CAPÍTULO 1 GRANDEZAS ELÉTRICAS BÁSICAS 1.1 CONDUTORES E ISOLANTES A estrutura íntima dos materiais é um ramo da Física que ainda não está completamente estudado. No entanto, grande parte dos fenômenos elétricos e eletromagnéticos pode ser explicada usando-se um modelo bastante simples, conhecido como o átomo de Rutherford. O modelo de Rutherford, também chamado planetário é visto na Figura 1.1; propõe que qualquer átomo possui um núcleo – composto por cargas positivas (prótons) e neutras (nêutrons) – em torno do qual circulam cargas negativas (elétrons) em órbitas bem definidas. Para o estudo de Eletricidade importam apenas os elétrons que ocupam a camada mais distante do núcleo. São as propriedades desses elétrons que ditarão as características elétricas do material. Assim, se os elétrons Figura 1.1 - Átomo de Rutherford. da camada mais externa estiverem frouxamente ligados ao núcleo, eles poderão “fugir” do átomo, tornando-se elétrons livres, capazes de se movimentar aleatoriamente através do material. Na maior parte dos casos práticos, são esses elétrons livres que participam dos processos elétricos como portadores de corrente. Materiais condutores são aqueles que possuem grande quantidade de elétrons-livres: mesmo pequenas quantidades de energia são suficientes para desalojá-los de seus átomos. Materiais desta categoria, que inclui a maioria dos metais, são adequados para a confecção de fios, fusíveis, contatos, etc. Nos materiais isolantes, mesmo os elétrons mais externos estão fortemente ligados ao núcleo, de forma que só podem ser libertados pela aplicação de grandes quantidades de energia. Isso os tornando adequados para a confecção de dispositivos de isolação (dielétricos): borrachas, cerâmicas e poliestireno são alguns desses materiais. No linguajar dos eletricistas, o termo condutor costuma ser aplicado aos fios e cabos, elementos usados na transmissão e distribuição de energia elétrica. Os fios são condutores maciços e rígidos; cabos são condutores formados por dois ou mais fios, geralmente trançados, o que lhes confere maior flexibilidade. 1.2 CORRENTE ELÉTRICA A corrente elétrica (simbolizada por i) consiste no movimento de cargas elétricas em um sentido predominante. Este movimento sempre é devido à existência de uma tensão (V. Seção 1.3) e seu sentido depende do tipo de carga elétrica que está em movimento. Como se viu na seção anterior, nos condutores metálicos as cargas disponíveis são negativas (elétronslivres), de modo que o seu deslocamento coincide com o chamado sentido eletrônico da corrente. No entanto, historicamente os conceitos da Física foram criados a partir de cargas positivas; chama-se sentido convencional àquele do deslocamento dessas cargas positivas. A Figura 1.2 mostra a diferença entre essas Figura 1.2 – Sentidos convencional e eletrônico da corrente em um condutor. duas convenções; neste trabalho adotou-se o sentido convencional para a corrente. Além do sentido, a corrente também é caracterizada por um módulo ou intensidade1, que considera a variação da carga q que passa pelo condutor durante o intervalo de tempo t. Assim, o módulo é dado por q (1.1) i t e tem como unidade o Ampère (símbolo A). São bastante comuns os submúltiplos miliampère (mA) = 10-3 A e microampère (A) = 10-6 A Quando o módulo e o sentido da corrente em um condutor não variam com o tempo, como o caso mostrado no gráfico da Figura 1.3a, está-se tratando de corrente contínua (CC); equipamentos alimentados por pilhas ou baterias operam com correntes desse tipo. Se o módulo e o sentido variam no tempo de forma a serem descritos por uma função senoidal, como mostrado na Figura 1.3b, diz-se tratar de corrente alternada (CA)2. Quando a corrente elétrica passa por um corpo, um ou mais dos seguintes efeitos podem ser observados: Produção de calor, resultante dos choques entre as cargas portadoras de corrente com partículas do material condutor. Este efeito fundamenta a ação de inúmeros aparelhos, como chuveiros e aquecedores elétricos, relés e fusíveis; 1 Alguns eletricistas usam o termo amperagem. É oportuno lembrar que na língua inglesa usam-se os termos DC (de direct current) e AC (de alternated current) para corrente contínua e corrente alternada, respectivamente. 2 2 Geração de luz: por vezes o calor gerado pela corrente é tão elevado que leva o condutor à incandescência, produzindo luz no espectro visível. É o caso das lâmpadas incandescentes e mistas. Criação de um campo magnético em torno do condutor, fenômeno que fundamenta o funcionamento dos motores elétricos; Interferência em atividades dos seres vivos, cuja manifestação mais evidente é o choque elétrico; os eletrocardiógrafos, as cercas eletrificadas e desfibriladores também são baseados nesse efeito; Reações químicas, como aquelas utilizadas como princípio em eletrólise e cromagem de metais (a) (b) Figura 1.3 - Formas de onda de corrente: (a) contínua; (b) alternada. 1.3 TENSÃO ELÉTRICA A tensão elétrica é uma espécie de “força” que desloca as cargas elétricas em um circuito fechado; portanto, a corrente elétrica sempre é um resultado da aplicação de tensão. Diferença de potencial (d.d.p.), força eletromotriz (f.e.m.) e voltagem são outros termos usados para designar tensão. A tensão (u) fornece energia uma carga q do circuito, de forma que seu módulo é dado por (1.2) u q Sua unidade é o Volt (símbolo V), mas os seguintes múltiplos e submúltiplos aparecem com freqüência: quilovolt (kV) = 103 V e milivolt (mV) = 10-3 V Quando aplicada aos terminais de um dispositivo, a tensão altera o equilíbrio das cargas: um destes terminais ficará com falta de elétrons - e, portanto, positivamente carregado - enquanto o outro terá excesso de elétrons, ficando carregado com carga negativa. Chama-se a isto de polaridade da tensão, que é representada por um par de sinais + e – (Figura 1.4). 3 Figura 1.4 - Polaridade da tensão De acordo com seu comportamento em relação ao tempo, as tensões podem ser classificadas em dois tipos: contínua (CC): quando mantém constantes seu módulo e sua polaridade. Uma pilha e a bateria de um automóvel são exemplos de tais fontes. alternada (CA): quando é do tipo senoidal, como aquela fornecida pelas tomadas residenciais. 1.4 POTÊNCIA E ENERGIA O conceito de energia é intuitivo. Em Eletrotécnica, diz-se que é uma grandeza capaz de alterar o comportamento das cargas elétricas de um circuito. Sua unidade no SI é o joule (símbolo J), cujo uso em aplicações elétricas geralmente produz números muito grandes, de modo que usualmente trabalha-se com uma unidade “derivada”, chamada quilowat-hora (kWh) = 3.600 J A potência é uma grandeza que revela como se comporta a energia associada a um corpo em relação ao tempo3. Assim p t (1.3) No Sistema Internacional, a unidade de potência é o Watt (símbolo W), sendo corriqueira, ainda, a utilização dos seguintes múltiplos e submúltiplos: megawatt (MW) = 106 W quilowatt (kW) = 103 W miliwatt (mW) = 10-3 W. Quando se trata de potência mecânica, geralmente associada a motores elétricos, costuma-se utilizar as seguintes unidades: cavalo-vapor (cv) = 736 W horse-power (hp) = 745,7 W. 3 Costuma-se dizer que a potência mede a velocidade com que a energia de um sistema é transformada. 4 No caso de aplicações elétricas, e levando-se em consideração as Equações 1.1 e 1.2, pode-se reescrever a Equação 1.3 como se segue: p q t q t p = u.i (1.4) que é a chamada potência instantânea, pois depende dos valores de tensão e corrente a cada instante. Quando se lida com tarifação de energia elétrica, é comum chamar-se demanda à potência exigida por um equipamento e consumo à energia requerida pelo mesmo. Como em qualquer sistema físico, existem nos circuitos elétricos elementos que fornecem energia e outros que a absorvem, armazenando-a ou transformando-a em outro tipo de energia. Por convenção, a potência absorvida por um elemento tem sinal positivo e acontece quando o sentido da corrente é tal que entra pelo pólo positivo da tensão no elemento; se, ao contrário, a corrente entra pelo pólo negativo da tensão, a potência associada ao elemento é negativo, isto é, ele estará fornecendo potência. 1.5 RENDIMENTO O rendimento () é a relação entre as potências de saída (Ps) e de entrada (Pe) de um circuito ou equipamento, isto é Ps Pe (1.5) Esta grandeza adimensional exprime a eficiência de um equipamento ou circuito, pois a diferença entre essas potências corresponde às perdas que ocorrem dentro do equipamento ou ao longo de sua alimentação. Muitas vezes, o rendimento é expresso em termos percentuais (%) relativamente à potência de entrada. O significado dessas potências e das perdas é mostrado na Figura 1.5, no que se chama balanço de potências. Conforme a Lei da Conservação de Energia, este balanço sempre deve ser igual a zero, isto é Pe = Ps + perdas Figura 1.5 – Balanço de potências num equipamento elétrico. 5 CAPÍTULO 2 CIRCUITOS ELÉTRICOS: LEIS FUNDAMENTAIS E CONCEITOS BÁSICOS 2.1 TERMINOLOGIA EMPREGADA Um circuito elétrico resulta da interligação de elementos de forma a orientar o fluxo de energia para obter um efeito específico (como limitar a corrente em um dispositivo ou ligar um equipamento elétrico). Na Fig. 2.1a é mostrado um circuito que envolve uma lâmpada e um motor elétrico de CC; este circuito real pode ser representado através de um esquema, mostrado na Figura 2.1b. (a) (b) Figura 2.1 – Circuito elétrico: (a) visão real; (b) esquema representativo. A seguir, são definidos alguns termos usados na análise de circuitos elétricos: Nó: ponto de conexão entre dois ou mais elementos que compõe um circuito; na Figura 2.1, os pontos a e b são nós que conectam três elementos cada um (chamados nós efetivos), enquanto que os pontos m e n são nós que conectam dois elementos (nós aparentes). Ramo: trecho do circuito compreendido entre dois nós efetivos. No circuito da Figura 2.1b há três ramos, todos delimitados pelos nós efetivos a e b: um com a fonte de 12 V, o segundo com o interruptor Ch 1 e a lâmpada L e o último com a chave Ch 2 e o motor M. Laço: qualquer percurso fechado de um circuito. Existem três laços no circuito da Figura 2.1b: um externo (contendo a fonte, a chave Ch 2 e o motor) e dois internos (o primeiro com a fonte, o interruptor Ch 1 e a lâmpada e o outro com os dois interruptores, a lâmpada e o motor). Malha é um percurso fechado (laço) que não tem qualquer internamente; é o caso dos dois percursos internos do circuito da Figura 2.1(b). A Figura 2.2 mostra um circuito hipotético contendo seis elementos. Apesar de seus seis pontos de conexão (a, b, c, d, e e f), este circuito tem somente quatro nós: os pontos b e e estão ligados entre si, sem que haja qualquer elemento entre eles, configurando um único nó; o mesmo se dá com os pontos d e f. Assim, os nós desse circuito são a, b, c e d, sendo a e c nós aparentes. É costume expressarem-se as tensões através da chamada notação de subíndice duplo, na qual se podem substituir os sinais + e – indicativos da polaridade por um subíndice que explicita os dois nós entre os quais se está verificando a tensão: a primeira letra (ou número) representa o nó com polaridade positiva. Por exemplo, na Figura 2.2 se uab = 10 V, o nó a é o polo positivo da tensão; porém se ucd = - 8 V, então o polo positivo está posicionado no nó d. Figura 2.2 – Circuito hipotético. 2.2 LEIS DE KIRCHOFF O estudo de Eletrotécnica está fortemente ancorado em duas leis enunciadas pelo alemão Georg Kirchoff, há mais de três séculos atrás: a) Lei das Correntes (LCK) Em um circuito elétrico, a soma algébrica das correntes de qualquer nó é igual à zero, a qualquer instante de tempo. Se adotarmos um sinal para as correntes que chegam ao nó e o sinal oposto para as correntes que dele saem, a Lei das Correntes de Kirchoff pode ser dada por uma soma algébrica, isto é: i NÓ 0 Por exemplo, no circuito da Figura 2.2, a LCK aplicada ao nó b resulta em: i1 - i2 - i3 - i4 = 0. 8 (2.1) b) Lei das Tensões (LTK) A soma algébrica das tensões ao longo de um laço de circuito é igual a zero, a qualquer instante de tempo. Matematicamente esta lei pode ser expressa pela equação u LAÇO 0 (2.2) Para aplicar essa lei a um laço, escolhe-se um sentido para o percurso (horário ou anti-horário); ao se "entrar" num elemento por seu pólo positivo, soma-se a tensão sobre o mesmo, caso contrário subtrai-se esta tensão. Exemplificando, se for tomado o laço esquerdo do circuito da Figura 2.2 e a escolha do sentido do percurso for horária, a LTK ficará: uab + ubc + ucd – uad = 0. 2.3 ASSOCIAÇÃO DE ELEMENTOS Os elementos de um circuito elétrico são interligados de forma a produzir algum resultado que se deseje. Esta interligação ou associação de elementos pode dar-se de duas maneiras: em série ou em paralelo. 2.3.1 Em Série Dois ou mais elementos estão associados em série quando a são percorridos pela mesma corrente; portanto, os elementos que compõe a associação série formam um único ramo. Os elementos E1, E2 e E3 mostrados na Figura 2.3a estão associados em série, sendo a corrente i comum a todos eles. Observe-se que as tensões sobre os elementos podem diferir entre si, mas, de acordo com a LTK: uad = uab + ubc + ucd. Um dos aspectos importantes da associação série é que a retirada ou avaria de um dos elementos interrompe o funcionamento de todo o ramo. Assim, faz-se esse tipo de associação quando se deseja controlar, proteger ou limitar a corrente em um dispositivo. Por exemplo, na Figura 2.3b, o disjuntor (dispositivo de proteção), o amperímetro (aparelho de medida de corrente) e a chave (dispositivo de controle) estão ligados em série com o motor M em uma rede de 220 V CA. 9 Figura 2.3 – Associação de elementos em série: (a) associação genérica; (b) exemplo de associação série. 2.3.2 Em Paralelo Dois ou mais elementos estão associados em paralelo quando estão submetidos à mesma tensão. Portanto, numa associação paralela, todos os elementos componentes estão ligados a um mesmo par de nós do circuito. Na Figura 2.4a, os elementos E1, E2 e E3 estão associados em paralelo, todos eles submetidos à mesma tensão uab. As correntes nos elementos não serão necessariamente iguais entre si e a aplicação da LCK ao nó a resulta na equação i = i1 + i2 + i3. Figura 2.4 – Associação de elementos em paralelo: (a) associação genérica; (b) exemplo de instalação residencial. Usa-se a associação em paralelo para interligar os equipamentos nas instalações elétricas residenciais e industriais (Figura 2.4b), já que possibilita a alimentação de todos eles com a tensão da rede elétrica, além de permitir a inserir (ligar) ou retirar (desligar) uma carga sem interferir no funcionamento das demais. 10 CAPÍTULO 3 ELEMENTOS DOS CIRCUITOS 3.1 INTRODUÇÃO Um circuito elétrico pode ser composto de vários dispositivos, como interruptores, motores e lâmpadas, interligados por condutores (fios ou cabos). Para facilitar os processos de análise, muitas vezes convém trabalhar com modelos físicos desses dispositivos. Tais modelos são construídos a partir de quatro elementos básicos, também chamados ideais: resistores, indutores, capacitores e fontes de alimentação. 3.2 RESISTORES A resistência é a grandeza que quantifica o grau de oposição que um corpo oferece à passagem de corrente elétrica. Resistores são elementos especialmente construídos para apresentarem resistência1. Algumas das aplicações dos resistores são a limitação da corrente elétrica e a produção de calor; lâmpadas incandescentes também aproveitam a resistência de seu filamento para a produção de luz. Porém o fenômeno da resistência pode ser utilizado por dispositivos que operam com outras grandezas físicas, como esforços mecânicos ou temperatura (Figura 3.1). (a) (b) (d) (c) (e) Figura 3.1 – Exemplos de resistores comerciais: (a) de carbono; (b) de fio, para aquecimento; (c) termistor (resistor controlado por temperatura); (d) célula de carga (resistor controlado por esforço mecânico); (e) LDR (resistor controlado por luz). 1 Resistor é o elemento físico (substantivo) e resistência é a sua qualidade (adjetivo). No entanto, é comum chamar o resistor de resistência. Os resistores podem ser fixos ou variáveis; estes, muitas vezes chamados de potenciômetros, podem ter sua resistência alterada mediante o giro de um eixo ou deslizando-se um contato. Os símbolos de resistores são mostrados na Figura 3.2. (a) Figura 3.2 - Tipos de resistores e simbologia: (a) fixo; (b) variável (potenciômetro). (b) Se uma tensão u é aplicada a um corpo, por este circulará uma corrente i. A resistência desse corpo é dada pela relação conhecida como Lei de Ohm: R u i (3.1) e sua unidade é o ohm (símbolo ). Resistores comerciais atingem facilmente a casa dos quilohms (k = 103) ou megohms (M = 106). Denomina-se condutância (G) ao inverso da resistência, isto é G 1 R (3.2) cuja unidade é o Siemen (S)2. A resistência de um corpo depende de suas dimensões físicas e do material com que é confeccionado. Se l é o comprimento do corpo (no sentido do deslocamento da corrente) e A é área de seção reta, sua resistência é dada por R A (3.3) onde é a chamada resistividade do material. No SI a resistividade é dada em ohm × metro (.m), porém uma unidade mais prática é o ohm × milímetro quadrado/metro (.mm2/m). A Tabela 3.1 mostra a resistividade de alguns materiais usados em Eletrotécnica. A temperatura também exerce influência sobre o valor da resistência: nos condutores metálicos a resistência é diretamente proporcional à temperatura; porém em certos materiais, como o carbono, esta variação se dá de forma indireta. O coeficiente de temperatura é a grandeza que relaciona a resistência e a temperatura: se Rref é a resistência de um corpo à temperatura de referência ref (usualmente 20 oC), para outra temperatura , a resistência desse corpo será R R ref [1 ( ref ] 2 (3.4) Esta unidade também é conhecida por mho, que é a grafia inversa de ohm, tendo como símbolo o ohm invertido (Ʊ). 12 No SI a unidade do coeficiente de temperatura é o grau Celsius inverso (1/oC = oC-1) e a Tabela 3.1 mostra o valor de para alguns materiais usados em Eletrotécnica. Tabela 3.1 – Valores de resistividade e coeficiente de temperatura de alguns materiais usados em Eletrotécnica Material Aço Alumínio Borracha Carbono (grafite) Cobre Constanta1 Germânio Manganina2 Nicromo3 Silício Resistividade (.mm2/m) 0,0971 0,0265 11019 35,00 0,0172 0,4900 4,6105 0,4820 1,500 6,4108 Coeficiente de temperatura (oC-1) 1110-6 0,0039 -0,0005 0,0068 10-5 -0,05 210-6 0,0004 -0,07 1 Liga com 55% de Cu e 45% Ni Liga com 86% de Cu, 12% de Mn e 2% de Ni 3 Liga com 61% de Ni, 23% de Cr e 16% de Mo 2 A potência associada a resistores pode ser determinada conjugando-se as equações 1.4 e 3.1: p u.i (R.i).i p Ri 2 (3.5) u2 u p u.i u p R R (3.6) ou, alternativamente, Se uma corrente i (ou uma tensão u) é aplicada a um resistor R durante um intervalo de tempo t, a energia associada ao elemento é u2 (3.7) Ri 2 t t R Associação de resistores Em série Na Figura 3.3a vê-se uma associação série de três resistores, o que significa que a corrente i é comum a todos. Se u1, u2 e u3 forem as tensões sobre os resistores R1, R2 e R3, respectivamente, e uT for a tensão na entrada da associação, a LTK impõe: uT = u1 + u2 + u3. Usando a Lei de Ohm (Equação 3.1) uT = R1.i + R2.i + R3.i = (R1 + R2 + R3).i 13 Figura 3.3 – Associação de resistores em série: (a) associação de três resistores em série; (b) resistor equivalente. O resistor equivalente Req (Figura 3.3b) é aquele que produzirá a mesma corrente i se lhe for aplicada a mesma tensão uT. Neste caso uT = Req.i Comparando as duas equações Req = R1 + R2 + R3 Generalizando, pode-se dizer que para uma associação de n resistores em série, a resistência equivalente é dada pela soma das n resistências: n R eq R n (3.8) i 1 Em Paralelo Se três resistores R1, R2 e R3 estão associados em paralelo (Figura 3.4a), alimentados por uma tensão comum u, a corrente sobre cada um deles será, respectivamente, i1, i2 e i3. Pela LCK, conjugada com a Lei de Ohm, a corrente total da associação será: i T i1 i 2 i 3 1 u u u 1 1 u R1 R 2 R 3 R R R 1 2 3 Para o resistor equivalente Req (Figura 3.4b), vale a equação iT u R eq logo, comparando as duas expressões: 1 1 1 1 R eq R 1 R 2 R 3 14 Figura 3.4 – Associação de resistores em paralelo: (a) associação de três resistores em paralelo; (b) resistor equivalente. Para n resistores em paralelo, a resistência equivalente pode ser encontrada através da expressão: n 1 1 R eq i 1 R i (3.9) 3.3 CAPACITORES Capacitores são elementos compostos por duas superfícies condutoras, chamadas armaduras, isoladas uma da outra por um dielétrico. Na Figura 3.5 vê-se o símbolo genérico de capacitores (fixos e variáveis). Figura 3.5 – Símbolo de capacitor: (a) fixo; (b) variável ou ajustável. Quando um capacitor é submetido a uma tensão u, certa quantidade de cargas elétricas negativas (-q) é armazenada em uma das armaduras; para atender ao equilíbrio eletrostático, a outra armadura ficará carregada positivamente com carga +q, de mesmo módulo. A carga em cada uma dessas armaduras dependerá da tensão aplicada, segundo a equação q = Cu (3.10) onde C é uma constante de proporcionalidade denominada capacitância, tendo por unidade o Farad (F). Em termos práticos, essa unidade é muito grande, de forma que a ordem de grandeza dos capacitores comerciais é microfarad (F) = 10-6 F nanofarad (nF) = 10-9 F ou picofarad (pF) = 10-12 F. 15 Se a tensão nos terminais de um capacitor sofrer variação, haverá alteração da carga acumulada nas armaduras; neste caso, a movimentação das cargas se constituirá em corrente. De fato, derivando a Equação 3.8 em relação ao tempo dq d (Cu ) dt dt De acordo com a Equação 1.1, o termo mais à esquerda representa a corrente i no capacitor, logo iC du dt (3.11) A análise desta equação deixa claro que só haverá corrente num capacitor se a tensão em seus terminais variar. No caso de tensões constantes, a corrente será sempre zero, seja qual for o módulo; diz-se, assim, que um capacitor se comporta como um circuito aberto quando submetido a CC3. A energia armazenada no campo elétrico de um capacitor de capacitância C é dada por du p.dt u.i.dt u. C .dt C.u.du dt 1 2 Cu 2 (3.12) A capacitância é uma grandeza que depende, fundamentalmente, das dimensões das armaduras, da distância entre elas e do dielétrico usado. A Tabela 3.2 relaciona alguns dielétricos e sua constante dielétrica (), grandeza adimensional que indica quantas vezes a capacitância de um capacitor usando tal dielétrico seria maior que a de outro, idêntico, porém usando o vácuo como dielétrico. Tabela 3.2 – Constante dielétrica de alguns dielétricos usados em capacitores. Constante dielétrica () vácuo 1 água destilada 80 ar (1 atm) 1,0006 ar (100 atm) 1,0548 mica 3-7 óleo 4 papel 4-6 Material Constante dielétrica () papel parafinado 2,5 plástico 3 polistireno 2,5 - 2,6 pyrex 5,1 silício fundido 3,8 teflon 2 titanatos 50 - 10000 Material 3 Esta afirmativa só é válida quando o circuito no qual está inserido o capacitor tiver atingido o chamado regime permanente (v. Seção 4.2). 16 Os capacitores comerciais podem ter denominação de acordo com a forma de suas armaduras (placas planas, tubulares, etc.) e/ou conforme o dielétrico utilizado (mica, poliestireno, etc.). A Figura 3.6 mostra alguns capacitores comercialmente disponíveis. (a) (b) (d) (e) (c) (f) Figura 3.6 – Capacitores comerciais: (a) eletrolítico; (b) poliéster metalizado; (c) tântalo; (d) "disco", com dielétrico cerâmico; (e) variável, com dielétrico de ar; (f) capacitor ajustável ou trimmer. Associação de capacitores Em série A Figura 3.7a mostra três capacitores C1, C2 e C3 associados em série, sendo u1, u2 e u3 a tensão sobre cada um deles, respectivamente. Aplicando a LTK, conjugada com a expressão inversa da Equação 3.11, a tensão uT nos terminais da associação será: u T u1 u 2 u 3 1 1 1 1 1 1 i.dt i.dt i.dt i.dt C1 C2 C3 C1 C 2 C 3 Figura 3.7 – Associação de capacitores em série: (a) associação de 3 capacitores em série; (b) capacitor equivalente. 17 Para o capacitor equivalente Ceq mostrado na Figura 3.7b a equação será uT 1 i.dt C eq logo, comparando as duas últimas expressões: 1 1 1 1 C eq C1 C 2 C 3 Generalizando, o capacitor equivalente de uma associação série de n capacitores é n 1 1 C eq i 1 C i (3.13) Em paralelo Numa associação paralela de capacitores, como a da Figura 3.8a, a aplicação da LCK assegura que: i T i1 i 2 i 3 C1 du du du du C2 C3 C1 C 2 C 3 dt dt dt dt Para o circuito do capacitor equivalente Ceq mostrado na Figura 3.8b i T C eq du dt de onde se conclui que Ceq = C1 + C2 + C3 Para uma associação de n capacitores em paralelo n C eq C i (3.14) i 1 Figura 3.8 – Associação de capacitores em paralelo: (a) associação de 3 capacitores em paralelo; (b) capacitor equivalente. 18 3.4 INDUTORES No entorno de um condutor percorrido por corrente um campo magnético é criado (Figura 3.9a); se este condutor é enrolado em forma de bobina (Figura 3.9b), este campo é reforçado. Os campos magnéticos são representados por linhas, e o número de linhas por unidade de área é denominado fluxo magnético (). (a) (b) Figura 3.9 - Campo magnético criado por corrente: (a) em um condutor retilíneo; (b) em uma bobina. É importante observar que o fluxo é diretamente proporcional ao módulo da corrente. No caso de um enrolamento com N espiras, o fluxo total é N = Li (3.15) onde L é uma constante de proporcionalidade chamada indutância, cuja unidade no SI é o Henry (H). Indutores são elementos que se caracterizam por apresentar indutância; na Figura 3.10 são mostrados o símbolo destes elementos e alguns exemplos de indutores disponíveis no comércio. (a) (b) (d) (c) Figura 3.10 – Indutores: (a) símbolo; (b) para montagem em circuito impresso; (c) com núcleo de ar; (d) com núcleo de ferrite (choke). 19 Em meados do século XIX, Faraday demonstrou a interação existente entre variações do campo magnético e a geração de tensão. Segundo a lei que leva seu nome, se o fluxo magnético total em uma bobina varia com o tempo, entre seus terminais será induzida uma tensão (u) proporcional à taxa da variação do fluxo com o tempo, isto é u d( N) dt (3.16) di dt (3.17) Conjugando as Equações 3.15 e 3.16 uL É importante observar que só há tensão nos terminais de um indutor se a corrente que o percorre variar com o tempo. Se o condutor for percorrido por corrente contínua, sua tensão será nula: por isso se diz que os indutores se comportam como curto-circuito em CC4. Os indutores referidos no parágrafo anterior são elementos ideais; na prática, há que se considerar a resistividade do condutor com o qual se faz o enrolamento. Fique claro que, a menos que se diga em contrário, os indutores referidos neste texto sãoconsiderados ideais. A energia que está armazenada no campo magnético de um indutor é dada por: di p.dt u.i.dt L .i.dt L.i.di dt 1 2 Li 2 (3.18) Associação de indutores Em série A Figura 3.11a mostra três indutores L1, L2 e L3 associados em série, sendo u1, u2 e u3 a tensão sobre cada um deles, respectivamente. Aplicando a LTK, conjugada com a Equação 3.17, a tensão uT nos terminais da associação será: u T u 1 u 2 u 3 L1 di di di di L 2 L 3 ( L1 L 2 L 3 ) dt dt dt dt Para o indutor equivalente Leq mostrado na Figura 3.11b a equação será u T L eq di dt logo, comparando as duas últimas expressões: Leq = L1 + L2 + L3 4 Como no caso dos capacitores, esta afirmativa é válida quando o circuito no qual está inserido o indutor tiver atingido o chamado regime permanente (V. Seção 4.2). 20 Então, dada uma associação de n indutores em série: n L eq L i (3.19) i 1 Figura 3.11 – Associação de indutores em série: (a) associação de 3 indutores em paralelo; (b) indutor equivalente. Em paralelo Numa associação paralela de indutores, como a da Figura 3.12a, a aplicação da LCK assegura que: i T i1 i 2 i 3 1 1 1 1 1 1 u.dt u.dt u.dt u.dt L1 L2 L3 L1 L 2 L 3 Para o circuito do indutor equivalente Leq mostrado na Figura 3.12b iT 1 u.dt L eq de onde se conclui que 1 1 1 1 L eq L1 L 2 L 3 Figura 3.12 – Associação de indutores em paralelo: (a) associação de 3 indutores em paralelo; (b) indutor equivalente. 21 Generalizando, o indutor equivalente de uma associação série de n indutores é n 1 1 L eq i 1 L i (3.20) 3.5 FONTES Fontes são elementos cuja função é alimentar os circuitos, isto é, fornecer-lhes a energia necessária para seu funcionamento. Caracterizam-se por apresentar entre seus terminais de saída uma tensão, muitas vezes chamada de força eletromotriz (f.e.m.), que pode ser contínua ou alternada. Assim, as fontes podem ser classificadas em fontes de CC, que fornecem uma tensão constante, como as pilhas e baterias automotivas; fontes de CA, em cuja saída tem-se uma tensão senoidal, como nos alternadores. Os símbolos usados para os dois tipos de fontes são mostrados na Figura 3.13. Figura 3.13 – Símbolos de fontes: (a) de CC fixa; (b) de CC variável; (c) de CA. Quando uma carga é conectada à saída da fonte haverá circulação de corrente, cuja intensidade dependerá das exigências da carga (Figura 3.14a). Uma fonte de tensão ideal é aquela cuja tensão de saída (u) independe da corrente (i) fornecida à carga; sua característica VA é, portanto, uma reta paralela ao eixo das abscissas, como mostra a linha tracejada na Figura 3.14b. Figura 3.14 – Fontes: (a) modelo de uma fonte alimentando uma carga; (b) característica VA de fonte ideal e real. 22 Na prática, as fontes reais se comportam como ideais dentro de certo intervalo: à medida que a carga exija correntes mais altas, a tensão nos terminais da fonte começa a decrescer (Figura 3.14b, em linha cheia). A tensão nominal é aquela fornecida pela fonte quando a corrente em seus terminais é zero, ou seja, quando não há carga conectada à fonte (diz-se que os terminais da fonte estão em aberto). Então, na característica V×A da Figura 3.14b, quando i = 0 u = En (3.21) onde En é a tensão nominal da fonte. Embora se esteja usando um exemplo de CC, o raciocínio vale também para as fontes de CA. Associação de fontes • Associação série Fontes podem ser associadas em série a fim de aumentar multiplicar a tensão. Só há sentido em tal associação se as fontes forem iguais entre si; se isto não ocorrer, há o risco de um dos elementos drenar energia de outros. Na associação de fontes em série deve-se observar a polaridade de cada uma delas e ligar-se o pólo positivo de uma com o negativo da seguinte. Nesse caso, se houver n fontes iguais, cada qual com tensão nominal En, a tensão nos terminais da associação será uT = nEn (3.22) • Associação paralelo O requisito básico para a ligação de fontes em paralelo é que todos os elementos tenham a mesma tensão nominal5. Aparentemente não há vantagem neste tipo de associação, já que a tensão na saída é igual à de qualquer dos elementos. Porém há que se lembrar que a tensão nos terminais de saída de uma única fonte diminui, à medida que maiores correntes lhe são solicitadas; assim, se forem ligadas n fontes em paralelo, a corrente fornecida por cada uma será i iT n (3.23) onde iT é a corrente total solicitada pela carga que está sendo alimentada, e a tensão na saída da associação estará mais próxima à tensão nominal das fontes. 3.6 ELEMENTOS ESPÚRIOS Por vezes, os efeitos de resistência, indutância ou capacitância aparecem onde não são desejados e por mais que o projetista do circuito se esforce, não consegue eliminá-los completamente; nesses casos, os elementos são chamados espúrios. 5 No caso de associação de fontes CA (como transformadores) outros requisitos deverão ser atendidos, como se verá na Seção 8.7. 23 É o caso de um fio condutor em uma instalação: sua resistência própria (dada pela Equação 2.3) é perniciosa, pois desperdiça energia quando o condutor é percorrido por corrente elétrica. O caso de uma linha de transmissão é muito mais complexo, pois além da resistência intrínseca dos condutores, devem ser considerados os efeitos indutivos (devido à proximidade dos fios entre si) e capacitivos (proximidade dos fios entre si e com a terra). 24 CAPÍTULO 4 CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA 4.1 INTRODUÇÃO Em termos práticos, a utilização de corrente contínua não é tão ampla quanto à da corrente alternada (V. Seção 5.1); porém é interessante iniciar o estudo de análise com circuitos elétricos alimentados por CC, de vez que se elimina, neste caso, a variação temporal das grandezas. O trabalho com grandezas constantes elimina boa parte das complicações matemáticas, produzindo equações mais simples de resolver e de entender. Os métodos usados em CC poderão ser depois aplicados aos circuitos de CA com algumas adaptações. 4.2 TRANSITÓRIO E REGIME PERMANENTE Sempre que existirem indutores e/ou capacitores em um circuito, seu comportamento (resposta completa) pode ser dividido em duas etapas: o transitório e o regime permanente. Durante o transitório, as tensões e correntes no circuito se "acomodam" até atingirem a estabilidade, quando se diz que o regime permanente foi alcançado. Isto é válido para qualquer tipo de alimentação (CC ou CA). A duração do transitório depende dos elementos que compõe o circuito e de seus valores, porém na maioria das situações práticas dificilmente ultrapassa alguns poucos segundos; já o regime permanente tem duração ilimitada, só sendo interrompido se o circuito for alterado de alguma forma (como o acionamento de um interruptor ou a inserção de um novo elemento no circuito). A Figura 4.1 mostra dois exemplos de resposta completa, ressaltando os intervalos de tempo correspondentes ao transitório e ao regime permanente. No primeiro caso (Figura 4.1a), trata-se da tensão u de descarga de um capacitor e a resposta em regime é igual a zero; no outro exemplo, que mostra a corrente i na partida de um motor de indução, a resposta em regime é diferente de zero (Figura 4.1b). (a) (b) Figura 4.1 – Exemplos de resposta completa: (a) decarga de um capacitor; (b) corrente de um motor de indução. No Capítulo 3 se dizia que indutores e capacitores comportavam-se respectivamente como curto-circuitos e circuitos abertos, quando submetidos à CC. Isto é verdadeiro para o regime permanente, pois enquanto durar o transitório, esses elementos atuarão no circuito. Neste capítulo, pressupõe-se que os circuitos CC estejam ligados a tempo suficiente para atingir o regime permanente. Dessa forma, os indutores e capacitores não exercerão efeito, e os únicos elementos atuantes serão os resistores e as fontes. 4.3 CIRCUITO SÉRIE Neste tipo de circuito todos os elementos estão associados em série, de modo que são percorridos pela mesma corrente. Exemplo 4.1 – Uma aquecedor resistivo de 1,5kW é alimentado por um gerador CC de 220V (Figura 4.2a). A distância entre carga e fonte é 50m e a ligação é feita através de cabos de cobre com bitola igual a 1,5mm2. Determinar: (a) a tensão associada à carga; (b) a queda de tensão nos condutores; (c) o rendimento do sistema. Figura 4.2 – Exemplo 4.1: (a) elementos reais; (b) circuito equivalente. Solução: O circuito equivalente é mostrado na Figura 4.2b, onde o gerador é representado por uma fonte CC com tensão E = 220V, os fios (condutores) são substituídos por suas resistências, calculadas através da Equação 3.3 50 R f 0,0172 0,57 1,5 e a carga (aquecedor) é substituída por sua potência nominal, calculada a partir da Equação 3.6: 220 2 Rc 32,27 1500 A resistência equivalente (Req) desta associação série (Equação 3.8) é Req = 2Rf + Rc = 33,41 A corrente é dada pela Lei de Ohm (Equação 3.1) E I 6,58 A Req 26 Então: (a) A tensão na carga é: Uc = RcI = 212,47 V (b) A queda de tensão em cada um dos condutores é: Uf = RfI = 3,77 V, portanto a queda de tensão total é 2Uf = 7,54 V. (c) Potência fornecida pelo gerador (Equação 1.7): Pg = EI = 1447,6 W Potência consumida pela carga (Equação 3.5): Pc = RcI2 = 1397,17 W P O rendimento do sistema é c 100 = 96,52% Pg 4.4 CIRCUITO PARALELO Neste tipo de circuito, todos os elementos estão associados em paralelo; portanto, estão submetidos à mesma tensão. Exemplo 4.2 – Numa rede de 220V CC estão associadas em paralelo as seguintes cargas resistivas (Figura 4.3a): • 1 chuveiro elétrico de 4,5 kW/220 V • 1 aquecedor resistivo de 2,5 kW/220 V • 12 lâmpadas incandescentes de 150 W/220 V (cada) Dimensionar o fusível para proteção dessas cargas. Figura 4.3 – Exemplo 4.2: (a) diagrama das ligações; (b) circuito equivalente. Solução: Pode-se calcular a resistência nominal de cada componente do circuito pela Equação 3.6: 220 2 10,76 • Chuveiro: R c 4500 220 2 19,36 • Aquecedor: R a 2500 220 2 322,67 • Lâmpada (individual): R i 150 Como são 12 lâmpadas em paralelo, a resistência equivalente será (Equação 3.9): 27 1 R i 26,89 12 O cálculo individual das correntes é feito pela Lei de Ohm (Equação 3.1): 220 • Chuveiro: I c 20,45 A 10,76 220 • Aquecedor: I a 11,36 A 19,36 220 • Lâmpadas (conjunto): I l 8,18 A 26,89 e a corrente total é: IT = Ic + Ia + Il = 40 A. Então a corrente nominal do fusível é 40 A. Rl 4.5 CIRCUITOS MISTOS Estão incluídos nesta classificação aqueles circuitos que possuem alguns elementos associados em série e/ou em paralelo. A análise deste tipo de circuitos requer um processo paciente de associações série/paralelo. Exemplo 4.3 – A Figura 4.4a mostra a alimentação de duas cargas resistivas por uma fonte de 150 V CC. Sabendo que os cabos que fazem as conexões são de cobre, com bitola igual a 10 mm2, determinar a potência consumida por cada uma das cargas. Figura 4.4 – Exemplo 4.3. Solução: Cálculo da resistência dos condutores: 28 • Trecho fonte-carga 1: são 2 condutores, equivalendo a 2 resistências em série 50 Equação 3.3 R a 2 0,0168 0,17 10 • Trecho carga 1 - carga 2: mesma situação do trecho anterior 100 Equação 3.3 R b 2 0,0168 0,34 10 Cálculo da resistência das cargas resistivas 150 2 • Carga 1: Equação 3.6 R 1 4,5 5000 150 2 • Carga 12: Equação 3.6 R 1 3,34 7500 O circuito equivalente é mostrado na Figura 4.4b, no qual as resistências R b e Rx estão associadas em série, resultando, conforme a Equação 3.8: Rx = Rb + Rx = 3,34 Agora, conforme se vê no circuito da Figura 4.4c, os resistores Rx e R1 resultam associados em paralelo, de onde se tem, de acordo com a Equação 3.9: 1 1 1 R y 1,92 R y R x R1 Resulta então que Ry e Ra ficam em série, conforme mostra a Figura 4.4d, obtendo-se um resistor equivalente Req = Ra + Ry = 2,09 No circuito final da Figura 4.4e obtém-se, pela aplicação da Lei de Ohm (Equação 3.1): 150 I 71,87 A R eq Levando este valor para a Figura 4.4d, pela mesma Lei de Ohm: U BD R y I 137,78 V A potência na carga 1 pode ser calculada através da Equação 3.6 U2 P1 BD 4,22 kW R1 Entrando com o valor de UBD no circuito da Figura 4.4c se determina pela Lei de Ohm U I 2 BD 41,25 A Rx e pode-se calcular a potência dissipada pela carga 2 através da Equação 3.5 P2 R 2 I 22 5,11 kW Observe-se que a potência consumida por cada uma das cargas é menor que a respectiva tensão nominal. Isso se deve à queda de tensão ao longo dos condutores que ligam a fonte às cargas, devida à resistividade destes condutores. 29 30