PROD. E COMPR DE TEXTOS_UFPR 2016 - 2° Fase

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COMENTÁRIO DA PROVA DE COMPREENSÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS
Professores Vagner de Alencar Carreira, Yeso Osawa Ribeiro, Wellington Borges Costa
Virtudes e problemas neste exame são basicamente os mesmos que detectamos já há algum tempo:
interessante trazer a reflexão metalinguística na abertura e no encerramento da prova; salutar tocar o debate
político para além das questões meramente eleitorais e partidárias comumente degradadas em bate-bocas de
redes sociais, além de se manter ciência como pauta constante no modelo do exame.
Ao mérito da diversidade de gêneros, que tão bem a UFPR propõe aos alunos como forma de avaliação,
agrega-se o que, ao nosso entendimento, é um deslize contumaz do processo: a ausência de questão
envolvendo Literatura.
Duas das cinco propostas abordam o tema da palavra e da leitura. O processo seletivo, no todo, exige o
conhecimento de dez obras literárias, de variados gêneros, ao longo do tempo de preparação.
Pode parecer repetitivo, cansativo, mas sempre perguntamos o porquê dessa ausência, já que nas vezes
em que de alguma forma o conhecimento literário ilustrou questão de compreensão e produção de texto, isso
se revelou importante instrumento para o trabalho dos professores das duas áreas.
Feita a ressalva, mais uma boa prova nestes moldes.
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COMPREENSÃO E PROD. DE TEXTOS
EXEMPLO 1
A artificialidade da escrita em oposição à naturalidade da fala. É nessa
comparação que Steven Pinker fundamenta seu texto “Uma janela para o mundo”,
capítulo de sua obra “Guia da escrita: como conceber um texto com clareza, precisão e
elegância”. Segundo Pinker, como o ato de escrever não é espontâneo nem instintivo, ele
não apenas exige mais prática do que a fala como requer mais esforço na transmissão
do que se quer comunicar. Isso porque o diálogo possui recursos de interação
inexistentes na relação texto–receptor: a expressão facial, o olhar, as atitudes e a
predisposição do que ouve em compreender o que recebe já aquele que precisa se fazer
entender pela palavra escrita, conclui Pinker, tem que ser eficiente em simular sua
relação com o leitor.
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COMPREENSÃO E PROD. DE TEXTOS
EXEMPLO 2
Diferenças entre a fala e a escrita. Eis o tema abordado pelo psicólogo cognitivista Steven
Pinker no texto “Uma janela para o mundo”, trecho extraído da obra “Guia de escrita: como
conceber um texto com clareza, precisão e elegância”, publicada pela editora Contexto. Segundo
Pinker, enquanto a fala é instintiva, natural, a escrita requer aprendizagem e prática, o que a torna
um desafio para toda vida. Para o psicólogo, ambas as formas de comunicação envolvem
diferentes tipos de interação com o outro. O ato da fala propicia o diálogo, que possibilita
apreender algo a mais do interlocutor, como expressão facial, olhar e gestos. Nesse caso, há uma
troca de informações. O mesmo não ocorre quando se escreve. O autor explica que ao se produzir
um texto, imagina-se quem o lerá, cria-se um leitor invisível, simplesmente se faz de conta que ele
existe. Nesse último caso, não há interação, o que não permite um “feedback”.
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COMPREENSÃO E PROD. DE TEXTOS
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COMPREENSÃO E PROD. DE TEXTOS
EXEMPLO 1
“Onde está a esquerda? No fundo à direita”. Este é um dos slogans do movimento político dos
jovens da Espanha em suas ocupações de praças públicas em 2011, Defino-me como um liberal. E
esta definição tanto cabe na direita como na esquerda do espectro, pois a classificação não é tão
simples assim.
Quando se fala de economia, sou liberal, ou seja, de direita, pois defendo a livre iniciativa a
livre concorrência, a tal “mão invisível do mercado” de que falava Adam Smith e oponho-me a
uma economia estatal, de Estado forte e interventor.
Agora, quando o debate é comportamento social sou liberal, ou seja, de esquerda, pois me
oponho àquele reacionário que não percebe os efeitos dos ventos da modernidade. Oponho-me ao
conservador que em nome de rígidos padrões morais quer impor controle à sociedade.
Identifico-me com bandeiras libertárias, como casamento gay, legalização de drogas ou
descriminalização do aborto.
Se sendo um liberal, sou tanto de direita quanto de esquerda, defino-me como um extremista
de centro.
EXEMPLO 2
Sou de esquerda. Mas um verdadeiro revolucionário, Defendo a igualdade, como por exemplo o agora
falecido Fidel Castro.Entendo que na Economia o Estado deve ser forte e robusto. Cabe ao Estado regular a Economia
para que o lucro a todo custo não promova mais tragédias como a da Samarco em 2015, o que jamais ocorreu
quando a Vale do Rio Doce era estatal.
Creio ser insuficiente se apregoar apenas a revolução na Economia. Fidel era de esquerda? Apenas em parte.
Para mim, não bastam avanços sociais obtidos como os conquistados pela revolução cubana. Ok. Saúde e educação
são fundamentais, mas são básicos demais. Um país sem desdentados ou analfabetos é um ponto de partida, um
princípio, não uma finalidade.
Fidel e Guevara perseguiram homossexuais há mais de meio século. Ainda agora, candidatas à presidência
do Brasil identificadas com bandeiras de esquerda, como Heloísa Helena e Marina Silva, assumiram postura
conservadora em questões importantes como aborto e drogas.
Sou revolucionário em permanente transformação.Esquerda sempre. Sintetizo minha posição ideológica na
figura do parlamentar Jean Wyllis.
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COMPREENSÃO E PROD. DE TEXTOS
EXEMPLO 3
O fim da Guerra Fria - que opôs no mundo os pensamentos de direita e de esquerda durante o século
XX - não deixa dúvidas: a direita venceu. O capitalismo é, pois, inquestionável neste século XXI, vez que
as bases concretas do socialismo ruíram com o muro de Berlim. E a encarnação do último suspiro de
sonho acalentado por esse fracasso ideológico, o ditador cubano Fidel Castro, está indo para a sepultura,
desencarnando no momento em que escrevo este texto. Foi-se, com o martelo, o tempo de ter vergonha de
ser de direita.
Conter o capitalismo em nome de bandeiras muitas vezes razoáveis, como justiça social, significou
retrocesso e obstáculo ao progresso. Capitalismo é progresso. Econômico, científico, tecnológico. É
empreendimento, trabalho e emprego. E gera conforto e qualidade de vida.
Garantida a manutenção do progresso com a supremacia da direita no campo econômico,
precisamos estar vigilantes pela manutenção da outra palavra do lema que rege nossa bandeira: a ordem.
A esquerda se move por sonhos utópicos que ameaçam destruir um patrimônio tão laboriosamente
construído pela humanidade e que oferece suporte ao progresso: a estrutura da família, da propriedade e
da fé. A tradição, enfim. Com muito orgulho, considero de direita e conservador da ordem e do progresso.
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COMPREENSÃO E PROD. DE TEXTOS
EXEMPLO 1
A tragédia de não poder ser o que se poderia. Tudo por conta de um Governo corrupto que,
ao comentar a desigualdade de acesso a recursos mata mentes brilhantes. Essa foi em síntese a
sábia crítica de Neil Tyson apresentada em tira do El País. Nada mais acertado, pois a quem falta
comida, difícil preocupar-se com átomos, a quem falta escola, difícil dedicar-se à cura da Aids.
Não à toa, as “maiores mentes” não “nascem” no continente africano ou em solos
subdesenvolvidos, mas na Europa, EUA: Newton, Marie Curie, Galileu Galilei, Bill Gattes. Aliás, se
Einstein fosse um pequeno sírio que conseguisse sonhar em ser cientista e não em chegar vivo à
Alemanha, possivelmente repensaria sua ideia de que “é na dificuldade que se encontra oportunidade”.
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COMPREENSÃO E PROD. DE TEXTOS
EXEMPLO 2
Neil Degrasse Tyson, um dos divulgadores científicos mais reconhecidos do mundo, tem
suas ideias sobre a relação entre equilíbrio social e ciência abordadas em uma sequência de
quadrinhos publicados no jornal El País.
Para o cientista, a desigualdade social, que narra de governos ruins e da corrupção, impede o
desenvolvimento científico e tecnológico. Perder, para a fome e a miséria, talentos como o de
Einstein, pai da Teoria da Relatividade e Nobel de Física em 21, reprime o avanço da própria
civilização.
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COMPREENSÃO E PROD. DE TEXTOS
EXEMPLO 1
O professor e filósofo norte-americano Jason Brennan é famoso por sua tese de que só
os bem-instruídos deveriam participar do processo democrático. Parece que Brennan, ao
propor o que se chama de epistocracia, esquece ou omite o fato de que Portugal, por
exemplo, foi governado por um acadêmico numa das mais longas ditaduras do século XX.
Inspirado no modelo fascista, Salazar mergulhou seu país no atraso, na censura e no
isolamento por 41 anos.
Então, só mesmo uma mente inferior e inflamada de paixões totalitárias pensaria
numa “evolução” da democracia em que o poder político estaria na mão de poucos. A
autoridade emanada do conjunto dos cidadãos, ainda que fosse a pior forma de governo,
superaria com folga qualquer fórmula retrógrada vinda daqueles que se veem como
superiores.
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COMPREENSÃO E PROD. DE TEXTOS
EXEMPLO 2
Deixe-se de lado o discurso sobre a “onda conservadora varrendo o mundo”. Fato inconteste
e real que é, fiquemos nas causas. Se há algo de podre na democracia em sua configuração atual,
como sugere Jason Brennan, é porque o sistema não é imune ao silêncio perigoso e sorrateiro
(envergonhado?) emanado das urnas em eleições ou consultas populares, paralisando um
mundo estupefato ao constatar, a cada nova surpresa, que não, a História jamais acabará.
Antes que se acuse a epistocracia defendida por Brennan de elitista, basta lembrar que foi a
aquiescência dos analfabetos políticos quem ajudou a forjar ditaduras, totalitarismo,
autoritarismo. E eles, comumente, depois se omitem diante das consequências de suas escolhas. Se
o cidadão médio não consegue perceber o risco que corre em seus direitos e suas conquistas
quando avaliza o que a democracia - bem ou mal - lhe descortina, é o caso de se considerar uma
opção que permita à História não se repetir como farsa. O que está aí já sabemos o que nos traz.
Todo poder aos que pensam!
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COMPREENSÃO E PROD. DE TEXTOS
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COMPREENSÃO E PROD. DE TEXTOS
EXEMPLO
Um país se faz com homens e livros. A célebre frase de Monteiro Lobato, dita numa época em
que ser alfabetizado era para poucos, nos dá um alento ao analisar o gráfico “Evolução da leitura
no Brasil entre 2011 e 2015”. A pesquisa faz parte da 4ª edição nacional “Retratos da Leitura no
Brasil”, realizada pelo IBOPE e, apesar de ainda se ler pouco no Brasil, houve um crescimento em
relação à média anterior (50%). Dentre as cinco regiões, a que mais evoluiu foi a Sudeste, com 5 pp
acima da média brasileira atual. A Região Sul, por sua vez, embora tenha evoluído 7 pp (era 43%
em 2011), ainda permaneceu abaixo da média nacional. Já o Nordeste, em 2011, estava acima da
média 1 ponto percentual e manteve a mesma porcentagem. Tal dado não distancia essa região
dos índices positivos. Maior inserção nas universidades, o Vale-Cultura, a ascensão das Classes
Sociais, campanhas midiáticas e parcerias de empresas com setores educacionais; além de maior
acesso ao livro graças a edições de baixo custo e informatizadas. Todos esses fatores justificam a
evolução do número de leitores na média nacional.
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COMPREENSÃO E PROD. DE TEXTOS
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