TRABALHO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA

Propaganda
TRABALHO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA RESIDÊNCIA
MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA UFTM: análise do perfil dos usuários
atendidos nas clínicas de oncologia e endocrinologia
Regina Maura Rezende
Universidade Federal do Triângulo Mineiro- UFTM- Curso de Serviço Social- [email protected]
Verena ContiUniversidade Federal do Triângulo Mineiro- UFTM- Residência Integrada Multiprofissional
em Saúde- [email protected]
Zilda Cristina dos SantosUniversidade Federal do Triângulo Mineiro- UFTM- Residência Integrada Multiprofissional
em Saúde- [email protected]
Resumo
O presente artigo é derivado da pesquisa realizada do Trabalho de Conclusão de Curso
do Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro – UFTM, área de concentração Saúde do Adulto. A pesquisa
foi desenvolvida com usuários com doenças crônicas não-transmissiveis, sendo o foco
pessoas com diabetes mellitus e doenças oncológicas atendidos pelo Serviço Social.
Palavras- Chaves: Serviço Social - Saúde do Adulto – Residência Multiprofissional em
Saúde
Abstract
This article is derived from the survey of labour’s end of course Multiprofessional
Integrated Residency Program in Health of the Federal University of Triangulo MineiroUFTM, concentration area Adult Health. The research was developed with users with
chronic non-transmissible, the focus being people with diabetes mellitus and malignancies
served by Social Services.
Key words: Social Services- Adult Health- Residential Multi
Introdução
[...] saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e
de outros agravos e ao acesso universal e igualitário aos serviços para sua
promoção, prevenção e recuperação (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 2006,
p. 124).
A Constituição Federativa do Brasil, em seu artigo 196, estabelece novos rumos
para a Saúde no país, configurando novo cenário de medidas e programas que venham a
garantir sua execução a partir da configuração do Sistema Único de Saúde.
Isto porque a saúde foi incluída no tripé da seguridade social, formado pela Política
de Saúde, Previdência Social e Assistência Social, conforme artigo 194 da Constituição
Federal de 1988. Já o artigo 195 estabelece a forma de financiamento da seguridade
social para toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios e das seguintes contribuições sociais: do empregador e da entidade a ela
equiparada, na forma, da lei por meio da folha e salários, o lucro, a receita e faturamento;
do trabalhador, por meio da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social; sobre a
receita de concursos de prognósticos; do importador de bens ou serviços do exterior.
Neste sentido, visando o atendimento da saúde integral e humanizada e sua
acessibilidade, o governo federal instituiu, como uma de suas estratégias, as residências
em saúde para efetivar os princípios do SUS. O Programa de Residência Integrada
Multiprofissional em Saúde- RIMS é realizado por meio de parceria entre os Ministérios da
Saúde e Educação para que se concretizem ações integrais e humanizadas em saúde,
buscando assim, a articulação entre os âmbitos da atenção primária, secundária e
terciária em saúde. Assim, busca-se que o usuário tenha acesso à saúde pública e de
qualidade e que os profissionais tenham formação continuada, o que, nesta medida,
representa a condição de o usuário ter acesso a informações acerca das políticas que
permeiam a área de atenção específica de sua necessidade e demandas que se
constituem necessidades da população.
A residência também tem como objetivo trabalhar a integralidade e visão de
totalidade na atenção à saúde partindo da relevância dos determinantes e condicionantes
sociais como moradia, trabalho, educação, acesso à informação, transporte, dentre outros
no processo saúde-doença-cuidado.
O Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde da UFTM,
recentemente instituído (2010), pode ser considerado um programa ainda em
implantação. Desde a primeira turma, é dividido em três áreas de concentração: saúde da
criança e adolescente, saúde do adulto e saúde do idoso. Por se constituir em objeto de
intervenção cotidiana bem como de pesquisa, o presente estudo se restringiu à área de
concentração do adulto. Essa área tem, como foco central de atendimento, pessoas de 18
a 59 anos, com doenças crônicas não transmissíveis. Porém, devido à grande demanda
de atendimento neste segmento, foi feito o recorte no enfoque ao trabalho com as clínicas
de endocrinologia e oncologia, sendo que, no primeiro ano de atuação da RIMS, os
atendimentos são realizados no Hospital de Clínicas e Ambulatórios da UFTM e, no
segundo ano, se estende à atenção primária em saúde, em parceria com a Prefeitura
Municipal de Uberaba.
As intervenções que envolvem essas clínicas acontecem na Clínica Médica do
Hospital de Clínicas - UFTM, Ambulatório Central de Quimioterapia, Associação dos
Diabéticos -Casa do Diabético, Ambulatório NUTFEM (Saúde Mulher) e Ambulatório da
Residência Multiprofissional. Neste espaço, há participação nas “corridas de leito” da
Clínica Onco-hemato e discussão de casos com a Clínica de Endocrinologia. Conta-se
com a presença do profissional de serviço social e sua atuação se destaca como de
referência, uma vez que oportuniza a ampliação da visão da equipe no tocante à real
situação vivida pelo usuário, para além dos muros do HC- UFTM.
Assim, o trabalho profissional do Serviço Social na RIMS oportuniza grande
visibilidade da profissão, tanto na área da saúde, quanto para a universidade. O Serviço
Social contribui para uma visão ampliada do sujeito, não sendo potencializada a atenção
apenas para a doença, mas para seus aspectos sociais como moradia, trabalho,
educação e outros, conforme, destacam os determinantes e condicionantes do processo
de saúde-doença do artigo 196 da Constituição Federal de 1988. Neste sentido, a
atuação do assistente social corrobora para a edificação e materialidade do SUS,
sobretudo no que se refere, conforme destacado, à atenção aos determinantes e
condicionantes do processo saúde-doença, e, na mesma medida, garante o olhar ao
sujeito em sua totalidade e integralidade o que, invariavelmente, conduz à prática e
intervenção, à luz do processo de humanização.
Dessa forma, o trabalho do assistente social na saúde tem como relevância e
finalidade aspectos que se relacionam à ampliação e usufruto dos direitos por parte do
cidadão, conforme Mota (2006, p.266)
O trabalho dos assistentes sociais tem por horizonte a promoção de uma
organização social sobre outras bases que não sejam a dominação e
exploração de classe. Na luta pela universalização e ampliação dos
direitos, enquanto caminho para outra ordenação social, busca-se
assegurar processos públicos de tomadas de decisão e exercício de poder
coletivo que tomem lugar da liderança pessoal, da competição, da
concorrência, do anonimato.
É a partir da visão de totalidade do sujeito na saúde que o modelo biomédico, cuja
visão se direciona apenas à doença, perde foco, e inicia a referência do modelo de
assistência integral e humanizada. Apesar de o SUS ter mais de 20 anos, os princípios
de integralidade e humanização ainda são trabalhados de forma fragmentada e lenta;
essa dificuldade,muitas vezes, pode estar relacionada à visão mercadológica da saúde, o
que se constitui em um dos objetos de enfrentamento da
Política Nacional de
Humanização. Assim, criam-se estratégias por meio dos programas de residências
multiprofissionais instituídas nas Universidades Federais como novos parâmetros e
referenciais para atendimento em saúde.
A Política de Humanização estabelecida pelo Ministério da Saúde prevê a
qualidade do atendimento articulado com os avanços tecnológicos, acolhimento, linhas de
cuidados e capacitação dos profissionais de saúde. Por não ser entendida como
programa, a humanização não deve ser apenas de responsabilidade das Residências
Multiprofissionais, mas de toda a rede que compõe o atendimento do SUS. Colocando
desta forma, para a co-responsabilidade dos atores (profissionais de saúde e usuários
dos serviços de saúde) envolvidos no processo saúde/doença, espera-se, também, que
esses profissionais não concebam a saúde com o foco apenas na doença, mas sim de
forma diferenciada na sua totalidade – essa categoria deve ser retomada por se constituir
num diferencial do serviço social.
Além disso, vale ressaltar que apesar dos avanços alcançados pelo SUS e com a
tecnologia em saúde, ainda existem alguns desafios a serem superados, como a demora
do atendimento, fila de espera para o acesso a serviços de saúde, número reduzido de
profissionais, uma vez que as contratações ainda estão voltadas, a áreas definidas
historicamente, como da saúde, quer seja, medicina, enfermagem, e complementação
dos serviços de saúde com o setor privado.
Conforme afirma Simões (2008, p. 137):
O SUS não é acessível a muitas pessoas. Muitos municípios não
assumiram os serviços médicos com afinco, deixando de investir recursos
próprios, o que contraria a Constituição e incentiva população a
congestionar os municípios mais próximos, que ofereçam melhores
serviços.
Percebe-se que as dificuldades encontradas no SUS estão interligadas à
estruturação dos municípios, pois o município que não presta atendimento delega a outro,
sobrecarregando a prestação de serviços.
Justificativa
As Competências e Atribuições do Serviço Social previstas na Lei 8662, Lei de
Regulamentação da Profissão do Assistente Social, de junho de 1993, em seus vários
direcionamentos, fazem com que o profissional faça uma leitura crítica da realidade social
do usuário e possibilitam a articulação com a rede de serviços. Deste modo, o
atendimento não tem como foco apenas a atenção terciária de forma exclusiva mas a
articulação com a rede primária e secundária, recursos da comunidade, recursos
institucionais e não institucionais, como os filantrópicos. Estas perspectivas estão
fundamentadas nas legislações sociais, Código de Ética Profissional e Projeto Ético
Político com vistas à emancipação humana, logo, social.
O trabalho multiprofissional proposto pela Residência Integrada Multiprofissional
em Saúde tem como perspectiva ações interdisciplinares integrais e humanizadas. Este
trabalho se coloca de forma relevante para a saúde pois propõe a visão coletiva e plural
acerca do sujeito atendido no âmbito do SUS, que traz consigo não somente problemas
relacionados ao físico e/ou biológico mas, também, as expressões da questão social,
econômicos, determinações culturais e psíquicas. Além disso, faz com que haja demanda
para outras profissões, justificando, a inserção dos demais profissionais da saúde nas
três redes de atenção à saúde ( primária, secundária e terciária), para que o trabalho
inter- multidisciplinar possa
atender o sujeito em sua
totalidade. Assim, há uma
redefinição da saúde a partir da qualidade de vida, emancipação humana, construindo um
sujeito capaz de fazer o real usufruto do seu direito.
É por meio das diversas profissões (Enfermagem, Nutrição, Serviço Social,
Psicologia, Terapia Ocupacional e Fisioterapia, dentre outras) e pelo do atendimento
integrado que ocorre a descaracterização do modelo biomédico como referência prioritária
do processo de saúde/doença e, proporcionando o fortalecimento e o reconhecimento da
relação entre determinantes e condicionantes sociais neste processo, e na necessidade
de outras profissões atuarem diretamente na saúde, edificando, novos referenciais para o
atendimento na área, humanizando-a.
A escolha do tema “ Trabalho profissional do Serviço Social na Residência
Multiprofissional em Saúde da UFTM: análise do perfil dos usuários
das clínicas de
oncologia e endocrinologia” se justifica tendo em vista o contato com usuários das duas
clínicas vinculadas para se, reconhecer as diferenças que envolvem o estilo de vida,
acesso à informação, serviços das redes sociais, tanto no perfil que engloba as condições
socioeconômica, familiar, trabalho, moradia, como no que diz respeito ao acesso a
direitos sociais como prática de cidadania.
Conforme já destacado, o Programa de Residência Multiprofissional vem atender
ao princípio de integralidade do Sistema Único de Saúde- SUS, pois o conceito de saúde
abrange o bem-estar físico, psicológico, social e emocional. Desta forma, dá-se ênfase as
demais profissões da área da saúde uma vez que o foco não ser apenas o tratamento da
doença, e mas o suporte biopsicossocial para fortalecer o paciente nos processos de
mudança do estilo de vida,sem perder a autonomia.
Enfim, este estudo se propõe a dar luz à atuação do Serviço Social nessas
clínicas, fortalecer o trabalho de referência e contra-referência à rede serviços de saúde,
ampliar informações no que diz respeito aos direitos, serviços de saúde. Vale ressaltar
que, para isso, é necessário dar atenção a questões como as relações de trabalho e
condições de vida dos usuários. Contribuirá, ainda, para a ampliação da produção de
conhecimento, pois estudos que abordam esta temática se fazem cada vez mais
pertinentes.
Metodologia
O estudo teve como cenário os espaços da Clínica de Endocrinologia, a qual
realiza atendimento ambulatorial três vezes por semana: terça-feira, quarta-feira e quintafeira, nos períodos de manhã e tarde. Nesse espaço, o atendimento ocorre de 0 a 60
anos ou mais. Os médicos, além do atendimento ambulatorial, realizam encaminhamento
do paciente para o Ambulatório da Residência Multiprofissional e Ambulatório NUTFEMSaúde da Mulher. Já a Clínica de Oncologia realiza atendimentos ambulatoriais na
Central de Quimioterapia, diariamente.
No que diz respeito aos usuários da Clínica da Endocrinologia, foram abordados
pessoas com diabetes mellitus devido a incidência ser maior; quanto à Clínica de
Oncologia, o presente estudo, não direcionou seu foco por doença, por esta ter uma
grande diversidade. Portanto, para relatar sobre os mesmos, faz-se necessário conhecer
a doença e suas consequências, conhecer os serviços da rede focados para essas áreas
para que,deste modo, se possam reconhecer os aspectos sociais que envolvem sujeitos
portadores destas doenças.
A pessoa com diabetes, após o diagnóstico, recebe um convite explícito à
mudança no estilo de vida, principalmente no que diz respeito à alimentação e atividade
física, em conjunto, muitas vezes, com o uso contínuo de medicação. A não adesão ao
tratamento pode acarretar consequências graves à saúde, podendo ocasionar doenças
renais crônicas, retinopatias, amputações,levando a pessoa à incapacidade para o
trabalho. Concomitante a este quadro descrito, a não adesão reflete na saúde pública,
pois o agravamento da doença leva à reinserção no atendimento terciário e,
consequentemente,ao aumento nos gastos com medicação de alto custo e mesmo na
necessidade de direcionamentos orçamentários para sanar a demanda, o que acarretará
mais gastos ao Estado e mais sofrimento à pessoa.
Neste sentido, os diabéticos são sujeitos que têm bom prognóstico, desde que
mantenham boa alimentação, prática de exercícios físicos.Por outro lado, o custo de vida
para pacientes diabéticos é maior, porque necessitam de alimentação adequada (6
refeições diárias compostas por considerável uso de frutas,verduras, alimentos isentos de
sacarose), fazem uso de medicação contínua, conforme destacado anteriormente, e
acompanhamento ambulatorial constante. Nessa medida, estes usuários, dada à situação
de precarização socioeconômica, estão sempre submetidos a processos de sofrimento e
angústia pois, para a saúde pública, a questão alimentar ainda não se constitui em politica
pública prioritária e, não raro, há um prejuízo que se evidencia pela piora do quadro
clínico.
Já os pacientes com doenças oncológicas, apesar da medicação ser de alto custo,
são assistidos por uma legislação específica. No entanto, também têm de mudar o estilo
de vida, além de se adaptarem à rotina de quimioterapia que muda a rotina diária em seu
lar. Os pacientes com doenças oncológicas têm assegurados direitos face as diversas
leis, como aposentadoria, Benefício de Prestação Continuada e outros.
O presente estudo teve como escolha metodológica a abordagem qualitativa. De
acordo com Martinelli (1999, p. 35):
Os pressupostos da pesquisa qualitativa são contrários ao modelo
experimental e adotam métodos e técnicas de pesquisa próprios. Estão em
evidência nessa perspectivas o método clínico, o método históricoantropológico, que captam os aspectos específicos dos dados e
acontecimentos no contexto que acontecem. Deixam a verificação das
regularidades para se dedicarem a analise dos significados que indivíduos
dão às suas ações,no espaço que constroem as suas vidas e suas
relações, ou seja, à compreensão do sentido dos atos e das decisões dos
atores sociais, assim como o vínculos das ações particulares com o
contexto social mais amplo em que estas se dão. Há uma relação dinâmica
entre o mundo real e o sujeito, entre o sujeito e o objeto, entre o mundo
objetivo e a subjetividade do sujeito.
Assim, espera-se que com a abordagem da pesquisa qualitativa os sujeitos
participantes possam trazer à tona o que pensam sobre os problemas a serem
pesquisados a partir de sua realidade social, envolvendo dessa forma os seus
sentimentos, valores, crenças, costumes e práticas sociais cotidianas.
Com intuito de dar ênfase ao número de usuários atendidos pelo Serviço Social, na
Residência Multiprofissional, foi escolhida a pesquisa quantitativa conforme afirma
Chizzotti (1998, p 52):
A pesquisa quantitativa prevê a mensuração de variáveis preestabelecidas,
procurando verificar e explicar sua influência sobre outras variáveis,
mediante a análise da freqüência de incidências e de correlações
estatísticas. O pesquisador descreve, explica e prediz.
Desta forma, a análise quantitativa,nesse estudo, complementa a análise
qualitativa pois dimensiona, com objetividade, as variáveis como renda, situação
produtiva, moradia, acesso aos serviços públicos, conhecimento dos direitos e dos
recursos comunitários e impressão acerca do Sistema Único de Saúde.
Assim, a
quantificação das variáveis citadas possibilita reafirmar os objetivos da pesquisa e
fundamentar os resultados ofertados pela análise qualitativa.
Para a coleta de dados quantitativos, foi elaborado um instrumento que contempla
aspectos sóciodemográficos, como: escolaridade, renda, profissão, situação produtiva,
religiosidade, moradia, acesso aos serviços de saúde, transporte, alimentação, lazer.
Abrange, também, conhecimento sobre recursos comunitários, direitos, cidadania e
Sistema Único de Saúde e sobre a profissão do Serviço Social.
Para os dados quantitativos, foram utilizados números absolutos e percentuais e foi
utilizada para sistematizar tal estudo, a análise de conteúdo que é:
[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter,
por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência
de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens (BARDIN, 1977, p. 42).
Para o presente estudo, foi realizada a pesquisa documental por meio de consulta
aos prontuários dos sujeitos de pesquisa, no instrumental histórico de saúde, que contém
questões relacionadas a dados sóciodemográficos e econômicos, acesso a recursos
comunitários e serviços públicos, diagnóstico, história clínica, hábitos de vida, questões
nutricionais e psicológicas, histórico de imunizações, impressões pessoais e observações
gerais e consultas em livros e artigos que discorram sobre o tema. Para tal, no que se
refere a este estudo, a pesquisa documental, sob a ótica de Laville e Dione (1999),
resume-se em reunir os documentos, em descrever ou transcrever eventualmente seu
conteúdo e em efetuar uma primeira ordenação das informações para selecionar aquelas
que parecem pertinentes. A sequência depende da análise de conteúdo.
Para coleta de dados qualitativos, foi realizada pesquisa de campo e de acordo
com Chizzotti (1998, p. 103):
O trabalho de campo visa reunir e organizar um conjunto comprobatório de
informações. A coleta de informações em campo pode exigir negociações
prévias para aceder a dados que dependem da anuência de hierarquias
rígidas ou da cooperação das pessoas informantes. As informações são
documentadas, abrangendo qualquer tipo de informação disponível escrito,
oral, gravada, filmada que se preste para fundamentar o relatório do caso
que será, por sua vez, objeto de análise crítica pelos informantes ou por
qualquer interessado.
Para a coleta de informações, foi utilizada a entrevista, como afirma Minayo (2008,
p. 64):
Entrevista, tomada no sentido amplo da comunicação verbal e no sentido
restrito da coleta de informações sobre determinado tema cientifico , é a
estratégia mais usada no processo de trabalho de campo. Entrevista é
acima de tudo uma conversa a dois, ou entre vários
interlocutores,realizada por iniciativa do entrevistador. Ela tem o objetivo
de construir informações pertinentes para um objeto de pesquisa, e
abordagem pelo entrevistador, de temas igualmente pertinentes com vistas
a estes objetivos.
A utilização da entrevista semi-estruturada foi a escolha do presente estudo.
Conforme Minayo (2008), esta entrevista combina perguntas fechadas e abertas, em que
o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender
à indagação formulada.
Os espaços pesquisados se apresentam: na atenção terciária os usuários
internados Hospital de Clínicas-UFTM pelas clínicas de endocrinologia e oncologia; na
atenção secundária acontecerá no Ambulatório NUTFEM, Ambulatório da RIMS, Central
de Quimioterapia ; já na atenção primária, a abordagem foi feita a partir dos relatos dos
sujeitos pesquisados nos espaços relatados. A entrevista foi realizada no momento em
que os usuários estavam em sala de espera (aguardando consulta) e também enquanto
estavam internados no Hospital de Clínicas-UFTM.
Os sujeitos da pesquisa se constituíram em 15 usuários de cada clínica vinculada,
ou seja, 15 usuários da clínica de endocrinologia e 15 da clínica de oncologia, sendo que,
para seleção desta amostra, foram escolhidos pacientes entre 18 e 59 anos, residentes
no Município de Uberaba, de ambos os sexos, sem discriminação de escolaridade e etnia.
No que diz respeito aos pacientes da clínica de endocrinologia, foram entrevistados
pacientes com diabetes mellitus; na clínica de oncologia não houve seleção por doença,
por variar a prevalência de tipos de enfermidades. A amostra é aleatória sendo composta
pelos 15 primeiros usuários de cada clínica que aceitaram participar da pesquisa,
compreendendo um total de 30 sujeitos de pesquisa.
Cabe destacar que a presente análise foi avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética
da Universidade da Federal do Triângulo Mineiro, com previsão de adesão dos pacientes
feita a partir da leitura do termo de consentimento, conforme prevê a Resolução 196/96
que estabelece os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência,
beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem
respeito à comunidade científica aos sujeitos da pesquisa e do Estado.
Sob esta ótica, esta pesquisa prima pelo respeito aos princípios elencados na
Resolução 196/96, resguardando a integridade do sujeito da pesquisa, desenvolvendose dentro dos padrões éticos. Nesse sentido, esse estudo trabalha para contribuir para o
fortalecimento do trabalho multiprofissional na saúde, ampliar o acesso a informações e
serviços, para a produção de conhecimento do tema abordado e para dar visibilidade ao
trabalho do assistente social em equipe multiprofissional.
Resultados e Discussões
Para subsidiar dados necessários à pesquisa, foram entrevistados 15 usuários com
Diabetes Mellitus entrevistados, 11 mulheres e 4 homens. No que diz respeito à
comparação de gênero, percebe-se que a escolaridade predominante é o ensino médio
completo. Considerando análise de escolaridade, foram selecionadas pessoas que
sabiam ler e escrever, ou que tenham cursado o ensino fundamental ao ensino superior,
26,67% dos homens, ou seja, todos os homens são alfabetizados e 73,33% das
mulheres, ou seja, todas elas também o são.Quanto à profissão,no que tange ao vínculo
empregatício, predomina o homem com 26,67%, ou seja, todos do gênero; no caso das
mulheres, 46,67% das entrevistadas são do lar, mostrando dependência econômica no
critério de renda, pois a contabilização da renda foi familiar, ou seja, de todos os membros
que moram na casa. A diferença entre os gêneros também aparece quando questionados
sobre a casa própria. Todos os homens, ou seja, 26,67% afirmam possuir, ao passo que,
das mulheres 53,33% afirmam residir em casa própria, e ainda, 20% vivem em casa
cedida e/ou alugada.
Até então, em comparação de gênero entre os entrevistados, verifica-se que a
variável transporte o estudo considerou o veículo próprio e, desta forma, percebe-se que
apenas 13,33% dos homens e 20% das mulheres possuem seu próprio veiculo,
predominando 66,67% entre ambos os sexos, a utilização do transporte coletivo. Esta
utilização do transporte coletivo pode ser um dificultador para o acesso à saúde, por
onerar financeiramente inclusive, ao paciente que tem consultas e exames frequentes.
Outra questão que deve ser abordada refere-se à dificuldade/precariedade dos
equipamentos coletivos de transporte coletivo, insuficiência de preparo por parte dos
condutores e colaboradores no que se refere ao acolhimento de usuários de serviços de
saúde, bem como a insuficiência de veículos específicos para a condução de pacientes
em situação de vulnerabilidade, e que faz parte do direito do cidadão. Quanto à utilização
de serviço de saúde como exames, consultas, procedimentos cirúrgicos, todos os
pacientes utilizam os serviços do SUS, no entanto, relataram algumas dificuldades como
demora no agendamento e nas filas de espera. Esse relato referenda um distanciamento
dos eixos da política de humanização reflete necessidade emergente na saúde pública,
que ainda requer investimentos e mudança de paradigmas vinculados aos períodos em
que se destinava a um público selecionado pelo vínculo ao mercado de trabalho, ou, a
períodos em que este direito do cidadão era colocado como caridade ou benesses.
Quando analisado o item alimentação, foi questionado se os pacientes conseguem
adquirir os alimentos. Todos os homens, ou seja 73,33% dos entrevistados afirmaram que
sim. No entanto do grupo de mulheres apenas, 13,33% afirmam conseguir comprar e
outros 13,33% das mulheres não conseguem adquirir devido a dificuldades financeiras.
Pode ser possível afirmar que, para o homem, afirmar dificuldade na aquisição de
alimentos pode configurar um fracasso na sua função de mantenedor do núcleo familiar, o
que, para o público feminino torna-se mais fácil relatar. No que diz respeito a lazer, foi
considerado o passeio como predominância de lazer. Porém, alguns pacientes relataram
como lazer assistir à televisão. Isto reflete que o lazer não é algo valorizado e/ou colocado
como essencial na questão saúde.
Quando questionados esses pacientes sobre o conhecimento a respeito de
recursos comunitários como locais que ofertam atividades físicas supervisionadas,
programas de geração de renda, programas sociais como Banco de Alimentos e o CRAS
Centro de Referencia de Assistência Social, todos os homens entrevistados, ou seja,
73,33% foram unânimes em afirmar que desconhecem, ao passo que apenas 13, 33%
das mulheres afirmaram conhecer e
os demais afirmam
desconhecer os serviços
oferecidos. Tal fato pode ser justificado por ainda não terem utilizado os serviços e por se
caracterizarem como trabalhadores não podendo ir devido ao horário e devido à falta de
informação sobre os serviços. Já sobre a impressão que tem do SUS, frente aos usuários,
60% das mulheres e 20% dos homens acreditam ser bom, porém, com algumas ressalvas
como atraso na entrega de medicação. Os outros 20% afirmam que os serviços
oferecidos poderiam ser melhores e mais eficientes e que há muito a ser melhorado para
chegar em um conceito bom frente aos usuários que procuram pelos serviços. É possível
apontar que existe uma evidente dificuldade do público masculino em identificar as
funções dos serviços, bem como as políticas públicas a eles oferecidas, o que pode estar
relacionado ao distanciamento do segmento entrevistado, e do público geral, dos serviços
sociais. Ainda há uma evidente e flagrante incidência do público feminino aos serviços
sociais, o que remete a provocar a possibilidade de sensibilização deste público para
compor o “exército” de combate e prevenção a doenças. Há dificuldade de alcance dos
serviços de saúde para o público masculino, uma vez que a cultura do homem brasileiro
está voltada a paradigmas a serem superados como de que “homem não sente dor”,
“homem não chora”, e outros que em nada colaboram para a prevenção de doenças que
acometem os homens levando-os ao óbito precoce e a sofrimentos passíveis de serem
prevenidos.
Quanto ao conhecimento do Serviço Social e suas ações, 20% dos homens e
40% das mulheres responderam não conhecer em o que faz, apenas 20%, ou seja, a
minoria, afirma conhecê-lo relacionando-o como a profissão que ajuda as pessoas e/ou
com benefícios sociais, como bolsa-família, TFD - Tratamento Fora Domicílio. Pode-se
relacionar, também, conhecimento sobre cidadania e direitos, todos os homens, ou seja,
73,33% afirmaram conhecer, já as mulheres, 26,67% afirmaram não ter conhecimento.
Nesse âmbito, vale destacar as respostas dadas quando questionados os
pacientes sobre o que significa o Serviço Social:
Respostas 1, 2, 9, 10 e 12: Não tem conhecimento.
Resposta 3: é uma profissão bem esclarecida.
Resposta 4: ajuda as pessoas, refere-se ao bolsa- família.
Resposta 5: Não sabe o que significa, mas sabe que Serviço Social faz visita e
ajuda as pessoas.
Resposta 6: Faz acompanhamento, ajuda muito as pessoas, sabe muita coisa.
Resposta 7: É ótimo, foi instruído a correr atrás dos direitos,como a cirurgia.
Resposta 8: Bom, refere-se ao atendimento do TFD- Tratamento Fora Domicilio.
Resposta 11: O Serviço Social é importante, no entanto percebe as limitações da
profissão.
Resposta 13: Refere-se a garantia dos direitos
Resposta 14: as vezes que precisou do Serviço Social foi bem atendida, em caso
de óbito, acha o trabalho muito bonito.
Resposta 15: Profissão que ajuda as pessoas a se inserirem ou na saúde ou em
geração de renda.
No que se refere aos pacientes com doenças oncológicas,apresentam os
resultados. Assim como os usuários com diabetes mellitus, foram entrevistados, 15
usuários com doença oncológicas. Dentre eles 7
foram mulheres e 8 homens,
destacando-se que, no item escolaridade deste grupo, foi encontrou-se
que
uma mulher
relatou não ser alfabetizada, representando 6,67%, afirmando não saber ler e
escrever e ter dificuldades de compreensão sobre o tratamento. Quanto à profissão, o
vínculo empregatício predomina entre ambos os sexos, sendo que 46,67% das mulheres,
ou seja, todas as entrevistadas afirmaram terem vínculo como autônomas e contribuintes
do INSS, por exercer funções de diaristas, domésticas. Em contrapartida, 53,33% dos
homens, ou seja, todos entrevistados apresentaram vínculo empregatício com empresas,
mostrando
renda familiar mais alta. A renda familiar foi contabilizada entre todos os
membros que contribuem, 100% dos entrevistados possuem renda familiar; entretanto, a
renda predominante foi a das mulheres, com um valor de um salário mínimo, enquanto
alguns homens relataram receber de 4 a 8 salários mínimos. Essa diferença de gênero
também aparece quando questionados sobre terem casa própria; as mulheres
predominaram possuir a mesma.
Ainda em comparação de gênero entre os entrevistados, verifica-se que a variável
transporte considerou o veículo próprio. Percebe-se que apenas 13,33% dos homens e
20% das mulheres possuem seu próprio veículo, enquanto a utilização do transporte
coletivo predomina com 66,67%. Tal dificuldade de utilização do transporte público, no
caso, a ambulância,pois a demanda é maior que os serviços e, por isso ocorrem atrasos,
e desta forma, a maioria dos pacientes passam a necessitar de ajuda de terceiros. Quanto
à utilização de serviço de saúde como exames, consultas, procedimentos cirúrgicos,
100% dos pacientes utilizam-se dos serviços oferecidos pelo SUS. Todavia, relataram
algumas dificuldades como demora no agendamento e nas filas de espera e de se
manterem no tratamento.
Quanto à alimentação, foi questionado se conseguem comprar os alimentos.
Apenas 13,33% dos entrevistados relatam terem dificuldades de adquirir sua alimentação,
em função da mudança do hábito alimentar causada pela doença e por dificuldades
financeiras. No que diz respeito a lazer, foram considerados, atividades que de fato
proporcionem momentos de descontração como passeios, viagens, prática de esportes.
Contudo, 46, 67% dos entrevistados vinculam lazer a ficar em casa assistindo à TV,
caracterizando neste estudo, como a predominância de lazer. Deste fator de isolamento
que da doença exige influência no lazer, reflete que o lazer não é algo valorizado e/ou
colocado como essencial na questão saúde.
Quando perguntados esses usuários acerca dos recursos comunitários como
locais que ofertam atividades físicas supervisionadas, programas de geração de renda,
programas sociais como Banco de Alimentos e o CRAS-Centro de Referência de
Assistência Social, 40% dos homens afirmam conhecer bem como 26,67% das mulheres.
Em contrapartida 33,33% afirmaram desconhecer os recursos disponíveis. Este
desconhecimento pode ser justificado pelo fato de ainda não terem precisado e/ou
procurado pelos serviços e ainda, por se caracterizarem como trabalhadores, não
podendo ir devido ao horário e devido ao isolamento exigido pelo tratamento. Já a
impressão com relação aos serviços oferecidos pelo SUS, 100% dos entrevistados
acreditam ser bom, sem ressalvas, pois todos os pacientes entrevistados se consideram
bem atendidos.
Quanto ao conhecimento do Serviço Social e suas ações, todos os 100% dos
entrevistados afirmam conhecer a profissão e sua importância para o tratamento. Todavia,
a minoria relacionou como profissão que ajuda as pessoas e/ou
com os benefícios
sociais como bolsa família, TFD - Tratamento Fora Domicílio. Pode-se relacionar,
também, o conhecimento sobre cidadania e direitos, todos os homens entrevistados, ou
seja, 53,33%, afirmaram conhecer; no entanto, 40% das mulheres conhecem e 6,67%
desconhecem os seus direitos enquanto cidadãs.
Vale destacar as respostas dados pelos entrevistados quando questionados sobre
o que significa o Serviço Social:
Resposta 1: dá assistência as pessoas, no sentindo de acolhimento e consultas.
Resposta 2: O Serviço Social ajuda as pessoas, refere-se ao atendimento do
bolsa- família.
Resposta 3: É uma profissão que cuida dos problemas da sociedade.
Resposta 4: Ajuda muitas pessoas.
Resposta 5: O Serviço Social ajuda e orienta as pessoas.
Resposta 6: O Serviço Social ajuda as pessoas.
Resposta 7: Auxilia e orienta as pessoas.
Resposta 8: Bom, refere-se ao atendimento do INSS.
Resposta 9, 10, 11 e 14: Bom.
Resposta 12: Ajuda as pessoas.
Resposta 13: Auxilia o cidadão.
Resposta 15: Ajuda muito as pessoas, na questão dá voz para conseguir as
coisas.
Considerações Finais
O presente estudo trouxe à luz questões cotidianas dos usuários da saúde e
equipe de trabalho, especificamente do profissional de serviço social. Longe de encerrar
as cortinas da temática, o estudo buscou trazer esta cotidianidade dos sujeitos para ser
debatida no espaço de atuação e reflexão para que se possam ofertar novas
possibilidades de intervenção e de melhores condições de vida à população usuária.
A partir da pesquisa realizada, percebeu- se a relevância do Serviço Social nos três
âmbitos da atenção à saúde, sendo que alguns desafios para o exercício profissional
predominaram na atenção primária, como dificuldades estruturais, sala, telefone, falta de
recursos. Já na atenção terciária e na secundária percebeu-se a visibilidade da profissão
por demais profissionais, por este fazer parte da equipe por meio da corrida de leito.
Quanto à realidade social dos usuários, esta correspondeu ao que é de
predominância são usuários trabalhadores, usuários dos SUS, e têm dificuldades de se
manterem no trabalho devido ao diagnóstico. Muito há para ser realizado ao acolher e
ofertar o direito do usuário cidadão; não basta que os serviços sejam criados, mas que os
direitos sejam respeitados para além dos muros espaços dos serviços de saúde, o que
constitui em um desafio da sociedade moderna, ou seja, o viver para o além do trabalho.
De acordo com INCA – Instituto Nacional do Câncer, o Serviço Social na oncologia
atua diretamente na prevenção, na assistência, nos cuidados paliativos e no
enfrentamento da morte. Este trabalho é feito com pacientes e familiares, propondo a
intervenção profissional orientada para realizar o acolhimento do paciente, contribuindo
para a construção de uma análise reflexiva sobre sua trajetória, tanto do ponto de vista
das dificuldades de acesso aos serviços de saúde, quanto do caráter estigmatizador do
câncer. (INCA,2011). Desse modo, o profissional de serviço social se constitui em
elemento mediador entre o serviço-usuário-direito.
Quanto à experiência profissional do Serviço Social com pacientes diabéticos,
existem a socialização das informações, a luta pelos direitos, a não discriminação, a
articulação com outros grupos, a mobilização em torno de causas justas, a valorização do
indivíduo e da coletividade.(PAPALEO, 2011)
Em todos os atendimentos do Serviço Social nas referidas clínicas, o profissional
atua junto à equipe multiprofissional, contribuindo para a análise do sujeito em sua
totalidade, com vistas à qualidade dos serviços prestados e para a concretização do
princípio de atenção integral aos usuários do SUS.
Portanto, o Projeto Ético-Político do Serviço Social é comprometido e articulado
com os valores e princípios que se afinam aos do Sistema Único de Saúde, pois a área da
saúde se caracteriza como um dos campos de enfrentamento das expressões da questão
social. O assistente social, por ser capacitado para reconhecer a totalidade do sujeito,
trabalha com a ampliação e consolidação da cidadania, visando à qualidade dos serviços
prestados e, neste sentido, trabalha em prol da emancipação humana e logo, social.
Muito há que ser edificado nesta direção, muitos são os desafios a serem
enfrentados pelos profissionais e o presente estudo, longe de trazer conclusões
definitivas, vem trazer à luz possibilidades de reflexão às realidades experimentadas
contando, certamente, com o compromisso de novas propostas, projetos e estudos que
frutificarão em novas formas de trabalho e intervenção por parte de todas as profissões
envolvidas e, sobretudo, ao serviço social, de novas possibilidades de oferta de vida
melhor, de qualidade de vida.
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa:
Edições 70, 1977.
BRASIL. Constituição de 1988. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. 48.ed. Rio de Janeiro: Escala, 2006.
_______. Ministério da Saúde. Resolução 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres
humanos. Brasília, DF: Conselho Nacional da Saúde, 1996.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Diabetes Mellitus.Brasília:Ministérios da Saúde,2006.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva.HumanizaSUS: Política Nacional de
Humanização, a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e
gestão em todas as instâncias do SUS. Núcleo Técnico da Política Nacional de
Humanização. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível
em:HTTP://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004_pdf
CHALHUB, T e SKABA, M F. A construção do conhecimento em Serviço Social em
oncologia:a contribuição do curso de especialização do INCA. Revista Brasileira de
Cancerologia, 2003, 49(1): 39-46. Disponível em:
www.inca.gov.br/rbc/n_49/v01/pdf/artigo5.pdf . Acesso em 26/12/2011.
CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 8.ed. São
Paulo:Cortez,2006.
Direitos dos Pacientes com câncer. Disponível em:www.oncoguia.com.br
FORTES, P. A . C. Ética e saúde: questões éticas, deontológicas e legais, tomada de
decisões, autonomia do paciente, estudo de casos. São Paulo:EPU,1998.
IAMAMOTO, M. V. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro,
trabalho e questão social. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2008.
IAMAMOTO, M. V. e CARVALHO, R. Relações sociais e serviço social: esboço de uma
interpretação histórico- metodológica. 18.ed. São Paulo: Cortez, 2005.
LAVILLE, C .& DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da
pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed; Belo Horizonte: UFMG, 1999.
MARTINELLI, M. L ( orgs). Pesquisa Qualitativa: um instigante desafio. São Paulo:
Veras Editora, 1999.
MINAS GERAIS, Conselho Regional de Serviço Social. 6° região: Coletânea de Leis.
Belo Horizonte: CRESS, 2005.
MINAYO. M. C.et al. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 27 ed. Petropolis,
RJ: Vozes, 2008
MOTA. A . E . Serviço Social e Saúde: formação e trabalho profissional. São Paulo:
Cortez, 2006.
PAPALEO,L. K;SEVERO, C.T; BREDEMER, S.M.L. A participação cidadã na
associação dos diabéticos e familiares de São Leopoldo e Região do Vale do Rio
dos Sinos: uma experiência no processo de participação popular. Disponível em:
<www.lasociedadcivil.org/docs/ciberteca/s_bredemeier_.pdf> . Acesso em 26/12/2011.
SIMÕES. Carlos . Curso de Direito do Serviço Social. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
Download