O USO DO IBUPROFENO NO FECHAMENTO DO CANAL ARTERIAL EM RN PRÉ-TERMO Jacob Aranda (Canadá) XVIII Congresso Brasileiro de Perinatologia, São Paulo, 13/11/ a 16/11/2004 Realizado por Paulo R. Margotto, Prof. do Curso de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF ([email protected]) A incidência de persistência do canal arterial no recém-nascido (RN) prétermo varia entre 20 a 80%. Os estudos demonstram que a indometacina diminui o fluxo sanguíneo cerebral (FSC) em até 30% a 40%, enquanto com o ibuprofeno, não havia alteração. O ibuprofeno é um inibidor eficaz da ciclogenase e tem uma atividade antiinflamatória importante, sendo usado em analgesia e como antitérmico. Os RN não podem metabolizar esta droga ou eliminá-la rapidamente (a meia vida plasmática quando usada endovenosa na dose de 10mg/Kg é por volta de 1 dia). Assim, a dose 1vez ao dia é suficiente. O estudo de Carolis e cl (2000) avaliou a eficácia do ibuprofeno na profilaxia do ductus arteriosus patente (DAP) nos RN pré-termos, assim como seus efeitos colaterais. Um total de 46 RN pré-termos com idade gestacional abaixo de 31 semanas foram randomizados com 2 horas de vida: 23 no grupo da profilaxia e 23 no grupo controle. O grupo da profilaxia recebeu ibuprofeno endovenoso (10mg/Kg) seguido de 5mg/Kg após 24 horas e 48 horas. O grupo controle não recebeu placebo. Não foi detectado DAP com 72 horas de vida em 20 de 23 RN no grupo do ibuprofeno (87%) e nem em 7 de 23 RN controles (30,4%). Todos os RN com DAP receberam tratamento com indometacina. Um RN do grupo da profilaxia recebeu tratamento cirúrgico versus 3 do grupo controle. Não foram relatados efeitos colaterais nos RN do grupo ibuprofeno. Os autores assim concluem que o uso profilático do ibuprofeno parece ser eficiente no fechamento do DAP e na redução do tratamento com indometacina, além de seguro (não foram relatados efeitos colaterais). O estudo de Van Overmeire e cl (2000) comparou o ibuprofeno e indometacina quanto a eficácia e segurança no fechamento do DAP em RN pré-termos. Foram estudados 148 RN de idade gestacional entre 24 e 32 semanas que tiveram doença da membrana hialina e DAP hemodinamicamente importante confirmado pela ecocardiografia. Os RN foram randomizados em 5 Unidades Neonatais de Terapia Intensiva para receber 3 doses de indometacina (0,2 mg/Kg com 12 horas de intervalo) ou ibuprofeno (primeira dose de 10mg/Kg, seguido de duas doses de 5mg/Kg com intervalo de 24 horas entre as doses), começando no terceiro dia de vida. A taxa de fechamento do DAP foi semelhante em ambos os grupos (66% versus 70%), assim como o número de RN que necessitaram um segundo ciclo de tratamento e o número de RN que necessitaram de ligação cirúrgica. A oligúria ocorreu em 5 RN tratados com ibuprofeno versus 14 RN tratados com indometacina (p=0,03). Não houve diferenças significativas em relação a outros efeitos colaterais ou complicações entre os dois grupos. Assim, os autores concluem que o uso do ibuprofeno no terceiro dia de vida é tão eficaz quanto a indometacina para o tratamento do DAP nos RN pré-termo com doença da membrana hialina e a oligúria ocorre significativamente com menor frequência com o uso do ibuprofeno. O estudo de Lago e cl (2002) compararam indometacina e ibuprofeno com respeito à eficácia e segurança para o tratamento do DAP hemodinamicamente significante. Foram estudados 232 pré-termos, de idade gestacional entre 23-34 semanas. Os RN foram randomizados para indometacina e ibuprofeno. As doses utilizadas foram as mesmas do estudo de Van Overmeire. A eficácia do tratamento farmacológico foi semelhante entre os dois grupos (69% versus 73%). No entanto, no grupo da indometacina houve significante aumento da creatinina e uma quase tendência para menor excreção de sódio fracional, além de diferença significativa entre os grupos quanto a oligúria: 15% dos RN com indometacina tornaram-se oligúricos (<1ml/Kg/hora) versus 1% dos RN no grupo do ibuprofeno (p= 0,0017). Os autores concluem que em comparação com a indometacina, o ibuprofeno tem menores efeitos na função renal em termos de débito urinário e retenção de flúido e com a mesma eficácia e segurança em relação a indometacina no fechamento do DAP. Os autores não relataram aumento de incidência de hemorragia intracraniana após o tratamento com ibuprofeno. Não vou falar muito sobre o ibuprofeno oral comparado com placebo. Há pequenos estudos do sudeste da Ásia, mas há ainda muitas preocupações quanto à toxicidade, principalmente gastrintestinais. Estes RN têm uma função gastrintestinal imatura e podem sangrar com o uso do ibuprofeno oral, além do risco de desenvolver enterocolite necrosante. O estudo de Mosca e cl (1997) comparou os efeitos na perfusão cerebral e oxigenação com o uso endovenoso de ibuprofeno e indometacina no tratamento do DAP em RN pré-termos; 16 RN que estavam em ventilação mecânica (<31 semanas de gestação) com DAP receberam tanto indometacina na dose de 0,2mg/Kg (8 RN) e os outros 8 RN receberam ibuprofeno na dose de 10mg/Kg. Os autores relataram que a indometacina causou significante redução do fluxo sanguíneo cerebral, assim como a velocidade do fluxo sanguíneo cerebral. O ibuprofeno não causou significante redução do volume sanguíneo cerebral e nem na velocidade do fluxo sanguíneo cerebral. Um aumento significante do volume do fluxo sanguíneo cerebral ocorreu com o ibuprofeno, 60 minutos após. A eficácia do fechamento do DAP foi semelhante entre os dois grupos. Assim, o uso do ibuprofeno no tratamento do DAP não reduz significativamente a perfusão cerebral e nem a disponibilidade de oxigênio. Pezzati e cl (199) avaliaram o efeito do ibuprofeno endovenoso e indometacina no tratamento do DAP na velocidade do fluxo sanguíneo mesentérico e renal em RN pré-termos; 17 RN ventilados com idade gestacional menor que 33 semanas com DAP receberam tanto indometacina na dose de 0,2mg/Kg (8 RN) ou 10 mg/Kg de ibuprofeno (9 RN), infundidos por 15minutos. A indometacina causou significante redução na velocidade do fluxo sanguíneo mesentérico e renal e não retornou aos valores prétratamento por 120 minutos. O ibuprofeno não alterou a velocidade do fluxo sanguíneo 30 minutos após o tratamento e o fluxo sanguíneo aumentou 120 minutos após o tratamento. Assim, o ibuprofeno, em comparação com a indometacina mão reduz significativamente a velocidade do fluxo sanguíneo renal e mesentérico Outro estudo grande foi publicado por Pezzati (1999), evidenciou que ( 81 RN tratados com indometacina e 94 foram tratado, mostrando eficácia semelhante. A eficácia foi semelhante entre os dois grupos. A creatinina sérica mais elevada no grupo da indometacina. Onde estamos agora em relação ao ibuprofeno. Uma metanálise esta sendo impressa no Pediatrics em que tentamos comparar a eficácia do ibuprofeno e da indometacina no tratamento do DAP. Revemos todas as publicações; num total de 503 bebes. O efeito foi semelhante entre as drogas no fechamento do DAP, no entanto, devido às alterações no FSC e fluxo sanguíneo renal, o ibuprofeno parece ser a droga. De escolha. Nos EUA, o ibuprofeno não foi aprovado. O FDA exige um estudo do ibuprofeno com placebo. É um estudo confirmatório (faze 3). Significa que devemos ter um alfa de 0,01- potencia de 90 e beta 0,10. Os RN devem ser tratados do nascimento até 72 horas de vida, todos < 1000g. (3 doses: 10 mg/Kg – 5 mg/Kg/5mg/Kg). O FDA exigiu um resultado significativo. Não é necessário demonstrar se o ductus está ou não aberto pela ecocardiografia; querem ter certeza da necessidade de intervenção. É um estudo muito difícil de realizar, pois os nossos neonatologistas resolveram ser rigorosos. 15 centros estão envolvidos e está sendo concluído. Não tenho dados para lhes mostrar no momento. Van Overmeire e cl (2004) avaliaram o papel do ibuprofeno profilático na redução da hemorragia intraventricular e do DAP. O estudo foi multicêntrico, randomizado e duplo cego com grupo placebo. Dentro de 6 horas de nascimento, 415 RN de muito baixo peso, com idade gestacional menor que 31 semanas foram randomizados para receber ibuprofeno (dose inicial de 10mg/Kg, seguido de duas doses de 5mg/Kg com intervalo de 24 horas) ou placebo. A avaliação primária foi a ocorrência de severa hemorragia intraventricular e a secundária, foi a ocorrência do ductus arteriosus patente, bem como possíveis efeitos adversos. Não houve diferença significativa quanto a ocorrência de severa hemorragia intraventricular entre os dois grupos (RR de 0,97; IC a 95%: 0,51-1,82). Houve diferença significativa quanto ao fechamento do DAP entre os dois grupos (RR= 1,4; IC a 95%: 1,23-1,59). Não foram observadas diferenças significativas em outros achados clínicos e efeitos colaterais, exceto uma significante, porém transitória, diminuição na produção de urina no primeiro dia de vida. Não houve diferenças significativas quanto ao número de RN que necessitaram de tratamento cirúrgico. Assim, o ibuprofeno profilático não diminuiu a severa hemorragia intraventricular, porém diminuiu a incidência de ductus arteriosus patente e subseqüente necessidade de terapia de resgate e foi uma droga segura. Quanto à hipertensão pulmonar persistente do RN e o uso do ibuprofeno: a ocorrência de hipertensão pulmonar persistente HPP do RN foi relatado após a administração de ibuprofeno tamponado com THAM (trishydroxy aminomethane), levando ao término precoce do ensaio. Tal fato não foi observado com o ibuprofeno lysine. Parece haver uma diferença entre estas duas drogas. Estamos estudando para tentarmos entender. Gournay e cl (2002; 2004) coordenaram estudo randomizado, duplo cego com grupo placebo para a avaliação do uso profilático do ibuprofeno em RN pré-termos (abaixo de 28 semanas de idade gestacional); os RN foram randomizados para receber 3 doses de ibuprofeno ou placebo dentro de 6 horas de vida; após o dia 3, o DAP sintomático foi tratado com ibuprofeno curativo, indometacina ou cirurgia. O objetivo final do estudo foi a avaliação da necessidade cirurgia para o fechamento do DAP. Os achados deste estudo pararam prematuramente após o envolvimento de 135 RN devido a 3 casos de severa hipertensão pulmonar no grupo profilático. A hipoxemia resolveu rapidamente com o uso do óxido nítrico inalado. O grupo que recebeu o ibuprofeno profilático teve redução da necessidade de ligação cirúrgica do DAP (reduziu de 9% para 0%-p=0,03) e houve diminuição da taxa de severa hemorragia intraventricular de 23% para 11% (p=0,10-não significativo). No entanto, a sobrevivência não melhorou, devido à alta frequência de eventos adversos respiratórios, renais e digestivos. Assim os autores concluíram que o ibuprofeno profilático reduz a necessidade de ligação cirúrgica do DAP, mas não reduz a morbimortalidade. O segundo problema é a ligação do ibuprofeno com a proteína. A droga é extensivamente ligada à proteína, mas ocupa apenas 1 fração do local de ligação e parece que o ibuprofeno não desloca a bilirrubina da albumina, mas é uma preocupação. Nenhum estudo tem relatado encefalopatia hiperbilirrubínica. Resumindo, o que sabemos do ibuprofeno em 2004: Sabidamente o ibuprofeno aumenta o fechamento do canal arterial, tem eficácia semelhante a indometacina, sem efeitos adversos renais, sugerindo assim, uma superioridade do ibuprofeno em relação a indometacina. Nota: Dr. Paulo R. Margotto. 1- EFEITO DA INDOMETACINA E IBUPROFENO NO FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL Paulo R. Margotto (do capítulo de Ultra-sonografia cerebral no recémnascido do livro editado por Margotto PR. Assistência ao Recém-Nascido de Risco, 2ª Edição, 2005, no prelo). Persistência do Canal Arterial (PCA) O PCA e o seu tratamento têm profundo efeito na VFSC. O PCA aumenta o índice de resistência –IR-(o fluxo diastólico praticamente cessa). A diminuição do fluxo diastólico é devido aos efeitos hemodinâmicos sistêmicos do PCA. Na presença do PCA, shunt de sangue da aorta para a circulação pulmonar através do ductus, resulta na queda da pressão sangüínea diastólica; devido à circulação cerebral ser um sistema de baixa resistência (tem um importante componente diastólico do fluxo sangüíneo), ocorre a diminuição da velocidade do fluxo sangüíneo diastólico na artéria cerebral anterior na presença do PCA, e esta diminuição, decorre da falha dos mecanismos compensatórios da circulação cerebral para diminuir a resistência nos vasos cerebrais distais e assim manter a velocidade do fluxo sangüíneo. Esta falha reflete a deficiente auto-regulação do FSC no RN pré-termo, predispondo-o a injúria cerebral tanto hemorrágica (devido a flutuação da VFSC, acompanhando a abertura e o fechamento do PCA; aumento da amplitude de cada pulso ou seja, diferença entre velocidades do fluxo sistólico e diastólico) como isquêmica (devido ao “steal phenomena”: escape diastólico). Os RN com leucomalácia periventricular tem significantemente maior incidência de fluxo retrógrado na artéria cerebral anterior .Com o fechamento do PCA, houve rápido aumento da VFSC, retornando a valores normais. Outros autores, utilizando a ultra-sonografia Doppler, descreveram fluxo diastólico retrógrado, inclusive em RN a termo normal, enfatizando a vulnerabilidade da perfusão cerebral em todos os RN face aos eventos hemodinâmicos. Juntamente com a ultra-sonografia Doppler cerebral, observar nestes RN a relação átrio esquerdo/aorta (relação AE/AO): o shunt E –D aumenta o volume de sangue no lado esquerdo do coração e assim, o átrio esquerdo (AE) dilata em relação ao arco aórtico que não seria afetado pela carga de volume (tamanho do AE = 5,6,7 e 8mm para o RN com os respectivos pesos de nascimento: 500g, 1000g,1500g e 2000g) . Uma relação > 1,5mm é anormal (sensibilidade de 29% e especificidade de 91% no diagnóstico do canal arterial pérvio). Observam a ultra-sonografia Doppler cerebral no caso a seguir que realizamos no Hospital Port-Royal de Paris com Dra. Michell Mouset - Couchard. Vejam a diástole reversa detectada na artéria pericalosa e o retorno ductal positivo (Doppler na artéria pulmonar) No exemplo a seguir (fig. A) RN de LCS –registro: 02/09/1977-2 (1º gem) idade gestacional de 29 semanas com 975g, apresentou fluxo diastólico reverso na ultrasonografia Doppler na artéria pericalosa e o ecocardiograma confirmou a presença de canal arterial pérvio. O RN foi tratado com ibuprofeno na dose de 10mg/kg e 5mg/kg com 24h e 48h via oral (não dispomos de ibuprofeno endovenoso) e observem o retorno da velocidade do fluxo diastólico final 72h após o uso do ibuprofeno (fig.B); contrário ao que ocorre com a indometacina (veja a seguir) o ibuprofeno não tem efeito adverso na hemodinâmica cerebral, assim como na renal. Fig. A Uso de indometacina Fig. B A indometacina tem um profundo efeito na VFSC. Evans e cl, utilizando a ultrasonografia Doppler, detectaram redução significativa na velocidade média do fluxo sangüíneo (área sob a curva) de 40% 2 minutos após a administração da indometacina endovenosa e permaneceu 35% abaixo dos níveis pré-dose por 1 hora. No estudo de Colditz e cl, a infusão lenta (20 minutos) versus a rápida (5 minutos) não ocasiona redução do FSC com a infusão lenta; a mesma conclusão foi obtida no estudo de Hammerman e cl com a infusão lenta (36h) Van Bel e cl insonaram a artéria cerebral anterior antes , 2 e 10 minutos e 2 e 12h após a administração da indometacina (0,1mg/kg/EV por 10 a 20 segundos) para o fechamento do PCA. No 10º minuto após a indometacina, os autores observaram dramática queda na velocidade máxima sistólica e o desaparecimento da velocidade final da diástole; com 12 h após a indometacina, não havia diferença na VFSC em relação ao registrado na pré-infusão da droga (neste momento, não havia sinais clínicos de PCA) A indometacina reduz o fluxo sangüíneo cerebral possivelmente através da inibição da produção prostaglandina. Este tem sido o mecanismo pelo qual a indometacina tem diminuído a incidência de hemorragia peri/intraventricular nos RN pré-termos, embora sejam incertas as repercussões a longo prazo desta sua ação (os estudos sugerem que a administração precoce de baixas doses de indometacina não está associado com déficit neurocomportamental na idade corrigida de 54 meses) Observem a seqüência em (A): antes da indometacina (B) com 10 minutos © com 2 horas e (D) com 12 horas, e vejam a diminuição da velocidade do fluxo sistólico final com um mínimo de fluxo reverso em (C ) e o retorno ao normal com 12 horas em (D). A ultra-sonografia Doppler foi realizada na artéria pericalosa. Efeito da Indometacina no Fluxo Sanguíneo Cerebral. Van Bel e cl60. J Ultrasound 1990; 9: 107-109 É importante assinalar que estas mudanças no FSC com a injeção rápida da indometacina pode aumentar a probabilidade de infarto isquêmico no RN pré-termo com a já prejudicada perfusão cerebral. Bibliografia: 1. 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Margotto Professor do Curso de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF: [email protected] O ibuprofeno, na dose endovenosa entre 5-10mg/Kg, é usado como alternativo a indometacina para o fechamento do canal arterial nos recém-nascidos (RN) prematuros. A variação individual na farmacocinética do ibuprofeno nestes RN varia consideravelmente. Dentro de 1 hora após dose endovenosa de 10mg/kg , os níveis plasmáticos variam de 181mcg/mL (aproximadamente 879micromol/L) no dia 1 de vida a 33 mcg/mL (aproximadamente 160micromol/L) no dia 3. Desde que a droga é dada nos primeiros dias de vida e compete com a bilirrubina pelos sítios de ligação com a albumina, os RN recebendo o ibuprofeno poderiam estar em maior risco para a encefalopatia bilirubínica (kernicterus). Os efeitos poderiam ser semelhantes ao uso de sulfisoxazole nos prematuros ictéricos, que também compete com a bilirrubina para os sítios de ligação da albumina. O risco do kernicterus induzido pela droga depende das concentrações plasmáticas da droga e da albumina, da habilidade intrínseca da albumina se ligar à droga e a bilirrubina, assim como o nível de bilirrubina do RN quando a droga é administrada. A indometacina é também usada para o fechamento do canal arterial e interfere também com os sítios de ligação da bilirrubina-albumina, mas somente quando os níveis de indometacina excedem os níveis plasmáticos que ocorrem clinicamente (em baixos níveis séricos, a indometacina tem sido demonstrada ser um fraco competidor com a bilirrubina pela albumina). Ahlfors determinou o efeito dos níveis plasmáticos relatados do ibuprofeno na concentração de bilirrubina livre, uma medida da ligação da bilirrubina-albumina nos RN ictéricos. O ibuprofeno na dose usual corrente pode ter um maior impacto na ligação da bilirrubina com a albumina do que o sulfisoxazole, particularmente nos níveis de ibuprofeno relatados por Aranda e cl (Acta Pediatr 1997;86:289-9). Embora o pool acumulativo de bilirrubina seria baixo se o ibuprofeno fosse usado no primeiro dia de vida, a longa vida média da droga pode causar uma maior quantidade de acúmulo de bilirrubina nos primeiros dias de vida para distribuir nos espaços extravasculares, levando um aumento de kernicterus com baixo nível de bilirrubina. Estes achados no corrente estudo são preocupantes com o uso de altas doses de ibuprofeno. Embora a medida de rotina da bibirrubina livre não está geralmente disponível, evidência indireta da interferência do ibuprofeno com a ligação da bilirrubina com a albumina pode ser inferida pela diminuição transitória da concentração total de bilirrubina após a administração da droga. Se a medida da bilirrubina livre estiver disponível, uma simples medida da bilirrubina livre após a administração da droga pode não prover uma indicação acurada do máximo efeito da droga no deslocamento da bilirrubina da albumina devido à rápida mudança nas concentrações de bilirrubina livre e bilirrubina total. A albumina pode ligar até 8 moléculas de ibuprofeno e a ligação parece ser bastante variável entre os bebês. Se o ibuprofeno for é usado em RN, seria prudente estar seguro do nível de bilirrubina (este nível deveria ser o mais baixo possível durante o uso do ibuprofeno) O impacto pré-natal, intraparto e pós-natal das drogas na ligação da bilirrubinaalbumina nos RN doentes permanece como significante questão no cuidado do RN. Obs: Dr. Paulo R. Margotto Na Unidade de Neonatologia do HRAS, usamos o ibuprofeno via oral na dose proposta pelo grupo de Aranda (dose endovenosa de 10mg/Kg e duas doses de 5mg/Kg de 24/24 hs). A concentração plasmática média do ibuprofeno oral seguindo ao uso de 3 doses por via oral de 10mg/Kg de ibuprofeno foi de 28,05mcg/mL 1 hora após a terceira dose, no estudo tailandês recente de Supapannachart e cl. Já o estudo de Sharma e cl, realizado na Índia evidenciou uma grande variabilidade na farmacocinética nos RN que receberam ibuprofeno oral. Segundo o estudo israelense de 2003 de Heyman e cl evidenciou que o ibuprofeno oral pode constitui uma terapia segura e eficaz para o fechamento do canal arterial, embora estejam justificados estudos comparativos grandes. Com a utilização de baixas doses endovenosas de indometacina (0,1mg/Kg) em 21 RN com peso entre 775-1245g e idade gestacional entre 24-31 semanas com canal arterial patente, Yanowitz e cl evidenciaram diminuição do fluxo sanguíneo cerebral entre 14-27% mesentérico, 15%; a resistência vascular cerebral aumentou em 38% e a mesentérica, 18%. Não houve alteração no débito cardíaco, no volume de ejeção e na pressão arterial. Este aumento da resistência vascular cerebral, via inibição da prostaglandina, confere proteção contra a hemorragia peri/intraventricular nos RN pré-termos, uma das grandes linhas de pesquisa de Laura Ment. O estudo europeu de Lago e cl, comparando o grupo da indometacina com o grupo do ibuprofeno no fechamento do canal arterial, evidenciou significativamente maior nível sérico de creatinina (p=0,03) no grupo da indometacina, assim como maior ocorrência de oligúria naquele grupo 9p=0,017), além de uma tendência quase significativa (p=0,08) para uma menor excreção fracional de sódio no grupo da indometacina. Assim, o ibuprofeno mostrou-se seguro e eficaz no fechamento do canal arterial (a eficácia do fechamento do canal arterial foi semelhante entre os dois grupos, sem os inconvenientes da indometacina). Interessante assinalar que não houve aumento da incidência de hemorragia intracraniana no grupo que recebeu ibuprofeno.