Mercado Agrícola I - Governo do Estado de Santa Catarina

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Universidade do Sul de Santa Catarina
Mercado Agrícola I
Disciplina na modalidade a distância
Palhoça
UnisulVirtual
2011
Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina – Campus UnisulVirtual – Educação Superior a Distância
Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: [email protected] | Site: www.unisul.br/unisulvirtual
Reitor Unisul
Ailton Nazareno Soares
Vice-Reitor
Sebastião Salésio Heerdt
Chefe de Gabinete da
Reitoria
Willian Máximo
Pró-Reitora Acadêmica
Miriam de Fátima Bora Rosa
Pró-Reitor de Administração
Fabian Martins de Castro
Pró-Reitor de Ensino
Mauri Luiz Heerdt
Campus Universitário de
Tubarão
Diretora
Milene Pacheco Kindermann
Campus Universitário da
Grande Florianópolis
Diretor
Hércules Nunes de Araújo
Campus Universitário
UnisulVirtual
Diretora
Jucimara Roesler
Equipe UnisulVirtual
Diretora Adjunta
Patrícia Alberton
Secretaria Executiva e Cerimonial
Jackson Schuelter Wiggers (Coord.)
Marcelo Fraiberg Machado
Tenille Catarina
Assessoria de Assuntos
Internacionais
Murilo Matos Mendonça
Assessoria de Relação com Poder
Público e Forças Armadas
Adenir Siqueira Viana
Walter Félix Cardoso Junior
Assessoria DAD - Disciplinas a
Distância
Patrícia da Silva Meneghel (Coord.)
Carlos Alberto Areias
Cláudia Berh V. da Silva
Conceição Aparecida Kindermann
Luiz Fernando Meneghel
Renata Souza de A. Subtil
Assessoria de Inovação e
Qualidade de EAD
Denia Falcão de Bittencourt (Coord)
Andrea Ouriques Balbinot
Carmen Maria Cipriani Pandini
Iris de Sousa Barros
Assessoria de Tecnologia
Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.)
Felipe Jacson de Freitas
Jefferson Amorin Oliveira
Phelipe Luiz Winter da Silva
Priscila da Silva
Rodrigo Battistotti Pimpão
Tamara Bruna Ferreira da Silva
Coordenação Cursos
Coordenadores de UNA
Diva Marília Flemming
Marciel Evangelista Catâneo
Roberto Iunskovski
Assistente e Auxiliar de
Coordenação
Maria de Fátima Martins (Assistente)
Fabiana Lange Patricio
Tânia Regina Goularte Waltemann
Ana Denise Goularte de Souza
Coordenadores Graduação
Adriano Sérgio da Cunha
Aloísio José Rodrigues
Ana Luísa Mülbert
Ana Paula R. Pacheco
Arthur Beck Neto
Bernardino José da Silva
Catia Melissa S. Rodrigues
Charles Cesconetto
Diva Marília Flemming
Fabiano Ceretta
José Carlos da Silva Junior
Horácio Dutra Mello
Itamar Pedro Bevilaqua
Jairo Afonso Henkes
Janaína Baeta Neves
Jardel Mendes Vieira
Joel Irineu Lohn
Jorge Alexandre N. Cardoso
José Carlos N. Oliveira
José Gabriel da Silva
José Humberto D. Toledo
Joseane Borges de Miranda
Luciana Manfroi
Luiz G. Buchmann Figueiredo
Marciel Evangelista Catâneo
Maria Cristina S. Veit
Maria da Graça Poyer
Mauro Faccioni Filho
Moacir Fogaça
Nélio Herzmann
Onei Tadeu Dutra
Patrícia Fontanella
Rogério Santos da Costa
Rosa Beatriz M. Pinheiro
Tatiana Lee Marques
Valnei Carlos Denardin
Roberto Iunskovski
Rose Clér Beche
Rodrigo Nunes Lunardelli
Sergio Sell
Coordenadores Pós-Graduação
Aloisio Rodrigues
Bernardino José da Silva
Carmen Maria Cipriani Pandini
Daniela Ernani Monteiro Will
Giovani de Paula
Karla Leonora Nunes
Leticia Cristina Barbosa
Luiz Otávio Botelho Lento
Rogério Santos da Costa
Roberto Iunskovski
Thiago Coelho Soares
Vera Regina N. Schuhmacher
Gerência Administração
Acadêmica
Angelita Marçal Flores (Gerente)
Fernanda Farias
Secretaria de Ensino a Distância
Samara Josten Flores (Secretária de Ensino)
Giane dos Passos (Secretária Acadêmica)
Adenir Soares Júnior
Alessandro Alves da Silva
Andréa Luci Mandira
Cristina Mara Schauffert
Djeime Sammer Bortolotti
Douglas Silveira
Evilym Melo Livramento
Fabiano Silva Michels
Fabricio Botelho Espíndola
Felipe Wronski Henrique
Gisele Terezinha Cardoso Ferreira
Indyanara Ramos
Janaina Conceição
Jorge Luiz Vilhar Malaquias
Juliana Broering Martins
Luana Borges da Silva
Luana Tarsila Hellmann
Luíza Koing Zumblick
Maria José Rossetti
Marilene de Fátima Capeleto
Patricia A. Pereira de Carvalho
Paulo Lisboa Cordeiro
Paulo Mauricio Silveira Bubalo
Rosângela Mara Siegel
Simone Torres de Oliveira
Vanessa Pereira Santos Metzker
Vanilda Liordina Heerdt
Gestão Documental
Lamuniê Souza (Coord.)
Clair Maria Cardoso
Daniel Lucas de Medeiros
Eduardo Rodrigues
Guilherme Henrique Koerich
Josiane Leal
Marília Locks Fernandes
Gerência Administrativa e
Financeira
Renato André Luz (Gerente)
Ana Luise Wehrle
Anderson Zandré Prudêncio
Daniel Contessa Lisboa
Naiara Jeremias da Rocha
Rafael Bourdot Back
Thais Helena Bonetti
Valmir Venício Inácio
Gerência de Ensino, Pesquisa
e Extensão
Moacir Heerdt (Gerente)
Aracelli Araldi
Elaboração de Projeto e
Reconhecimento de Curso
Diane Dal Mago
Vanderlei Brasil
Francielle Arruda Rampelotte
Extensão
Maria Cristina Veit (Coord.)
Pesquisa
Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC)
Mauro Faccioni Filho(Coord. Nuvem)
Pós-Graduação
Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.)
Biblioteca
Salete Cecília e Souza (Coord.)
Paula Sanhudo da Silva
Renan Felipe Cascaes
Gestão Docente e Discente
Enzo de Oliveira Moreira (Coord.)
Capacitação e Assessoria ao
Docente
Simone Zigunovas (Capacitação)
Alessandra de Oliveira (Assessoria)
Adriana Silveira
Alexandre Wagner da Rocha
Elaine Cristiane Surian
Juliana Cardoso Esmeraldino
Maria Lina Moratelli Prado
Fabiana Pereira
Tutoria e Suporte
Claudia Noemi Nascimento (Líder)
Anderson da Silveira (Líder)
Ednéia Araujo Alberto (Líder)
Maria Eugênia F. Celeghin (Líder)
Andreza Talles Cascais
Daniela Cassol Peres
Débora Cristina Silveira
Francine Cardoso da Silva
Joice de Castro Peres
Karla F. Wisniewski Desengrini
Maria Aparecida Teixeira
Mayara de Oliveira Bastos
Patrícia de Souza Amorim
Schenon Souza Preto
Gerência de Desenho
e Desenvolvimento de
Materiais Didáticos
Márcia Loch (Gerente)
Desenho Educacional
Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD)
Silvana Souza da Cruz (Coord. Pós/Ext.)
Aline Cassol Daga
Ana Cláudia Taú
Carmelita Schulze
Carolina Hoeller da Silva Boeing
Eloísa Machado Seemann
Flavia Lumi Matuzawa
Gislaine Martins
Isabel Zoldan da Veiga Rambo
Jaqueline de Souza Tartari
João Marcos de Souza Alves
Leandro Romanó Bamberg
Letícia Laurindo de Bonfim
Lygia Pereira
Lis Airê Fogolari
Luiz Henrique Milani Queriquelli
Marina Melhado Gomes da Silva
Marina Cabeda Egger Moellwald
Melina de La Barrera Ayres
Michele Antunes Corrêa
Nágila Hinckel
Pâmella Rocha Flores da Silva
Rafael Araújo Saldanha
Roberta de Fátima Martins
Roseli Aparecida Rocha Moterle
Sabrina Bleicher
Sabrina Paula Soares Scaranto
Viviane Bastos
Acessibilidade
Vanessa de Andrade Manoel (Coord.)
Letícia Regiane Da Silva Tobal
Mariella Gloria Rodrigues
Avaliação da aprendizagem
Geovania Japiassu Martins (Coord.)
Gabriella Araújo Souza Esteves
Jaqueline Cardozo Polla
Thayanny Aparecida B.da Conceição
Jeferson Pandolfo
Karine Augusta Zanoni
Marcia Luz de Oliveira
Assuntos Jurídicos
Bruno Lucion Roso
Marketing Estratégico
Rafael Bavaresco Bongiolo
Portal e Comunicação
Catia Melissa Silveira Rodrigues
Andreia Drewes
Luiz Felipe Buchmann Figueiredo
Marcelo Barcelos
Rafael Pessi
Gerência de Produção
Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)
Francini Ferreira Dias
Design Visual
Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)
Adriana Ferreira dos Santos
Alex Sandro Xavier
Alice Demaria Silva
Anne Cristyne Pereira
Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro
Daiana Ferreira Cassanego
Diogo Rafael da Silva
Edison Rodrigo Valim
Frederico Trilha
Higor Ghisi Luciano
Jordana Paula Schulka
Marcelo Neri da Silva
Nelson Rosa
Oberdan Porto Leal Piantino
Patrícia Fragnani de Morais
Multimídia
Sérgio Giron (Coord.)
Dandara Lemos Reynaldo
Cleber Magri
Fernando Gustav Soares Lima
Conferência (e-OLA)
Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)
Bruno Augusto Zunino
Gerência de Logística
Produção Industrial
Marcelo Bittencourt (Coord.)
Logísitca de Materiais
Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.)
Abraao do Nascimento Germano
Bruna Maciel
Fernando Sardão da Silva
Fylippy Margino dos Santos
Guilherme Lentz
Marlon Eliseu Pereira
Pablo Varela da Silveira
Rubens Amorim
Yslann David Melo Cordeiro
Gerência Serviço de Atenção
Integral ao Acadêmico
Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente)
Avaliações Presenciais
Graciele M. Lindenmayr (Coord.)
Ana Paula de Andrade
Angelica Cristina Gollo
Cristilaine Medeiros
Daiana Cristina Bortolotti
Delano Pinheiro Gomes
Edson Martins Rosa Junior
Fernando Steimbach
Fernando Oliveira Santos
Lisdeise Nunes Felipe
Marcelo Ramos
Marcio Ventura
Osni Jose Seidler Junior
Thais Bortolotti
Gerência de Marketing
Fabiano Ceretta (Gerente)
Relacionamento com o Mercado
Eliza Bianchini Dallanhol Locks
Relacionamento com Polos
Presenciais
Alex Fabiano Wehrle (Coord.)
Maria Isabel Aragon (Gerente)
André Luiz Portes
Carolina Dias Damasceno
Cleide Inácio Goulart Seeman
Francielle Fernandes
Holdrin Milet Brandão
Jenniffer Camargo
Juliana Cardoso da Silva
Jonatas Collaço de Souza
Juliana Elen Tizian
Kamilla Rosa
Maurício dos Santos Augusto
Maycon de Sousa Candido
Monique Napoli Ribeiro
Nidia de Jesus Moraes
Orivaldo Carli da Silva Junior
Priscilla Geovana Pagani
Sabrina Mari Kawano Gonçalves
Scheila Cristina Martins
Taize Muller
Tatiane Crestani Trentin
Vanessa Trindade
Luis Augusto Araújo
Mercado Agrícola I
Livro didático
Design instrucional
Marcelo Tavares de Souza Campos
Palhoça
UnisulVirtual
2011
Copyright © UnisulVirtual 2011
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Edição – Livro Didático
Professor Conteudista
Luis Augusto Araújo
Design Instrucional
Marcelo Tavares de Souza Campos
Projeto Gráfico e Capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramação
Fenanda Fernandes
Revisão
Smirna Cavalheiro
381.41
A69
Araújo, Luis Augusto
Mercado agrícola I : livro didático / Luis Augusto Araújo ; design
instrucional Marcelo Tavares de Souza Campos. – Palhoça :
UnisulVirtual, 2011.
198 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
1. Agropecuária – Comércio. 2. Agricultura – Aspectos econômicos.
I. Campos, Marcelo Tavares de Souza. II. Título.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Palavras do professor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
UNIDADE 1 - A economia e o mercado agrícola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
UNIDADE 2 - Oferta e demanda agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
UNIDADE 3 - Elasticidade de produtos agrícolas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
UNIDADE 4 - Análise de mercados agrícolas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
UNIDADE 5 - Intervenções do Estado nos mercados agrícolas. . . . . . . . . . 161
Para concluir o estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
Sobre o professor conteudista. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
Respostas e comentários das atividades de autoavaliação. . . . . . . . . . . . . . 193
Biblioteca Virtual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Mercado Agrícola I.
O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma
e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados
à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática
e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância,
proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a
um aprendizado contextualizado e eficaz.
Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será
acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema
Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica
caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou
para sua formação, pois na relação de aprendizagem professores
e instituição estarão sempre conectados com você.
Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem
à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como:
telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem,
que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e
recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade.
Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe
atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual.
7
Palavras do professor
Caro estudante,
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Mercado Agrícola I.
Modestamente, com este livro procuro contribuir para a
promoção do “diálogo” entre futuros profissionais da área do
agronegócio com a área de mercado. Isto significa, também,
que tenho uma ambiciosa expectativa de que isso produza
frutos que, se bem cultivados, poderão mudar a sua história de
vida pessoal e profissional.
Meu compromisso, nesta disciplina, é promover o entendimento
da relevância do estudo do mercado agrícola para a formação de
seu conhecimento como futuro profissional do agronegócio, bem
como contribuir para a formação de profissionais das áreas das
ciências agrárias, ciências florestais, economia, administração e
demais áreas correlatas ao estudo do agronegócio.
Além da discussão sobre mercado agrícola, seus agentes de
produção e consumo, no decorrer da disciplina você terá
oportunidade de analisar temas de crescente importância na
atualidade como as diferentes estruturas de mercado, o papel do
Estado na agricultura e suas intervenções nos mercados agrícolas.
Sem pretensão de esgotar o assunto, mostrarei para você como
os mercados agrícolas funcionam e, principalmente, como os
preços são formados nos diferentes tipos de mercados.
Exemplos do mundo real no passado recente, como, por exemplo,
situações envolvendo a produção e demanda por café; a fusão entre
a Sadia e a Perdigão, que deu origem a um gigante no setor de
alimentos: a BRF – Brasil Foods; a JBS Friboi e o mercado do arroz
facilitam o entendimento dos conceitos e conteúdos da disciplina.
Para aqueles que estão iniciando seus estudos em mercados
agrícolas, este livro é o ponto de partida para a sua compreensão.
Um ótimo estudo!
Professor Luis Augusto Araújo
Plano de estudo
O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da
disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o
contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva
em conta instrumentos que se articulam e se complementam,
portanto, a construção de competências se dá sobre a
articulação de metodologias e por meio das diversas formas de
ação/mediação.
São elementos desse processo:
„„
o livro didático;
„„
o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);
„„
„„
as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de
autoavaliação);
o Sistema Tutorial.
Ementa
Evolução da economia inserida no contexto histórico. Políticas
para o desenvolvimento agrícola. Dinâmica da agricultura
capitalista. Noções de microeconomia e macroeconomia.
Análise de mercado. Custos de produção. Relações entre o
desenvolvimento econômico e a agricultura. O Estado e as
políticas agrícolas.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Objetivos
Geral
Disseminar conhecimentos básicos sobre o comportamento dos
principais elementos que afetam o mercado agrícola, permitindo
melhor entendimento e compreensão do papel do agronegócio e
de suas relações com o sistema econômico em geral.
Específicos:
„„
„„
„„
Analisar a microeconomia dos mercados agrícolas,
com ênfase à compreensão dos diferentes modelos de
mercado.
Identificar os principais métodos de análise de mercado,
assim como entender o paradigma de sua estrutura,
conduta e desempenho.
Conhecer os limites e as potencialidades das políticas
agrícolas.
Carga Horária
A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula.
Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação.
Unidades de estudo: 5
12
Mercado Agrícola I
Unidade 1 – A economia e o mercado agrícola
Nesta unidade você será levado a entender o que é mercado e
atividade econômica. Aprenderá a identificar o problema da
agricultura, a compreender o funcionamento da economia e
a analisar os sistemas econômicos e a importância do estudo
econômico. Com o estudo destes conceitos ficará mais fácil a
compreensão dos conteúdos das unidades seguintes relacionados
ao mercado agrícola.
Unidade 2 – Oferta e demanda agrícola
Você aprenderá os conceitos de oferta e demanda, equilíbrio de
mercado, assim como escassez e excedente. A maioria desses
conceitos é ilustrada por exemplos relacionados ao mercado de
café, que continuará a ser utilizado nas próximas unidades deste
livro. Além disso, você aprenderá os componentes do modelo da
oferta e da demanda e como esse modelo pode ser usado para
entender o comportamento dos mercados agrícolas.
Unidade 3 – Elasticidade de produtos agrícolas
Por que tão pouca gente vive e trabalha no campo no Brasil e, em
especial, nos Estados Unidos? No estudo da unidade anterior você
utilizou o modelo da oferta e da demanda para prever como o
preço e a quantidade mudam. Caso o preço do café venha a subir,
por exemplo, sabemos que sua demanda cairá. A questão essencial
é saber qual o volume demandado de café torna-se sensível as
mudanças no preço do produto? A resposta a essas duas perguntas
está relacionada ao tema desta unidade – elasticidade. Aqui você
aprenderá o que é elasticidade, como são medidos os diferentes
tipos de elasticidade e qual a sua importância para os produtores e
consumidores de produtos agrícolas.
13
Universidade do Sul de Santa Catarina
Unidade 4 – Análise de mercados agrícolas
Nesta unidade você estudará o que é estrutura de mercado
e quais são os tipos existentes no caminho percorrido entre
os produtores rurais e os consumidores finais. Aprenderá as
diferenças existentes entre a concorrência perfeita e o monopólio
e os efeitos dessa diferença no bem-estar da sociedade. Em
seguida, examinaremos por que o oligopólio é tão importante e
quais são as políticas normalmente empregadas para mantê-los
“bem comportados”. Você aprenderá, ainda, a partir do conteúdo
relacionado à competição monopolística, como as empresas
diferenciam seus produtos. Além disso, você estudará um método
de análise de mercado conhecido por “paradigma de estruturaconduta-desempenho”.
Unidade 5 – Intervenções do Estado nos mercados agrícolas
Nesta unidade você aprenderá sobre os diferentes tipos
de intervenções do Estado no mercado agrícola e suas
consequências. Começamos explicando as razões que levam
à intervenção do Estado na agricultura, para, em seguida,
tratar da intervenção estatal e seus instrumentos: as políticas
macroeconômicas e as políticas setoriais. Examinaremos o que
acontece quando os governos tentam controlar os preços em um
mercado competitivo e quando tentam determinar a quantidade
comprada e vendida de um bem. E, finalmente, verificaremos o
efeito esperado do imposto sobre vendas e compras.
14
Mercado Agrícola I
Agenda de atividades/Cronograma
„„
„„
„„
Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar
periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus
estudos depende da priorização do tempo para a leitura,
da realização de análises e sínteses do conteúdo e da
interação com os seus colegas e professor.
Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço
a seguir as datas com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA.
Use o quadro para agendar e programar as atividades
relativas ao desenvolvimento da disciplina.
Atividades obrigatórias
Demais atividades (registro pessoal)
15
UNIDADE 1
A economia e o mercado
agrícola
Objetivos de aprendizagem
„„
Compreender o funcionamento da economia, dos
sistemas econômicos e a importância do estudo
econômico.
„„
Conhecer o conceito de micro e macroeconomia.
„„
Aprender sobre o que é mercado e a atividade
econômica.
„„
Identificar o mercado como um problema da
agricultura de curto e de longo prazo.
Seções de estudo
Seção 1
Por que estudar economia?
Seção 2
Sistema econômico
Seção 3
Micro e macroeconomia e a economia agrícola
Seção 4
Os mercados e a atividade econômica
Seção 5
Mercado: o problema da agricultura
1
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
No passado, mais precisamente na Idade Média, a cidade de Paris
foi considerada um dos maiores centros da civilização ocidental.
Você pode imaginar os agricultores trazendo seus produtos
alimentícios das províncias para a cidade de Paris e trocando‑os
por bens produzidos pelos artesãos da cidade?
Surpreendentemente, ninguém dizia aos agricultores o que as
pessoas da cidade necessitavam, tampouco aos artesãos quais
eram as necessidades dos agricultores. Ao final do dia, poucos
produtos ficavam sem ser vendidos.
Atualmente, este mesmo procedimento de troca acontece no
mundo inteiro e em todos os mercados.
Caro aluno, neste conteúdo você será levado a entender o que
é mercado e atividade econômica; a identificar o problema da
agricultura; a compreender o funcionamento da economia; os
sistemas econômicos e a importância do estudo econômico. Com
esses conceitos ficará mais fácil a compreensão dos conteúdos das
unidades seguintes relacionados ao mercado agrícola.
Seção 1 – Por que estudar economia?
Como resposta à pergunta “Por que estudar economia?”
iniciamos este estudo com uma abordagem sobre a aplicação dos
fundamentos de economia. Nesta abordagem, apresentamos a
definição de economia, apontando seu problema fundamental,
principalmente no que se refere aos fatores de produção e
às necessidades humanas. A ideia é responder tal questão
relacionando‑a ao conceito de mercado agrícola.
Como você já deve ter percebido em seu cotidiano, os fundamentos
de economia são aplicados em muitas situações de nossas vidas.
18
Mercado Agrícola I
Podemos aplicar esses fundamentos quando
decidimos comprar um café, quando decidimos
comprar um carro ou quando é preciso decidir a
respeito de um financiamento.
Portanto, é possível notar que todas essas decisões que envolvem
finanças pessoais envolvem também as finanças das empresas e as
finanças do próprio governo.
O tema economia aparece diariamente também quando você
assiste televisão, quando você lê um jornal internacional
(Financial Times) ou quando você lê um jornal local (Globo
Economia e Negócios e a Folha de São Paulo).
Você já parou para pensar que nós, seres humanos,
somos atormentados por necessidades?
Note que estamos sempre em busca de algo: desejamos amor,
reconhecimento social, necessidades materiais, conforto,
bem‑estar, etc. Os esforços para realizar nossos desejos, ou
seja, a busca pelo bem‑estar social, geralmente estão ligados às
conquistas materiais. Portanto, essa busca constante torna‑se
também uma preocupação de âmbito econômico.
A definição de economia e de seu problema fundamental
A economia pode ser definida como uma ciência social que estuda
como as pessoas ganham o seu sustento e se relacionam a partir
disso. É uma ciência que estuda os negócios comuns da vida.
Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo
e a sociedade decidem empregar recursos produtivos
escassos na produção de bens e serviços, de modo
a distribuí‑los entre as várias pessoas e grupos da
sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.
(VASCONCELLOS, 2005, p. 1).
Unidade 1
19
Universidade do Sul de Santa Catarina
Segundo Troster e Mochon (2003, p. 5),
a economia estuda a maneira como se administram
os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens
e serviços e distribuí‑los para seu consumo entre os
membros da sociedade.
Hoje em dia, um cidadão brasileiro dispõe de um leque de
bens e serviços a adquirir que corresponde a mais de 15 vezes
do que se tinha à disposição no início do século XX. Pensando
nesse aumento significativo de riqueza, pergunta‑se: Por que
continuamos lutando pelos nossos ganhos? Se hoje temos mais
riqueza que nossos avós ou bisavós, por que não afrouxamos um
pouco e paramos de trabalhar tanto?
Existem dois bons motivos para isso:
a) as necessidades humanas são ditas “ilimitadas”;
b)os recursos disponíveis são finitos ou “limitados”.
Segundo Wonnacott e Wonnacott (1982, p. 23), por “não
podermos ter tudo” devemos decidir o que teremos.
O leque de nossos desejos é extremamente amplo. Queremos bens
diversos como carro, casa, roupas e calçados. Queremos serviços
diversos como viajar, consultas médicas, consultas odontológicas
e serviços de uma cabeleireira. Além disso, a satisfação de um
desejo inicial pode criar um desejo novo e maior.
De um modo geral, os desejos materiais provêm de duas fontes:
a) necessidades biológicas básicas;
b) necessidades por bens e serviços.
Para entender melhor essa questão, pense na seguinte situação: ao
comer uma garoupa, peixe considerado nobre, em um restaurante
conceituado, satisfazemos nossas necessidades básicas de
alimentação. Mas estamos fazendo mais. Estamos nos alimentando
de um prato saboroso, em um ambiente confortável e elegante.
20
Mercado Agrícola I
Obtemos o supérfluo junto com o básico. O prazer que nos dão é
suficiente para que nos motive a trabalhar a fim de obtê‑los.
A letra da música Gente, composição de Raul Seixas e Cláudio
Roberto, ilustra esta ideia de que o ser humano está sempre a
querer algo. Acompanhe:
Para ler a letra na sua
íntegra e escutar a música,
você pode acessar o EVA
desta disciplina.
Gente
(Composição: Raul Seixas e Cláudio Roberto)
Gente é tão louca
E no entanto tem sempre razão
Quando consegue um dedo
Já não serve mais, quer a mão
E o problema é tão fácil de perceber
É que gente
Gente nasceu pra querer
Gente tá sempre querendo
Chegar lá no alto
Pra no fim descobrir
Já cansado que tudo é tão chato
Mas o engano é bem fácil de se entender
É que gente
Gente nasceu pra querer
Em casa, na rua, na praia, na escola ou no bar... ah!
Gente fingindo, escondendo seu medo de amar...oh!
A maioria das questões importantes de nosso tempo, tais como
desemprego, inflação, pobreza e desigualdade, desenvolvimento,
regulação governamental, déficit orçamentário, seguridade
social e poluição possuem algo comum: o desafio de se utilizar
os fatores de produção (recursos) escassos de forma eficiente.
Portanto, o problema fundamental da economia está relacionado
diretamente à escassez de recursos.
Como você pode perceber, ao analisarmos a atual
realidade mundial vimos que é a escassez o principal
objeto de estudo da economia.
Unidade 1
21
Universidade do Sul de Santa Catarina
Fatores de produção e as necessidades humanas
Os fatores de produção podem ser agrupados em:
„„
Recursos naturais: são os usados na produção e que são
extraídos diretamente da natureza, como: os solos, os
minerais, as águas, a fauna, a flora, o sol e o vento.
O Brasil utiliza aproximadamente 50 milhões de
hectares com a produção de grãos.
„„
„„
Recursos humanos: são todas as atividades humanas
usadas na produção de bens e serviços.
Capital: são todos os bens materiais produzidos pelo
homem e que são utilizados na produção.
O fator capital abrange o conjunto de riquezas acumuladas por
uma sociedade, dos quais, podemos citar:
a) infraestrutura econômica;
b)infraestrutura social;
c) construções e edificações;
d)equipamentos de transportes;
e) máquinas e equipamentos;
f) matérias‑primas.
Tecnologia é um termo utilizado para englobar uma
ampla variedade de mudanças de técnicas e métodos
de produção.
22
Mercado Agrícola I
Como você pode perceber no presente estudo o principal
motivo de se estudar economia pode ser traduzido na seguinte
relação: “fatores de produção escassos x necessidades ilimitadas”
(LEITE, 2007, p. 20).
Para Mankiw (2004, p. 17), o estudo da economia é importante,
entre outras razões, para:
a) ajudar no entendimento do mundo em que se vive;
b)ser um participante mais efetivo e perspicaz da própria
economia; e
c) proporcionar melhor compreensão dos limites e
potencialidades da política econômica.
Outro bom motivo que está relacionado aos contextos
mencionados anteriormente é que os princípios de economia
podem ser aplicados em muitas situações de nossas vidas.
Unidade 1
23
Universidade do Sul de Santa Catarina
Seção 2 – O sistema econômico
Como a economia pode influenciar negócios comuns em nosso
cotidiano? Veremos a seguir que cenas comuns de nossas vidas
revelam algumas questões importantes que a economia ajuda a
responder. Entre essas questões temos: Como funciona nosso
sistema econômico? Isto é, como se consegue fornecer os bens e
serviços?
Os principais agentes econômicos que compõem o referido
sistema são:
a) famílias: oferecem fatores de produção às empresas e
consomem os bens e serviços os quais são colocados à sua
disposição;
b)empresas: produzem a maioria dos bens e serviços que
são disponibilizados às famílias (consumidores);
c) governo: é outro importante agente econômico e tem as
seguintes atribuições (entre outras):
»»
»»
»»
o fornecimento do chamado bem público;
a definição dos rumos econômicos de uma nação
através do estabelecimento da política econômica;
e o estabelecimento de um marco
jurídico‑institucional no qual se desenvolve a atividade
econômica. Esta atribuição do governo gera o
chamado sistema econômico.
Como nossa sociedade consegue obter esse leque
de bens e serviços que as famílias comuns podem
adquirir?
A resposta está relacionada à obtenção de um sistema que
funcione bem para coordenar as atividades produtivas. Como
você pode notar, uma sociedade precisa escolher um conjunto
particular de arranjos institucionais e um mecanismo de
coordenação para responder aos problemas econômicos
fundamentais, ou seja, precisa escolher um sistema econômico.
24
Mercado Agrícola I
Os sistemas econômicos podem diferir em relação (1) a
quem possui os fatores de produção e (2) aos métodos
utilizados para coordenar e conduzir as atividades
econômicas. (McCONNELL e BRUE, 2001, p. 29).
A utilização de um sistema de mercado e de preço para coordenar
e conduzir a atividade econômica e os recursos produtivos
privados caracteriza o sistema de economia de mercado
(capitalismo puro ou economia descentralizada). Os defensores
desse sistema argumentam que não existe a necessidade de o
governo planejar, controlar ou intervir na economia.
As características mais importantes de uma economia de
mercado são:
a) a propriedade privada dos recursos e meios de produção;
b)a liberdade individual de escolha;
c) a concorrência;
d)a busca pelo lucro;
e) os preços determinados pelas forças de oferta e demanda.
A propriedade pública dos fatores de produção e as decisões
econômicas tomadas através do órgão central de planejamento
do governo caracterizam o sistema econômico socialista
(economias centralmente planejadas). O referido órgão de
planejamento determina os objetivos de produção para cada
empresa e a quantidade de recursos que devem ser utilizados para
que a produção aconteça.
O sistema socialista impõe muitas limitações à liberdade dos
consumidores e produtores de capital e serviço, influenciando‑os
a tomarem suas decisões econômicas. Como justificativa para
sua existência, esta corrente de pensamento econômico confere
a autoridade estatal como a mais bem posicionada entidade para
decidir quais escolhas e políticas são mais benéficas para a sociedade.
Unidade 1
25
Universidade do Sul de Santa Catarina
A maioria das economias do mundo real situa‑se entre esses dois
polos, ou seja, entre o sistema de economia de mercado e o sistema
socialista. O sistema alternativo é conhecido por sistema misto.
Na economia brasileira, o governo intervém
ativamente promovendo o crescimento econômico e
a estabilidade econômica, fornecendo certos bens e
serviços e promovendo a distribuição de renda.
O Brasil tem uma economia de mercado em que a produção
e o consumo são o resultado das decisões descentralizadas de
indivíduos e das empresas. Não há autoridade central dizendo
às pessoas o que, quanto, como e para quem produzir. Cada
consumidor compra o que escolhe e cada produtor individual faz
o que acredita ser mais interessante, mas com um envolvimento
ativo do governo na economia.
26
Mercado Agrícola I
Seção 3 – Macro e microeconomia e a economia
agrícola
Existem dois níveis diferentes nos quais se dividem os
estudos econômicos: a macroeconomia e a microeconomia. A
macroeconomia é a área da análise econômica que tem seu foco
no comportamento da economia em seu conjunto. Em contraste,
a microeconomia trata das decisões de produção e consumo de
consumidores e produtores, além da alocação dos recursos escassos
entre as várias alternativas de produção de bens e de serviços.
Para você entender o escopo e a abrangência do estudo
econômico, começamos por examinar mais detalhadamente a
diferença entre macro e microeconomia.
Macroeconomia
Para entender o que é macroeconomia, imagine‑se olhando uma
floresta por cima. Na macroeconomia o foco de estudo se volta
para a floresta e não para a árvore. Trazendo este exemplo para
a realidade econômica, o estudo se volta para o agregado de
pessoas e empresas e não para os indivíduos.
Sendo assim, a macroeconomia preocupa‑se em analisar:
a) o emprego total no país e não como a empresa deve
contratar seus trabalhadores;
b)o gasto total com todos os bens e serviços em conjunto
e não o gasto do consumidor por segmento econômico,
como, por exemplo, em atividades de lazer;
c) o comportamento do nível geral de preços agregados e
não o que está determinando, por exemplo, o preço final
de um sorvete;
d)o nível do Produto Interno Bruto (PIB) e não como
está o nível de renda de cada indivíduo.
Unidade 1
Produto Interno Bruto
(PIB) representa o valor
do agregado de bens e
serviços finais produzidos
pelo país dentro de seu
território, em determinado
período de tempo.
27
Universidade do Sul de Santa Catarina
Macroeconomia é o ramo da ciência econômica que se
preocupa em estudar a economia como um todo, analisando o
comportamento e a relação existente entre os grandes agregados
econômicos, tais como inflação, PIB, taxa de juros, taxa de
câmbio, investimento, poupança, emprego e moeda.
Microeconomia
Retomando a metáfora anterior, imagine‑se agora olhando
e estudando determinada espécie de árvore daquela imensa
floresta: o foco nesta análise é a arvore e não a floresta. Portanto,
a preocupação da microeconomia é com o comportamento das
unidades individuais no mercado em geral.
Microeconomia estuda como os indivíduos e as
empresas tomam decisões e como essas decisões
afetam os preços e a produção de bens e serviços.
(WESSELS, 2002, p. 1).
De forma genérica,
[...] a Microeconomia é concebida como o ramo da
ciência econômica voltado ao estudo do comportamento
das unidades de consumo representadas pelos
indivíduos e famílias (estas, desde que caracterizadas
por um orçamento único), ao estudo das empresas, suas
respectivas produções e custos, e ao estudo da geração e
preços dos diversos bens, serviços e fatores produtivos.
(GARÓFALO, 2004, p.101).
28
Mercado Agrícola I
Economia agrícola
A economia agrícola é uma importante área de conhecimento
porque se preocupa com as necessidades básicas da sociedade, ou
seja, como produzir alimentos e fibras para as pessoas na forma e
no tempo certo.
Economia agrícola pode ser definida como uma ciência
social aplicada que trata da maneira como o ser humano
escolhe usar o conhecimento técnico e os recursos
produtivos escassos, como terra, trabalho, capital e
capacidade administrativa para produzir alimentos
e fibras e distribuí‑los para consumo dos inúmeros
membros da sociedade. (MENDES, 1998, p. 25).
O Brasil tem um importante papel a desempenhar nessa área.
Além do agronegócio ser responsável por quase 30% do PIB
nacional, mais de 40% da receita gerada com as exportações
brasileiras e cerca de 37% do total de empregos do país, advém
do agronegócio, sendo que o Brasil aparece no cenário mundial
como a nação que pode, na próxima década, aumentar 40% sua
produção agrícola.
Unidade 1
29
Universidade do Sul de Santa Catarina
Seção 4 – Os mercados e a atividade econômica
De acordo com Adam Smith, em sua clássica obra A riqueza das
nações,
não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro
e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da
consideração que eles têm pelos próprios interesses.
Apelamos não à humanidade, mas ao amor próprio, e
nunca falamos de nossas necessidades, mas das vantagens
que eles podem obter. (SMITH, 1976, p.18).
Para McConnel e Brue (2001, p. 35), “mercado é uma instituição
ou mecanismo que reúne compradores e vendedores de bens,
serviços ou fatores de produção”.
Existem diversos tipos de mercados, mas suas definições
dependem do problema a ser analisado. Os mercados são
classificados segundo algumas tipologias, as quais são
apresentadas a seguir:
a) os mercados geográficos: incorporam a utilidade de
lugar. Ex.: alguns mercados são locais, enquanto outros
podem ser nacionais ou internacionais;
b)os mercados de um produto: incorporam a utilidade de
forma. Ex.: os restaurantes de comidas rápidas, os postos
de gasolina e o mercado de trigo;
c) os mercados temporais: incorporam a utilidade de
tempo. Ex.: o mercado de milho no mês de abril ou o
mercado de sorvete nos meses do inverno;
d)os mercados pessoais ou impessoais: o enquadramento
depende, fundamentalmente, se existe o relacionamento
“cara a cara” entre compradores e vendedores, ou seja, se
estes entram em contato um com o outro. Ex.: a feira livre
é exemplo de mercado pessoal, enquanto uma compra
realizada pela internet é exemplo de mercado impessoal.
30
Mercado Agrícola I
O funcionamento de uma economia de mercado
A maioria dos países utiliza os mercados para responder aos
problemas fundamentais da economia. Na sequência você
aprenderá como identificar os principais grupos de tomadores
de decisão e os principais mercados através de um modelo
simplificado de economia de mercado. Veja a figura a seguir:
Mercado de
Bens e Serviços
Demanda de bens
e serviços
Oferta de bens
e serviços
$
Empresas
Como
produzir
$
Demanda de
serviços dos
fatores de
produção
O que e quanto
produzir
$
Família
Para quem
produzir
$
Mercado de
Fatores de
Produção
Oferta de
serviços dos
fatores de
produção
Figura 1.1 – Funcionamento simplificado de uma economia de mercado
Fonte: Adaptado de Krugmann (2007, p. 26).
Nessa figura você pode observar dois grupos de tomadores
de decisão, também conhecidos por agentes econômicos: as
famílias e as empresas. Por simplificação, note que neste modelo
não está sendo considerado um importante agente econômico
importante: o governo.
O mecanismo que coordena as decisões desses agentes
econômicos é o chamado sistema de mercado, que pode ser
classificado como:
a) mercado de bens e de serviços;
b)mercado de fatores de produção (recursos).
Unidade 1
31
Universidade do Sul de Santa Catarina
O local em que os recursos ou fatores de produção são comprados
e vendidos denomina‑se mercado de fatores de produção. As
famílias ofertam seus recursos (fatores de produção) às empresas
que os buscam para a produção de bens e serviços.
Para adquirir esses recursos as empresas remuneram o seu uso
a um preço que dependerá das forças de oferta e de demanda
particular para cada recurso. Os pagamentos acontecerão na
forma de salários, juros, lucros e aluguéis das empresas para as
famílias (indivíduos).
A partir do momento em que famílias e indivíduos são
remunerados pelo uso de seus fatores de produção, podem ser
considerados como consumidores. Os bens e serviços das empresas
são comprados e vendidos no mercado de bens e de serviços.
A interação das decisões de demanda dos
consumidores e da oferta das empresas determina
os preços dos inúmeros bens e serviços existentes no
mercado. Os gastos realizados pelos consumidores
constituem as receitas das empresas.
O modelo simplificado de uma economia de mercado sugere
uma rede complexa e interrelacionada de tomadores de decisão
e atividades econômicas. O fantasma da escassez persegue as
transações nos mercados de bens e de serviços e de fatores de
produção realizados pelas famílias e pelas empresas.
O comércio pode ser bom para todos
Pense em uma família que se isola de todas as outras ao não
realizar suas relações comerciais. Na opção pelo isolamento,
precisaria produzir sua própria comida, confeccionar suas
próprias roupas, gerar sua própria energia, entre outros itens.
Portanto, veja que a maioria das famílias beneficia‑se muito
quando podem realizar o comércio de seus bens e serviços
com outras pessoas. O comércio permite que as pessoas se
especializem naquilo que sabem fazer: seja na agricultura, na
confecção de produtos, na prestação de serviços, entre outros.
32
Mercado Agrícola I
A razão pela qual temos poucos indivíduos autossuficientes é que
há ganhos do comércio. Os ganhos do comércio surgem, sobretudo,
quando há especializações. As vantagens das especializações e
os ganhos do comércio delas resultantes foram brilhantemente
descritos por Adam Smith (1776), em A riqueza das nações.
O livre comércio funciona e vale tanto para as pessoas
quanto para os países. Atualmente a China, país
comunista, está restabelecendo a livre iniciativa, e
atualmente é o principal parceiro comercial do Brasil.
(MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2011, p. 87).
Os mercados e a organização da atividade econômica
No início do desenvolvimento capitalista, Adam Smith (1776)
já afirmava em sua teoria que o livre comércio era eficiente nas
relações de troca existentes. Em 1848, Karl Marx publica o
Manifesto comunista, no qual defende um sistema econômico
alternativo que substitui o livre mercado pelo planejamento estatal.
Vários países adotaram esse sistema, desde a Rússia até
a Coreia do Norte. Hoje, só uns poucos permanecem
comunistas e os únicos que possuem qualquer tipo de
sucesso econômico são os que estão restabelecendo a
livre iniciativa. (LOFT, 2009, p. 13).
Na economia de mercado as decisões são realizadas por
milhões de empresas e famílias. Essas empresas e famílias
interagem no mercado em que os preços e os interesses
próprios guiam suas decisões.
Apesar da tomada de decisão descentralizada e de tomadores de
decisão movidos pelo interesse particular, as economias de mercado
têm se mostrado muito bem‑sucedidas na organização da atividade
econômica. Um dos objetivos desta disciplina é fazer com que você
entenda como essa “mão invisível” do mercado faz sua mágica.
Unidade 1
33
Universidade do Sul de Santa Catarina
Seção 5 – Mercado: o problema da agricultura
Ao longo do século passado, os produtores rurais do Brasil
adotaram novas técnicas agrícolas e variedades de cultivo
que reduziram os custos e aumentaram os rendimentos. As
consequências deste ato, quando cada agricultor tratou de
aumentar sua própria renda, foi expulsão de muitos agricultores
dessa atividade. Com o sucesso do aumento dos rendimentos em
suas lavouras, os preços têm caído continuamente. Os preços em
queda reduziram a renda de muitos agricultores e muitos desses
passaram a considerar a atividade agrícola como não sendo atrativa.
“A agricultura tem problemas ‘dentro’ e ‘fora’ da porteira
agrícola, mas é sem dúvida, ‘fora dos limites da fazenda’,
ou seja, fora do alcance do produtor rural que ocorre
a maior parte dos problemas que afetam o resultado
econômico‑financeiro, com adversas conseqüências
sociais.” (MENDES, 1998, p. 9).
Ao longo dos anos, os agricultores enfrentaram severas flutuações
de preços e reduções periódicas em suas rendas. Existem dois
problemas na agricultura: o primeiro, como sendo de curto prazo
relacionado às flutuações, ano a ano, de preços e rendas agrícolas.
O segundo, de longo prazo, está relacionado com o fato de a
agricultura ser um setor em declínio.
“O declínio da agricultura pode ser explicado por duas
características dos mercados agrícolas: ao longo do tempo
a oferta tem aumentado rapidamente; e a demanda por
produtos agrícolas tem aumentado de maneira lenta.”
(McCONNELL e BRUE, 2001, p. 331).
Um exemplo desse declínio na agricultura pode ser ilustrado
pela variação de preços do arroz entre os anos de 1995 e 2011,
conforme apresenta a figura a seguir. Podemos verificar na série
histórica de preços do arroz (em reais por saca de 50 kg) flutuações
ano a ano e variações cíclicas de preços. A linha reta inicia com
um valor de R$ 40,00/saca e termina abaixo de R$ 30,00/saca,
com tendência de declínio acentuado. A referida figura ilustra a
média do valor anual recebido pelos produtores de arroz de Santa
Catarina, indexado pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade
Interna (IGP‑DI) com base em abril de 2011.
34
Mercado Agrícola I
Figura 1.2 – Série histórica de preços do arroz recebidos pelo produtor em Santa Catarina entre 1995
a abril de 2011
Fonte: Epagri/Cepa (2011).
A tendência do declínio da agricultura pode ser revertida, ou
talvez amenizada. O entendimento da evolução dos preços
e da renda agrícola passa também pela análise dos fatores
determinantes da demanda e, não só, dos fatores determinantes
da oferta como veremos a seguir.
Unidade 1
35
Universidade do Sul de Santa Catarina
Como reverter a tendência de declínio da agricultura
O declínio da agricultura pode ser revertido com aumento do poder
de consumo das faixas de renda, aumento da população mundial e
pela nova matriz de combustíveis à base de insumos agrícolas.
A evolução da renda real dos consumidores brasileiros em todas
as faixas de renda tem levado a uma crescente massificação da
demanda por produtos agroindustriais no mercado interno.
Em nível mundial, observamos a entrada de centenas de milhões
de pessoas no mercado de consumo de alimentos, principalmente
no continente Asiático. Observamos, ainda, o aumento da
demanda de biocombustíveis.
Essas variáveis determinantes da demanda podem fazer com que
se tenha maior consumo que oferta, provocando um aumento
dos preços. Caso isto se confirme, o problema deixa de ser da
agricultura e passa a ser do consumidor.
Assim, é exatamente sobre um aspecto que está fora dos limites
da “fazenda” que o presente livro procura enfocar: o mercado
agrícola. Para compreender a formação dos preços nos mercados
agrícolas e quais são os vários fatores que os influenciam tanto do
lado da oferta como do lado da demanda agrícola, assim como
as implicações geradas tanto para consumidores quanto para os
produtores de alimentos.
36
Mercado Agrícola I
Síntese
Neste conteúdo você obteve resposta para a pergunta: Por que
estudar economia? Aprendeu que os fundamentos de economia
são aplicados em muitas situações de nossas vidas. Neste sentido,
pôde conhecer algumas definições sobre o que é economia e qual
o seu problema fundamental. Percebeu o conflito existente entre
os fatores de produção e as necessidades humanas.
Você verificou que uma sociedade precisa escolher um sistema
econômico dentre os dois diferentes sistemas existentes:
economias de mercado (capitalistas) e economias socialistas.
Pôde perceber, ainda, que os estudos da economia podem
ser realizados de duas formas: o estudo da economia em seu
conjunto, chamado de macroeconomia; e o estudo das decisões
de produção e de consumo de consumidores e produtores, e da
alocação de recursos entre diferentes alternativas de produção,
chamado de microeconomia.
Estudou, de forma simplificada, como funciona uma economia
de mercado, cujo comércio pode ser bom para todos uma vez
que os mercados parecem ser uma boa maneira de organizar a
atividade econômica.
Por fim, pôde constatar que o problema agrícola de curto prazo está
relacionado às flutuações de preços e rendas agrícolas que variam de
ano a ano, e que o problema agrícola de longo prazo está relacionado
ao fato de a agricultura ser um setor em declínio. Este último
problema poderá ser revertido caso se confirmem as projeções de
que o aumento na demanda seja maior que a oferta agrícola.
Unidade 1
37
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de autoavaliação
1) De acordo com a “mão invisível” de Adam Smith, em seu clássico
intitulado A riqueza das nações:
Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro
que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que eles têm
pelos próprios interesses. Apelamos não à humanidade, mas ao
amor próprio, e nunca falamos de nossas necessidades, mas das
vantagens que eles podem obter. (SMITH, 1976, p. 18).
Pergunta‑se: Qual o interesse do padeiro, cervejeiro e açougueiro em
vender, respectivamente, pão, cerveja e carne? O que eles recebem
em troca?
2) De acordo com a visão geral da macroeconomia e de como ela difere
da microeconomia, relacione os itens da primeira coluna com as
respectivas questões microeconômicas ou macroeconômicas na
segunda coluna.
( 1 ) Questões microeconômicas
( ) Eu deveria fazer uma faculdade
de Agronegócios ou aceitar um
emprego já?
( 2 ) Questões macroeconômicas ( ) Quantas pessoas estão
empregadas na economia brasileira
em seu conjunto este ano?
( ) Que políticas públicas deveriam
ser adotadas para facilitar o acesso
à universidade para estudantes de
baixa renda?
( ) O que determina o comércio
total em produtos do agronegócio
entre o Brasil e o resto do mundo?
( ) Que políticas públicas
deveriam ser adotadas para
promover o emprego e o
crescimento da economia
brasileira em seu conjunto?
( ) O que determina o custo, para
uma universidade, de oferecer um
novo curso sobre o Agronegócio?
38
Mercado Agrícola I
3) A partir da leitura geral do conteúdo Economia e o Mercado Agrícola
de nosso material didático, marque V para a alternativa verdadeira ou F
para a alternativa falsa. Justifique a(s) alternativa(s) falsa(s).
( ) A escolha individual é a base da economia; se não envolve escolha,
não é economia.
( ) Os bens de capital são bens e serviços que entram na produção de
outros bens.
( ) As famílias constituem a oferta no mercado de bens e demanda no
mercado de fatores.
( ) Os três fatores produtivos tradicionais são trabalho, capital e
recursos naturais.
Unidade 1
39
Universidade do Sul de Santa Catarina
( ) Nas economias modernas, as pessoas fazem escambo, em vez de
trocá‑los por dinheiro.
Saiba mais
LEITE, A. L. da S. Fundamentos econômicos. Instrucional
designer: Dênia Falcão de Bittencurt; ‑6. ed. rev. – Palhoça:
UnisulVirtual, 2005.
40
UNIDADE 2
Oferta e demanda agrícola
Objetivos de aprendizagem
„„
„„
„„
Entender o que é um mercado competitivo e como
este mercado pode ser descrito pelo modelo de oferta
e demanda.
Analisar a diferença entre movimentos ao longo de
uma curva de demanda e de oferta e deslocamentos
da curva da demanda e da curva da oferta.
Compreender o funcionamento do sistema de preços
em uma economia de mercado e o que é preço de
equilíbrio.
Seções de estudo
Seção 1
Mercado competitivo
Seção 2
Demanda agrícola
Seção 3
Oferta agrícola
Seção 4
Equilíbrio de mercado
2
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Quando uma geada atinge uma importante região produtora de
café, o preço do produto aumenta nos supermercados. Se o clima
contribuiu para o aumento da safra de arroz de 2010/11, os preços
deste produto despencam. Mas o que esses acontecimentos têm em
comum? Todos mostram como funcionam a oferta e a demanda.
Muitas pessoas utilizam os termos oferta e demanda como
referência para indicar “as leis do mercado em funcionamento”.
As relações de demanda e de oferta podem ajudar você a
compreender não apenas questões econômicas específicas
de um determinado mercado, mas também de como toda a
economia opera. A oferta e a demanda são as forças que fazem as
economias de mercado funcionar.
Neste conteúdo, você aprenderá que o conceito de oferta e demanda
tem um significado preciso. Aprenderá, ainda, os componentes do
modelo da oferta e da demanda e como esse modelo pode ser usado
para entender como os mercados agrícolas se comportam.
42
Mercado Agrícola I
Seção 1 – Mercado competitivo
Os preços do café, recebido pelo produtor, dobraram entre 2002
e 2006. Neste sentido, você deve estar se perguntando: Quem
decide a elevação dos preços do café?
Produtores e consumidores de café constituem um mercado, um
grupo de vendedores e compradores. Observe que este mercado é
formado por muitos compradores e vendedores de café.
Outra característica importante a ser observada refere‑se à
influência das ações dos indivíduos neste mercado sobre o
preço. As decisões individuais tanto dos produtores, em ampliar
ou reduzir a produção de café, quanto dos consumidores, em
comprar mais ou menos café, não têm efeito perceptível sobre o
preço final do produto.
Quando você decide tomar um cafezinho após o almoço em
determinada cafeteria, ao final, você pergunta ao vendedor
quanto custa? O mesmo acontece quando um produtor de café
decide vender “tantas” sacas do produto, neste caso, a pergunta
feita ao comprador é: Quanto estão pagando pela saca de café?
Quando todos os participantes do mercado, tanto consumidores
quanto produtores, são tomadores de preço, caracteriza‑se um
mercado competitivo.
“Mercado competitivo é um mercado no qual existem muitos
compradores e vendedores de um bem ou serviço e nenhum deles
podem influenciar o preço pelo qual o bem ou serviço é vendido”.
(KRUGMAN, 2009, p. 62).
Você já parou para pensar porque os mercados
competitivos são diferentes de outros mercados?
Compare o problema com que se defrontam o produtor de café
e um executivo de uma empresa fabricante de automóveis, se
devem ou não produzir mais de seus respectivos produtos.
Unidade 2
43
Universidade do Sul de Santa Catarina
A preocupação do produtor de café é simplesmente se o preço
compensa o custo de produção extra. Para o fabricante de
automóveis, a questão é um pouco mais complexa, porque os
poucos participantes deste mercado sabem que suas ações têm um
impacto perceptível sobre o preço final do produto no mercado.
O fabricante de automóveis opera em um mercado que não é
competitivo, ou seja, há poucos produtores de automóveis no
mercado. Além de perguntar se o preço compensa o custo de
produção extra de automóveis, o fabricante precisa perguntar
também se a produção extra de automóveis não irá pressionar
para baixo o preço de mercado e reduzir seu lucro.
Neste estudo, nossa atenção está direcionada ao mercado
competitivo, que tem seu comportamento bem descrito por um
modelo conhecido por modelo de oferta e demanda.
Os elementos deste modelo que você aprenderá a seguir são
os seguintes: a curva da demanda e da oferta, os fatores que
deslocam as curvas de oferta e demanda, o preço de equilíbrio do
mercado, a maneira como o preço de equilíbrio muda quando a
curva de oferta e demanda se desloca.
Neste sentido, iremos estudar conteúdos os quais você terá a
oportunidade de aprofundar seus conhecimentos referentes às
características e o funcionamento de um mercado competitivo,
assim como o comportamento dos demais tipos de mercado.
44
Mercado Agrícola I
Seção 2 – Demanda agrícola
Quantas pessoas gostam de consumir um cafezinho após o
almoço? Acredito que aqui no Brasil e pelo resto do mundo são
milhões de pessoas.
O número de pessoas que irá comprar um cafezinho dependerá
do preço final do café. Quando o preço do café se eleva, como
aconteceu no ano de 2006, algumas pessoas deixaram de
consumir café e procuraram outro produto para substituí‑lo,
como o chá, ou mesmo o refrigerante.
Quanto mais alto o preço de um produto, menos
pessoas desejam comprá‑lo; quanto mais baixo seu
preço, acontece o contrário, ou seja, mais pessoas
estarão desejosas de comprá‑lo.
Retomando o exemplo anterior, o resultado final da fabricação
e distribuição de todos os insumos usados na produção do
café, as atividades de produção agrícola, os processos de coleta,
estocagem, transporte, processamento e o comércio atacadista e
varejista de café é chamado de consumo.
A seguir, você estudará o comportamento das pessoas com
relação às suas decisões de procurar satisfazer seus desejos de
consumo. Além disso, reconhecerá a importância das atitudes
dos consumidores de alimentos e fibras de origem agrícola na
operação do agronegócio brasileiro.
Unidade 2
45
Universidade do Sul de Santa Catarina
A curva de demanda
Como você pode desenhar a curva de demanda por
café?
Primeiramente, você pode montar uma tabela de demanda
que mostre quanto de café os consumidores desejam adquirir
a diferentes níveis de preços. A tabela a seguir ilustra uma
demanda mundial hipotética de café:
Tabela 2.1 – Tabela de demanda de mercado para café
Preço do café
(reais/unidade)
Quantidade demandada de café (bilhões de unidades)
4,00
10
3,00
12
2,00
14
1,00
16
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (D = 18 – 2P) (2011).
Podemos observar, a partir da interpretação dos dados contidos
na tabela acima, que o preço de mercado do café estando a
R$ 2,00/unidade, os consumidores estão dispostos a comprar
14 bilhões de sacas de café. Mas quando o preço é elevado para
R$ 3,00/unidade, alguns consumidores acham o preço alto
demais e somente 12 bilhões de unidades poderão ser adquiridas.
A figura a seguir ilustra o comportamento da curva de demanda
para o café. O eixo vertical representa o preço de uma unidade de
café e o eixo horizontal representa as quantidades em bilhões de
sacas que os consumidores desejam adquirir.
46
Mercado Agrícola I
Preço 6
do café
5
À medida que o preço
sobe, a quantidade
demandada cai
4
Curva de
demanda
3
2
1
0
8
10
12
14
16
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Figura 2.1 – Curva da demanda de café
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos e que representam uma curva de demanda
linear (2011).
Para facilitar a interpretação da figura anterior, admita que a
curva da demanda tenha o comportamento de uma reta. Cada
ponto no gráfico corresponde a um par de dados contidos na
tabela anterior.
A curva de demanda é uma relação que mostra quanto de um
bem ou serviço os consumidores estão dispostos a comprar, com
diferentes níveis de preços, em determinado período, considerando
todos os demais condicionantes da demanda inalterados.
Você deve ter observado que a tabela de demanda e a curva de
demanda refletem que quando o preço se eleva, a quantidade
demandada (o desejo de consumo) diminui; quando preço
diminui, a quantidade demandada se eleva. Essa relação foi
exposta pelo economista Alfred Marshall (1842‑1924) e ficou
conhecida como sendo a Lei da Demanda.
Unidade 2
Os condicionantes da
demanda são aqueles
fatores que influenciam
a quantidade que se
deseja consumir de bens e
serviços. Os condicionantes
são o tamanho da
população, a renda do
consumidor, os preços dos
produtos relacionados,
o nível de propaganda,
a sazonalidade e
as preferências dos
consumidores.
47
Universidade do Sul de Santa Catarina
Segundo a Lei da Demanda, tende a haver uma
relação inversa entre os preços de um produto e as
quantidades que os consumidores estarão dispostos a
adquirir, por unidade de tempo, em condições ceteris
paribus (com tudo o mais constante).
Note que a curva de demanda tem uma inclinação negativa e isso
reflete a chamada Lei da Demanda.
Considerando a análise anterior, podemos fazer a seguinte
pergunta:
Quais seriam as principais razões para a inclinação
negativa da curva da demanda, ou seja, quais as
razões pelas quais os consumidores compram uma
quantidade menor de um produto quando os preços se
elevam (e vice‑versa)?
Os itens a seguir esclarecem algumas dúvidas sobre a curva
negativa da demanda:
a) o efeito novo consumidor: novos consumidores potenciais
deixam de adquirir o café quando os preços se elevam;
b)o efeito renda: a renda monetária do consumidor
permaneceu inalterada, mas seu poder aquisitivo
diminuiu com o aumento do preço do café. Em
consequência disso, sua renda real diminui também,
e agora o consumidor deverá diminuir a quantidade
comprada de café;
c) o efeito substituição: quando o preço do café eleva‑se,
a satisfação do consumidor por comprá‑lo diminui
relativamente, aumentando a possibilidade de o
consumidor adquirir um produto substituto que não teve
alteração de preço (por exemplo, o chá).
Em outro exemplo do mundo real, quanto à Lei da Demanda,
considere que o consumo de gasolina varia conforme se altera
o preço ao consumidor da Europa, quando comparado com os
consumidores dos Estados Unidos.
48
Mercado Agrícola I
Na Europa, devido às altas taxas (impostos), os
consumidores pagam duas vezes mais do que pagam os
consumidores americanos. Segundo a lei da demanda, se
espera que os europeus consumam por dia bem menos
que os consumidores dos Estados Unidos. (KRUGMAN,
2009, p. 64).
A figura a seguir ilustra o comportamento dos consumidores
europeus conforme destacado anteriormente.
Preço da gasolina
(por galão)
9
França
8
7
Reino Unido
Itália
6
Canadá
5
Espanha
4
Estados Unidos
Japão
3
2
1
0
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Galões por dia per capita
1,4
Figura 2.2 – A Lei da Demanda e o consumo de gasolina na Europa comparado ao consumo nos
Estados Unidos
Fonte: Adaptado de Krugman (2009, p. 64).
As alterações nos preços de um produto resultam em mudanças
nas vendas. Este evento causa, apenas, um movimento ao longo da
curva de demanda. A curva de demanda permanece inalterada e
existe apenas uma mudança na quantidade demandada do produto.
A seguir, você estudará outros fatores que influenciam a demanda.
Esses fatores são chamados de deslocadores de demanda.
Unidade 2
49
Universidade do Sul de Santa Catarina
Deslocamentos da curva de demanda
A Organization for Economic Co‑operation and Development
(OCDE) e a Food and Agriculture Organization (FAO), em seu
relatório “Perspectivas para a agricultura 2010‑2019”, preveem
para os próximos dez anos que os preços médios de vários
produtos agrícolas se situem acima dos níveis da década anterior
aos picos de 2007‑2008, tanto em termos nominais como
reais (ajustados pela inflação). Em termos reais, por exemplo,
estima‑se que os preços médios do trigo e dos cereais secundários
estejam de 15 a 40% mais elevados, em comparação ao período
compreendido entre os anos de 1997 a 2006.
Como os preços tendem a aumentar, e considerando a Lei da
Demanda, você pode se perguntar: haverá uma redução no
consumo de um leque de produtos agrícolas? Isso significa, por
exemplo, que a quantidade demandada de trigo e café irá diminuir?
A resposta à questão acima está relacionada à expressão ceteris
paribus, que significa: com tudo o mais constante. No mundo
real, tudo o mais não está constante, e ele mudará muito nos
próximos anos. Com isso, os condicionantes da demanda
também terão mudanças significativas.
Retomemos mais uma vez o exemplo do café. As estimativas
apontam que a população mundial e o número de consumidores
potenciais aumentaram nos últimos anos. Esses fatores que
afetam a demanda do produto fazem com que a um mesmo preço
mais consumidores demandem maiores quantidades de café.
A tabela de demanda e a curva de demanda para o café em 2010 e
sua projeção para 2015, representados pela tabela e figura a seguir,
apresentam dados hipotéticos, os quais ilustram este fenômeno.
50
Mercado Agrícola I
Tabela 2.2 – Tabela de demanda de mercado para café em 2010 e sua projeção para 2015
Preço do café (reais/
unidade)
Quantidade demandada de café
(bilhões de sacas)
Em 2010
Em 2015
4,00
10
12
3,00
12
14
2,00
14
16
1,00
16
18
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Preço
do café
Curva de demanda
6
Aumento na
5
Em 2015
demanda provocado
pelo crescimento da
4
população mundial
3
Em 2010
2
1
0
10
12
14
16
18
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Figura 2.3 – Um aumento na demanda de café em bilhões de sacas em decorrência do crescimento
da população
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
O aumento da população mundial e o número de consumidores
potenciais geram um aumento na demanda, ou seja, uma elevação na
quantidade demandada para qualquer dado preço. Este é o evento
que faz com que a curva de demanda se desloque para a direita.
Unidade 2
51
Universidade do Sul de Santa Catarina
Mantendo‑se constante o preço de R$ 2,00/unidade de café,
o consumo mundial é de 14 bilhões de sacas em 2010. Com o
aumento da população mundial, o consumo estimado do produto
será de 16 bilhões, em 2016, a esse mesmo nível de preço.
As mudanças que ocorreram entre 2010 e 2015 geram uma nova
curva de demanda, em que a quantidade demanda é maior que a
anterior, a um mesmo nível de preço. Como você pode visualizar
na figura anterior, a curva de demanda de 2015 está mais à
direita que aquela de 2010.
O deslocamento da curva de demanda mostra uma
alteração na quantidade demandada a qualquer preço
dado, ocasionando uma mudança de posição da curva
de demanda para sua nova posição.
Os quatro principais fatores que deslocam a curva da demanda
são os seguintes:
a) os preços dos bens relacionados;
b)a renda da população;
c) as preferências e gostos; e
d)as expectativas.
Outros fatores que influenciam o deslocamento da demanda estão
relacionados a seguir:
a) o tamanho da população;
b)o nível de propaganda;
c) processos de urbanização;
d)políticas governamentais direcionadas ao consumo
(impostos e subsídios);
e) disponibilidade de crédito;
f) sazonalidade;
52
Mercado Agrícola I
g)nível de educação da população;
h)clima;
i) sexo;
j) moda;
k)geografia.
No exemplo anterior, para exemplificar o deslocamento à direita
da demanda, utilizamos o aumento da população mundial.
Segundo Mendes e Padilha Júnior (2007, p. 89),
dependendo apenas do crescimento populacional, que só
tende a crescer, a curva de demanda no médio e longo
prazo irá se deslocar para a direita. As estimativas são
de que a população cresça a 0,5% ao ano nos países
desenvolvidos e de 1,7% nos países em desenvolvimento e
subdesenvolvidos. Confirmadas as projeções, a demanda
vai se deslocar (para a direita), proporcionalmente menos
nos países desenvolvidos do que nos demais países.
Na sequência, você irá compreender um pouco mais sobre os
quatro principais fatores que deslocam a curva da demanda.
Mudanças nos preços dos bens relacionados
Você, quando vai a um supermercado, tem a opção de adquirir, por
exemplo, café ou chá. A relação existente entre esses dois bens é de
substituição, por isso é dito que estes são bens substitutos.
Como fontes de proteína animal, você pode optar:
carne de boi, de frango, de peixe, de carneiro ou de
peru. Os automóveis podem ser abastecidos com
diversas fontes de energia: álcool, gasolina, diesel, gás
natural (GNV) e eletricidade.
Unidade 2
Bens substitutos são
aqueles que têm uma
função similar. Se houver
elevação do preço de um
bem, haverá aumento no
consumo de outro.
53
Universidade do Sul de Santa Catarina
Observe que uma diminuição no preço da carne bovina (bem
“A”) induz a uma diminuição na demanda por carne de frango
(bem “B”), deslocando a demanda deste último para a esquerda.
No mundo real, às vezes, uma queda no preço do bem “A” induz
os consumidores a demandarem mais do bem “B”. Quando isto
acontece, a relação entre os bens são de complementaridade, e
esses pares de bens são conhecidos por bens complementares.
Bens complementares são aqueles
que são consumidos em conjunto.
Se houver a elevação do preço de
um bem, haverá diminuição no
consumo de outro.
Como você consome os bens complementares juntos, a mudança
no preço de um bem afetará a demanda de seu complementar.
Quando o preço de um bem (A) se eleva, a demanda de seu bem
complementar (B) decresce, e faz deslocar para a esquerda a
demanda deste último bem.
Como foi descrito anteriormente, bens complementares são os
que são consumidos em conjunto. São exemplos destes bens: o
café e o leite, o pão e o queijo, a gasolina e o carro, entre outros.
Mudanças na renda da população
As mudanças na renda da população influenciam os
consumidores a comprar mais ou menos de um determinado
bem, mesmo que seu preço permaneça o mesmo.
Se a renda familiar aumenta, é mais provável que as
famílias consumam mais café. O aumento na renda
da população fará com que a curva da demanda da
maioria dos bens se desloque para a direita.
Você deve estar se perguntando: Por que a maioria dos bens? A
maioria dos bens são bens normais, ou seja, a demanda deles
aumenta quando a renda do consumidor sobe.
Contudo, existem alguns bens em que ocorre o processo inverso.
Esses são conhecidos como bens inferiores. Neste caso, um
aumento da renda desloca a curva da demanda para a esquerda.
54
Mercado Agrícola I
Por exemplo, quando aumenta a sua renda, o consumidor pode
diminuir ou deixar de consumir carne de segunda; e, ainda, pode
diminuir ou deixar de andar de ônibus.
Mudanças nas preferências
O que você pode chamar de mudanças nas preferências? Preferências
são as atitudes de um consumidor em relação a bens e serviços.
Ocorrem devido à moda, às crenças e às mudanças culturais.
Um exemplo que influencia na mudança da preferência por um
determinado produto é a Páscoa. Nesse período, a quantidade
de consumidores que desejam gastar com chocolate aumenta
consideravelmente.
Imagine, ainda, que você aprecie tomar café no período da tarde,
enquanto eu aprecio tomar determinado refrigerante. Mesmo que
tenhamos a mesma renda, as nossas respectivas demandas por
bebida serão bem diferentes.
Quando as preferências mudam a favor de um bem, mais pessoas
querem comprá‑lo a qualquer dado preço. Assim, a curva da
demanda se desloca para a direita.
Mudanças nas expectativas
As mudanças nas expectativas podem diminuir ou aumentar a
demanda de um bem.
Os cafezais brasileiros foram atingidos por uma forte geada em
1993. Você, como consumidor, quando ocorre um evento como este,
espera que os preços subam e se antecipa comprando mais desse
produto antes que os preços se elevem. Nesse caso, expectativas de
uma elevação de preços levam a um aumento da demanda.
As mudanças nas expectativas de renda futura também podem
levar a mudanças na demanda.
Unidade 2
55
Universidade do Sul de Santa Catarina
Caso você ache que sua renda irá diminuir no futuro,
provavelmente reduzirá a demanda de alguns bens,
procurando poupar algo.
Para ter uma visão geral dos fatores que deslocam a demanda, você
pode visualizar os elementos que estão contidos no quadro a seguir.
Tipo de mudança
Evento
Resultado esperado
“A” é um bem normal
A renda aumenta
A demanda de “A” aumenta
“A” é um bem inferior
A renda aumenta
A demanda de “A” diminui
“A” e “B” são substitutos
O preço de “B” aumenta
A demanda de “A” aumenta
“A” e “B” são complementares
O preço de “B” aumenta
A demanda de “A” diminui
As preferências e gostos
mudam a favor de “A”
A demanda de “A” aumenta
O preço de “A” é esperado
aumentar no futuro
A demanda de “A” aumenta
hoje
O número de
consumidores aumenta
A demanda de mercado de
“A” também aumenta
a) Renda
b) Preço dos bens relacionados
c) Preferências e gostos
d) Expectativas
e) Número de consumidores
Quadro 2.1 – Fatores que deslocam a demanda e o resultado esperado
Fonte: Adaptado de Krugman (2009, p. 70).
56
Mercado Agrícola I
Seção 3 – Oferta agrícola
A partir de agora você estudará o comportamento das pessoas
com relação às suas decisões de produção e reconhecerá a
importância das atitudes dos produtores de alimentos e fibras de
origem agrícola para o agronegócio brasileiro.
Você deve se perguntar: Por que os preços do café para
os produtores dobraram entre 2002 e 2006?
A resposta está relacionada à diminuição da oferta de dois grandes
países exportadores mundiais de café: o Brasil e o Vietnã. Aqui,
no Brasil, os baixos preços obtidos pelos produtores na década
anterior fizeram com que muitos deles deixassem de plantar café.
A quantidade de café que os consumidores querem comprar
dependerá do preço que eles terão de pagar. Esta relação é a
mesma para os produtores, na qual a quantidade de café que eles
irão produzir e vender dependerá do preço oferecido pela saca.
A curva de oferta
Como você desenha a curva de oferta por café?
Os procedimentos utilizados são os mesmos que adotamos para o
estudo da curva da demanda. Primeiramente, você deverá elaborar
um estudo de oferta que demonstre quanto de café os produtores
estão dispostos a produzir a diferentes níveis de preços. A tabela a
seguir ilustra uma oferta mundial hipotética de café.
Tabela 2.3 – Tabela de oferta de mercado para o café
Preço do café (reais/unidade)
Quantidade ofertada de café (bilhões de sacas)
4,00
14
3,00
12
2,00
10
1,00
8
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (O = 7 + 1,2P) (2011).
Unidade 2
57
Universidade do Sul de Santa Catarina
A tabela anterior, referente à oferta de mercado para o café,
mostra a quantidade de sacas de café que os produtores estarão
dispostos a oferecer a cada preço.
A figura a seguir demonstra o comportamento da curva de oferta
para o café. O eixo vertical representa o preço de uma unidade
de café e o eixo horizontal representa as quantidades que os
produtores desejam vender. Admita, também, que a curva da oferta
tenha um comportamento de uma reta. Cada ponto no gráfico
corresponde a um par de dados contidos na tabela anterior.
Preço
6
do café
5
Curva de oferta
4
3
2
À medida que o preço
1
sobe, a quantidade
ofertada aumenta
0
8
10
12
14
16
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Figura 2.4 – Curva da oferta de café
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos e que representam uma curva de oferta
linear (2011).
A partir da análise dos dados contidos na tabela e figura anterior,
constatamos que se o preço de mercado do café estiver em
R$ 2,00/unidade, os produtores estarão dispostos a vender dez
bilhões de unidades daquele produto. Mas se o valor estiver
a R$ 1,00/unidade, alguns produtores acharão o preço baixo
demais, e somente oito bilhões de unidades serão vendidas.
58
Mercado Agrícola I
A curva de oferta é uma relação que mostra quanto de um bem
ou serviço os produtores estão dispostos a vender, com diferentes
níveis de preços, em determinado período, considerando todos os
demais condicionantes da oferta inalterados.
Você deve ter observado que a tabela de oferta e a figura da curva
de oferta refletem que quando o preço se eleva, a quantidade
ofertada (o desejo de produzir) aumenta; quando o preço diminui,
a quantidade ofertada também diminui. Essa relação ficou
conhecida como sendo a Lei da Oferta.
Segundo a Lei da Oferta, tende a haver uma relação
positiva entre os preços de um produto e as quantidades
que os produtores estarão dispostos a vender, por
unidade de tempo, em condições ceteris paribus.
Os condicionantes da
oferta são aqueles
fatores que influenciam
a quantidade que se
deseja produzir de bens
e serviços. Podemos
citar como exemplos
daqueles condicionantes
os preços dos insumos, as
tecnologias empregadas
na produção e as
expectativas de compra e
venda.
Note que a inclinação positiva da curva de oferta reflete a
chamada Lei da Oferta.
Conforme você já pode observar, alterações nos preços de um
produto resultam mudanças nas vendas. Este evento causa,
apenas, um movimento ao longo da curva de oferta, a qual
permanece inalterada, existindo somente uma mudança na
quantidade ofertada do produto.
A seguir, você estudará outros fatores que influenciam a oferta,
os chamados fatores deslocadores de oferta.
Deslocamentos da curva de oferta
Segundo as projeções feitas pela OCDE e a FAO, os preços
agrícolas de vários produtos tendem a aumentar até 2019.
Considerando a Lei da Oferta, você pode se perguntar: Haverá
um aumento na produção de vários produtos agrícolas? Isso
significa que a quantidade ofertada de café irá aumentar?
Unidade 2
59
Universidade do Sul de Santa Catarina
A resposta à questão anterior está também relacionada à
expressão ceteris paribus (com tudo o mais constante). No mundo
real, tudo o mais não está constante, e com isso também os
condicionantes da oferta terão alterações.
Por exemplo, admita que o Vietnã passe a ser um grande produtor
de café a partir dos próximos anos (fato real que aconteceu anos
atrás). Este fato, que afeta a oferta do produto, faz com que a um
mesmo preço mais produtores desejem ofertar quantidades de café.
A oferta de mercado para o café em 2010 e sua projeção para
2015, representados por dados hipotéticos contidos na tabela e
figura a seguir, ilustram este fenômeno.
Tabela 2.4 – Tabela de oferta de mercado para café em 2010 e sua projeção para 2015
Preço do café (reais/
unidade)
Quantidade ofertada de café
(bilhões de sacas)
Em 2010
Em 2015
4,00
14
15
3,00
12
13
2,00
10
11
1,00
8
9
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
De acordo com a tabela anterior, para o preço de R$ 2,00/unidade
de café a produção mundial é dez bilhões de sacas em 2010. Com
o aumento da participação do Vietnã na oferta mundial, a oferta
estimada do produto será de 11 bilhões em 2015, a esse mesmo
nível de preço.
60
Mercado Agrícola I
6
Curva de oferta
Preço 5
do café
4
Em 2010
Em 2015
3
2
Aumento na oferta
provocado pelo aumento
na produção de café no
Vietnã
1
0
8
10
12
14
16
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Figura 2.5 – Um aumento da oferta de café pelo Vietnã
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
O significativo aumento da produção de café no Vietnã gerou
uma elevação na oferta, ou seja, um aumento na quantidade
ofertada de café para qualquer dado preço. Este evento fez com
que a curva de oferta se deslocasse para a direita, conforme
representado na figura anterior.
As mudanças que ocorreram entre os anos de 2010 e 2015
geraram uma nova curva de oferta, em que a quantidade ofertada
é maior que a anterior, a um mesmo nível de preço. Como você
pode visualizar na figura anterior, a curva de oferta de 2015 está
mais à direita que aquela de 2010.
O deslocamento da curva de oferta mostra a mudança
na quantidade ofertada a qualquer preço dado,
representando a mudança de posição da curva de
oferta para sua nova posição.
Unidade 2
61
Universidade do Sul de Santa Catarina
Os cinco principais fatores que deslocam a curva da oferta, entre
outras causas possíveis, são os seguintes:
a) os preços dos bens relacionados;
b)a tecnologia;
c) os preços dos insumos;
d)as expectativas; e
e) o número de produtores.
Mudanças nos preços dos bens relacionados
Quando um produtor rural decide elaborar seu plano de
produção, a quantidade a ser ofertada de um determinado tipo
de produto dependerá do preço de produtos alternativos. O efeito
da alteração de preço, dos produtos relacionados, poderá afetar
diretamente a quantidade a ser produzida de um determinado
produto, dependendo da relação existente entre eles (alternativas).
Admita, por exemplo, que os produtores possam optar entre
o plantio de café ou algodão. A relação existente entre esses
dois bens é de substituição, por isso é dito que estes são bens
substitutos na produção.
Bens substitutos na produção são
os que não podem compartilhar,
no espaço e no tempo, uma mesma
área. A elevação do preço de um bem
causa redução da produção de outro.
Observe que uma diminuição no preço do café (bem “A”) induz
a um aumento na oferta por algodão (bem “B”), deslocando a
oferta deste último para a direita.
Bens complementares na produção
são aqueles produzidos em
conjunto. A diminuição do preço
de um bem causa o aumento na
produção do outro.
Por exemplo, um produtor de milho e carne suína. Quando o
preço do milho diminui, o qual é utilizado como insumo na
produção de suínos, o produtor tem um estímulo para aumentar a
produção de carne suína.
62
No mundo real, às vezes, uma queda no preço do bem “A” induz
os produtores a ofertarem mais o bem “B”. Quando isto acontece,
a relação entre os bens é de complemento e, por isso, esses pares
de bens são conhecidos por bens complementares na produção.
Mercado Agrícola I
Como os bens complementares são produzidos juntos, a mudança
no preço de um bem afetará a produção de seu complementar.
Quando o preço de um bem se eleva, a produção de seu bem
complementar decresce, e faz deslocar para a esquerda a curva de
oferta deste último.
Mudanças na tecnologia
A tecnologia, no espaço rural, refere‑se às técnicas de transformar
insumos em produtos agrícolas.
O complexo conjunto de atividades que transformam o grão de
café colhido nas propriedades rurais em café solúvel, o qual será
servido em seu café da manhã, denomina‑se tecnologia.
No Brasil, nas últimas décadas, o acúmulo de conhecimento em
agricultura tropical foi grande.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)
e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA),
em 1990 o Brasil colhia 57,9 milhões de toneladas de grãos
em 37,9 milhões de hectares. Hoje, na safra 2009/2010, colhe
mais de 140 milhões de toneladas em 47,9 milhões de hectares.
Podemos observar que a área plantada aumentou 26,4%, mas a
produção aumentou 147%.
Uma tecnologia estratégica para o Brasil foi a
“tropicalização da soja”, através de um processo de
melhoramento genético desenvolvido pela Embrapa.
A soja, de origem asiática, de clima temperado, não se
adaptava ao clima brasileiro. Com a cultura adaptada
para regiões de baixa latitude, o Brasil se tornou o
segundo maior produtor mundial e o maior exportador
mundial do grão. (MENDES e PADILHA JÚNIOR,
2007, p. 153).
O desenvolvimento de novas tecnologias no mercado agrícola,
como apresentado no exemplo anterior, reduz os custos de
produção, eleva a oferta e desloca, para a direita, a curva da oferta.
Unidade 2
63
Universidade do Sul de Santa Catarina
Mudanças nos preços dos insumos
O aumento no preço de um insumo tem influência direta nos
custos de produção de um bem. Quando o preço do insumo se
eleva, os produtores estarão menos dispostos a produzir e vender
o bem, e a curva da oferta se deslocará para a esquerda.
Um aumento no preço de adubo, utilizado na
produção do café, eleva o custo de produção do
produto e os produtores estarão menos dispostos a
ofertar café. Como resultado final, a curva de oferta se
desloca para a esquerda.
Mudanças nas expectativas
Assim como as expectativas podem deslocar a curva da demanda,
elas também poderão deslocar a curva da oferta.
Como as expectativas alteram a oferta? As escolhas dos
produtores dependem da comparação do preço corrente com o
preço futuro esperado pelo seu produto.
Imagine um produtor que tem em estoque sacas de café e recebe
a notícia que o preço do café aumentará no futuro. A decisão
esperada é que o produtor irá esperar o preço do café se elevar
para vender sua produção, o que ocasionará a redução da oferta
do produto hoje.
Um aumento do preço futuro esperado pelo seu produto
desloca para a esquerda a curva de oferta do produto.
Número de produtores
A oferta em um mercado depende do número de vendedores. Por
exemplo, se João e Paulo resolvessem deixar de cultivar o café, a
oferta no mercado diminuiria. Caso a situação fosse contrária, ou
seja, se esses produtores decidissem produzir mais café, a oferta
no mercado aumentaria.
64
Mercado Agrícola I
Para ter uma visão geral dos fatores que deslocam a oferta, você
pode visualizar os elementos que estão contidos no quadro a
seguir:
Mudança
Evento
Resultado esperado
O preço do insumo utilizado
na produção de “A” aumenta
A oferta de “A” decresce
O preço do insumo utilizado
na produção de “A” diminui
A oferta de “A” aumenta
“A” e “B” são substitutos na
produção
O preço de “B” aumenta
A oferta de “A” diminui
“A” e “B” são complementares na
produção
O preço de “B” diminui
A oferta de “A” aumenta
A tecnologia utilizada para
produzir “A” melhora
A oferta de “A” aumenta
O preço de “A” é esperado
aumentar no futuro
A oferta de “A” diminui
hoje
O número de produtores de
“A” aumenta
A oferta de mercado de
“A” aumenta
a) Preço dos insumos
b) Preço dos bens relacionados
c) Tecnologia
d) Expectativas
e) Número de produtores
Quadro 2.2 – Fatores que deslocam a oferta e o resultado esperado
Fonte: Adaptado de Krugman (2009, p. 77).
Tendo analisado a demanda e a oferta em separado, vamos agora
combinar essas duas forças de mercado para determinar como se
formam a quantidade de um bem e o seu preço.
Unidade 2
65
Universidade do Sul de Santa Catarina
Seção 4 – Equilíbrio de mercado
Ao estudar os elementos que compõem o modelo da oferta e da
demanda você compreende como se comporta a curva da oferta, a
curva da demanda e os fatores que fazem com que essas curvas se
desloquem para a direita ou para a esquerda. Antes de estudarmos
como se dá o equilíbrio de mercado, considere a seguinte reflexão.
Para tomar o seu café da manhã de hoje, você utilizou produtos
que vieram de diferentes regiões e países. O café, propriamente
dito, pode ter sido produzido no Estado de São Paulo, Paraná,
Minas Gerais ou Espírito Santo e utilizado insumos, como
adubos, vindos de outros países.
O palito de fósforo utilizado para acender o fogo veio dos
Estados Unidos. O gás que você utilizou para aquecer seu
café veio do Oriente Médio. A colherzinha para mexer o café
foi fabricada no Estado de São Paulo, com o minério de ferro
extraído em Minas Gerais. O açúcar utilizado para adoçar seu
café foi produzido em Santa Catarina, com a cana‑de‑açúcar
vinda do nordeste brasileiro.
Para que você possa tomar seu café, muitas atividades de
produção e comercialização precisaram ser implementadas. O
mecanismo utilizado para manter a ordem e colocar as coisas
em seus lugares certos, na maioria das economias do mundo,
denomina‑se mercado.
Como você utiliza esses elementos da oferta e da demanda para
prever o preço que determinado bem ou serviço será comprado
e vendido?
Utilizando uma analogia feita por Alfred Marshall, o qual refere
que, para cortarmos uma folha de papel, são necessárias as duas
lâminas da tesoura. Para entendermos a formação do preço de
determinado produto, é preciso considerar o comportamento das
duas “lâminas”: da oferta e da demanda.
Um mercado competitivo está em equilíbrio quando
o preço se move para um nível em que a quantidade
ofertada e a quantidade demandada de um bem
são iguais. A esse nível de preço, os desejos dos
consumidores e dos produtores estão atendidos.
66
Mercado Agrícola I
Como você encontra o preço de equilíbrio e a
quantidade de equilíbrio do café?
É preciso combinar as curvas da demanda e da oferta em um mesmo
gráfico, conforme ilustrado na figura a seguir. Da mesma forma,
deve combinar as informações relativas às quantidades demandadas
e ofertadas conforme aparecem na tabela e figura a seguir.
Tabela 2.5 – A demanda, a oferta e o equilíbrio de mercado para café
Preço do café
(reais/unid.)
Quantidade demandada de
café (bilhões de sacas)
Quantidade ofertada de
café (bilhões sacas)
Equilíbrio, excedente (+) ou
escassez (‑)
4,00
10
14
(+) 4
3,00
12
12
(Equilíbrio) 0
2,00
14
10
(‑) 4
1,00
16
8
(‑) 8
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (D = 18 – 2P) e (O = 6 + 2P) (2011).
6
Preço 5
do café
Demanda
Oferta
4
Preço de equilíbrio
3
Equilíbrio (E)
2
1
Quantidade de
equilíbrio
0
8
10
12
14
16
Quantidade de café (bilhões)
Figura 2.6 – Equilíbrio de mercado do café
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Unidade 2
67
Universidade do Sul de Santa Catarina
A interseção das curvas de oferta e demanda acontece no ponto E,
que é ponto de equilíbrio desse mercado. O preço de equilíbrio é
R$ 3,00 e a quantidade de equilíbrio é 12 bilhões de sacas.
“Equilíbrio é uma situação na qual as coisas não tendem
a mudar. Assim, o equilíbrio representa uma situação
que pode perdurar.” (WONNACOTT, 2002, p. 67).
Note que, a qualquer outro preço que não seja de equilíbrio,
o mercado não estaria ajustado, ou seja, teríamos escassez ou
excedente de produto.
O excesso de oferta acontece quando a quantidade ofertada
supera a quantidade demandada.
Por exemplo, caso o preço da saca fosse fixado a R$ 4,00, haveria
um excedente de quatro bilhões de unidades de café. A este
preço, os consumidores desejam adquirir dez bilhões de unidades
e os produtores desejam ofertar 14 bilhões de unidades de café.
Por que o preço de mercado cai se ele está acima do
preço de equilíbrio?
O excedente de oferta de quatro bilhões de unidades causa
frustração aos vendedores: não conseguem encontrar alguém que
queira comprar esse excedente. Os estoques indesejáveis fornecem
incentivos para que os vendedores ofereçam o produto a um preço
mais baixo. O resultado final esperado é uma pressão para baixo
do preço até que chegue ao chamado preço de equilíbrio.
A escassez, ou excesso de demanda, acontece quando a
quantidade demandada supera a quantidade ofertada.
Se o preço fosse fixado a R$ 2,00, ou seja, muito baixo, a situação
de mercado é de escassez de produto (também de quatro bilhões
de unidades de café). A este preço os consumidores desejam
adquirir 14 bilhões de unidades e os produtores desejam ofertar
somente dez bilhões de unidades de café.
68
Mercado Agrícola I
Por que o preço de mercado sobe, se ele está abaixo do preço de
equilíbrio?
Numa situação de escassez, há pessoas que querem comprar
o café, mas não conseguem encontrar vendedores dispostos a
ofertar o produto ao preço corrente. O estímulo agora é para
que os vendedores cobrem um preço mais alto, ou, ainda,
que os consumidores se proponham a pagar mais que o preço
corrente. Assim, o preço sempre subirá se estiver abaixo do
preço de equilíbrio.
Preço de equilíbrio é aquele que ajusta o mercado, ou
seja, que iguala a quantidade ofertada e a quantidade
demandada. A quantidade de equilíbrio é aquela
vendida e comprada ao preço de equilíbrio.
Com o preço de equilíbrio de R$ 3,00, tanto compradores
quanto vendedores estarão satisfeitos com a quantidade vendida
e comprada. Assim, não haverá mais escassez ou excedente, nem
haverá pressão para mudanças no preço de mercado.
O mercado de um produto ou serviço tende a ter um único preço.
O preço de mercado sempre subirá, se estiver abaixo do preço
de equilíbrio. Por outro lado, haverá uma pressão para baixo do
preço de mercado, se estiver acima do preço de equilíbrio. Assim,
o preço de mercado se move em direção ao preço de equilíbrio.
Mudanças na demanda e na oferta
Quando uma curva de oferta ou de demanda se desloca, preço e
quantidade sofrem uma variação. Neste sentido vamos agora nos
concentrar no estudo de como as mudanças na curva da oferta e na
curva da demanda alteram o preço e a quantidade de equilíbrio.
Unidade 2
69
Universidade do Sul de Santa Catarina
O que acontece quando a curva de demanda se desloca?
Imagine que o nível de propaganda nos jornais e na televisão leve
os consumidores a tomarem mais café e menos chá. Café e chá
são bens substitutos. A mudança nas preferências significa um
deslocamento para a direita na curva de demanda para café e um
deslocamento à esquerda para chá.
Mas como o nível de propaganda afeta o mercado de
café?
A figura a seguir mostra o equilíbrio inicial correspondente à
curva de demanda original, sendo PE1 o preço de equilíbrio e
QE1 a quantidade de equilíbrio comprada e vendida.
6
Um aumento
na demanda
Preço 5
do café
Oferta
Equilíbrio
final
4
PE2 = 3,5
PE1 =
3
2
Equilíbrio
inicial
1
QE2 = 13
0
8
10 QE1 = 12
14
16
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Figura 2.7 – Equilíbrio inicial e o aumento na demanda
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
70
Mercado Agrícola I
O aumento no nível de propaganda faz com que mais consumidores
se interessem por consumir café, aumentando sua demanda. Ao
preço de mercado original PE1, esse mercado não está mais em
equilíbrio. Observe que ao preço PE1 ocorre uma escassez, porque
a quantidade demandada excede a quantidade ofertada.
Na condição de escassez, o preço do café aumenta e gera um
aumento na quantidade ofertada de café (um movimento para
cima ao longo da curva de oferta). No ponto que representa o
equilíbrio final, o preço de equilíbrio PE2 é maior que o anterior,
assim como a quantidade de equilíbrio QE2 é também maior.
O aumento na demanda conduz a um aumento tanto do preço
de equilíbrio como da quantidade de equilíbrio. Uma redução na
demanda causa uma queda tanto do preço de equilíbrio como da
quantidade de equilíbrio.
O que acontece quando a curva de oferta se desloca?
Imagine agora que a geada que ocorreu no Estado do Paraná
destruiu parte significativa dos cafezais. A quantidade de café
disponível para venda diminui e a curva da oferta se desloca para
a esquerda.
Mas como a geada no Paraná afeta o mercado de café?
A figura a seguir ilustra o equilíbrio inicial correspondente à
curva de oferta original, sendo PE1 o preço de equilíbrio e QE1
a quantidade de equilíbrio comprada e vendida.
Unidade 2
71
Universidade do Sul de Santa Catarina
Preço6
do café
5
Equilíbrio
final
Uma redução
na oferta
4
PE2 = 3,5
PE1 = 3
Equilíbrio
inicial
2
1
Demanda
QE2 = 11
0
8
10 QE1 =12
14
16
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Figura 2.8 – Equilíbrio e a diminuição na oferta
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Ao preço de equilíbrio original, temos agora uma situação de
escassez. Com menos café disponível, a cotação do produto
começa a subir. Como resultado final, temos um novo preço de
equilíbrio mais alto e uma nova quantidade de equilíbrio menor
que a anterior.
Uma redução na oferta causa um aumento no preço de
equilíbrio e a uma redução na quantidade de equilíbrio
comprada e vendida. O aumento na oferta conduz a
uma diminuição no preço de equilíbrio e a um aumento
na quantidade de equilíbrio comprada e vendida.
No mundo real, é comum as flutuações nos mercados envolverem
deslocamentos simultâneos da curva de oferta e da curva de
demanda. O resultado a ser obtido para o novo equilíbrio
depende se o deslocamento das curvas acontece na mesma
direção ou não, e do quanto cada curva venha se deslocar.
72
Mercado Agrícola I
O problema agrícola de longo prazo está relacionado
com o fato de a agricultura ser um setor em declínio.
Observou também que este declínio da agricultura
pode ser explicado por duas características dos
mercados agrícolas: ao longo do tempo a oferta tem
aumentado rapidamente; e a demanda por produtos
agrícolas tem aumentado de maneira lenta.
No exemplo anterior, o deslocamento das curvas acontece na
mesma direção. A mudança na quantidade, quando ocorre, é
previsível. A nova quantidade de equilíbrio será maior.
Mas o que acontece com o novo preço de equilíbrio? O preço,
neste caso, não é previsível (vai depender do quanto cada curva
está se deslocando). Como o deslocamento da oferta foi maior
que o verificado na demanda, ocorre uma pressão para baixo
no preço de equilíbrio. Este fato foi observado na maioria dos
produtos agrícolas ao longo do século XX, ou seja, uma tendência
de queda secular nos preços agrícolas.
Unidade 2
73
Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese
Neste conteúdo você estudou o modelo da oferta e da demanda
que explica como os mercados chegam a um preço e por que os
mercados “funcionam”. Este modelo o ajuda a entender como os
mercados competitivos operam e a prever os efeitos esperados
com alterações climáticas bruscas, com um aumento no nível de
propaganda de um produto, ou, até mesmo, como veremos mais
adiante, de uma política agrícola equivocada.
Você pôde perceber que a curva de demanda tem uma inclinação
negativa e isso reflete na chamada Lei da Demanda. Segundo
a Lei da Demanda, tende a haver uma relação inversa entre os
preços de um produto e as quantidades que os consumidores
estarão dispostos a adquirir, por unidade de tempo, com tudo o
mais mantido constante.
Verificou também que a inclinação positiva da curva de oferta
reflete a chamada Lei da Oferta. Segundo esta Lei, tende a ocorrer
uma relação positiva entre os preços de um produto e as quantidades
que os produtores estarão dispostos a vender, por unidade de tempo,
em condições ceteris paribus (com tudo o mais constante).
Você constatou que o deslocamento da curva de demanda ou da
curva de oferta mostra a mudança na quantidade demandada
ou ofertada a qualquer preço dado, representando a mudança de
posição da curva de demanda ou da curva de oferta, se este for o
caso, para uma nova posição.
Estudou que os principais fatores que deslocam a curva da
demanda são os preços dos bens relacionados, a renda da
população, as preferências e gostos e as expectativas. Os
principais fatores que deslocam a curva da oferta são os preços
dos bens relacionados, a tecnologia, os preços dos insumos, as
expectativas e o número de produtores.
74
Mercado Agrícola I
Pôde perceber ainda que o preço em um mercado se move para
o preço de equilíbrio. Preço de equilíbrio é aquele que iguala a
quantidade ofertada e a quantidade demandada. A quantidade de
equilíbrio é aquela vendida e comprada ao preço de equilíbrio.
Analisou que o aumento na demanda conduz a um aumento
tanto do preço de equilíbrio como da quantidade de equilíbrio.
Uma redução na demanda causa uma queda tanto do preço de
equilíbrio como da quantidade de equilíbrio.
E por fim, pôde verificar que a redução na oferta causa um
aumento no preço de equilíbrio e a uma redução na quantidade
de equilíbrio. O aumento na oferta conduz a uma diminuição no
preço de equilíbrio e a um aumento na quantidade de equilíbrio.
Unidade 2
75
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de autoavaliação
1) Você aprendeu nesta unidade o que é um mercado competitivo e como
este mercado pode ser descrito pelo modelo de oferta e demanda.
Marque V para a alternativa verdadeira ou F para a alternativa falsa em
cada uma das proposições abaixo. Justifique a(s) alternativa(s) falsa(s).
( ) Um avanço tecnológico nos métodos de produção do arroz desloca
para a direita a curva de oferta do produto.
( ) O preço de equilíbrio do milho é, efetivamente, o único preço
que harmoniza os interesses conflitantes dos produtores e dos
consumidores.
( ) Na curva de oferta, quanto mais se elevam os preços de um
produto, maiores serão as quantidades, por período de tempo, que os
produtores estarão dispostos a produzir.
76
Mercado Agrícola I
( ) Os preços e as quantidades demandadas de trigo, coeteris paribus,
variam na mesma direção: quanto mais altos aqueles forem, maiores
estas serão.
2) A partir da leitura geral de nosso livro didático, marque V para a
alternativa verdadeira ou F para a alternativa falsa. Justifique a(s)
alternativa(s) falsa(s).
A demanda é uma lista ou curva que representa a disposição dos
consumidores em comprar determinado produto aos vários preços
possíveis num período de tempo específico. A curva da demanda é
decrescente (inclinação negativa), porque:
( ) Os produtores oferecem uma quantidade maior de um produto
para a venda à medida que o preço do produto aumenta.
( ) Quanto maior o número de compradores no mercado, menor será
o preço do produto.
( ) A quantidade ofertada excede a quantidade demandada.
Unidade 2
77
Universidade do Sul de Santa Catarina
3) Conforme você estudou, alterações no preço de um produto
resultam em mudanças em suas vendas. Este evento causa, apenas,
um movimento ao longo da curva de demanda, ou seja, a curva de
demanda permanece inalterada e existe apenas uma mudança na
quantidade demandada do produto. Por outro lado, você também
estudou outros fatores que influenciam a demanda. Esses outros
fatores denominam‑se deslocadores de demanda. Relacione os itens da
primeira coluna com os respectivos eventos na segunda coluna.
( 1 ) Movimento ao longo da curva
da demanda.
( 2 ) Deslocamento da curva da
demanda para a direita.
( 3 ) Deslocamento da curva da
demanda para a esquerda.
( ) Os donos de sorveterias acham
que os consumidores estão mais
dispostos a pagar mais caro por
sorvete durante o verão.
( ) Os consumidores preveem que
o preço de um produto será menor
em um futuro próximo.
( ) O forte aumento no preço
da gasolina leva muita gente a
procurar transporte coletivo, a fim
de reduzir o consumo de gasolina.
( ) No dia dos namorados, as
pessoas compram mais rosas, ainda
que seu preço seja mais alto que
em outras épocas do ano.
4) Você estudou que um determinado evento climático (geada) pode gerar
um impacto no mercado de café. A quantidade de café disponível para
venda diminui e a curva da oferta se desloca para a esquerda. Ao preço
de equilíbrio original, temos agora uma situação de escassez. Com menos
café disponível, a cotação do produto começa a subir. Como resultado final,
temos um novo preço de equilíbrio mais alto e uma nova quantidade de
equilíbrio menor que a anterior. Responda e explique, respectivamente:
a) Como a mudança no preço do café decorrente da geada afetará o
mercado de chá?
b) Explique em um gráfico os efeitos esperados deste evento para
deslocamento das curvas de demanda ou de oferta por chá.
78
Mercado Agrícola I
Saiba mais
MENDES, Judas Tadeu Grassi; PADILHA JÚNIOR, João
Batista. Agronegócio: uma abordagem econômica. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2007.
WONNACOTT P. e WONNACOTT, R. Economia. São
Paulo: McGraw‑Hill, 1994.
Unidade 2
79
UNIDADE 3
Elasticidade de produtos
agrícolas
Objetivos de aprendizagem
„„
„„
„„
Entender a definição da elasticidade-preço da
demanda, da elasticidade-preço da oferta, da
elasticidade-renda da demanda.
Compreender a importância dos diferentes tipos de
elasticidades para os produtores e consumidores de
produtos agrícolas.
Aprender quais fatores influenciam o tamanho dessas
diferentes tipologias de elasticidade.
Seções de estudo
Seção 1
Definição e medida da elasticidade
Seção 2
Interpretação da elasticidade-preço da demanda
Seção 3
Importância da elasticidade-preço da demanda
Seção 4
Elasticidade-renda da demanda
Seção 5
Elasticidade-preço da oferta
3
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Caro estudante, você imagina que percentagem da população
brasileira vive no campo?
O resultado do último censo, realizado pelo IBGE (2010), indica
190,7 milhões de pessoas para a população brasileira, as quais
estão distribuídas em áreas dos meios urbano e rural. Os dados
do censo revelaram que essa população está mais urbanizada que
há 60 anos. Para termos uma ideia, no ano de 1950, 64% dos
brasileiros viviam em áreas rurais, e agora são 16%.
Nos Estados Unidos, na década de 1940, aproximadamente 16% de
sua população total vivia no campo. Essas cifras são semelhantes
às observadas atualmente no Brasil. A última percentagem oficial
publicada pelo governo norte‑americano data de 1991 e, naquele
ano, a percentagem da sua população rural era 1,9%.
Por que tão pouca gente vive e trabalha no campo no Brasil e,
especialmente, nos Estados Unidos? A resposta a essa pergunta
está relacionada ao tema que será abordado a seguir: elasticidades.
Na sequência você aprenderá como se medem os diferentes
tipos de elasticidade e sua importância para os produtores e
consumidores de produtos agrícolas.
Seção 1 – Definição e medida da elasticidade
Até agora você utilizou o modelo da oferta e da demanda
para prever como o preço e a quantidade de um determinado
bem mudam. Por exemplo: caso o preço do café venha a subir,
sabemos que sua demanda cairá. A questão essencial é saber
qual a quantidade demandada de café torna‑se sensível a
mudanças no preço do produto.
82
Mercado Agrícola I
Como definimos sensibilidade?
A resposta a essa pergunta é um número especial, o qual pode
ser obtido a partir da elasticidade‑preço da demanda. A seguir,
veremos como se mede a elasticidade‑preço da demanda e
por que ela é a melhor maneira de medir como a quantidade
demandada responde a mudanças no preço.
A elasticidade‑preço da demanda
Ao interpretarmos os dados contidos na figura a seguir,
percebemos a resposta da quantidade demandada a uma mudança
específica no preço.
Preço 6
do café
5
À medida que o preço
sobe, a quantidade
demandada cai
4
Curva de
demanda
3
2
1
0
8
10
12
14
16
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Figura 3.1 – Curva da demanda de café
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Unidade 3
83
Universidade do Sul de Santa Catarina
Você pode observar que se o preço de mercado estiver a R$ 2,00/
unidade, os consumidores estão dispostos a comprar 14 bilhões
de unidades de café. A R$ 3,00/unidade, alguns consumidores
acham o preço alto demais, e somente 12 bilhões de unidades
serão adquiridas. Mas como podemos transformar isso em uma
medida de sensibilidade ao preço?
A elasticidade‑preço da demanda compara a resposta
dos consumidores em termos de quantidade
demandada de um produto, com a mudança
percentual no preço.
Para calcular a elasticidade‑preço da demanda, você deve
primeiro calcular a variação percentual na quantidade demandada
e a correspondente variação percentual no preço. Elas são
calculadas da seguinte forma:
Variação (%) na quantidade demandada =
(1)
Variação na quantidade X 100
Valor médio da quantidade demandada
A variação percentual na quantidade demandada de café quando o
preço sobe de R$ 2,00 para R$ 3,00 é calculada da seguinte forma:
Variação (%) na quantidade demandada = (12 - 14) X 100
(12 + 14)/2
Variação (%) na quantidade demandada = (‑) 15,38%
A mudança percentual no preço é:
Variação (%) no preço =
Variação no preço X 100
Valor médio do preço
Variação (%) no preço = (3 - 2) X 100
(3 + 2)/2
Variação (%) no preço = 40%
84
(2)
Mercado Agrícola I
Para calcular a elasticidade‑preço da demanda, dividimos a
mudança percentual na quantidade demandada (1) pela mudança
percentual no preço (2):
Elasticidade‑preço da demanda (Epd) =
Elasticidade‑preço da demanda (Epd) = (‑)
Variação % na quantidade demandada (3)
Variação % no preço
15,38%
40%
Elasticidade‑preço da demanda (Epd) = (‑) 0,38
Como você pode observar, o coeficiente da elasticidade‑preço
da demanda tem sinal negativo, porque o preço e a quantidade
variam em sentido opostos devido à lei da demanda. Por
exemplo, se o preço aumenta (uma mudança percentual positiva),
a quantidade cai (uma mudança percentual negativa).
A partir de agora, por comodidade, vamos convencionar
eliminar o sinal negativo quando nos referirmos à
elasticidade‑preço da demanda.
Como você verá a seguir, uma elasticidade‑preço da demanda de
0,38 indica uma resposta fraca da quantidade demandada ao preço.
Unidade 3
85
Universidade do Sul de Santa Catarina
Seção 2 – Interpretação da elasticidade‑preço da
demanda
O que significa uma elasticidade‑preço da demanda baixa? E o que
determina que a elasticidade‑preço da demanda seja alta ou baixa?
No mundo real, não é tão fácil calcular elasticidade‑preço da
demanda. Infelizmente, mudança de preço não é a única coisa
que afeta a quantidade demandada. Existe uma série de fatores
que interferem no nosso desejo de consumir bens e serviços:
preferências, preço dos bens relacionados, renda da população,
entre outros. Na prática, é preciso separar a influência desses
outros fatores para estimar a elasticidade‑preço da demanda.
O esforço de vários estudos de estimativas de elasticidade‑preço da
demanda pode ser visualizado na tabela a seguir. As estimativas
revelam uma grande amplitude de elasticidade‑preço, mesmo
quando se considera somente um grupo de produtos – os alimentos.
Tabela 3.1 – Estimativas de elasticidade‑preço da demanda, de curto prazo, de alguns
alimentos, no varejo, Brasil e Estados Unidos
Produtos agropecuários
Açúcar
Arroz
Banana
Batata inglesa
Café em pó
Café solúvel
Carne bovina
Carne de frango
Carne suína
Farinha de trigo
Feijão
Frutas
Leite
Ovos
Pão
Queijo
Alimentos em geral
Fonte: Adaptado de Mendes (2007, p. 73).
86
Brasil
Estados Unidos
0,13
0,10
0,49
0,15
0,12
0,85
0,94
0,96
0,70
0,35
0,16
0,50
0,14
1,20
n.d.
n.d.
0,50
0,24
n.d.
n.d.
0,25
0,21
1,10
0,77
0,80
0,60
0,15
n.d
0,45
0,34
n.d.
0,15
0,55
0,12
Mercado Agrícola I
Quando a elasticidade‑preço da demanda é maior que 1, a
demanda é chamada de elástica. A demanda elástica acontece
quando uma variação percentual no preço do produto produz
uma variação percentual maior na quantidade demandada.
Exemplo: se uma redução de 10% no preço de ovos acarreta
um aumento de 12% na quantidade demandada, a demanda é
elástica (Epd = 1,20) – resultado observado aqui no Brasil para o
produto “ovos”.
Quando a elasticidade‑preço da demanda é menor que 1, a
demanda é chamada de inelástica. A demanda inelástica acontece
quando uma variação percentual no preço do produto produz uma
variação percentual menor na quantidade demandada. Exemplo:
se uma redução de 10% no preço do açúcar provoca um aumento
de 1,3% na quantidade demandada, a demanda é inelástica (Epd =
0,13) – resultado observado aqui no Brasil para o produto “açúcar”.
Quando a elasticidade‑preço da demanda é igual a 1, a demanda
é chamada de elasticidade unitária. A demanda elasticidade
unitária é o limite entre os dois tipos anteriores de elasticidade.
Acontece quando uma variação percentual no preço do produto
produz uma variação percentual exatamente igual na quantidade
demandada. Exemplo: se uma redução de 10% no preço de um
determinado produto provoca um aumento de 10% na quantidade
demandada, a demanda é elasticidade unitária (Epd = 1,00).
Para o nosso exemplo, com relação ao cálculo da elasticidade‑preço
da demanda por café, o valor encontrado foi Epd = 0,38. Como seu
valor é menor que 1, a demanda por café é dita inelástica. Significa
também que um aumento de 10% no preço do café provoca uma
diminuição de 3,8% na quantidade demandada.
Por que as estimativas de elasticidade‑preço diferem entre os
tipos de alimentos?
A demanda por alimentos é inelástica a preço. Isto significa dizer
que, de maneira geral, os consumidores têm baixa sensibilidade
às variações nos preços.
Unidade 3
87
Universidade do Sul de Santa Catarina
Você observou, de acordo com a tabela anterior, que existem
variações no coeficiente de elasticidade‑preço para os alimentos.
Os fatores que determinam a magnitude da elasticidade‑preço da
demanda são:
a) disponibilidade de produtos substitutos: a
elasticidade‑preço da demanda por alimentos tende a
ser alta quando existem outros bens que o consumidor
pode substituir em lugar do bem considerado. A
elasticidade‑preço da demanda por gêneros alimentícios
tende a ser baixa quando não há bens substitutos.
Exemplo: do ponto de vista dos produtores e empresas do
ramo alimentício, há um esforço para diferenciar o seu
produto através da propaganda, reduzindo o número de
substitutos e, assim, tornar a demanda mais inelástica;
b)proporção de renda gasta: quanto maior a proporção
da renda gasta com um produto alimentício, maior a
elasticidade‑preço da demanda do bem, ou seja, mais
elástica será a demanda.
Os dados da figura a seguir, referentes a um grupo de
oito países, ilustram a tendência que descrevemos: quanto
maior a proporção da renda gasta com alimentos, mais
elástica a preço é a demanda.
India
0,78
Indonesia
0,7
Coreia do Sul
0,6
Brasil
0,45
Espanha
0,4
Japão
0,36
Inglaterra
0,3
Estados Unidos
0,12
0
10
20
Percentual da renda
30
40
50
Elasticidade-preço
Figura 3.2 – Elasticidade‑preço da demanda em oito países, segundo a proporção da renda gasta
com alimentos
Fonte: Adaptado de Mendes (2007, p. 75).
88
60
Mercado Agrícola I
Conforme podemos observar na figura anterior, o consumidor
dos Estados Unidos gasta apenas 12% de sua renda disponível
com alimentos e a elasticidade‑preço é 0,12. Por outro lado,
o consumidor na Índia gasta mais da metade de sua renda per
capita com alimentos e sua elasticidade‑preço da demanda é 0,75.
Aqui no Brasil, estamos numa situação intermediária, gastamos
aproximadamente 35% da renda disponível com alimentos e a
elasticidade‑preço é 0,45.
Quando o peso de um determinado produto no orçamento do
consumidor é muito baixo, a elasticidade tende a diminuir.
Exemplo: um aumento de 10% no preço de itens alimentícios,
relativamente baratos, como o sal e outros condimentos,
provavelmente produzirá uma pequena redução na quantidade
demandada de seu produto.
c) essencialidade do bem: a elasticidade‑preço da demanda
tende a ser baixa se o bem for algo muito necessário. Por
exemplo, água, pão ou um remédio de uso contínuo são
considerados bens necessários.
Já os chamados bens de luxo tendem a ter
elasticidade‑preço da demanda alta. Exemplo: uma
viagem de férias para a Europa ou um cruzeiro marítimo
pelo território brasileiro são bens supérfluos, uma vez que
podem deixar de ser consumidos.
d)tempo: a elasticidade‑preço da demanda tende a
aumentar à medida que os consumidores têm mais tempo
para se ajustar à mudança de preço.
Unidade 3
89
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para entender a influência do tempo na elasticidade‑preço da
demanda de um produto alimentício leia o texto abaixo que se
refere a um produto não agrícola (a gasolina):
AUMENTAR O PREÇO DA GASOLINA REDUZ A DEMANDA?
As estimativas dos economistas sobre quanto a demanda de
gasolina se reduz à medida que seu preço aumenta mostram
que, no curto prazo, o coeficiente de elasticidade preço é igual a
‑0,10; ou seja, deve‑se esperar uma redução em torno de 1% da
quantidade de gasolina demandada para cada 10% de aumento
no seu preço. Contudo, a elasticidade muda substancialmente
à medida que o período de análise das respostas à variação do
preço é ampliado. Isso ocorre porque o impacto total de uma
mudança de preço sobre a demanda não ocorre imediatamente;
quanto maior for o tempo que os motoristas têm para fazer
ajustes no seu consumo de gasolina, maior será a sua capacidade
de economizar através de mudanças básicas como o tipo de
carro que possuem, hábitos de direção e dependência ao
automóvel em relação ao número de quilômetros percorridos a
cada ano. Além disso, os fabricantes terão tempo para desenhar
e construir carros com maior eficiência no uso do combustível.
As estimativas de elasticidade preço para períodos de 2 a 3 anos
se situam na vizinhança de ‑0,25. O professor Pyndyck, do MIT,
obteve uma elasticidade de ‑0,45 para um período de 5 anos, no
caso da economia dos Estados Unidos. Para um período de 10
anos, suas estimativas são de ‑0,82 e para um período de 15 anos,
de ‑1,03. O elevado aumento do grau de elasticidade preço da
demanda, à medida que aumenta o intervalo de tempo após a
mudança de preço, mostra que o impacto total de uma variação
de preço pode ser muito mais dramático no longo prazo do que
no curto prazo. (THOMPSON e FORMBY, 1998, p. 79).
Conforme podemos observar no exemplo anterior, quando,
nos EUA, os preços da gasolina aumentam no curto prazo o
consumo cai muito pouco. Ao longo do tempo, contudo, os
norte‑americanos mudam seus hábitos para reduzir gradualmente
o consumo de gasolina. O resultado apresentado foi que a
elasticidade‑preço da demanda por gasolina nos EUA no longo
prazo era de fato maior que sua elasticidade no curto prazo.
O mesmo resultado é esperado para os produtos alimentícios,
ou seja, no longo prazo sua elasticidade será maior que a sua
elasticidade no curto prazo.
90
Mercado Agrícola I
O efeito conjunto dos fatores apontados anteriormente ajuda a
explicar a baixa elasticidade‑preço dos alimentos. Em resumo,
podemos afirmar que quanto:
„„
„„
„„
„„
Mais essencial for o produto
Menor for o número de
substitutos
Mais baixa a proporção da renda
gasta com o produto
Mais inelástica é a
sua demanda
Menor o tempo que os
consumidores têm para se ajustar
as mudanças de preços
Seção 3 – A importância da elasticidade‑preço da
demanda
Você deve estar se perguntando: Por que importa saber se no
ramo do agronegócio a demanda tem elasticidade inelástica,
unitária ou elástica? A resposta está relacionada com a receita a
ser obtida com a venda de seus produtos no mercado.
Em muitos casos do mundo do agronegócio, é preciso saber como
as mudanças no preço de um produto afetam a receita que os
produtores obtêm com a venda desse produto. A receita total é
definida como o valor total das vendas de um produto ou serviço, ou
seja, a multiplicação do preço do produto pela quantidade vendida.
É interessante notar que a receita total dos vendedores equivale
no mercado às despesas totais dos consumidores.
Unidade 3
91
Universidade do Sul de Santa Catarina
Qual o efeito final sobre a receita total dos produtores
quando o preço aumenta? A receita aumenta ou
diminui?
A resposta à pergunta anterior depende de dois efeitos que se
contrapõem:
„„
„„
Efeito preço: o preço mais alto tende aumentar a receita.
Efeito quantidade: o preço mais alto tende a diminuir a
quantia vendida e, por consequência, sua receita.
Para entender a relação entre efeito preço versus efeito
quantidade, convido você a retomar a figura de Curva da
demanda de café que mostra o comportamento da demanda por
café. Você pôde observar que caso o preço de mercado esteja a
R$ 2,00/unidade, os consumidores estão dispostos a comprar 14
bilhões de unidades de café. A receita total ao preço de R$ 2,00 é
igual a 28 bilhões de reais.
Suponha que haja um aumento no preço do café para R$ 3,00/
unidade. Agora, alguns consumidores acham o preço alto demais
e somente 12 bilhões de unidades serão adquiridas. A receita
total após o aumento do preço passa a ser de 36 bilhões de reais.
No exemplo descrito anteriormente, há um aumento de receita
total de R$ 8 bilhões de reais. Isso aconteceu porque o efeito
preço é mais forte que o efeito quantidade. Lembre‑se de que a
elasticidade‑preço da demanda por café foi Epd = 0,38, portanto,
a demanda por café é dita inelástica.
Se a demanda de um produto é inelástica, um preço mais alto
aumenta a receita. O efeito preço é mais forte que o efeito
quantidade. Por outro lado, se a demanda de um produto é elástica,
com o aumento do preço, acontece o contrário: a receita diminui.
A elasticidade‑preço da demanda é importante
porque ela aponta o que acontece com a receita total
quando o preço muda. O seu tamanho determina qual
dos dois efeitos – efeito preço ou efeito quantidade –
é o mais forte.
92
Mercado Agrícola I
A tabela a seguir resume o efeito de uma variação no preço do
produto na receita total obtida pelos produtores, dependendo do
tamanho do coeficiente de elasticidade‑preço:
Tabela 3.2 – Elasticidade‑preço da demanda e a receita total
Elasticidade
Tipo de demanda
Aumento de preço
Redução de preço
Epd < 1
Inelástica
Aumenta a receita total
Diminui a receita total
Epd > 1
Elástica
Diminui a receita total
Aumenta a receita total
Epd = 1
Unitária
Permanece constante a receita total
Permanece constante a receita total
Fonte: Elaboração do autor (2011).
A elasticidade‑preço da demanda prevê também o efeito de uma
queda do preço sobre a receita total. Quando o preço cai, estão
presentes as duas forças que se contrapõem: o efeito preço e o
efeito quantidade. Qual deles é efeito dominante? A resposta para
esta pergunta dependerá da elasticidade‑preço.
Quando a demanda é inelástica, o efeito preço domina
o efeito quantidade. Assim, uma queda de preço reduz
a receita total. Por outro lado, quando a demanda é
elástica, uma queda de preço aumenta a receita total.
A importância da elasticidade‑preço da demanda se deve
à contribuição para a tomada de decisão das empresas do
agronegócio quanto à determinação do nível de preço do seu
produto no mercado. A opção por aumentar o preço, ao saber que
seu produto tem demanda inelástica, deverá resultar em aumento
de receita total.
Como influenciar o tamanho da elasticidade‑preço de
produtos agrícolas?
Os produtos agrícolas têm demanda inelástica a preço em
decorrência do efeito do conjunto dos fatores apontados
anteriormente, tais como a essencialidade do produto, a existência
de produtos substitutos, o peso do preço do produto na renda do
consumidor e a perecibilidade do produto agrícola.
Unidade 3
93
Universidade do Sul de Santa Catarina
Como as empresas do agronegócio podem tornar
menos ou mais inelástica a demanda de seus produtos?
Segundo Mendes (2007, p. 79),
do ponto de vista econômico, a industrialização aumenta
o tempo de conservação do produto in natura e o número
de produtos substitutos. O resultado esperado é que o
processamento dos produtos agrícolas faz com que a
demanda fique menos inelástica (mais elástica).
Um alimento não perecível estimula o consumidor a demandar
muito mais se ocorrem quedas de preço, quando comparado a
um alimento que seja perecível. Por exemplo, uma queda de 40%
no preço do leite in natura e do leite longa vida fará com que as
vendas do leite longa vida aumentem muito em relação ao leite
mais perecível (ou in natura).
A segunda consequência do processo de industrialização de
produtos agrícolas é possibilitar maior número de substitutos via
marca. A figura a seguir ilustra a mudança para uma curva de
demanda mais elástica de um produto que sofreu um processo
de agregação de valor. Observe que o consumidor tem vários
produtos substitutos para a alcatra (picanha, filé mignon, coxão
duro, coxão mole, lombo, costela, contrafilé, lagarto, ponta da
agulha, maminha e fraldinha).
94
Mercado Agrícola I
Preço
Mais substitutos
Alcatra
Alimentos
Carnes
Carnes de
boi
Quantidade
Figura 3.3 – Efeito da agregação de valor tornando a demanda mais elástica
Fonte: Adaptado de Mendes (2007, p. 80).
Você deve observar que mercados definidos de maneira restrita
tendem a ter uma demanda mais elástica quando comparados
com mercados que são definidos de maneira mais ampla.
O sorvete tem uma demanda mais elástica, porque é
fácil substituir por outras sobremesas e o seu tempo
de conservação pode ser prolongado por meses.
O sorvete de flocos, tipo mais restrito, tem uma
demanda muito elástica, por que existem muitos
outros sabores substitutos.
Além de a industrialização aumentar o tempo de conservação do
produto in natura e o número de produtos substitutos, do ponto
de vista econômico pode resultar ainda em uma diferenciação
do produto. O efeito esperado dessa diferenciação, por reduzir o
número de bens substitutos, é fazer com que a curva da demanda
fique mais inelástica.
O grau de inelasticidade depende do grau de diferenciação do
produto que se consegue obter, pela redução da possibilidade de
substituição por produtos de outras empresas. A diferenciação
pode resultar em maior lealdade dos consumidores e permitir
maior controle de preço por parte da empresa.
Unidade 3
95
Universidade do Sul de Santa Catarina
Retomando nosso exemplo, a diferenciação do café
como estratégia de comercialização e controle de
preço tem duas situações que considero interessante,
que são as marcas Jacu Bird e a Kopi Luwak.
„„
A marca Jacu Bird – Super Premium Organic Coffee – é
considerado um dos mais raros e exóticos grãos de café
do Brasil.
Figura 3.4 – A marca Jacu Bird – Super Premium Organic Coffee
Fonte: Thedim (2009).
Mas o que torna esse café tão raro e especial? Seu processo de
produção é diferente dos tradicionais?
Os grãos do Jacu Bird são colhidos das fezes do jacu, uma
ave nativa da Mata Atlântica que come os melhores frutos do
cafeeiro. O Jacu Bird é vendido nas formas de expresso, R$ 12,00
a xícara, e moído, R$ 86,00 cada 250 gramas. Segundo Kiefer
(2010), “maior produtor e exportador mundial de café, o Brasil
escolheu o segundo café mais exótico do mundo para ser o seu
representante nas Olimpíadas de 2014”.
96
Mercado Agrícola I
„„
Kopi Luwak é considerado o café mais caro do mundo.
É produzido com grãos de café extraídos das fezes do
civeta, na Indonésia e nas Filipinas. Kopi é uma palavra
indonésia para “café”, enquanto luwak é o nome local da
civeta. Um quilo do grão de café pode render cerca de
mil dólares e uma xícara de café preparado com Kopi
Luwak pode custar mais de 30 libras esterlinas no Reino
Unido (mais de R$ 100,00).
Figura 3.5 – Grãos do café Kopi Luwak excretado pelo civeta
Fonte: Qvinho (2007).
Figura 3.6 – O café Kopi Luwak
Fonte: France‑Stream (2010).
Unidade 3
97
Universidade do Sul de Santa Catarina
Seção 4 – Elasticidade‑renda da demanda
A demanda de um produto agrícola depende do seu preço, de
mudanças na renda dos consumidores, do preço de produtos
relacionados e de outras variáveis. Neste conteúdo, você estudará
a influência de mudanças da renda dos consumidores na
quantidade demandada de determinado produto agrícola.
A elasticidade‑renda da demanda (Erd) é uma medida de quanto
os consumidores respondem a mudanças percentuais em sua
renda. O coeficiente da elasticidade‑renda da demanda, que pode
ser negativo ou positivo, é determinado pela seguinte fórmula:
Elasticidade‑renda da demanda (Erd) =
Variação % na quantidade demandada (1)
Variação % no preço
Quando a elasticidade‑renda da demanda é positiva, significa
que, quando a renda aumenta, eleva‑se a quantidade demandada
do produto. Esse produto denomina‑se bem normal ou superior.
Quando a elasticidade‑renda da demanda é negativa, significa
que, quando a renda aumenta, a quantidade demandada do
produto diminui. Esse produto denomina‑se bem inferior.
Vamos supor que a renda do consumidor brasileiro aumente de
R$ 2.000,00 para R$ 2.400,00 (um aumento de 20%) e que isso
provoque uma expansão do consumo de café em 5%. Aplicando a
fórmula (1):
Elasticidade‑renda da demanda (Erd) = Variação % na quantidade demandada = 5%
Variação % no preço
20%
Erd = 0,25
A elasticidade‑renda da demanda para o produto café é positiva
com Erd = 0,25, indicando que se trata de um bem normal. O
resultado de estimativas de elasticidade‑renda da demanda de
alguns alimentos para o Brasil e Estados Unidos podem ser
observados na tabela a seguir.
98
Mercado Agrícola I
Tabela 3.3 – Estimativas de elasticidade‑renda da demanda de alguns alimentos, Brasil e
Estados Unidos
Elasticidade‑renda da demanda
Produtos agropecuários
Brasil
Estados Unidos
Açúcar
0,13
0,01
Arroz
0,10
0,15
Banana
0,10
0,10
Batata inglesa
0,61
0,10
Café em pó
0,25
0,30
Carne bovina
0,94
0,47
Carne de frango
1,10
0,50
Carne suína
0,80
0,18
Farinha de mandioca
‑ 0,03
n.d.
Farinha de trigo
0,32
0,35
Feijão
‑ 0,11
‑ 0,49
Fumo
0,60
1,02
Leite
0,60
0,16
Óleos vegetais
0,42
0,49
Ovos
0,62
0,16
Queijo
0,85
0,45
Alimentos em geral
0,50
0,15
Fonte: Adaptado de Mendes (2007, p. 73).
A partir da interpretação dos dados contidos na tabela
anterior, podemos observar que a resposta dos consumidores às
variações de renda é uma informação importante para que os
administradores do agronegócio possam antecipar a magnitude
da expansão ou da retração de suas vendas. Segundo Mendes
(2007, p. 100), merecem destaque as seguintes tendências quando
ocorre um aumento da renda:
a) o consumo de produtos pecuários aumenta relativamente
mais que os de origem agrícola;
b) o consumo de produtos mais processados cresce
proporcionalmente mais que os produtos in natura;
c) o consumo de produtos in natura de melhor qualidade
também aumenta relativamente quando comparado ao produto
in natura que não tenha tão boa qualidade.
Unidade 3
99
Universidade do Sul de Santa Catarina
A elasticidade‑renda da demanda de alimentos diminui à
medida que a renda aumenta. Quando há um aumento do poder
aquisitivo da população, consumidores de classes sociais menos
favorecidas gastam uma proporção da renda maior com alimentos
em comparação com os consumidores de classes sociais mais
favorecidas. A figura a seguir relaciona a elasticidade‑renda da
demanda em oito países, segundo o nível de renda per capita em
relação à renda per capita dos Estados Unidos.
Figura 3.7 – Elasticidade‑renda da demanda em oito países, segundo o nível de renda per capita (em
relação à dos Estados Unidos)
Fonte: Adaptado de Mendes (2007, p. 75).
Você pode observar que um aumento de 10% na renda per capita
na Índia provoca um aumento de consumo de 8,8%, ao passo
que para este aumento de renda nos Estados Unidos o consumo
aumenta apenas 1,5%. Note que o consumidor indiano possui
uma renda disponível de 6% da renda per capita norte‑americana.
100
Mercado Agrícola I
Seção 5 – Elasticidade‑preço da oferta
Quando se estuda a oferta e demanda agrícola, verifica-se que os
produtores estão dispostos a oferecer uma quantidade maior do seu
produto quando há um aumento no preço, quando diminui o preço
de seu insumo, ou quando ocorre um avanço tecnológico. Para
avançar um pouco mais nesse conteúdo e quantificar essa mudança
de disposição dos produtores de ofertar seu produto em relação ao
preço, usaremos o conceito de elasticidade‑preço da oferta.
A elasticidade‑preço da oferta é uma medida à resposta dos
produtores às mudanças de preços.
O grau de elasticidade‑preço da oferta é calculado da seguinte
maneira:
Elasticidade‑preço da oferta (Epo) = Variação % na quantidade ofertada
Variação % no preço
Suponha que o preço do café aumente 40%, mudando de R$ 2,00
para R$ 3,00, conforme podemos observar na figura a seguir.
Unidade 3
101
Universidade do Sul de Santa Catarina
Preço
6
do café
5
Curva de oferta
4
3
2
À medida que o preço
1
sobe, a quantidade
ofertada aumenta
0
8
10
12
14
16
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Figura 3.8 – Curva de oferta de café
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Variação % na quantidade ofertada = Variação na quantidade X 100
Valor médio da quantidade
(1)
A mudança percentual na quantidade ofertada de café quando o
preço sobre de R$ 2,00 para R$3,00 é calculada da seguinte forma:
Variação (%) na quantidade ofertada =
(12 - 10) X 100
(12 + 10)/2
Variação (%) na quantidade ofertada = 18,18%
102
Mercado Agrícola I
A variação percentual no preço é:
Variação (%) no preço =
Variação no preço X 100
Valor médio do preço
(2)
Variação (%) no preço = (3 - 2) X 100
(3 + 2)/2
Variação (%) no preço = 40%
Para calcular a elasticidade‑preço da oferta, dividimos a
mudança percentual na quantidade ofertada (1) pela mudança
percentual no preço (2):
Elasticidade‑preço da oferta (Epo) = Variação % na quantidade ofertada
Variação % no preço
(3)
Elasticidade‑preço da oferta (Epo) = 18,18% / 40% = 0,45
Como você pode observar, o coeficiente Epo é menor que a
unidade (1) e a oferta de café é inelástica. O preço do café
aumentou 40%, mas a reação dos produtores em aumentar a
produção se situa em 18%. Se a reação dos produtores para
aumentar a produção fosse maior que 40%, a oferta seria elástica.
A oferta de um produto agrícola é chamada de elástica
se a variação da quantidade ofertada responder
substancialmente acima da variação de preço. A oferta é
chamada inelástica se a variação da quantidade ofertada
responder relativamente abaixo da variação de preço.
Unidade 3
103
Universidade do Sul de Santa Catarina
A elasticidade‑preço dos alimentos, em geral, é inelástica. As
estimativas de elasticidade‑preço da oferta de alguns alimentos
do Brasil podem ser observadas na tabela a seguir.
Tabela 3.4 – Estimativas de elasticidade‑preço da oferta de alguns alimentos do Brasil, no
curto e longo prazo
Brasil
Produtos agropecuários
Curto prazo
Longo prazo
Açúcar
0,26
0,60
Arroz
0,31
0,80
Algodão
0,19
0,65
Batata inglesa
0,34
0,45
Café
0,30
0,55
Carne bovina
0,30
0,60
Carne de frango
0,95
1,50
Carne suína
0,40
0,60
Cebola
0,13
0,45
Feijão
0,15
0,30
Milho
0,35
0,70
Leite
0,27
0,50
Soja
0,80
1,40
Ovos
0,70
1,20
Trigo
0,50
0,70
Alimentos em geral
0,20
0,40
Fonte: Adaptado de Mendes (1998, p. 217).
Note que a elasticidade‑preço da oferta é sempre positiva. Isso
ocorre porque as variações de preço e quantidade são no mesmo
sentido. Ao diminuir o preço, diminui a quantidade oferecida.
104
Mercado Agrícola I
Fatores determinantes da elasticidade‑preço da oferta
A disposição do produtor em vender seu produto a determinado
preço depende de outros fatores. O período de tempo considerado
e a disponibilidade de insumos desempenham papéis importantes
na elasticidade‑preço da oferta.
Período de tempo. A elasticidade‑preço da oferta depende do
tempo necessário para os produtores responderem a mudanças
de preços. O tamanho da elasticidade tende a ser maior quanto
mais tempo os produtores dispuserem para darem essa resposta.
Portanto, no longo prazo, a elasticidade‑preço da oferta tende a
ser maior que a elasticidade de curto prazo.
No curto prazo, as empresas do agronegócio não podem mudar
facilmente o tamanho e a estrutura de produção para produzir
uma quantia maior do produto. A quantia a ser ofertada não pode
responder muito ao preço (mais inelástica).
A elasticidade‑preço dos alimentos em geral é mais inelástica no
curto prazo 0,2 que no longo prazo 0,4, conforme mostrado na
tabela anterior.
Disponibilidade de insumos. A elasticidade‑preço da oferta
tende a ser elevada quando não houver dificuldades para acessar
os insumos de produção.
As pizzarias, por exemplo, obtêm facilmente os
insumos necessários à expansão da sua atividade.
Assim, esse ramo de atividade pode reagir às mudanças
no preço, e a elasticidade‑preço da oferta tende a ser
elevada (mais elástica).
A partir do entendimento quanto ao conteúdo estudado, referente
à elasticidade dos produtos agrícolas, agora podemos responder à
pergunta feita no início deste conteúdo.
Unidade 3
105
Universidade do Sul de Santa Catarina
Por que tão pouca gente vive e trabalha no campo no
Brasil e, especialmente, nos Estados Unidos?
A resposta a essa pergunta está relacionada ao
tema – elasticidades – e envolve principalmente a
elasticidade‑renda e a elasticidade‑preço da demanda.
A elasticidade‑renda da demanda por alimentos é inelástica, visto
que a proporção do crescimento da renda do consumidor não é
transferida proporcionalmente para gastos com alimentação. Assim,
à medida que as economias brasileira e norte‑americana cresceram,
diminuiu a proporção gasta com alimentos e, por consequência,
reduziu a parcela da renda dos agricultores na renda total.
A demanda de alimentos é inelástica em resposta a preços. Por
exemplo, os agricultores desses dois países têm investido no
avanço tecnológico para aumentar sua produção ao longo do
tempo. Esse avanço tem elevado o índice da oferta de produtos
agrícolas numa intensidade maior que o índice observado para a
demanda desses produtos, ocasionando uma redução nos preços.
Você deve observar que uma redução no preço de produtos
agrícolas leva a uma redução da renda total dos agricultores, porque
a demanda de alimentos é inelástica em resposta a preços. Isso é
bom para os consumidores, mas não é bom para os agricultores.
Nesse sentido, podemos observar que o efeito da baixa
elasticidade‑renda faz com que a renda dos agricultores cresça
menos que a economia no seu conjunto. Assim, o efeito conjunto
dessas duas elasticidades reforça e ajuda a explicar o declínio
relativo da agricultura naqueles dois países e a consequente
redução de suas populações no campo.
106
Mercado Agrícola I
Síntese
Neste conteúdo você aprendeu como se medem os diferentes
tipos de elasticidade, como se faz a sua interpretação, e, ainda,
pôde entender a importância deste assunto para a tomada de
decisão dos produtores e consumidores de produtos agrícolas. O
quadro a seguir contém um resumo com todas as elasticidades
estudadas e suas implicações.
Nome
Valores
 Elasticidade‑preço da demanda (Epd) =
Interpretação
Variação % na quantidade demandada
Variação % no preço
‑ Demanda inelástica
<1
Aumento no preço aumenta a receita total
‑ Demanda de elasticidade unitária
=1
Mudança no preço não afeta a receita total
‑ Demanda elástica
>1
Aumento no preço reduz a receita total
 Elasticidade‑renda da demanda (Erd) =
Variação % na quantidade demandada
Variação % na renda
‑ Bem inferior
<0
A quantidade demandada cai quando a renda sobe
‑ Bem normal inelástico
0 < Erd < 1
A quantidade demandada sobe quando a renda
sobe, mas numa proporção menor
‑ Bem normal elástico
<1
A quantidade demandada sobe quando a renda
sobe, mas numa proporção maior
 Elasticidade‑preço da oferta (Epo) =
Variação % na quantidade ofertada
Variação % no preço
‑ Oferta inelástica
0 < Erd < 1
A quantidade ofertada responde não tão
rapidamente quanto à mudança de preço
‑ Oferta elástica
>1
A quantidade ofertada responde substancialmente
à mudança de preço
Quadro 3.1 – Resumo de elasticidades
Fonte: Elaboração do autor (2011).
Unidade 3
107
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de autoavaliação
1) Considere o estudo de caso:
Duas maneiras de reduzir a quantidade demandada de
tabaco
Os formuladores de políticas públicas muitas vezes desejam
reduzir a quantidade de cigarros consumida pelo povo. A política
pode tentar atingir esse objetivo de duas maneiras.
Uma maneira de reduzir o tabagismo é deslocar a curva
de demanda por cigarro e outros produtos do tabaco. Os
comunicados públicos, os alertas obrigatórios nas embalagens
de cigarros e a proibição da publicidade de cigarros na TV são
políticas que têm por objetivo reduzir a quantidade demandada
de cigarros a cada preço.
Alternativamente, os formuladores de políticas podem tentar
aumentar o preço dos cigarros. Se o governo taxar os fabricantes
de cigarros, por exemplo, eles repassarão grande parte da
taxação para os consumidores na forma de preços mais elevados.
Um preço maior incentivará os fumantes a reduzir o número de
cigarros consumidos.
Em que medida a quantidade demandada de cigarros reage a
mudanças no seu preço? Os economistas tentaram responder a
essa pergunta estudando o que acontece quando o imposto sobre
o cigarro muda. Eles descobriram que um aumento de 10% do
preço provoca uma redução de 4% na quantidade demandada. Os
adolescentes se mostraram especialmente sensíveis ao preço dos
cigarros: um aumento de 10% do preço resulta numa queda de
12% na quantidade demandada de cigarros entre os adolescentes.
Uma questão relacionada a esta é como o preço dos cigarros
afeta a demanda por drogas ilegais como a maconha. Os
opositores da taxação sobre cigarros argumentam que tabaco e
maconha são bens substitutos, de modo que os preços elevados
dos cigarros encorajam o uso da maconha. Por outro lado,
especialistas em dependência química veem o cigarro como uma
“droga de entrada”, que leva os jovens a experimentar outras
substâncias nocivas à saúde. A maioria dos estudos consistentes
com dados é consistente com esta última visão: constataram que
menores preços dos cigarros estão associados a um maior uso de
maconha. Em outras palavras, tabaco e maconha parecem mais
ser bens complementares que propriamente substitutos.
* Extraído e adaptado do livro de N. Gregory Mankiw, Introdução à economia, 2005, p. 70.
108
Mercado Agrícola I
Responda o que se pede tendo por base o estudo de caso anterior e o
conteúdo tratado em nossa disciplina.
A elasticidade é uma medida da resposta dos compradores e vendedores
às mudanças de mercado. Assinale a(s) alternativa(s) correta(s) e justifique.
a) A elasticidade‑preço da procura por um bem mede a reação, em
termos proporcionais, da quantidade procurada do bem em função
de uma mudança de sua renda quando todos os outros parâmetros
permanecerem constantes.
b) O impacto total de uma variação de preço pode ser muito menos
dramático aos jovens adolescentes, provavelmente por terem uma
renda relativamente menor que o restante da população.
c) A demanda por cigarro apresenta um comportamento mais elástico aos
jovens adolescentes.
d) Os estudos apontam que se deve esperar uma diminuição no consumo
de cigarro de 40% quando seu preço reduzir de 100%.
Unidade 3
109
Universidade do Sul de Santa Catarina
e) Nenhuma das respostas.
2) Para cada caso a seguir escolha a condição que caracteriza a demanda:
elástica, unitária ou inelástica:
a) A receita total aumenta quando o preço diminui.
b) Os produtores agrícolas acham que podem aumentar suas receitas
totais cooperando para reduzir a quantidade produzida.
3) O preço da uva reduziu de R$ 1,50 para R$ 1,00 a caixa, e a quantidade
demandada aumentou de um milhão para dois milhões de caixas. Qual
a elasticidade‑preço da demanda? Qual o tipo de elasticidade‑preço
deste produto?
110
Mercado Agrícola I
Saiba mais
VASCONCELLOS, M. A. S. de; GARCIA, M. E.
Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008.
MOCHON, F.; TROSTER, L. R. Introdução à economia. São
Paulo: Makron Books, 2002.
Unidade 3
111
UNIDADE 4
Análise de mercados agrícolas
Objetivos de aprendizagem
„„
„„
„„
Diferenciar e caracterizar o mercado da concorrência
perfeita, do monopólio, da concorrência monopolística
e do oligopólio.
Compreender as implicações do poder dessas
estruturas de mercado para os consumidores e
empresas agrícolas.
Entender o paradigma da estrutura, conduta e
desempenho para análise dos mercados agrícolas.
Seções de estudo
Seção 1
Estruturas de mercado
Seção 2
Concorrência perfeita e monopólio
Seção 3
Oligopólio e concorrência monopolista
Seção 4
O paradigma da estrutura, conduta e desempenho
4
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Neste conteúdo, você aprenderá o que é estrutura de mercado e
quais são os diferentes tipos de estruturas de mercado existentes
no fluxo percorrido, pelos produtos agrícolas, entre os produtores
rurais e os consumidores finais.
Começamos explicando o conceito de cada uma dessas
estruturas, oferecendo uma breve introdução sobre as condições
que dão a sua origem.
Você estudará as diferenças existentes entre a concorrência
perfeita e o monopólio e os efeitos dessa diferença no bem-estar
da sociedade. Em seguida, examinaremos por que o oligopólio é
tão importante e quais são as políticas normalmente empregadas
para manter os oligopólios “bem comportados”.
Aprenderá, no conteúdo que aborda competição monopolística,
sobre como as empresas diferenciam seus produtos. E, para
finalizar, você estudará um método de análise de mercado
conhecido por “paradigma de estrutura-conduta-desempenho”.
114
Mercado Agrícola I
Seção 1 – Estruturas de mercado
A partir do estudo da oferta e demanda agrícola e da elasticidade
de produtos agrícolas, obteremos o instrumental básico de como
os preços dos produtos agrícolas e os níveis de produção são
determinados. Entretanto, as decisões das empresas, quanto à
definição de preços e níveis de produção, são influenciadas pelas
características do próprio mercado em que atuam.
No mundo real existem diferentes tipos de mercados; dessa forma,
você pode notar que os padrões de comportamento dos produtores
diferem-se, dependendo do tipo de mercado que operam.
Nessa leitura, você perceberá a existência de extremos entre
os diferentes tipos de mercados. Em um extremo, um único
produtor domina o mercado, ao passo que, no outro extremo,
milhares de empresas ofertam uma fração muito pequena da
produção total. Entre um extremo e outro há uma infinidade de
estruturas de mercado.
“Estrutura de mercado é um modelo que capta aspectos de como
os mercados estão organizados, ou seja, refere-se às características
organizacionais de um mercado.” (PINHO, 2004, p. 191).
Com o objetivo de desenvolver princípios, fazer previsões sobre
mercados e como os produtores se comportam neles, você
aprenderá quatro modelos de estruturas de mercado: competição
perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística.
O que determina o número de empresas em um
mercado? Ou, ainda, por que alguns mercados
têm produtos diferenciados e outros têm produtos
homogêneos?
As duas dimensões relacionadas às perguntas anteriores, ou seja,
o número de empresas no mercado e se os produtos são idênticos
ou diferenciados, permitem classificar os principais tipos de
estruturas de mercado. Um resumo simplificado dessas estruturas
pode ser visualizado na figura a seguir.
Unidade 4
115
Universidade do Sul de Santa Catarina
Produtos diferenciados
Um
Número de
produtores Poucos
Muitos
Não
Sim
Monopólio
Oligopólio
Competição
perfeita
Competição
monopolística
Figura 4.1 – Tipos de estrutura de mercado
Fonte: Adaptado de Krugman (2007, p. 290).
Na competição perfeita, também conhecida por concorrência
pura ou mercado competitivo, existem muitos produtores
oferecendo um produto idêntico. Na competição monopolística,
também são muitos produtores, mas oferecendo um produto
diferenciado. No oligopólio, existem poucos produtores, que
podem oferecer um produto idêntico ou diferenciado. E, por
último, no monopólio, um único produtor vende um produto
único, sem diferenciação.
A seguir, você terá a oportunidade de conhecer um pouco mais
sobre cada uma dessas estruturas de mercado. Isso o ajudará
a entender por que os mercados são diferentes e por que os
produtores comportam-se de diferentes formas, dependendo do
mercado em que atuam.
116
Mercado Agrícola I
Seção 2 – Concorrência perfeita e monopólio
No mercado competitivo existem milhares de produtores de café.
Por exemplo, João e José são produtores de café e entregam sua
produção à cooperativa. Como existe uma competição um com o
outro, João deve tomar medidas para impedir que José produza café?
João e José competem entre si e com os demais produtores. A
decisão de um produtor produzir mais ou menos não tem efeito
sobre os preços de mercado. Como são tantos competidores não
faz sentido identificar quaisquer deles como sendo rival ou se
preocupar com o quanto ele está produzindo.
Quando João, José ou cada um dos demais agricultores decidem
vender o seu produto para a cooperativa ou para o maquinista, ao
final, a pergunta a ser feita ao comprador é: Quanto está pagando
por saca de café?
Quando a competição é perfeita, o produtor considera o
preço de mercado como sendo dado, ou seja, o produtor é um
tomador de preço na compra dos insumos de produção e na
venda de seu produto.
Inicialmente, vamos nos concentrar no estudo de como os
produtores se comportam em condições em que a estrutura de
mercado apresenta uma concorrência perfeita e, na sequência,
estudaremos como os produtores se comportam em condições de
um mercado com estrutura mais imperfeita: o monopólio.
Concorrência perfeita
O modelo de oferta e demanda é um exemplo de mercado
de concorrência perfeita, também conhecido por mercado
perfeitamente competitivo.
Quando todos os participantes do mercado, tanto consumidores
quanto produtores, são tomadores de preço caracteriza-se um
mercado competitivo.
Unidade 4
117
Universidade do Sul de Santa Catarina
“Mercado competitivo é um mercado no qual existem
muitos compradores e vendedores de um bem ou serviço
e nenhum deles podem influenciar o preço pelo qual o
bem ou serviço é vendido.” (KRUGMAN, 2009, p. 62).
Quais são as condições necessárias para que os
produtores agrícolas sejam tomadores de preço?
As condições para que a agricultura funcione em um ambiente de
mercado muito competitivo são as seguintes:
a) presença de um número muito grande de produtores no
mercado e que nenhum deles, individualmente, tenha
uma participação significativa na produção. Por exemplo,
há milhares de produtores de café e nenhum deles
representa mais que uma pequena fração na oferta global
do referido produto no mercado;
b)os consumidores consideram os produtos de todos os
produtores equivalentes. Por exemplo, os consumidores
consideram o café produzido na fazenda de João
substituível pelo café produzido na fazenda de José.
Nesse sentido, podemos dizer que os produtos agrícolas
são muito homogêneos e, por isso, muitas vezes são
chamados de commodity. A consequência disso é que os
produtores não fazem nenhuma tentativa de diferenciar
o seu produto, nem tentam adotar outra forma de
concorrência extrapreço;
A concorrência extra-preço é uma competição em áreas
que não o preço, com o objetivo de aumentar as vendas.
Consiste em alterar as características do produto e depois
fazer propaganda do produto diferenciado junto aos
consumidores. (KRUGMAN, 2007, p. 799).
c) os produtores têm livre entrada e saída no mercado,
ou seja, não existem obstáculos legais, tecnológicos ou
financeiros que proíbam novas empresas de produzirem
café ou outro produto agrícola. Por exemplo, a qualquer
momento, João ou o José podem decidir deixar de
118
Mercado Agrícola I
produzir café. A consequência disso é que os produtores
podem se ajustar a mudanças nas condições de mercado,
transferindo seus recursos para usos mais econômicos.
O modelo de concorrência perfeita é muito relevante por
várias razões. Primeiro, podemos aprender muito sobre
os mercados agrícolas compreendendo as características
deste modelo e de como ele funciona. Segundo, é um
ponto de partida importante para qualquer discussão
sobre o nível de preço e de produção. Por último, este
modelo nos dá um padrão a partir do qual a eficiência
da economia de um mundo real possa ser comparada e
avaliada. (McCONNELL, 2001, p. 151).
Como se comportam os produtores que operam num
mercado que atende às três condições elencadas
anteriormente?
Para responder a essa pergunta vamos analisar como o João,
produtor de café, determina a quantidade a ser produzida que
maximiza o lucro.
Existem duas formas para se determinar o nível de produção que
maximiza o lucro: a primeira consiste em comparar a receita total
e o custo total; e a segunda consiste no uso da análise marginal,
ou seja, comparar a receita marginal e o custo marginal.
Receita total – Custo total
Admita que o preço de mercado do café seja R$ 3,00 por saca
e que João pode vender quanto queira a esse preço. O máximo
lucro pode ser obtido utilizando-se como exemplo os dados da
tabela a seguir.
Unidade 4
119
Universidade do Sul de Santa Catarina
Tabela 4.1 – Lucro da produção de café do produtor João a um preço de R$ 3,00 por saca
Quantidade de café (sacas)
Receita total (R$)
Custo total (R$)
Lucro (R$)
0
0,00
4,00
-4,00
1
3,00
6,00
-3,00
2
6,00
7,00
-1,00
3
9,00
7,80
1,20
4
12,00
9,00
3,00
5
15,00
11,20
3,80
6
18,00
14,00
4,00
7
21,00
18,00
3,00
8
24,00
24,00
0,00
9
27,00
33,00
-6,00
10
30,00
45,00
-15,00
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Podemos observar na tabela acima que a primeira coluna mostra
a quantidade de produto em sacas, e na segunda coluna a receita
total obtida por João com cada nível de produto. Na sequência
apresentamos um quadro que ilustra a fórmula para obtenção da
receita total (RT), a qual é calculada a partir da multiplicação do
preço de mercado pela quantidade de produto.
Receita total (RT) = Preço (P) x Quantidade (Q )
(1)
Assim, verificamos que a receita total de João é igual ao
preço, R$ 3,00 por saca, multiplicado pela quantidade de café
medido em sacas.
Na terceira coluna da tabela anterior verificamos o custo total de
produção e, na quarta coluna, percebemos o lucro obtido pelo
produtor João. O lucro é obtido a partir da diferença entre a
receita total e o custo total.
Lucro (L) = Receita total (RT) – Custo total (CT)
120
(2)
Mercado Agrícola I
Diante do exposto, constatamos que o lucro máximo obtido por
João é de R$ 4,00 quando ele produz uma quantidade de seis
sacas de café. Assim, o produtor João escolherá produzir essa
quantia de sacas de café porque esse é o nível de produção que
maximiza seus lucros.
Análise marginal
Para aprendermos sobre análise marginal, utilizaremos os dados
anteriores com a finalidade de definir o nível de produção que
maximiza o lucro do produtor João.
A análise marginal é obtida quando o produtor João compara
os valores que cada unidade adicional produzida de café
acrescentaria à sua receita total e ao custo total. O benefício
marginal dessa unidade, também conhecido por receita marginal,
é a receita adicional obtida com a venda do café.
Receita marginal (RMg) = Mudança na receita total
Mudança no produto
(3)
A fórmula geral do custo marginal é:
Custo marginal (CMg) = Mudança no custo total
Mudança no produto
(4)
“Segundo o princípio da análise marginal, a quantidade ótima de
uma atividade é o nível em que o benefício marginal é igual ao
custo marginal.” (KRUGMAN, 2007, p. 183).
Você pode definir o nível de produção ótimo observando os
dados da tabela a seguir, que apresenta medidas de custo de curto
prazo da fazenda do João.
“O curto prazo é considerado o período de tempo em que
pelo menos um insumo utilizado na produção é fixo.”
(KRUGMAN, 2007, p. 799).
Unidade 4
121
Universidade do Sul de Santa Catarina
Tabela 4.2 – Custos de curto prazo de produção de café do produtor João
Quantidade
de café
(sacas)
Custo fixo
médio
(CFMe)
Custo total
médio
(CTMe)
Custo
marginal
(CMg)
Receita
marginal
(RMg)
Ganho líquido
por saca
(RMg – CMg)
1
4,00
6,00
2,00
3,00
1,00
2
2,00
3,50
1,00
3,00
2,00
3
1,33
2,60
0,80
3,00
2,20
4
1,00
2,25
1,20
3,00
1,80
5
0,80
2,24
2,20
3,00
0,80
6
0,67
2,33
2,80
3,00
0,20
7
0,57
2,57
4,00
3,00
-1,00
8
0,50
3,00
6,00
3,00
-3,00
9
0,44
3,67
9,00
3,00
-6,00
10
0,40
4,50
12,00
3,00
-9,00
0
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Ao analisarmos a tabela anterior, verificamos, na segunda coluna,
os valores que representam o custo fixo médio (CFMe) obtido da
relação entre o custo fixo da fazenda e a quantidade produzida.
Na terceira coluna visualizamos os valores de custo total médio
(CTMe), que é o resultado da relação entre o custo total e a
quantidade a ser produzida.
Na quarta coluna observamos os valores de custo marginal
(CMg). Note que os valores de custo marginal diminuem com
o aumento da produção até a quantidade de três sacas de café e,
a partir dessa quantia, começam a se elevar. Verificamos, ainda,
na quinta coluna, os valores da receita marginal (RMg), os
quais permanecem inalterados para cada nível de sacas de café
produzidas. A receita marginal do produtor em concorrência
perfeita é o próprio preço de mercado do produto.
Quando a receita marginal exceder o custo marginal, unidades
adicionais de café devem ser produzidas, porque a receita obtida
com a produção de uma saca adicional será maior que os custos
gerados para produzi-la. Observe na tabela anterior que isto
acontece até o nível de produção de seis sacas.
122
Mercado Agrícola I
O que acontece quando o produtor João decide
produzir sete sacas de café?
Quando João produz sete sacas de café a receita marginal
é menor que o custo marginal, e o produtor não se sente
estimulado a produzir essa quantia adicional. Note que o custo de
uma unidade adicional é R$ 4,00, e a receita marginal R$ 3,00.
Caso o produtor decida produzir uma unidade a mais, ele estará
reduzindo o seu lucro em R$ 1,00.
Na sexta coluna observamos o ganho líquido obtido pelo
produtor por saca de café: receita marginal menos o custo
marginal. O ganho líquido por saca de café é positivo da primeira
até a sexta saca. Contudo, com a produção de sacas adicionais de
café o ganho líquido é negativo.
Quando a receita marginal e o custo marginal não forem
exatamente iguais, o produtor deve produzir a maior quantidade
para a qual a receita marginal exceda o custo marginal. Você
pode concluir, utilizando a análise marginal, que o produtor João
deve produzir seis sacas de café para maximizar o lucro.
O máximo lucro obtido pelo produtor em concorrência
perfeita acontece quando ele produz uma quantidade
de produto em que o custo marginal é igual ao preço
(CMg = preço de mercado).
Unidade 4
123
Universidade do Sul de Santa Catarina
6
Preço, custo
da saca
5
CMg
4
Ponto próximo
Preço de
mercado
RMg = preço
3
2
Quantidade
maximizadora do lucro
1
0
2
4
6
8
Quantidade de café (sacas)
Figura 4.2 – Quantidade de produto que maximiza o lucro da fazenda tomadora de preço
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
A partir da interpretação dos dados contidos na figura anterior,
percebemos que a quantidade de sacas de café que maximiza
o lucro do produtor João é a mesma que iguala o seu custo
marginal ao preço de mercado. A curva de custo marginal
traçada na figura foi desenhada tendo como base os dados da
tabela que analisamos anteriormente.
João poderá vender a quantidade de café que quiser ao preço de
mercado. Isso significa dizer que João enxerga a demanda pelo
seu produto como sendo perfeitamente elástica (horizontal). A
linha horizontal no preço de mercado de R$ 3,00 é também a
linha de receita marginal do produtor individual.
Como você pode observar na figura anterior, a curva de custo
marginal (CMg) intercepta a linha de receita marginal (RMg),
ou linha de demanda do produtor individual, no chamado ponto
ótimo. Neste ponto, a quantidade maximizadora de lucro é de
seis sacas de café.
124
Mercado Agrícola I
O produtor precisa saber se deve ou não produzir
determinado produto para depois decidir quanto
produzir. Para isso ele precisa saber se a produção é
lucrativa ou não.
A produção é lucrativa?
A decisão do produtor de permanecer ou não em um
determinado negócio depende de seu lucro econômico.
“O lucro econômico é uma medida baseada no custo de
oportunidade dos recursos utilizados no negócio.” (KRUGMAN,
2007, p. 185).
Lembre-se de que o lucro é igual à receita total menos o custo
total. O lucro pode ser expresso por unidade produzida, que
será resultado da diferença entre a receita unitária (preço de
mercado = P) e o custo unitário (custo médio = CMe).
Há três situações possíveis:
„„
Situação (A): Lucro supernormal, se P > CMe.
„„
Situação (B): Lucro econômico, se P = CMe.
„„
Situação (C): Prejuízo econômico, se P < CMe.
As figuras a seguir, respectivamente, ilustram uma situação (A)
de lucro, ao preço de mercado de R$ 3,00; a situação (C) de
prejuízo, ao preço de mercado de R$ 2,00, e o comportamento
das curvas de custo marginal e custo médio de curto prazo.
Na primeira figura, observamos uma situação de lucro, na qual ao
preço de mercado de R$ 3,00 por saca, a quantidade de produto
que maximiza o lucro é de seis sacas (indicada pelo ponto em que a
curva de custo marginal intercepta a linha de preço).
Unidade 4
125
Universidade do Sul de Santa Catarina
Como o preço de mercado é maior que o custo médio de R$ 2,30,
na quantidade de seis sacas o produtor obtém um lucro de R$ 0,70
por unidade. O lucro total obtido pelo produtor é R$ 4,20,
resultado da multiplicação de seis sacas de café pelo lucro unitário.
6
5
Preço de
Mercado
Preço, custo
da saca
4
CMg
Ponto ótimo
3
RMg = P
Lucro
2,3
2
1
0
Custo médio (CMe)
A
Quantidade
maximizadora do lucro
2
4
6
8
Quantidade de café (sacas)
Figura 4.3 – Lucro obtido pelo produtor e preço de mercado
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Contrapondo ao que vimos anteriormente, a figura a seguir
demonstra uma situação de prejuízo, na qual, ao preço de
mercado de R$ 2,00 por saca, o produtor não obtém lucro porque
o preço fica abaixo do custo médio de produção de R$ 2,10 por
saca. Assim, o prejuízo, por unidade, é R$ 0,10. Nesse caso, a
quantidade ótima a produzir é quatro sacas, o que corresponde,
ao nível ótimo de produção, a um prejuízo de R$ 0,40.
126
Mercado Agrícola I
6
5
Preço, custo da
saca
CMg
4
Custo médio ( CMe)
3
2,1
2
Preço de
mercado
1
0
B
Prejuízo
RMg = P
Ponto ótimo
Quantidade
minimizadora do prejuízo
2
4
6
8
Quantidade de café (sacas)
Figura 4.4 – Prejuízo obtido pelo produtor e preço de mercado
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Como o produtor sabe se o seu negócio é lucrativo?
A resposta está em uma comparação entre o custo médio mínimo
de produção e o preço de mercado. Observe que o custo médio
mínimo de produção está um pouco acima de R$ 2,00 e ocorre a
um nível de produção de cinco sacas.
Caso o preço de mercado seja superior ao custo médio mínimo
de produção, o produtor pode encontrar algum nível de produção
que P > CMe, e, nessa situação, o seu negócio é lucrativo. Por
outro lado, se o preço de mercado é inferior ao custo médio
mínimo, o produtor não terá um nível de produto em que o preço
exceda o custo médio. A consequência disto é que o produtor não
terá lucro em quantidade alguma de produto.
Você deve verificado que o produtor João fez o possível para
obter o melhor resultado quando decidiu produzir dada quantia
de produto em que seu custo marginal se iguala ao preço de
mercado. Entretanto, conforme observamos na figura anterior,
ele obtém um prejuízo de R$ 0,40.
Unidade 4
127
Universidade do Sul de Santa Catarina
Uma produção será lucrativa sempre que o preço de mercado de
seus produtos exceder ao custo médio mínimo de produção; e não
será lucrativo quando ocorrer o contrário, ou seja, o custo médio
mínimo de produção exceder o preço de mercado.
Na condição de prejuízo econômico, o produtor não deveria
produzir nada em uma situação de curto prazo?
No curto prazo, os produtores, algumas vezes, devem produzir
mesmo quando o preço está abaixo do custo médio mínimo de
produção.
Para maximizar seus lucros, João fez todo um
investimento em sua produção de café. Para isso,
contraiu um empréstimo que deve ser pago no longo
prazo com amortização anual. Nesse caso, o produtor
precisa pagar o empréstimo realizado independente
de a produção ser zero ou não. Observe que esse
compromisso não muda no curto prazo. O chamado
custo fixo, que compõe o custo total, é irrelevante para
sua decisão de produzir ou não.
A decisão de não produzir acontece quando o preço de mercado
é inferior ao custo variável médio mínimo de produção. Nessa
condição, o produtor deve interromper a produção no curto prazo.
A tabela a seguir resume as condições de lucro e produção de um
produtor em concorrência perfeita.
128
Mercado Agrícola I
Tabela 4.3 – Resumo das condições de lucro e produção de um produtor em concorrência
perfeita, no curto prazo
Pergunta
Resposta
Quando o produtor deve produzir?
O produtor deve produzir quando o preço for igual ou
maior que o custo variável médio mínimo. Assim, o
produtor terá lucro ou perdas que serão inferiores ao
seu custo fixo.
Condições de produção e resultado esperado:
Se P > CVMe mínimo, o produtor produz no curto
prazo.
Se P = CVMe mínimo, para o produtor é indiferente
entre produzir no curto prazo ou não.
Se P < CVMe mínimo, o produtor interrompe sua
produção.
Qual a quantidade que o produtor
deve produzir?
O produtor deve produzir até a quantidade em que
o ponto RMg (P) = CMg. Nesse ponto, o lucro é
maximizado ou o prejuízo é minimizado.
Qual nível de produção resultará um
lucro econômico?
Se o preço exceder o custo total médio de produção,
haverá lucro econômico. Porém, se o custo total
médio de produção exceder o preço, não haverá lucro
econômico.
Condições de lucro e resultado esperado:
Se P > CMe mínimo, a empresa é lucrativa e há
condições para o ingresso de novos produtores nesse
negócio no longo prazo.
Se P = CMe mínimo, nem entram nem saem
produtores nesse negócio no longo prazo.
Se P < CMe mínimo, a empresa não é lucrativa e há
condições para saída de produtores nesse negócio no
longo prazo.
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Monopólio
No mundo do agronegócio, o segmento da produção agrícola se
aproxima da estrutura de mercado de concorrência perfeita. Nas
relações dos agricultores com os agentes econômicos do “antes da
porteira” e com os agentes econômicos do “depois da porteira”,
verifica-se uma situação de enfrentamento que é fortemente
afetada pelas chamadas estruturas de mercado imperfeitas.
Unidade 4
129
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para aprofundar nossos estudos em relação aos mercados
imperfeitos, começaremos pela análise do caso mais extremo de
afastamento da concorrência perfeita: o monopólio.
Monopólio é a estrutura de mercado em que o
número de vendedores é tão pequeno, que cada
vendedor é capaz de influenciar a oferta total e o preço
do produto ou serviço. (McCONNELL, 2001, p. 451).
O chamado monopólio puro apresenta, entre outras, as seguintes
características:
a) um único vendedor. Isso significa que a oferta da
empresa representa a própria oferta de mercado do
produto ou serviço;
b)ausência de produtos com substitutos próximos.
Significa dizer que, do ponto de vista do consumidor,
não existem produtos alternativos;
c) é um formador de preço. O produtor exerce um
controle significativo sobre o preço porque detém toda a
quantidade ofertada;
d)entrada bloqueada para concorrentes próximos. Existem
barreiras impeditivas para que seus concorrentes potenciais
ofertem o produto ou serviço.
Por que os diamantes parecem mais raros que outras
pedras preciosas?
A resposta está relacionada, sobretudo, ao fato de a De Beers ser
a principal fornecedora de diamantes do mundo, controlando
assim a produção de diamantes, tornando-os tão raros.
O monopólio da De Beers na África do Sul foi criado na
década de 1880, por um homem de negócios britânico.
Após comprar a maioria das minas de diamantes, e
consolidá-las em uma única companhia, a De Beers,
em 1889, controlava quase toda produção mundial de
diamantes. A De Beers tornou-se um monopolista
(KRUGMAN, 2007, p. 291).
130
Mercado Agrícola I
Como se comportam os mercados monopolistas?
Imagine você que, ao invés dos milhares de produtores de café,
houvesse apenas um único ofertante deste produto: o produtor
João. Como João irá se comportar em uma condição como essa?
Que diferença isso faria no mercado mundial de café?
A figura a seguir ilustra o comportamento esperado para o
monopolista João e os respectivos efeitos sobre o preço e a
quantidade produzida de café. Inicialmente, em condições de
equilíbrio de mercado em concorrência perfeita, o preço (PC) é
R$ 3,00 e a quantidade ofertada (QC) é 12 bilhões de sacas de café.
Preço
do café
6
5
PM
4
PC
3
Demanda
Oferta
Equilíbrio em
monopólio
Equilíbrio em
concorrência
2
1
0
8
10
PC
12
PC
14
16
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Monopolista reduz a
quantidade de produto
Figura 4.5 – Comportamento do monopolista
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Suponha agora que este segmento tenha se consolidado como
um monopólio. Como João detém a oferta global deste produto,
decide reduzir um pouco a quantidade da produção de café. Para
a quantidade ofertada (QM) de 10 bilhões de sacas de café, o
preço tende a subir até R$ 4,00. Observe que este é o preço em
condições de monopólio.
Unidade 4
131
Universidade do Sul de Santa Catarina
A quantidade de monopólio (QM) é mais baixa e o preço de
monopólio (PM) é mais alto que aquele observado em condições
de concorrência perfeita.
O motivo pelo qual João, como monopolista, reduziu a quantidade
de produção e aumentou o preço de café se deve à obtenção do
lucro. Note que a receita obtida pelos produtores em condições
de concorrência é de 36 bilhões de reais, e em condições de
monopólio é de 40 bilhões de reais. No monopólio, a receita é
maior, mesmo que o produtor tenha uma produção menor.
João tem o que chamamos de poder de mercado em condições de
monopólio, isto é, tem a capacidade de aumentar o preço acima
daquele observado em condições de concorrência perfeita. Essa
não é a realidade para o produto “café”, visto que existem milhares
de produtores de café e cada um não tem poder de mercado, ou
seja, eles precisam vender o café ao preço corrente de mercado.
Quais as condições que permitiriam a João, de fato, ser
um monopolista? Por que existe um monopólio?
Um monopolista, obtendo lucro, não passará despercebido por
outros produtores em potencial, visto que tais produtores terão
interesse em participar da “festa”. A existência de um mercado
monopolista lucrativo depende das barreiras à entrada no
negócio. As principais barreiras à entrada são: controle de um
recurso ou insumo escasso; economia de escala; superioridade
tecnológica e entraves criados pelo governo.
O estudo do monopólio é importante porque fornece a base para
que você possa compreender as estruturas de mercado imperfeitas
mais comuns: o oligopólio e a concorrência monopolista, que será
o assunto estudado a seguir.
132
Mercado Agrícola I
Seção 3 – Oligopólio e concorrência monopolística
Em maio de 2009, você deve ter ouvido falar que a Sadia e a
Perdigão fundiram-se em uma gigante de alimentos: a BRF –
Brasil Foods. Na época, a futura gigante BRF exportava 42%
de sua produção; possuía 116 mil trabalhadores; 42 fábricas; era
a segunda maior empresa alimentícia do país (atrás apenas da
JBS Friboi); maior produtora e exportadora mundial de carnes
processadas e terceira empresa exportadora do Brasil (atrás da
Petrobras e da mineradora Vale).
A aprovação da operação de fusão das empresas Sadia e Perdigão
pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)
é esperada para o ano de 2011, segundo o presidente da BRF –
Brasil Foods, José Antonio do Prado Fay.
Por que, decorrido todo esse período, essa operação de
fusão ainda não foi aprovada?
Para responder a essa pergunta estudaremos o que é oligopólio,
por que é tão importante seu surgimento e como se comporta
uma empresa oligopolística. Por fim, vamos compreender a
importância do poder público em adotar políticas para manter os
oligopólios “bem comportados”, a exemplo do que acontece com
a BRF – Brasil Foods.
A seguir iremos analisar as duas estruturas de mercado que mais
se aproximam do “mundo real”. Começaremos com o estudo do
oligopólio e, em seguida, da concorrência monopolística.
Unidade 4
133
Universidade do Sul de Santa Catarina
Oligopólio
O oligopólio é uma estrutura de mercado que é constituída por
alguns poucos vendedores que são concorrentes rivais entre si.
O oligopólio atualmente prevalece nas economias do mundo e a
agricultura tem sido fortemente afetada por esta forma de mercado.
O oligopólio é um mercado dominado por alguns
poucos produtores de um bem homogêneo ou
diferenciado que produzem reações entre os seus
competidores quando de suas ações. (McCONNELL,
2001, p. 196).
A característica básica do oligopólio é a interdependência entre os
produtores. Como todos os produtores são importantes, possuindo
faixa significativa do mercado, as decisões de produção e de preço
são interdependentes. Isso quer dizer que as decisões de um
vendedor influenciam o comportamento econômico dos demais.
O comportamento do oligopolista assemelha-se ao de um jogador
de xadrez. Ao decidir que peça movimentar no tabuleiro, é
preciso analisar as possibilidades de reação do adversário (do
concorrente), identificando as opções de contra-ataque e de
defesa disponíveis para si. Os oligopolistas precisam levar em
consideração as possíveis reações de seus concorrentes nas suas
próprias decisões de preço, de produção e de propaganda.
No oligopólio a demanda de cada empresa depende do
preço que as concorrentes venham estabelecer. Se uma
empresa reduzir seu preço, as curvas de demanda das
demais empresas deslocam-se para baixo. Por outro
lado, se uma empresa aumentar seu preço, as curvas de
demanda das demais empresas deslocam-se para cima.
(WESSELS, 2002, p. 146).
134
Mercado Agrícola I
Quais são as principais características de um oligopólio?
a) alguns poucos produtores: apesar de vários exemplos do
mundo real relacionar oligopólio com empresas grandes,
um oligopólio não é necessariamente composto por
empresas que apresentam o referido perfil. O que importa,
nesta estrutura de mercado, é o número de competidores.
Por exemplo, uma pequena cidade com duas lojas de
produtos agropecuários pode caracterizar a ocorrência
de oligopólio, assim como esta mesma situação pode
acontecer caso existam duas ou três padarias;
b)produtos homogêneos ou diferenciados: oligopólio com
produtos homogêneos ocorre quando o produto envolvido
for de natureza homogênea ou padronizada. São exemplos
de oligopólio com produtos homogêneos: água mineral
e commodities. Oligopólio com produtos diferenciados é
aquele em que o produto final conta com substituto(s). São
exemplos desta tipologia de oligopólio: os segmentos de
cerveja/refrigerantes e o setor tabaqueiro;
c) controle sobre o preço, mas interdependência mútua:
os oligopolistas podem fixar seus níveis de produção
e preços a fim de maximizar os lucros. Entretanto,
para obter sucesso, devem considerar a reação dos
produtores concorrentes, e isso caracteriza uma situação
de interdependência mútua. Por exemplo, a política
de fixar preço e produção de determinada empresa do
setor tabaqueiro terá sucesso em obter máximo lucro
dependendo da resposta das demais empresas do setor
em termos de políticas adotadas de preço e de produção;
d)barreiras à entrada: as mesmas barreiras à entrada para
o monopólio são relevantes também para o oligopólio.
São exemplos de barreiras à entrada: controle de
um recurso ou insumo escasso; economia de escala;
superioridade tecnológica e as entraves criados pelo
governo. Além disso, os oligopolistas podem utilizar
estratégias de preço e propaganda retaliatória para deter
a entrada de novos concorrentes;
Unidade 4
135
Universidade do Sul de Santa Catarina
e) concorrência extrapreço: consiste em alterar as
características do produto e depois fazer propaganda para
diferenciá-lo junto aos consumidores. Os oligopólios
diferenciados realizam considerável concorrência
extrapreço, apoiada em propaganda.
Na prática o oligopolista reluta em se engajar em uma
competição de preço devido à possibilidade de reação dos
seus rivais. A concorrência via preço pode desencadear
uma guerra de preços. Por este motivo, dentro de um
oligopólio, aparecem outras formas de competição
extrapreço, tais como, qualidade, design do produto,
serviço ao cliente e propaganda. (PASSOS, 2005, p. 350).
No agronegócio brasileiro, muitos casos se aproximam da
condição de oligopólio quando se analisa o mercado que fornece
fatores de produção à agricultura. O oligopólio acontece nos
diferentes setores do agronegócio, como, por exemplo, indústria
de ração, fertilizantes, sementes melhoradas, agrotóxicos e
máquinas agrícolas (colheitadeiras e tratores).
O secretário de Agricultura do Paraná, em meados de
maio de 2008, revela a importância do oligopólio no
setor de fertilizantes. O pouco número de empresas
que produzem fertilizantes aumentou o preço do
produto em mais de 50% só este ano, o que vem
causando um repasse de custos inaceitável na
produção de alimentos. (AMADEO, 2008).
Entendendo oligopólio
O oligopólio constitui uma extensão do monopólio, porém
o comportamento esperado da empresa oligopolista tem se
apresentado como um “quebra-cabeça”. A partir dessa relação,
vamos estudar por que o oligopólio é considerado uma extensão
do monopólio e por que o comportamento das empresas
oligopolistas é um verdadeiro “quebra-cabeça”.
136
Mercado Agrícola I
Quanto uma empresa oligopolista irá produzir?
Para entender esse “quebra-cabeça”, admita que a Sadia e a
Perdigão sejam os únicos produtores de coxinha da asa de frango
caracterizando o chamado duopólio. A figura a seguir ilustra
esse produto, produzido pela Sadia, e que está disponível para
compra na região de Campo Grande (MS).
Duopólio é um mercado
oligopolista no qual há
apenas dois vendedores.
(WONNACOTT,
2002, p. 806).
Figura 4.6 – Embalagem e composição nutricional da coxinha da asa do frango da Sadia
Fonte: Supermercados Comper (2009).
Retomando o exemplo do produto anterior, suponha que a Sadia
e a Perdigão tenham desembolsado todo o custo fixo necessário
para produzir coxinha da asa de frango e estejam apenas
preocupadas em obter receita com a venda do produto. Isso
significa que o custo marginal é zero para produzir uma unidade
adicional de coxinha da asa de frango.
Para melhor entendermos a demanda de mercado hipotética para
coxinha da asa de frango e a receita total para cada nível de preço,
apresentamos uma relação hipotética de dados na tabela a seguir.
Unidade 4
137
Universidade do Sul de Santa Catarina
Tabela 4.4 – A demanda de mercado para coxinha da asa e a receita total
Preço da coxinha
da asa (reais/kg)
Quantidade demandada de
coxinha da asa (milhões de kg)
Receita total (milhões em
reais)
10
0
0
9
20
180
8
40
320
7
60
420
6
80
480
5
100
500
4
120
480
3
140
420
2
160
320
1
180
180
0
200
0
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Com apenas duas empresas operando nesse mercado, a Sadia
e a Perdigão perceberiam que, a partir da interpretação dos
dados contidos na tabela anterior, ao aumentarem sua produção
estariam pressionando para baixo os preços de mercado. Nesse
sentido, limitar a produção de coxinha da asa deve ser uma
estratégia interessante.
Conluio é uma tentativa, explícita
ou implícita, de as empresas não
concorrerem entre si. (WESSELS,
2002, p. 278).
Cartel é um acordo entre os
concorrentes sob diversas formas,
como fixar preços, definir cotas de
produção e distribuição e dividir
o território, no sentido de obter
lucros extraordinários. (OLIVEIRA,
2001, p. 217).
138
Quanto as duas empresas irão produzir?
Uma estratégia possível para o cenário ilustrado anteriormente é
que as duas empresas estabeleçam uma situação de conluio.
O conluio é a situação em que as empresas vão cooperar para
aumentar o lucro uma da outra. A forma mais intensa de colusão
é o cartel, um acerto que determina quanto cada empresa tem
licença para produzir. O cartel constitui uma infração à ordem
econômica do Brasil, sendo um acordo considerado ilegal
também em vários países.
Mercado Agrícola I
Admita que a Sadia e a Perdigão deixem de lado o cumprimento
da lei por um momento e formem um cartel para atuar como se
fossem um monopolista. Nesse caso, o cartel deverá fixar a quantia
produzida em 100 (cem) milhões de quilos de coxinha da asa, que
deverá ser vendida ao preço de R$ 5,00 por quilo, para se obter um
máximo lucro, equivalente à receita de quinhentos milhões de reais.
Para responder à pergunta inicialmente formulada, é preciso
atribuir quanto dos 100 milhões de quilos de coxinha da asa
a Sadia e a Perdigão poderiam produzir. Mesmo que a opção
fosse produzir meio a meio (50 milhões de quilos cada), você
pode observar que existe um incentivo para trair o combinado e
produzir uma quantia maior.
Por que existe um incentivo para trair o combinado?
Admita que a Sadia cumpra exatamente o acordo estabelecido, e
a Perdigão produza 70 milhões de quilos. O aumento na quantia
total do produto, agora em 120 milhões de quilos de coxinhas de
asas de frango, pressionará para baixo o preço deste produto, que
passará de R$ 5,00 para R$ 4,00.
Em consequência deste excedente de produção haverá uma
diminuição da receita total, que passará de quinhentos milhões
de reais para quatrocentos e oitenta milhões de reais. Entretanto,
observe que a receita da Perdigão aumentaria de duzentos e
cinquenta milhões de reais para duzentos e oitenta milhões de
reais, um lucro adicional de trinta milhões de reais.
É certo que a Sadia diminuirá seu lucro significativamente. A
receita da Sadia reduzirá de duzentos e cinquenta milhões de
reais para duzentos milhões de reais, resultado da diminuição do
preço do produto dado ao aumento na quantia ofertada.
Na realidade, note que o presidente da Sadia poderá adotar
a mesma estratégia e romper simultaneamente o acordo,
produzindo também setenta milhões de quilos. Agora, com
uma produção de 140 milhões de quilos do produto, o preço da
coxinha da asa diminui para R$ 3,00 e o lucro para cada empresa
diminui duzentos e dez milhões de reais.
Unidade 4
139
Universidade do Sul de Santa Catarina
À primeira vista pode parecer, para um oligopolista,
que aumentar a produção é lucrativo. Mas, se todas as
empresas adotarem essa mesma estratégia, o resultado
final é que todas terão um lucro menor.
Decisões sobre preço e produção no oligopólio: uma visualização
gráfica
A característica de interdependência entre os produtores faz
com que o resultado das vendas seja incerto. Caso as empresas
venham a se unir, estarão agindo como um monopólio, ou seja,
agindo como se fosse uma única empresa no setor. Se forem
agressivamente concorrentes, é possível que se estabeleça um
preço de concorrência perfeita.
Para ilustrar graficamente o resultado incerto, observe as duas
curvas de demanda representadas na figura a seguir.
)"
Preço
da coxinha
da asa
6
A
Curva de
demanda agindo
sozinha (D2)
5
C
4
B
Curva de
demanda
em conluio
(D1)
3
2
1
0
40
50
60
70
Quantidade por período (milhões de quilos)
Figura 4.7 – As curvas de demanda em situação de conluio e de concorrência nos oligopólios
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
140
Mercado Agrícola I
A partir da interpretação dos dados contidos na figura anterior,
podemos fazer as seguintes considerações: a primeira curva de
demanda D(1) representa a situação na qual todas as empresas
agem em conjunto, cobrando o mesmo preço. Para um preço de
R$ 5,00, todas as empresas vendem cinquenta milhões de quilos
da coxinha da asa de frango (ver ponto “A”). Como são duas
empresas, a produção do setor é cem milhões de quilos. Esse caso
reflete os resultados obtidos em situação de conluio.
Já curva de demanda D(2) representa uma situação quando
a empresa atua estabelecendo sua própria política de preços,
elevando ou reduzindo o preço de seu produto, e as demais
empresas continuam cobrando o preço de R$ 5,00. Por exemplo,
a empresa Perdigão, atuando sozinha ao fixar um preço de
R$ 4,00, poderá vender setenta milhões de quilos de coxinha
da asa de frango (ver ponto “B”). A outra empresa, nesse caso a
Sadia, só poderá vender uma quantia inferior a cinquenta milhões
de quilos do mesmo produto, uma vez que a empresa de menor
preço obterá uma parcela maior deste mercado. Esse caso reflete
os resultados obtidos em situação de não conluio.
Você pôde observar, ainda, que as empresas podem não cumprir
seus acordos, reduzir o preço de seus produtos e aumentar sua
produção. Nesse caso, obteremos outro cenário (o ponto “C”),
no qual a quantia a ser vendida por uma empresa é de sessenta
milhões de quilos de coxinha da asa, e o setor venderá um total
de cento e vinte milhões de quilos do produto.
Em oligopólio, o resultado das vendas é incerto e depende
daquilo que as outras empresas fazem. Diferentemente da
concorrência perfeita e monopólio, aqui não existe uma posição
clara para a qual todas as empresas tendem a se mover.
A interdependência entre as empresas e o resultado
incerto, impossibilita até o momento a construção de uma
teoria geral para o oligopólio. O que tem sido adotado
são modelos de oligopólios que partem de determinadas
hipóteses sobre as reações das empresas concorrentes
às decisões de preço e produção da empresa em estudo.
(PASSOS, 2005, p. 350).
Unidade 4
141
Universidade do Sul de Santa Catarina
Na sequência, vamos estudar dois modelos oligopolistas: o
Modelo da Curva de Demanda Quebrada e o Modelo da
Empresa Dominante ou de Liderança de Preços. Cada modelo
apresenta certas características de conduta e desempenho dos
oligopolistas, embora nenhum deles seja capaz de ilustrar o
histórico completo da concorrência entre poucos.
O modelo da curva de demanda quebrada
O modelo da curva de demanda quebrada é um modelo simples
de oligopólio que considera a forma pela qual as concorrentes
irão responder a mudanças em seu preço de venda. A melhor
maneira de entender a ideia de uma curva de demanda quebrada
é colocar-se na posição do presidente da Sadia e da Perdigão.
Admita as seguintes suposições: (i) quando a Sadia eleva o preço da
coxinha da asa de frango, ela age sozinha porque a Perdigão recusase a fazer o mesmo; (ii) mas quando a Sadia reduz o preço daquele
produto, a Perdigão a acompanha, decidindo reduzir também o
preço de seu produto para manter sua parcela de mercado.
Observe na figura a seguir o cenário descrito anteriormente.
7
Preço
da coxinha
da asa
6
Curva de demanda
quebrada
A
5
4
Qualquer
curva de CMg
nesta região...
Curva de
demanda agindo
sozinha (D2)
CMg
RMg 1
3
Curva de
demanda em
conluio (D1)
2
RMg 2
1
0
40
...corresponde a este
nível de produto.
142
50
60
70
Quantidade por período (milhões de quilos)
Figura 4.8 – A curva de demanda quebrada em oligopólio
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Mercado Agrícola I
Você pôde observar na suposição (i) de aumento de preço,
o decréscimo de quantidade será uma função do grau de
diferenciação do produto. No caso de não haver diferenciação,
o comportamento da curva de demanda para preços acima de
R$ 5,00 é mais elástico. O resultado esperado é um decréscimo
maior na quantidade em comparação com o aumento percentual
no preço. Isso significa uma redução na receita total, se o preço
passar de R$ 5,00.
Na suposição (ii) de diminuição do preço, observe que a curva
de demanda abaixo de R$ 5,00 tende a ser mais inelástica. Isso
significa redução na receita total se o preço for menor que R$ 5,00.
Você deve recordar que a empresa maximizará lucro quando
produzir uma quantidade de produto na qual a receita marginal
é igual ao custo marginal.
A curva de demanda quebrada ilustra como em situação de
conluio pode fazer com que o oligopolista não responda à
mudança de custo marginal dentro de determinada faixa de
variação. Observe na figura anterior que existe uma faixa de
variação (representada pela linha vertical tracejada) para o
custo marginal em que a quantia a ser produzida corresponde a
cinquenta milhões de quilos do produto comercializado.
O modelo da demanda quebrada e a interdependência mútua
entre as decisões das empresas explicam por que os preços em
oligopólio tendem a ser estáveis. Uma vez estabelecido um
nível de preço, a tendência é a manutenção deste preço, ou a
denominada rigidez de preços.
O modelo da demanda quebrada possui duas críticas básicas:
a) o modelo não explica como o preço corrente de R$ 5,00 é
inicialmente estabelecido. A curva da demanda quebrada
explica a rigidez de preço, mas não explica como o preço
é determinado inicialmente;
b)em períodos de instabilidade no nível geral de preços
de uma economia, ou seja, num ambiente inflacionário,
os oligopolistas aumentam seus preços substancial e
frequentemente. Quando a economia encontra-se em
Unidade 4
143
Universidade do Sul de Santa Catarina
recessão, alguns oligopolistas reduzem os seus preços. Os
dois exemplos anteriores caracterizam uma situação de
não rigidez de preços. (McCONNELL, 2001, p. 202).
O modelo da demanda quebrada apresenta determinadas
características de conduta e desempenho dos oligopolistas que
explicam porque os preços em oligopólio tendem a ser estáveis.
Como observamos anteriormente, esse modelo não é capaz de
demonstrar a realidade do processo de concorrência entre poucos.
Para melhor compreender esse processo, você irá conhecer o
modelo de liderança de preço.
O modelo de liderança de preço
O modelo de liderança de preço é
um cartel imperfeito, em que as
empresas de um setor oligopolista
decidem, sem a necessidade de
um acordo informal, estabelecer o
mesmo preço, aceitando a liderança
de uma empresa dominante.
(PINHO, 2004, p. 200).
As alterações de preços substanciais e frequentes realizadas pelo
oligopolista podem ser explicadas pelo modelo de liderança de
preço. A prática de liderança acontece sempre que uma empresa
dominante, considerada a maior ou a mais eficiente, altera o preço
de seus produtos e as demais empresas a seguem automaticamente.
Suponha que a Perdigão, no mercado de coxinha da asa de
frango, seja uma empresa líder. Nesse caso, a curva de demanda
que a Perdigão enfrenta não tem mais uma quebra. Isso acontece
porque os seus concorrentes irão acompanhar na mudança de
preço tanto para cima como para baixo.
Observe que a Perdigão é capaz de liderar a alteração do preço para
um nível mais elevado, desde que esteja confiante que as demais
empresas seguirão sua liderança. Sendo esta a realidade observada,
o resultado esperado é semelhante ao do cartel. A Perdigão, como
empresa líder, seleciona o preço que maximiza o lucro.
A empresa líder de preço, para obter sucesso em suas decisões,
poderá adotar as seguintes estratégias:
a) variações de preços pouco frequentes: como existe
um risco de que as rivais não sigam a empresa líder, os
ajustamentos de preços são realizados com pouca frequência;
144
Mercado Agrícola I
b)comunicações de ajustes de preços: ao divulgar que
precisa ajustar os preços, a empresa líder busca um acordo
com as demais empresas em relação ao ajuste de preços
que sugere;
c) preço limite: é o preço utilizado como estratégia para
impedir a entrada de novas empresas ou a expansão das
existentes. A empresa líder pode não estabelecer um
preço que maximiza o lucro de curto prazo, a fim de
desestimular novos concorrentes.
As quebras na liderança de preço podem acontecer
no mundo real. Quando isso acontece, mesmo que
temporariamente, resulta na chamada “guerra de preços”.
As empresas, ao reconhecerem que os preços mais
baixos estão reduzindo seus lucros, tendem novamente a
ceder para a liderança de preço da empresa dominante.
(McCONNELL, 2001, p. 205).
Sabemos então que o modelo de liderança preço funciona como
se fosse um cartel imperfeito, permitindo a empresa líder
estabeleça um preço maximizador de seus lucros. A seguir, você
irá compreender o modelo de mark-up.
O modelo de mark-up
Nas estruturas de mercado estudadas até aqui, o preço é
fixado em função do mercado e dos custos. Na concorrência
perfeita, o mercado determina o preço e a empresa ajusta a
quantidade a ser produzida de acordo com sua curva de custo.
No monopólio, o produtor determina o preço em função da
demanda de mercado e de seus custos.
No oligopólio, a situação é mais complicada. Algumas estratégias
se assemelham às seguidas pelo monopólio. Outras se aproximam
da hipótese levantada para o uso do modelo de mark-up.
Unidade 4
145
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para alguns autores, as curvas de custo médio das
empresas não têm a forma de “U”, com um único ponto
de mínimo. Esta curva tem uma parte principal contendo
custos médios constantes. Nesta situação, a empresa
conta com certa flexibilidade para alterar a quantia
produzida mantendo inalterado o custo variável médio.
(TROSTER, 2003, p. 166).
Em condição de oligopólio, a determinação da curva de demanda
não é algo tão simples em decorrência das contínuas variações
de mercado e da ação dos concorrentes. Os custos são mais
facilmente conhecidos.
No modelo de mark-up, o preço é determinado diretamente dos
custos das empresas. O mark-up é obtido pela diferença entre as
receitas de vendas e os custos diretos (custos variáveis).
Mark-up = receita das vendas – custos diretos
Para determinar o preço, a empresa utiliza a seguinte fórmula:
p = (1 + M) x C
onde,
p = preço para o produto;
M = taxa de mark-up (porcentagem sobre os custos diretos);
C = custo direto unitário ou custo variável médio.
O custo unitário de produção de uma caixa de 20 kg
de coxinha da asa de frango da Sadia é de R$ 76,00.
Suponha que o mark-up adotado pela empresa é igual a
66,67%. Qual seria o preço de venda para este produto?
p = (1 + M) x C
p = (1 + 0,6667) x 76
p = R$ 126,67
146
Mercado Agrícola I
A determinação da curva de demanda não é algo tão simples de
ser obtida em decorrência das contínuas variações de mercado
e da ação dos concorrentes. Porém, os custos de produção são
mais facilmente conhecidos e, por isso, a maioria das empresas
oligopolísticas utiliza o modelo de mark-up para determinar o
preço de seus produtos. A seguir, você aprenderá sobre a última
estrutura de mercado: a concorrência monopolística.
Concorrência monopolística
Há algum tempo, entrei em um estabelecimento chamado Café
de Paris, que tinha um ambiente muito agradável para tomar um
café expresso no meio de uma tarde de sábado. Fiquei surpreso
ao receber o café cuidadosamente apoiado sobre um folheto de
papel contendo uma foto antiga em preto e branco de pessoas
degustando café no centro da capital francesa. O café foi servido
numa pequena bandeja e estava acompanhado de um elegante copo
contendo água mineral gasosa, cujo gás enaltece o sabor do café.
Na minha cidade, Florianópolis, aconteceu uma expansão
de cafeterias e de casas especializadas nesse ramo. As lojas
competem para satisfazer cada vez mais a mesma demanda e,
consequentemente, aumentar o desejo de consumir algo gostoso.
Cada cafeteria busca satisfazer a demanda por café com um
produto e serviço diferenciado.
A concorrência monopolista é uma estrutura de
mercado que contém elementos de concorrência
perfeita e de monopólio, ficando em uma situação
intermediária entre esses dois modelos de mercado.
(PASSOS, 2005, p. 344).
Quando muitas empresas oferecem produtos diferenciados
competindo entre si, como no ramo das cafeterias, caracteriza
a quarta e última estrutura de mercado que é a concorrência
monopolista.
Unidade 4
147
Universidade do Sul de Santa Catarina
Entendendo a concorrência monopolística
Suponha agora que João seja o dono do Café de Paris, sendo
o único que oferece o produto com a marca “Café de Paris”.
Observa-se que existem várias dúzias de alternativas de cafeterias
aos consumidores locais. Ao decidir o preço de uma xícara de seu
café, João sabe que precisa levar em conta o preço estabelecido
pelos demais concorrentes.
João sabe também que não irá perder todos os seus clientes,
mesmo que seu café tenha um preço mais alto. O “Café de Paris”
não é o mesmo café que será ofertado pelas demais cafeterias
existentes na região, tais como “Aroma de Canela”, “Café Riso”,
“Café Cultura”, “Café da Praça”, “Café do Lado”, “La Bohème
Café”, “Senadinho Ponto Chique” e “Santo Bule Café”, para citar
algumas alternativas.
João sabe ainda que tem a possibilidade de fixar seu próprio
preço porque tem algum poder de mercado. Definitivamente não
é um tomador de preço, mas também não se pode chamá-lo de
monopolista. É o único que vende “Café de Paris”, mas se depara
com a concorrência de outras cafeterias.
Por que não chamá-lo de oligopolista? A principal característica
do oligopólio é a interdependência entre os produtores. No
oligopólio, como todos os produtores são importantes por
possuírem faixa significativa do mercado, as decisões de produção
e de preço são interdependentes.
Essa interdependência é um incentivo para que as empresas
façam um conluio. Observe que, no caso de João, há uma
diversidade de cafeterias de modo que a prática do conluio não
é esperada nessas condições. A situação de João se enquadra
melhor no modelo de concorrência monopolista.
148
Mercado Agrícola I
As características que definem a concorrência monopolística são:
a) número relativamente grande de vendedores: a
concorrência monopolística não requer a existência de
milhares de empresas, mas um número relativamente
grande. Como há muitos produtores, observamos o
seguinte: cada produtor detém pequena parcela do
mercado total; tem pouca probabilidade de ocorrência de
conluio e a ação de cada produtor independe dos demais;
b)produtos diferenciados: a diferenciação de produtos é a
característica fundamental da concorrência monopolística.
Os produtores aqui buscam variações de um mesmo
produto. A diferenciação dos bens produzidos pelos
demais concorrentes pode se relacionar a aspectos
reais: os atributos do produto; os serviços ao cliente, a
localização e facilidade de acesso. A diferenciação pode
também contemplar aspectos imaginários, com diferenças
superficiais, tais como marca, embalagem e design.
c) livre entrada e saída: a entrada e a saída em mercados
de concorrência monopolística são relativamente fáceis.
Como os concorrentes monopolistas são empresas
pequenas, tanto em termos absolutos quanto em termos
relativos, as economias de escala são pequenas e as
exigências de capital são mais reduzidas. A qualquer
momento o produtor pode sair desse mercado e
interromper suas operações.
Observa-se, na concorrência monopolista, que cada produtor
procura diferenciar o seu produto, a fim de torná-lo único. Uma
importante implicação da diferenciação do produto é que os
produtores têm algum poder de monopólio, dado que somente ele
produz aquele produto específico. Nessas condições, cada produtor
tem alguma liberdade para estabelecer o preço de seu produto.
Você deve observar que a primeira e a terceira característica,
respectivamente, número relativamente grande de empresas
e livre entrada e saída, conferem o aspecto “concorrencial”
à concorrência monopolística. A segunda característica, a
diferenciação de produtos, contribui para o aspecto monopolista.
Unidade 4
149
Universidade do Sul de Santa Catarina
Diferenciação de produto: um pouco mais sobre o café
O setor de café sempre foi de concorrência monopolística, em que
cada empresa vende um produto pouco diferenciado. Convém
lembrar que até duas décadas atrás, café era café. Os cafés se
diferenciavam principalmente pela localização. A escolha do café
dependia, principalmente, se o cliente estava perto do trabalho
ou de casa. Ocorria um pouco de diferenciação pela qualidade,
mas ainda assim, café era café.
Aos olhos do agricultor que produz café, uma tonelada de
fertilizante da fórmula 05-20-10, de um fornecedor próximo à sua
propriedade, é diferente de outro localizado mais distante. Uma
cooperativa de crédito que realiza uma operação de empréstimo ao
agricultor e ainda presta assistência técnica, consegue diferenciar o
seu serviço de crédito sob o ponto de vista desse agricultor.
Café era café até que começou a ser capuccino, latte, frapuccino e
outras bebidas, digamos, de estilo.
Observe que do ponto de vista econômico, o processamento do
café pode resultar em uma diferenciação do produto. Devido à
diferenciação no produto, a curva de demanda é menos elástica
que aquela observada em concorrência perfeita. Por outro lado,
devido à possibilidade de substituição, a demanda é menos
inelástica que em monopólio.
A inelasticidade da demanda dependerá do grau de diferenciação
do produto. Se for alta tal diferenciação, maior será a lealdade por
parte do consumidor e mais inelástica será a demanda.
Você pode se perguntar: A melhora na qualidade do café vale
o preço de um capuccino na Café de Paris? Ou, ainda, pagar
acima de R$ 12,00 por uma xícara de café da marca Jacu
Bird? A resposta a essas situações está relacionada à disposição
do consumidor de pagar determinado preço por um produto
diferenciado. Lembre-se de que o cliente “sempre” tem razão.
150
Mercado Agrícola I
Decisões sobre preço e produção em concorrência monopolística
Agora, vamos conhecer as principais análises referentes às
decisões de preço e produção de uma empresa em concorrência
monopolística, sendo que o assunto não será tão aprofundado como
foi feito quando estudamos concorrência perfeita e o monopólio.
Lembre-se de que a concorrência monopolística envolve um
número relativamente elevado de empresas operando sem a
prática do conluio, produzindo um produto diferenciado e com
facilidade de entrada e saída do negócio.
A empresa em concorrência monopolística maximizará os lucros
no curto prazo produzindo a quantia em que a receita marginal
é igual ao custo marginal. Observe que ela poderá ter lucro ou
prejuízo na quantidade produzida em que a RMg = CMg.
Se a “Café de Paris”, que é uma empresa tradicional entre as
cafeterias, obtém lucro econômico, é de se esperar que surjam
novas cafeterias. Situação contrária é esperada na condição de
prejuízo. No longo prazo, a facilidade de entrada e saída faz com
que as empresas só recebam o lucro normal (lucro zero).
A habilidade de uma empresa realizar concorrência
extrapreço torna mais complexa a análise econômica
em concorrência monopolística. Os atributos dos
produtos e a propaganda não são fixos. A empresa em
concorrência monopolística considera o preço, o produto
e a propaganda quando busca maximizar o lucro.
Na prática, a combinação ótima de preço, produto e
propaganda só poderão ser obtidos por tentativa e erro.
(McCONNELL, 2001, p. 196).
Você aprendeu, no conteúdo referente à competição
monopolística, as características com as quais as empresas
diferenciam seus produtos e como tomam suas decisões sobre
preço e produção. Para finalizar, vamos estudar o método de
análise de mercado conhecido por “paradigma de estruturaconduta-desempenho”.
Unidade 4
151
Universidade do Sul de Santa Catarina
Seção 4 – O paradigma da estrutura, conduta e
desempenho
A fusão entre a Sadia e a Perdigão ocorreu no ano de 2009, e
deu origem a um gigante no setor de alimentos: a BRF – Brasil
Foods, porém até o início do ano de 2011, essa fusão não havia sido
aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(CADE). “Por que, decorrido todo esse período, essa operação de
fusão ainda não foi aprovada?”
O estudo de conteúdos referente as catacterísticas do mercado
financeiro nos ajuda a compreender a importância do poder público
em adotar políticas para manter os oligopólios “bem comportados”.
Aqui no Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(CADE) é o organismo do Estado responsável pelas decisões finais
no plano administrativo das fusões.
Leis antitruste são aquelas que
atuam sobre a formação de preços
em mercados monopolizados ou
oligopolizados e sobre a conduta das
empresas evitando a eliminação da
concorrência. (PINHO, 2004, p. 588).
O paradigma da estrutura, conduta e desempenho é um dos
principais instrumentos de análise das políticas de defesa da
concorrência. O Estado identifica os elementos da estrutura de
mercado e as condutas das empresas que são prejudiciais à prática
da concorrência e, por meio das leis antitruste, procura adotar
restrições para deixar o mercado “bem comportado”.
Entendendo o paradigma da estrutura, conduta e
desempenho
Cada estrutura de mercado é contemplada por características
organizacionais, tais como número de empresas, diferenciação de
produtos e barreiras à entrada no mercado. Com base na estrutura
de mercado, o trabalho de Bain (1956) postula uma relação de
causalidade com a conduta das empresas e desta com o desempenho.
As condições básicas de oferta e de demanda determinam a
estrutura de mercado. Nas condições de oferta, aspectos ligados
à tecnologia definem a existência de economia de escala. A sua
existência leva ao aparecimento de estruturas de mercado mais
concentradas. Nas condições de demanda, as características do
produto vão definir o grau de diferenciação e este, por sua vez, é
também um elemento de estrutura.
152
Mercado Agrícola I
A estrutura de mercado irá influenciar a conduta da empresa.
Um resumo da ideia do paradigma da estrutura, conduta e
desempenho dos mercados é mostrado na figura a seguir:
A conduta das empresas
é definida como sendo
a política adotada
em relação às demais
concorrentes no mercado.
O comportamento
da empresa pode se
relacionar à política de
preços, à política de
produto e à política de
coação aos concorrentes
(MENDES, 2007, p. 226).
Figura 4.9 – O modelo da estrutura, conduta e desempenho de mercado
Fonte: Sherer e Ross (1990, p. 5).
Você pode observar na figura acima a relação de causalidade
entre as condições de mercado, estrutura de mercado, conduta
das empresas e o desempenho. Por exemplo, um produtor
operando em condições de concorrência perfeita não se preocupa
em definir sua estratégia de precificação (como vimos, ele é um
tomador de preço). Caso este produtor estivesse operando em
oligopólio estaria, então, muito preocupado em ter uma estratégia
de precificação (dado que possui poder de mercado).
Unidade 4
153
Universidade do Sul de Santa Catarina
A política de coação aos concorrentes refere-se à tentativa de uma
determinada empresa eliminar ou enfraquecer a concorrência,
aumentando as barreiras à entrada, através da política de dumping
de preços, e à integração vertical. A BRF – Brasil Foods atuará
em integração vertical porque tem o controle de todas as fases de
produção de frango até que ele chegue aos milhares de pontos de
venda no Brasil e no exterior. Isto se constitui em uma barreira à
entrada de novas empresas nesse mercado.
No caso citado, a empresa tem um conjunto de estratégias possíveis
de precificação, de propaganda, de pesquisa e desenvolvimento,
entre outras. A estratégia a ser escolhida é determinada pela
estrutura de mercado. A existência de barreiras à entrada, por
exemplo, permite a empresa adotar uma política de precificação.
Quando acontece o contrário, ou seja, não existem barreiras à
entrada, a empresa terá dificuldades para estabelecer uma política
de precificação. Observe que a estrutura de mercado condiciona a
decisão estratégica da empresa em atuar no mercado.
A conduta das empresas, através do desenvolvimento de
diferentes estratégias, trará um impacto sobre o desempenho
de mercado. A estratégia de conluio ou de formação de cartéis
tem objetivo de elevação dos preços dos produtos. Ocorrendo
este fato, surgem ineficiências alocativas e produtivas, que têm
reflexos sobre o desempenho do mercado.
O que é uma ineficiência alocativa e ineficiência
produtiva?
A ineficiência alocativa implica que os recursos não estejam
no lugar e no tempo certo. Ela surge do exercício do poder de
monopólio, ou seja, do fato de o preço ser maior ao custo marginal.
A consequência disto é que o consumo do produto acontece em
quantidades inferiores ao que seria socialmente desejável.
As empresas que atuam no setor agrícola terão eficiência alocativa
à medida que possuam pleno conhecimento. A obtenção desta
eficiência alocativa é muito dependente de um dos principais
aspectos do pleno conhecimento: as informações de mercado.
154
Mercado Agrícola I
A ineficiência produtiva se refere à perda de motivação por parte da
empresa que desfruta de lucros elevados. O pior custo do monopólio
é a “preguiça dos gerentes”. Uma ação do Estado no sentido de
promover a concorrência pode ser também benéfica nesse caso.
O desempenho de mercado refere-se ao resultado do padrão de
conduta que as empresas adotam.
O paradigma de estrutura, conduta e desempenho se
preocupa em avaliar o desempenho de determinado
mercado diante do desempenho esperado em uma
situação de concorrência perfeita. A pergunta a ser
respondida é: até que ponto as imperfeições de mercado
limitam o atendimento das aspirações da sociedade por
bens e serviços? (PINHO, 2004, p. 215).
Sempre que as imperfeições de mercado limitem o atendimento
das aspirações da sociedade por bens e serviços, o Estado tem
um importante papel a cumprir. A seguir, reproduzo observação
feita pelo ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, que
consta na contracapa do livro intitulado Concorrência: panorama
no Brasil e no mundo:
Disseminar a cultura da defesa da concorrência é um
dos nossos grandes desafios. A intervenção estatal do
passado contribuiu para a industrialização, mas enraizou
visões e interesses que não mais se coadunam com o país
competitivo, pujante e justo que estamos construindo.
A nova atuação do Estado na economia deverá pautarse por fortes instituições de defesa da concorrência,
o que exige o estudo e o debate permanente do seu
marco teórico e da experiência nacional e internacional.
(OLIVEIRA, 2001).
A semelhança da intervenção, citada acima pelo ex-ministro, diz
respeito às diferentes intervenções do Estado nos mercados agrícolas
e suas consequências.
Unidade 4
155
Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese
Neste conteúdo, você estudou uma das questões centrais na
análise dos mercados agrícolas e da própria economia, tendo
como destaque a eficiência. Existe uma perfeita combinação de
produtos sendo produzidos, usando a correta combinação de
insumos? A resposta depende da estrutura de mercado.
Você aprendeu o que é estrutura de mercado e quais são os
diferentes tipos de estruturas de mercado existentes no caminho
percorrido entre os produtores rurais e os consumidores finais.
Estudou que os mercados podem ser de concorrência perfeita,
com produtores e consumidores incapazes de influenciar
isoladamente o preço final.
Você percebeu que ao buscar o lucro, as empresas servirão ao
interesse da sociedade, realizando uma produção eficiente.
Estudou que os mercados podem ser imperfeitos, tais como o
monopólio, o oligopólio e a concorrência monopolística, com
produtores individuais tendo poder de mercado, ou seja, tendo
influência no preço final. Estudou também que a busca do lucro
pelas empresas e os interesses da sociedade podem algumas vezes
coincidir e, outras vezes, divergir.
O mercado agrícola pode falhar em fornecer um produto
eficiente. Quando isto ocorre, há algo a se fazer? Qual o
papel que o Estado deve desempenhar? As respostas a estes
questionamentos estão relacionadas às intervenções do Estado
nos mercados agrícolas.
156
Mercado Agrícola I
Atividades de autoavaliação
1) Quando uma empresa agrícola, operando em condições de
concorrência perfeita, deverá fechar as portas no curto prazo? Acerca
desta pergunta, julgue os itens a seguir como verdadeiro(s) ou falso(s) e
justifique a(s) alternativa(s) verdadeira(s).
( ) O preço for menor que o custo médio.
( ) A receita marginal for menor que o custo fixo médio.
( ) O preço for menor que o custo variável médio.
( ) O preço de mercado exceder o custo médio.
Unidade 4
157
Universidade do Sul de Santa Catarina
2) Uma empresa do ramo do agronegócio, operando em condições de
mercado de concorrência monopolista, pode obter lucro extraordinário
no longo prazo e manter essa situação indefinidamente? Elabore um
parágrafo com até 10 linhas justificando sua resposta.
3) O cartel é uma organização de produtores. Acerca dessa organização,
julgue os itens a seguir como verdadeiro(s) ou falso(s) e justifique
a(s) alternativa(s) falsa(s).
( ) O cartel é combatido pelos órgãos de defesa da concorrência.
( ) A política de preços é determinada conjuntamente.
158
Mercado Agrícola I
( ) Sua organização é somente informal.
( ) Os cartéis são geralmente instáveis, pois uma empresa tem grande
incentivo para não cumprir com o acordo.
Saiba mais
THOMPSON, A. A.; FORMBY, J. P. Microeconomia da
firma. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1998.
Unidade 4
159
UNIDADE 5
Intervenções do Estado nos
mercados agrícolas
Objetivos de aprendizagem
„„
„„
„„
Entender o significado dos principais tipos de
intervenção governamental nos mercados agrícolas:
o controle de preços, o controle de quantidades e os
impostos.
Compreender quem ganha e quem perde com as
intervenções nos mercados.
Aprender que os efeitos dos impostos são similares
aqueles observados quando se pretende fazer um
controle de quantidade.
Seções de estudo
Seção 1
A agricultura e a intervenção do Estado
Seção 2
Controle de preços agrícolas
Seção 3
Controle de produção agrícola
Seção 4
Os impostos
5
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Neste conteúdo, você aprenderá diferentes tipos de intervenções
do Estado nos mercados agrícolas e suas consequências para
produtores e consumidores.
Como o controle de preços e quantidades torna um mercado
ineficiente? Por meio de exemplos, vamos discutir e apresentar
os benefícios e os custos de controlar os mercados. Começamos
explicando as razões que levam à intervenção do Estado na
agricultura para, em seguida, analisar a intervenção estatal e seus
instrumentos, como as políticas macroeconômicas e setoriais.
Vamos estudar o que acontece quando os governos tentam
controlar os preços em um mercado competitivo e quando tentam
determinar a quantidade comprada e vendida de um bem. E,
finalmente, iremos verificar o efeito esperado dos impostos sobre
vendas e compras.
Seção 1 – A agricultura e a intervenção do Estado
A intervenção do Estado na economia é sempre um assunto
controvertido. Você pode observar que em uma economia
de mercado existe um conflito entre pobres e ricos, patrões e
empregados, e agricultura familiar e a patronal. O papel do
Estado é proteger os mais fracos, aprovando leis que impeçam os
abusos e a exploração dos mais fortes.
A dinâmica da vida econômica não pode ser analisada
apenas considerando essas relações conflituosas. Há
outra disputa, muito mais abrangente e ampla: a disputa
entre produtores e consumidores, entre compradores
e vendedores. Cada participante busca, livremente,
o melhor para si e isto se constitui a base para o
bom funcionamento de uma economia de mercado.
(MONTORO FILHO, 2008, p. 8).
162
Mercado Agrícola I
Na agricultura, independente do país a ser estudado, historicamente
há controvérsia da questão de “intervir ou não”, a qual tem sido
deslocada para a “forma e o conteúdo da intervenção”.
Quais são as razões apontadas para justificar a
necessidade de intervenção e da formulação de
políticas agrícolas para promoção do desenvolvimento?
A agricultura apresenta algumas características peculiares
quando a comparamos com outros setores da economia. Na
agricultura temos:
a) atividades ao ar livre, sujeitas a intempéries como calor,
chuva e vento, e que podem interromper o trabalho;
b)tempo de produção maior que o tempo de trabalho, o que
determina tempo de espera até que as plantas concluam
seu ciclo biológico;
c) atividades econômicas cujos ciclos produtivos dependem
do clima, caracterizando a chamada sazonalidade;
d)desembolsos, renda e fluxo de caixa irregular ao longo
dos meses do ano.
A sazonalidade, a dependência de fatores climáticos e a rigidez
produtiva fazem com que a agricultura enfrente maiores riscos
que o conjunto dos demais setores da economia. Além disso,
a agricultura só poderá ajustar-se às mudanças da conjuntura
do mercado somente na safra seguinte. A ação conjunta desses
fatores tem sido empregada para justificar a intervenção e o
estabelecimento de políticas para amenizar o efeito negativo
dessas características peculiares sobre o nível de renda do setor.
Unidade 5
163
Universidade do Sul de Santa Catarina
As falhas do mercado e do Estado
A partir do estudo relacionado ao mercado e à atividade
econômica é possível constatar que o mercado é uma boa maneira
de organizar a atividade econômica. O mercado é o principal
mecanismo para orientar as decisões dos milhões de agentes
econômicos (produtores, consumidores, governo, importadores,
exportadores, comerciantes, entre outros) e alocar recursos entre
as várias alternativas.
Por outro lado, existem mercados imperfeitos, os quais
apresentam, dentre as principais falhas, estruturas imperfeitas de
mercado, externalidades, informações imperfeitas, provisão de
bens públicos e coletivos e distribuição de renda.
A experiência histórica, observada em vários países, aponta que
o Estado, assim como o mercado, também é imperfeito e sujeito
a falhas. Em algumas situações, o Estado é impotente para
melhorar os resultados do funcionamento do mercado, ou, ainda,
sua intervenção acaba por produzir distorções “mais indesejáveis”
que aquelas produzidas pelo próprio mercado.
A intervenção do Estado atua sobre “elementos” que influenciam
as decisões dos produtores, as quais refletem uma série de
condicionantes que irão influenciar a produção, tais como a inserção
socioeconômica dos produtores, a disponibilidade de recursos
produtivos e financeiros, as oportunidades econômicas, a conjuntura
econômica, as instituições e os valores culturais, entre outras.
O desenvolvimento rural
O desenvolvimento rural é influenciado por quatro grupos de
fatores:
a) os incentivos existentes para investir e produzir;
b)a disponibilidade de recursos que determinam o
potencial de produção;
164
Mercado Agrícola I
c) o acesso aos mercados, insumos, informações e serviços
que influenciam decisivamente na capacidade efetiva de
produção;
d)as instituições, que influenciam as decisões dos agentes e
sua disposição para produzir. (NORTON, 1993, p. 13).
O item “d” acima se refere ao importante papel das instituições
formais ou informais que atuam no mercado agrícola por meio
de leis, normas, hábitos e costumes, para estabelecer os estímulos
e garantias para o exercício da atividade econômica e para o
desenvolvimento rural.
A complexidade da vida econômica, que é caracterizada por
milhões de transações realizadas em um curto espaço de tempo,
e por participantes com interesses divergentes, exige que se
disciplinem tais relações e que as regras sejam obedecidas por
todos. O mercado não produz esse serviço de segurança jurídica e
a instituição Estado aparece como provedor natural.
Uma breve explicação do processo de intervenção do Estado
é feita a seguir, considerando seu plano mais abrangente – as
políticas macroeconômicas – e o seu plano mais localizado – as
políticas setoriais.
Políticas macroeconômicas
As políticas macroeconômicas têm impacto considerável sobre
as condições gerais de produção. Seus efeitos se estendem à
formação dos custos de produção, às decisões de investir, às
opções tecnológicas, ao nível e estrutura de distribuição de renda,
aos preços relativos, à rentabilidade de cada atividade econômica,
às expectativas dos agentes e à alocação dos recursos entre
atividades e setores econômicos.
A política macroeconômica tem influência direta sobre os
incentivos e sobre a disponibilidade de recursos. Essa política,
juntamente com o marco institucional, funciona como um pano
de fundo que influencia e condiciona as decisões dos produtores,
assim como os resultados obtidos. Além disso, exercem influência
Unidade 5
165
Universidade do Sul de Santa Catarina
sobre o nível e a composição da demanda presente e, também,
sobre a demanda futura (em razão de influenciar as expectativas
dos agentes em relação ao futuro).
Os principais instrumentos de política macroeconômica são:
a política monetária, a política fiscal, a política cambial e a
política comercial.
A seguir iremos estudar cada um desses instrumentos de
política macroeconômica.
a) A política monetária
A política monetária refere-se às decisões do governo em relação
à oferta de moeda e as condições de crédito no mercado
doméstico, podendo ser expansionista ou contracionista.
A política monetária é a variação na oferta de moeda
pelo banco central para influenciar as taxas de juros e
ajudar a economia na obtenção de um nível de produção
de pleno emprego e na manutenção de preços estáveis.
(McCONNELL, 2001, p. 453).
A política monetária expansionista é aquela que reduz a taxa de
juros e aumenta a demanda agregada ao aumentar a oferta de
moeda, sendo utilizada para alterar uma situação de recessão
econômica. Observe que uma política fortemente expansionista
aumenta a oferta de crédito e diminui o custo do dinheiro,
estimulando o consumo, a produção e o emprego.
A política monetária contracionista é a que aumenta a taxa
de juros e diminui a demanda agregada ao reduzir a oferta
de moeda, sendo utilizada para controlar o nível de preços da
economia (inflação). Observe que neste tipo de política espera-se
uma redução na produção e no emprego.
b)A política fiscal
A política fiscal diz respeito às decisões do governo em relação
a seu orçamento, podendo também ser expansionista ou
contracionista.
166
Mercado Agrícola I
A política fiscal é relacionada aos gastos governamentais
e nas receitas de impostos destinadas à obtenção de um
nível de produção interno não inflacionário e de pleno
emprego. (McCONNELL, 2001, p. 453).
A política fiscal expansionista é aquela que aumenta a demanda
agregada reduzindo impostos, aumentando transferências
ou expandindo compras governamentais. Já a política fiscal
contracionista possui efeito inverso, pois reduz a demanda
agregada aumentando impostos, diminuindo as transferências e
as compras governamentais.
A política fiscal é um tipo de política de estabilização
que envolve o uso de mudanças na tributação, nas
transferências governamentais, ou nas compras
governamentais de bens e de serviços. (KRUGMAN,
2007, p. 806).
A possibilidade de usar incentivos fiscais para promover objetivos
do setor agrícola é limitada pela política fiscal do governo.
A agricultura sofre ainda a influência da política de preços e
tarifas de serviços públicos, estrutura de gastos do setor público,
utilização de políticas de rendas e carga fiscal que recai sobre o
setor e seus produtos.
c) A política cambial
A taxa de câmbio é o preço da moeda de um país em termos da
moeda de outro país. A quantidade de moeda é determinada pela
política governamental. A taxa de câmbio determina o preço das
importações e exportações. Movimentos das taxas de câmbio
podem ter efeitos importantes sobre o produto agregado e o nível
de preços agregados.
Atualmente, existem dois tipos principais de políticas de taxas de
câmbio: câmbio fixo e câmbio flutuante. Um país tem uma taxa
de câmbio fixa quando o governo mantém a taxa de câmbio em
relação à outra moeda fixa, ou tendo uma meta específica.
A agricultura é
particularmente sensível
às variações da taxa
de câmbio, que exerce
influência sobre o
desempenho do setor. O
câmbio tem influência
direta nos incentivos
para o produtor investir e
produzir.
A China é um exemplo marcante sobre o esforço do
governo para manter sua taxa de câmbio fixa.
Unidade 5
167
Universidade do Sul de Santa Catarina
Um país tem uma taxa de câmbio flutuante quando o governo
deixa a taxa de câmbio oscilar conforme o modelo da oferta e
demanda (o mercado). O Brasil, os Estados Unidos, a Inglaterra e
o Canadá seguem essa política de taxa cambial flutuante.
d)A política comercial
A política comercial atribui níveis de proteção diferenciados entre
os setores da economia. A política comercial e a taxa de câmbio
modificam os preços relativos d os diferentes tipos de bens e
provocam uma realocação de recursos. Para determinada taxa de
câmbio, por exemplo, elevar o nível de proteção de determinados
produtos tende elevar o preço dos produtos importáveis
induzindo à transferência dos recursos para a sua produção.
Políticas setoriais
Os instrumentos de política setorial possibilitam ao setor público
intervir nas condições e nas variáveis específicas ao setor agrícola,
como, por exemplo, definir uma taxa de juros diferente da taxa de
juros de mercado, condições especiais de acesso aos mercados e
preços mínimos e preços máximos para alguns produtos.
Os principais mecanismos de intervenção na produção e
demanda agrícola são:
a) políticas de preços;
b) políticas de financiamento;
c) seguro;
d)políticas de comercialização e estoques;
e) políticas tributária e fiscal; e
f) políticas de comércio exterior.
168
Mercado Agrícola I
Na sequência, você estudará alguns desses importantes
instrumentos de intervenção do Estado nos mercados agrícolas.
Primeiramente, compreenderá o que acontece quando os
governos tentam controlar os preços em um mercado competitivo
e quando tentam determinar a quantidade comprada e vendida
de um bem. E, finalmente, verificaremos o efeito esperado do
imposto sobre vendas e compras.
Seção 2 – Controle de preços agrícolas
O preço de mercado de um determinado produto agrícola pode
oscilar até a igualdade entre as quantidades demandadas e ofertadas
desse produto. Infelizmente, muitas vezes, o preço de equilíbrio
resultante pode não agradar a compradores ou produtores.
Quando isso ocorre, é comum o governo sofrer pressão política
para que intervenha nos mercados para regular os preços. A
intervenção típica é controlar os preços estabelecendo um limite
inferior, um preço mínimo, ou estabelecendo um limite superior,
um preço máximo.
O que acontece quando o governo tenta controlar os
preços em um mercado competitivo estabelecendo um
preço mínimo? É o que você verá a seguir.
Política de preços mínimos
A política de preços mínimos, em uso no Brasil, garante um
preço mínimo fixado e anunciado previamente pelo governo
antes do início do plantio. O governo assegura aos produtores,
independentemente dos preços do mercado, a venda de sua
produção pelo preço mínimo. O objetivo principal desta política é
evitar a volatilidade dos preços agrícolas no curto prazo e garantir
renda aos produtores.
Unidade 5
169
Universidade do Sul de Santa Catarina
Os preços mínimos têm como objetivo ajudar os
produtores, no entanto geram alguns efeitos indesejáveis.
Os problemas indesejáveis acontecem quando os
mercados são competitivos. Em situação de monopólio,
por exemplo, os controles de preços não causam
necessariamente problemas. (KRUGMAN, 2007, p. 72).
As curvas de oferta e demanda de café, ilustradas na figura a
seguir, demonstram que o mercado encontra-se em equilíbrio
com 12 bilhões de sacas de café compradas e vendidas ao preço
de R$ 3,00 por saca.
6
Preço 5
do café
Demanda Excedente de café Oferta
(4 bilhões de sacas)
4
Preço mínimo
3
Equilíbrio (E)
2
1
Quantidade de
equilíbrio
0
8
10
12
14
16
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Figura 5.1 – O efeito do preço mínimo para o mercado do café
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Com objetivo de ajudar os produtores de café, suponha que o
governo estabeleça um preço mínimo de R$ 4,00 por saca. O
preço mínimo é representado pela linha horizontal que intercepta
o eixo vertical ao preço de R$ 4,00. Observe que a esse preço os
produtores querem vender 14 bilhões de sacas e os consumidores
querem comprar 10 bilhões de sacas. Nessas condições, há
um excesso de oferta de quatro bilhões de sacas de café, cujo
excedente de produção o governo deve adquirir a fim de garantir
o preço mínimo que está acima do preço de equilíbrio. Isso
170
Mercado Agrícola I
implica um custo adicional para o governo referente à aquisição e
armazenamento dos quatro bilhões de sacas de café.
Quais os principais efeitos esperados de uma política
de preço mínimo efetiva?
Uma política de preço mínimo efetiva é aquela em que o preço
mínimo fixado está acima do preço de equilíbrio. Note que, se o
preço mínimo for fixado abaixo do preço de equilíbrio, o excesso
de demanda forçará a subida de preço, e o preço estabelecido não
terá nenhuma efetividade.
Admita a situação de efetividade da política de preço mínimo,
tal como representado na figura anterior, e o resultado óbvio de
gerar um excedente de produção. Os produtores se beneficiam
da política de suporte de preço mínimo. Em condições de livre
mercado, a receita agrícola bruta seria de 36 bilhões de reais e,
com a política de preços mínimos, a receita agrícola agora é de
R$ 56 bilhões de reais, tendo os produtores um acréscimo de 20
bilhões de reais na sua receita de produção de café.
Nesse contexto, uma política de suporte de preço mínimo dá
origem a vários efeitos colaterais negativos, conforme podemos
observar a seguir.
a) Perda para os consumidores
Considerando o período de tempo entre duas safras agrícolas,
os consumidores perdem duas vezes: por pagarem um preço
maior que o de equilíbrio em condições de livre mercado; e
por consumirem uma quantidade inferior àquela consumida
em condições de livre mercado. Observe que a despesa dos
consumidores sem a política de preços mínimos, considerando
o exemplo da figura anterior, é R$ 36 bilhões de reais. Com
a adoção desta política de suporte de preços, a despesa dos
consumidores é R$ 40 bilhões de reais.
Unidade 5
171
Universidade do Sul de Santa Catarina
A perda dos consumidores depende do comportamento
da oferta e demanda de cada produto e também da
diferença existente entre o preço de mercado e o preço
mínimo estabelecido. Além disso, note que o preço
mais alto a ser pago pelo consumidor recai de maneira
desproporcional sobre a população mais pobre, que
destina uma parcela maior de sua renda com alimentação.
(McCONNELL, 2001, p. 335).
b)Alocação ineficiente de recursos entre os produtores
A política de preço mínimo atrai mais recurso para a agricultura
que o preço em condições de mercado livre e faz com que a
sociedade incorra em uma “perda de eficiência”.
Um mercado competitivo é eficiente na alocação
dos recursos por maximizar os benefícios líquidos
de fornecer os bens à sociedade. A quantia ótima
produzida acontece quando o benefício marginal
(preço de demanda) é igual ao custo marginal (preço
de oferta). (WESSELS, 2002, p. 118).
Na figura a seguir, o nível de produção de 12 bilhões de sacas
de café indica que a alocação dos recursos é eficiente. Isso
acontece porque, nesse nível de produção, o preço de oferta (custo
marginal) é igual ao preço de demanda (benefício marginal), ou
seja, R$ 3,00.
6
Preço 5
do café
Demanda
Oferta
4
Preço
mínimo
Benefício
líquido à
sociedade
3
2
1
0
8
10
12
14
16
Quantidade de café (bilhões) de sacas
172
Figura 5.2 – Benefício líquido à sociedade em decorrência do estabelecimento do preço mínimo para
o café
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Mercado Agrícola I
Em todas as unidades de produção, entre 12 bilhões até 14
bilhões de sacas, o preço de oferta (custos marginais) excede
os preços que as pessoas estariam dispostas a pagar por essas
unidades. O benefício líquido gerado é negativo para cada
quantidade adicional superior a 12 bilhões de sacas de café. A
ineficiência econômica advém de uma sobrealocação de recursos
na agricultura (recursos alocados na agricultura acima do
desejável, do ponto de vista econômico).
c) Desperdício de recursos
Em condições de efetividade da política de preço mínimo, o
resultado esperado é um excedente de produção. Quando o
governo compra o excedente agrícola, existe o “risco” de esse
excedente ser desperdiçado ou destruído. Ou, ainda, o produto
estocado ficar fora de condições de uso e precisar ser jogado fora.
Além disso, deve-se considerar a perda de tempo e de esforço
empregados para produzir quantias superiores àquelas que
representam a condição de equilíbrio de mercado competitivo livre.
d)Outras perdas para a sociedade
Existem pelo menos três outras importantes perdas para
a sociedade que advêm da política de preços mínimos.
(McCONNELL, 2001, p. 335):
1. a sociedade paga mais impostos para financiar a
compra do excedente pelo governo. A carga tributária
adicional é igual ao excedente multiplicado pelo preço
mínimo. Em nosso exemplo, a carga tributária adicional
foi de R$ 16 bilhões de reais (preço mínimo de R$ 4,00
multiplicado pela quantia de quatro bilhões de sacas,
o excedente). Note ainda que o simples fato de coletar
impostos por si só gera ineficiência. Além disso, o custo
para estocagem do produto agrícola requer uma carga
tributária adicional;
2. a “busca de renda” envolvida pode ser cara e
socialmente desgastante. Os representantes agrícolas e
seus grupos de interesse gastam recursos para manter
apoio político aos programas de suporte de preços;
Unidade 5
173
Universidade do Sul de Santa Catarina
3. a intervenção governamental na agricultura também
gera custos administrativos. É necessário manter
funcionários para administrar a política de preços e
outros programas agrícolas.
e) Custos internacionais
A política de preço mínimo pode gerar distorções que
ultrapassam os limites do território nacional. Em nosso exemplo,
os preços mínimos do café tornam esse mercado atrativo
para produtores de outros países. O resultado esperado é uma
produção maior em decorrência da produção por estrangeiros.
Isso agrava o problema do excedente agrícola, ou seja, a quantia
excedente será maior que os quatro bilhões de sacas de café.
Por que o governo adota uma política de suporte
de preços mínimos quando existem tantos efeitos
colaterais?
A principal razão para impor uma política de suporte
de preços mínimos é beneficiar grupos de produtores e
vendedores influentes. Outra razão se relaciona ao fato
dos funcionários do governo não considerarem ou não
avaliarem adequadamente os efeitos colaterais. Estes
funcionários podem achar que o mercado não é bem
descrito pelo modelo da oferta e demanda, ou ainda,
porque eles não entendem o próprio modelo da oferta e
demanda. (KRUGMAN, 2007, p. 80).
Nesse contexto, “adotar política de suporte de preço mínimo
ou não” na agricultura, e, admitindo a opção pela sua adoção, a
eficácia dos objetivos de garantir um preço mínimo depende:
a) do valor do preço fixado como sendo mínimo pelo
governo;
b)da disponibilidade de recursos; e
c) do volume de produto operacionalizado pelos diversos
instrumentos, quando comparado com o total da
produção.
174
Mercado Agrícola I
Seção 3 – Controle de produção agrícola
Alguns analistas apontam que o mercado de arroz nacional
deve passar, em 2011, por uma queda acentuada nos preços,
alcançando um recorde de preço negativo (estando abaixo do
custo de produção). Essa tendência é baseada em um tripé:
produção elevada, estoques altos e importação do Mercosul.
Caso os produtores de arroz tivessem optado por uma pequena
redução de 10% na área plantada na safra 2009/2010, a produção
teria uma redução significativa do produto no mercado. Segundo
alguns especialistas, isso seria suficiente para elevar o preço para
valores acima do custo de produção. Se os produtores fossem
muito organizados, seria isso o que deveriam fazer, ou seja,
reduzir a produção. As tentativas de controle das quantidades
produzidas, como nesse caso, são levadas a cabo por boas razões
econômicas (do ponto de vista do produtor). Vamos analisar agora
um pouco melhor essa questão.
O que acontece quando o governo tenta controlar a
quantidade produzida em um mercado competitivo?
Para responder a essa questão, observe o modelo de oferta e
demanda do mercado competitivo do café desenvolvido até aqui.
Nossa suposição, agora, é que o governo limite a quantia que os
produtores possam produzir. A figura a seguir mostra o impacto
de uma política de controle de oferta.
Unidade 5
175
Universidade do Sul de Santa Catarina
6
Preço 5
do café
Demanda
A
4
Oferta
Benefício
líquido à
sociedade
“Cunha”
E
3
2
B
1
Cota
0
8
10
12
14
16
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Figura 5.3 – Impacto de uma política de controle de oferta para o mercado do café
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Admita uma versão simplificada do mercado de café em que o
governo limite a produção de café em 10 bilhões de sacas (na
figura anterior corresponde à linha vertical passando por essa
quantia de produto). Como a quantidade é limitada a 10 bilhões
de sacas, os consumidores estariam no ponto A da curva de
demanda e o preço que estariam dispostos a pagar é R$ 4,00.
Enquanto isso, os produtores estariam no ponto B da curva de
oferta e o preço correspondente é R$ 2,00.
Quando a oferta de café é legalmente restringida, verifica-se uma
cunha entre o preço de demanda da quantidade transacionada e o
preço de oferta da quantidade transacionada. Essa cunha representa
a chamada “renda da cota”. A renda da cota corresponde à diferença
entre esses dois preços (R$ 4,00 e R$ 2,00).
176
Mercado Agrícola I
Como o controle de quantidade tem problemas e
tornam um mercado ineficiente?
Os controles de quantidades geram, tipicamente, os seguintes
efeitos colaterais indesejáveis:
a) Ineficiência ou oportunidades perdidas
O controle de quantidade impede a realização de transações
mutuamente benéficas. Por exemplo, a partir do limite de produção
estabelecido pelo governo, os consumidores de café estariam
dispostos a pagar R$ 3,50 por saca de café, para um bilhão de
sacas adicionais. Os produtores estariam dispostos a oferecer essa
quantia desde que ganhassem pelo menos R$ 2,50 por saca.
O mesmo raciocínio se aplica ao bilhão de sacas adicionais
produzidas. Os consumidores estariam dispostos a pagar
R$ 3,00 quando a quantidade produzida aumenta de 11 para
12 bilhões de sacas, e os produtores ofertariam essa produção
desde que obtivessem R$ 3,00 por saca. Observe que não
haverá “oportunidades perdidas de produção” somente quando o
mercado atingir a quantidade de equilíbrio de livre mercado.
“Um comprador estaria disposto a comprar o bem a um
preço que o vendedor estaria disposto a aceitar, mas tal
transação não acontece porque é proibida pela cota.”
(KRUGMAN, 2007, p. 84).
O estabelecimento de cotas de produção resulta em má alocação
de recursos. Os consumidores são forçados a pagar mais pelos
produtos agrícolas.
b)Incentivos para atividades ilegais
Como existem oportunidades perdidas para produtores e
consumidores e os mesmos estão proibidos de fazê-lo, o controle
de quantidade gera incentivo para não cumprir o estabelecido
(não cumprir a lei!).
Unidade 5
177
Universidade do Sul de Santa Catarina
É importante observar que, do ponto de vista do produtor, a
justificativa para o controle da produção baseia-se na inelasticidadepreço da demanda dos produtos agrícolas em geral. Note que a
restrição de produção fará com que a receita total da agricultura
aumente, uma vez que o aumento de preço será proporcionalmente
maior que a diminuição estabelecida de produção.
No Brasil, há dificuldades para operacionalizar o controle
da produção de um produto como o milho, por exemplo,
que tem múltiplos usos, vários destinos de sua produção,
e, são mais de 2 milhões de produtores espalhados por
mais de 5.000 municípios. A produção da cana de açúcar,
por sua vez, é de mais fácil controle. Isto acontece porque
é um produto que se concentra em algumas regiões do
país e sua produção comercial tem um só destino: a
industrialização em usinas e destilarias. (MENDES,
2007, p. 361).
Portanto, embora a restrição da produção agrícola possa trazer
aos produtores maior renda, a sua operacionalização é dificultada
pelo grande número de produtores e a presença de fatores não
controláveis como clima, pragas e doenças.
A seguir, você compreenderá os efeitos esperados sobre o preço e
a quantidade de um produto agrícola quando há a incidência de
um imposto.
178
Mercado Agrícola I
Seção 4 – Os impostos
Outra maneira de o governo intervir na agricultura, e na
economia como um todo, é por meio dos impostos. Os impostos
permitem ao governo oferecer bens e serviços que não são
adequadamente oferecidos pelo mercado e realizar outras funções
econômicas, tais como a distribuição da renda e a estabilização da
produção e do aumento dos preços. Por sua vez, os impostos têm
um custo na economia.
Neste conteúdo você poderá analisar e responder às seguintes
questões:
„„
„„
„„
Qual o efeito do imposto?
Qual o custo econômico da tributação de determinado
produto agrícola?
E quem arca com esse custo?
Qual o efeito do imposto?
Observe o modelo de oferta e demanda do mercado competitivo
do café desenvolvido até aqui. Vamos supor que o governo
estabeleça um imposto sobre as vendas, a ser pago pelos
produtores, correspondente a 50% do preço da saca de café.
A figura a seguir ilustra o impacto esperado desse imposto no
mercado do café.
Unidade 5
179
Universidade do Sul de Santa Catarina
6
Preço 5
do café
Oferta se desloca para cima
Demanda
Oferta
A
4
Imposto
3
E
Receita do
imposto
2
B
1
0
8
10
12
14
16
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Figura 5.4 – Impacto de um imposto a ser pago pelo produtor para o mercado do café e a receita
obtida
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
O imposto significa que o produtor de café não pode ficar com
a receita total obtida pela venda do café. No exemplo anterior,
ele poderá ficar apenas com 50% desta receita. Para qualquer
quantidade de café produzida, o preço de oferta depois do
imposto é mais alto que o preço de oferta antes do imposto.
Note que agora o preço do café é R$ 4,00 para que os produtores
ofereçam a quantidade que eles estavam dispostos a oferecer,
quando o preço da saca de café era de R$ 2,00.
O imposto sobre a venda desloca a curva de oferta para cima. O
equilíbrio de mercado passa de “E”, em que o preço é R$ 3,00 e
são comercializados 12 bilhões de sacas de café, para “A”, em que o
preço é R$ 4,00 e são comercializados 10 bilhões de sacas de café.
Observe ainda que a receita tributária arrecadada pelo governo é
representada pela área do retângulo sombreado na figura anterior,
totalizando R$ 20 bilhões de reais. A receita tributária é igual à área
do retângulo, cuja altura é representada pelo imposto de R$ 2,00
introduzido entre a curva da oferta e da demanda, cuja largura é a
quantidade comprada e vendida de 10 bilhões de sacas de café.
180
Mercado Agrícola I
Quem arca com esse custo?
Admita agora que o governo estabeleça um imposto, a ser pago
pelos compradores, correspondente a 50% do preço da saca de café.
A figura a seguir ilustra o impacto esperado desse imposto no
mercado do café.
6
Preço 5
do café
Demanda
Oferta
A
4
Imposto
3
Receita do
imposto
E
Demanda se desloca
para baixo
2
B
1
0
8
10
12
14
16
Quantidade de café (bilhões de sacas)
Figura 5.5 – Impacto de um imposto a ser pago pelo comprador para o mercado do café e a receita
obtida
Fonte: Elaboração do autor, a partir de dados hipotéticos (2011).
Quando você compara as figuras referentes ao impacto de um
imposto a ser pago pelo produtor e pelo comprador, poderá
notar que elas mostram o mesmo efeito preço. Em cada caso, os
compradores pagam R$ 4,00 e os produtores recebem um preço
efetivo de R$ 2,00, sendo comercializados 10 bilhões de sacas
de café. Além disso, a receita do imposto é a mesma nas duas
situações analisadas (R$ 20 bilhões de reais).
A incidência de um imposto é dividida tanto entre consumidores
como produtores, independentemente de quem pague o imposto.
A quem incidirá a maior proporção depende dos formatos das
curvas de oferta e de demanda do produto. Nos dois exemplos
anteriores, o imposto de R$ 2,00 sobre o preço do café se reflete
em R$ 1,00/saca a ser paga pelo comprador e R$ 1,00 de redução
de preço recebido pelo produtor de café.
Unidade 5
181
Universidade do Sul de Santa Catarina
Qual o custo econômico da tributação?
Você deve ter observado que o efeito esperado no mercado de
café quando há incidência de um imposto de R$ 2,00/saca é
exatamente o mesmo quando o governo decide estabelecer uma
cota de produção para este produto de 10 bilhões de sacas.
Mas, quanto custa um imposto?
Um imposto tem os mesmos custos apresentados
anteriormente quando o governo decide estabelecer uma quota
de produção. Os impostos tipicamente geram os seguintes
efeitos colaterais indesejáveis:
a) ineficiência ou oportunidades perdidas: o imposto sobre
a venda de um determinado produto impede, assim como
no estabelecimento de uma cota, a realização de transações
mutuamente benéficas. Por exemplo, um imposto de
R$ 2,00 por saca de café estabelecido pelo governo: os
compradores pagam R$ 4,00, mas os produtores recebem
apenas R$ 2,00/saca. Existem compradores potenciais
que estariam dispostos a pagar R$ 3,00, por exemplo, e
produtores potenciais para vender seu produto a R$ 3,00.
Há, portanto, transações mutuamente benéficas que
passariam a ser ilegais caso fossem implementadas (e o
imposto de R$ 2,00 não teria sido pago);
b)incentivos para atividades ilegais: como existem
oportunidades perdidas para produtores e consumidores
e os mesmos estão proibidos de fazê-lo, o imposto sobre a
venda de um determinado produto gera incentivo para o
não cumprimento da legislação.
Para finalizar este conteúdo, é feita uma última observação sobre
a pergunta referente ao custo econômico da tributação. Além dos
custos estudados anteriormente, você deve estar se perguntando
se o dinheiro resultante da arrecadação de impostos pagos ao
governo é também um custo econômico. Isso faria sentido caso
não houvesse prestação de serviço algum por parte do governo, do
contrário, havendo essa prestação de serviços, é como se o dinheiro
arrecadado, ou parte dele, retornasse às mãos dos contribuintes.
182
Mercado Agrícola I
Síntese
Neste conteúdo você aprendeu sobre os diferentes tipos de
intervenções do Estado na agricultura e, em especial, no mercado
agrícola. Iniciamos explicando as razões que levam à intervenção do
Estado na agricultura para, em seguida, tratar da intervenção estatal
e seus instrumentos: as políticas macroeconômicas e setoriais.
Você estudou o que acontece quando os governos tentam
controlar os preços em um mercado competitivo. Um preço
mínimo, por exemplo, é um valor mínimo legal para o preço
de um bem ou serviço. Se o preço mínimo está acima do
preço de equilíbrio, a quantidade ofertada excede a quantidade
demandada, beneficia os vendedores que conseguem vender,
porém cria um excedente persistente.
Compreendeu que os controles de quantidade limitam a
quantidade de um bem a ser vendido ou comprado. Os controles
de quantidade geram ineficiências na forma de transações
mutuamente benéficas que deixam de ocorrer, além de encorajar
atividades ilegais. A mesma análise utilizada para entender
o controle de quantidade pode ser aplicada em um exame do
estabelecimento de impostos.
Verificou que quando o governo estabelece um imposto sobre um
bem, a quantidade de equilíbrio deste bem diminui. Um imposto
sobre uma determinada atividade econômica reduz o tamanho
de seu mercado. Quando o mercado se move para um novo
equilíbrio (igualdade entre oferta e demanda), os compradores
pagam mais pelo bem e os vendedores recebem menos por ele.
Nesse caso, compradores e os vendedores compartilham o ônus
do imposto, sendo que o ônus tende a recair sobre o lado do
mercado que é mais inelástico.
E, por fim, estudamos que o controle de preços, quantidades e
impostos são frequentemente debatidos entre os formuladores das
políticas econômicas. Essas intervenções geram efeitos colaterais
previsíveis e indesejáveis, na forma de ineficiências e atividades
ilegais. Um pouco de conhecimento de economia pode ajudar muito
a entender e avaliar as potencialidades e os limites dessas políticas.
Unidade 5
183
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de autoavaliação
1) Leia atentamente o texto abaixo1.
Ministro francês critica controle de preço das commodities
agrícolas
Brasília – O ministro da Agricultura da França, Bruno Le
Maier, esteve reunido ontem com o ministro da Agricultura
do Brasil, Wagner Rossi. Durante a reunião, Le Maier afirmou
que o governo francês não defende o controle de preço das
commodities agrícolas.
Maier disse que os franceses não concordam com mecanismos
de controle de preços das commodities agrícolas. “O controle
de preços pode levar a catástrofes. A melhor forma de reduzir
a volatilidade dos preços é aumentar a produção”, declarou.
Le Maire argumentou que a França defende a regulação dos
mercados financeiros, e não o controle de preços das commodities:
“Entendo a preocupação do Brasil, porque a Europa teve esse
controle por muitos anos. Mas tanto o Brasil como a França se
opõem a qualquer controle de preços”, disse o representante da
França. “É enorme a responsabilidade política nessa área. Não
queremos passar na agricultura o que já enfrentamos com o setor
imobiliário”, disse Le Maire, referindo-se à crise no setor imobiliário
dos Estados Unidos, que explodiu na virada de 2007 para 2008,
contaminando economias de todo o mundo. “Se não regularmos
o mercado agrícola, será feito o mesmo erro que ocorreu com o
mercado financeiro”, declarou o ministro francês.
Extraído do site do Diário Comercio, Industria e Serviços, disponível em: <http://www.
dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=10&id_noticia=369487/>. Acesso em: 8 abr. 2011.
1
184
Mercado Agrícola I
Pergunta: O estabelecimento de um teto de preço para os produtos agrícolas,
em comparação com o mercado livre a um nível abaixo do preço de equilíbrio,
provoca um aumento da quantidade ofertada? Explique esta situação.
2) Ainda em relação ao texto da pergunta anterior, intitulado “Ministro
francês critica controle de preço das commodities agrícolas”, e a
possibilidade de estabelecimento de teto para preços agrícolas.
Explique por que, quando comparado com uma situação de mercado
livre a um nível abaixo do preço de equilíbrio, o teto de preço piora a
situação de:
a) algumas pessoas que querem consumir o produto;
b) todos os produtores.
Unidade 5
185
Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
VASCONCELLOS, M. A. S. de; GARCIA, M. E.
Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008.
KRUGMAN, Paul; WELLS, Robin. Introdução à economia.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
186
Para concluir o estudo
Espero ter cumprido com a mediação do contato entre
futuros profissionais da área do agronegócio com a área
de mercado. Como comentei no início deste livro, tenho
uma ambiciosa expectativa de que isso produzirá frutos
que, se bem cultivados, poderão mudar a sua história de
vida pessoal e profissional.
Os conhecimentos sobre como funcionam os mercados
agrícolas são fundamentais para a formação do futuro
profissional do Agronegócio, e também para formação
de profissionais das áreas das ciências agrárias, ciências
florestais, economia, administração e demais áreas
correlatas ao estudo do agronegócio.
Você obteve acesso a temas de crescente importância
na atualidade, que foram abordados no decorrer da
disciplina como as diferentes estruturas de mercado, o
papel do Estado na agricultura e suas intervenções nos
mercados agrícolas.
Sem pretensão de esgotar o assunto, espero que os
estudos tenham contribuído para a compreensão de como
funcionam os mercados agrícolas.
Sucesso em seus estudos!
Professor Luis Augusto Araújo
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ed. São Paulo: Makron Books, 2003.
VASCONCELLOS, Antonio S.; GARCIA. Manuel E. Fundamentos de
economia. São Paulo: Saraiva, 2005.
Wonnacott p. e Wonnacott, R. Economia. São Paulo: McGraw-Hill, 1994.
190
Sobre o professor conteudista
Luis Augusto Araújo
Possui mestrado em Economia Aplicada pela
Universidade de São Paulo - USP e especialização em
Administração Rural pela Universidade de Lavras - MG.
Atualmente, atua como coordenador do projeto
estadual de pesquisa e desenvolvimento, intitulado
“Administração Rural e Socioeconomia”, da Empresa
de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina - Epagri, e como professor da Universidade
do Sul de Santa Catarina - Unisul. Lecionou, até
meados de 2008, na Faculdade Estácio de Sá. Tem
experiência na área de Administração e Economia,
atuando, principalmente, nos seguintes temas: pesquisa
operacional, programação linear, fundamentos de
economia, administração rural e economia da produção.
Respostas e comentários das
atividades de autoavaliação
Unidade 1
1) A mensagem de Smith foi clara. Na defesa de seus próprios
interesses, os homens de negócios, individualmente,
produziriam para os consumidores. Há uma “mão invisível”,
escreveu ele, que leva o produtor a promover os interesses da
sociedade.
Na época de Smith, um bem é trocado diretamente por outro
bem (prática do escambo). Com o uso do dinheiro, o sistema de
troca pode ser muito mais eficiente, não havendo necessidade
de coincidência de desejos. Por exemplo, o indivíduo “A” querer
trocar cerveja por carne do indivíduo “B”.
2) A sequência dos itens é: (1); (2); (1); (2); (2); (1)
3) A sequência dos itens é: (V); (V); (F); (V); (F).
As famílias constituem a oferta no mercado de fatores de
produção e a demanda no mercado de bens e serviços.
Nas economias mais simples (e não nas modernas), as pessoas
fazem escambo, em vez de trocá-los por dinheiro.
Unidade 2
1) A sequência dos itens é: (V); (F) Alterações da preferência do
consumidor por determinadas marcas de vinho, por influência
de propaganda, provocam um deslocamento para a direita da
curva de demanda. Observe que as preferências do consumidor
constituem-se em fatores determinantes para a demanda,
não para a oferta; (V); (V); (F) Os preços e as quantidades
demandadas, coeteris paribus, variam na direção oposta:
quanto mais altos aqueles forem, menores estas serão.
Universidade do Sul de Santa Catarina
2) A sequência dos itens é: (F); (V); (F); (F); (F).
O único item correto é: “Preços maiores de um produto geram efeitos
renda e substituição que levam os consumidores a comprar menos
do produto”. Observe que com o aumento do preço do produto, com
tudo o mais mantido constante, o consumidor perdeu poder aquisitivo
(efeito renda). Além disso, com o aumento do preço do produto, o
consumidor procurará um produto similar (efeito substituição). Assim,
à medida que o preço sobe, o consumo diminui (inclinação negativa da
curva da demanda).
Os demais itens podem ter afirmações corretas, mas não explicam por
que a demanda tem inclinação negativa.
3) A sequência dos itens é:
(2) A quantidade demandada de sorvete é mais alta a qualquer
preço dado no verão em relação a outra estação do ano. Esse é um
deslocamento para a direita da curva da demanda;
(3) Como existe uma expectativa de redução de preço no futuro,
o consumo hoje diminui, deslocando a curva de demanda para a
esquerda;
(1) A quantidade consumida de gasolina cai em resposta a uma
mudança em seu preço. Esse é um movimento ao longo da curva de
demanda;
(2) A quantidade demandada de rosas é mais alta a qualquer preço
dado na semana do dia dos namorados em relação a qualquer outra
semana do ano. Esse é um deslocamento para a direita da curva da
demanda.
4) a) Como café e chá são produtos substitutos, dado que o preço do café
aumentou, é esperado um aumento na demanda por chá.
b) O gráfico deverá mostrar o deslocamento da curva da demanda
por chá para a direita, resultado da alteração do preço de um produto
substituto ao chá (aumento do preço do café). A curva de oferta deverá
permanecer inalterada.
Unidade 3
1) (C) Os adolescentes se mostraram especialmente sensíveis ao preço dos
cigarros: um aumento de 10% do preço resulta numa queda de 12% na
quantidade demandada de cigarros entre os adolescentes. Portanto,
são mais elásticos.
194
Mercado Agrícola I
2) No item (a) a demanda é elástica. Os consumidores têm elevada
sensibilidade a mudanças de preços. Dada a redução do preço, o efeitoquantidade (que tende aumentar a receita total) supera o efeito-preço
(que tende diminuir a receita total). O resultado desses dois efeitos é
um aumento na receita total.
No item (b) a demanda é inelástica. Uma queda percentual na quantia
produzida é acompanhada por uma elevação proporcionalmente maior
no preço. O efeito-preço supera o efeito-quantidade e, como resultado,
a receita total aumenta.
3) A mudança percentual no preço da uva é 40% e a mudança percentual
na quantidade demandada 67%. A elasticidade-preço da demanda
é 1,7 (67%/40%). Portanto, a demanda para esse produto tem
comportamento elástico (demanda elástica).
Unidade 4
1) A sequência dos itens é: (F); (F); (V) A decisão de não produzir acontece
quando o preço de mercado for inferior ao custo variável médio
mínimo. Nessa condição, sim, o produtor interrompe a produção no
curto prazo; (F).
2) Em um mercado de concorrência monopolista, uma empresa pode
obter lucro extraordinário no curto prazo. No longo prazo, entretanto,
a livre entrada e saída de empresas desse ramo do agronegócio vai
fazer com que a demanda pelo produto de cada empresa se reduza. Em
decorrência da competição, o lucro econômico cairá para zero no longo
prazo (lucro econômico normal).
3) A sequência dos itens é: (F); (F); (V) O cartel pode ser uma organização
formal ou informal; (F).
195
Universidade do Sul de Santa Catarina
Unidade 5
1) O aumento da quantidade ofertada não acontece. Ao reduzir os preços
a serem recebidos pelos produtores, os tetos de preços levam a uma
redução na quantidade ofertada. Isso contraria, inclusive, a posição do
ministro da França, Le Maier, de que “[...] a melhor forma de reduzir a
volatilidade dos preços é aumentar a produção”.
2) a) Tetos de preços levam a uma quantidade mais baixa quando
comparada com o mercado livre. Existem, portanto, algumas pessoas
que teriam comprado o produto no mercado livre e, agora, com o teto
de preço não conseguem obtê-lo;
b) Os produtores, ao venderem o seu produto, recebem menos por ele
e, portanto, pioram de situação. Os produtores que consideram não
valer a pena vender seu produto, igualmente ficaram em situação pior.
196
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