Saúde Pública Veterinária O que é Saúde para você ? Prof. Dr. Fábio Gregori Laboratório de Biologia Molecular Aplicada e Sorologia VPS-FMVZ-USP Aula T6 - 20/09/2013 Introdução Saúde Pública Veterinária Saúde: Estado de completo bem-estar físico, mental e social. “É um estado de razoável harmonia entre o sujeito e a sua própria realidade” (Segre e Ferraz, 1997) Atividades de Saúde Pública dedicadas à aplicação de habilidades, conhecimentos e recursos profissionais veterinários para a proteção e melhoria da saúde humana (FAO/OMS) Percepção de alterações na saúde Serviços de Saúde Demanda por atendimento Desejo de manutenção da saúde e prevenção da doença São ações que podem alterar a frequência e a distribuição de doenças e agravos à saúde, melhorando a qualidade de vida de uma população. Planejamento e gestão do serviço de saúde Oferta de serviços Decisões políticas disponibilidade de recursos Impacto na saúde e sociedade (contemporaneamente, futuramente) 1 Histórico 1970-1980: risco de poluição química no ambiente e cadeia alimentar Pesticidas Poluição de águas subterrâneas por dejetos animais Resíduos tóxicos (naturais e drogas) nos alimentos 1990: doenças (zoonóticas) emergentes e reemergentes Transição Epidemiológica - Conceito Saúde Pública Veterinária Multidisciplinaridade: Necessidade urgente de ligação entre medicina humana e veterinária Melhora saúde humana através da redução da exposição a agravos provenientes da interação com animais ou produtos de origem animal Contribuição com a saúde humana através da melhoria da saúde animal: geração de renda, alimento, transporte, vestuário e bem-estar. 60% das cerca de 1.700 doenças infecciosas às quais o homem é susceptível tem um reservatório animal ou um vetor Atores: www.glews.net www.promedmail.org Setores veterinários governamentais, não governamentais e privados Médicos, enfermeiros, microbiologistas, especialistas ambientais, sanitaristas, engenheiros de alimento, engenheiros agrônomos, entre outros 2 Saúde Pública Veterinária One World, One Health Reconhecer a ligação entre humanos, animais domésticos e selvagens. Reconhecer que decisões relativas à terra e água tem implicações reais na saúde. Alterações nos ecossistemas e as mudanças nos padrões de ocorrência de doenças manifestam-se quando não se considerar tais questões. Incluir a vida selvagem e a biodiversidade como um componente essencial na prevenção de doenças, vigilância e controle. One Health One Health Initiative Saúde Pública Veterinária Saúde Pública Veterinária Social Apropriado Ambiental S Viável Justo Econômico A sustentabilidade deve ser encarada numa perspectiva interdisciplinar. A saúde (humana, animal e vegetal) é portanto, parte deste processo. (Alguns) Desafios (Alguns) Desafios Formas de criação: Comércio, trânsito e movimento: Atividades “novas” (aquicultura, incorporação de atividades sustentáveis) Desenvolvimento de tecnologias (engenharia genética e transgênicos) Uso de aditivos e antimicrobianos e rações seguras Destino de efluentes Aumento do número de propriedades marginais e pobreza rural Êxodo rural e ruralização de áreas urbanas Expansão de viagens internacionais e comércio exterior (animais e POA) Mudança de hábitos de consumo de alimentos Implantação e manutenção do cumprimento de regulações (acesso a mercados) Mudança de consciência dos consumidores 3 NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) PORTARIA Nº 2.488, DE 21 DE OUTUBRO DE 2011 Ministério da Saúde inclui veterinários no rol de profissionais que formam os NASF. Qual o papel do veterinário em Saúde Pública ? SUS – Sistema Único de Saúde Território – conceito em saúde Universal: atender a todos, sem distinções, de acordo com suas necessidades; independentemente se paga ou não Previdência Social. Não se trata apenas de uma área geográfica. Integral: ações de saúde devem estar voltadas, ao mesmo tempo, para a pessoa e para a comunidade, para a prevenção e para o tratamento. Serviço de base territorial é um serviço de portas abertas (liberdade Descentralizado: todas as ações e serviços que atendem a população de um município devem ser municipais; as que servem e alcançam vários municípios devem ser estaduais e aquelas que são dirigidas a todo o território nacional devem ser federais. Regionalizado e hierarquizado: as questões menos complexas devem ser atendidas nas unidades básicas de saúde, passando pelas unidades especializadas, pelo hospital geral até chegar ao hospital especializado, e de acordo com demandas regionais. de acesso) que está localizado perto de onde o usuário vive, sua família, seus amigos e instituições que tem contato (igreja, terreiro, escola, polícia, etc), os lugares que frequenta (unidades de saúde, lojas, etc) e como consequência onde circulam seus sentimentos, afetos e laços sociais. Estes elementos compõe a rede social Estabelecimento de vínculos. 4 Atenção Básica (=Atenção Primária à Saúde) Programa Saúde da Família - PSF Base na qual o SUS opera. • Ações de Saúde individuais e coletivas. • Promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento e reabilitação. As regiões da cidade são divididas em TERRITÓRIOS que abarquem cerca de 3.000 (no máx 4.000 pessoas). Os moradores são cadastrados e seus históricos de saúde levantados. • Descentralizada e capilar. Para cada área é designada uma equipe responsável, ela será formada por: - 1 médico(a) generalista (clínico-geral/médico de família e comunidade), - 1 enfemeiro(a) generalista ou especialista em Saúde da Família, - 1 auxiliar de enfermagem, - 4 a 7 agentes comunitários de saúde • Deslocamento do processo de trabalho baseado em procedimentos para um processo centrado no usuário. Quando ampliada, conta outros profissionais de ESB (Equipe de Saúde Bucal) como dentistas, auxiliar e técnico de saúde bucal. • Deve ser o contato preferencial dos usuários com a Rede de Atenção à Saúde. Programa Saúde da Família - PSF UBS – Unidade Básica de Saúde • Possibilita que as famílias recebam orientações com base em sua própria realidade, já que os agentes de saúde conhecem os problemas do bairro, as famílias, suas moradias e podem identificar os principais problemas; atendimentos básicos e gratuitos em Pediatria (inclusive vacinação), Ginecologia, Clínica Geral, Enfermagem e Odontologia. • Possibilita o diagnóstico precoce e com maiores chances de cura de casos graves porque o acompanhamento é periódico; • Possibilita a identificação de situações de risco, com atenção para situações que colocam em risco a saúde coletiva; • Desafoga os hospitais e os grandes centros de saúde que costumavam ter enormes filas de pessoas que apresentavam problemas que poderiam ser resolvidos nas próprias Unidades Básicas de Saúde. 5 AMA - Atendimento Médico Ambulatorial SP Pacientes em quadros de menor gravidade que não necessitam de internação ou agendamento, tais como: febre, alergia, pressão alta, gripe, pequenos ferimentos, inalação, curativos, eletrocardiograma, cauterização e retirada de pontos. A gestão das AMA compartilhada entre SMS e as entidades da sociedade civil. Tem como objetivo principal realizar atendimento médico sem agendamento prévio nas especialidades básicas (clínica médica, pediatria e pequenas cirurgias), a partir da procura espontânea ou da demanda referenciada da UBS. AMA - Especialidades Oferecem consultas diariamente nas seguintes especialidades: ortopedia, cirurgia vascular, cardiologia, endocrinologia, neurologia, urologia e reumatologia. Preferencialmente naquelas áreas diretamente relacionadas ao atendimento das doenças crônico-degenerativas – envelhecimento da população. 6 UPA - Unidade de Pronto Atendimento Ambulatórios de Especialidades Unidades de Pronto-Atendimento (PA) oferecem atendimento médico básico para os casos de urgência e emergência. Tratamento especializado nas seguintes áreas: cardiologia, neurologia, dermatologia, ortopedia geral, cirurgia geral, ginecologia, otorrinolaringologia, oftalmologia, pneumologia, fonoaudiologia e psiquiatria. a internação somente acontece quando há necessidade de observação do paciente ou em alguns casos de tratamentos que exijam breve internação. A estratégia de atendimento está diretamente relacionada ao trabalho do Serviço Móvel de Urgência – SAMU que organiza o fluxo de atendimento e encaminha o paciente ao serviço de saúde adequado à situação. Alguns ambulatórios contam ainda com atendimentos para vítimas de queimaduras, urologia, infectologia (incluindo DST/AIDS) e especialidades infantis. Apesar de resultar do processo democratizante dos anos 1980, o SUS, consagrado na Constituição Federal, não consegue concretizar seu projeto inicial: o de fornecer assistência de saúde universal e eficiente a todos os brasileiros. Fortes interesses privados prejudicariam desempenho do setor público, que padece de falta de recursos por parte do Estado. IPEA (2013) NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) Os NASF fazem parte da atenção básica, mas não se constituem como serviços com unidades físicas independentes ou especiais, e não são de livre acesso para atendimento individual ou coletivo. PORTARIA Nº 2.488, DE 21 DE OUTUBRO DE 2011 Ministério da Saúde inclui veterinários no rol de profissionais que formam os NASF. Brasil: 5.570 municípios. 1.857 NASFs (out/2012)* Quando necessários, devem ser regulados pelas equipes de atenção básica. Composição: variada, definida pelos gestores municipais, de acordo com as prioridades locais. Importância da divulgação das competências dos Médicos Veterinários para a composição dos quadros. *apenas NASF 1 e 2 7 NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) O NASF 1 apoia de 5 a 9 equipes de Saúde da Família. A soma das cargas horárias semanais dos membros da equipe deve acumular, no mínimo, 200 horas. NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) NASF composição multidisciplinar mas que devem atuar de forma integrada. O NASF 2 apoia de 3 a 4 equipes de Saúde da Família. A soma das cargas horárias semanais dos membros da equipe deve acumular, no mínimo, 120 horas semanais. O NASF 3 apoia de 1 a 2 equipes de Saúde da Família. A soma das cargas horárias semanais dos membros da equipe deve acumular, no mínimo, 80 horas. Portaria nº 3.124, de 28 de dezembro de 2012. NASF evolução 2008 a 2012 Valores de outubro de 2012 O que faz o NASF Apoio Matricial: complementa o trabalho das ESF, tanto clinicamente como pela ação técnico-pedagógica. Clínica Ampliada: ajustar os recortes teóricos de cada profissão às necessidades dos usuários. Abordagem multidisciplinar dos casos. Projeto Terapêutico Singular (PTS): dedicado a situações mais complexas. É uma variação da discussão de “caso clínico”. Representa um momento em que toda a equipe compartilha opiniões e saberes na tentativa de ajudar a entender o sujeito com alguma demanda de cuidado em saúde e, consequentemente, para a definição de propostas de ações. Abordagem Interdisciplinar. Projeto de Saúde no Território (PST): pretende ser uma estratégia das equipes de SF e do NASF para desenvolver ações efetivas na produção da saúde em um território, articulando os serviços de saúde com outros serviços e políticas sociais, de forma a investir na qualidade de vida e na autonomia das comunidades. 8 (Alguns) Desafios NASF • Dificuldade de incorporação da prática do apoio matricial ao cotidiano dos serviços. • Dicotomia entre apoiar x attender. • Mecanismos de acompanhamento e avaliação ainda incipientes. • Dificuldade de se estabelecer um “padrão mínimo” para atuação dos NASF Atuação por ciclo de vida (criança, adolescente, adulto e idoso) Atuação em áreas temáticas: condições crônicas, saúde mental, da mulher, da criança e reabilitação. • Financiamento e número de NASF/ESF Avaliação e Aprimoramento da AB NASF agora (2013) podem aderir ao 2º ciclo PMAQ Como o veterinário pode colaborar no NASF? 9 Veterinários no NASF Veterinários no NASF Visitas domiciliar para o diagnóstico de riscos envolvendo animais e o ambiente. Cuidado com os resíduos sólidos; Prevenção, controle e diagnóstico situacional de riscos por doenças transmissíveis por animais vertebrados e/ou invertebrados (raiva, leptospirose, brucelose, tuberculose, leishmanioses, dengue, febre amarela, etc), e outros fatores determinantes do processo saúde e doença. Prevenção e controle de doenças transmissíveis por alimentos; Dar respostas as emergências de saúde pública e eventos de potencial risco sanitário nacional de forma articulada com os setores responsáveis; Educação em saúde com foco na promoção, prevenção e controle de doenças de caráter zoonótico e uso adequado de diferentes substâncias (Inseticidas, acaricidas, medicamentos veterinários) Saúde Pública Veterinária Centro de Controle de Zoonose Canil Pref. Munic. São Carlos - SP Saúde Pública Laboratórios do Instituto Adolfo Lutz (IAL) 10 Saúde Pública Laboratórios da Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN) 11