RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO PRÉVIA DE MEDICAMENTO PARA USO HUMANO EM MEIO HOSPITALAR DCI – RALTEGRAVIR Medicamento Apresentações PVH PVH com IVA Titular de AIM ISENTRESS Embalagem contendo 60 comprimidos revestidos por película, doseados a 400 mg * * Merck Sharp & Dohme, Ltd. * Os preços foram comunicados aos Hospitais do Serviço Nacional de Saúde. Data de autorização de utilização – 23-07-2008 Duração da autorização de utilização – 4 anos Estatuto quanto à dispensa – Medicamento Sujeito a Receita Médica Restrita, alínea a) do Artigo 118º do D.L. 176/2006, de 30 de Agosto Indicações terapêuticas constantes do RCM – Isentress é indicado em associação com outros medicamentos anti-retrovirais para o tratamento da infecção por vírus da imunodeficiência humana (VIH-1) em doentes adultos. Esta indicação baseia-se nos dados de segurança e eficácia de dois ensaios em dupla ocultação, controlados com placebo, com a duração de 48 semanas em doentes sujeitos a tratamento prévio e num ensaio de dupla ocultação, controlado com activo, com a duração de 48 semanas em doentes sem tratamento prévio. Indicações terapêuticas para as quais foi solicitada avaliação - todas as indicações aprovadas (vide secção anterior). Indicações terapêuticas para as quais esta avaliação é válida - todas as indicações aprovadas (vide secção anterior). 1. CONCLUSÕES DA AVALIAÇÃO susceptibilidade Com base nos dados disponíveis actualmente, o limitações quanto ao grau de deficiência raltegravir imunitária. No entanto, em doentes com estas apresenta valor terapêutico virológica e não impõe acrescentado no tratamento de uma população características de doentes com infecção por VIH-1 com imunitárias quer virológicas, designadamente deficiência em doentes com resistência a apenas uma imunitária avançada e com mais favoráveis, quer experiência prévia extensa a terapêutica anti- classe retroviral, designadamente com resistência a, actualmente disponível é escassa e não pelo menos, um fármaco de cada uma das permite avaliar de forma clara a vantagem da classes NRTI, NNRTI e PI. Este valor foi apenas utilização demonstrado para um período de tratamento de alternativas curta duração e não pode, em rigor, ser mercado. extrapolado para tratamentos prolongados. No que diz respeito ao tratamento de doentes De notar que a redacção da indicação aprovada sem experiência prévia aos fármacos anti- permite doentes o tratamento com perfis de anti-retrovirais, do raltegravir actualmente a informação relativamente às disponíveis no com raltegravir em retrovirais, o raltegravir não demonstrou ter, mais favoráveis de para a generalidade dos doentes, valor 1/5 terapêutico fármaco acrescentado utilizado (efavirenze), tendo, relativamente como ao comparador apenas, demonstrado não acumulação na AUC e na Cmax e evidência de ligeira acumulação na C12h. Não foi estabelecida a biodisponibilidade absoluta. O medicamento pode ser administrado com ou inferioridade face a este comparador. sem alimentos. 2. CARACTERIZAÇÂO FARMACOLÓGICA1 Globalmente, foi observada uma variabilidade O raltegravir é um inibidor da transferência de considerável na farmacocinética do raltegravir. cadeia da integrase, activo contra o vírus da Liga-se, imunodeficiência proteínas humana (VIH-1). Inibe a em aproximadamente, plasmáticas 83% humanas às em actividade catalítica da integrase, uma enzima concentrações de 2 a 10 μM. Atravessou codificada pelo VIH que é necessária para a facilmente a placenta em ratos, mas não replicação viral. A inibição da integrase impede penetrou no cérebro de forma apreciável. a inserção covalente, ou integração, do genoma O tempo de semi-vida terminal aparente do de VIH no genoma da célula hospedeira. O raltegravir é de, aproximadamente, 9 horas, genoma do VIH que não se consegue integrar sendo que a semi-vida de fase-α (~1 hora) tem não pode desencadear a produção de novas um grande contributo para a AUC. Após a partículas virais infecciosas, logo, inibir a administração de uma dose oral de raltegravir integração evita a propagação da infecção viral. marcado radioactivamente, aproximadamente Conforme 51 demonstrado em voluntários e 32% da dose foi excretada, saudáveis aos quais se administraram doses respectivamente, nas fezes e na urina. Os únicas de raltegravir por via oral no jejum, dados indicam que o principal mecanismo de raltegravir é rapidamente absorvido com um depuração do raltegravir no ser humano é a Tmax, aproximadamente, de 3 horas após a glucuronidação mediada pela UGT1A1. aumentam Numa comparação entre 30 indivíduos com intervalo genotipo *28/*28 e 27 indivíduos com genotipo posológico de 100 mg a 1600 mg. A C12h selvagem, a taxa média geométrica (IC 90%) aumenta proporcionalmente à dose, no intervalo da AUC foi de 1,41 e a taxa média geométrica posológico de 100 mg a 800 mg e aumenta da C12h de 1,91. O ajuste posológico não é ligeiramente menos que proporcionalmente à considerado necessário em indivíduos com dose, no intervalo posológico de 100 mg a 1600 reduzida actividade da UGT1A1 devido a mg. Não foi estabelecida a proporcionalidade da polimorfismo genético. administração. A AUC proporcionalmente à e Cmax dose, no dose em doentes. Com a administração duas vezes por dia, o estado estacionário rapidamente durante os administração. farmacocinético atingido, primeiros Há é aproximadamente, 2 pouca dias ou após a nenhuma 3. VALOR TERAPÊUTICO ACRESCENTADO1, 2, 3, 4, 5 A avaliação acrescentado global do do valor raltegravir, terapêutico quando 2/5 adicionado a um regime de base optimizado resistências ou de experiência com outros anti- composto por, pelo menos, dois fármacos anti- retrovirais como requisito para o início do retrovirais, pode ser considerada favorável, a tratamento com o produto. curto prazo, numa população de doentes com Os infecção imunitária demonstração da eficácia e segurança do avançada e com evidência de resistência raltegravir para efeitos do seu licenciamento significativa a fármacos anti-retrovirais traduzida na União Europeia foram desenvolvidos em pela resistência a, pelo menos, um dos duas fases incidindo, numa primeira fase, nos fármacos das três seguintes classes: NRTI, indivíduos com elevada experiência prévia aos NNRTI e PI. anti-retrovirais, com resistências comprovadas Em doentes que mantêm uma susceptibilidade aos fármacos das diferentes classes de anti- razoável a outros fármacos anti-retrovirais, retrovirais então disponíveis e, numa segunda suficiente para permitir a composição de um fase, em indivíduos infectados por VIH sem regime triplo, o valor terapêutico acrescentado qualquer experiência prévia aos fármacos anti- do raltegravir carece de documentação de retrovirais. suporte adequada. Na generalidade, como Quanto ao primeiro grupo (indivíduos com elementos favoráveis à opção pela utilização elevada clínica do raltegravir em doentes abrangidos disponível, com base nos estudos clínicos em pela indicação aprovada, podemos assinalar: que o raltegravir foi utilizado como novo 1) A boa tolerabilidade geral deste fármaco; fármaco adicionado a um regime de base 2) O seu baixo potencial para interacções optimizado (OBR) e comparado, em termos de medicamentosas com outros fármacos anti- eficácia e segurança, com a utilização apenas retrovirais, embora os níveis do tipranavir, do de OBR, permitiu demonstrar a vantagem da efavirenze e da etravirina possam ser afectados adição do raltegravir e admitir a existência de negativamente (provavelmente sem significado valor terapêutico acrescentado no tratamento clínico) e o atazanavir possa aumentar a de exposição sistémica ao raltegravir, e características. No entanto, valerá a pena 3) A ausência de necessidade de associar o salientar que: ritonavir como potenciador farmacocinético ao - Os OBR dos doentes incluídos continham IPs tratamento, melhorando a sua tolerabilidade. aos A indicação aprovada para o raltegravir no susceptibilidade em, pelo menos, 60,2% dos espaço casos, sendo provável que, numa fracção dos por VIH, deficiência comunitário europeu é muito estudos clínicos experiência indivíduos quais destinados prévia), infectados os doentes a à evidência com estas mantinham abrangente, não impondo quaisquer condições restantes, tivessem relativas ao número e tipo dos fármacos que se fármacos que não NRTIs (NNRTIs, IFs), o que devem associar para compor um regime com impossibilita elevado eficácia, neste grupo de doentes, de regimes potencial especificando de qualquer eficácia, perfil prévio nem de uma sido incluídos outros correcta avaliação da contendo, apenas, raltegravir e NRTIs. 3/5 - O raltegravir é um fármaco com uma barreira disponíveis genética baixa, pelo que é desejável que a designadamente admissão de eficácia, a longo prazo, seja durabilidade avaliada comparativamente com a de regimes particular importância nesta população de baseados em fármacos com barreira genética indivíduos, elevada, designadamente com IPs potenciados. diferenças de tolerabilidade face às diversas No que diz respeito ao tratamento de doentes alternativas disponíveis, são insuficientes para sem experiência prévia aos fármacos anti- demonstrar a existência de valor terapêutico retrovirais, acrescentado não foi comprovada, na à data no do e desta que respeita tratamento, ao avaliação, que impacto assume eventual relativamente ao à das efavirenze generalidade, a existência de valor terapêutico quando acrescentado. Esta conclusão baseia-se, quer generalidade dos doentes sem experiência nos resultados do estudo clínico essencial para prévia aos anti-retrovirais. consideramos o tratamento da a avaliação de eficácia e segurança neste grupo de doentes (estudo P021), em que o raltegravir 4. VANTAGEM ECONÓMICA apenas No demonstrou efavirenz, quer na ser não-inferior menor ao comodidade que diz medicamento respeito no à utilização tratamento de do doentes posológica do raltegravir (2 tomas diárias de um previamente experimentados, numa análise de comprimido cada) quando comparado com o custo-utilidade, efavirenz (um comprimido em toma única associada à utilização de raltegravir (em diária), quer, ainda, na utilidade e valor utilização terapêutico ao Optimizada - OBT) revelou ser custo-efectiva raltegravir no tratamento de doentes com face à intervenção associada à utilização de falência virológica a fármacos de outras classes, placebo (em utilização adicional à OBT), parecendo ser vantajoso preservá-lo como dentro dos valores usualmente considerados opção para o tratamento de resgate num aceitáveis. Adicionalmente, contexto em que dispomos de fármacos com revelou-se dominante utilidade reconhecida, a longo prazo, para o enfuvirtide (eficácia superior e custo inferior), tratamento inicial desta infecção mas que não tendo revelado igualmente maior eficácia face apresentam o mesmo valor no tratamento de ao tratamento com darunavir. resgate dos doentes com falência. Neste No que diz respeito ao tratamento de doentes contexto, embora o raltegravir, na dose de sem experiência prévia aos fármacos anti- 400 mg de 12/12, p.o., e em combinação com o retrovirais, e considerando uma equivalência tenofovir e a entricitabina, deva ser considerado terapêutica face ao comparador seleccionado, como uma alternativa com eficácia e tolerância concluí-se, numa análise de minimização de não inferior à do efavirenze no tratamento da custos, que o custo da terapêutica com infecção por VIH-1 em doentes sem qualquer raltegravir é superior ao custo da terapêutica experiência prévia aos anti-retrovirais, os dados comparadora. acrescentado reconhecidos a adicional intervenção à Terapia o terapêutica de Base raltegravir comparado com 4/5 No entanto, considerando a revisão do preço de venda hospitalar autorizado, ocorrida em 23-072010 (após os dois primeiros anos de utilização do medicamento no mercado hospitalar), na qual o preço autorizado passou de 810,00€ para 690,00€, e considerando globalmente as duas indicações tratados e avaliadas doentes (doentes sem previamente terapêutica anti- retroviral prévia), a revisão do preço traduzir-seà numa poupança para o S.N.S., de 23-07-2010 a 22-07-2012, pelo que se concluí pela vantagem económica do medicamento, no conjunto da duas indicações avaliadas. O acesso do medicamento ao mercado hospitalar foi objecto de um contrato entre o INFARMED I.P. e o representante do titular de AIM, ao abrigo do disposto no n.º 11 do art. 4.º e do art. 5.º, do D.L. n.º 195/2006, de 3 de Outubro, na sua redacção actual. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 Resumo das características do medicamento 2 EPPAR - Scientific Discussion 3 Grinsztejn B, et al., Lancet. 2007;369:1261- 1269. 4 Markowitz M, et al.; J Acquir Immune Defic Syndr. 2006;43:509-515. 5 Panel on Clinical Practices for the Treatment of HIV Infection. Guidelines for the use of antiretroviral agents in HIV-1-infected adults and adolescents. Department of Health and Human Services, October 10, 2006. 6 Stanford Drug Resistance Database http://hivdb.stanford.edu 5/5