabelecimentos pesquisados:
-- menor que 5%
-- menor que 5%
 de 5% a 10%
 de 5% a 10%
  de 10,1 a 15%
  de 10,1 a 15%
   de 15,1 a 20%
   de 15,1 a 20%
    maior que 20%
    maior que 20%
FONTE:
CNEC, 1997.
As principais características dos sistemas de produção predominantes na Folha MIR318, obtidas na Pesquisa Sócio-Econômica-Agronômica e constantes dos Quadros 002 e 003,
são:

Nos estabelecimentos de pecuária com manejo rudimentar, há utilização das
pastagens naturais, com pequena aplicação de capital e baixo padrão
zootécnico do rebanho;

A pecuária, quando de baixa tecnologia, caracteriza-se pela utilização de
pastagens naturais ou plantadas, com rebanhos de baixo padrão zootécnico. O
manejo incorpora pequena aplicação de capital, podendo haver melhorias
quanto ao uso de insumos e preparação das terras;

Na agricultura de baixa tecnologia, a atividade é marcada pela força de tração
manual, eventualmente complementada pela tração animal. Há uma baixa
utilização de insumos, denotada pela qualidade das sementes e pelo nível de
utilização de fertilizantes químicos e de calcário, com pequena aplicação de
capital no manejo, melhoramento e conservação das terras e lavouras;

Quando de média tecnologia, a atividade pecuária é marcada pela presença de
pastagens plantadas, sendo que as atividades, de forma geral, incorporam o
uso de insumos e melhor padrão zootécnico do rebanho. Caracteriza-se pela
média aplicação de capital nas técnicas de manejo, melhoramento e
conservação das terras e pastagens;
21
3.2.2.2

Nas gestões onde o caráter é familiar, a maior parte da força de trabalho é
fornecida pelos familiares do produtor, eventualmente complementada por
empregados permanentes ou temporários. Nos sistemas onde a gestão é
empresarial, a maior parte da força de trabalho é contratada, constituída por
empregados permanentes, eventualmente complementada por empregados
temporários;

Em todos os sistemas associados a estas categorias de uso, os
estabelecimentos de pequeno rendimento econômico têm receitas anuais
médias inferiores a R$ 15.000,00. Nos estabelecimentos de porte econômico
médio, a receita anual situa-se entre R$ 15.000,00 e 60.000,00; entre R$
60.000,00 e 300.000,00 nos de grande porte econômico; é superior a R$
300.000,00 nos de muito grande porte econômico (valores de dezembro de
1996).
Agp - Uso Agropecuário em Médias e Grandes Propriedades com Predomínio de
Pastagens
Padrão de mapeamento caracterizado pelo predomínio de pastagens, sendo
inexpressiva a participação de culturas, caracterizado por um conjunto diversificado de
sistemas de produção. Na Região Homogênea AHP 1, predominam (Quadro 002)
estabelecimentos com pecuária de média tecnologia, associados a produtores empresariais de
muito grande, grande e médio porte econômico (Agp1). No território mapeado, estes
estabelecimentos restringem-se à região na margem esquerda do Rio Juruena (municípios de
Juína e Castanheira), onde ocorrem de forma fragmentada, entremeados por formações
florestais.
Na Região Homogênea AHP 2, que abrange a maior parte do território mapeado, o
predomínio (Quadro 003) é também a pecuária de média tecnologia, associada a produtores
empresariais de médio e grande porte econômico, secundada por manejos de baixa
tecnologia, associados ao produtor empresarial de grande porte (Agp2).
A ocupação ocorre de forma descontínua, entremeada por remanescentes florestais,
nas áreas periféricas à ocupação por pequenas propriedades que caracterizam o entorno de
Juara, Porto dos Gaúchos e Novo Horizonte do Norte. Destaca-se a participação de grandes e
muito grandes propriedades, principalmente nos interflúvios dos Rios Juruena, do Sangue e
Arinos.
Nas duas Regiões Homogêneas, este padrão de uso pode também associar-se aos
estabelecimentos rurais com baixo grau de exploração ou mesmo inexplorados.
3.2.3.
Re - Reflorestamento
Foram verificadas áreas de reflorestamento de seringueira (Hevea brasiliensis) entre
os municípios de Porto dos Gaúchos e Novo Horizonte do Norte, na porção leste da Folha.
22
3.2.4.
U - Usos Urbanos
Encontram-se localizados na Folha os núcleos urbanos de Juara e Porto dos
Gaúchos. Juara polariza a região central do Estado, caracterizando-se como pólo que
apresenta a maioria das funções urbanas e densidades diferenciadas de equipamentos e
estabelecimentos.
3.2.5.
Ui - Uso Antrópico em Terra Indígena
Manchas de desmatamento foram diagnosticadas na região sul das Terras Indígenas
de Apiaká/ Kaiabi e Erikbatsa, indicando a presença de pressões externas sobre estes
territórios.
4.
CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO ASSOCIADAS
VEGETAIS E AO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
ÀS
FORMAÇÕES
Este território situa-se em região de Clima Equatorial Continental quente e úmido,
com uma estação seca definida, mas moderada. A baixa latitude e as altitudes entre 100 - 300
m definem uma condição megatérmica, onde as temperaturas médias anuais oscilam entre
24,7 - 25,7ºC, com máximas entre 32 - 33ºC e mínimas entre 19,5 - 21ºC. As maiores
diferenças térmicas estão associadas ao ciclo dia e noite e não ao ciclo estacional - a
amplitude térmica diária varia entre 10 - 12ºC, enquanto que a amplitude anual fica entre 1 2ºC. O total pluviométrico médio é da ordem de 2.000 – 2.500mm; a estação seca ocorre de
junho a setembro (4 meses), com uma deficiência hídrica de 200 – 250 mm. O excedente
hídrico é elevado, variando entre 1000 - 1200mm, ao longo de 8 meses (outubro a abril). Em
serras e maciços residuais, o fator altitude atenua o aquecimento a nível local, reduzindo um
pouco os déficits na estação seca e aumentando os excessos na estação chuvosa.
Progressivamente para sul, há a transição para climas tropicais continentais, com o
aumento da seca estacional e redução dos excedentes hídricos (da ordem de 800–1.000mm).
O aumento da altitude média (300-400m) e da latitude diminuem o aquecimento, reduzindo as
temperaturas médias anuais. Apesar disso, não há aumento da deficiência hídrica,
permanecendo uma moderada seca no final do outono, com maior intensidade no inverno
austral (junho-agosto).
O território está inserido nas bacias dos Rios Juruena, do Sangue e Arinos. A bacia
do Rio Juruena ocupa a porção ocidental da Folha MIR-318, com o rio orientado no sentido
sul-norte. O Rio do Sangue tem curso orientado sudeste-noroeste, afluindo ao Juruena na
extremidade norte da folha. A porção centro-oriental do território é compreendida na bacia do
Rio Arinos, que cruza a região no sentido sudeste-norte e tem como afluentes principais o Rio
Manuel Gomes na margem esquerda e o Rio Mestre Falcão e o Córrego Jaú na margem
direita; o Rio dos Peixes, também afluente ao Arinos, cruza a extremidade nordeste do
território. O divisor de águas entre as bacias dos Rios do Sangue e Arinos, corresponde a
amplo interflúvio tabular denominado Serra do Tombador, que cruza o centro da Folha MIR318, no sentido sul-norte.
Toda a porção norte do território está inserida na Depressão da Amazônia
Meridional, em região de embasamento cristalino, sobre rochas do Complexo Xingu, onde
23
predominam relevos aplanados, ocorrendo situações de média a forte dissecação, em
correspondência aos relevos residuais disseminados nesta unidade geomorfológica. Esta
região tem como característica o desenvolvimento de solos podzolizados e, de forma esparsa,
solos menos desenvolvidos (litólicos e cambissolos), associados aos encraves de relevos
acidentados.
Solos do tipo Podzólico Vermelho-Amarelo têm ocorrência com características
diferenciadas – álicos, distróficos, eutróficos, sendo os distróficos predominantes, em relevo de
suave ondulado a ondulado e em diferentes formas de associação. Podzólicos VermelhoEscuros latossólicos ocorrem na área de transição entre a Depressão e o Planalto dos Parecis,
a oeste da Folha MIR-318 (Fontanillas). Têm boa potencialidade para aproveitamento
agropecuário, necessitando de correções químicas para uma melhor exploração e têm sido
utilizados para pastagens plantadas, ocorrendo em ambiente florestal. Solos litólicos ocorrem
associados aos relevos residuais; sua pequena profundidade, alta erodibilidade e as condições
do relevo são fatores extremamente limitantes a seu aproveitamento agrícola. Nestas
situações, estão associados a encraves de Floresta Estacional, em ambiente de Contato
Ombrófila/ Estacional.
A porção centro-sul do território corresponde a amplas superfícies aplanadas de
natureza sedimentar, na porção setentrional do Planalto dos Parecis. Nesta área, ocorrem
basicamente latossolos, em ambiente florestal. A sudoeste predominam Areias Quartzosas,
em ambientes savânicos (Savana Florestada) e de contato entre Floresta Estacional/Savana.
Latossolos Vermelho-Escuros, de textura argilosa e média, areno-argilosa, são os de
maior expressão territorial na Chapada dos Parecis; Latossolos Vermelho-Amarelos são
dominantes em pequenas manchas a oeste, nas proximidades de Juína. Estes solos têm, nas
características químicas, sua principal limitação para o aproveitamento agrícola, necessitando
de adubação e calagem. Os argilosos, por terem melhores condições de reter água e
nutrientes, apresentam maiores potencialidades de uso.
As Areias Quartzosas ocorrem como dominantes a sudoeste e como sub-dominantes
em várias unidades de mapeamento; têm uma baixa retenção de umidade e nutrientes, fato
que constitui forte limitação ao seu aproveitamento agrícola. Na extremidade nordeste do
Planalto, na margem esquerda do Rio Juruena, ocorrem, localmente (proximidade de
Fontanillas) solos do tipo Terra Roxa, de textura argilosa e boa fertilidade natural. Ocorrem em
relevos de suave ondulado a acidentado e, neste caso, são pedregosos. Desenvolvem-se
nesta área pastagens e culturas, em pequenas propriedades.
Nas
ocorrem solos
hidromórficas.
ocorrem em
hidromórficos.
extensas planícies fluviais que acompanham os principais cursos d’água
do tipo Glei pouco Húmico, associados, em alguns rios, a Areias Quartzosas
Destaca-se a planície do Rio Juruena, onde Areias Quartzosas hidromórficas
manchas como dominantes, ou sub-dominantes, junto a outros solos
Estas condições do embasamento, que se refletem nas formações vegetais, fazem
com que possam ser distinguidas duas grandes feições de paisagem onde, entretanto, o
processo de ocupação ocorreu de forma indiscriminada, sem grandes diferenciações em
ambas as feições. Estas correspondem a (Figura 004):
-
O território abarcado no Planalto dos Parecis, que se estende na porção
centro-sul da Folha MIR-318;
-
O território compreendido na Depressão da Amazônia Meridional, na região
setentrional.
24
FIGURA 004 PRINCIPAIS FEIÇÕES DE PAISAGEM
25
4.1.
FEIÇÃO DE PAISAGEM - PLANALTO DOS PARECIS
Corresponde aos terrenos preservados, suave e medianamente dissecados da
porção norte do Planalto dos Parecis, elaborados sobre litologias areníticas da Formação
Utiariti. Estas superfícies apresentam grande homogeneidade quanto ao embasamento e aos
materiais superficiais; constituem uma ampla área de aplanamento, com caimento geral da
topografia para norte/noroeste, em altitudes entre 270 e 400 m, esculpida por processos de
dissecação fluviais.
As formas de relevo predominantes são as colinas amplas, de longas vertentes,
compondo uma extensa superfície homogênea. Os vales são amplos, com fundo plano, canais
lineares, com planícies de inundação; em vales mais encaixados, ocorrem localmente
afloramentos rochosos, com solos do tipo Areias Quartzosas. Nestes relevos ocorrem
processos de erosão laminar nas áreas desmatadas e utilizadas nas atividades de
agropecuária, ravinas e sulcos ao longo das estradas. Morros e morrotes ocorrem de forma
dispersa, em áreas limitadas, conformando ressaltos topográficos alteados cerca de 30-40 m.
São também presentes superfícies preservadas, mesetas contornadas por escarpas
erosivas com topos aplanados, onde ocorrem solos concrecionários sobre uma extensa
carapaça ferruginosa, que sustenta a superfície aplanada. As vertentes são esculpidas em
anfiteatros erosivos, com declividades acentuadas, onde a dinâmica superficial provoca o
assoreamento dos fundos de vale e o solapamento de taludes em cortes de estradas. No platô
percorrido pela MT-170 observam-se ravinas e assoreamento dos cursos d’água.
Nos vales dos rios principais, Juruena, do Sangue, Arinos e Mestre Falcão, formamse depósitos de sedimentos aluvionares, com desenvolvimento pedológico de solos do tipo
Glei pouco Húmicos e Hidromórficos e cobertura vegetal de Florestas Aluviais. Estas áreas
permanecem (principalmente as planícies do Juruena e do Sangue) inundadas no período
chuvoso, dificultando a trafegabilidade na região.
A relativa homogeneidade do relevo e dos solos reflete-se nas formações vegetais,
que ocorrem em amplas áreas originalmente contínuas. Em toda a porção centro-sudeste da
Folha MIR-318 e em trecho a oeste, predomina uma floresta que se diferencia, entre outros
aspectos, pelo baixo grau de deciduidade do estrato arbóreo. Esta formação estende-se por
considerável porção do território do Estado de Mato Grosso, aproximadamente em
correspondência ao Planalto dos Parecis, onde os solos são profundos, em grande parte
argilosos, ocorrendo, em situações localizadas, camadas lateríticas. Apesar da alta densidade
de indivíduos arbóreos, estes apresentam freqüentemente áreas basais reduzidas em relação
a formações ombrófilas, ocorrendo, contudo, exemplares mais vigorosos em direção às
drenagens. Devido às suas peculiaridades, que a distinguem das demais formações florestais,
é denominada, neste trabalho, Floresta associada ao Planalto dos Parecis.
A sudoeste estão presentes formações florestais savânicas (Savanas Arborizadas),
em correspondência ao predomínio de Areias Quartzosas, atualmente bastante fragmentadas
devido ao uso agropecuário. Formações de contato caracterizam a transição entre a floresta e
a savana.
Estão presentes ainda, nesta feição, significativas Florestas Aluviais ao longo das
principais drenagens, quais sejam, Rios Juruena, do Sangue e Arinos, destacando-se
formações campestres e Savana Gramíneo-Lenhosa (campos úmidos) às margens do
Juruena.
26
Nesta feição, as áreas de ocupação concentram-se em sua parte setentrional e
sudoeste, permanecendo, a sul, extensas áreas florestadas, onde desenvolvem-se atividades
de extrativismo madeireiro. Na sub-bacia do Rio do Sangue, na confluência com o Rio Dr.
Serapião e na margem direita do Rio Arinos, nas cabeceiras do córrego Jaú, as florestas
encontram-se muito alteradas, denotando estas atividades de extração da madeira.
A rodovia MT-220 percorre a porção norte da feição, cruzada pelas MT-170, MT-160,
MT-338 implantadas nos vastos interflúvios dos Rios Juruena, do Sangue e Arinos. Situam-se
nesta feição Porto dos Gaúchos, Catuaí, Novo Paraná, Iporanga, São João, Novo Horizonte do
Norte, este no limite com a Depressão Amazônica. Nos interflúvios dos Rios Juruena, do
Sangue e Arinos predominam grandes fazendas de pecuária, com manejos diferenciados,
associados a diferentes condições edáficas. Bolsões de pequenas propriedades, resultantes
de projetos de colonização, situam-se no entorno de Porto dos Gaúchos; na margem direita do
Rio Arinos; no cruzamento das rodovias MT-220 e MT-160 (localidade São João) e com menor
expressão territorial, no interflúvio do Rio do Sangue e Juruena, lindeiros à MT-170.
O território a leste do Rio Arinos tem um padrão um pouco diferenciado, com núcleos
descontínuos de pequenas propriedades, entremeados por fazendas de maior porte.
Porto dos Gaúchos é um dos mais antigos centros urbanos no território setentrional
do Estado, fundado por imigrantes do Rio Grande do Sul que aportaram na região de barco
pelo Rio Arinos na década de 50, com o objetivo de explorar a seringueira e secundariamente
a pecuária. Durante várias décadas, a região foi importante produtor de borracha no contexto
do Estado. Atualmente, a cidade encontra-se decadente e a maioria dos seringais de grande
porte, com 30-40 anos, foram praticamente abandonados, com a vegetação natural invadindo
o subosque. Segundo informações locais, a produtividade destes seringais sempre foi baixa,
em virtude do manejo inadequado e da utilização de clones de baixa qualidade. Apesar do
declínio dos seringais antigos, várias plantações de seringueira, com cerca de cinco anos de
plantio, estão sendo desenvolvidas, principalmente ao longo da rodovia MT-160.
A localidade São João, neste município, também colonizada por colonos oriundos do
Paraná, é uma das poucas localidades da região em que se pratica a agricultura,
predominando o arroz, seguido pelo milho e em menor escala feijão, algodão, mandioca. Seu
entorno é caracterizado por propriedades com superfície entre 10 e 50 ha. O arroz é colhido
por maquinários alugados ou emprestados; o milho e o algodão são colhidos manualmente.
Não há armazéns para guardar os produtos, vendidos para cerealistas da região. A prática
agrícola intensiva, sem o manejo adequado, como terraceamento e plantio em curvas de nível,
tem provocado processos de erosão laminar, que começam a comprometer as atividades
agrícolas.
A região no entorno de Catuaí também caracteriza-se pelos lotes rurais de até 25 ha.
Problemas decorrentes das condições do meio físico e de alterações na política agrária
condicionaram o abandono de muitas propriedades, hoje tomadas por formações secundárias
(“juquira”). Esta formação composta de espécies pioneiras e invasoras domina áreas
desmatadas, dificultando o desenvolvimento de estágios posteriores de sucessão ecológica e
mesmo o reaproveitamento do local por atividades agropecuárias.
A sede distrital de Novo Paraná situa-se lindeira à rodovia MT-220, próximo ao
entroncamento com a Estrada Baiana (MT-338), que liga Porto dos Gaúchos a Tapurah. O uso
do solo predominante é a pecuária de corte em fazendas de médio porte, sobre Latossolo
Vermelho-Amarelo, entremeando pequenas propriedades.
A região no entorno de Novo Horizonte, entre Porto dos Gaúchos e Juara também
caracteriza-se pela presença de pequenos sitiantes, com culturas de subsistência e abacaxi e,
secundariamente, pecuária de leite. Nas áreas mais afastadas da cidade são presentes
27
pequenas propriedades com pecuária de corte e seringais novos. São também freqüentes
pastagens abandonadas, tomadas pela “juquira”.
A sudeste, ao longo da Estrada Baiana, ocorrem pequenas e médias propriedades,
com culturas de subsistência e pecuária de corte. Ao longo do eixo viário são freqüentes as
madeireiras; na campanha de campo, foram observados também acampamentos dos “sem
terra” que cultivam pequenas roças de mandioca e banana.
A sudoeste, em área de influência de Brasnorte, no interflúvio entre os Rios Juruena
e do Sangue, predomina uma ocupação por grandes propriedades de pecuária (engorda de
gado de corte) em solos do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo e Areias Quartzosas, em relevo
de suave ondulado a plano. Eventualmente ocorrem, nestas propriedades, plantações recentes
de teca, não mapeáveis na escala do trabalho.
A oeste do Rio Juruena, o distrito de Fontanillas (município de Juína), assentado na
margem esquerda do rio, centraliza uma ocupação de pequenas propriedades onde predomina
a agricultura de subsistência e pastagens. A sul, este padrão é substituído por grandes
propriedades de pecuária, em ambientes florestais e de contato Floresta / Savana.
São significativos, nesta feição, os desmatamentos ocorridos no período 94/97,
relevados no trabalho da FEMA. Destacando-se aqueles situados nas áreas recobertas por
formações de Savana Florestada, inseridas no interflúvio dos Rios Juruena e do Sangue, e as
áreas de Floresta do Planalto dos Parecis, situadas junto ao divisor dos Rios do Sangue e
Arinos. Estes desmatamentos abrangem grandes amplitudes e são realizados aparentemente
para a abertura de novas frentes de uso. A oeste do Rio Juruena, ocorrem em pequenas
dimensões, e são realizados para uso agropecuário. Nos adensamentos de pequenas
propriedades também são pouco expressivos.
A leste do Rio Arinos, estes desmatamentos, inúmeros, são de pequenas
proporções; ocorrem de forma descontínua, ao longo de caminhos secundários,
aparentemente expansão de uma ocupação por pequenas propriedades.
4.2.
FEIÇÃO DE PAISAGEM - DEPRESSÃO DA AMAZÔNIA MERIDIONAL
Corresponde aos terrenos suavemente dissecados da Depressão da Amazônia
Meridional, elaborados sobre rochas do embasamento cristalino, com colinas amplas e médias,
que se estendem no terço setentrional da Folha MIR-318. As altitudes são da ordem de 120250 m, com uma inclinação para norte/noroeste, com declividades suaves. O substrato
rochoso corresponde ao Complexo Xingu, que condicionou o predomínio de solos Podzólicos
Vermelho-Amarelos, aflorando esporadicamente corpos de matacões rochosos nos leitos
fluviais.
Planícies fluviais ocorrem ao longo das principais drenagens. Nos Rios Arinos, do
Sangue e Juruena, no contato entre o planalto e a depressão, há uma concentração de
cachoeiras e corredeiras de pequeno porte.
Relevos residuais, que ocorrem de forma esparsa, têm maior expressão na porção
centro-oeste, conformando colinas e morros, com altitudes entre 250-370 m, elevadas 50-150
m acima do nível de base, com vertentes de declividades acentuadas. Nestas situações,
associados aos solos podzólicos, ocorrem solos litólicos.
A cobertura vegetal predominante corresponde ao Contato Ombrófila/ Estacional,
parcialmente fragmentado, alterado ou substituído por áreas de uso agropecuário,
28
permanecendo mais conservadas as regiões inseridas em Terras Indígenas e em
correspondência a relevos acidentados. Estas formações de contato caracterizam-se por
apresentar um mosaico constituído por ambas as florestas, condicionado pelas formas de
relevo e características edáficas. Assim, verifica-se o predomínio de elementos da Floresta
Ombrófila nas áreas aplanadas da Depressão, alternadas com encraves de Floresta Estacional
em relevos mais dissecados. Entre estas formações transicionais ocorrem, ainda, manchas
maiores de Floresta Estacional, em extensões mapeáveis na escala do trabalho, nos topos
aplanados de relevos residuais, sobre solos podzólicos e litólicos.
Florestas Aluviais estão presentes ao longo das principais drenagens, embora menos
significativas que aquelas ocorrentes a sul, na Feição 4.1.
Juara situa-se nesta feição, no interflúvio entre o Rio Arinos e o Córrego Jaú,
constituindo-se em importante centro de apoio urbano na região. Seu entorno é marcado pela
significativa alteração do território, onde permanecem apenas fragmentos de formações
vegetais, não mapeáveis na escala de trabalho, com características secundárias e ocupando
pequenas extensões, muitas vezes isoladas entre as zonas de uso. Esta zona de ocupação é
delimitada, a norte, pela Terra Indígena Erikbatsa.
No interflúvio dos Rios Arinos e do Sangue e a leste do Córrego Jauru, a ocupação é
mais descontínua, entremeada pelas formações naturais (Contato Floresta Ombrófila/
Estacional). Nestas regiões predominam também bolsões de pequenas propriedades, sendo
presentes entretanto, grandes a muito grandes propriedades, na porção leste do território
(Tabaporã) e às margens do Rio do Sangue. O interflúvio entre este rio e o Juruena encontrase preservado, inserido na Terra Indígena Erikbatsa. Na margem esquerda do Rio Juruena,
predominam grandes propriedades de pecuária, entremeadas por Florestas Residuais e por
formações florestais (Contato Floresta Ombrófila / Estacional).
A cidade de Juara já existia como uma pequena vila, quando na década de 80
projeto de colonização particular estimulou a migração de colonos do sul do Brasil para a
localidade. Houve um rápido desenvolvimento das atividades agropecuárias e a região
desmembrou-se de Porto dos Gaúchos. Originalmente, os lotes rurais possuiam entre 25-50
ha; nos primeiros anos, foram implantadas culturas de milho, arroz, feijão e café, tendo sido a
região uma das mais produtivas do Estado. Entretanto, fatores como limitações pedológicas,
redução de incentivos e mudanças na política agrária, inviabilizaram a agricultura comercial na
região, que passou a sofrer rápido declínio. O domínio dos solos podzólicos álicos e distróficos,
de baixa fertilidade natural, localmente em regiões de relevo acidentado, com forte potencial a
processos erosivos, fez com que as culturas fossem produtivas apenas nos primeiros anos,
logo após a “abertura das terras”, quando o solo ainda tinha maior teor de matéria orgânica e
era, fisicamente, mais “íntegro”.
Hoje, apesar do imageamento refletir ainda o padrão de pequenas propriedades, na
grande mancha de ocupação que se estende da margem do Rio Arinos para leste, envolvendo
a cidade de Juara, as pequenas propriedades foram sendo adquiridas e agrupadas, tendo hoje
entre 150 - 200 ha e a agricultura foi substituída pela pecuária de corte. Os pastos, geralmente
formados por capim brizantão e por Brachiaria decumbens, na época das campanhas de
campo (julho/agosto) apresentavam-se muito secos. Os rebanhos bovinos, principalmente para
recria de gado, são, prioritariamente, da raça nelore.
Nas propriedades localizadas entre os Rios Arinos e do Sangue também se pratica a
pecuária de corte. Ressalta-se a presença de fazendas empresariais como a Agrosam, às
margens do Rio do Sangue, com mais de 40.000 alqueires. Nestas fazendas, de grande
extensão territorial, são presentes áreas sem manejo, com pastos abandonados, invadidos
pela “juquira”, onde predominam bambus. Esta fazenda é um exemplo representativo, pois
extensas áreas da propriedade, a sul da confluência do Rio do Sangue com o Ribeirão Dr.
29
Serapião, estão inteiramente dominadas pela taboca e pela palmeira inajá (Maximiliana
maripa).
Na região, o extrativismo madeireiro é item importante na economia, com várias
madeireiras presentes em Juara.
De forma geral, nesta feição, os solos são sujeitos a processos erosivos,
observando-se erosão laminar nas áreas desmatadas e ocupadas por pastagens; são também
presentes sulcos erosivos ao longo das estradas, pela má condução da drenagem.
As áreas desmatadas no período 94/97 (FEMA) não são tão expressivas como as
observadas na Feição 4.1. Ocorrem na expansão da ocupação por pequenas propriedades nos
interflúvios dos Rios do Sangue, Arinos e córrego Jaú. Têm mais expressão a nordeste
(interflúvio Córrego Jaú/Rio Piau), em correspondência a áreas de uso agropecuário.
30
5.
BIBLIOGRAFIA
BITTENCOURT, M. D. & PIVELLO, V. R., 1998. SIG e sensoriamento remoto orbital
auxiliando o zoneamento ecológico. Investigaciones Geográficas, 36, 42p.
BRASIL – Dep. Nacional de Produção Mineral. Projeto RADAMBRASIL, 1980 –
Levantamento de Recursos Naturais. Folha Juruena (SC-21). Rio de Janeiro.
IBGE, 1992. Manual técnica da vegetação brasileira / Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. - Rio de
Janeiro: 92p.
VELOSO, H.P., RANGEL-FILHO, A.L.R, LIMA, J.C.A. 1991. Classificação de vegetação
brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE. Rio de Janeiro. 124 p. MATO GROSSO.
ANEXOS
ANEXO I - RELAÇÃO DAS FICHAS DE CAMPO
CAMPANHA DE FORMAÇÕES VEGETAIS/
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
ANEXO II – RELAÇÃO DOS PONTOS DE
AMOSTRAGEM DE VEGETAÇÃO
ANEXO III – RELAÇÃO DAS ÁREAS DAS
FORMAÇÕES VEGETAIS/ USO E OCUPAÇÃO
DO SOLO POR MUNICÍPIO
RELAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM DE VEGETAÇÃO
VEGETAÇÃO
Campanha de Vegetação Porto dos Gaúchos, realizada no período de 06 a 17/08/97.
Coleta de material botânico nas localidades/pontos:
V.01 - Coordenadas UTM 438.252, 8702.867.
V.02 - Coordenadas UTM 470.933, 8712.130.
V.03 - Coordenadas UTM 461.816, 8739.764.
Amostragem fitossociológica na localidade:
V.02 - Coordenadas UTM 470.933, 8712.130.
FONTE: CNEC, 1997.
ANEXO IV - FOTOGRAFIAS
ANEXO V- FOLHA PORTO DOS GAÚCHOS
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