RASTREIO DA ESCOLIOSE EM PACIENTES PRÉ PUBERAL E PUBERAL MIBIELLI, Marco Antônio Naslausky. Docente do Curso de Medicina Unifeso. TORRES, André Augusto do Prado. Acadêmico do curso de graduação em medicina. Palavras-chave: Escoliose, coluna, crianças, adolescentes, teste de Adams, rastreio INTRODUÇÃO A Escoliose Idiopática do Adolescente (EIA) é uma curva lateral estruturada da coluna vertebral, que ocorre entre 10 e 18 anos, cuja causa não é definida. Segundo a Scoliosis Research Society (SRS), a EIA ocorre entre os 10 e 18 anos de idade, com curvas maiores 10 graus1. A prevalência da EIA na população entre 10-18 anos é de 23%.2 Nas curvas maiores de 30 graus, a prevalência é de 0,1-0,3%.3 A incidência em curvas de menor magnitude é semelhante em ambos os sexos, porém em curvas maiores a predominância e do sexo feminino. A probabilidade de progressão da curva na EIA depende das características da curva e do critério adotado de progressão (5 ou 10 graus). O risco de progressão está relacionado com o potencial de crescimento do paciente, estando este relacionado com a idade do paciente no momento do diagnóstico, maturação sexual e Sinal de Risser4 (análise da ossificação da crista do ilíaco), e fatores específicos da curva (padrão, magnitude, localização).1 ( Apesar da EIA ser motivo de um grande número de pesquisas, sua causa ainda não foi totalmente elucidada. Existem diversas hipóteses na literatura, mas nenhuma confirmou a gênese desta doença. Algumas teorias acreditam que ocorre um distúrbio intrínseco na coluna (natureza genética, desenvolvimento anormal da coluna, do disco intervertebral e dos ligamentos vertebrais). Outras teorias envolvem mecanismos extrínsecos (anomalias do sistema nervoso, nos músculos para vertebrais e costelas).1 Os efeitos psicológicos e sociais causados pela EIA são difíceis de serem avaliados. Eles geralmente não se manifestam se a magnitude da curva não é grave. Mas a gibosidade (proeminência dorsal, causada pela rotação das costelas na região torácica 2 e dos processos transversos na região lombar) observada, geralmente causa queixa estética nestes jovens pacientes. Autores observaram grande percentual de pacientes portadores de EIA que se apresentavam constrangidos e descontentes com sua aparência. Outros estudos não evidenciaram problemas de imagem, casamento e desemprego nos pacientes portadores de EIA.1 Na maioria das vezes, as escolioses surgem durante a fase de aceleração do crescimento vertebral, por isso crianças e adolescentes são o alvo mais vulnerável da manifestação da enfermidade. A rotação vertebral no plano transverso de segmento da coluna é conhecida como gibosidade, que pode ser encontrada na região torácica e/ou lombar.2 O teste de Adams (flexão anterior do tronco) utilizado para mensuração desta gibosidade é base da avaliação em escolares em todo o mundo. A detecção precoce da escoliose é importante para o tratamento porque neste período protocolos de exercícios e uso de órteses são efetivos para estacionar a progressão da deformidade, e, deste modo, dispensar a necessidade de cirurgias.2 Visando o rastreio da escoliose no período pré-puberal e puberal, realizamos uma pesquisa de campo em escolas de Teresópolis-RJ, Brasil, aplicando o teste de Adams, para criar um banco de dados inicial e posterior seguimento destes pacientes). Objetivo Aplicar o Teste de Adams em escolas de Teresópolis-RJ, Brasil, para rastreio de escoliose em indivíduos no período pré-puberal Metodologia Trata-se de uma pesquisa observacional/transversal na qual 56 indivíduos (46,4 % sexo feminino) foram submetidos a uma avaliação clínica, a fim de detectar escoliose por meio de um método não-invasivo (Exame físico + Teste de Adams). Todos os participantes tinha idade entre 12-15 anos e eram alunos da 5ª a 7ª series das escolas CESO e Ginda Bloch , Teresópolis, RJ, Brasil. Os indivíduos e seus respectivos responsáveis tomaram conhecimento do estudo, leram e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), concordando em participar da pesquisa. 3 No exame físico é necessária a exposição de todo o tronco e também da crista ilíaca.3 O primeiro passo é a inspeção, a qual é realizada atrás do paciente, com o paciente em posição ortostática, as alterações sugestivas de escoliose são: -Assimetria da curvatura da espinha torácica ou lombar.4-8 -Diferença na altura dos ombros ou da escápula; -Assimetria da cintura; -Assimetria da distância dos braços em relação ao tronco; -Não centralização da cabeça em relação ao sacro. O teste de Adams é realizado observando atrás do paciente, enquanto ele faz a flexão anterior do tronco até a coluna vertebral ficar na posição horizontal, com os pés juntos, joelhos paralelos e com as palmas das mãos viradas uma para outra. A presença de desnivelamento entre os gradis costais (gibosidade) é sugestivo RESULTADOS No estudo foi aplicado o teste de Adams em 56 escolares, com 14 deles apresentando gibosidade; dos quais foram 8 meninas (57,1 %) e 6 meninos (42,9 %) com idade media de 12,3 anos. Todos eles foram encaminhados para acompanhamento ambulatorial para confirmação diagnóstica através da obtenção de imagens radiológicas e mensuração do ângulo de Cobb. DISCUSSÃO O método de rastreio utilizado em nosso estudo foi o teste de Adams sem mensuração da gibosidade, esse teste é muito útil na identificação precoce da escoliose, Porém, apesar de ser um ótimo método de rastreio, ainda necessita de métodos mais objetivos para confirmação diagnóstica, através da radiografia e mensuração do ângulo de Cobb. Foi constatado em nosso trabalho que o testes de Adams foi positivo em 30,8 % dos escolares do sexo feminino, valor próximo ao de outros estudos como vemos em Ferreira DMA et al.2. Vemos também como essa patologia fica subdiagnosticada até atingir estágios avançados o que dificulta a possibilidade terapêutica não cirúrgica e diminui o sucesso terapêutico aumentando assim a morbidade da doença. 4 CONCLUSÕES. A detecção precoce da escoliose é importante para o tratamento porque neste período protocolos de exercícios e uso de órteses são efetivos para estacionar a progressão da deformidade, e, deste modo, dispensar a necessidade de cirurgias.2 O rastreio das escolioses nas faixas etárias pré-puberal e puberal nas escolas tanto publicas quanto privadas deveria ser realizado em nosso pais assim como é feito nos países mais desenvolvidos. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1. Lima-Junior PC, Pellegrino L, Caffaro MFS, Landim E, Avanzi O; Escoliose idiopática do adolescente (EIA) : Perfil clinico e radiológico da lista de espera para tratamento cirúrgico em hospital terciário de alta complexidade do sistema publico de saúde 2. Ferreira DMA , Suguikawa TR , Pachioni CAS, Fregonesi CEPT , Camargo MR : Rastreamento escolar da escoliose: Medida para o diagnóstico precoce 3. Tachdijan MO. The Spine. 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