Levantamento de Espécies Vegetais Úteis das Áreas Sucuriju e

Propaganda
Levantamento de Espécies Vegetais Úteis das Áreas
Sucuriju e Região dos Lagos, no Amapá
Maria Aparecida Corrêa dos Santos
Resumo
A metodologia proposta procura atender as estratégias de um programa de
avaliação rápida. Os dados apresentados foram levantados em duas viagens realizadas
nos períodos de 13/03 a 01/04/2004, para a região do Sucurijú, e de 10 a 24/08/2004,
para a região dos Lagos. O levantamento foi feito através de entrevistas à 33 famílias,
geralmente representadas pelo casal responsável pela manutenção da casa, que falaram
um pouco de seus conhecimentos sobre o uso de espécies vegetais. No total, foram
levantadas 631 informações referentes a 13 classes de usos. Na maioria dos casos não foi
indicada a forma de obtenção das plantas usadas, contudo, entre as que tiveram esse
registro, predominam as cultivadas, sendo muito poucas extraídas do seu ambiente
natural. Das plantas empregadas, 142 foram identificadas até o nível de espécie e 39, até
gênero. 50 espécies são comuns às duas áreas estudadas. As espécies levantadas estão
distribuídas em 131 gêneros, pertencentes a 60 famílias. Embora não se verifique
predominância entre as famílias citadas, as mais bem representadas são Euphorbiaceae,
Lamiaceae e Solanaceae. Das plantas mencionadas, apenas 29 não foram identificadas,
sequer ao nível de gênero.
Palavras-chave: Etnobotânica. Amazônia. Amapá.
Introdução
Pesquisas etnobotânicas em áreas ainda não estudadas podem elevar o número de
espécies com potencial de uso para fins específicos, assim como legitimar as informações
sobre o uso das já utilizadas localmente.
Assim, a pesquisa etnobotânica se baseia em dois pontos principais: a coleta de
plantas e a coleta de informações sobre o uso destas plantas (AMOROZO, 1996). À coleta
de informação (documentação do conhecimento) deve ser dada especial atenção uma vez
que é importante na obtenção e resgate do conteúdo de aspectos culturais e para o
resgate do uso tradicionalmente empregado (ELISABETSKY ; SETZER, 1987), que pode
ser perdido ou alterado ao longo da passagem oral dessa informação.
O amplo movimento de valorização da natureza vem aumentando o mercado de
produtos naturais, especialmente de plantas e produtos medicinais. Assim, causa
preocupação a extração de plantas sem plano de manejo e cultivo, pois muitas plantas
freqüentemente utilizadas por populações locais ainda não foram estudadas ou seus
princípios ativos ainda não foram identificados para validá-las como medicamento ou
para aproveitá-las economicamente. Nesse contexto, a implantação das chamadas
“farmácias vivas” é fundamental para garantir o fornecimento regular e com qualidade
biológica de plantas medicinais, uma vez que estas envolvam profissionais das áreas de
agricultura, botânica, farmacologia química, florestal, saúde e educação. Isso também
contribui para o desenvolvimento de alternativas econômicas para pequenos produtores
rurais, seringueiros e ribeirinhos.
80
Material e Métodos
Área de estudo
Este relatório mostra os resultados obtidos em entrevistas realizadas com de 33
famílias fixadas em 13 comunidades situadas nas áreas de influência dos rios Sucuriju,
Araguari e Tartarugalzinho.
Coleta e análise de dados
A metodologia proposta procura atender as estratégias de um programa de
avaliação rápida. No estudo etnobotânico, foram usadas técnicas propostas e adaptadas
por Alexiades (1996), com a realização de entrevistas semi-estruturadas, buscando-se
contemplar algumas questões presentes no questionário IV do TNC de 1992
(SOBREVILLA ; BATH, 1992), orientadas pelo formulário apresentado no anexo 1. Às
entrevistas, sempre que possível, seguiu-se o inventário etnobotânico guiado por um dos
entrevistados. Nesse momento, algumas das plantas indicadas foram coletadas conforme
as técnicas descritas por Fidalgo e Bononi (1984) e adaptadas por Ming (1996) para
espécies de uso medicinal, cujas exsicatas serão depositadas no Herbário Amapaense
(HAMAB).
As informações referentes aos entrevistados são apresentadas na Tabela 1. Nesta
constam a identificação da família, numeradas de 1 a 33, a data da entrevista, o número
de informações sobre o uso de espécies vegetais obtidas em cada família e a localização
da residência.
Tabela 1. Localização das Comunidades visitadas, organizado de acordo com a
seqüência das entrevistas realizadas
No da
Entrevista
Número
de informações
Data
1
14/03/04
19
2
14/03/04
18
3
14/03/04
11
4
15/03/04
14
5
15/03/04
17
6
15/03/04
51
7
8
9
16/03/04
16/03/04
16/03/04
10
16/03/04
46
4
15
Sem
registro
11
18/03/04
11
12
26/03/04
9
13
20/03/04
37
Localização das residências
Comunidade – Via de acesso Longitude*
Bom Jesus do Araguari –
Igarapé Tabaco
Bom Jesus do Araguari –
Igarapé Tabaco
Bom Jesus do Araguari –
Igarapé Bom Jardim
Bom Jesus do Araguari –
Igarapé Tabaco
Bom Jesus do Araguari –
Igarapé Sta. Margarida
Bom Jesus do Araguari
(Tabaco) – Igarapé Tabaco
Milagre de Jesus
Bom Jesus do Araguari
Igarapé Pereira
Bom Jesus do Araguari
Milagre de Jesus – Baixo
Araguari
Milagre de Jesus – Baixo
Araguari
Fazenda Natal – Igarapé Natal
(Estirão da Boca/Baixo
Araguari)
Latitude*
580022
146180
577645
143216
579119
133300
580917
146856
581663
146972
580226
146236
588830
590779
593313
148582
148332
148090
586131
149397
597592
146359
598177
143749
612257
137594
81
No da
Entrevista
Data
Número
de informações
14
21/03/04
22
15
22/03/04
1
16
22/03/04
9
17
18
19
20
21
22
23
24
23/03/04
24/03/04
24/03/04
24/03/04
24/03/04
26/03/04
26/03/04
31/03/04
12
38
20
5
5
6
8
10
Localização das residências
Comunidade – Via de acesso Longitude*
Comunidade Paratu – Igarapé
Paratu
Igarapé Araquiçaua
Comunidade Araquiçaua –
Igarapé Araquiçaua
Igarapé Araquiçaua
Vila do Sucuriju – Rio Sucuriju
Vila do Sucuriju – Rio Sucuriju
Vila do Sucuriju – Rio Sucuriju
Vila do Sucuriju – Rio Sucuriju
Vila do Sucuriju – Rio Sucuriju
Vila do Sucuriju – Rio Sucuriju
Santa Rosa do Araguari
Projeto Assentamento Bom
Jesus-Tartarugalzinho
Projeto Assentamento Bom
Jesus-Tartarugalzinho
Projeto Assentamento CedroTartarugalzinho
Projeto Assentamento CedroTartarugalzinho
Latitude*
619459
147682
626249
146045
625186
152403
618717
185677
618434
185563
618938
185270
618938
185270
618584
185496
618473
185537
618670
185424
558418
123934
W050o59.49
25
11/08/04
54
N01o23.022
2
W050o59.49
26
11/08/04
14
N01o23.022
2
W051o07.72
N01o15.005
27
12/08/04
35
3
W051o07.72
28
12/08/04
50
N01o15.005
3
W050o0.51,4 N01o23.02,8
29
13/08/04
15
Lago Novo-Tartarugalzinho
5
7
o
o
W050 40.51, N01 23.02,8
30
13/08/04
3
Lago Novo-Tartarugalzinho
45
7
o
o
W050 40.51, N01 23.02,8
31
13/08/04
17
Lago Novo-Tartarugalzinho
45
7
W050o43.38
Comunidade Andiroba32
14/08/04
25
N01o24.247
Tartarugalzinho
7
Comunidade AndirobaW050o43.38
33
14/08/04
17
N01o24.247
Tartarugalzinho
7
(*) As localizações dos domicílios dos entrevistados de 1 a 24 foram feitas em UTM
(Datum GS84); as de 25 a 33, em coordenadas geográficas.
As informações coletadas referem-se às espécies por seus nomes populares, os
quais serviram para uma identificação inicial a partir da utilização de publicações sobre
espécies úteis, preferencialmente bibliografia regional de modo que as possíveis
confusões nomenclaturais fossem minimizadas.
A identificação final dar-se-á, sempre que possível, a partir da análise das
exsicatas, por meio de chaves taxonômicas e por comparação com espécimes já
identificados e depositados no HAMAB, herbários do Museu Goeldi (MG) e da EmbrapaAmazônia Oriental (IAN).
Ao final do estudo será feito o cálculo da importância relativa das espécies,
adaptado de Amorozo e Gely (1988).
Resultados e Discussão
Os dados ora apresentados foram levantados em duas viagens realizadas nos
períodos de 13/03 a 01/04/2004 para a região do Sucurijú, e de 10 a 24/08/2004, para
a região dos Lagos. Nesse período foram entrevistadas 33 famílias, em suas residências,
geralmente representadas pelo casal responsável pela manutenção da casa.
82
O número de informações levantadas dá uma indicação do grau de conhecimento
de cada família entrevistada. De acordo com os dados apresentados, as famílias que
demonstraram um maior conhecimento sobre o emprego de plantas foram as famílias de
número 6, 7, 18 e 13, no levantamento do Sucurijú, e 25, 28, 27 e 32, do levantamento
do Tartarugalzinho. Embora seja pouco comum, o domínio do conhecimento sobre
espécies úteis, incluindo as medicinais, pode pertencer ao chefe da casa, como ocorreu
na família número 27. Conforme o que geralmente ocorre, essas pessoas mantém as
espécies mais empregadas em cultivo nas proximidades de suas residências.
Tratando-se de espécies medicinais, o conhecimento está acumulado em mulheres
com mais de 50 anos, algumas parteiras, que são requisitadas pela comunidade,
principalmente no que se refere aos cuidados com a saúde, e que cultivam plantas
medicinais para atender suas necessidades e de quem lhes procura. No entanto, essas
mulheres reconhecem limitações e indicam, para os casos mais graves, tratamento em
postos ou outro serviço formal disponível na própria comunidade ou onde seja mais
próximo. Localmente, são tratadas apenas doenças (ou sintomas) como gripes, tosses,
febres, dores de barriga, de cabeça, reumáticas, diarréias, vômitos, baques e ferroadas
decorrentes da atividade laboral. No levantamento da região do Tartarugalzinho, como se
trata de uma região onde o povoamento se dá, basicamente, em áreas de assentamento
agrícola, as maiores ocorrências “médicas” estão relacionadas a acidentes vinculados à
essa atividade, como furadas de prego, golpes com facão e enxadas; os outros casos mais
comuns são de malária e gripe, e são tratados localmente pelos agentes de saúde,
enfermeiros e conhecedores de propriedades medicinais de certas plantas.
A Tabela 2, mostra uma síntese das informações envolvendo o uso de espécies
vegetais obtidas nos levantamentos de campo. Para a maioria das espécies foram
especificados os usos, no entanto algumas apenas foram citadas sem muito
detalhamento da informação. Do mesmo modo, os campos parte usada, forma de preparo
e forma de uso não foram preenchidos em todas as entrevistas, pois apenas foram
citados ou observados nos jardins ou quintais. Estes dados estão de acordo com o
objetivo primeiro deste projeto (levantamento de diversidade), e contribuem para
formação de um acervo com informações sobre a flora existente e/ou
empregada/manejada nas comunidades.
Tabela 2. Síntese das informações levantadas nas comunidades sob influência dos rios
Sucurijú e Araguari (área 1: entrevistas 1 a 24) e Tartarugalzinho (área 2: entrevistas 25
a 33)
Forma de Forma de
Número da
Nome popular
Classe de uso Parte usada
preparo
uso
entrevista
25
medicinal
caroço
Abacate
25
medicinal
folha
Abóbora
25
medicinal
semente
Abobrinha
27
alimentícia
fruto
1
alimentícia
2
alimentícia
fruto
4
alimentícia
fruto
vinho
Açaí
5
alimentícia
fruto
vinho
9
alimentícia
13
alimentícia
fruto
vinho
Acapu
21
navegação
cerne
Acará
18
alimentícia
batata
7
alimentícia
fruto
Acerola
18
alimentícia
fruto
6
medicinal
temperada bebido
Alecrim
20
medicinal
folha
chá
83
Nome popular
Número da
Classe de uso Parte usada
entrevista
6
Forma de
uso
tópico
(para tirar
cisco do
olho)
tópico
(sobre
assaduras)
semente
in natura
medicinal
folha
macerado
(no leite
materno)
14
14
17
18
19
20
22
alimentícia
medicinal
medicinal
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
folha
folha
folha
folha
folha
folha
Alfavacão
25
medicinal
folha
chá
banho para
a cabeça
Alfavaquinha
Alfazema
Algodão
28
6
7
17
medicinal
medicinal
folha
temperada
sumo
bebido
bebido
27
medicinal
leite do
caroço
in natura
bebido
31
medicinal
folha
sumo com
mel
bebido
6
Alfavaca
Algodão
Lgodão-bravo
Alho
Amapá
11
13
24
2
6
8
13
27
33
5
medicinal
Forma de
preparo
Amor-crescido
Anador
bebido
tóxico
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
alimentícia
fruto
leite
ramo
fruto
xarope
puro
6
medicinal
casca
chá
tomar feito
água
7
medicinal
chá
bebido
ramo
ramo
chá
bebido
folha
ramo
chá
chá
bebido
folha
chá
macerado
(infusão no
vinagre)
Ameixa
Amêndoas-doces
ponche
chá
19
14
1
7
9
11
14
16
1
6
alimentícia
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
6
medicinal
8
medicinal
dente
casca do
tronco
fruto
óleo
folha
chá
chá
bebido
bebido
bebido
tópico
bebido
banhar a
cabeça
84
Nome popular
Número da
entrevista
14
16
18
19
20
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
25
medicinal
25
medicinal
Classe de uso Parte usada
Anauerá
Andiroba
Aquariquara
Arroz
1
2
3
madeira
madeira
madeira
6
medicinal
11
medicinal
13
madeira
13
navegação
14
medicinal
17
medicinal
21
24
32
3
navegação
madeira
construção
alimentícia
folha
folha
folha
folha
casca do
tronco
caroço
raspado
óleo da
semente
óleo da
semente
Babosa
Banana
chá
chá
bebido
chá
bebido
in natura
curar a
garganta
para fazer
remo
fricção (em
baques)
cerne
óleo da
semente
óleo da
semente
cerne
2
medicinal
folha
4
medicinal
folha
6
medicinal
folha
6
medicinal
foha
7
medicinal
ramo
17
18
19
11
2
medicinal
medicinal
medicinal
folha
madeira
25
estético
folha
25
26
1
3
4
5
medicinal
medicinal
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
baba
baba
Arruda
Assacu
Assacurana
Forma de Forma de
preparo
uso
chá
bebido
chá
bebido
chá
bebido
sumo
infusão no
álcool, com
“arcânfora”
infusão no
álcool, com
“arcânfora”
suador
infusão no
álcool
sumo
chá
bate com
mel
sobre a
fronte
banhar a
cabeça
banhar a
cabeça
passar no
corpo
banhar a
cabeça
fricção
passar no
cabelo
tópico
bebido
fruto
fruto
85
Número da
entrevista
11
13
18
19
23
14
25
26
26
1
4
5
6
1
4
13
7
6
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
alimentícia
alimentícia
alimentícia
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
casca
casca
casca
casca
Buçu
12
Buriti
17
Nome popular
Barbatimão
Barbatimão-da-mata
Batata-doce
Biribá
Boldo
Boldo-pequeno
Classe de uso Parte usada
Cabide
Cacau-do-mato
Cachorro-pelado
Café
Caju
Camapu
Cana
Canaficha
Forma de
uso
chá
chá
torrada
chá
tópico
asseio
temperada
bebido
folha
folha
folha
folha
chá
chá
chá
construção
folha
palha
construção
folha
palha
bebido
bebido
bebido
cobertura
de casas
cobertura
de casas
6
medicinal
fruto seco
13
medicinal
fruto
28
7
2
28
25
25
folha
místico
folha
alimentícia
medicinal
medicinal
fruto
leite
folha
infusão (no
óleo de
andiroba
infusão (no
azeite de
andiroba)
chá
infusão em
água
banho
banhar o
corpo
na água
chá
tópico
bebido
chá
asseio
chá
bebido
bebido
bebido
espreme e
bebe a
água
18
19
25
18
6
7
alimentícia
alimentícia
casca do
tronco
fruto
casca do
tronco
fruto
fruto
alimentícia
medicinal
medicinal
colmo
folha
folha
chá
chá
14
medicinal
haste
queimado
alimentícia
(animais)
medicinal
folha
chá
6
medicinal
7
alimentícia
7
medicinal
Capim
3
Capim-marinho
7
bebido
raiz
raiz
Cabacinha
Cabi
Forma de
preparo
fricção (em
baques)
bebido
86
Nome popular
Número da
entrevista
9
17
19
Classe de uso Parte usada
alimentícia
medicinal
medicinal
18
medicinal
Caruru
Catinga-de-mulata
18
29
30
32
9
11
navegação
artesanal
artesanal
construção
alimentícia
medicinal
Caxinguba
13
medicinal
Cebolinha
1
22
alimentícia
alimentícia
Capitari
Caranã
4
Chicória
Chuá
Cibalena
Cidreira
Cipó-de-morcego
Cipó-timbó
Cipó-timbó-açú
Cipó-titica
Côco
leite do
tronco
medicinal
folha
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
alimentícia
alimentícia
alimentícia
medicinal
construção
medicinal
medicinal
folha
raiz
folha
folha
folha
folha
medicinal
alimentícia
folha
cerne
místico
folha
14
medicinal
folha
18
medicinal
pau
amarras
cipó
artesanal
artesanal
artesanal
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
cipó
cipó
cipó
fruto
fruto
fruto
fruto
5
6
6
17
18
19
22
23
32
32
33
6
7
18
7
Cipó-d'alho
folha
folha
folha
casca do
tronco
madeira
palha
braço
estipe
folha
7
26
28
28
5
8
9
13
raiz
Forma de Forma de
preparo
uso
chá
bebido
chá
chá
banho
in natura
in natura
in natura
tópico
(sobre o
dente)
emplastro
sobre a
fronte (com
sebo de
Holanda e
vick)
macerado
murcha
chá
emplastro
emplastro
ponche
bebido
chá
chá
bebido
bebido
chá
bebido
infusão em
água
banhar o
corpo
passa em
macerado quem está
doente
infusão em banhar o
água
corpo
amarrar
palha
in natura
87
Nome popular
Coentro
Comida-de-jabuti
Copaíba
Coramina
Corrente-roxa
Cortiça
Couve
Cravinho
Número da
entrevista
14
16
17
18
1
7
6
6
7
33
5
1
9
13
14
18
19
22
6
Classe de uso Parte usada
alimentícia
fruto
alimentícia
alimentícia
alimentícia
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
madeira
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
medicinal
fruto
fruto
Forma de
preparo
folha
chá
folha
folha
folha
chá
chá
chá
Forma de
uso
bebido
folha
folha
folha
folha
folha
6
medicinal
11
medicinal
17
medicinal
folha
32
místico
ramo
27
27
28
6
6
medicinal
medicinal
estético
medicinal
medicinal
semente
semente
“temperada” bebido
infusão em banhar a
água
cabeça
puxar
baques
passa no
chá
corpo
banho para
água
o corpo
chá
bebido
garrafada
bebido
folha
folha
chá
murcha
7
medicinal
folha
Elixir-paregórico
Embaúba
Erva-doce
Escada-de-jabuti
28
25
6
25
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
folha
folha
Esturaque
28
medicinal
Eucalipto
9
12
12
medicinal
medicinal
medicinal
Cravo
Cuia-mansa
Cumarú
Cumaruzinho
Desinflama
Fava
13
medicinal
folha
cipó
folha ou
galho
folha
folha
folha
semente
bebido
tópico
tópico
murcha
(sobre a
área)
chá
bebido
chá
bebido
“temperada” bebido
chá
bebido
chá
bebido
chá
chá
chá
bebido
bebido
in natura
tópico
(raspa a
semente e
passa
sobre a
impigem
com um
pano fino)
88
Número da
entrevista
Flecha-de-jibóia
28
Flecha-de-joana-d'arc
28
Flecha-de-oxum
28
místico
místico
místico
Folha-do-povo
26
medicinal
água
Fumo (tabaco)
25
9
28
33
31
6
13
14
18
2
5
9
agricultura
folha
medicinal
alimentícia
medicinal
medicinal
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
folha ou raiz chá
semente
batata
chá
grelo
chá
fruto
fruto
fruto
7
amarras
cipó
12
artesanal
tala
7
artesanal
tala
12
artesanal
cipó
Hortelã (boldo)
33
medicinal
folha
chá
Hortelã-grande
6
medicinal
folha
xarope
6
medicinal
folha
infusão em
água
banho para
a cabeça
beber 3
vezes ao
dia
banhar a
cabeça
11
6
11
16
17
18
19
23
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
folha
chá
bebido
folha
folha
folha
chá
chá
chá
bebido
bebido
bebido
folha
chá
bebido
bebido
Nome popular
Gengibre
Gergelim-preto
Girassol
Goiaba
Graviola
Graxama
Guarumã
Hortelã-grande
Hortelãzinho
Ingá-cavalo (ingábatelão)
Ingá-miúdo
Insulina
Ipê-roxo
Jacitara
Jambú
Japana
Jaquinha
Classe de uso Parte usada
Forma de
preparo
Forma de
uso
bebido ou
tópico
bebido
bebido
bebido
fruto
fruto
amarrar
curral
paneiro,
abano
5
alimentícia
fruto
5
7
25
30
31
2
alimentícia
medicinal
medicinal
artesanal
medicinal
medicinal
fruto
folha
chá
folha
chá
medicinal
folha
chá
folha
chá
chá
bebido
folha
chá
bebido
7
18
23
1
6
medicinal
medicinal
alimentícia
medicinal
banhar a
cabeça
89
Nome popular
Número da
entrevista
7
13
28
Classe de uso Parte usada
Forma de
preparo
alimentícia
alimentícia
medicinal
fruto
fruto
folha
chá
25
medicinal
resina
água
25
27
27
2
1
3
4
5
7
13
19
24
25
25
25
medicinal
medicinal
medicinal
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
medicinal
medicinal
medicinal
resina
casca
casca
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
casca
casca
fava
raspa
água
chá
Junco
13
artesanal
haste
esteira
Jupindá
Jurubeba
4
11
3
medicinal
Jasmim
Jatobá
Jenipapo
Jerimum
Jucá
Laranja
Laranja-da-terra
chá
Forma de
uso
bebido ou
tópico
massagem
bebido
tópico
lavagem
bebido
usa sob a
sela da
montaria
alimentícia
6
medicinal
16
medicinal
25
medicinal
casca do
fruto
casca do
fruto
fruto
25
medicinal
fruto
chá
bebido
chá
bebido
in natura
comendo
chupa a
fruta
serenado
2
2
3
4
alimentícia
medicinal
alimentícia
alimentícia
fruto
6
medicinal
folha
“serenado”
7
medicinal
folha
banho
9
13
alimentícia
medicinal
fruto
13
medicinal
folha
Limão-galego
19
5
alimentícia
medicinal
fruto
fruto
Imãozinho
12
medicinal
folha
chá
banhar a
cabeça
Língua-de-vaca
Macacaúba
19
14
2
alimentícia
medicinal
madeira
fruto
folha
sumo
bebido
Limão
chá
xarope
chá
banhar a
cabeça
banhar a
cabeça
bebido
banhar a
cabeça
90
Nome popular
Macaqueiro
Maçaranduba
Macaxeira
Macaxeira-malhada
Malva-do-reino
Malvinha
Mamão
Mamona
Mandioca
Manga
Número da
entrevista
3
12
13
9
24
1
21
1
4
7
11
18
19
23
7
7
9
25
13
2
24
14
9
2
3
4
5
Manjericão
Maracujá
Maracujá
madeira
madeira
madeira
madeira
madeira
madeira
navegação
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
ornamental
alimentícia
medicinal
tóxico
alimentícia
alimentícia
medicinal
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
lambedor
fruto
fruto
óleo
raiz
fruto
fruto
folha
7
alimentícia
7
medicinal
13
17
19
alimentícia
alimentícia
alimentícia
fruto
casca do
tronco
fruto
fruto
fruto
13
medicinal
leite
18
18
18
18
19
pesca
21
23
19
2
5
navegação
medicinal
alimentícia
alimentícia
alimentícia
Forma de
uso
raiz
raiz
raiz
raiz
raiz
raiz
raiz
planta
raiz
medicinal
alimentícia
(animais)
construção
medicinal
medicinal
medicinal
Forma de
preparo
cerne
6
18
Mangue
Classe de uso Parte usada
serenado
banhar a
cabeça
xarope
bebido
in natura
tópico
(sobre o
dente)
raiz
cerne
raiz
raiz
raiz
água
água
água
bebido
bebido
bebido
varejão
para rede
de espera
cerne
raiz
chá
bebido
fruto
fruto
91
Nome popular
Maracujazinho
Maria-mole
Marupá
Marupaí
Marupazinho
Mastruz
Maxixe
Número da
entrevista
7
9
13
17
13
31
29
29
31
6
6
6
5
7
13
18
19
24
1
3
Melancia
Melão
Meracilina
Mil-folhas
Milho
Miriti
Mucuracaá
Mumbuca
4
5
7
8
13
19
24
24
28
9
3
4
11
12
14
29
29
30
33
7
14
Classe de uso Parte usada
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
medicinal
construção
construção
medicinal
medicinal
medicinal
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
folha
madeira
batata
batata
folha
medicinal
folha
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
(animais)
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
medicinal
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
fruto
folha
alimentícia
alimentícia
alimentícia
artesanal
construção
artesanal
construção
artesanal
construção
medicinal
fruto
fruto
tala
folha
palha
palha
braço
palha
folha
medicinal
folha
Forma de
preparo
Forma de
uso
chá
bebido
chá
chá
sumo
frita no
azeite
bebido
bebido
bebido
fricção
in natura
chá
bebido
palha
cobrir casa
sumo
passar na
criança
doente
9
Mungubeira
24
fixação de
margens
planta
Muruci
Mururé
Mururé-do-leite-
32
27
27
lenha
medicinal
medicinal
casca
para
segurar
erosão
chá
bebido
92
Nome popular
amarelo
Nanoscada
Ocima
Óleo elétrico
Oriza
Panama (trevo-roxo)
Papagainho
Paricá
Pariri (grajiru)
Pata-de-vaca
Patcholi
Pau-d'arco-roxo (ipê)
Pau-mulato
Pau-preto
Número da
Classe de uso Parte usada
entrevista
6
32
6
medicinal
artesanal
medicinal
28
estético
28
26
31
medicinal
medicinal
medicinal
6
medicinal
7
28
7
25
24
32
medicinal
medicinal
místico
medicinal
madeira
construção
6
Pião-branco
Pião-roxo
Pimenta
Pimenta-de-cheiro
Pimenta-do-reino
Pimenta-malagueta
Pimentão
Pimenta-queimosa
Pimentinha
Pimentinha-detempero
Piquiarana
Pirarucu
Forma de
preparo
temperada
Forma de
uso
bebido
envira
folha
haste
folha
banho de
cheiro
chá
sumo
chá
folha
folha
bebido
tópico
bebido
passar no
ungüento
bebê
com óleo de
recémamêndoas
nascido
chá
bebido
chá
bebido
casca
chá
folha
chá
leite
puro
7
medicinal
9
6
6
místico
pescar
7
místico
folha
banho
medicinal
medicinal
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
leite
leite
fruto
in natura
in natura
18
18
18
1
2
2
9
22
8
6
13
18
1
1
13
místico
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
fruto
27
alimentícia
fruto
29
29
construção
navegação
madeira
madeira
6
medicinal
folha
chá
7
7
medicinal
medicinal
folha
folha
murcha
chá
fruto
bebido
banhar a
cabeça
tópico
(sobre a
assadura)
banhar o
corpo
tempero
banho
fruto
fruto
banhar a
cabeça
tópico
bebido
93
Nome popular
Número da
Classe de uso Parte usada
entrevista
9
medicinal
folha
Forma de
preparo
14
medicinal
folha
16
medicinal
folha
Pluma
20
28
medicinal
medicinal
Pracaxi
6
medicinal
folha
folha
óleo da
semente
Pusseri (puxuri)
6
medicinal
6
medicinal
folha
medicinal
alimentícia
alimentícia
medicinal
medicinal
medicinal
toda a plantachá
fruto
fruto
folha
chá
folha
chá
temperada
Quebra-pedra
Quiabo
Sabugueiro
Salva
Sara-tudo
7
18
24
7
7
6
28
13
construção
14
16
18
lenha
lenha
construção
murcha
chá
chá
temperada
chá
Sucuúba (janaguba)
Taboca
6
26
26
2
11
bebido
bebido
tomar feito
água
bebido
bebido
bebido
madeira
madeira
místico
medicinal
medicinal
madeira
tópico
(sobre
inflamação
)
tópico
sobre a
ferida
usa para
fazer
tranca de
curral
Siriúba
Sucurijuzinho
(sucuriju)
Forma de
uso
banho
casca
casca
12
navegação
colmo
13
construção
colmo
13
navegação
colmo
13
navegação
folha
14
construção
Colmo
chá
chá
bebido
lavagem
para
mastro da
vela
usa para
fazer
cercado
usa para
fazer
varejão
usa para
fazer
cobertura
de
barracão
de casco
para cerca,
jirau
94
Tangerina
Número da
entrevista
15
16
18
18
21
25
Taperebá
18
medicinal
7
14
13
18
19
22
32
28
4
5
24
29
29
32
32
25
25
medicinal
medicinal
alimentícia
alimentícia
alimentícia
alimentícia
medicinal
artesanal
madeira
madeira
madeira
construção
navegação
construção
navegação
medicinal
alimentícia
25
medicinal
28
28
31
32
Nome popular
Terramicina
Tomate
Trevo-roxo
Tururi
Ucuúba
Umiri
unha-de-gato
urucu
Vassourinha
Vence-tudo
Classe de uso Parte usada
construção
tendal
construção
navegação
navegação
alimentícia
colmo
Forma de
uso
para jirau
colmo
colmo
colmo
casca do
tronco
parte aérea
folha
fruto
fruto
fruto
folha
palha
chá
bebido
chá
bebido
sumo
tópico
chá
bebido
água
bebido
madeira
madeira
alimentícia
medicinal
medicinal
alimentícia
madeira
casca
semente
semente
verde
semente
semente
semente
semente
água
água
água
água
6
medicinal
folha
sumo
31
medicinal
6
medicinal
Vinagreira
11
13
13
13
14
14
16
16
17
18
18
20
23
32
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
medicinal
casca do
tronco
casca
casca
casca
casca
casca
casca
casca
casca
casca
casca
casca
casca
casca
folha
Vique em planta
18
medicinal
folha
Verônica
Forma de
preparo
bebido
água
passa no
corpo
banho
fervido
asseio
chá
chá
chá
chá
temperada
chá
chá
temperada
chá
chá
mel
temperada
xarope
macerada
bebido
bebido
lavagem
asseio
bebido
asseio
bebido
bebido
chá
bebido
bebido
bebido
tópico
banhar a
cabeça
95
Nome popular
Virola
Zabumba
Número da
entrevista
1
26
26
Classe de uso Parte usada
madeira
medicinal
medicinal
folha seca
folha
Forma de
preparo
chá
cigarro
Forma de
uso
bebido
fumar
Da análise dos dados, puderam ser definidas 13 classes de usos. Na área 1, as
classes mais bem representadas foram medicinal (44%), alimentícia (37%) e
construção/madeira (7%), enquanto que as demais 10 classes totalizaram 12% das
informações. Na região 2, as principais classes foram medicinal (63%), alimentícia (14%)
e artesanal (7%), enquanto que as demais classes totalizaram 12% das informações e 4%
refere-se a usos não informados.
Alguns estudos envolvendo o conhecimento tradicional sobre a vegetação
amazônica, nestes casos vegetação litorânea do Estado do Pará, vêm sendo realizados
para a flora de uso medicinal através dos trabalhos de Furtado et al. (1978); Bastos
(1995); Urquiza et al. (1998); Macedo e Coelho-Ferreira (1998); Coelho-Ferreira (2000).
O predomínio do uso de plantas nos cuidados com a saúde parece refletir a
debilidade do sistema oficial, que é pouco disponível em comunidades afastadas dos
centros urbanos. De acordo com Soares et al. (1991), as práticas etnomédicas
substituem os cuidados biomédicos com a saúde em virtude da distribuição diferenciada
e desigual com que esses cuidados atingem os diversos segmentos da população.
A partir de consulta na literatura supracitada e da comparação de exsicatas em
herbário, chegou-se aos nomes científicos de 182 das espécies registradas nos trabalhos
de campo (143, até o nível de espécie e 39, até gênero), que são apresentados na Tabela
3, em ordem alfabética de nomes populares; no Anexo B são apresentadas as espécies
comuns ás duas áreas amostradas. Até o momento, não foi possível a identificação de
apenas 29 da plantas indicadas.
Tabela 3. Identificação botânica de espécies levantadas nas áreas 1 e 2
Nome popular
Abacate
Abóbora
Abobrinha
Açaí
Acapu
Acará
Acerola
Alecrim
Alfavaca
Alfazema
Algodão
Algodão-bravo
Alho
Amapá
Ameixa
Amêndoas-doces
Amor-crescido
Anador
Anauerá
Andiroba
Aquariquaua
Arroz
Arruda
Nome científico
Persea americana Mill.
Cucurbita sp.
Cucurbita sp.
Euterpe oleracea Mart
Voucapoua americana Aublet
Dioscorea brasiliensis Willd.
Malpighia glabra L.
Rosmarinus officinalis L.
Ocimum gratissimum L.
Lavandula angustifolia Mill.
Gossypium hirsutum L.
Ipomoea fistulosa Mart. ex Choisy
Allium sativum L.
Parahancornia amapa (Hub.) Ducke
Eugenia cumini (L.) Druce
Prunus dulcis (Miller) D.A. Webb.
Portulaca pilosa L.
Plectranthus barbatus Andrews
Licania macrophylla Benth.
Carapa guianensis Aublet
Minquartia guianensis Aubl.
Oryza sativa L.
Ruta graveolens L.
Família botânica
Lauraceae
Cucurbitaceae
Cucurbitaceae
Arecaceae
Caesalpiniaceae
Dioscoreaceae
Malpighiaceae
Lamiacea
Lamiacea
Lamiacea
Malvaceae
Convolvulaceae
Alliaceae
Apocynaceae
Myrtaceae
Rosaceae
Portulacaceae
Lamiacea
Chrysobalanaceae
Meliaceae
Olacaceae
Poaceae
Rutaceae
Literatura de
referência
3
3
3
1,2,4,8
1,4,7
2
3,8
3,7
1,3,8
3
3
1,3
3,7
2
3,4
1,8
1,2,3,7
16
1
3,7
96
Nome popular
Assacu
Assacurana
Babosa
Banana
Barbatimão-damata
Barbatimão-docampo
Batata-doce
Biribá
Boldo
Boldo-pequeno
Buçu
Buriti, Miriti
Cabacinha
Cacau-do-mato
Cachorro-pelado
Café
Caju
Camapu
Cana
Canaficha,
Canarana
Capim-marinho
Capitari
Caranã
Cariru, Caruru
Nome científico
Família botânica
Hura creptans L.
Erythrina glauca Willd.
Aloe vera L.
Musa sp.
Euphorbiaceae
Fabaceae
Liliaceae
Musaceae
Sriphnodendron sp.
Mimosaceae
Ouratea hexasperma L.
Ochnaceae
Ipomoea batatas (L.) Lam.
Rollinia mucosa (Jacq.) Bail.
Vernonia condensata Backer
Plectranthus sp.
Manicaria saccifera Gaertn.
Mauritia flexuosa L.
Luffa operculata (L.) Cogn.
Theobroma cacao L.
Euphorbia tirucalli L.
Coffea arabica L.
Anacardium occidentale L.
Physalis angulata L.
Saccharum officinarum L.
Convolvulaceae
Annonaceae
Asteraceae
Lamiacea
Arecaceae
Arecaceae
Cucurbitaceae
Sterculiaceae
Euphorbiaceae
Rubiaceae
Anacardiaceae
Solanaceae
Poaceae
Costus spicatus (Jacq.) Sw.
Zingiberaceae
Cymbopogon citratus (DC) Stapf
Poaceae
Tabebuia barbata (E. Mey.) Sandw. Bignoniaceae
Mauritia sp.
Arecaceae
Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn. Portulacaceae
Aeollanthus suaveolens Mart. ex
Catinga-de-mulata
Lamiacea
Spreng.
Caxinguba
Ficus insipida Willd.
Moraceae
Cebolinha
Allium fistulosum L.
Alliaceae
Chicória
Cichorium intybus L.
Asteraceae
Cidreira
Lippia alba (Mill.) N.E.Br.
Verbenaceae
Cipó-d'alho
Mansoa alliacea (Lam.) A.H.Gentry Bignoniaceae
Cipó-de-morcego Passiflora sp.
Passifloraceae
Cipó-titica
Phylodendro spruceanum
Araceae
Côco (Côco-pingoCocus nucifera L.
Arecaceae
de-ouro)
Coentro
Coriandrum sativum L.
Apiaceae
Comida-de-jabuti Peperomia pellucida (L.) Kunth
Piperaceae
Copaíba
Copaifera spp.
Caesalpiniaceae
Coramina
Pedilanthus tithymaloides Poit.
Euphorbiaceae
Cortiça
Pterocarpus draco L.
Fabaceae
Couve
Brassica sp.
Brassicaceae
Couve
Brassica sp.
Brassicaceae
Syzygium aromaticum (L.) Merril. &
Cravinho
Myrtaceae
Perry
Cravo
Tagetes minuta L.
Asteraceae
Cuia-mansa
Crescentia cujete L.
Bignoniaceae
Cumarú
Dipterix odorata (Aubl.) Willd.
Fabaceae
Desinflama
Kalanchoe sp.
Crassulaceae
Literatura de
referência
2
12
2,4
15
7
3,8
4
3,8
3,7
1
1,2
1,3,7
1,3,4
3
3
1,2,3,4,7,8
3
3,7,8
1,3,7,8
1,2
1,3
1,2,3
3,7,8
3
8
3,8
3,8
3
1
3
3
3
97
Nome popular
Elixir-paregórico
Embaúba
Erva-Doce
Eucalipto
Fava, Faveira
Fumo (Tabaco)
Gengibre
Gerassol
Gergelim-Preto
Goiaba
Graviola
Graxama
Guarimã
Guarumã
Hortelã-Grande
Hortelãzinho
Ingá-cavalo/Ingábatelão
Ingá-miúdo
Insulina
Ipê-roxo
Jacitara
Jambú
Japana
Jaquinha
Jasmim
Jatobá
Jenipapo
Jerimum
Jucá
Junco
Jupindá, Unhade-gato
Jurubeba
Laranja
Laranja-da-terra
Limão
Limão-galego
Limãozinho
Língua-de-vaca
Macacaúba
Macaqueiro
Maçaranduba
Macaxeira
Macaxeira
malhada
Malva-do-reino
Nome científico
Família botânica
Ocimum selloi Benth.
Cecropia sp.
Foeniculum vulgare Mill.
Eucalyptus globulus Labill.
Vatairea guianensis Aublet
Nicotiana tabacum L.
Zingiber officinale Roscoe
Helianthus annus L.
Sesamum sp.
Psidium guajava L.
Annona muricata L.
Arrabiaea sp.
Ischnosiphon arouma Koern.
Ischnosiphon arouma Koern.
Marrubium vulgare L.
Mentha pulegium L.
Lamiacea
Cecropiaceae
Apiaceae
Myrtaceae
Fabaceae
Solanaceae
Zingiberaceae
Asteraceae
Bignoniaceae
Myrtaceae
Annonaceae
Bignoniaceae
Marantaceae
Marantaceae
Lamiacea
Lamiacea
Inga sp.
Mimosaceae
Inga sp.
Cissus verticillata (L.) Nicholson &
C.E. Jarvis
Tabebuia avellanedae Lor. ex
Griseb.
Desmoncus sp.
Acmella oleracea (L.) R. K. Jansen
Eupatorium triplinerve Vahl
Annona glabra L.
Brunfelsia sp. (Pohl) D. Don
Hymenea courbaril L.
Genipa americana L.
Cucurbita sp.
Caesalpinia ferrea M.
Cyperus cf. nodosus Humb. &
Bonpl. ex Willd.
Mimosaceae
Literatura de
referência
3
3,7
1,2
3
3
15
1,2,3,4,8
1,3,4
3,8
3
Vitaceae
3
Bignoniaceae
3
Arecaceae
Asteraceae
Asteraceae
Annonaceae
Solanaceae
Fabaceae
Rubiaceae
Cucurbitaceae
Fabaceae
3
3
2,8
3
3
1,2,3,4
1
15
Juncaceae
1
Uncaria guianensis (Aubl.) Gmelin
Rubiaceae
3
Solanum paniculatum L.
Citrus sinensis Osbeck
Citrus sp.
Citrus limonia (L.) Osbeck
Citrus aurantifolia Swingle, var.
Citrus sp.
Elephantopus scaber L.
Platymiscium trinitats Benth.
Guarea guidonia (L.) Sleumer
Manilkara huberi (Huber) Standl.
Manihot esculenta Crantz
Solanaceae
Rutaceae
Rutaceae
Rutaceae
Rutaceae
Rutaceae
Asteraceae
Fabaceae
Meliaceae
Sapotaceae
Euphorbiaceae
2,3
2
3
1,2,4
2
Manihot esculenta Crantz
Euphorbiaceae
2
Plectranhus amboinicus (Lour.)
Spreng.
Lamiacea
3
1,2,3
4
4
4
98
Nome popular
Malvinha
Mamão
Mamona
Mandioca
Manga
Mangue
Maniva
Manjericão
Maracujá
Maracujazinho
Maria-Mole
Marupá
Marupaí
Marupazinho
Mastruz
Maxixe
Maxixe
Melancia
Melão
Mil-Folhas
Milho
Mucuracaá
Mumbuca
Mungubeira
Muruci
Mururé-do-leiteamarelo
Nanoscada
Óleo elétrico
Paricá
Pariri (Grajiru)
Pata-De-Vaca
Patcholi
Pau-d'arco-roxo
(Ipê)
Nome científico
Família botânica
Sida urens L.
Carica papaya L.
Ricinus communis L.
Manihot esculenta Crantz
Mangifera indica L.
Rhizophora mangle L.
Manihot esculenta Crantz
Ocimum basilicum L.
Passiflora sp.
Passiflora sp.
Peperomia pellucida (L.) Kunth.
Simarouba amara Aubl.
Simarouba vesicolor A. St.-Hil.
Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb.
Chenopodium ambrosioides L.
Cucumis sp.
Cucumis sp.
Citrullus vulgaris Schrad.
Cucumis melo L.
Achillea fillefolium L.
Zea mays L.
Petiveria alliacea L.
Cordia tetrandra Aubl.
Bombax munguba Mart. & Zucc.
Birsonimia sp.
Malvaceae
Caricaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Anacardiaceae
Rhizophoraceae
Euphorbiaceae
Lamiacea
Passifloraceae
Passifloraceae
Piperaceae
Simaroubaceae
Simaroubaceae
Iridaceae
Chenopodiaceae
Cucurbitaceae
Cucurbitaceae
Cucurbitaceae
Cucurbitaceae
Asteraceae
Poaceae
Phytolaccaceae
Boraginaceae
Bombacaceae
Malpighiaceae
Brosimum sp.
Moraceae
Myristica fragrans Hort.
Piper callosum Ruiz & Pav.
Piptadenia peregrina (L.) Benth.
Arrabidaea chica (Bompl.) B. Verl.
Bauhinia sp.
Andropogon muricatum Retz.
Tabebuia avellanedae Lor. ex
Griseb.
Calycophyllum spruceanum (Benth.)
Pau-mulato
K. Sch.
Pião-branco
Jatropha curcas L.
Pião-roxo
Jatropha gossypiifolia L.
Pimenta
Capsicum sp.
Pimenta-de-cheiro Capsicum sp.
Pimenta-do-reino Piper nigrum L.
PimentaCapsicum frutescens L.
malagueta
Pimentão
Capsicum annum L.
Pimenta-queimosa Capsicum sp.
Pimentinha
Capsicum sp.
Pimentinha-deCapsicum sp.
tempero
Piquiarana
Caryocar glabrum (Aublet) Pers.
Pirarucu
Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken
Myristicaceae
Piperaceae
Mimosaceae
Bignoniaceae
Caesalpiniaceae
Poaceae
Bignoniaceae
Rubiaceae
Literatura de
referência
1
3,4,8
2,3
2
1,4,8
2
2
1,3
3
3
3
3
3,8
1,3,7,8
1,4
4
3
3,8
3,8
1
5
3,8
1
3,5
15
3
1,2
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Solanaceae
Solanaceae
Piperaceae
3
3
3
3
1
Solanaceae
3
Solanaceae
Solanaceae
Solanaceae
3
3
3
Solanaceae
Caryocaraceae
Crassulaceae
16
3,8
99
Nome popular
Pirarucu
Pracaxi
Pusseri (Puxuri)
Quebra-Pedra
Quiabo
Sabugueiro
Salva
Siriúba
Sucurijuzinho
(Sucuriju)
Sucuúba
(Janaguba)
Taboca
Taperebá
Terramicina
Tomate
Tururi
Ucuúba, Virola
Umiri
Unha-de-gato
Urucu
Vassourinha
Verônica
Vinagreira
Vique, Vique em
planta
Zabumba
Nome científico
Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken
Pentaclethra macroloba (Willd) O.
Kuntze
Licaria puchury-major (Mart.)
Kosterm.
Phyllanthus niruri L.
Hibiscus esulentus L.
Sambucus australis Cham. &
Schltdl.
Salvia officinalis L.
Avicennia nitida Jacq.
Mikania sp.
Himatanthus sucuuba (Spruce)
Woodson
Guadua sp.
Spondia mombin L.
Alternanthera brasiliana (L.) O.
Kuntze
Lycopersicon esculentum Mill.
Heliantropium indicum L.
Virola surinamensis (Rol. Ex Rottb.)
Warb.
Humiria balsamifera (Aubl.) ª St.Hil.
Uncaria guianensis (Aubl.) Gmelin
Bixa orellana L.
Scoparia dulcis L.
Dalbergia monetaria L.
Hibiscus sabdariffa L.
Família botânica
Crassulaceae
Literatura de
referência
3,8
Mimosaceae
2
Lauraceae
2
Euphorbiaceae
Malvaceae
2,3,8
6,8
Caprifoliaceae
3
Lamiacea
Verbenaceae
3
1
Asteraceae
Apocynaceae
Poaceae
Anacardiaceae
Amaranthaceae
3,8
3
1
1,2,3,4,8
3
Solanaceae
Boraginaceae
3,8
3
Myristicaceae
1,2,3
Humiriaceae
Rubiaceae
Bixaceae
Scrophulariaceae
Fabaceae
Malvaceae
Mentha arvensis L.
Lamiacea
Dadura stramonium L.
Solanaceae
3
3
3
1,2,3
1
3
3,8
3
Um fato importante é que neste levantamento foi citado tanto o barbatimão da
mata, Stryphnodendron sp., Fabaceae, quanto o barbatimão do campo, Ouratea
hexasperma (St. Hill.) Baill., Ochnaceae, ambos com uso relacionado a suas
propriedades adstringentes, sendo que o primeiro só foi citado na área 2, enquanto que o
primeiro tem uso mais difundido no estado. No IEPA, Ouratea hexasperma é a espécie
empregada na produção de fitoterápico antiinflamatório.
De acordo com a forma de obtenção (disponibilidade) as espécies foram assim
classificadas: espontâneas, geralmente coletadas em seus ambientes naturais;
cultivadas, plantadas para uso doméstico, geralmente próximo às casas em hortas,
roçados, canteiros e quintais; e compradas, adquiridas em comércio local ou externo à
comunidade, principalmente em Macapá. Desse modo, verificou-se que, na área 1, cerca
de metade das espécies mencionadas (55%) são cultivadas; 31%, são de espontâneas e
13% são plantas compradas (Figura 1a); na área 2, 68% das espécies não tiveram sua
origem definida, 21% das são cultivadas; 11%, são espontâneas (Figura 1b).
100
Figura 1. Distribuição das informações por disponibilidade das espécies (%).
Levantamentos realizados no Projeto de Assentamento Extrativista São Luís do
Remanso, no Acre, indicam que das plantas utilizadas, aproximadamente 48% são
cultivadas em hortas e quintais, enquanto 52% são silvestres, obtidas por extrativismo.
Desses 52%, cerca de 33% são árvores, 37% ervas, 22% arbustos e 8% cipós e
trepadeiras.
Conforme é mostrado na Figura 2, não se observou dominância preponderante de
qualquer família botânica, contudo as mais bem representadas foram: Solanaceae e
Lamiaceae, com 13 espécies cada, totalizando 14% das espécies citadas; Euphorbiaceae,
com 11 espécies (6%); Fabaceae, Cucurbitaceae, Bignoniaceae e Asteraceae, cada uma
com 8 espécies (17%); e Rutaceae, Poaceae e Arecaceae, com 6 (10% das espécies).
Nestas 10 famílias estão 57% das espécies citadas, os demais 43% estão distribuídos em
16 famílias com 2 espécies e 26, com apenas 1 espécie cada.
13
13
Solanaceae
Lamiacea
11
Euphorbiaceae
8
8
Fabaceae
Cucurbitaceae
8
8
Bignoniaceae
Asteraceae
Rutaceae
6
Poaceae
6
6
Arecaceae
5
Rubiaceae
5
Mimosaceae
Piperaceae
4
Myrtaceae
4
4
Malvaceae
Passifloraceae
3
Caesalpiniaceae
3
Apiaceae
3
Annonaceae
3
Anacardiaceae
3
16
Famílias com 2 espécies
26
Famílias com 1 espécies
0
5
10
15
20
25
30
Figura 2. Distribuição do número de espécies por família botânica.
A maioria das espécies foi citada por suas propriedades medicinais. Isso está de
acordo com o estudo conduzido por Souza Brito e Souza Brito (1996), em que
Caesalpiniaceae, Mimosaceae e Fabaceae (Leguminosae), Asteraceae (Compositae),
101
Euphorbiaceae, Lamiaceae (Labiatae), Anacardiaceaea, Cucurbitaceae, Poaceae
(Gramineae), Solanaceae e Piperaceae estão entre as famílias mais citadas em estudos
etnofarmacológicos. Espécies da família Arecaceae aparecem entre as mais citadas
principalmente como alimentícia, o que pode refletir sua importância na dieta da
população local.
Das espécies indicadas na área 1, 13 foram citadas por 30% dos informantes,
sendo elas Carapa guianensis (andiroba), Mangifera indica (manga), Citrullus vulgaris
(melancia), Dalbergia monetaria (verônica), Ocimum gratissimum (alfavaca), Plectranthus
barbatus (anador), Cichoryum intibus (chicória), Cocus nucifera (côco), Citrus limonium
(limão), Guadua sp. (taboca), Ruta graveolens (arruda), Brassica sp. (couve) e Mentha
pulegium (hortelãzinho); na área 2, apenas 3: Mauritia sp. (caranã), Birsonimia sp.
(muruci), Bixa orellana (urucu). Estas 16 espécies passaram a ser consideradas como as
espécies mais amplamente utilizadas, e de maior importância, considerando o número de
informante. Em uma escala menor, isso reflete a colocação de Elisabetsky e Shanley
(1994) de que o uso medicinal das mesmas espécies por grupos culturais diferentes é um
importante indicador de sua efetividade.
Na Tabela 4 são apresentadas as 16 espécies mais citadas e assinalada sua
presença em literatura de referência, numerada de acordo com a tabela 2.
Tabela 4. Espécies citadas em literatura de referência
Espécie
Carapa guianensis
Mangifera indica
Citrullus vulgaris
Dalbergia monetaria
Ocimum gratissimum
Plectranthus barbatus
Cichorium intybus
Cocus nucifera
Citrus limonium
Guadua sp.
Ruta graveolens
Brassica sp.
Mentha pulegium
Mauritia sp.
Birsonimia sp.
Bixa orellana
3
x
Literatura de referência
15
11
17
18
19
x
x
x
x
x
x
*
*
x
x
x
x
20
x
x
x
x
x
x
x
X
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
(*) Espécies validadas como medicinais para as farmácias vivas no
Nordeste brasileiro.
Observa-se que a maioria das espécies é mencionada em mais de uma bibliografia.
Apenas Citrullus vulgaris, Mauritia sp. e Birsonina sp. não são citadas, provavelmente por
se tratar de espécies eminentemente alimentícias enquanto essa bibliografia refere-se
especificamente a espécies medicinais.
Conclusões
Neste trabalho foram coletadas informações relevantes sobre plantas empregadas
por 33 famílias de 13 comunidades. Foram verificadas várias classes de uso, havendo o
predomínio de espécies utilizadas em formulações medicinais caseiras que de outra
maneira, talvez, não fossem registradas e correriam o risco de se perder.
Observou-se uma grande variedade no tratamento das espécies, tanto das
medicinais quanto daquelas com usos menos ressaltados pelos usuários, como no caso
das espécies alimentícias ou empregadas na construção, que normalmente não são
referidas espontaneamente.
102
Em um primeiro momento privilegiamos o aspecto da diversidade de espécies,
contudo os dados levantados permitirão outras análises que fornecerão informações
importantes sobre o valor da flora para as comunidades atingidas por este estudo.
Recomendações
Serão necessários uma análise mais aprofundada das espécies citadas e o
tratamento diferenciado dos dados levantados, de modo a contemplar as diferentes
categorias e formas de uso, dos ambientes explorados e partes usadas que são aspectos
importantes na conservação das espécies.
Também será necessário um maior esforço no sentido da coleta de material
testemunho para que se assegure uma identificação inequívoca das espécies.
Agradecimentos
Agradecemos ao PROBIO e ao IEPA por terem propiciado a realização deste
trabalho; à equipe do projeto Inventário biológico das áreas Sucuriju e Região Dos Lagos,
no Amapá, em especial a Uédio Robds, Luis Mauricio, Jonas e Juvenal, que compuseram
a equipe de trabalho.
Referências
ALEXIADES, M. Selected guidelines for Ethnobotanical Research: A field Manual. New
York: The New York Botanical Garden Press, 1996. 306p.
BRITO, Alba R. M. Souza; BRITO, Antonio A. Souza. Medicinal plant research in Brazil:
data from regional and national meetings. In: BALICK, M. J.; ELISABETSKY, E.; LAIRD,
S.A. Medicinal resources of the tropical forest: biodiversity and its importance to
human health. New York: Columbia University Press, 1996. p. 386-401.
CAVALCANTI, Paulo B. Frutas Comestíveis da Amazônia. 4.ed. Belém: Museu Paraense
Emílio Goeldi; Companhia Souza Cruz Indústria e Comércio, 1988. 279 p. (Coleção
Adolfo Ducke).
ELISABETSKY, E.; SETZER, R. Caboclos concepts of disease, diagnosis and therapy:
implications for ethnopharmacology and health systems in Amazônia. In: THE AMAZON
caboclos: historical and contemporary perspectives. Williamsburg, 1985. p. 243-278.
(Studies in third world societies, 32).
FIDALGO, O. ; BONONI, V. L. Guia de coleta, preservação e herborização de material
botânico. São Paulo: Instituto de Botânica, 1984. 62 p. (Manual, N. 4).
LORENZI, Harri; ESPONTÂNEAS, Francisco José de Abreu. Plantas medicinais do
Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa- SP: Instituto Plantarum, 2002. 512 p.
MELLO, Elisabeth C. Correia; XAVIER-FILHO, Lauro. Plantas medicinais de uso
popular no Estado de Sergipe. Aracaju: UNIT, 2000. 384p.
MING, L. C. Coleta de Plantas Medicinais. In: DI STASI, L. C. (Ed.). Plantas Medicinais:
arte e ciência. Um Guia de Estudo Interdisciplinar. São Paulo: UNESP, 1996. p. 69-86.
RODRIGUES, Roberto Martins. A flora da Amazônia. Belém: CEJUP, 1989. 462p.c
SHAEFFER-NOVELLI, Y. ; CINTRÓN, G. Guia para estudo de áreas de manguezal:
estrutura, função e flora. São Paulo: Caribbean Ecological Research, 1986. 150p.
SILVA, Marlene Freitas da; LISBOA, Pedro L. B.; LISBOA, Regina L. C. L. Nomes
vulgares de plantas amazônicas. Belém: INPA, 1977. 222p.
SILVA, Suelma Ribeiro et al. Plantas medicinais do Brasil: aspectos gerais sobre
legislação e comércio. Relatório da Rede Traffic. Quito, Equador: Traffic América do Sul –
103
IBAMA, 2001. 44 p.
SOBREVILLA, C.; BATH, P. Evaluacion ecológica rapida: um manual para usuarios de
America Latina y el Caribe. Programa Ciencias para America Latina: Nature
Conservancy, 1992. (Edicion preliminar).
VAN DEN BERG, M. Elizabeth. Plantas medicinais na Amazônia: contribuição ao seu
conhecimento sistemático. 2.ed. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi. 1993.
VIEIRA, Lúcio Salgado; ALBUQUERQUE, José Maria de. Fitoterapia tropical: manual
de plantas medicinais. Belém: FCAP. Serviço de Documentação e Informação, 1998. 281
p.
BIBLIOGRAFIA EMPREGADA COMO APOIO NA VERIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES
Nº
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
RODRIGUES, Roberto Martins. A flora da Amazônia. Belém: CEJUP, 1989. 462 p.
SILVA, Marlene Freitas da; LISBOA, Pedro L. B.; LISBOA, Regina L. C. L. Nomes vulgares
de plantas amazônicas. Belém: INPA, 1977. 222 p.
LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas medicinais do Brasil: nativas
e exóticas cultivadas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. 512 p.
CAVALCANTI, Paulo B. Frutas Comestíveis da Amazônia. 4. ed. Belém: Museu Paraense
Emílio Goeldi; Companhia Souza Cruz Indústria e Comércio, 1988. 279 p. (Coleção Adolfo
Ducke).
VIEIRA, Lúcio Salgado; ALBUQUERQUE, José Maria de. Fitoterapia tropical: manual de
plantas medicinais. Belém: FCAP. Serviço de Documentação e Informação, 1998. 281 p.
MELLO, Elisabeth C. Correia; XAVIER-FILHO, Lauro. Plantas medicinais de uso popular
no Estado de Sergipe. Aracaju: UNIT, 2000. 384 p.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Produtos potenciais da Amazônia – plantas
medicinais. Brasília: MMA/SCA, 1998. 26 p. v. 19.
FARMÁCIA da Terra: plantas medicinais e alimentícias. Macapá: IEPA, 2000. 136 p.
AN INDEX of common names of plants in Acre, Brazil. Disponível em:
(http://www.nybg.org/bsci/acre/vname_m.html)
PLANTAS medicinais do Ceará. Disponível em
http://umbuzeiro.cnip.org.br/db/medic/veinac/v343.shtml)
MATOS, Francisco José de Abreu. Farmácias vivas: sistema de utilização de plantas
medicinais projetado para pequenas comunidades. 4.ed. Fortaleza: Editora UFC, 2002. 267
p.
REVILLA, Juan. Plantas da Amazônia: oportunidades econômicas e sustentáveis. Manaus:
Programa de Desenvolvimento Empresarial e Tecnológico, 2000. 405 p.
ZOGHBI, M. G. B.; ANDRADE, E. H. A.; MAIA, J. G. S. Aroma de flores na Amazônia.
Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2000. 240 p.
RUÍZ, R. C. et al. Seleção de espécies vegetais com potencial de uso, para estudos
ecológicos e manejo, em florestas no Oeste da Amazônia. Disponível em:
http://www.nybg.org/bsci/acre/vname_m.html.
MATTA, A. A. Flora médica brasiliense. 3. ed. Manaus: Editora Valer e Governo do Estado
do Amazonas, 2003. 356 p.
BRUCE, R.W. As florestas do Amazônas: espécies, sítios, estoques e produtividade.
Brasília: IBAMA, 2001.
DI STASI, L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata
Atlântica. 2. ed. São Paulo: Editora UNESP, 2002.
TEIXEIRA, Z. S. et al. Plantas medicinais mais conhecidas na comunidade providenciaria e
a realidade quanto ao seu uso. In: BUCHILLET, D. Medicinas tradicionais e medicina
ocidental na Amazônia. Belém: MPGE/CNPq/SCT/PR/CEJUP/UEP, 1991. p. 383-402.
TENÓRIO, M. A. R. O. et al. Fitoterapia: uma estratégia terapêutica natural do Amapá. In:
BUCHILLET, D. Medicinas tradicionais e medicina ocidental na Amazônia. Belém:
MPGE/CNPq/SCT/PR/CEJUP/UEP, 1991. p. 383-402.
ROBINEAU, L.; SOEJARTO, D. D. Tramil: a research project on the medicinal plant
resources of the Caribbean. In: BALICK, M. J.; ELISABETSKY, E.; LAIRD, S. A. Medicinal
resources of the tropical forest: biodiversity and its importance to human health. New
York: Columbia University Press, 1996. p. 317-325.
104
ANEXO A - Formulário de Entrevista
PROBIO - ETNOBOTÂNICA
Data:
Local:
Nome do informante:
Nome da planta:
Para que se usa?
Parte da planta usada:
Fresca ( )
Seca ( )
Se medicinal:
Como se preparo o remédio (receita)?
Como se usa (modo de aplicação)?
Em que quantidade (posologia)?
Esta planta tem contra-indicações? Quais são elas?
Número da coleta:
Tipo de planta (habito):
Local da coleta:
Descrição do local/habitat:
Quando floresce e frutifica?
Esta planta é abundante ou rara?
É cultivada?
Como se planta? Semente ( )
Galho ( )
Quais as características da planta (cheiro, cor da flor, sabor, presença de exsudato, etc)?
Esta planta é consumida por pessoas ou animais (quais)?
Esta planta (ou seu produto) é comercializada?
105
ANEXO B - Espécies comuns aos levantamentos
Nome Popular
Açaí
Alfavaca
amor-crescido
Anador
Andiroba
Arroz
Arruda
Banana
Barbatimão-docampo
Boldo
Buriti
Canaficha
Caruru
Côco
Coentro
Copaíba
Coramina
Couve
Desinflama
Eucalipto
Faveira
Goiaba
Graviola
Guarimã
hortelã-grande
Hortelãzão
Hortelãzinho
Japana
Laranja
Limão
Macaxeira
Mamão
Mandioca
Manga
Manjericão
Mastruz
Maxixe
Milho
Mucuracaá
Pião-roxo
Pimenta
pimenta-de-cheiro
pimenta-do-reino
pimenta-malagueta
Pirarucu
quebra-pedra
Vassourinha
Verônica
vique em planta
Nome Científico
Euterpe oleracea Mart
Ocimum gratissimum L.
Portulaca pilosa L.
Plectranthus barbatus Andrews
Carapa guianensis Aublet
Oryza sativa L.
Ruta graveolens L.
Musa sp.
Família
Arecaceae
Lamiaceae
Portulacaceae
Lamiaceae
Meliaceae
Poaceae
Rutaceae
Musaceae
Ouratea hexasperma L.
Vernonia condensata Backer
Mauritia flexuosa L.
Costus spicatus (Jacq.) Sw.
Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn.
Cocus nucifera L.
Coriandrum sativum L.
Copaifera spp.
Pedilanthus tithymaloides Poit.
Brassica sp.
Kalanchoe sp.
Eucalyptus globulus Labill.
Vatairea guianensis Aublet
Psidium guajava L.
Annona muricata L.
Schinosiphon guaruma
Marrubium vulgare L.
Marrubium vulgare L.
Mentha pulegium L.
Eupatorium triplinerve Vahl
Citrus sinensis Osbeck
Citrus limonia (L.) Osbeck
Manihot esculenta Crantz
Carica papaya L.
Manihot esculenta Crantz
Mangifera indica L.
Ocimum basilicum L.
Chenopodium ambrosioides L.
Cucumis sp.
Zea mays L.
Petiveria alliacea L.
Jatropha gossypiifolia L.
Capsicum sp.
Capsicum sp.
Piper nigrum L.
Capsicum frutescens L.
Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken
Phyllanthus niruri L.
Scoparia dulcis L.
Dalbergia monetaria L.
Mentha arvensis L. ou M. pulegium L.
Ochnaceae
Asteraceae
Arecaceae
Costaceae
Portulacaceae
Arecaceae
Apiaceae
Caesalpiniaceae
Euphorbiaceae
Brassicaceae
Crassulaceae
Myrtaceae
Fabaceae
Myrtaceae
Annonaceae
Maranthaceae
Lamiaceae
Lamiaceae
Lamiaceae
Asteraceae
Rutaceae
Rutaceae
Euphorbiaceae
Caricaceae
Euphorbiaceae
Anacardiaceae
Lamiaceae
Chenopodiaceae
Cucurbitaceae
Poaceae
Phytolaccaceae
Euphorbiaceae
Solanaceae
Solanaceae
Piperaceae
Solanaceae
Crassulaceae
Euphorbiaceae
Scrophulariaceae
Fabaceae
Lamiaceae
106
Download