estudo

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Que shekhînah é essa? UMA ANÁLISE DA ORIGEM E USO DA
PALAVRA shekhînah NO VOACBULÁRIO E HINOLOGIA
EVANGÉLICA CONTEMPORÂNEA
Por
Prof. Pr. José Ribeiro Neto
Professor Titular da Cadeira de Hebraico Bíblico, Arqueologia do AT, Crítica do AT
no Seminário Teológico Batista Nacional Enéas Tognini– SP; Mestrando em
Teologia Bíblica do AT pelo mesmo seminário
Professor de Grego do NT e Hebraico Bíblico na Missão Ebenézer Poá
INTRODUÇÃO
Palavras hebraicas, aramaicas e gregas são freqüentemente utilizadas pela mídia
evangélica, de forma escrita, cantada, nomes de grupos musicais, lojas
evangélicas, palavras em camisetas, livros, etc. Entretanto, na maioria das vezes,
são cometidas diversas gafes ao representarem essas palavras, que apesar de
escapar à vista dos mais leigos, causam transtornos aos que conhecem essas
línguas.
Mesmos editoras evangélicas de renome têm cometido erros absurdos em suas
publicações[3]. Sinceramente, não sabemos quem culpar: o autor, que
desconhecendo as línguas originais, para fazer bonito, cita alguma palavra ou
expressão de forma absurda; a editora, também para fazer bonito, quer transcrever
com caracteres gregos e hebraicos as palavras da Bíblia; algum revisor que pensa
conhecer grego e hebraico, e para fazer mais bonito ainda, transcreve as palavras
com caracteres gregos e hebraicos [4]; ou quem sabe podemos culpar o
computador por transcrever erradas as palavras nas línguas bíblicas.[5]
Os absurdos seriam inumeráveis e fugiria ao escopo desse simples ensaio, o que
nos interessa é o uso indiscriminado da palavra hn"ykiv. , popularmente
pronunciada como Shekinah , na verdade teria de ser lida shekhînah [6].
Há nomes de ministérios, músicas e até utilização da mesma em comentários
sobre a Bíblia sem que ao menos alguém pergunte: Em que versículo da Bíblia
aparece essa palavra? Ou : De onde vem essa palavra e o que significa?
Como parece que ninguém faz essa pergunta os “levitas” gostam de fazer letras
com a palavras hebraicas, logo, o povo canta sem conhecimento.[7]
1. /shekhînah/ na Bíblia
Não há na Bíblia Hebraica a palavra shekhînâh, simplesmente não ocorre nem
uma única vez, o que seria razão suficiente para tomar cuidado com o termo. Ora,
se não ocorre na Bíblia como é que veio a fazer parte do vocabulário de nossa
hinologia? Realmente não tenho como responder essa pergunta satisfatoriamente,
mas posso levantar pelo menos uma hipótese: suspeito que alguém descobriu
essa palavra em algum comentário bíblico que por sua vez deve ter tido algum
contato com tradições judaicas que usam essa palavra, como mais abaixo
veremos, e como ninguém foi verificar na Bíblia Hebraica, ou por falta de
capacidade ou por preguiça, assim, a palavra, meio que por tradição, foi associada
à presença divina e incorporada mais tarde em vários livros e hinos evangélicos.
A palavra que mais se aproxima de /shekhînah/ na Bíblia hebraica e que realmente
tem a mesma raiz é o verbo /shâkhan/ [8], também /shâkhen/, tendo o significado
de habitar, residir, morar , aliás, a palavra /shekhînah/ foi tirada dessa raiz,
justamente por causa do significado, ou seja, a /shekhînâh/ foi associada à
habitação, à presença de Deus. Entretanto a habitação de Deus ou presença de
Deus é o /mishkân/, o Tabernáculo, que representava a presença divina no meio
do povo de Israel.
Há alguns ainda que dizem que /shekhînâh/ significa A Glória da presença de
Deus, ou simplesmente a Glória de Deus, ou presença de Deus; outra vez
devemos corrigir, a palavra para Glória na Bíblia Hebraica /kavod/, significando
abundância, honra, glória. Essa palavra é a que sempre ocorre para se referir à
Glória de Deus. Vejamos abaixo alguns exemplos do uso dessa palavra na Bíblia
Hebraica:
Êx. 16.7
E amanhã vereis a glória do SENHOR, porquanto ouviu as vossas murmurações
contra o SENHOR… [9]
Êx. 40.34
Então a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do SENHOR encheu o
tabernáculo;
1.1 A presença de Deus
O termo utilizado para presença na Bíblia hebraica é lifney , que significa diante
de, na presença de, é uma preposição em hebraico, veja os exemplos abaixo:
Sl 68.4 (68. 3 em português)
Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem de
alegria.
Uma outra tradução possível seria ao invés de na presença de Deus, diante de
Deus.
Sl 114:7
Treme, terra, na presença do Senhor, na presença do Deus de Jacó.
Sendo assim, não é usada a palavra shekhînah para presença na Bíblia Hebraica
e sim a preposição lifney , mas então de onde vem essa estranha palavra?
2. A origem da palavra shekhînah
Como já verificamos que a palavra shekhînah não é de origem bíblica resta-nos
verificar a origem de tal palavra.
É verdade, como já vimos acima, que a palavra shekhînah é da mesma raiz do
verbo bíblico /shâkham/ habitar, residir, morar. Todavia, tal palavra não faz parte
do vocabulário da Bíblia Hebraica, mas é uma criação posterior da teologia
rabínica e mais usada pelos místicos cabalistas com acepções estranhas à
teologia evangélica cristã e por isso mesmo deve-se evitar usá-la.
Para comprovar que tal palavra tem sentidos perigosos e é de uso posterior na
teologia rabínica, vejamos as citações abaixo:
/shekhînâh/ Residência real, realeza (...) esp. Shechinah, Presença Divina,
inspiração sagrada. (Êx. 25.8) [10]
O texto de Êx. 25.8 no original hebraico é o seguinte:
farão para mim um santuário, e habitarei no meio deles.
Aqui, na Bíblia Hebraica, é utilizado o verbo /shâkhan/ no perfeito do qal na
primeira pessoa do singular e a forma indica uma ação completa no futuro, ou seja,
farão e eu habitarei, na narrativa hebraica a ação é vista como já
realizada.[11] Mas não ocorre nesse texto a palavra shekhînah. Por que, então o
autor acima faz referência a esse texto?
A referência é que em o Targum de Ônquelos[12] traz a seguinte tradução para
Êx. 25.8:
e eles farão diante de mim um santuário e farei habitar minha shekhînah no meio
deles
Podemos entender, pela citação acima e por outras ocorrências da
palavrashekhînah no Targum, que a mesma surgiu dessas traduções aramaicas e
assim se desenvolveu toda uma teologia rabínica com base nessas traduções.[13]
Outra prova de que a palavra é de desenvolvimento posterior encontramos na
seguinte citação:
Deus habita no céu. Para indicar sua presença e manifestação na terra, em época
posterior se emprega com muita freqüência a palavra shekhînah (o ). Assim, por
uma parte, se mantém plenamente a transcendência de Deus, e por outra, se
expressa sua presença terrena. A shekhînah se manifesta especialmente no
santuário e em determinadas circunstâncias consideradas mais, ou menos
sagradas. Serve como exemplo Ex 25.8, TM, <>; no Targum de Ônquelos
<>.[14] [15]
Essa tradução do texto da Bíblia Hebraica para o aramaico do Targum de
Ônquelos gerou posteriores interpretações judaicas e um desenvolvimento
teológico místico cabalista, como podemos também verificar abaixo:
(...) Outros eufemismos foram também imaginados como substitutos do antigo
nome YHVH. A mais importante designação rabínica da presença de Deus no
mundo é Shechinah, baseada na expressão bíblica de que Deus reside (shachen)
no meio de seu povo, no Tabernáculo (mishkan) durante a peregrinação no
deserto e em Sua Casa no monte Sion. Mas a aplicação da Shechina é ampliada
para estender-se à relação de Deus com a história e todo o comportamento moralreligioso.
Um midrash explica que embora a Shechinah viesse à terra ao tempo da criação,
em conseqüência dos pecados do homem – os de Adão, Caim, a geração do
dilúvio, e assim por diante - , a Shechinah retirou-se a céus cada vez mais altos,
para ser de novo trazida à terra pelos patriarcas e outros homens justos (Num. R.
XIII:2). Quando Israel aceitou a Torah no Sinai e levou adiante instruções para o
culto de Deus construindo o Tabernáculo, Deus estava de novo plenamente
presente:
Porque o Santo, abençoado seja Seu Nome, estava sozinho em Seu mundo, Ele
ansiava por morar com suas criaturas em regiões terrenas, mas não o fez.
Contudo, tão logo foi construído o Tabernáculo e o Santo, bendito seja Ele, fez
Sua Shechinah residir no mesmo e os príncipes vieram trazer sua oferendas, o
Santo, abençoado seja, disse “Seja escrito que neste dia foi criado o mundo” (Num
R. XIII:6).[16]
(...)
Os rabis usam o conceito da Shechinah para designar a proximidade de Deus aos
homens em vários momentos de santidade extra. Por exemplo, a Shechinah está
presente quando homens estudam a Torah (Pirkei Avot 3:3), quando rezam juntos
(Pirkei Avot 3:9), quando sábios tomam conhecimento de doutrinas esotéricas (B.
T. Ag. 14b). A Shechinah é atraída por atos especiais de hospitalidade,
benevolência e lealdade. Juízes que proferem veredictos justos fazem a
Shechinah deter-se em Israel” (B. T. San 7a). [17]
(...) A Shechinah é um termo designativo de Deus com a conotação e proximidade
palpável e amor protetor (a “ radiação da Shechinah”, as “asas da Shechinah”). A
mais alta bem-aventurança do justo é gozar a radiação da Shechinah no Mundo
Porvir (B. T. Ber. 17a). Converter um gentio ao judaísmo é pô-lo sob as asas da
Shechina (Mekhilta, II 186).
A décima sefirah, Malkhut, tem um elaborado simbolismo próprio. É a Rainha, a
sefirah especificamente feminina; é também o correlativo divino do povo de Israel.
A décima sefirah é o canal entre o mundo divino e os inferiores não divinos.[18]
Percebe-se claramente que o surgimento e o desenvolvimento teológico da
palavra shekhînah foi algo que se deu no meio rabínico, se desenvolveu, assumiu
conceitos místicos preocupantes.
Considerações Finais
As línguas bíblicas são muito importantes para o aprofundamento teológico e
correto entendimento das palavras inspiradas que o Espírito Santo de Deus
escolheu utilizar para revelar a Sua Santa Palavra a nós. Todavia, a falta de
conhecimento profundo dessas línguas tem gerado um uso indiscriminado das
mesmas a ponto de até mesmo palavras que não fazem parte do vocabulário do
homem bíblico começarem a fazer parte da hinologia e do vocabulário evangélico
de nossos dias.
Este breve estudo tem como objetivo alertar para que tenhamos mais cautela ao
utilizarmos palavras gregas e hebraicas em nossa hinologia, propagandas, nomes
de ministérios, etc. Ao utilizarmos palavras que não conhecemos devemos
consultar pessoas amplamente capacitadas para termos certeza de que estamos
usando um vocabulário que condiz com a teologia bíblica sadia.
Bibliografia Utilizada
SELTZER, Robert M.. Povo Judeu, Pensamento I, II: A experiência judaica na
história. Rio de Janeiro: A. KOOGAN editor, 1990
JENNI, Ernest; WESTERMANN, Claus. Diccionario Teológico Manual Del Antiguo
Testamento. Tomo II. Madrid: Ediciones Cristiandad, s/d
FRANCISCO, Edson de Faria. Manual da Bíblia Hebraica. 2.ª Ed. São Paulo: Vida
Nova, 2005
JASTROW, Marcus. A Dictionary of the Targumim, The Talmud Babli and
Yerushalmi, and The Midrashic Literature. London/New York: Luzac & Co./ G. P.
Putnam‟s Sons, 1903
RIBEIRO NETO, José. Hebraico para Principiantes. São Paulo: Emunah Editora,
2005
HARPER, William Rainey. Elements of Hebrew Syntax by an Inductive Method. 6.ª
ed. New York: Charles Scribner‟s Sons, 1901
CABTREE, A. R. Sintaxe do Velho Testamento. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Batista, s/d
DAVIDSON, A. B. Introdutory Hebrew Grammar: Hebrew Syntax. 3.ª Ed. New
York: Charles Scribner‟s Sons, 1924
COWELEY, A. E. Gesenius‟ Hebrew Grammar. Second English Edition. Oxford:
Clarendon Press, s/d
JOÜN, Paul. Grammaire de L‟Hebreu Biblique. Roma: PIB, 1947
WALTKE, Bruce K. et alli. Introdução à Sintaxe do Hebraico Bíblico. São Paulo:
Cultura Cristã, 2006
[1] Tabelas extraídas de RIBEIRO NETO, José. Hebraico para Principiantes. São
Paulo: Emunah Editora, 2005, p. 9-10
[2] os quadrados são só representação das consoantes hebraicas os sinais
vocálicos são os que estão abaixo dos quadrados
[3] Um famoso dicionário de uma conhecida editora, saiu simplesmente com o
alfabeto hebraico completamente errado, imagine quem usar tal dicionário e tentar
aprender hebraico com ele.
[4] às vezes tento descobrir como determinados revisores, autores ou editoras
chegaram àqueles conjuntos de caracteres, pois não significam nada, nem em
grego, nem em hebraico nem em aramaico, a não ser que esteja em alguma língua
que eu desconheça e que use esses caracteres, mas com certeza não estão na
Bíblia Hebraica ou Grega e muito menos Aramaica.
[5] Por incrível que pareça, algumas pessoas acham que basta escrever a palavra
em português no editor de texto e depois mudar o tipo de letra para a fonte
hebraica e automaticamente o computador transforma a palavra do português para
o hebraico, grego e aramaico, ainda bem que não, se assim fosse, meus quinze
anos de estudos das línguas bíblicas e de Teologia seriam inúteis.
[6] A pronúncia do khaf /kh/ não existe em português e seria o equivalente ao
espanhol /j/ em hijo, é um som de um r bem forte
[7] Os. 4.6 “...„ky-atah hadda”ata ma‟astha ve‟emas‟kha mikahen ly...” “porque tu o
conhecimento rejeitaste, eu rejeitarei a ti sacerdote diante de mim” (Tradução
Literal) - a partícula ky indica o motivo pelo qual o povo está perecendo, é pelo fato
do sacerdote ter rejeitado o conhecimento, e visto que era tarefa do sacerdote a
transmissão e ensino da lei (Lv 10.11; Dt 17.8-13), o povo sofria por causa do erro
de seus líderes corrompidos, cuidado para os que se autodenominam ou são
denominados levitas.
[8] Há ainda o nome /shekhaneyâh/ em I Cr 3.21, traduzido em nossas Bíblias
como Secanias e que significa “YaHWeH habita”
[9] Almeida Corrigida Fiel
[10] Marcus JASTROW. A Dictionary of the Targumim, The Talmud Babli and
Yerushalmi, and The Midrashic Literature, p. 1573b
[11] alguns autores chamam de perfeito profético, outros evitam essa terminologia
e preferem dizer que a forma é qatal com sentido de ação completa no futuro, Para
maiores detalhes consulte: HARPER, William Rainey. Elements of Hebrew Syntax
by an Inductive Method. 6.ª ed. New York: Charles Scribner‟s Sons, 1901, pgs. 5192; também CABTREE, A. R. Sintaxe do Velho Testamento. Rio de Janeiro: Casa
Publicadora Batista, s/d, pgs. 54-123; e ainda DAVIDSON, A. B. Introdutory
Hebrew Grammar: Hebrew Syntax. 3.ª Ed. New York: Charles Scribner‟s Sons,
1924, pgs. 144-203, ou ainda COWELEY, A. E. Gesenius‟ Hebrew Grammar.
Second English Edition. Oxford: Clarendon Press, s/d, pgs. 309-341; e com
maiores detalhes em JOÜN, Paul. Grammaire de L‟Hebreu Biblique. Roma: PIB,
1947, pgs. 289-358 este mesmo livro foi traduzido para o Inglês com o título: A
Grammar of Biblical Hebrew. Roma: Editrice Pontificio Istituto Biblico, 2000, o
volume II parte três trata da sintaxe, pgs. 353-651. Há também o livro WALTKE,
Bruce K. et alli. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax. Winona Lake, Indiana,
USA: Eisenbrauns, 1990, obra já traduzida (louvado seja Deus ! J) em português
como Introdução à Sintaxe do Hebraico Bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2006
[12] O Targum de Ônquelos é uma tradução do texto da Bíblia hebraica para o
aramaico feita, provavelmente no II séc. d. C., para maiores detalhes sobre as
traduções aramaicas chamadas targumim confira Edson de Faria FRANCISCO.
Manual da Bíblia Hebraica, p. 406-419
[13] outras referências em que ocorre a palavra shekhînah nos targumim são: (Êx.
20:21; 25:8; 29:45s; 33:3, 5, 14, 20; Lv. 26:12; Nm. 35:33; Dt. 1:42; 31:17s; 32:20,
40; 2 Sm. 7:5f; 1 Re. 6:13; 8:16; 9:3; 11:36; 2 Re. 21:4, 7; 23:27; Is. 1:15; 5:5;
17:11; 28:10; 48:15; 54:8; 56:5; 57:17; 59:2; 60:13; 66:1; Jr. 2:7; 7:12, 15; 14:10;
15:1; 16:18; 33:5; Ez. 7:22; 36:5; 37:27; 38:16; 39:7, 23s, 29; 43:7, 9; Os. 2:5, 25;
5:15; 9:12; 11:9; 13:14; Jl 2:27; 4:17; Sf. 3:7; Ag. 1:8; Zc. 2:9, 14s; 8:3; Ml. 3:12; Sl.
132:14; Ct. 5:1; 6:11)
[14] Ernest JENNI; Claus WESTERMANN. Diccionario Teológico Manual Del
Antiguo Testamento. Tomo II, p. 1135-1142, vocábulo !kv
[15] a transliteração foi adaptada para a que estamos utilizando para evitar
confusões
[16] Robert M. SELTZER. Povo Judeu, Pensamento I: A experiência judaica na
história, p. 265
[17] Robert M. SELTZER. Povo Judeu, Pensamento I: A experiência judaica na
história, p. 266
[18] Robert M. SELTZER. Povo Judeu, Pensamento II: A experiência judaica na
história, p. 433
Postado por José Ribeiro Neto
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