ANÁLISE HISTOLÓGICA DA LÍNGUA DO CARCARÁ TONGUE´S HISTOLOGY OF THE SOUTHERN CARACARÁ Ana Carolina Possas Viana1, Adriano Tony Ramos1, Vanessa Sobue Franzo2, Felipe Roncatto Vicentin3 Valcinir Aloisio Scalla Vulcani3, Rogério Elias Rabelo3 Resumo Pesquisou-se a histologia da língua de oito carcarás. As estruturas anatômicas foram coletadas, fixadas, desidratadas, coradas em lâmina e analisadas em microscópio óptico. Notou-se epitélio pavimentoso estratificado queratinizado, com grande quantidade de glândulas mucosas como observados em perdizes e galinhas domésticas. Além disso, a lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo apresentou glândulas salivares que se abrem caudalmente à placa epitelial queratinizada. Palavras-chave: sistema digestório, ave silvestre, morfologia, deglutição, cavidade oral. Summary In this study was observed the tongue´s histology of eight Southern Caracarás. The structures were collected, fixed, dehydrated, stained and examined with a light microscope. It was noted keratinized stratified squamous epithelium with large amounts of mucous glands as observed in domestic chickens and partridges. In addition, the lamina própria of loose connective tissue had salivary glands that open caudal to the keratinized epithelial plate. Key words: digestive system, wild bird, morphology, swallowing, oral cavity. O carcará é uma ave de rapina onívora campestre da ordem Falconiformes, família Falconidae, que habita todo o território brasileiro (SICK, 2010). Na cavidade oral se encontra a língua sendo que, a base da língua da galinha está localizada na porção caudal da orofaringe e está fixa ao esqueleto por uma cartilagem e possui, em perdizes, sete centímetros de comprimento (DYCE et al., 2004). O objetivo da presente pesquisa é avaliar a histologia da língua do carcará (Polyborus plancus). O experimento foi realizado na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, campus de Jaboticabal, Unesp, e na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMVZ), campus de Araguaína, UFT, onde foi conduzido um estudo para avaliação histológica da língua do carcará (Polyborus plancus ). Foram utilizados oito exemplares de carcará (Polyborus plancus) de pesos corpóreos e faixas etárias distintas, sendo quatro machos e quatro fêmeas, provenientes do Setor de Silvestres do Departamento de Patologia Animal da UNESP, campus Jaboticabal, cuja licença do IBAMA foi dada através do Proc. IBAMA número 02027.000933/05-47. Os animais foram anestesiados na Unesp com Zolazepam na dose 10mg/Kg intramuscular no músculo peitoral superficial e, em seguida, utilizou-se cloreto de potássio na dose de 2mg/Kg intravenoso de peso vivo para a eutanásia do animal. Para análise histológica, dois centímetros de amostras da língua foram coletadas, abertas longitudinalmente, lavadas em solução tampão fosfato (0,1 M, pH 7,4) e fixadas em solução de Bouin por 24 horas. Posteriormente, banhos sucessivos de álcool 70% foram 1 Universidade Federal do Tocantins, Campus Araguaína. R: Humberto de Campos, 508 - Bairro São João, Centro. Araguaína, TO, 77800-000. Email: [email protected] 2 Universidade Federal do Mato Grosso, Campus Cuiabá. Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. Cuiabá, MT, 78060-900. Email: [email protected] autor para correspondência 3 Universidade Federal de Goiás, Campus de Jataí. Rodovia BR 364, Km 192, Jataí, GO, 75801-615. Email: [email protected] aplicados sobre as amostras para a retirada do fixador, em seguida desidratadas em uma serie de concentração crescente de álcoois. Após a desidratação do material, as amostras foram recortadas em fragmentos de 0,5 cm de comprimento, diafanizadas em xilol e incluídas em parafina. O material emblocado em parafina foi processado na UFT e os cortes destinados à histologia foram corados com a técnica da hematoxilina-eosina (BEHMER, 1976). As lâminas confeccionadas foram analisadas em microscópio óptico proveniente da EMVZ, UFT. As imagens foram capturadas e armazenadas em um cartão de memória e descarregadas em um microcomputador. Utilizou-se o programa computacional instalado em um analisador de imagem “Pro Plus 4.1” da Cibernetics do Brasil para análise das imagens. Os termos utilizados neste trabalho estão de acordo com a Nomina Anatomica Avium (BAUMEL, 1993). Observou-se que a língua do carcará da espécie Polyborus plancus apresenta epitélio pavimentoso estratificado com diferentes graus de queratinização (Q), sendo mais intenso na região posterior da língua, próximo à faringe. A túnica mucosa (M) possui um epitélio pavimentoso estratificado, porém sem camada queratinizida e com grande quantidade de glândulas mucosas em todos os cortes analisados (Figura 1). O epitélio observado na língua do carcará é semelhante ao observado em perdizes por Rossi et al. (2005) e em galinhas domésticas (DYCE et al., 2004). Figura 1. Corte transversal da língua do carcará (Polyborus plancus). Ainda, pesquisou-se que, na língua do carcará a lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo apresentou glândulas salivares que se abrem caudalmente à placa epitelial queratinizada conforme foi retratada na Figura 2. Finalmente, estudou-se na língua desta ave que, a camada muscular é composta de um escasso tecido muscular estriado esquelético (Figura 2A). F Figura 2. Corte transversal da língua do carcará (Polyborus plancus) (40X), revelando camada de músculo estriado esquelético (Figura 2A, 60X). O estrato muscular que forma a língua das aves permite movimentação para misturar o alimento (DUKES, 1996). Na região central da língua há um tecido de sustentação (osso entoglossal) que já foi descrito em outras aves (BACHA e BACHA, 2000). 2 Conclui-se que a organização histológica da língua do carcará é semelhante as demais aves pesquisadas, como a galinha doméstica. REFERÊNCIAS BACHA, W.J.; BACHA, L.M. Color Atlas of Veterinary Histology. 2.ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins. 2000. 318p. BAUMEL, J.J.; KING, A.S.; BREAZILE, J.E.; EVANS, H.E.; VANDEN BERGER, J.C. Handbook of Avian Anatomy: Nomina Anatomica Avium. 2ed. Nutall Ornithological Club, Cambridge, Massachussets, USA, 1993. 779p. BEHMER, O.A.; TOLOSA, E.M.C.; FREITAS NETO, A.G. Manual de Técnicas para Histologia Normal e Patológica. São Paulo: EDART, 1976. 239p. DUKES, G.E.. Digestão nas aves. In: Swenson, M.J. & Reece, W.O. Dukes fisiologia dos animais domésticos. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1996, cap.4, p.390-397. DYCE, K.M.; SACK,W.O.; WENSING, C. J.G. Tratado de anatomia veterinária. 2ª ed. Elsevier, 2004.872 p. ROSSI, R.R.; ARTONI, S.M.B.; OLIVEIRA, D.; et al. Morfologia do bico e da língua de perdizes Rhynchotus rufescens. Ciência Rural, Santa Maria, v.35, n.5, p. 1098-1102, 2005. SICK, H. Ornitologia brasileira. 4ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. 862p. 3