Ciências sociais

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FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
Ciências sociais
Primeiro semestre
Inês Pinho
Ciências sociais -Primeira aula
Conceitos centrais:
 Ciência – corpo de conhecimentos obtidos por métodos baseados na observação
sistemática e, por isso, no recurso ao método científico. Método científico é o modo
como levamos a cabo uma acção estruturada.

Ciências naturais ou exactas- são as que estudam as características físicas da natureza
e das maneiras como elas interagem e se transformam; Exemplos: biologia,
astronomia, química…

Ciências sociais ou humanas- Para Piaget estas são apenas uma parte de um conjunto
maior de ciências sobre o homem; Estas ciências têm um enfoque no comportamento
social das pessoas, mesmo que cada uma delas tenha uma orientação particular. Entre
todas as ciências sociais ou humanas não existem fronteiras mas sim zonas de
sobreposição, ou seja, influências múltiplas – Interdisciplinaridade; Cada uma das
ciências sociais tem as suas tradições intelectuais e temas preferenciais mas todas
contribuem para uma só realidade social; Exemplos: Antropologia social, economia,
psicologia social, história social…
A realidade social é o objecto de estudo da sociologia, uma das demais ciências sociais.
A sociologia é a disciplina científica que estuda as relações sociais e humanas ou a vida em
grupo; Giddens disse que a sociologia “é uma ciência na medida em que envolve métodos
sistemáticos de investigação e avaliação de teorias á luz da evidência e da argumentação
lógica”. A sociologia pode definir-se:
 Pelo objecto- ciência que estuda a sociedade e analisa os fenómenos sociais
 Pelo método- investiga a realidade social seguindo procedimentos científicos
Contributos da sociologia no estudo das ciências sociais:
 Reconhecimento das diferenças culturais
 Avaliar os efeitos das políticas
 Autoconhecimento e auto-reconhecimento
Perspectiva sociológica
- Cabe aos sociólogos examinar as formas pelas quais a estrutura social e as instituições
tais como a classe, família, escola, comunidade influenciam a sociedade. Deste modo é
necessário ir para além das coisas que achamos naturais e tentar perceber a forma como a
nossa vida individual e afectada pela realidade social. Este facto leva-nos ao conceito de
“Imaginação sociológica” (Mills 1959). A imaginação sociológica permite-nos ver que
muitos dos fenómenos que parecem dizer respeito somente ao individuo, reflectem na
verdade questões mais amplas, como ficou provado com Durkheim num estudo que este
fez em relação ao suicídio. È ainda a capacidade de ver o impacto das forças sociais na
nossa vida privada – consciência que as nossas vidas são influenciadas pela realidades
social e vice-versa.
A sociologia e os sociólogos:
Para os sociólogos cada informação deve ser testada e registada e depois analisada em
relação com outras situações. Eles baseiam-se em estudos científicos para descrever e
compreender o mundo social. As vezes as suas descobertas podem parecer “simples senso
comum” porque lidam com a vida diária de cada um de nós.
1
Ciências Sociais- Segunda e terceira aula
Os contributos da Sociologia
“A maior parte de nós, vê o mundo em termos das características das nossas próprias vidas,
com as quais estamos familiarizadas. A sociologia mostra que é necessário adoptar uma
perspectiva mais abrangente do modo como somos e das razões pelas quais agimos (…)
compreender as maneiras ao mesmo tempo subtis, complexas e profundos, pelas quais as
nossas vidas individuais reflectem os contextos da nossa experiencia social é essencial á
perspectiva sociológica”





As ciências sociais estudam o homem em sociedade
Compete á sociologia estudar o homem como um todo
A sociologia analisa as inter-relações entre os diversos fenómenos socias
A sociologia nunca foi uma daquelas com um corpo de ideias minimamente aceites
como válidas
A sociologia debruça-se sobre as nossas próprias vidas o que se torna uma tarefa mais
complexa
- Os seres humanos sempre sentiram necessidade de descobrir as razões do
seu próprio comportamento
- Há muito tempo atras, as ideias que revelam tentativas de nos
entendermos, eram expressas frequentemente em termos religiosos – crenças, superstições e
crenças;
“O estudo sistemático da sociedade e do comportamento humano é uma coisa relativamente
recente, cujo início remontam aos finais do século XVIII”
Um desenvolvimento chave foi o uso da ciência para se compreender o mundo- A emergência
de uma abordagem científica teve como consequência uma mudança radical na forma de ver e
entender as coisas
O contexto social: a sociologia e a mudança social
 Tecnologia industrial: os trabalhadores começaram a tornar-se parte de uma larga
força de trabalho anonima
 Com a revolução industrial deu-se o crescimento das cidades: o desenvolvimento de
novos problemas como a poluição, crime, sem abrigo …
 Mudanças políticas: revoluções, ideias de liberdade individual e direitos individuais
(revolução francesa)
A sociologia como ciência da modernidade
 As sociedades modernas já não são explicáveis com base em deduções teológicas em
conhecimentos filosóficos
 Procura analisar e explicar a realidade
 A sociedade é considerada como modificável e passível de ser construída
Origem da sociologia- Auguste Comte
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A primeira definição de sociologia foi apresentada por este filósofo francês que definiu
sociologia como:
“O estudo positivo do conjunto de leis fundamentais próprias dos fenómenos sociais”
Em 1838, Comte criou o tema “sociologia” para descrever a sua visão de uma nova
ciência que deveria descobrir leis da sociedade humana semelhantes as leis da
natureza adoptando os métodos da investigação factorial que tinham sido bemsucedidos nas ciências físicas
 A sociologia encontra-se, nesta época, em estática social (Teoria da ordem) e dinâmica
social (Teoria do progresso)
 Comte acreditava que este novo campo podia produzir conhecimentos sobre a
sociedade baseado na evidência científica
 Desvendar as leis que governavam a sociedade humana podia-nos ajudar a configurar
o nosso destino e a melhorar o bem-estar da humanidade
 Comte acreditava que a sociedade se submete a leis invariáveis (como se sucede no
mundo físico)
 Viu a sociologia como uma ciência positiva – Positivismo

Defende a ciência deve preocupar-se apenas com os factos observáveis que resultam directamente da
experiencia;
A abordagem positivista da sociologia acreditava na produção de conhecimento acerca da sociedade com
base em provas empíricas retiradas da observação da comparação e da experimentação
A lei dos três estádios de Comte postula que as tentativas humanas, para compreender o
mundo passa, por estádios
Estádio teológico: as ideias religiosas e a
crença que a sociedade era uma expressão da
vontade de Deus;
Estádio Metafísico: afirma-se pela época do
renascimento; A sociedade começou a ser
vista em termos naturais e não sobrenaturais
Estádio positivo: desencadeado pelas
descobertas de Copérnico, Galileu e Newton;
Encorajou a aplicação de técnicas científicas ao
mundo social

Comte considerava a sociologia como a ultima ciência a desenvolver-se mas que seria
também a mais significativa e complexa de todas as ciências; A sociologia deveria
contribuir para o bem-estar da humanidade em geral, pela utilização da ciência para
compreender e assim prever e controlar o comportamento humano;

Origem da Sociologia
Émile Durkheim
3




Embora apoiando-se em Comte, considerava muitas das ideias deste autor demasiado
especulativas e vagas e achava que ele não tinha levado a efeito a tarefa de
estabelecer a sociologia com bases cientificas
Acreditava que a sociologia deveria estudar os factos socias como coisas, o que
significa que eles poderiam ser analisados com o mesmo rigor que outros objectos
Acreditava eram produto de forças sociais complexas e não poderiam ser
considerados fora do contexto da sociedade na qual viveu
Utilizou o conceito de consciência colectiva para descrever as condições de uma
sociedade particular
É totalmente separado das consciências individuais; estas em
conjunto formam a consciência colectiva
Os factos sociais



“Maneiras de agir, de pensar e de sentir que são exteriores ao individuo e que são
dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõe”
São difíceis de estudar pois não pode ser observado de forma directa dado serem
invisíveis e intocáveis
As suas propriedades só podem ser reveladas indirectamente através da analise dos
seus efeitos ou tendo em consideração tentativas feitas para as expressar como leis,
textos religiosos ou regras de conduta estabelecidas
O estudo de Durkheim tem um importante valor Heurístico:



Mostra como o indicador estatístico, convenientemente concebido e utilizado, pode
ser revelador de um conjunto complexo de regularidades sociais
Toma como indicador um tipo de acontecimentos a que seriamos tentados a atribuir
espontaneamente razoes de estrito foro pessoal
Assim, Durkheim, constitui uma teoria da sociedade cuja aplicação ao fenómeno em
causa permite formular hipóteses explicativas para regularidades sociais observadas
Construir explicações para os fenómenos sociais
A divisão do trabalho social (1893)




A análise da mudança social, por parte de Durkheim, baseava-se no desenvolvimento
da divisão do trabalho (o crescimento das distinções entre diferentes ocupações)
A divisão do trabalho foi substituindo a religião como base da coesão social
Com a divisão do trabalho as pessoas tornavam-se cada vez mais dependentes entre si
De acordo com este autor, as mudanças do mundo moderno eram tão rápidas e
intensas que davam azo a dificuldades sociais que ele ligava á anomia
4
Um sentimento de
desespero e de falta de apoio devido á substituição da religião como factor de coesão social
que fez com que muitas pessoas sentissem que a vida não fazia sentido
As regas do método sociológico
Primeira:
“Os factos sociais devem ser
tratados como coisas”
Segunda:
“Um facto social deve ser explicado
por outro facto social”
O suicídio (1897)



O autor mostrou que o suicídio não é um acto estritamente social mas sim que é
extremamente influenciado por factores socias como a anomia
As taxas de suicídio mostram regularidades de ano para ano e isso deve ser explicado
sociologicamente
Demostrou a variação nas formas de solidariedade social em diferentes grupos:
1. Os que estão fracamente integrados em grupos tem maior propensão ao suicídio
2. À medida que o nível de solidariedade social aumenta, a taxa de suicídio diminui
mas para além de um certo ponto a taxa volta de novo a crescer
Nota:
 Solidariedade social:
 Grau em que os membros de um dado grupo partilham valores e crenças
 Frequência e intensidade da interacção
Tipologia do suicídio
1. Suicídio anómico: ocorre quando os laços de solidariedade são escassos e quando as
normas de conduta são definidas de forma vaga
2. Suicídio egoísta: Resulta de uma falta de integração dos indivíduos na sociedade
devido aos laços sociais fracos que os liga aos outros
3. Suicídio altruísta: ocorre em contextos de solidariedade social elevada quando as
normas orientam fortemente os comportamentos
Anónimo
Altruísta
Alto
Baixo
Solidariedade social
Alto
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Implicações do estudo do suicídio – contributo de Durkheim para o pensamento sociológico

As forças sociais são exteriores ao individuo e constrangem o comportamento
individual
“ A sociedade é um conjunto de pessoas, mas não uma soma delas- antes de uma realidade
sui generis, um ser ontologicamente distinto”
“ Os estudos individuais não explicam os factos sociais mas os factos sociais explicam, em
grande parte, os estudos individuais”
Karl Marx



As ideias de Karl Marx contrastam radicalmente com as de Comte e Durkheim, embora
tal como eles, também Marx tenha tentado explicar as mudanças que ocorriam na
época da Revolução Industrial
Marx concentrou-se na mudança nos tempos modernos.
Para ele as mudanças mais importantes estavam ligadas ao desenvolvimento do
capitalismo
- Sistema de produção que contrasta com sistemas económicos anteriores;
- Implica a produção de bens e serviços para serem vendidos a uma grande
massa de consumidores ;
Marx identificou dois elementos essenciais nas empresas capitalistas:
Capital: qualquer activo, incluindo dinheiro, máquinas, ou mesmo fábricas, que possa ser
usado ou investido para realizar futuros bens;
Trabalho, assalariado: o conjunto de trabalhadores que não detém a propriedade dos meios
de produção, mas que tem de procurar emprego, fornecidos pelos que detêm o capital.

Marx acreditava que o indivíduo é um produto da sociedade na qual vive e que a
sociedade é composta de duas classes:
 Burguesia: detentores dos meios de produção
 Proletariado: trabalhadores que não têm a posse dos meios de produção
 Estas duas classes, de acordo com Marx, tinham que estar em conflito uma com a
outra
 Este conflito seria resolvido pela evolução natural da sociedade capitalista para uma
utopia comunista na qual todas as pessoas partilhavam a posse dos meios de
produção

Marx acreditava que o conflito de classe em torno dos recursos económicos se iria
acentuar com a passagem do tempo
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
Para ele, não se encontram nas ideias ou nos valores humanos as principais fontes de
mudança social- a mudança social é promovida acima de tudo por factores
económicos;

O ponto de vista de Marx assentava naquilo que ele designava por concepção
materialista da história
Os conflitos entre as classes – os ricos contra os pobres
–fornecem a motivação para o desenvolvimento
histórico
Assim, de acordo com Marx:
“toda a história até agora é a história da luta de classes”.
Contributo de Marx para o desenvolvimento da Sociologia
 Salientou que as relações sociais decorrem dos modos de produção (factor
transformador da sociedade)
 Procurou elaborar uma teoria sistemática da estrutura e das transformações sociais
 Desconhecendo-se a si próprio como sociólogo, foi colocando-se do ponto de vista
relacional e globalizante que ele transformou a história e a economia, insistindo em
que o que importa é analisar as relações sociais entre os homens a todos os níveis de
acção, económico, político, ideológico.
Max Weber

Economista e sociólogo alemão, é considerado um dos fundadores do pensamento
sociológico moderno
 Para weber, para explicar a mudança social era necessário atender não só aos
factores económicos mas também às ideias e aos valores
 Foi influenciado por Marx mas rejeitou a concepção materialista da história proposta
por Marx e considerava o conflito de classes menos importante do que para ele
 Weber defendeu que a Sociologia devia centrar-se na acção social e não nas
estruturas;
• Ao contrário de Durkheim ou Marx, Weber não acreditava que as estruturas existiam
externamente aos indivíduos ou que eram independentes destes mas sim que as estruturas
das sociedades eram formadas por uma complexa rede de acções recíprocas.
 O objecto de estudo da Sociologia é compreender o sentido da acção social
•
7
“A acção (humana) é social na medida em que, em função da significação subjectiva que o indivíduo ou
os indivíduos que agem lhe atribuem, toma em consideração o comportamento dos outros e/ou é por
ele afectada no seu curso.”


Segundo Weber, o capitalismo é apenas um entre vários factores que modelam o
desenvolvimento social. Mas por detrás do capitalismo (e por vezes mais fundamental
do que ele) está o impacto da ciência e da burocracia.
Na “Ética protestante e o espírito do capitalismo” Weber explorou a influência da
ética e da religião sobre o desenvolvimento do capitalismo
Conclui que as crenças cristãs, designadamente a ética protestante, influenciaram o
aparecimento do capitalismo
 Um conceito muito importante na perspectiva sociológica de Max Weber, é o conceito
de tipo ideal
Modelos conceptuais ou analíticos que podem ser usados para compreendermos o mundo;


Para Weber, a ciência moldou a tecnologia moderna e continuará a fazê-lo no futuro
O desenvolvimento conjunto da ciência, da tecnologia moderna e da burocracia foi
descrito por Weber como racionalização
A organização da vida social e económica de acordo com princípios de eficiência e na base de
conhecimentos tecnológicos;


De acordo com o autor, a Revolução Industrial e o Capitalismo eram provas de uma
tendência maior no sentido da racionalização
O capitalismo era dominado pelo avanço da ciência e da burocracia
única forma de organizar eficientemente um grande número de pessoas de forma eficaz e,
deste modo, expandiu-se com o crescimento económico e político
 O autor utilizou o termo desencantamento
Para descrever a forma pela qual o pensamento científico no mundo moderno fez
desaparecer as forças sentimentais do passado
Resumo:

Comte, Durkheim, Marx, ou Weber utilizaram abordagens muito diferentes entre si
nos estudos do mundo social;
 Enquanto Durkheim e Marx centraram-se no poder de forças externas aos indivíduos,
Weber adoptou como ponto de partida a capacidade que os indivíduos têm de agir de
forma criativa sobre o mundo exterior
 Enquanto Marx privilegiava as questões económicas, Weber considerava um leque
muito mais vasto de factores que considerou significantes
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

A Sociologia não é uma disciplina com um corpo de ideias unanimemente aceites como
válidas, isto é, possui uma diversidade de abordagens
A Sociologia engloba uma variedade de perspectivas teóricas
Ciências sociais- quarta aula
Breve sistematização de ideias sobre os autores clássicos
Os primeiros autores (Comte, Durkheim, Weber, Marx):
 Partilham o desejo de conferir sentido á sociedade em mudança em que viviam
 Tinham a intenção de interpretar os acontecimentos do seu tempo
 Procuraram desenvolver formas de estudar o mundo social que pudessem explicar o
funcionamento das sociedades
 Propuseram esquemas científicos gerais/teóricos para a compreensão do
comportamento humano
 Nem todos se concentravam nas causas da disfuncionalidade da sociedade (Marx
propôs soluções para o problema social)
Comte:
 Fundador do positivismo
Sistema filosófico que defende que nada se pode conhecer com exactidão senão as
verdades verificadas pela observação ou pela experiencia;
Durkheim:
 Funda a sociologia como ciência:
 - Na definição de um objecto específico: estudo dos factos eminentemente sociais
- Na criação de um método: tentativa de lhes dar uma explicação sociológica
Marx:
 Os valores éticos e religiosos também exerceram uma influencia significativa sobre o
desenvolvimento do capitalismo
 Papel da acção social criativa na sociedade
 Estes autores, mesmo quando estão de acordo em relação ao objecto de análise, a
investigação sociológica é feita a partir de perspectivas e técnicas diferentes
 Esta diversidade deve ser encarada como um aspecto positivo
 A sociologia emergiu com o desenvolvimento das sociedades modernas
 Crescentemente os sociólogos estão interessados num leque mais vasto de assuntos
acerca da natureza da interacção social e das sociedades humanas em geral

Olhares sociológicos mais recentes
Estrutural- Funcionalismo
Níveis de análise sociológica
Nível de análise macro:
É a análise de padrões globais da sociedade e de grandes organizações e instituições; Analisa também as
forças sociais que afectam as sociedades e os grupos;
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Nível de análise micro:
É a analise da interacção social, da interacção entre indivíduos, das relações de tocas pessoais; inclui
interacções pessoais através de linguagem gestual das percepções e das interpretações dos indivíduos
Teorias ou perspectivas da sociologia


Uma teoria é uma afirmação sobre a forma e o porque de determinados factos
estarem relacionados. Baseiam-se em paradigmas teóricos- conjuntos de princípios
base que guiam o pensamento e a investigação
Por exemplo, Durkheim teorizou sobre a relação entre o suicídio e a integração social
1. Teoria estrutural funcionalista
 É considerada a teoria do consenso e da ordem
 Baseia-se no pressuposto de que a sociedade é um sistema complexo cujas partes
trabalham em conjunto para promover a estabilidade social
 Afirma que a sociedade é composta por uma estrutura social – padrões relativamente
estáveis de comportamento social
 Toda a estrutura social tem funções sociais ou consequências para a operação da
sociedade como um todo
 Autores mais importantes deste paradigma: Durkheim, Comte, Spencer
 A sociedade funciona como uma coisa real no sentido em que tem necessidade (ou
funções) que necessitam de ser satisfeitas
 Existe um forte consenso entre os indivíduos da sociedade a respeito da existência e
da importância relativa destas funções necessárias
 A sociedade como um todo estabelece um sistema de papéis de modo a assegurar que
as funções são satisfeitas
 A sociedade também cria um sistema de recompensas desiguais de modo a assegurar
que os papéis mais importantes são desempenhados pelos mais qualificados
 Aos módulos de organização social são predominantemente pelas necessidades do
sistema global, ou seja, o sistema social tem necessidades que precisam de ser
realizadas
 As estruturas sociais formam um todo integrado caracterizado pela tendência para o
equilíbrio ou estabilidade
 Padrões de comportamento que poem em causa a estabilidade do sistema sociais são
consideradas como “disfuncionais”
 Padrões de comportamento que servem para a manutenção da estabilidade da
sociedade são chamados de “funcionais”
 Desenvolve-se o “mecanismo de equilíbrio” em resposta a modelos disfuncionais de
modo a restaurar a estabilidade dos sistemas sociais
 Durante um longo período de tempo, o pensamento funcionalista foi provavelmente a
principal corrente teórica da sociologia
 Isto acontece nos EUA graças a: Talcott Parsons e Robert Merton- Estes dois inspiramse na obra de Durkheim
 Nos anos mais recentes a popularidade da corrente funcionalista decresceu, fruto de
uma grande medida ao facto de se realçar excessivamente o papel dos factores que
conduzem a coesão social, em detrimento dos factores que conduzem á divisão e ao
conflito
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Teorias Sociológicas – Interacionismo simbólico
Esta corrente de pensamento nasce de uma reação contra o positivismo de uma
concepção das ciências sociais ainda muito ligada ao modelo das ciências naturais,
que levaria a considerar “os fatos sociais como coisas”
 Postula-se, diferentemente, que qualquer tentativa de explicação deve
necessariamente partir do indivíduo, considerado como a unidade de base da análise
sociológica
 Este paradigma propõe analisar a ação dos atores como constitutivos desses mesmos
fatos
 Deste modo, instituições como a empresa, a família, a escola e a igreja podem surgir
como tantos determinantes da ação social, podem ser também encaradas como o
fruto da ação ou da interação entre os homens

Baseia-se no pressuposto de que a sociedade é o produto das interações quotidianas entre os
indivíduos;

A sociedade é composta de símbolos que os indivíduos utilizam para estabelecer
significados, desenvolver as suas atitudes e crenças e para comunicar;
 O acordo sobre os símbolos nunca é completo- Quando interagimos com outros
tentamos constantemente interpretar o que eles querem dizer e qual o seu objetivo;
 O comportamento humano é determinado pelo significado subjetivo que as pessoas
atribuem a uma determinada situação.
• Cabe à sociologia compreender o sentido que cada ator dá à sua ação
A teoria assenta em três princípios básicos:
• Significado:
Afirma que os indivíduos agem em relação a outros indivíduos e aos objectos de acordo com o
significado que atribuem a essas pessoas e objectos – a atribuição de significado é o aspecto
central do comportamento humano
• Linguagem:
Constitui um meio que permite aos indivíduos negociar o significado através de símbolos. Os
indivíduos identificam o significado nos actos da fala com outros
• Pensamento:
Modifica cada interpretação individual dos símbolos. É uma conversação mental que requer
diferentes pontos de vista
• Análise dos detalhes da interação interpessoal e da forma como esses detalhes são usados
para conferir sentido ao que os outros dizem e fazem.
• Interesse na interação face-a-face e nos contextos da vida quotidiana.
• Ênfase no papel das interações na criação da sociedade e das suas instituições.
O subjectivismo na análise sociológica
Nos anos 50/60 começou a ser posta em causa a criação de um método modelado nas ciências
naturais
É nesta altura que se consolida a oposição central entre aqueles que concideram que a
sociologia deve optar por uma abordagem subjectiva e aqueles que consideram o contrario
(objectiva).
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Surgem algumas duvidas sobre se o metodo das ciencias naturais é apropriado ás ciencias
sociais - SURGE O DEBATE DA RACIONALIDADE
A agitação criada na sociologia foi tambem impulsionada pelo trabalhos das escolas
americanas .
Estas ganaharam folego nos anos 60 e designam-se: Interaccionismo simbólico (origem na
obra de George H. Mead e escola de chicago) e etnometodologia
Interaccionismo simbolico e a escola de chicago:
 Estudo de terreno sobre fenomenos da vida urbana
 Robert park (fundador da escola de chicago),Thomas (primeiro grande teorizador da
escola de chicago) Burgess, goffman, Becker..
 Autores como estes publicaram sobre imigração, urbanização,comunidades etnicas e
das suas relações
 O conjunto destas analises encontra-se por vezes reunido sob o tema de análise
ecológica – poem em relação as formas de comportamento sociais especificas com um
modo de ocupação de espaço
A etnometedologia e a universidade da california
 Vai ao encontro da obra do autor alemão Alfred Schutz
 Harold Garfinkle – publicou o livro “studies in etnhnomethology” que revolucionou a
sociologia e tambem criou o termo “actor social”
 Ambas a escolas debruçaram-se sobre as questões em tormo do significado e da
racionalidade
 Ambas concideram que para perceber o caracter racional das acções é precido olhar
para as conndições particulares em que estas se desenrolam, situalas em
determinados contextos e tentar perceber os significados que os individuos atribuem
as suas acções
 Ambas tinham o objectivo de propor hipoteses pertinentes para compreender o
mundo social
Howard Becker (n. 1928-)
 Sociólogo norte-americano
 Contributos importantes, nomeadamente:
na sociologia do desvio _ Outsiders: Studies in Sociology of Deviance
(1973)
- na sociologia da arte _ Art Worlds (1982)
- na sociologia em geral _ Uma Teoria da Ação Coletiva (1977) e Métodos de Pesquisa em
Ciências Sociais (1993)
- Estudo famoso sobre os músicos de jazz
Rober Park (n. 1864-1944)
 Sociólogo norte-americano
 Park escreveu um ensaio sobre a cidade, encarando-a como um laboratório para a
investigação da vida social
 Ideia central sobre a história do mundo: "hoje, o mundo inteiro ou vive na cidade ou
está a caminho da cidade. Então, se estudarmos ascidades, poderemos compreender
o que se passa no mundo”.
Erving Goffman(n. 1922-1982)
 Sociólogo norte-americano
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

Estudo etnográfico de certos aspetos particulares da vida social dos doentes mentais
“Os sociólogos devem falar do ponto de vista das pessoas que eles estudam, porque é
após esta perspectiva que se constrói o mundo que eles analisam”.
Níveis de análise sociológica
Os setores “respeitáveis” da sociedade:
 Inclui-se a igreja, a escola, etc.. Pertencem à “América oficial”.
Os setores “não-respeitáveis” da sociedade:
 Os que se afastam da classe média voluntária ou involuntariamente e que
correspondem à outra “América”, que é caraterizada por aqueles que têm uma
linguagem agressiva e atitudes que chocam com aquilo que seria socialmente
desejável, pelo estado de espírito que questiona as ideologias oficiais.




A prioridade ao empirismo
Os fundadores da “Escola de Chicago”, e.g. do interacionismo simbólico são
defensores de uma metodologia qualitativa.
Privilegiam os estudos de caso e recorrem às técnicas de observação participante e
histórias de vida, inspirados pela antropologia.
Várias investigações começaram a aparecer, na década de 20, em resposta a algumas
das questões levantadas por Park e que eram, todas elas, monografias pormenorizadas
de facetas particulares da vida urbana de Chicago e focadas nos desfavorecidos, nos
desprotegidos e naqueles que não se fixavam:
Um estudo sobre mulheres que dançavam com homens a troco de pagamento e dos
homens que deste modo compravam a companhia de mulheres.
A necessidade de repensar o pensamento sociológico?
Tanto o interacionismo simbólico como a etnometodologia colocaram em questão a
possibilidade de uma concepção metodológica da sociologia assente numa concepção da
racionalidade generalista, abstrata e a priori, admitindo que esta apenas poderá conduzir o
sociólogo a um sub-compreensão e/ou a uma sub-descrição da vida social. Para os autores
destas correntes teóricas, é necessário ir ao encontro de uma teoria geral de um modo
diferente ou mesmo abandonar a procura incessante de uma “grande teoria”.



Multiplicidade de abordagens teóricas
Existem várias abordagens teóricas em Sociologia
Dado o caráter complexo e multifacetado do comportamento humano, dificilmente
uma única perspectiva teórica poderia cobrir todas as suas características
Uma “boa teoria” deve ser contra-intuitiva- romper com o senso comum- deve ser
frutuosa- ser capaz de gerar novas ideias e estimular investigações posteriores
Dilemas teóricos básicos da Sociologia
Algumas questões gerais relativas à forma como interpretamos as atividades humanas e as
instituições sociais continuam a levantar alguns dilemas teóricos:
Estrutura e ação
• O peso dos constrangimentos sociais exercidos sobre as nossas ações pelas sociedades em
que estamos inseridos.
• Remonta a E. Durkheim:
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- a sociedade tem primazia sobre o indivíduo;
- a estrutura social constrange as nossas atividades de modo semelhante, estabelecendo
limites ao que podemos fazer como indivíduos.
• Perspectiva que teve/tem alguns seguidores mas que também foi criticada.
• Este é um debate que não se confina à Sociologia, mas que se estende a todas as áreas das
Ciências Sociais.
• A perspetiva de síntese de A. Giddens consiste em reconhecer que o extremar de ambas as
posições é exagerado:
- As instituições sociais precedem a existência de qualquer indivíduo e colocam restrições e
constrangimentos. Porém, estes não determinam o que fazemos.
- Como seres humanos fazemos escolhas e não reagimos passivamente aos acontecimentos
que nos rodeiam.
• De acordo com o autor, a forma de ultrapassar a diferença entre a abordagem “estrutural” e
a centrada na “ação” consiste em reconhecer que construímos e reconstruímos ativamente a
estrutura social no decurso das nossas atividades diárias.
• Conceito de “estruturação” (Giddens) _ enfatiza/reconhece a relação entre estrutura e ação.
• “As sociedades, comunidades ou grupos apenas têm uma estrutura na medida em que as
pessoas agem de um modo regular e previsível. Por outro lado, a ação apenas é possível na
medida em que cada um de nós, como indivíduo, possui uma enorme quantidade de
conhecimento socialmente estruturado” (Giddens, 2004: 670)
Consenso e conflito
• Para Durkheim, as sociedades são vistas como um conjunto formado por partes
interdependentes.
• A continuidade de uma sociedade depende da cooperação, e esta pressupõe um consenso
geral, ou acordo, entre os seus membros sobre valores fundamentais.
• Diferente é a perspetiva dos autores que se centram no conflito. Segundo Marx, as
sociedades estão divididas em classes com recursos desiguais.
• Quaisquer que sejam os grupos conflituosos mais destacados pela análise, a sociedade é
vista como estando essencialmente carregada de tensão.
Visão/proposta de Giddens:
- As duas posições não são totalmente incompatíveis. Todas as sociedades envolvem
provavelmente um certo tipo de acordo geral sobre valores e certamente todas implicam
conflitos.
- Como regra geral da análise sociológica, temos de examinar as relações entre o consenso e o
conflito nos sistemas sociais.
Teorias recentes da Sociologia
A(s) teoria(s) pós-moderna(s)
Para alguns autores contemporâneos é necessário abandonar as interpretações globais da
mudança social.
“Não existe uma noção geral de progresso que possa ser defendida, tão pouco existe algo
como a história”.
“A sociedade pós-moderna é muito pluralista e diversificada. Circulam imagens por todo o
mundo em inúmeros filmes, vídeos, programas de televisão e websites. Entramos em contato
com muitas ideias e valores, mas estes têm pouca relação com a história das zonas onde
habitamos, ou sequer, com as nossas histórias pessoais. Tudo parece estar num fluxo
constante” (Giddens, 2004: 676).
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Ideia pós-moderna- Se admitirmos que as sociedades são, cada vez mais,
fragmentadas e diversificadas, então, somos também levados a reconhecer que as
generalizações sociológicas são cada vez mais difíceis de obter. Muitos dos teóricos
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sociais contemporâneos consideram que as tecnologias da informação e os novos
sistemas de comunicação, em conjunto com outras mudanças tecnológicas, estão a
produzir mudanças sociais importantes.
Mudanças importantes nas sociedades de hoje
Família
. Incerteza nas relações amorosas.
. Novas, diversas formas de família.
. Decisão e controlo sobre o n.º de filhos que se deseja e o respectivo sexo.
Lazer&tempos livres
. Interacção crescente com os ecrãs de TV e os monitores de computador.
. Comunicação on line em detrimento da comunicação presencial.
. Novas e crescentes formas de turismo (e.g. por motivos religiosos, de saúde).
. Novas práticas culturais e lúdicas (e.g. cinema, ginásios, ir a restaurantes).
Trabalho
. Empregos de curta duração, flexíveis. Desaparecimento do trabalho para a vida inteira.
. Reconversão dos sectores económicos (recuo da indústria, aumento do peso dos serviços).
. Aumento do desemprego (e.g. DLD) e dos “trabalhadores pobres”.
. Percursos fragmentados, diversificados.
. Feminização do mercado de trabalho.
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Mudanças na vida quotidiana. Algumas tendências
Alterações das identidades pessoais
Novos dilemas éticos
Mudanças nos valores
Maior liberdade (de pensamento, ação)
Individualismo e desconfiança
Interdependência crescente e relações sociais a nível mundial
Alterações nos padrões de migração global
Diversidade de culturas e novos gostos culturais
Ritmo acelerado da mudança e novos riscos sociais
Compressão do tempo e do espaço.
Aumento e diversificação das desigualdades e das divisões sociais
Mudanças importantes na ciência
Encontramo-nos, hoje, numa fase de (re)questionamento e/ou perplexidade no que concerne:
 as relações entre a ciência e a virtude;
 o valor do conhecimento dito vulgar que nós, sujeitos individuais ou coletivos, criamos
e usamos para dar sentido às nossas práticas e que a ciência teima em considerar
irrelevante, ilusório e falso;
- o contributo positivo ou negativo da ciência para a nossa felicidade.
Têm, hoje, lugar transformações nas ciências, nos conhecimentos;alterações na forma de
conceber a vida, o corpo, etc..
Está em curso um processo de mudança que cria um mundo diferente do que existia até aqui
e que nós ainda não sabemos total e exatamente como será.
Transição pós-moderna: processo de transformação social intenso que aponta para algo
diferente do que nós chamávamos “modernidade”.
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A teoria pós-moderna. As ideias de Jean-Baudillard e Foucault
Autores que rejeitam a existência de grandes narrativas, interpretações globais
acerca da sociedade.
Jean-Baudillard (1929-2007)
- O mundo pós-moderno está dominado pelos novos media. Papel central da televisão na
transformação da natureza das nossas vidas.
- A vida social é influenciada por signos e imagens. Os significados são criados pelo fluxo das
imagens.
- Universo do “faz-de-conta”. Existência de uma nova realidade, uma “hiper-realidade”, em
que se mistura o comportamento das pessoas com as imagens dos media.
Michel Foucalt (1926-1984)
- Debruçou-se sobre as mudanças de entendimento acerca do nosso mundo e o pensamento
dos tempos mais antigos.
- Analisou a emergência de instituições modernas (e.g. prisões, hospitais, escolas)
- Desenvolveu ideias importantes sobre a relação entre o poder, a ideologia e o discurso com
os sistemas organizacionais modernos.
Teorias gerais do mundo social. As propostas de Beck, Giddens e Castells
Segundo outros pontos de vista, devemos, mais do que nunca, desenvolver
teorias gerais.
Ulrich Beck
- Rejeita o pós-modernismo.
- Estamos a dirigirmos para uma nova fase, a da “segunda modernidade” ou “modernidade
reflexiva”.
- Nesta nova fase, “as instituições tornam-se globais e a vida quotidiana está a libertar-se do
jugo da tradição e dos costumes”.
- A sociedade industrial é, progressivamente, substituída pela “sociedade de risco
global” (Beck, 1992).
- A natureza dos riscos que enfrentamos está em transformação.
- A gestão pelo risco cabe a todos (e.g. políticos, cientistas, cidadãos em geral).
- Análise do impacto dos media e das tecnologias da comunicação nas sociedades.
- “A sociedade da informação” ou “sociedade em rede” é marcada pelo surgimento das redes e
da economia em rede.
- O controlo do mundo pelas máquinas é um perigo real. Este pode ser combatido graças ao
papel das organizações internacionais e dos países que têm interesses comuns na regulação do
capitalismo internacional.
- Importa gerir/saber utilizar a tecnologia da informação de forma positiva.
Anthony Giddens
- Vivemos num “mundo em fuga”, marcado por novos riscos e incertezas.
- Vivemos numa sociedade mais global.
- Temos uma necessidade constante de refletir – “reflexividade social” - sobre as circunstâncias
em que vivemos as nossas vidas.
- Os séculos XX e XXI são marcados por rupturas com o passado. O mundo em que vivemos é
cada vez mais um mundo global.
- Teoria da estruturação, uma análise da agência e da estrutura.
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