Volume 3 Número 03 26 de fevereiro de 2005 GBETH Newsletter de Tumores Hereditários de Estudos o r i e l i s Uma o Bra publicação semanal do Grup Publicação semanal distribuída aos sócios do Grupo Brasileiro de Estudos de Tumores Hereditários Sede R José Getúlio, 579 cjs 42/43 Aclimação São Paulo - SP CEP 01503-001 E-mail [email protected] Editor Erika Maria M Santos Diretoria Presidente Benedito Mauro Rossi Vice-Presidente Gilles Landman Diretor Científico Jose Cláudio C da Rocha Secretário Geral Fábio de Oliveira Ferreira Primeira Secretária Erika Maria M Santos Tesoureiro Wilson T Nakagawa Conselho Científico Beatriz de Camargo Maria Aparecida Nagai Maria Isabel W Achatz Paulo Eduardo Pizão Samuel Aguiar Jr Conselho Fiscal Titulares André Lopes Carvalho Gustavo Cardoso Guimarães Stênio de Cássio Zequi Suplentes Fábio José Hadad Mariana Morais C Tiossi Milena J S F L Santos Regulação da Expressão Gênica André Luis Vettote Instituto Ludwig As células são especializadas em tarefas específicas. As proteínas produzidas em uma célula neural são diferentes das produzidas pelo linfócito. Ainda que as células neurais e linfócitos sejam diferentes na forma e função, carregam os mesmos genes. A especialização celular ocorre através da regulação gênica: todas as células no organismo carregam a mesma informação genética, mas apenas um conjunto de genes é expresso em cada tipo celular. A regulação da expressão gênica pode ocorrerem diferentes níveis: - transcrição - processamento do mRNA (retirada dos Introns) - transporte do mRNA - estabilidade do mRNA - tradução - pós-traducional (fosforilação, glicosilação, metilação) - interação com outras proteínas. ESTRUTURA DO RNA MENSAGEIRO O mRNA funciona como molde para síntese de proteínas carrega a informação genética do DNA ao ribossomo e indica a ordem dos aminoácidos. O mRNA possui três regiões primárias: 5’ não traduzida (5’ UTR), uma seqüência de nucleotídeos que não codifica aminoácidos; região codificadora da proteína, que compreende os Codons que especificam a seqüência de aminoácidos, inicia com com um start Codon e termina com um stop Codon; e 3’ não traduzida (3’ UTR), que afeta a estabilidade do mRNA e a tradução da seqüência codificadora da proteína. Regulação da Expressão Gênica 2 PROCESSAMENTO DO PRÉ-MRNA moléculas de RNA e proteínas. Nas células eucariotas a transcrição ocorre no núcleo, e a tradução ocorre no citoplasma, com isso, o RNA pode ser modificado antes de ser traduzido. O transcrito inicial é chamado prémRNA, e o transcrito maduro é denominado RNA. Um processo que ocorre com freqüência é o splicing alternativo, no qual um único pré-mRNA é processado em formas diferentes para produzir diferentes tipos de mRNA através da união de diferentes Codons, o que resulta na produção de diferentes formas de proteínas a partir de um único DNA. O pré-mRNA é modificado na terminação 5’ pela adição de uma estrutura chamada cap 5’. Consiste na adição de um nucleotídeo extra na terminação 5’, da metilação pela adição de um grupo metil à base do nucleotídeo recém adicionado e a adição de um grupo –OH no açúcar de um ou mais nucleotídeos. Proteínas reconhecem o cap 5’ e se ligam; um ribossomo liga-se a proteína e se move ao longo do RNA até que o start Codon é atingido e a transcrição se inicia. A presença do cap 5’ também aumenta a estabilidade do mRNA e influencia a remoção dos Introns. O RNA maduro contém entre 50 a 250 adeninas na porção 3’, esta estrutura é chamada cauda polyA. Estes nucleotídeos não são codificados no DNA, mas são adicionados após a transcrição em um processo chamado poliadenilação. A cauda polyA confere estabilidade ao RNA, aumentando o tempo pelo qual o mRNA permanece intacto e disponível para a tradução antes da degradação. Outra grande modificação que ocorre no prémRNA é a remoção dos Introns pelo processo chamado de splicing. O splicing requer a presença de três seqüências no Intron: o final do Intron é chamado splice site 5’ e a outra terminação é o splice site 3; a terceira seqüência é o branch point, que é uma adenina que está a 18 a 40 nucleotídeos do splice site 3’. A remoção de um Intron é um processo em dois passos: (1) a terminação 5’ é clivada e ligada ao branch point; (2) a terminação 3’ é clivada e as duas terminações são unidas. Estas reações ocorrem em um complexo chamado spliceosomo, que consiste em diversas UNIDADE DE TRANSCRIÇÃO A unidade de transcrição é de DNA codifica uma molécula de RNA e as seqüências necessárias para sua transcrição. Na unidade de transcrição há três regiões críticas: região promotora, seqüência codificadora de RNA e região de terminação. O promotor é uma seqüência de DNA reconhecida pelo aparato de transcrição, onde se liga, indicando a seqüência a ser lida e a direção da transcrição. O promotor também determina o ponto inicial, isto é o primeiro nucleotídeo que será transcrito em RNA. Na região promotora encontram-se os elementos regulatórios, chamados elementos cis, que são seqüências específicas da região promotora reconhecidas por fatores de transcrição – sítio de ligação do complexo basal de ínicio da transcrição. Na região promotora há também as seqüências consenso. Uma destas seqüências é o TATA box, que tem uma seqüência de nucleotídeos TATAAA e está localizada a -25 a -30bp antes do local de início da transcrição, o TATA Box determina o sítio de início da transcrição. Outras seqüências consenso são o CAAT e GC boxes que regulam a freqüência da transcrição. Há outras estruturas que influenciam o processo de transcrição: - enhancers: seqüências específicas distantes da região promotora do gene que possuem a habilidade de elevar a taxa de transcrição gênica; estes elementos podem ser encontrados acima GBETH Newsletter 2005; v 03 n 03 Regulação da Expressão Gênica ou abaixo do gene, no meio dos Introns ou na região intragênica; - silencers: semelhante aos enhancers, mas atuam inibindo a transcrição por três processos – (1) competição com o ativador no sítio de transcrição; (2) interação com o domínio de ativação; (3) interação com fatores de transcrição geral. 3 expressão gênica é a degradação das proteínas. A degradação ocorre nos proteossomos que degradam proteínas ubiquitinizadas. A degração das proteínas é considerada o último passo no processo de regulação gênica. A Figura 1 resume o processo de transcrição, processamento do RNA e tradução. PROCESSO DE TRANSCRIÇÃO O processo de transcrição compreende as fases de iniciação, alongamento e terminação. Inicialmente é necessária a formação do complexo basal de início da transcrição, onde as proteínas relacionadas com a transcrição reconhecem seus sítios. O complexo basal de início da transcrição é formado pela RNA polimerase e fatores de transcrição. Posteriormente ocorre a iniciação, onde os ativadores transcricionais levam à ativação do complexo formado anteriomente. Ocorre então o escape do promotor, que é a saída da RNA polimerase II do promotor para iniciar a transcrição propriamente dita. Após a iniciação, ocorre o alongamento, que é a transcrição propriamente dita, ou seja, a síntese do mRNA a partir do molde de DNA. Finalmente ocorre a terminação, que se dá quando as seqüências chamadas terminators são transcritas. MODIFICAÇÕES PÓS-TRADUCIONAIS Figura 1 - Processo de transcrição, processamento do RNA e tradução. Além das modificações durante a transcrição, ocorrem modificações nas proteínas após a tradução. Muitas proteínas após serem sintetizadas, permanecem na célula em uma forma inativa. Para serem ativadas precisam sofrer modificações, tais como, fosforilação, metilação e glicosilação. Além disso, algumas proteínas só são ativas na forma de “multímeros” – homodímeros ou heretodímeros. Um outro fenômeno que influencia a GBETH Newsletter 2005; v 03 n 03