Dr. Edmir Choukri Cherit Médico Urologista Responsável – Grupo de DST - FMABC Grande problema de saúde pública mesmo em países desenvolvidos No Brasil (OMS): 12 milhões de casos de DST / ano Notificados: 200.000 casos / ano Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST é doença do casal, não do indivíduo - Associação entre agentes (DST’s associadas) é a regra - Prevenção é o melhor tratamento (campanhas contínuas) Doenças Sexualmente Transmissíveis - Escassos dados epidemiológicos - Apenas sífilis congênita e AIDS são de N.C. - Irregularidade na distribuição de medicamentos - Exames laboratoriais inacessíveis - Discriminação Doenças Sexualmente Transmissíveis •Sexual •Materno-fetal transplacentária (vertical) •Compartilhamento de seringas •Transfusão de sangue sem controle •Exposição acidental a fluidos corporais •Fômites •Contato corpo a corpo (sem penetração) Tratamento imediato – através da abordagem sindrômica Coleta de exames para efetuar diagnóstico etiológico, quando possível Quebra da cadeia de transmissão Evitar a procura de locais inadequados para tratamento Doenças Sexualmente Transmissíveis Etiológica - Exames para diagnóstico etiológico preciso - Geralmente demorado Sindrômica - Diagnóstico mesmo na ausência de testes para o diagnóstico etiológico - Tratamento efetivo e rápido em 90% dos casos - Redução na transmissão do HIV - Maior adesão ao tratamento - Paciente pode receber tratamento já na primeira consulta - Uretrite gonocócica - Uretrite não gonocócica - Sífilis - Cancro mole - Herpes genital - Linfogranuloma - Donovanose - Molusco contagioso - HPV Síndrome Uretral Síndrome Ulcerosa Síndrome Verrucosa Agente Etiológico Neisseria gonorrhaeae Período de Incubação 2 a 5 dias Quadro clínico Disúria Corrimento purulento Diagnóstico Diplococus gram (-) intracelulares Gram ou meio seletivo Thayer- Martin Cultura - gonococo Diagnóstico Diferencial Outras uretrites não gonocócicas Tratamento • • • • • • Ofloxacina – 400mg – dose única * Cefixima – 400mg – dose única Ciprofloxacina – 500mg – dose única * Ceftriaxona – 250mg IM – dose única Tianfenicol – 2,5g VO – dose única Penicilina G procaína 2,4 milhões IM (dose única) (*) contra-indicado para menores 18 anos Complicações Tratamento não adequado: propagação para uretra posterior e outros órgãos (prostatite, epididimite, orquite, artrite, meningite, faringite, miocardite, pericardite, conjuntivite, pielonefrite) Observação - 70% das mulheres são “ASSINTOMÁTICAS” - Considerar infecções associadas: Chlamydia trachomatis, Trichomanas vaginalis - tratamento específico em conjunto - ABSTER-SE das relações sexuais - EVITAR bebidas alcóolicas (irritantes das mucosas) - EVITAR espremer glande/pênis - EVITAR contaminação dos olhos - ENCAMINHAR PARCEIRA(S) SEXUAL(S) para tratamento URETRITE GONOCÓCICA Agente Etiológico Chlamydia trachomatis ( sorotipos D a K ) Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis, Trichomonas vaginalis Período de Incubação Chlamydia trachomatis – 14 À 21 Dias Ureaplasma urealyticum – 10 à 60 dias Quadro clínico Corrimento mucóide discreto Disúria leve , intermitente Diagnóstico • • • • Cultura PCR Imunofluorecência direta Elisa Tratamento - Azitromicina – 1gr VO – dose única - Doxiciclina – 100mg VO - 12/12 hs – 7 dias - Eritromicina – 500mg VO – 6/6 hs – 7 dias Complicações Podem evoluir para: prostatites, epididimites, balanites, conjuntivites (auto-inoculação), Síndrome uretro-conjuntivo-sinovial (Síndrome de Fiessinger-Leroy-Reiter) Observação - 40% dos homens e 80% das mulheres NÃO APRESENTAM SINTOMAS - Devido freqüente associação com GONOCOCO, recomenda-se tratamento concomitante EPIDIDIMITE À ESQUERDA CERVICITE Conceito Doença sistêmica, evolução crônica, sujeita a surtos de agudização e períodos de latência Agente Etiológico Treponema pallidum ( espiroqueta) Classificação • Adquirida: recente e tardia • Congênita: recente e tardia Estágios da Doença • • • • Primário Secundário Latente Terciário Período de Incubação 10 à 90 dias ( média 21 dias) Quadro Clínico Lesão rosada ou ulcerada, geralmente única, base endurecida, fundo liso, secreção serosa escassa, POUCO DOLOROSA; Adenopatia regional não supurativa, móvel. múltiplas, não dolorosa. Homem: glande e sulco bálonoprepucial. Mulher: pequenos lábios, parede vaginal, colo uterino. Lesões em outras áreas. Úlceras que se “beijam” Lesão na língua Lesão no lábio Após 6 a 8 semanas do cancro duro Quadro Clínico Lesões cutâneo-mucosas, não ulceradas Microadenopatias (artralgia, febrícula, cefaléia, adnamia) Manchas eritematosas (roséolas) Pápulas (lesões palmo-plantares) Alopécias (couro cabeludo) Placas mucosas Pápulas hipertróficas (condiloma lata) CONDILOMA LATA Seu curso é variável e poderá ser interrompido por sinais e sintomas da sífilis secundária ou terciária Quadro Clínico Sem sinais ou sintomas Diagnóstico Laboratorial testes sorológicos Após 3 a 12 anos Quadro Clínico Cutâneo-mucosas (TUBÉRCULOS ou GOMAS) Neurológicas (TABES DORSALIS, DEMÊNCIA) Cardiovasculares (ANEURISMA AÓRTICO) Articulares (ARTROPATIA DE CHARCOT SÍFILIS PRIMÁRIA (CANCRO DURO) cancro mole, herpes genitais, linfogranuloma venéreo. Donovanose, tumor SÍFILIS SECUNDÁRIA farmacodermias, doenças exantemáticas não vesiculosas, hanseníase, colagenoses PESQUISA DIRETA (CAMPO ESCURO) Técnica específica de coleta para microscopia em campo escuro INDICADO:- pesquisa em material da lesão ulcerada suspeita - material do condiloma lata - material das placas mucosas da fase secundária MICROSCOPIA ELETRÔNICA Treponema pallidum REAÇÕES SOROLÓGICAS TIPOS 1. Inespecíficas ou lipídicas VDRL – KAHN – KLEINE (Floculação) (Falso+ : colagenoses, hansen, viroses, alcoolismo, velhice, menstruações, etc) 2. Específicas (antígeno = T. pallidum, cepa de Nichols) a. FTA-ABS (Prova dos anticorpos fluorescentes) ALTA SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE : FUNDAMENTAIS PARA DIFERENCIAÇÃO DOS FALSOS+ SOROLOGIA NÃO TREPONÊMICA - VDRL Exame qualitativo e quantitativo Importante: para diagnóstico e seguimento pósterapêutica Solicitar sempre: suspeita (em qualquer fase), todos pacientes com DST, rotina PRÉ-NATAL É REATIVO após 2 sem. do aparecimento do cancro Tratamento correto: NEGATIVO após 9 a 12 m TESTE SOROLÓGICO TREPONÊMICO - FTA - Abs (Fluorescent Treponema Antigen Absorvent) Exame QUALITATIVO Importante para CONFIRMAÇÃO da doença REATIVO após 15 dias da cancro NÃO servem para seguimento da doença FALSO POSITIVO: hanseníase, malária, mononucleose, leptospirose, lupus eritematoso sistêmico SÍFILIS PRIMÁRIA Penicilina Benzatina 2,4 milhões UI (IM) dose única SÍFILIS RECENTE SECUNDÁRIA E LATENTE Penicilina Benzatina 2,4 milhões UI (IM) repetir após 1 semana (total 4,8 milhões) SÍFILIS TARDIA (LATENTE E TERCIÁRIA) Penicilina Benzatina 2,4 milhões UI (IM) semanal, por 3 semanas (total 7,2 milhões) Após dose inicial: reação febril de Jarisch-Herxheimer (exacerbação das lesões) com involução em 12 a 48 hs ALERGIA À PENICILINA - Dessensibilização ou - Eritromicina 500 mg 6/6 h (VO)* - Doxiciclina 100 mg 12/12 h (VO)* (*) 15 d = sífilis recente / 30 d = sífilis tardia VDRL 3 títulos sucessivamente baixos (< 1/8) sugere “memória” sorológica (colhidos intervalos 30 d) títulos baixos sugerem: doença muito recente ou muito antiga (tratada ou não) Agente Etiológico Haemophilus ducreyi ( bactéria – cocos gram negativos em paliçada Sinonímia Cancróide, cancro venéreo, cavalo, cancro de Ducreyi 3 à 5 dias ( até 2 semanas) 13 dias em mulheres - Úlceras múltiplas, dolorosas, borda e fundo irregular; - Gânglio e formação de fístulas – 50% dos casos Período de Incubação Quadro clínico Diagnóstico - Cocos gram negativo em paliçada( gram, whight ou giemsa) - Cultura – difícil crescimento do bacilo - Biópsia – não recomendada ( não confirma a doença) Tratamento - Azitromicina – 1 gr. VO – dose única Ceftriaxona – 1 gr. IM – dose única Tianfenicol – 5 gr. VO – dose única Ciprofloxacina – 500 mg. VO – 12/12 hs - 3 dias Tetraciclina - 500 mg. VO – 6/6 hs - 15 dias Sulfametoxazol e Trimetropim (160mg/800mg) – VO – 12/12 hs – 10 dias - Eritromicina – 500mg VO – 6/6 hs – 7 dias Agente Etiológico Período de Incubação Quadro clínico Tratamento Herpes simplex vírus (HSV) - tipos 1 e 2 DNA vírus (tipo 1: lesões periorais) DNA vírus (tipo 2: lesões genitais) 3 a 14 dias Lesões vesiculosas, que em poucos dias transformam em úlceras - Aciclovir 400 mg VO 8/8 h (7-10d) - Valaciclovir 1 g VO 12/12 h (7-10d) - Famciclovir 350 mg VO 8/8 h (7-10d) Agente Etiológico Chlamydia tracomatis – sorotipos L1, L2, L3 Período de Incubação 3 à 30 dias Quadro clínico Fase de inoculação: pápula, pústulas ou exulceração indolor, geralmente não percebida. Fase linfática regional: 1 à 6 semanas após a inoculação, geralmente unilateral ( 70%), supuração e fistulização por orifícios múltiplos, febre, artralgia, mal estar, anorexia e emagrecimento, sudorese noturna e meningismo. Sequelas: fístulas retais, vaginais e vesicais, estenose retal, elefantíase genital. Diagnóstico - Sorologia: reação de fixação de complemento e microimunofluorescência - Cultura - Bacterioscopia direta: corpúsculo de GammaMyiagawa - Biologia molecular Tratamento - Doxiciclina – 100 mg VO – 12/12 hs – 21 dias - Tianfenicol – 500 mg VO – 12/12 hs – 14 dias - Sulfametoxazol e Trimetropim (160mg/800mg) – VO – 12/12 hs – 21 dias - Eritromicina – 500mg VO – 6/6 hs – 21 dias Agente Etiológico Período de Incubação Quadro clínico Calymmatobacterium granulomatis ( Donovania granulomatis) 2 à 5 semanas ( 30 dias à 6 meses) - Úlcera de borda plana e hipertrófica; podem ser múltiplas, confluentes, em espelho evoluindo para vegetações. - Não há adenite, ocorre em dobras e região perianal, geralmente unilateral Diagnóstico - Se a lesão ou lesões tiverem mais que 4 semanas, deve-se suspeitar de Donovanose, Linfogranuloma Venéreo ou Neoplasias. Realizar biópsia para investigar e tratar para donovanose - Biópsia – corpúsculos de Donovan ( coloração de Wrigty, Giemsa ou Leishman) - Sorologia – reação de fixação de complemento Diagnóstico - Sífilis, Tb cutânea, cancro mole, amebíase Diferencial cutânea, neoplasias cutâneas, leishmaniose etc Tratamento - Doxiciclina – 100 mg VO – 12/12 hs – mínimo 3 semanas - Tianfenicol granulado – até a cura - Ciprofloxacina – até a cura - Sulfametoxazol e Trimetropim (160mg/800mg) – VO – 12/12 hs – mínimo 3 semanas - Eritromicina – 500mg VO – 6/6 hs – mínimo 3 semanas GRANULONA INGUINAL (DONOVANOSE) (Lesões iniciais) Agente Etiológico Poxvirus Período de Incubação Quadro clínico 1 semana à 6 meses - Pápulas cutâneas róseas com umbilicação central - Auto inoculáveis - Alta carga viral e baixa infectividade - Ocorre em qualquer idade - Com material esbranquiçado em seu interior ( vírus) Diagnóstico - Clínico – pápulas umbilicadas - Biópsia – aspecto em cebola Tratamento - Auto limitada Curetagem Laser ATA ou Podofilotoxina • DST mais prevalente • Mais transmissível das DSTs virais • Afeta mais de 2/3 dos norte-americanos de 15 à 49 anos • DST de maior custo HPV HISTÓRIA NATURAL DO HPV Remissão, Persistência e Progressão I N F E C Ç Ã O Primeira Lesão INCUBAÇÃO ( 1 – 8 MESES ) Resposta Imune Aproximada/e 9 meses Resposta Imune CRESCIMENTO ATIVO ( 3 – 6 MESES ) Reconhecimento pelo Hospedeiro ( 3 – 6 meses ) Doença Persistente ou Recidivante TIPO LOCAL EPITELIAL 6 e 11 Urogenital, anal, oro-respiratório 16,18,30,35,39,4 Urogenital, anal 1,45,51,59,61,62, 64,68 13 e 32 Cavidade oral 30 e 40 Laringe TIPO DE LESÃO Condiloma Acuminado Displasia e Câncer Invasivo Hiperplasia Câncer FORMAS: SUBCLÍNICA e CLÍNICA SUBCLÍNICA: assintomático, ou sinais incaracterístico (ardor, queimação, sensação “algo andando na pele”) CLÍNICA: Lesão VERRUCOSA caracterizada por 4 formas: 1. ACUMINADA: vegetante = “crista de galo” 2. PLANA: no colo uterino “epitélio” branco 3. INVERTIDA: no colo uterino “mosaico” branco 4. CONDILOMA GIGANTE (Tumor de BuschkeLöwenstein) GENITOSCOPIA (COLPOSCOPIA,VAGINOSCOPIA, VULVOSCOPIA,PENISCOPIA): COLPOSCÓPIO/LUPA Solução de ácido acético (2% a 5%) - > 5 min. - LESÕES “ACETOBRANCAS” - 20% das lesões podem ser visíveis - CASOS SUBCLÍNICOS: utilizar colposcopia + ácido acético para localizar e identificar as lesões. BIOLOGIA MOLECULAR – Sequência de DNA do genoma viral - PCR ( mais sensível no homem) - Captura Híbrida ( não discrimina os tipos de HPV) Peniscopia DOENÇAS INFECTO CONTAGIOSAS: candidíase DST: lesões sifilíticas, herpes genital, molusco contagioso LESÕES BENIGNAS DA PELE: papilomatose escamosa, ceratose seborrêica, glândula de Tyson, distrofia vulvar, papilomas, liquem escleroso NEOPLASIA: papulose Bowenóide, carcinoma das células escamosas, melanomas OBJETIVO: Remoção das lesões visíveis ESCOLHA: • Lesão – Número, tamanho e morfologia, local • Experiência do médico • Custo / Efetividade • Efeitos adversos • Estado imunológico do paciente • Idade • Escolha do paciente MODOS DE AÇÃO ANTIMETABÓLICOS Podofilina – Podofilotoxina - 5-FU IMUNOMODULADORES Imiquimod – Interferon – BCG CITODESTRUTIVOS Cirurgia – Crioterapia - Laser com CO2 – ATA – terapia Fotodinâmica ( 5-ALA) Tipos 6 e 11 – 90% verrugas genitais Tipos 16 e 18 –70% CA de colo de útero - aumento da incidência de Ca de orofaringe e anal em adulto jovem QUADRIVALENTE - Para os tipos 6 –11-16-18 Gardasil ( FDA 2008) - 0,5ml, IM / 0 – 2 - 6 meses - reforço - 5 anos BIVALENTE - Para os tipos 16-18 Cervarix ( FDA 2010) - 0,5 ml, IM / 0 – 1 – 6 meses - reforço - 5 anos VLP - Partícula semelhante à vírus - Imunogenicidade VERRUGAS VISÍVEIS PENISCOPIA/COLPOSCOPIA COM BIÓPSIA DISPONÍVEL SIM NÃO TRATAR COMO SÍNDROME VERRUCOSA • MAPEAMENTO DAS LESÕES ( GENITOSCOPIA) • HISTOLOGIA E /OU BIOLOGIA MOLECULAR PROGRAMAR TRATAMENTO HPV 1. Cauterização • Química ( 5FU, ATA. Podofilina e Podofilotoxina) • Eletrocauterização • Laser • Criocauterização 2. Imunoterapia • Imiquimod • Timomodulina • Outros MOLUSCO 1. Autolimitada 2. Curetagem 3. Cauterização • Química ( 5FU, ATA. Podofilina e Podofilotoxina) • Eletrocauterização • Laser • Criocauterização • Outros OUTRAS CAUSAS Orientar de acordo com o diagnóstico OUTRAS DSTs • • HEPATITE B e C • • AIDS ESCABIOSE PEDICULOSE PUBIANA • ZIKA ?? • • • • • • • • • As DSTs têm cura O tratamento precoce adequado reduz os índices de HIV em 42% Médicos capacitados População informada Notificação Dados estatísticos – medidas adequados Abordagem sindrômica , os resultados são semelhantes ao tratamento etiológico Coquetéis : controle do HIV – melhor qualidade de vida Preservativo : fundamental para prevenção Faculdade de Medicina ABC OBRIGADO